Você está na página 1de 66

1917

1984
ECEME ~111111111111111111111111111111 l l li
00257540000001
I

fSCOl.A Df COMANDO f fSlAOO-MAIOR DO fXfRCllO

MO-N·O. GR·AFIA

Título do Trabalho

TEN. CEL . ART( MON) T. SG NICÓLd NAPOLI

Pôsto. Arma (Sv) e nome do autor

Res Seção de Doutrina

'
Classificação Cod Assunto C las Sgl Nr Controle Data
Ten. Cel. Art. (Mon) t. SG Nicol6 NAPOLI

o C O M B A T E EM M O N T A N H A

MONOGRAFIA APRESENTADA COMO EXIGÊNCIA CURRICULAR PARA A

OBTENÇÃO DE DIPLOMA DO CURSO DE COMJl.NDO E ESTADO MAIOR

DO EXÉRCITO

ESCOLA DE COMANDO E ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO

Rio de Janeiro - 1984


·. i

SUMÁRIO
Pag.

Ll s·r ,z;.s DE FJ GUR AS ..................................... . III


RES UMO IV
INTRODUÇÃO V

CAPÍTULO I

1. POSSIBILIDADE DE OCORRÊNCIA DAS OPERAÇÕES EM MONTANHA


2. O AMBIENTE OPERACIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
3. O AMBIENTE GEOGRÁFICO E AS CONSEQÜÊNCIAS OPERATIVAS . 4
a. A variedade e a aspereza das formas .. . . . . . . . . . . . . 5
b. A acentuada compartime ntação do terr e n o . . . . . .. . .. 6
c. A rigidez e a mudança do clima 7
d. A ex tr ema pobr e za dos recursos locais ... . ........ 8
e. síntese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . : . . . . . . . . . . . . . . . ~.. 8

4. AS CARACTERÍSTICAS FUTURAS DAS OPERAÇÕES EM MONTANHA. 10


a. P.s armas nucleares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1O
b. Os transportes aéreos e terrestres . . ..... ........ 12

5. CONCLUSÃO PARCIAL E POSSÍVEL TIPOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . 13

CAPÍTULO II

1. AS GRANDES OPERAÇÕES EM MPNTANHA . . . . .. .. . ... ..... ... 16


a. Casos históricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
b. Peculiaridades de manobra ... . ... . . . . . . . . . ........ 17
c. A açao ofensiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
d. A açao defensiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
e. O instrumento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

2. AS OPERAÇÕES SUBSIDIÁRIAS EM MONTANHA . . . . . . . . . . . . . . . 30


3. A GUERRILHA EM TERRENO MONTANHOSO . .. . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4. CONCLUSÃO PARCIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

CAPÍTULO III

1. A GRANDE UNIDADE NO COMBATE NA MONTANHA. UM EXEMPLO


DOUTRINÁRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
a. A GU de montanha nas operaçoes defensivas . ..... 37
b. A GU de montanha nas operaçoes ofensivas ....... 38
c. Conclusão parcial................................ 41

CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
~ -III -

LISTA DE FIGURAS:

Figuras nºs 1 e 2 : Novos meios de transportes

Figuras nºs 3 e 4: Envolvimentos através d e zonas Íngremes


Figura nQ 5 Uma formação de carros de combate T-54 e
de VTT-3 TR 152 em ambiente montanhoso.
O COMBN!' L EM MONTANHA

RESUMO

-
s ao c on e x a s
as exi gê ncias de verificar:

- a oportunidade d e previsoes operativas, ligadas


ao ambiente mon t anhoso;

- os condicioname ntos impostos às operaçoes na mon-


tanha, pelo particular ambiente geográfico;

- os reflexos, de alguns meios que a moderna tecnolo


gia oferece;

- a aplicabilidade de novas conc e pçoes táticas num


ambiente que se apresenta altamente tradicional.

Foram, portanto, examinados alguns casos históri-


cos e as linhas de pensamento atuais de alguns Estados Maio-
res Nacionais no que foi possível tratar, nos limi tes do si-
gilo militar, ou conhecer atraves de manuais ou de artigos da
imprensa especializada.

Traçada, depois, uma possível tipologia, foram exa-


minadas as demais operações à luz de adequados critérios de em
prego e d e modalidades de ação.

No final foram apresentados, como exemplo, alguns


aspectos da doutrina específica italiana.

Precisa-se dizer, enfim, que o trabalho constitui urra


proposta g e neralizada para permitir uma ev e ntual verificação
da aplicabilidade a outros ambientes operacionais dif eren
tes dos examinados .
)

INTRODUÇÃO

Quando se fala de operaçoes militares, seja no campo


estratégico, seja no tático, é natural pensar-se nas amplas
' -
açao
vias de acesso que constituem o terreno adequado a
das Grandes Unidades mecanizadas e blindadas, e -
nao, certa-
tamente, nas difíceis regiões montanhosas, onde o emprego
dos modernos complexos de forças é condicionado, mais pelo
ambiente natural, do que pelo inimigo.

Prever e estudar operações em montanha não constitui,


talvez, um exemplo de uma visão superada do fenômeno bélico?
Uma típica manifestação daquela mentalidade antiga, que faz
com que os generais sempre estudem a guerra de amanha com a
mentalidade de ontem? Um Estado-maior que raciocina em ter-
mos modernos poderá, ainda, para o futuro, conceber planos
que prevejam operações bélicas em terrenos montanhosos?
Nas notas que seguem procurarei fornecer razoáveis respostas
a tais perguntas, examinando aspectos particulares da evolu-
çao das concepções estratégicas, para delinear como estas p~
dem adaptar-se às leis não evolutivas do ambiente geográfico
montanhoso.

Tratarei o problema fazendo uma verif icaçao das pos-


sibilidades, também para o futuro, de operações militares
em montanha e delineando sucessivamente, à luz das atuais
concepções operativas, uma possível tipologia.
CAPÍTULO I

1. POSSIBILIDADE DE OCORRÊNCIA DAS OPERAÇÕES EM MONTANHA

''A hist6ria nao se repete", mas nao é completamente


isenta de repetições. Com tais premissas, talvez um pouco prag
máticas, demos uma olhada ao mapa contido no Anexo A: ele indi
ca as regioes montanhosas onde, nos Últimos quarenta anos, se
desenvolveram operações bélicas. Se considerássemos mapas de
acontecimentos mais antigos, poderíamos verificar a ocorrência
de operações militares, entre outras, nas seguintes regioes:
na Coréia, na Indochina, nos Alpes Italianos, no Oriente Mé-
dio, nos Bálcans, na Arábia. Parece então justificada a afir-
maçao de que existem constantes hist6ricas e políticas na evo-
lução dos fatores que tem condicionado o desenvolvimento das
operaçoes táticas em áreas geográficas particulares.

Tais constantes permanecem, porquanto é sempre só a


tática que muda, adaptando-se às técnicas mais sofisticadas.

Mas não podemos limitar-nos a constatações e consi-


derações sobre o passado, procuremos olhar no futuro. Sir Ba-
sil Liddel Hart, possivelmente, o maior crítico militar dos
nossos tempos, enfrentou com clara visão o problema da dissua-
são nuclear e, acreditando que a arma nuclear não teria encon-
trado uma completa afirmação, sustentou também a oportunida-
de de continuar fortalecendo o escudo convencional. As atuais
concepções e tendências estratégicas da OTAN e do Pacto de
Vars6via podem ser consideradas uma confirmação de sua teoria.

Embora conseguíssemos evitar um conflito nuclear,


apocalítico e generalizado, poderiam ser evitadas, num mundo
lacerado de desequilíbrios e tensões, aquelas guerras locais e
de caráter limitado, que têm caracterizado os Últimos cinquen-
ta anos? As regiões montanhosas não podem ser, mais uma vez,
envolvidas neste contexto convencional? Certamente que sim. Os
sofisticados e modernos meios de luta e os complexos meios me-
;f-2-
canizados e blindados obrigarão sempre mais a evitar as condi-
cionantes ~reas montanhosas. Mas nem sempre a montanha poderá
ser evita da, em face dns limitações geográficas típicas dos
conflitos locais.

Considerando-se o problema, nao do ponto de vista do


,
atacante, que tem a iniciativa, mas de forças que so querem
defender-se sobre aqueles divisores de água montanhosos que
muitas vezes representam as fronteiras naturais dos países, a
importância das operações em montanhas assume maior vulto.

2. O AMBIENTE OPERACIONAL

As montanhas e as planícies influem de modo ponder~


vel sobre os costumes e comércio, a vida econômica e o hábito
social dos povos e, em conseqüência, sobre o desenvolvimento
dos relacionamentos políticos e a conduta das guerras. Olhan-
do sob este' ponto de vista o mundo inteiro, causa impressão a
notável extensão' das regiões montanhosas. As grandes opera-
ções militares vão tentar evitar estas regioes, mas nem sem-
pre o conseguirão, seja devido às suas amplitudes, seja porque
os povos de montanhas procurarão atacar e defender-se com pre-
ferência no ambiente a eles mais familiar.

Uma exemplificação a nível mundial de tais afirma-


çoes resultaria complexa demais e, em Última análise, dispersi
va. Então, para fins de estudo das possibilidades de conflitos
em montanhas, vamos limitar-nos a um exame geo-estratégico do
continente europeu, já que o que tem a menor altitude média
.,
(340 m, contra 875 m da média das massas continentais), Jª
que é o mais familiar ao autor destas breves notas.(Anexo B)

O continente europeu pode ser esquematicamente sub-


dividido em duas regiões com características completamente di-
ferenciadas. A oriente, a Europa que Josefh Rovou define "dos
horizontes que tendem aos planos", constituída de antigos ter-
renos de planície, que se junta à grande massa asiática atra-
vés da baixa e transitável cadeia dos Urais e a depressão en-
tre os mares Negro e cáspio. A ocidente, a Europa dos grandes
relevos, que se quebra em penínsulas e ilhas com costas reta-
lhadas e sinuosas e é caracterizada por:
- cadeias de montanhas de picos agudos, desde arco
da Sierra Nevada espanhola até o BosfÓro;
-3-

planícies, muit a s veze s encaixotadas, restritas,


reduzidas a corredor e s pequenos;
- mares me dite r rân e os proÍundos, delimitados por cos
tas geralmente rochosas e quebradas em arquipél~
gos.

A linha dos Cárpatos, entre Dantzig, e Odessa, cons-


titui um diafragma continental, com cerca de 700 km de exten-
são, dois terços dos quais, apresentam-se montanhosos. Levan-
do-se em conta a subdivisão da Europa em dois blocos ideológi-
cos, esta e a realidade geo-política européia.

O fator espacial e geográfico explica claramente


porque:
- de um lado, Moscou quer perservar absolutamente
uma posição de comando e de guia do bloco oriental,
que lhe permite dispor, no ocidente, do istmo pon-
to-báltico, de uma formidável linha de posições a-
vançadas, contra ou .em frente ao ocidente europeu;
- de outro lado, não se pode configurar, por falta
de espaço, um sistema de defesa da Europa Ociden -
tal sem a participação dos Estados Unidos, os quais,
por causa de sua posição geográfica, sao direta-
' ,
mente interessados em o~erações atinentes a area
atlântica.

Além dessas razões, um exame mais detalhado da fai-


xa de demarcação natural da zona de fricção entre os dois
blocos mostra que, em quatro mil quilômetros, mais de dois mil
são constituídos de cadeias montanhosas, nas quais, poderiam
encontrar seu campo de ação eventuais operações militares.

A possibilidade de que futuros conflitos possam de-


senvolver-se também em ambientes montanhosos nao deve então,
a priori, ser excluída. Em síntese, ao término desta análise
inicial sobre as possibilidades de ocorrência de uma guer-
ra em montanha poderíamos~ concluir que, embora na generalida-
de dos casos os modernos meios de luta procurarão evitar a
montanha, a possibilidade do desenvolvimento futuro de even-
tuais operações militares nas regiões montanhosas deve ser le-
vada em conta, quer por motivos de ordem histórica, quer em
face do contexto geo-polÍtico atual.
-4-

3. O AMBIENTE GEOGRÁFICO E AS CONSEQÜÊNCIAS OPERATIVAS

O conceito de montanha no s~ntido comum pode parecer


claro e falar sobre ele pode tornar-se pleonástico. Mas quan-
do queremos delinear mais claramente as implicações operativas
desta palavra, constatamos que surgem muitas dificuldades.

De fato, o ambiente montanhoso, considerado como um


complexo de relevos que surgem a partir de cotas 500, apresen-
ta aspectos extraordinariamente diferenciados, pelo qual pa-
rece muito difícil delinear complexos orográficos, nao certa-
mente iguais entre si, mas que pelo menos sejam parecidos. Ta~

bém o fator da ''cota" não parece determinante e perde boa par-


te do próprio sentido.

O fato é que, particularmente sobre o aspecto do te~


reno que se eleva acima das planícies, têm influido e influem
diversos elementos dentre.os quais salientamos: a gênesis, a
natureza das rochas, a história do relevo, a latitude, a lon-
gitude (estes dois Últimos aspectos podem influir separadarne~
te ou conjuntamente), a colocação geográfica no que se re-
fere a outros elementos (mares, desertos, etc.).

Vamos tratar agora, daquele ambiente montanhoso cu-


ja estrutura e conformação apresentai características particu-
lares. Vamos procurar, substancialmente, colocar em evidência
tais características, que se revelam sempre numa medida maior
ou menor e que contribuem para configurar a função militar da
montanha, com os relativos reflexos sobre o emprego das forças
e dos meios e, em Última análise, sobre a fisionomia das ope-
raçoes.
Estas características sao:
- variedade e aspereza das formas;
- acentuada compartimentação do terreno;
- baixas temperaturas, eventualmente durante a maior
parte do ano, e mudanças de clima;
- extrema pobreza dos recursos locais.

Parece oportuno, neste ponto, examinar, uma por urna,


as características citadas, em relação à sua incidência sobre
as operações militares.
; ; / -5-

a. ~v_ar_ i_e d~<J-~_e__ª--~~J_)ere_~?__ qa_?_ f_()_r mas

A variedade e a aspereza das formas requerem, na pr~

tica, que as forças destinadas a operar nas montanhas sejam


perfeitamente treinadas e particularmente equipadas sem toda-
via excluir, sobretudo nas zonas de menor atrito, a possibi-
lidade de empre go de qualquer tipo de forças e mei os nas oper~

ções. Isto comporta, portanto, a n ece ssidade de poder dispor


de forças e meios de tipos diferenciados, para empregar aque-
les mais aptos ou que melhor s e adaptam às condições do momen-
to. Portanto, é, muitas vezes, necessário recorrer a complexos
de forças e meios, seja de grande ou de pequeno vulto, com di-
ferentes composições, Cada um deles, operando onde é maior o
seu rendimento, tem necessidade de e mprego independente. Isso
significa fracionamento das forças e, então, menor concentra-
ção. É preciso também uma diferente dosagem no emprego das fo~
ças e dos meios e, então, de desdobramentos, nas demais zonas.
Ainda por causa da variedade e áa aspereza das formas, os com-
plexos de forças podem ter entre si uma diferente velocidade
de progressão, talvez em grau ponderável. Coisa que, em sínte-
se, pode significar dificuldades de coordenação, também admi-
tindo, em geral, a valorização da manobra. Em consequencia,
pode-se considerar que o sucesso na montanha, muito mais do
que na planície, seja alcançado pela ação isolada de frações
independentes. Podemos dizer, então, que se deve tender a eli-
minar a defesa através do desbordamento e através da inf il-
tração, ao invés de atacar com uma ação frontal.

O emprego de forças e rreios aptos a operar em zonas


de particular valor impeditivo, permite incrementar, mais do
que em outros ambientes, a possibilidade de atingir o adversá-
rio em áreas de particular importância e de dif Ícil progres-
sao, avultando assim o valor preponderante da surpresa.

Esta Última, de fato, em conjunto com as possibili-


dades de manobra, confere às operações conduzidas nas monta-
nhas um caráter muito particular.

Além disso, pode-se considerar que, na generalidade


os terrenos de montanha, permitem realizar economia de forças
e meios e mobiliar frentes muito mais extensas do que em pla-
nície. Ao mesmo tempo, a variedade das formas do terreno com-
porta a possibilidade, ou melhor, a necessidade de realizar
-6-

dispositivos notavelmente diferenciados. Estes, de fato, têm


uma consistência e uma densidade maior nos terrenos menos dif Í
ceis e me nor, ao contrário, nas zonas mais Íngremes.

Por fim, a aspereza das formas reduz, em grau ~ariá­


vel, a transitabilidade do solo, e portanto . se consegue uma
velocidade de progressão muito menor do que na planície, na
maioria dos casos~ comparável à velocidade do homem à pe. Na
montanha não se pode correr e a velocidade vai ser alcançada
através da continuidade e da segurança do movimento. Continui-
dade que deve ser obtida mediante uma equilibrada dosagem
das forças e dos meios, seu apropriado deslocamento, e uma e-
nérgica movimentação para entrar em ação. Segurança que se tra
duz, na prática, em evitar a surpresa por parte do adversário,
mediante a ocupaçao preventiva de localidades importantes, a
proteção dos flancos, etc.:

b. ~_9centuada compartimentação do terreno

A acentuada compartimentação do terreno tem refle-


xos sobre o emprego das forças e dos meios, que, pela maior
parte, já foram aqui destacados. Ela impoe a constituição de
comp~exos de forças adequadas, caso a caso, ao ambiente no
qual se opera. Em ~ltima análise, a compartimentação tem re-
flexos também sobre a organização.das unidades e das Grandes
Unidades que deverão ser reunidas até chegar à composição de
um instrumento particularmente aptô a realizar a m1ssao. Na di
reção de tal instrumento se requer um comando adequado. Mais
elementos podem ser colocados sob a autoridade de um comando
de nível superior. Neste particular, podemos ter unidades de
organizações diversificadas, dependentes diretamente de um
mesmo comando.

A compartimentação impõe, de fato, que se recorra ao


emprego de complexos de forças em meios mistos, aos quais e
conferida uma acentuada autonomia. No que se refere a' respon-
sabilidade e à descentralização dos meios dos comandos inferia
res, estes aproveitam ao máximo estas possibilidades.

A compartimentação do ambiente pode evidenciar, tam-


bém, a dificuldade de modificar, na fase da conduta, o próprio
dispositivo, sendo dificultosos os movimentos transversais em
relação ao traçado geral dos relevos. Também assim, a compar-
timentação limita a possibilidade de uma rápida intervenção
>f 1
-7-

das reservas que, frequentemente, devem ser desdobradas em


zonas recuada ·, a fim de garantir a possibilidade de interven-
ção em mais de uma direção e, dependendo do nível, em outros
setores.

Finalmente, a compartimentação influi sobre a utili-


zaçao de algumas forças e me ios. No que se refer e à artilharia,
por exemplo, a compartimentação, muitas vezes, limita ·as possi
bilidades de manobra das trajetórias e dos materiais. Ao mes-
mo tempo pode favorecer os efeitos da artilharia, bloqueando
em profundidade os eixos de progressão através de intervenções
provenientes de desdobramentos transversais ou extra-setori-
ais.

c. A rigidez e a mudança do clima

A rigidez e a mudança do clima influem, principal-


mente, sobre os aspectos logísticos do problema operativo. To-
davia, se é evidente que a utilização de alguns meios, como a
aviaçao e a artilharia, pode sofrer restrições, e também evi-
dente que esses fatores podem favorecer a manobra e a surpresa

Em geral, a rigidez e a mudança de clima incremen


tam o valor impeditivo da montanha. Em particular, a presença
de neve e gelo limita de uma maneira ponderável o movimento e
impõe freqüentes paradas às operações. Requer também uma am-
pla disponibilidade de meios especiais para poder sobreviver
em céu aberto e de elementos altamente especializados para en-
frentar o ambiente hostil. Estes Últimos não estão sempre fa-
cilmente disponíveis e a formação deles requer um recrutamento
específico e um longo e cansativo treinamento. Em substância,
a montanha invernal impede o desenvolvimento de grandes opera-
çoes, mas permite o desenvolvimento de ações de caráter episó-
dico, que podem levar a resultados notáveis. A vida num ambien
te hostil ao homem é particularmente difícil, tendo em conta
os perj.'gos naturais (avalanches, etc.) para os quais é indis-
pensável um notável esforço para permitir às unidades operar.
E importante considerar que a neve, além de demorar as opera-
ções, quando alcança uma determinada altura, reduz o apoio do
obstáculo artificial, seja ativo (campos de minas, minas es-
parsas), seja passivo (reticulados, etc.). Em conseqü~ncia, o
defensor tem que renovar o seu trabalho, com particular dif i-
• culdade no que se refere à colocação dos campos de minas .
5-.l,-8-

O frio e a neve impõem, enfim, uma menor densidade


dos dispositivos, pela dificuldade de assegurar 0 apoio admi-
nistrativo a todas as unidades;

d. A extrema pobreza dos recursos locais

A extrema pobreza dos recursos locai's nao in· fl ui di


retamente nas atividades d e natureza tática, mas t e m reflexos
negativos diretos sobre o aspecto logístico. A falta de vias
de comunicações de grande capacidade e o limitado numero das
de menor import~ncia torrta a montanha difícil, quando não im-
possível, para o movimento dos meios motorizados. Em tais con
dições, tudo tem que chegar de ~aixo, empregando, principalme~
te, meios de transporte caracterizados por rendimentos extre
marnentes modestos. Portanto, a pobreza dos recursos locais a
conselha a limitação das forças empregadas e induz a prefe-
rir as operações de caráter prevalentemente estático, isto
é, as operações defensivas. Neste contexto, o ambiente podé
ser modificado, através da construção de instalações fixas pa-
ra tornar menos aspera a vida e mais simples o apoio adminis-
trativo. A construção de instalações para a proteção de pesso-
al, de estradas para os meios motorizados, a implantação de
bondinhos de grande capacidade, a concentração de estoques lo-
gísticos permitem mudar, substancialmente, a situação e, em
Última análise, confere~ a quem opera na defensiva uma notável
vantagem sobre quem é constrangido a realizar ações móveis.

e. síntese

Sintetizando, as características até agora levanta-


das sao as seguintes:
necessidade de:
tropas particularmente treinadas e equipadas;
forças e meios de diversos tipos;
. emprego de complexo de forças e meios de dif eren
tes composições, com autonomia operacional; 'pos-
sibilidade de fracionamento das forças e limita-
das possibilidades de concentração dos esforços;
diferentes dosagens de forças e meios nos desdo-
bramentos, com maior freqüência que na planície;
- ênfase na manobra e na surpresa;
- frentes operativas de maior amplitude que na planí
cie;
-9-

pequenas velocidades de movimento;


- dificuldade de:
assegurar a continuidade e a segurança da açao;
assegurar o apoio logístico administrativo, pri~
cipalmente no inverno;
mudar repentinamente, na fase de conduta, a mano
bra inicial;
- limitada segurança no emprego de determinados
meios;
- situações imprevistas freqüentes;
- maiores dificuldades logísticas.

Os reflexos levantados, também sumariamente, podem


conduzir a uma conclusão: no seu valor geral eles f avorecern
uma açao defensiva e nao uma ação ofensiva.

De fato, quando se ressalta que na montanha:

- as possibilidades de concentração dos meios sao mo


destas;

- a capacidade de emprego do fogo é limitada;

as possibilidades de emprego dos meios mais rápi-


dos são reduzidas;

- o movimento é, normalmente, lento, cansativo, difÍ


cil;

- o apoio tático e logístico é difícil e muitas ve-


zes pode não ter a necessária capacidade de respos
ta,

se afirma que o ambiente montanhoso apresenta características


decisivamente favoráveis à defensiva. Mas podemos afirmar que,
embora algumas características, tais corno as possibilidades de
realizar a surpresa e a manobra (mais acentuadas na montanha
do que na planície) sao mais favoráveis à ofensiva do que à d~
fensiva, isso pode-se referir mais à ação de pequenas unidades
do que a açao de grandes efetivos. Estas, de fato, não podem,
devido aos modernos meios de exploração, fugir a' observação
dos adversários. Podemos então, concluir que a montanha - zona
de obstáculo - oferece, ao defensor, cobertas e abrigos que,p~
ra o atacante, na maioria das vezes, representam obstáculos.
~< - 1 o-

4. AS CARACTERÍSTICAS FUTURAS DAS OPERAÇÕES EM MONTANHA.

Vistas as possibilidades e_ a credibilidade da ocor-


rência da guerra em montanha e examinado o ambiente geográf i-
co e os cons eq uentes reflexos operativos, vamos considerar,
agora, as características que as operações neste ambiente po-
derão assumir para o futuro. Para as finalidades da nossa in-
dagação, os dados mais significativos, deduzidos da história
recente e da influência do ambiente sobre o desenvolvimento
das operações, não permitirão chegar a considerações válidas,
se não forem avaliados à luz das modernas concepções estraté-
gicas que são fortemente condicionadas pela moderna tecnologia.
No que se refere a esta ~ltima muito se falou sobre a montanh~
como de um elemento imutável no tempo, sobre o qual pouco
podem os meios produzidos pela moderna tecnologia. Pergunta-
-se, neste ponto, se a influência.no campo operativo de dois
elementos particulares, recentemente afirmados, as armas nu-
cleares e o transporte aéreo e terrestre, pode modificar a
afirmação antes referida ou, pelo menos, modificar o valor da
montanha no que se refere às ações fundamentais da luta. Para
poder responder à pergunta parece oportuno examinar a maneira
pela qual a influência de tais meios sobre as características
do ambiente montanhoso se reflete sobre as possibilidades de
emprego das forças e dos meios.

a. As armas nucleares

Os efeitos das explosões nucleares variam sensivel-


mente de zona a zona, em relação à morfologia do terreno. Um
arrebentame nto nuclear ocorrido num vale produz efeitos dire-
tos e indiretos sobre as encostas das montanhas periféricas.
,
Os efeitos diminuem quando o arrebentamento e feito sobre a
parte mais elevada da montanha. Decorre, como consequencia,
que a vulnerabilidade das forças e dos meios diminue, generi-
camente falando, à medida em que o emprego deles varia dos
fundos dos vales para cima. Mas, procurando a redução das vul-
nerabilidades, limitam-se também, de maneira sensível, as pos-
sibilidades de emprego destas forças, sob o ponto de vista da
quantidade, e se enfatiza a busca da qualidade, do fraciona-
mento das forças e, em ~ltima análise, se reduz a possibilida-
de de concentração. A busca da ação por cirna,para fugir a maior
,:f-•· -11-
-
vulnerabilidade por baixo, tem como consequencia a redução da
rapidez no emprego das forças e dos meios e têm , também, como
outra conseqüência, a dificuldade de apoio tático e logístico,
porque as possibilidades de movimentação se reduzem, ao máxi-
mo, quanto mais nos afastamos das vias de movimento dos fundos
dos vales para nos colocarmos sobre as encostas das montanhas.
Devemos também ter pres e nte que dispor de forças e meios nas
partes altas pode incrementar as possibilidades de manobras,
mesmo num clima rígido e de mudanças atmosféricas mais acen-
tuadas do que em qualquer outro lugar.

Outra conseqüência da tendência a colocar-se sobre


as cotas elevadas é a possibilidade de realizar economias no
emprego de forças e meios, seja para a limitação de espaço pa-
ra os desdobramentos (operações ofensivas), seja pelo maior v~

lor tático das posições mais elevadas em relação aos fundos


dos vales (operações defensivas). Podendo as armas nucleares
,
criar instantaneamente grandes interrupções, e evidente que,
empregando arrebentamentos em superf Ície ou debaixo dela, se
podem neutralizar uma ou mais vias de movimento, acrescenta-
do-se os aspectos nega ti vos, já citados, que resultam da com-
partimentação do terreno. Em particular, o emprego das minas
nucleares, em proveito da defesa, pode permitir não só a obten
çao do obstáculo através da queda de grandes massas de rochas,
mas também o aproveitamento de alguns efeitos secundários,
como a radioatividade residual levada pelo "fall-out" e pela
contaminação das águas defluentes. Estes fatores devem ser o-
brigatoriamente considerados porque a queda de material radio-
ativo pode atingir zonas extraordinariamente amplas e1 sao avaliáveis
unicamente com base nas condições meteorológicas do momento.
Além disso, a instabilidade das condições do clima pode afetar,
ainda, o emprego das armas nucleares . influindo sobre os efei-
tos e a possibilidade material de emprego (limitações ao em-
prego dos meios de lançamento). A arma nuclear enfatiza, tam-
bém, os obstáculos à ação derivados da pobreza de recursos lo-
cais, porque a disponibilidade do artefato caracterizado pela
enorme potência destrutiva não pode avultar o problema. Isto
se traduz naqueles reflexos, já levantados, sobre o emprego
das forças do meio: limitação das concentrações, dificuldade
de sobrevivência, dificuldade de alimentação. Além disso, pa-
rece difícil, para o atacante, aproveitar imediatamente os
efeitos do arrebentamento, porquanto o raio de ação das explo-
Ç/L' ~
./ / - L~-

soes é tal que exige a adoç ão d e ponderáveis distâncias de se-


gurança.

Assim, a incidência das armas nuclear e s nao so nao


modifica substancialmente os reflexos que as característi-
cas da montanha têm sobre o emprego das forças e dos meios mas,
sem exagero, podemos afirmar qu e são agravados os fatores ne-
gativos e diminuidos os positivos. A explosão nuclear pode tor
,
nar-se rendosa na economia geral da guerra em montanha, so
,
quando a mesma e empregada para amenizar a luta, tentando
atingir unidades em reserva, desdobramentos de artilharia de
maior calibre, áreas de apoio administrativo, zonas de conflu-
ência dos eixos de suprimentD, etc ..

Parece . portanto, n e cessário deslocar as forças pe-


las cristas, renunciando, pelo menos em parte, aos meios mais
poderosos e procurando bloquear os fundos dos vales através de
meios poucos sensíveis à explosão nuclear, quais as fortifi-
cações .permanentes - ou obstáculos ativos.

b. Os transportes aereos e terrestres

Ao conjunto de possibilidades operativas .,


levan-

tadas, junta-se um elemento que atualiza o problema do combate
em montanha: a evolução dos meios aéreos e terrestres. O empr~
go maciço de modernos meios abre de fato novas possibilidades,
seja no campo tático, seja no logístico e impõe indispensáveis
adequadarrento da doutrina de empre.g o de unidades em montanha.
Sem dúvida, e a evolução do meio aereo a que desenvolveu mais
do que as outras . as operações em montanhas. William Thompson,
que combateu na Itália com a 10ª Divisão de Montanha, escreve
que"o sucesso do helicóptero tático nas montanhas relativamen-
te baixas mas tormentadas do Vietnam, junto aos notáveis pro-
gressos das tecnologias da decolagem e do pouso vertical ou
da decolagem e do pouso curto, podem bem ameaçar a estabilida-
de das mui tas posições montanhosas até agora consideradas se-
guras".

Não há dúvida nenhuma que, em termos gerais, o meio


aereo pode anular, pelo menos em parte, as limitações que as
características do ambiente de montanha opoem ao emprego das
unidades. O meio não ligado à superfície permite resolver e
superar as dificuldades conexas.

O emprego do transporte aereo permite, de maneira


1
;f -13-

particular, acentuar as possibilidades de manobra e de surpre-


sa, superar as limitações na velocidade de progressão da luta,
no apoio tático e na continuidad e da ação.

Tudo isso nos induziria a Qensar que a existência do


me io aéreo pode anular as conclusões levantadas pouco antes.
Mas, precisamos considerar que o mesmo meio encontra numa das
características do ambiente montanhoso, a aspereza e instabi-
lidade climática, um elemento limitador do emprego dos aviões,
que pode anular toda a ação positiva. Podemos também conside-
rar que, o emprego maciço do helicóptero para transportar pes-
soal ou material é dificultoso. Não podemos pensar numa utili-
zaçao em quantidade tal de modo a ver a luta colocar-se total-
mente na terceira dimensão. Materiais e pessoal devem ser de-
sembarcados no terreno e, se este desembarque for vultoso , pre-
cisa-se de espaços amplos, que não são sempre facilmente en-
contrados num ambiente montanhoso. Além disso, dificilmente se
.pode fazer desembarcar unidades de um certo nível em presença
do inimigo. Em substância, o emprego do meio aéreo, até quando
não podemos dispor de meios mais adequados, nao pode influir
na luta de maneira a modificar ponderavelmente os reflexos que
as características do ambiente montanhoso têm sobre o emprego
das forças e dos meios.

A tudo isto temos que juntar a evolução dos meios


terrestres de transportes e o conseqüente e sempre maior desen-
volvimento da transitabilidade em montanha. Também na montanha
invernal, teatro, até agora, de ações especiais de tropas de
elite, as lagartas para a neve têm superado muitas dif iculda-
des impostas'pela ,insuficiência das vias. Os novos meios, que
as modernas técnicas oferecem, exercem sobre a guerra em mon-
tanha uma influência indireta e outra direta. A indireta se
reflete genericamente sobre as maiores possibilidades de empr~

gar os teatros operativos de montanhas e a direta concerne à


escolha de eixos de progressão, para a ofensiva e de "áreas
críticas" de defender, na defensiva.

5. CONCLUSÃO PARCIAL E POSSÍVEL TIPOLOGIA

Concluindo na extrema eventualidade de que o equilí-


brio atual fosse quebrado e uma crise política ou um confli-
to local provocasse um conflito nuclear, só unidades coloca-
~ -14-

das em reg1oes montanhosas então, teriam, mais possibilidade


de sobreviver. Elas poderiam constituir-se como grandes re-
servas para intervir nas regiões de planície, num segundo tem-
po, em favor dos alvos estratégicos mais importantes.

A montanha, de fato, como já temos examinado, reduz


as possibilidades do emprego e o rendimento das armas nuclea-
res, em relação aos terrenos de planície, sem, ao mesmo tempo,
chegar a ser ambiente proibitivo. Além disso mais do que em
terrenos de planície, a arma nuclear, em montanha, favorece a
defesa. Num conflito nuclear, então, o valor defensivo da mon-
tanha seria ainda mais favorecido e o ambiente montanhoso qu~­

se se transformaria, empregando uma comparaçao figurativa,


num forte cujas paredes seriam representadas pelas encostas
mais Íngremes, escassamente sensíveis às armas nucleares do
atacante, e cujas portas seriam constituídas pelos vales, fa-
cilmente bloqueáveis pelo defensor através do emprego de minas
atômicas.

Mas, no atual contexto de equilíbrio nuclear, a con-


cepçao estratégica de uma guerra nuclear parece ter perdido a
credibilidade, e, por enquanto, permanece a possibilidade de
guerras que tendem a objetivos político-militares nao decisi-
vos para os fins do equilíbrio geral de •poder.

Em tais considerações, · o estudo do combate em monta-


nha deveria ser conduzido, principalmente, sobre as possibili-
dades operativas convencionais e, em tal quadro, podemos de-
linear, simplificando, três níveis de operações em montanhas:
- grandes operações: se realizam quando não .é abso-
lutamente possível evitar os ambientes de montanha,
porque as regiões montanhosas bloqueiam os eixos
operativos principais ou porque, como no caso eu-
ropeu, é exigida a aplicação do princípio da defe-
sa avançada;
- pequenas operaçoes ou operaçoes subsidiárias: se
desenvolvem quando as regiões montanhosas podem ser
evitadas pelos eixos operativos estratégicos,sen-
do, porém, aproveitadas, pelo atacante, por se a-
presentarem mais rendosas aos fins da manobra e
da surpresa e, pelo defensor, para a preservaçao
da sua integridade territorial;
- guerrilha apoiada em montanha: realiza-se quando,
;f-15-
com métodos indiretos, típicos da guerra subver-
siva, o sucesso é procurado mediante a desorienta-
ção das massas e o desequilíbrio material e psico-
lógico do adversário.
_j
1
' -'

CAPÍTULO m

1. AS GRANDES OPERAÇÕES NA MONTANHA

a. Casos históricos

No passado, um exemplo clássico de grande operação


conduzida em terreno tipicamente montanhoso foi a "Straff Ex-
pedition". Em abril de 1916 os Impérios centrais prepararam
uma açao ofensiva para punir a Itália, que estava combatendo
em favor dos aliados. Quatrocentos mil homens e mais de dois
mil canhões foram concentrados no Trentino. A frente de ataque
escolhida era mais favorável para o atacante: estendia-se en-
tre o Rio Adige e o Rio Brenta, através das inumeráveis vias
de comunicação que do Trentino levam à Planície Padana. Se a
frente nas montanhas tivesse cedido, as forças desdobradas em
planície na linha do Rio Isonzo teriam sido constrangidas a
uma rápida retirada, para não serem desbordadas. (Anexo C)
O ataque se desenvolveu do dia 19 de Maio até o dia
1º de Junho de 191~. O centro da Força Austríaca ultrapassou ~s

linhas italianas no centro do desdobramento, numa região de


pequenas montanhas e de altas planícies, a região do altiplano
de Asiago, mas as alas da mesma força foram detidas nas regiões
montanhosas laterais. A ofensiva, fracassada nas alas, não al-
cançou as vantagens esperadas apesar da afortunada ação cen-
tral. O atacante tinha concebido e organizado da melhor forma
a grande operação tática que lhe teria permitido aproveitar
na planície e no campo estratégico o êxito conseguido na mon-
tanha. Mas a falta de surpresa influiu sobre o resultado da
operação. Na primeira guerra mundial, de fato, ao incremento
das massas de combatentes e dos espaços não tinha correspon-
dido um adequado incremento da velocidade operativa. Por fal-
ta de surpresa por parte do atacante, o defensor tinha o tempo
de adequar o seu dispositivo às contingentes necessidades do
combate e de afluir unidades de reserva.
A- -17-

No segundo conf~ito mundia~, num ambiente nao ti~i-

camente montannoso do ~onto de ~ista das a~tituues, mas sem-


pre semelhante ao obstáculo montanhoso pela variedade mor f o-
lógica e aspereza das formas, temos tido ao contrário, um tí-
pico exemplo de grande operação ofensiva conduzida com suces-
so. A audaz atuação, dos alemães, em maio de 1940, cumprindo
o plano "Schlieffen''. Tamb~m nesse caso, o atacante, atrav~s
do obstáculo constituído do maciço das Ardenas, procurou a-
proveitar no campo estrat~gico o êxito tático alcançado no
terreno . montanhoso. A ação conseguiu êxito porque explorou a
surpresa, procurada e obtida apesar das dificuldades do terre-
no.
Após os exemplos citados, uma pergunta torna-se lÍ-
ci ta: "os procedimentos atuais de conduta de combate abrangem
a montanha ou não? Para responder, vamos examinar o problema
na ofensiva e na defensiva.

b. Peculiaridades de manobra

Qualquer manobra na mo~tanha, defensiva ou ofensi-


va, configuram-se como um conjunto harmônico de ações "tradi-
cionais" e ações "particulares". Ela consiste na coordenação
e na condução, ao longo de diretrizes paralelas ou convergen-
tes . de esforços desenvolvidos no fundo dos vales, tendentes
a penetrar em profundidade ou a impedir a penetração inimi-
ga. Tais esforços são realizados com envolvimentos a curto
raio (ações a meia encosta) e integrados ou substituídos de
ações conduzidas por alto, tendentes a ameaçar os flancos e as
costas das forças inimigas com envolvimentos a longo raio.

As ações nos fundos dos vales comportam:


na defensiva, a resistência para a posse de posi-
ções essenciais aos fins da interdição da penetra-
çao inimiga para ~quelas zonas de vital import~n ~ ~
eia ao fim da manobra, que chamaremos "zonas críti-
cas". Estas são todas as que coincidem com os cen-
tros de irradiação, ou de concentração, da rede
das comunicações, rodoviárias ou não, ao longo da
qual desenrolam-se todas as atividades táticas e
logísticas conexas à manobra;
- na ofensiva, o superamento das defesas colocadas
à barragem das vias de acesso ~ o alcance das
.,...

-18-

"zonas críticas".

As ações à meia-encosta t e ndem:


- na defensiva, a bloquear nos flancos o dispositi-
vo das forças agentes no& fundos dos vales e rnelho
rar o rendimento da observação e do fogo;
- na ofensiva:
sustentar o ataque conduzido nos fundos ~os va-
les por meio de envolvimento a curto raio;
. a conduzir o ataque, após ter fixado o adversá-
rio nos fundos dos vales com as forças ali ope-
rantes;
. a realizar uma frente de investimento dos pontos
fortes da defesa, suficientemente ampla para po-
der adotar um dispositivo que aproveite toda a
superioridade que o atacante dispõe.
As açoes por alto têm normalmente caráter ofensivo -
- independentemente da situação operativa em ato· - e assumem
muitas vezes uma importância determinante e uma capacidade
resolutiva.

Estas açoes sao normalmente desenvolvidas por compl~

xos táticos de modesta entidade, heli transportados todas as


vezes possíveis ou operantes a pé.

A missão deles se traduz na ocupaçao de posições


fundamentais cuja conquista possa comprometer a coesão do dis
positivo inimigo.

c. A açao ofensiva

Inicialmente, podemos considerar como premissa, que


atualmente as grandes operações no terreno montanhoso se rea-
lizarão só quando o atacante concluir que elas sejam inevitá-
veis, e quando as montanhas barrarem os eixos operativos esco-
lhidos ou impostos pelo caráter local do conflito. O atacante
então, operando em montanha, considerará este ambiente como
lugar de trânsito para alcançar, através dos eixos estratégi-
ca e politicamente mais convenientes, objetivos vitais. A mon
tanha constituirá so um meio para atingir o fim, não o ambien-
te mais favorável para consegui-lo, e, neste contexto, o ins-
trumento operativo deverá ser proporcionado também em fun-
ção da desembocadura na planície e do prosseguimento em pro-
fundidade. O acentuado caráter crí tic.o da fase do desembocar
·----~--··-··
r
~i
-
>f -19-

~
;;-
~:

em plano influirá sobre a conduta da açao ofensiva, durante a


travessia da faixa montanhosa,conferindo à ação um caracter de
unidade e concentração. A força aérea poderá contribuir para
atenuar o caráter crítico desta fase, mediante o isolamento
da zona do desembocar e, eventualrnen~e, mediante a criaçao
duma verdadeira "cabeça de desembocadura" realizada com for-
ças aero-transportadas.

O atacante então.será induzido a agir em montanha


principalmente através das vias de acesso, porque so nes-
tas ele poderá realizar, embora em grau menor que na pla-
nície, aquelas concentrações de esforços, necessários para a ~
liminação das resistências inimigas, não só na fase do atra-
vessamento, mas sobretudo na do desembocar na planície.

A tendência genérica moderna das grandes operaçoes


em montanhas, de agir predominantemente através de zonas
que facilitem o movimento, ou seja, nas partes baixas das en
costas, não é nova. As duas concepções, a da açao por cima
e a da ação por baixo têm sido muitas vezes contrastadas na teo
ria e na prática do combate em montanha, e pontos de vistaopo~
tos foram debatidos, a propósito, por estudiosos e técnicos.

1) Fases de ação
Aceita esta hipótese, de que a montanha representa
para o atacante só uma zona de trânsito, as operaçoes ofensi-
vas poderiam ser caracterizadas pelo seguinte desenvolvimento:

- urna primeira fase, durante a qual a ação do ataca~

cante limita-se ao investimento das estruturas de


fensivas colocadas para barrar os fundos dos va-
les principais. O ataque desenvolve-se só pelos
fundos dos vales e pelas encostas mais imedia-
tas, donde é possível influir diretamente sobre
a conduta das operações. Na maioria dos casos
esta primeira fase será conduzida por unidades
mecanizadas e blindadas. Os envolvimentos pelos
flancos, a curtas distâncias, deverão ser realiza
dos a pe;

- uma segunda fase, caracterizada pela reiteração do


esforço nos fundos dos vales, desenvolvida analo-
gamente à fase precedente. Essa repetição do ata
que frontal é tentada porque pode resultar
,,
5f-20-
menos onerosa, pelo menos no que se refere ao fa-
tor tempo, do que a imediata passagem a um ata-
que envolvente pelas partes altas, que impõe uma
mudança do dispositivo e requer a disponibili-
dade de tropas especiali~adas;

llllB terceira fase, na qual o atacante, que nao


conseguiu alcançar o sucesso nos fundos dos va-
les, empenha-se na busca dos flancos da defesa.
A ação se desenvolverá então por vias táticas
secundárias e o investimento das estruturas será
substituído pelo envolvimento através das partes
altas, pela infiltração através de zonas mais
difíceis de percorrer;

- uma quarta fase consistindo na penetração ao


longo dos talvegues dos vales, até a conquista,
num primeiro tempo, de acidentes, cuja ocupaçao
permita o isolamento e a invalidação de intei-
ros setores defensivos, e a ultrapassagem, num
segundo tempo, de toda a área defensiva;

- uma quinta fase, que compreenderá a destruição dos


elementos defensivos já isolados. Eventualmente,e~
ta Última fase poderá ser dilatada ou mesmo nao
executada, aguardandó-se que os defensores caiam
pela manobra, principalmente pela falta de su-
primentos.

2) O emprego da terceira dimensão

A subdivisão levantada, de caráter esquemático,


nao deve levar a interpretações falsas. Ela visa uma sim-
ples repartição do ataque, de ordem doutrinária, em partes
que podem ter sentido tático, e visa indicar a seqüência das
ações. Na. realidade, esta acentuada sistematização nem sempre
é observada. A utilização da terceira dimensão, poderosamen-
te desenvolvida nos Últimos anos, é normal, ·seja no campo
tático, seja no campo logístico. O emprego de tropa heli-
transportada pode permitir ao atacante o envolvimento ver-
tical dos pontos guarnecidos pelo defensor e levar a amea-
ça em profundidade, desorganizando os Órgãos de comando e
o sistema de apoio logístico, até provocar a paralisia das u
1
nidades mais avançadas, sobre as quais pode ser exercida
uma simples ação de fixação. Este tipo de manobra, muito
eficaz na planície, pode resultar decisivo em ambiente de mon
tanha, pela impossibilidade do defensor subtrair-se à ofen-
siva e pela facilidade com que podem ser localizados os pontos
mais sensíveis do dispositivo.

3) A doutrina soviética

Uma confirmação de que existem modernas tendên-


cias para desenvolver as grandes operaçoes em montanha pe-
las vias de acesso mais fáceis chega-nos também da doutrina
soviética. Aquela doutrina prevê que o ataque em montanha de
ve ser realizado principalmente ao longo das estradas, em
coincidência com ações desenvolvidas pelos flancos e com o
emprego de tropa aerotransportada. A divisão, em montanha,
investe as defesas inimigas ao longo duma frente bastante am-
pla que, dependendo da configuração do terreno, compreende g~

, ralmente duas ou mais direções. As formações de combate da


divisão são escolhidas em função do tipo de operação e da im
portância e da capacidade das direções. em tais formações
sao geralmente incluídos escalões de flancoguarda, constituí-
dos de unidades de infantaria motorizada. O regimento de car-
ros de combate da divisão de infantaria motorizada faz parte,
geralmente, da reserva geral ou do segundo escalão e vem
lançado em combate,para aproveitar o êxito obtido pelos regi-
mentos em primeiro escalão, nas zonas que se prestam para
a manobra de carros de combate. As unidades de carros de com
bate que desenvolvem ações autônomas para conquistar re-
giões humanizadas, recebem unidades de infantaria motori-
zada e/ou tropa de engenharia.

4) Conclusão

Para concluir o assunto pode-se razoavelmente acre


ditar que as modernas grandes ofensivas deverão ser conduzi-
das, prevalentemente, ao longo de vias de acesso mais fáceis,
pelos vales, mas não exclusivamente. As duas ações, pelas pa~

tes altas e pelas partes baixas, deverão apoiar-se mutuamen-


te. A ação pelas partes altas, mesmo que relativamente redu-
zida, dificilmente poderá ser suprimida, salvo no caso em que
o colapso do inimigo permitir a progressão, o mais rapidamen-
5f-22-
te possí.vel, pela via de acesso mais fácil. A.s direções mais
fáceis para o atacante, são, também, as melhores para serem
barradas, porque quase sempre são dominadas por posições ele-
vadas, naturalmente fortes. O aproveitamento dessas posições
pelo defensor reduz as possibilidades de surpresa e manobra,
do atacante, que representam princípios essenciais sobre os
quais repousa a arte tática. Por fim, a açao ofensiva . pelas
partes baixas, conduz quase sempre ao ataque frontal, que em
montanha ainda mais que em planície, resulta sangrento e es-
cassamente rendoso. Deve, então, o grosso das forças . ser em-
pregado pelo vale, mas sua ação deverá ser facilitada por ele
mentas empregados nas vias dominantes, constituídos de unida-
des especializadas para o combate em montanha.

d. A açao defensiva

As notáveis possibilidades que os modernos meios de


lutas oferecem à concentração da ofensiva na montanha e do
envolvimento vertical, impõem a previsão de concentrações em
áreas de defesa de amplitude e profundidade muito variável,
a segund~ d~s características das vias que devem ser barradas.
Estas áreas, nas quais a defesa se concentra com o fim de bar
rar o ataque, devem ser organizadas de maneira a impedir a
conquista pelo atacante de "zonas críticas" de interesse vi-
tal para a manobra. No interior de cada área de defesa ) o es-
forço defensivo deve ser polarizado sobre a manutenção das p~

s1çoes fortes que controlam o acesso às "zonas críticas". A


defesa é concebida com base nos fortes contra-ataques, na ma-
nobra das forças, nas técnicas de infiltração e de envolvi-
mento vertical, facilitada neste campo, graças as possibili-
dades oferecidas pelos modernos meios de lutas.

O planejamento das grandes operações defensivas em


montanhas deve ser baseado sobre o conhecimento do atacante,
de sua tática, de seus meios, de seus movimentos, do seu
grau de treinamento e da sua capacidade de operar no ambiente
montanhoso. Se poderão)assimJvisualizar, em função seja da
capacidade do adversário, seja das direções mais favoráveis,
os eixos mais prováveis de penetração do atacante e as "zonas
críticas" de interesse vital para a manobra. Na barragem des-
tas zonas que poderão corresponder a desembocadura em planí-
cies, a pontos de encontro de vales, a desfiladeiros, a pas-
sos, etc., será polarizado o esforço defensivo. Para tal fim,
p
5f -23-

só uma parte das forças sera empregada em dispositivos está-


ticos, e a maior parte delas manobrará, principalmente com
pessoal treinado no combate em montanha, e também com o em-
prego de helicópteros.

1) Fases de açao

Se as operações realizadas pelo atacante se desen-


volverem como foi descrito anteriormente, como deverá ser ar-
ticulado o dispositivo do defensor? O problema pode ser ana-
lisado em função das fases do ataque, deduzindo-se as conse-
qüentes necessidades para o defensor.

a) À primeira e à segunda fases do ataque deve corres-


ponder uma elevada capacidade de bloqueio frontal nos fundos
dos vales. Esta capacidade de bloqueio, seja contra blinda-
dos, seja contra infantaria, deve desenvolver-se sob formas
diversas:

- com capacidade de saturar com fogos diretos lon-


gitudinais todo o vale, para impedir que o ata-
cante possa se aproveitar dos ângulos e das zo-
nas cobertas e dos abrigos, sempre muito n umero-
sos na montanha. A necessidade, para este propo-
si to, de dispor de um sistema de obstáculos ex-
tremamente eficaz é Óbvia. Fogo e obstáculo, ade-
quadamente integrados, constituem um conjunto
sobre o qual o defensor, especialmente no ambien-
te de montanha, deve aproveitar ao máximo;

- com capacidade de impedir o envolvimento do dis-


positivo defensivo nos fundos dos vales, median-
te a proteção dos flancos desse dispositivo. Es-
ta ampliação da frente a defender poderá ser rea-
lizada, alternativa ou sucessivamente com açoes
de fogo da artilharia já planejadas e com o em-
prego de unidades móveis. A estas Últimas deverá
também ser dad~ a , missão da segurança de reta-
guarda e anti-aérea do dispositivo, muito sujei-
to a ações conduzidas através da terceira dimen-
sao;
- com capacidade de desenvolver açoes defensivas
em profundidade, visando opor-se da maneira mais
-24-

conveniente à sucessao dos esforços ofensivos do


inimigo. Tal profundidnde pode ser obtida seja p~

lo escalonamento em profundidade de forças está-


ticas, seja pelo emprego~ integrado destes elemen-
tos estáticos e sistemas de fogos anti-carro e
contra infantaria motorizada.

b) A terceira fase, na qual, como já dissemos, o ata-


cante pode ser constrangido a tentar o envolvimento, pelas
partes altas, das defesas do fundo do vale, é talvez a mais
delicada para o defensor. Nesta fase, de fato, a iniciativa,
a capacidade de avaliação e a rápida decisão dos Comandan-
tes serão submetidas a dura prova. Nesta fase ) a defesa deve
mostrar a sua capacidade de reaçao ao máximo. Ela deve estar
sempre prpnta a intervir contra as infiltrações inimigas, ou
melhor, porque impedir uma infiltração é praticamente impos-
sível, deve estar pronta a intervir onde as infiltrações ini-
migas tendem a se concentrar. A exigência de poder sempre ob-
servar as formações atacantes e de dispor de reservas com mo-
bilidade superior à das forças inimigas representam uma ime-
diata consequencia. A observação, dependendo da compartimen-
tação do terreno, não resulta particularmente dif Ícil. No que
se refere à mobilidade das reservas, a utilização de meios
aéreos, em particular do helicóptero, representa hoje, na mon-
tanha, a melhor solução do problema dos movimentos rápidos,
sobretudo quando se deve superar desníveis relevantes.

c) A quarta fase, que corresponde à penetração do ata-


cante ao longo do vale, representa também um momento de cri-
se para o defensor. Penetração, de fato, significa invalidação
de um elemento ou de uma faixa do sistema defensivo. A pene-
tração significará para o atacante o atingimento de uma zo-
na de maior facilidade de progressão, onde as suas unidades
podem melhor aproveitar as características de mobilidade e
de poder de fogo.

Neste ponto, quando o primeiro sistema defensivo


tiver sido superado pelo atacante, o defensor deve necessa-
riamente reagir. O problema da reação não é s}_n:ples, sendo
-25-

influenciado por mui tos fatores concorrentes. De um ponto de


vista técnico, que considere exclusivamente a conduta das op~
rações, se pode dizer que, quando a disponibilidade de espa-
ço o permite, a renúncia da reação em favor do fortalecimen-
to da defesa em profundidade pode ser a solução mais econômi-
ca e, então, mais preferível. Mas, numa visão mais ampla, es-
ta solução pod e também não ser aceitável, porquanto, com a
sua progressao, o atacante poderia ganhar os acessos a vales
A

laterais e, ao longo dos mesmos, manobrar e por em crise um


inteiro setor defensivo. Em tal caso a reação dinâmica seria
imposta pela situação e seria obrigatória. O defensor deve
assumir esta dura mas inevitável necessidade. Qualquer solu-
çao que seja tomada nesta fase o defensor deve dispor de uma
elevada capacidade de reação e de bloqueio, ou pelo menos
deve conseguir retardar e destruir, em terreno pouco organi-
zado, um adversário que tem o instrumento principal constituí-
do de unidades mecanizadas e blindadas.

d) A quinta fase, como já dissemos, pode ser eventual.


Ela é representada pela eliminação das forças da defesa que
tenham sido isoladas no interior dos grandes complexos monta-
nhosos. Utilizando as vias táticas mais dif Íceis e aprovei-
tando o máximo do transporte por ·helicópteros e do movimen-
to em cota, - tarefa que cabe a tropas altamente especiali-
zadas - aproveitando das asperezas do clima, que tornam a mon-
tanha mais difícil e até proibitiva ao não especializado, o
d e fensor pode fugir ao cerco. Com ações de pequeno vulto, im-
previsíveis, rápidas, sobre os f lances e atrás do desdobra-
mento inimigo, o defensor criará as condições para ações mais
consistentes, que, conduzidas nos pontos sensíveis da organi-
zação inimiga, consentirão, finalmente, em tomar a iniciativa
para operaçoes contra-ofensivas.

2) A doutrina italiana

Analogamente ao caso da açao ofensiva, onde temos


encontrado uma confirmação das teorias expostas na doutrina
e no instrumento bélico soviético, é possível encontrar uma
'
confirmação do que dissemos antes, no que se refere a açao
defensiva, na nova regulamentação doutrinária italiana, onde
as operações defensivas na montanha, pela grande importância
P '

5f -26-

que possuem para a defesa do território montanhoso italiano,


sao com particular at e nção codificadas pelo Estado-Maior.

A amplitude das frentes e a profundidade dos seto-


res têm, nos terrenos montanhosos, variações notáveis. Neste
quadro, a largura dos setores defensivos é definida, essenci-
almente, em função da amplitude, do número e das capacidades
operativas das direções que levam às 11
zonas crítícas 11
· a se-
rem defendidas e, a profundidade, em função das exigências
de espaço Útil para desdobrar o dispositivo e ocupar posiçoes
dominantes em relação às vias de acesso do atacante.

3) Conclusão

Em conclusão, a essência da batalha defensiva na


montanha pode ser contida numa Única breve frase: resistir
nos fundos dos vales e reagir nas encostas. Isto não signifi-
ca uma volta ao passado, mas a confirmação de que um princí-
pio, quando é verdadeiro, é verdadeiro sempre, em qualquer
tempo, em qualquer situação, no ataque e na defesa. Se há uma
novidade, ela consiste nos meios dos quais precisamos para
ter nas mãos o instrumento mais adequado e que melhor respon-
da a uma válida aplicação do princípio.

e. O instrumento

Uma vez examinados os tipos de conduta das opera-


çoes, do atacante e do defensor, podemos concluir sobre a de-
finição do instrumento de que temos necessidade de dispor pa-
ra enfrentar com probabilidade de sucesso um combate na mon-
tanha. Não nos referimos, com isso, às estruturas organizaci~
nais. Parece-nos mais oportuno delinear as componentes indis-
pensáveis da conduta da defesa em ambiente montanhoso. Estas
componentes devem sempre estar presentes numa Grande Unidade
que deve conduzir automaticamente o combate na montanha.

Em síntese, na defensiva, a Grande-Unidade de Mon-


tanha deve ter condições de atuar:
- nas fases caracterizadas pelo choque do atacante
nos fundos dos vales, com capacidade de bloqueio,
seja contra blindados, seja contra infantaria;
- nas fases em que à ação de choque se sucede o en-
volvimento pelas partes altas, com capacidade de
controle do campo de batalha e capacidade de mano
bra;
5f -27-

- nas fases em que o atacante penetra em profundid~

de, com capacidade de contramanobrar ao longo


dos fundos dos vales e de efetuar açoes retarda-
doras;
- nas fases em que o atacante tenta destruir forças
cercadas, com autonomia, capacidade de sobreviver,
de passar a formas de luta não tradicionai,s e de
mover-se em qualquer condição ambiental;
- nas situações estáticas, com capacidade de mano-
bra pelas partes altas, com unidades altamente
autônomas e de organização muito variável;
corno fator comum, por fim, com capacidade de movi
mentação na terceira dimensão, seja no campo lo-
gístico seja no tático.

1) Capacidade de bloqueio contra blindados e contra infanta -


ria nos fundos dos vales

As estruturas que melhor satisfazem esta necessida-


de sao as fortificações permanentes e as unidades contra-blin
dados. Estabelecer com certeza qual destes dois elementos se-
ja o mais eficaz e, sobretudo, o mais econômico, é coisa di-
fícil. A fortificação permanente oferece urna maior proteção
também contra as ameaças NBC -- permite o máximo aproveita-
mento do fogo, mas é de elevado custo e, por ser permanente,
não pode ser manobrada. Este é o seu defeito principal. Todas
as obras investidas pelo atacante permanecerao inutilizadas
e terão então um rendimento nulo! Além disso a fortificação
permanente requer muitas vezes onerosos trabalhos para limpar
o campo de tiro das armas, o que, por eliminar a camuflagem
natural, acarreta conseqüências indesejáveis. Não podemos es-
quecer que, no curso da Segunda GuerFa Mundial, açoes condu-
zidas com surpresa provocaram a queda de colossais complexos de
defesa.

Outro elemento é representado pelas unidades anti-


-carros. A mobilidade delas permite não só a manobra, empre-
gando assim a massa onde a ameaça se manifesta, mas, tam-
bém, resguardar estas unidades da ação de neutralização e de
eliminação do inimigo.

Para concluir, sobre o assunto em pauta, nao se de-


ve esquecer que no caso de flutuação da linha de contato
5f -28- ,
- porquanto um elemento anti-carro pode retrair e sucessiva-
mente voltar à frente, sem perder a sua eficácia - dificilmen
, .
te uma obra fortificada que cãia nas maos
- do inimigo, me smo
por breve tempo, poderá ser novamente utilizada.

A esta ação anti-carro deve-se juntar a açao contra


-infantaria que, também podendo ser desenvolvida com as ar-
mas automáticas dos meios anti-carro e das obras fortifica-
das, requer, sem dúvida nenhuma, o emprego destes elementos
com as unidades de infantaria. SÓ estas unidades, de fato,
sao capazes de complementar o fogo fornecido pelas fortifica-
ções permanentes e pelas unidades anti-carros. Estas unidades
de infantaria também fornecem a indispensável segurança con-
tra os envolvimentos a curto raio.

2) Capacidade de controle do campo de batalha

Os instrumentos para exercitar tal controle sao


muitos, cabe destacar a ação das patrulhas que, deslocando-
-se sobre posições dominantes, devem reconhecer com muita
antecedência o movimento do inimigo e comunicar aquilo que se
oculta aos meios aereos de asa fixa ou rotativa, pilotados ou
não. Esta Última forma, o "Drone", representa talvez a solu-
ção mais adequada, porque permite trabalhar também em condi-
ções de visibilidade nula, com pe.lículas infra-vermelho, po-
dendo fornecer informações utilizáveis a curto prazo.

3) Capacidade de manobra
'
No sentido de atitude para se opor com rapidez as
tentativas do atacante de desbordar posições estáticas nos
fundos dos vales, mediante o envolvimento vertical ou o empr~

go de vias de acesso secundárias, pelas partes mais Íngre-


mes, a capacidade de manobra se traduz na necessidade de ter
à disposição reservas cuja velocidade operativa seja superi-
or ou igual à das unidades inimigas.

O primeiro aspecto da questão é, então, a disponi-


bilidade de forças. Chegar a uma solução equilibrada, que te-
nha em conta o princípio da economia de forças, é sem dúvida
muito difícil. Isso requer que o comandante tenha um excepcio
nal senso tático do terreno de modo a resistir à tentação de
ocupar tudo o que é possível, de mobiliar todo o terreno.
Trata-se, em síntese, ~e manter poucos pontos nos fundos dos
r
J-29-
vales, de ocupar somente poucas posiçoes Íngremes e de man- 1-
ter uma reserva o mais forte possível.

O segundo aspecto da questão é representado pela 1


velocidade operativa das reservas. No caso do movimento a pé, )

o treinamento na montanha chega a ser o problema mais impor-


tante no que se refere à mobilidade. No caso do movimento pe-
la terceira dimensão, a Grande u,nidade de montanha deverá
contar com a disponibilidade de um número adequado de helicÓQ
teros, que lhe permita movimentar com rapidez pelo menos uma
das suas unidades.

4) Capacidade de contra-manobrar nos fundos dos vales

A solução do problema é imposta pelo tipo das uni-


dades que deverão ser bloqueadas. A açao em profundidade das
unidades mecanizadas e blindadas se deverá bloquear com uni-
dades semelhantes.

5) Autonomia, capacidade de sobreviver, de passar a formas de


luta não tradicional, de mover-se em qualquer condição am-
biental

Estas exigências se completam harmonicamente com a


capacidade de manobrar pelas partes altas do terreno. Elas re
presentam a caracterização principal do combatente na monta-
nha. A capacidade de exercer esforços prolongados num ambien-
te, na maioria dos casos, hostil, deve ser habitual. A obra
de aperfeiçoamento destas qualidades é o alvo mais importan-
te no campo de treinamento. A interpretação das ordens, a de-
monstração da capacidade de tornar decisões com plena autono-
mia são aspectos determinantes, junto com a capacidade de mo-
ver-se em qualquer terreno, com qualquer condição meteorológi
ca. No que se refere ao movimento, em particular, na montanha
invernal, é mais difícil mover-se do que combater.

6) Capacidade de ffi'.)Vimento na terceira dimensão

Este problema particular foi mui tas vezes abordado e


a exigência de dispor de um adequado número de meios de trans
porte aéreo com asas rotativas ressaltou claramente. De fato,
só o helicóptero, com a sua notável capacidade de transporte,
com a sua parcial independência das condições meteorológicas,
com a sua flexibilidade, e com a sua capacidade de substituir
A-30-
sofisticadas instalações no terreno, é o Único instrumento ca
paz de resolver, na maioria dos casos, muitos problemas tá-
ticos e logísticos.

2. OPERAÇÕES SUBSIDIÁRIAS NA MONTANHA

Exemplos típicos de operaçoes subsidiárias na monta


nha abundam no passado antigo e recente. Lembraremos apenas
um, acontecido na Segunda Guerra Mundial: as operaçoes subsi-
diárias, na campanha da Itália, sobre os montes Aurunci para
provocar a queda, por envolvimento, do vale de Cassino.

Para furar a "Linha Gustav", o General Alexander


concentrou de março a maio de 1944 dezesseis Grandes Unidades,
com 2. 400 peças de artilharia. Premissa indispensável para o
sucesso da ação pretendida era o emprego sobre a Íngreme ca-
deia dos montes Aurunci, dos "Corps Expéditionnaire Français~
com a finalidade de provocar a invalidação da defesa. O Gene-
ral Juin concebeu uma manobra envolvente, a realizar com um
"Corpo de montanha" francês-polonês- indiano, particularmente
treinado. O êxito da primeira fase da ação pelas encostas con
venceu Kesselring a ordenar a atuação de urna manobra de re-
traimento.

As ações na montanha, subsidiárias de grandes ope-


raçoes desenvolvidas ao longo de eixos operativos na planície,
representam hoje, sem dúvida nenhuma, a forma de combate na
montanha mais provável a recorrer. Elas têm, principalmente
hoje, a finalidade de envolver, aproveitando as direções mon-
tanhosas de menor resistência, obstáculos difíceis de superar
de outra maneira, e de desbordar posições que se tornaram es-
táticas.

A base de tais operaçoes desenvolvidas prevalente-


mente pelo alto, deve ser a surpresa, a manobra, a agilidade.

A surpresa deve ser obtida: pela utilização por pa~

te de unidades de montanha, de itinerários pouco acessíveis,


pelo emprego de unidades pára-quedistas, pela utilização de
unidades aero-transportadas.

A manobra se realiza obtendo uma convergência de


esforços nos pontos sensíveis da defesa, no momento adequado,
em harmonia com a ação no vale.

A agilidade se consegue com formações leves e com o


·~ -31- -
recurso, o mais possível, ao suprimento aereo.

Estas missoes podem ser realizadas por unidades pa~

ticularmente treinadas no terreno montanhoso Íngreme e que


disponham de pequenas sub-unidades co_nsti tuídas com pessoal
de elevadíssima qualificação de montanhismo, apto a operar
com acentuada autonomia.

Dos procedimentos típicos das operaçoes subsidiá-


rias, no ataque e na defesa, destacam-se a utilização das zo-
nas Íngremes e a tática da infiltração.

As zonas Íngremes são aproveitadas normalmente pa-


ra a observação e o alarme e para eventuais ações de surpre-
sa, do atacante, ou de bloqueio, do defensor. Pode-se obser-
var a respeito, que, em áreas Íngremes, as mesmas forças ne-
cessárias para a vigilância podem ser suficientes para condu-
zir uma eficaz açao de surpresa ou de bloqueio.

No que se refere à tática da infiltração, precisa.-


-se considerar que, em geral, na montanha, ela se processa,ao
contrário das operações tradicionais, através de vias de par-
ticular dificuldade empregando procedimentos adequados.

Para desenvolver estas ações são necessárias forças


móveis, do nível de patrulhas, aptas a operar em áreas muito
grandes e pouco transitáveis.

Estas concepções são presentes na doutrina militar


de todos aqueles países nos quais a presença de cadeias mon-
tanhosas elevadas pode tornar possível a realização de açoes
subsidiárias na montanha.

t significativo o exemplo da tropa de montanha fra~


cesa que, ao término da guerra de Algéria, voltou ao próprio
ambiente natural alpino, onde são alcançados objetivos ades
trativos relevantes.

A conformação das duas Brigadas Alpinas indica como


o Estado-Maior Francês tinha desejado criar um instrumento
leve, manobreiro, perfeitamente apto a desenvolver ações aut§
nomas a curto e a longo prazo na montanha, pelas partes altas.
Elas são articuladas em batalhões e prevêem companhias "de
reconnaissance et d'appui" dotadas de pessoal e meios com al-
to nível de especialização e uma unidade de Aviação Leve do
Exército (Aviation Lég~re Armée de Terre: ALAT).

·'
Q'.L -40-

~-32-

3. A GUERRILHA EM TERRENO MONTANHOSO

Quem fala ou escreve de guerrilha dá geralmente a


impressão de apresentar uma forma nova de luta, mas na reali-
dade ela é antiga como a humanidade.

Também no passado recente dois homens praticaram a


guerrilha em dois diferentes teatros operativos: Tito e Mao-
Tse-tung. Para fins de estudo, um paralelo entre estes dois
mestres da guerrilha é significativo: Tito, o chefe Iuguslavo,
resistiu por vários anos sobre as montanhas da Croácia e da
Sérvia, transferindo o seu comando de uma gruta do norte para
uma do sul; Mao resistiu por anos nas grutas montanhosas do
,
Yeanan, apos a Longa Marcha. Ao fim o primeiro, venceu os
alemães e as unidades de Mihajlovic; o segundo, os japoneses
e as unidades inimigas de Chiang; e só após a vitória ambos
abandonaram a montanha.

Entre estes dois fatos aconteceram inúmeros episó-


dios de guerrilhas: na Coréia, na Indochina, na Criméia, na
Itália, na França, na Grécia. Em todos estes casos de guerri-
lhas podemos verificar a presença de dois fatores comuns: um
de ordem político-ideológico e outro de ordem técnico-ambien-
tal.

Consideraremos somente o fator técnico-ambiental,que


,
tem o mais imediato interesse para nos.

As regiões montanhosas onde não existem importan-


tes aglomerados humanos, mas onde o ambiente permite a vida
de grupos menores de população, no passado, têm constituído
as bases ideais para a guerrilha, dificilmente atacáveis e
facilmente controláveis. As montanhas do Tibet, do Turquistão
e as da Coréia, assim como as zonas montanhosas e cheias de
bosques do Vietnam, do Laos e do Cambodja, 05 montes Yula-
-Dig da Criméia e os da Croácia e da sérvia, os montes gregos
do Grammos e o maciço do Pindo e do Olimpo, os Alpes e os Al-
peninos, têm apresentado o ambiente favorável a' guerrilha.

Quais sao as causas, respectivamente, do sucesso e


do insucesso da guerrilha na Iuguslavia e na Grécia, dois pai_
ses que dispõem, como fator comum, de vastas regioes montanha
sas?
O desenvolvimento progressivo da guerrilha na Iug~~
~

~ - 3 3-
,_
lávia passou, gradualmente, de urna organização e preparaçao
clandestina sobre as montanhas para operaçoes -regulares cond~
l
zidas com forças enquadradas numa organização militar conven
)

cional. Na Grécia, a ELAS, cometeu o erro de militarizar as


forças clandestinas prematuramente e com muita rapidez. Pas-
sando a uma organização de tipo r e gular, as unidades de gue~

rilheiros transformaram-se cedo demais em Brigadas e em Divi-


soes e os montes em Grammos e de Pindo e Olimpo, pobres de
recursos, não mais tivetam condição de sustentar as novas uni
dades. A montanha não conseguiu mais constituir o ambiente fa
varável para a guerrilha e as longas colunas de suprimentos,
constantemente atacadas pela Força Aérea inimiga, tornaram-
se alvos facilmente vulneráveis.

A necessidade de dispor de zona onde esconder-se


nos momentos de perigo, onde buscar suprimentos e reorgani-
zar-se e, sobretudo, empregar como base de partida para as s~

cessivas operações, conserva também hoje a sua plena validade.

A guerrilha hoje, como no passado, nao pode ser im-


provisada. Ela tem que ser preparada com método, assim corno
fez o Estado Maior Central Russo por ocasião da Segunda Guer
ra Mundial. Em particular, as eventuais ações a serem condu-
zidas junto ao Exército regular devem ser planejadas.

Uma unidade de guerrilheiros ' é muito parecida a urna


unidade de infantaria que desenvolve ações bélicas num qua-
dro de acentuada autonomia. Seu terreno ideal para a guer-
rilha, como as experiências indicam, é o terreno de montanha.
Estas agéis formações devem ser constituídas de pessoal de
alta qualificação alpinística, em condições de explorar no
particular ambiente, a surpresa e a manobra.

Em Última análise, estas formações devem ter as mes


mas características daquelas unidades menores que no quadro
geral de operações subsidiárias nas encostas elevadas, atuam
em zonas Íngremes e empregam a tática da infiltração.

Artigos recem publicados pela revista Soviética


"Voienniy Vestnik", sobre a preparação de tropas húngaras~
ra a guerra em montanha e sobre a unidade envolvente na mon-
______ _,
__ __
qt_ -40-

:1 -34-

tanha, deixam entrever que estas concepçoes vigoram também


entre as tropas do Pacto de Varsóvia.

Instrumentos operativos aptos a desenvolver estas


formas particulares de lutas, podemos encontrar também nas or
ganizações militares de muitos outros países europeus: os pe-
lotões de exploradores dos batalhões alpinos italianos, as com
panhias de "reconnaissance et d' appui" das brigadas alpinas
francesas, os caçadores de montanha rumenos e outras.

Com uma v1sao para o futuro, parece lícito dizer


que, em linha geral, quaisquer que sejam as causas de ordem
política, social, e geográfica que poderiam no futuro determi
nar formas de guerrilhas em montanhas, pode-se concluir que
cada conflito, convencional ou nuclear, geral ou limitado,
terá o seu componente de guerra subversiva e que ele na maio-
ria dos casos aproveitará as regiões montanhosas.

4. CONCLUSÃO PARCIAL

Em conclusão, as operaçoes em montanha têm três fa-


tores principais: o homem, o ambiente, os meios. Os primeiros
dois tem caráter de estabilidade._ O segundo deles, o ambien-
te, tem suas características limitadamente influenciadas pe-
la chegada de novos meios e pelo aperfeiçoamento daqueles e-
xistentes. Em conseqüência a evolução das concepções táticas
sobre as operações em montanha, parece menos dinâmica do que
em outros ambientes.

, ,
A montanha foi, e, e sera, talvez sempre, um ele-
mento de obstáculo. Por isso ela favorece mais a defesa do que
o ataque, porque este Último deve aproveitar-se mais do com-
ponente movimento, que o ambiente montanhoso reduz notavel-
mente.

Então, o ambiente montanhoso, muitas vezes, nao se


presta à decisão, aos esforços que visam aos fins da luta, mas
constituem zona operativa subsidiária àquelas de planícies e
de pequenas montanhas. Seria errado, todavia, pensar nos seto-
res de montanha como em zonas operativas de importância se-
cundária.
1
~ -35-

Os aspectos morfol6gicos, que antes tratamos, influ-


e nciam de uma maneira sensível a conduta das operações.

De fato, se de um lado a aspereza dos obstáculos, a


vastidão das zonas pouco percorridas, as limitações ao empre-
go e xtensivo de unidades mecanizadas e blindadas e a lentidão
dos movime ntos a pé limitam a manobra, esta encontra ppssibi-
lidades de atuação para os vazios e xistentes, no âmbito dos
dispositivos e para a compartimentação do terreno. Ambos os
fatores contribu e m para a obtenção da surpresa.

Baseada essencialmente no sigilo e no engano, a sur-


presa deve ser perseguida como a escolha de soluções que, com
a audácia e originalidade, tragam vantagens das característi-
cas do terreno, das condições climáticas, da frequentemente
e scassa visibilidade diurna ou da obscuridade noturna, dos prQ
cedimentos táticos, dos meios e capacidades técnicas das uni-
dades e das condições f Ísicas do homem.

Na fase de execução, a surpresa visa obter vantagem


pela existência de espaços vazios e pela conseqüente vulnera-
bilidade do dispositivo adversário à sistemática infiltra-
ção, a fim de levar a ameaça diretamente contra os objetivos
de maior interesse operacional.

A surpresa - enfatizo-o - deve ser realizada com to-


dos os meios possíveis. Para conseguÍ-la, assumem grande rele-
vância as ações de infiltração, tendentes a alcançar posições
adequadas a atacar ou contra-atacar forças adversárias.

A surpresa, na montanha, é tão importante, que cada


açao of e nsiva deveria ter o seu ponto de partida numa surpresa
alcançada. A manobra aproveita a surpresa e multiplica o suces
so.

Na montanha n6s nos defendemos, mas podemos também


realizar a ofensa com eficácia. Se podemos transpor esta con-
cepçao tática ao campo estratégico, isto nos leva a interes-
santes considerações. Um TOT, por exemplo, que englobe um se-
tor montanhoso, acha no mesmo um poderoso abrigo, mas encon-
tra, também, uma rendosa base de partida para operaçoes con-
tra-ofensivas para operações subsidiárias ou para operações de
guerrilha. Sob este ponto de vista, o ambiente montanhoso as-
sume então, um valor notável sobre a concepção, a organização
e a conduta de qualquer tipo de operação.
.1
J

CAPÍTULO I I I

1. A GRANDE UNIDADE NO COMBATE NA MONTANHA. UM EXEMPLO DOUTRI


NÁRIO
Um exemplo doutrinário de emprego de uma Grande Uni
dade na montanha chega-nos pela doutrina italiana. A manobra
tática nela concebida, tende a alcançar o controle da rede de
comunicação, com a aquisição das áreas mais sensíveis, cuja
individuação pode ser feita através à análise das grandes li-
nhas orográficas. Tais áreas, correspondentes as desembocadu-
ras na planície, confluências de vales, estreitas e passos,
sao . chamadas "zonas críticas" em relação a importância delas
aos fins do desenvolvimento da manobra. A conquista delas of~
rece, de fato, ao atacante a possibilidade de desenrolar a
própria ação em profundidade. A perda delas, por contra, poe
o defensor numa situação de crise, determinada sobretudo pe-
la progressiva paralisia da alimentação tático-logística, pr~
missa para o seu definitivo colapso . Ao final, estas áreas repre-
sentam, então, os mesmos objetivos da manobra, de defender
ou conquistar.

O combate, todavia, nao tende somente ao controle


da rede de comunicação. De fato estende-se também além dos
principais fundos dos vales para alcançar amplos espaços, em
altitude, onde o emprego de unidades de reduzida consistência,
móveis e autônomas, perfeitamente adequadas em virar em pró-
prio proveito as difíceis condições ambientais, torna-se mais
rendoso.

A reduzida consistência das forças empregadas, a e~


pacidade delas de mover através das amplas faixas montanho-
sas em conjunto com as possibilidades de envolvimento verti-
cal configuram uma manobra que tende a concentrar-se perto
das "zonas críticas", mas que procuram também envolvimentos,
sejam verticais seja a pé, por alto ou para as encostas das
montanhas, ao fim de evitar o direito forçamento das posições
defensivas nos fundos dos vales. (Anexo D)
L-

_5i/-37-
Descontinuidade espacial e rápidos amassamentos
caracterizam assim o combate, no qual a capacidade de concen-
, .
trar mais rapidamente e em maior consistência o propr10 po-
tencial ofensivo ou defensivo constituem fator decisivo de
sucesso.

Coerentemente com o quadro operativo descrito, a


doutrina italiana, indica quais critérios de emprego da Gran
de Unidade, a autonomia, a flexibilidade operativa, a capaci-
dade de atuar e a de reagir à surpresa, e à segurança.

Em síntese os procedimentos de açao da Brigada re-


sultam empostados mais sobre a agilidade e a manobrabilida-
de dos esforços do que sobre a potência.

a. A Grande Unidade da montanha nas operações defensivas

Na manutenção de um setor defensivo, a manobra é di


reta a salvaguardar a livre ~isponibilidade de uma ou mais zo
nas críticas determinantes, pela liberdade da ação da Grande
Unidade do nível superior. (Anexo E)

Para cumprir a missão, a Brigada deve assegurar- se


a necessária liberdade de manobra mediante a defesa de áreas
sensíveis mais avançadas (zonas críticas de batalhão), colo-
cadas a controle das vias de facilitação que incidem sobre a
zona crítica de Brigada.

A Brigada portanto se articula em Unidades em 19


escalão e reserva. Em particular, aos Batalhões em 19 escalão
e assinada a responsabilidade de um setor defensivo mais ou
menos correspondente a um vale. A área é retaguarda de primei
ra linha defensiva e fica normalmente sob a direta responsa-
bilidade da Brigada.

No que se refere a concepçao e ao desenvolvimento


da manobra é preciso notar que a defesa, nao dispondo de for-
ças suficientes a saturar todo o setor de responsabilidade e
devendo enfrentar o ataque que tende ao superamento das posi-
ções fortes sem investÍ-las diretamente, pode reagir adequa-
damente só atuando uma manobra móvel e desprejudicada.

A Grande Unidade se desloca, então, a proteção das


principais zonas sensíveis, barrando a priori as vias táticas
mais perigosas. Ao mesmo tempo, não podendo conceder ao ad-
versário liberdade de ação nos amplos espaços vazios que ine-
.e{ - 3 8-

vitavelme nte se determinarão, assegura neles o controle orga-


nizando uma atividade constante e integral de vigil~ncia, e
orientando o fogo e as reservas a intervir contra forças ad-
versárias que ameassem a integridade das zonas críticas.

Se por acaso o combate assume um andamento defini-


tivamente desfavorável para a defesa, as forças adversárias
penetradas são deitadas em frente as posições colocadas à pro-
teção da zona crítica de Brigada.

Delinea-se assim, uma nova configuração de defesa:


uma manobra conduzida ponderadamente "por área".

Fator importante na impostação conceptual da defesa


e a correlação entre as forças empenhadas a priori e as manti
das em reserva. Esta correlação deve ser mantida a mais baixa
possível em vantagem das reservas.

A ação das reservas participam também as forças des


dobradas e não empenhadas. A doutrina de fato, prescreve que
no curso do combate o Comandante da Brigada manobre estas for
ças conseqüentemente à própria decisão e ao desenvolvimento
da ação.
Ao fim as características salientes da Brigada na
defesa de urna posição defensiva são:

- a ausência de qualquer esquematismo no desdobra-


mento das forças;
- a tempestividade que deve caracterizar o emprego
das reservas;
o controle dos espaços vazios, nos quais empregar
patrulhas de consistência variável, a pe, de es-
qui, motorizadas ou helicoptorizadas.

A incidência das armas nucleares nao é considerada


significativa aos fins da concepção da defesa e do seu desen-
volvimento porque no particular ambiente, o fogo nuclear nao
comporta substanciais modificações aos procedimentos de açao,
típicos do combate convencional.

b. A Grande Unidade da montanha nas operaçoes ofensivas

No ataque, a manobra da Brigada tende a conquista


de uma "zona crítica" essencial aos fins da manobra da Gran-
de Unidade de nível superior (objetivo de ataque) articula-
-se num esforço principal em um ou mais esforços secundários.
_) 1
~ -39-

Como na à e fesa, também no ataque encontram integral


aplicação os critérios de flexibilidade, autonomia, prontidão
de ação em busca de surpresa, que caracterizam o emprego das
unidades de montanha. (Anexo F)

Para o ataque, a Brigada se articula em batalhões e


companhias e assume um di sposi ti vo, desvinculado de qualquer
esquematismo pré-constituído, sobre cuja definição inf lue,
em medida não transcurável, a disponibilidade de reforços,
especialmente em Unidades de fogo e em meios a ala rotativa.

Em particular a carência de adequados reforços po-


derá impor à ação um ritmo mais lento. Sobretudo neste caso
poderá verificar-se a eventualidade do recurso aos batalhões
em 2º escalão. Qualquer que seja o dispositivo adotado, ca-
da Comandante deverá conferir a própria manobra o máximo di-
namismo compatível com os meios disponíveis e evitar açoes
sistemáticas e reiteradas, nas quais são inevitavelmente cone
xos empenhos pesados em relaçao a modestos resultados.

A nível de batalhão o ataque se traduz num con-


junto coordenado de atos táticos, desenvolvidos nas me no-
res Unidades dependentes, diversificadamente combinados no
tempo e no espaço e tendentes a objetivos taticamente conexos.
A ação leva a ameaça sobre os flancos e nas costas do adver-
, .
sario.

Neste quadro a manobra do complexo de forças evita,


até possível, o investimento frontal das defesas inimigas,
fazendo um largo recurso ao envolvimento, a infiltração e as
açôes de surpresa.

As menores Unidades, então:

- infiltram-se, articuladas por núcleos, nos espa-


ços vazios, ultrapassando as posições adversárias
cuja conquista imediata não seja essencial aos
fins da manobra;

- adquirem-se posições determinantes aos fins do


desenvolvimento do ataque, investindo-as, sempre
que for possível de surpresa, nos flancos ou nas
costas;
- intervem diretamente mediante desembarques no in
terior do dispositivo inimigo;
s4- -40-

- eventualmen t e r e forçadas de unidades mecanizadas


ou blindad a s, fixam as posições inimigas que nao
podem e nvolver.

Os tempos da ação sao extremamente variáveis e re-


sultam das exigências de coordenação dos atos táticos desen-
volvidos pelasmenores unidades d e pendentes.

Nesta configuração operativa é desaconselhável, em


linha de máxima, o normal recurso à preparação de artilharia.

A doutrina considera, então, atendível a hipótese


de um ataque não precedido de tal ação de fogo. As artilha-
rias desenvolvem a missao de apoiar cada ação no curso do seu
próprio desenvolvimento, ao fim de garantir a máxima rapidez
e força de penetração.

Durante o inteiro desenvolvimento do ataque, o Co-


mandante da Brigada pode dar impulsão aos esfor-
ços momentaneamente em dificuldade ou · modificar decisiva-
mente a gravitação da ação. Os principais meios dos quais ele
dispõe são o fogo e a reserva: o transporte de helicóptero de
pelo menos uma alíquota desta Última é,portanto, considerado
normal.
Mesmo neste caso a doutrina nao faz distinções en-
tre um ataque com ou sem emprego ~e fogo nuclear. A razao
desta diversidade, em relação a doutrina das Grandes Unidades
empregadas em planície. é, ainda uma vez, procurada no crité-
rio segundo o qual o emprego das armas nucleares na montanha
tem um rendimento decisivamente inferior ao obtido, a parida-
de de potência,em ambiente de planície. &ntão, tal emprego
nao comporta substanciais modificações:

ao ritmo da ação, que ressente das dificuldades


impostas do terreno acrescidas das destruições
conseqüentes a eventuais explosões nucleares;
a escolha dos pontos de aplicação dos esforços,que
são sempre condicionados pela disponibilidade e
pela capacidade das vias táticas;
- a profundidade dos objetivos de ataque, que de
vem ser sobretudo comisuradas à resistência do
pessoal, as possibilidades táticas e logísticas,
conseqüentes essencialmente pelas disponibilida-
des e pelas características dos meios de trans-
porte (sobretudo helicópteros), e ao ambiente
~ -41-

natural.

Considera-se enfim, que o aproveitamento direto e


im e diato dos efeitos das explosões nucleares fica problemáti-
co pela influência dos relevos e pela imprevisível ampli tude
dos efeitos secundários das explosões. Ao mesmo tempo a modes-
ta entidade das forças d e sdobradas a pr e sidiar as posições e
o dilatamento dos dispositivos r e duz e m not a velment e o rendi-
mento dos interventos nucleares.

c. Conclusão parcial

A manobra configurada pela doutrina italiana, no que


se refere ao emprego das Grandes Unidades no ambiente de mon-
tanha, é inspirada nos mais modernos critérios de flexibili-
dade e rapidez. Ela, ao me smo tempo, faz próprios os princí-
pios de autonomia operativa e de descentralização decisional
que, sempre, tem constituído característica saliente das uni-
dades de montanha. Colocando à base da doutrina tais critérios
se é desejado ressaltar a capacidade das Grandes Unidades
de montanha de aproveitar as particulares características do
ambiente, de modo que, sem detrimento das limitações, saibam
aproveitá-las integral e racionalmente para impor ao adversá-
rio a própria vontade e a própria iniciativa.
p

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegou o momento de tirar as conclusões finais des-


tas breve& notas sobre as características peculiares do comba-
te na montanha e sobre as necessidades das unidades destinadas
a conduzi-lo.

As considerações formuladas examinando as possíveis


formas de luta na montanha, levaram a juízos e prev1soes so-
bre o emprego e organização das forças no ambiente montanhoso:

operações em ambiente de guerra nuclear: a monta-


nha poderá constituir-se reserva de forças a empr~
gar sucessivamente;

- grandes operações: elas serao desenvolvidas pelas


Grandes Unidades, não necessariamente especiali-
zadas na conduta da guerra na montanha, que utili-
zarao as regiões montanhosas como zonas de trânsi-
to e que operarão ao longo de eixos de progressão,
caracterizados pela maior transitabilidade, enqua~

to ações secundárias.serão desenvolvidas, reali-


zando envolvimentos por unidades especializadas
aptas a viver e combater na montanha;

- operações subsidiárias: serão desenvolvidas para


Grandes Unidades, particularmente treinadas a agir
nas encostas do terreno montanhoso, enquanto que
pequenas unidades, possuidoras de elevada qualifi-
cação alpinística, num quadro de acentuada autono-
mia, empregarão vias Íngremes e táticas de infil-
tração;

- guerrilha: será realizada, pelo menos na fase ini-


cial, por pequenas formações aptas a desenvolver
açoes ágeis num quadro de relevante autonomia tá-
tica e logística.

O exame dos procedimentos de guerra até agora rele-


vados tem colocado em evidência os principais aspectos dife-
renciais entre o emprego de unidades especificamente treina-
das e de outras unidades. A diferença substancial consiste,
~-43-

na exigência de um treinameanto específico, essencialmente


sob o ponto de vista psicológico.

Trata-se, substancialmente, de uma conduta particu-


lar das operaçoes, que não pode ser enfrentada sem uma aaequa-
da preparação física e psicológica, um treinamento e um equi-
pamento específicos.

A preparação física é necessária porquanto cada ati-


vidade da montanha comporta um consumo relevante de energias
e, por isso, é preciso um bom grau de treinamento à fadiga e
ao emprego gradual das forças.

Do ponto de vista psicológico deve ser atribuída


confiança nas próprias capacidades e a convicção de que, se
enfrentadas como uma adequada preparação também podem ser su-
peradas sérias dificuldades.

O treinamento deve verter, em particular, as técni-


cas de movimento e a sobrevivência.

A disponibilidade de um equipamento adequado é fun-


damental para manter, mesmo nas condições ambientais mais ad-
versas, a capacidade de sobreviver, mover e combater.

Mas não é suficiente.

Para poder operar na montanha, com eficácia, sao


também e, diria, sobretudo, necessárias características nao
comuns de servidão moral e de força de vontade.

Não é então suficiente "preparar" a tropa, mas "se-


lecionar na origem" os combatentes realmente idôneos com a f i-
nalidade de integrarem "ad-hoc" , em estado de operacionalida-
de permanente.

Alguns exércitos, particularmente o russo, têm fei-


to sentir a necessidade de treinar e equipar as Divisões de
infantaria a operar na montanha. Outros, como por exemplo o
italiano, o alemão e o iugoslavo, têm conseguido Brigadas es-
pecificamente aptas a operar na montanha. Outros ainda, como
o francês, têm Brigadas alpinas bivalentes, equipadas, isto é,
com meios para combater também na planície.

Qual é nesta gama de soluções a mais racional? Dar


respostas a esta pergunta não é fácil. Cada política militar
nacional adequa-se às contingentes exigências. SÓ uma coisa é
certa: é que a montanha elimina inexoravelmente os fracos e os
-44-

impreparados. A guerra na montanha requer, mais que táticas


específicas, o hábito de viver e combater num ambiente duro,
hostil, em condições climáticas severas, muitas vezes proibi-
tivas. Este hábito não se improvisa .. SÓ homens duramente trei-
nados, possivelmente nascidos na montanha, podem aproveitar o
terreno, os bosques, as neves persistentes e as paredes rocho-
sas. Eles poderão vencer um adversário, mesmo mais poderoso,
mas nao adaptado ao ambiente, frustrado pela inclemência dos
agentes atmosféricos, obstaculado nos movimentos dos meios pe-
sados e pelos difíceis suprimentos.
r
, -
~45-
~

N~POLI
Ten. Cel. Art. (Mon) t.SG
~ -46-

ANEXOS:

A - ÁREAS DE CONFLITOS EM REGIÕES MONTANHOSAS DESDE 1930 ATÉ


HOJE

B - RELEVOS E ESTRUTURA DA EUROPA

C - STRAFF EXPEDITION - 19 DE MAIO DE 1916 -

D - ZONAS CRÍTICAS

E - A GU ALPINA - DISPOSITIVO DEFENSIVO -

F - A GU ALPINA - ATAQUE -
,.
1

,,f
J,. -47-

BIBLIOGRAFIA

STATO MAGGIORE ESERCITO ITALIANO - III Reparto - 1979.


N. 1679/16310. Memoria sulle operazioni offensive

STA TO MAGGIORE ESERCITO ITALIANO - III Reparto - 1 977.


N. 6176. Memoria sull'impiego delle grandi uni tá (vol.I)

STA TO MAGGIORE ESERCITO ITALIANO - III Reparto - 1979.


N. 6206. I centri abitati nelle operazioni

STA TO MAGGIORE ESERCITO ITALIANO - III Reparto - 1983.


N. 61 76. Memoria sull'impiego delle grandi uni tá (vol.II)

STATO MAGGIORE ESERCITO ITALIANO - III Reparto - 1981.


N. 6250. Impiego del gruppo tattico meccanizzato e coraz
zato al livello di battaglione.

STATO MAGGIORE ESERCITO ITALIANO - III Reparto - 1968.


N. 5888. Impiego del gruppo tattico alpino
al livello di battaglione

STATO_MAGGIORE ESERCITO ITYALIANO - III Reparto - 1974


N. 5938. Impiego della Brigata Alpina

EDITRICE EUROPEA - 1978 - Ettore Brancato


L'Alleanza atlantica e la difesa dell'Europa

COMITATO ATLANTICO ROMA - 1977


L'Italia e L'Alleanza atlantica oggi

SCUOLA DI GUERRA - 1981


Organizzazione del trattato nord-atlantico
F I G U R A S
.

FIGURA

4f . •

'.
:
,. .
•·
~. •
.,. ., .
- , -1!
:( 1 :~
r
r

FIGURA 2
FIGURA 3

~~
. -..
·- .• -·

'"
~-u
r
FIGURA 4

--~~'.:í
,,

--
FIGURA 5
r

A N E X O S

1
CCJNFL·1 "'OS
1 ·
1:,'M REG J ÓES MON .,,
.l ,,\ ,''tfü
_ S /\S

DESDE 1930 ATÉ HOJE.

... --- ....


.. , '' '
\. !' '1'' ·' ,.<1
, •
d
./{ /-,nexo B

RELEVOS E ESTRUTURAS DA EUROPA

P'f ,J?r:·(0>} ~ x
~~~~ .. zzoNn PIANEGG1~~:s \
!i<-
,, " , ,~ . ~.;,... •""• ...~ ~
P
·'''
A \
..

/s~~:'~~1
~:,~
q
ANEXO C

L·r i ·1, · i ()N


STFAFF EXP1:,J . - 19 'J "'Al.O DE 1916
''f', ,.,,

..-

}i '.,
I );LIA \\
11~?
C l•.J T' J C AS

~·· __ -~~~J~"•'!l~~~'BN•'il!lli!'F~""'lilM'fflll'!"'"=~~W-~;'it-it.~>;;.\<f,;,i"""'~~'é._

1
1

"\

i
1
1 . '

L _ _----- --- -------,-----,--------- ---··------ -- - .~----------- ----- --- _J


9f ANE X O E

A G U ALPINA - DISPOSITIVO DEFENSIVO -

--- - - ·- - -- - ---- · -
. -- ------- -
-- - - - - - - ----------- - ----
.
-- - --- -· ·- - --

' ,.
.\

X
X
1

i
1
[_________ _ --_____J
A G U ALPINA - ATAQUE

~..
f<l!>r>R.YA ·.. ·.

~\\ \

\ I
·~

1
&

Você também pode gostar