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CI 7-10/2

MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES

Caderno de Instrução

PELOTÃO DE RECONHECIMENTO

CARGA
Preço: R$
EM______________
MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES

PORTARIA Nº 001 - COTER, DE 18 DE JULHO DE 2011.

Aprova o Caderno de Instrução (CI) 7-10/2 - Pelotão


de Reconhecimento, 1ª edição, 2011.

O COMANDANTE DE OPERAÇÕES TERRESTRES, no uso da


delegação de competência conferida pela letra e) do item XI, art. 1º da Portaria nº 727,
de 8 de outubro de 2007, do Comandante do Exército, resolve:
Art. 1º Aprovar o Caderno de Instrução (CI) 7-10/2 - Pelotão de
Reconhecimento, 1ª edição, 2011, que com esta baixa.
Art. 2º Determinar que esta Portaria entre em vigor na data de sua
publicação.

AL DE
GENERAL D EXÉRCITO
EXÉRCITITO AMÉRICO SALVADOR
IT SAL DE OLIVEIRA
Coma
Comandante
annddante de Operações Te
Terrestres
ÍNDICE DE ASSUNTOS

Pag
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
Artigo I – Generalidades ...........................................................................................1-1
1-1 – Finalidade .......................................................................................................1-1
1-2 – Considerações Iniciais....................................................................................1-1
Artigo II – Características.........................................................................................1-2
1-3 – Generalidades .................................................................................................1-2
1-4 – Possibilidades .................................................................................................1-2
1-5 – Limitações ......................................................................................................1-3
1-6 – Missões...........................................................................................................1-3
1-7 – Organizações ..................................................................................................1-4
1-8 – Atribuições .....................................................................................................1-5

CAPÍTULO 2 – O PELOTÃO DE RECONHECIMENTO NAS OPERAÇÕES


AEROMÓVEIS
Artigo I – Generalidades ...........................................................................................2-1
2-1 – Generalidades .................................................................................................2-1
Artigo II – O Pelotão de Reconhecimento no Ataque Aeromóvel..........................2-2
2-2 – Considerações Iniciais....................................................................................2-2
2-3 – Conceito da Missão Ataque Aeromóvel .........................................................2-2
2-4 – Análise de Alvos.............................................................................................2-2
2-5 – Medidas de Coordenação e Controle .............................................................2-3
2-6 – Fases da Missão .............................................................................................2-4
2-7 – Planejamento da Missão.................................................................................2-5
2-8 – Execução do Ataque Aeromóvel ....................................................................2-5
Artigo III – O Pelotão de Reconhecimento no Assalto Aeromóvel ........................2-6
2-9 – Considerações Iniciais....................................................................................2-6
2-10 – Fases da Operação de Assalto Aeromóvel ...................................................2-6
2-11 – Medidas de Coordenação e Controle ...........................................................2-7
2-12 – Missões do Pel Rec no Assalto Aeromóvel ..................................................2-9
2-13 – Recebimento da Missão ...............................................................................2-9
2-14 – Planejamento e Preparação ........................................................................2-10
2-15 – Infiltração ...................................................................................................2-10
2-16 – Reconhecimento .........................................................................................2-12
2-17 – Manutenção e Operação da ZPH ...............................................................2-12
2-18 – Condução das Frações até a Região do Objetivo .......................................2-16
2-19 – Apoio à Manutenção da Cabeça de Ponte Aeromóvel ...............................2-16
2-20 – Junção e(ou) Exfiltração.............................................................................2-17
Artigo IV – O Pelotão de Reconhecimento na Incursão Aeromóvel ...................2-17
2-21 – Considerações Básicas ...............................................................................2-17
2-22 – Conceito da Missão Incursão Aeromóvel ..................................................2-18
2-23 – Planejamento da Missão.............................................................................2-18
Artigo V – Infiltração Aeromóvel ...........................................................................2-19
2-24 – Considerações Básicas ...............................................................................2-19
2-25 – Conceito da Missão Infiltração Aeromóvel ................................................2-19
2-26 – Planejamento da Missão.............................................................................2-20
Artigo VI – Exfiltração Aeromóvel .........................................................................2-20
2-27 – Considerações Básicas ...............................................................................2-20
2-28 – Conceito da Missão Exfiltração Aeromóvel...............................................2-20
2-29 – Planejamento da Missão.............................................................................2-21

CAPÍTULO 3 – RECONHECIMENTO TERRESTRE


Artigo I – Considerações Iniciais ..............................................................................3-1
3-1 – Generalidades .................................................................................................3-1
3-2 – Características das Operações de Reconhecimento .......................................3-2
3-3 – Princípios de Planejamento do Reconhecimento ...........................................3-2
3-4 – Fundamentos do Reconhecimento .................................................................3-3
Artigo II – Tipos de Reconhecimento .......................................................................3-5
3-5 – Tipos de Reconhecimento ..............................................................................3-5
3-6 – Reconhecimento de Eixo ...............................................................................3-6
3-7 – Reconhecimento de Zona ...............................................................................3-6
3-8 – Reconhecimento de Ponto ou de Área ...........................................................3-7
3-9 – Reconhecimento de Intinerários.....................................................................3-7
3-10 – Reconhecimento de Pontes ..........................................................................3-8
3-11 – Reconhecimento de Cursos de Água............................................................3-8
3-12 – Reconhecimento de Obstáculos ...................................................................3-8
3-13 – Reconhecimento para Suprimento de Água .................................................3-9
Artigo III – Postos de Observação..........................................................................3-10
3-14 – Instalação e Funcionamento de um Posto de Observação .........................3-10
3-15 – Missão do Pel Rec em Reconhecimento ....................................................3-12
CAPÍTULO 4 – INFILTRAÇÃO
Artigo I – Considerações Iniciais ..............................................................................4-1
4-1 – Generalidades .................................................................................................4-1
4-2 – Profundidade ..................................................................................................4-2
Artigo II – Processos de Infiltração ..........................................................................4-2
4-3 – Processos de Infiltração ..................................................................................4-2
4-4 – Fatores que Influenciam a Escolha do Processo de Infiltração ......................4-3
4-5 – Infiltração Aérea .............................................................................................4-3
4-6 – Infiltração Aquática por Superfície ................................................................4-4
4-7 – Infiltração Terrestre ........................................................................................4-5
4-8 – Infiltração Mista .............................................................................................4-6
4-9 – Infiltração por Ultrapassagem do Inimigo .....................................................4-6
4-10 – Considerações Aplicáveis à todos os Processos de Infiltração ....................4-7

CAPÍTULO 5 – EMPREGO DE MOTOCICLETAS PELO PELOTÃO DE


RECONHECIMENTO
Artigo I – Generalidades ...........................................................................................5-1
5-1 – Considerações Iniciais....................................................................................5-1
5-2 – Histórico .........................................................................................................5-1
5-3 – Características das Motocicletas Utilizadas pelo Pel Rec ..............................5-2
Artigo II – Técnica de Pilotagem em Terreno Variado ...........................................5-2
5-4 – Generalidades .................................................................................................5-2
5-5 – Postura em Situações Diversas ......................................................................5-2
5-6 – Preparação do Motociclista ............................................................................5-4
5-7 – Preparação da Motocicleta .............................................................................5-4
5-8 – Sinais e Gestos ...............................................................................................5-4
5-9 – Observações ...................................................................................................5-9
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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

ARTIGO I

GENERALIDADES

1-1. FINALIDADE

a. Este Caderno de Instrução apresenta uma concepção de emprego do Pelotão de


Reconhecimento (Pel Rec), orgânico do Batalhão de Infantaria Leve (BIL), nas diversas
operações.
b. Os assuntos atinentes ao Pel Rec quanto às Técnicas Aeromóveis estão abordados
no Caderno de Instrução Técnicas Aeromóveis (CI 90-50/1).
c. Seu conteúdo se constitui numa fonte de consulta para o adestramento dos inte-
grantes do Pel Rec visando ao cumprimento das diversas missões para as quais é voca-
cionado.

1-2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

a. O Pel Rec é uma fração dotada de grande flexibilidade, apta a executar tarefas que
exijam a aplicação de técnicas especiais. Administrativamente está vinculado à Compa-
nhia de Comando e Apoio (CCAp), porém seu emprego está diretamente subordinado ao
planejamento conjunto do S2 e do S3 do BIL.
b. O perfeito conhecimento de suas características, possibilidades e limitações, per-
mitem ao Comandante do Batalhão de Infantaria Leve e ao seu Estado-Maior (EM) um
melhor planejamento e emprego dessa fração.

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ARTIGO II

CARACTERÍSTICAS

1-3. GENERALIDADES

O Pel Rec, em função de seu adestramento e de seu material de dotação, possui al-
gumas características, tais como:
a. ser a fração mais apta para cumprir missões de busca de dados no âmbito da
Unidade;
b. poder atuar em proveito de uma Companhia de Fuzileiros Leve (Cia Fuz L),
sendo empregado sob o Comando da Unidade;
c. preceder o assalto aeromóvel do BIL, sendo componente do Escalão Avançado,
no qual tem por missão principal reconhecer, mobiliar e operar a Zona de Pouso de He-
licópteros (ZPH);
d. possuir excelente mobilidade em terreno restrito e sob condições de pouca vi-
sibilidade;
e. operar independentemente de eixos de suprimento e de comunicações; e
f. possuir homens dotados de elevada iniciativa e criatividade.

1-4. POSSIBILIDADES

a. O planejamento para seu emprego deve observar minuciosamente suas possibili-


dades. Dessa forma, o Pel Rec poderá agir em proveito do BIL com grande eficiência.
b. As possibilidades do Pel Rec são:
1) infiltrar em terreno hostil sob quaisquer condições meteorológicas, precedendo
o assalto aeromóvel, levantando informações sobre o terreno e o inimigo;
2) mobiliar e operar uma ZPH;
3) operar de forma descentralizada de acordo com a missão a ser cumprida;
4) cumprir diversas missões simultâneas;
5) deslocar-se rapidamente, mesmo a grandes distâncias, utilizando-se de meios
aéreos adequados, ou de outros meios postos à disposição;
6) estabelecer e guarnecer Linhas de Reconhecimento e Segurança (LRS);
7) realizar limitadas operações como elemento de segurança;
8) cumprir missões de ligação;
9) atuar como guia;
10) realizar reconhecimento geral e especial;
11) executar tarefas de Observador Avançado (OA) e de Guia Aéreo Avançado
(GAA); e
12) monitorar Regiões de Interesse para a Inteligência (RIPI).

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1-5. LIMITAÇÕES

O Pel Rec apresenta as seguintes limitações:


1) ter capacidade de durar na ação, com seus meios orgânicos, restrita a um perío-
do de 96 (noventa e seis) horas;
2) possuir reduzido poder de combate;
3) não possuir proteção blindada;
4) transportar pequena quantidade de material e equipamento; e
5) por ocasião do assalto aeromóvel, dependendo do tempo disponível, não reali-
zar reconhecimento especial.

1-6. MISSÕES

As missões específicas para as quais o Pel Rec é vocacionado são:


a. auxiliar na seleção, junto ao Cmt do BIL e ao S3, da área destinada à Zona de Em-
barque (Z Ebq) e à Zona de Desembarque (Z Dbq) da tropa e do local onde será realizada
a Cabeça de Ponte Aeromóvel durante a fase de planejamento;
b. infiltrar em território hostil, antecedendo o Assalto Aeromóvel (Ass Amv), utili-
zando-se de qualquer meio de transporte aéreo, terrestre, marítimo ou fluvial, precedendo
a formação de aeronaves que transportam o Escalão de Assalto (Esc Ass) da Força de
Superfície (F Spf), de modo a coordenar o desembarque da tropa no horário previsto;
c. reconhecer as instalações da ZPH, itinerários e a Região de Objetivo no terreno
sob quaisquer condições meteorológicas, precedendo o assalto aeromóvel (Ass Amv), a
fim de cooperar com a manobra do BIL;
d. mobiliar a ZPH, conduzindo recursos e meios para guiar e controlar as aeronaves
(Anv), bem como prover a segurança mínima do Loc Ater até a chegada do escalão de
assalto (Esc Ass);
e. reorganizar as frações do Esc Ass após o desembarque para a conquista da Cabeça
de Ponte Aeromóvel (C Pnt Amv);
f. guiar, se necessário, as frações do Esc Ass, até o objetivo; e
g. após o estabelecimento da C Pnt Amv, ficar em condições de:
1) mobiliar as Linhas de Reconhecimento e Segurança (LRS), atuando como vigia;
2) atuar como Observador Avançado (OA) e(ou) Guia Aéreo Avançado (GAA);
3) monitorar as Regiões de Interesse para a Inteligência;
4) realizar reconhecimento de eixo; e
5) realizar reconhecimento de zonas de pouso para possível exfiltração aeromóvel.

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1-7. ORGANIZAÇÃO

a. O Pel Rec é estruturado em uma Seção de Comando e em três Grupos de Reco-


nhecimento.

Rec

C Rec

L
L

Fig 1-1. Estrutura Organizacional do Pel Rec

b. A Seção de Comando é constituída por um 1° Tenente Comandante do Pelotão,


um 2° Sargento Adjunto do Pelotão e um Soldado Rádio Operador. Os Grupos de Reco-
nhecimento são constituídos por um 3° Sargento Comandante de Grupo de Reconheci-
mento, um Cabo Auxiliar do Comandante do Grupo e três Soldados Esclarecedores.

Grupo Posto/Grad Função Armamento


1º Tenente Cmt Pel
Seç Cmdo 2º Sargento Adj Pel
Soldado R Op
3º Sargento Cmt Gp
Para-Fal e Pst
Cabo Aux Cmt Gp
Gp de Rec
Soldado Esclarecedor
(3)
Soldado Esclarecedor
Soldado Esclarecedor

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1-8. ATRIBUIÇÕES

a. São atribuições do Comandante do Pelotão:


1) ser o responsável pelo controle, instrução e disciplina dos integrantes do Pelo-
tão;
2) supervisionar e coordenar as atividades de reconhecimento do Pelotão;
3) auxiliar o S2 e S3 no planejamento e na execução da SEGAR (Segurança da
Área de Retaguarda), quando for necessário;
4) coordenar com o S2 as medidas de reconhecimento, contrarreconhecimento e
segurança;
5) assessorar o S3 e o S2 do BIL no estudo de situação; e
6) planejar o emprego do Pelotão nas operações.

b. São atribuições do Adjunto do Pelotão:


1) ser o substituto eventual do Comandante do Pelotão;
2) auxiliar o Comandante do Pelotão nas atividades relacionadas ao comando e ao
controle (C2), à disciplina, à instrução, ao emprego tático e ao apoio logístico;
3) coordenar as atividades logísticas no âmbito do Pelotão, principalmente as re-
lacionadas ao ressuprimento; e
4) supervisionar a manutenção e a conservação do material distribuído ao Pelotão.
c. São atribuições do Rádio-operador:
1) executar as comunicações via rádio; e
2) ser responsável pelo preparo e manutenção dos meios de comunicações a serem
empregados pelo Pelotão.

d. São atribuições do Comandante de Grupo de Reconhecimento:


1) controlar, instruir e disciplinar os integrantes do seu grupo;
2) coordenar as atividades de reconhecimento de seu grupo;
3) controlar o material distribuído à sua fração; e
4) executar a montagem e a operação de uma ZPH.

e. É atribuição do Cabo Auxiliar:


- Auxiliar o Cmt Gp na execução das missões atribuídas à fração.

f. São atribuições do Soldado Esclarecedor:


1) executar as missões de esclarecedor;
2) mobiliar e operar as diversas instalações da ZPH; e
3) guiar as frações do BIL nas infiltrações.

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CAPÍTULO 2

O PELOTÃO DE RECONHECIMENTO NAS OPERAÇÕES


AEROMÓVEIS

ARTIGO I

GENERALIDADES

2-1. GENERALIDADES

a. São missões de combate aeromóvel:


1) Ataque Aeromóvel (Atq Amv);
2) Reconhecimento Aeromóvel (Rec Amv);
3) Segurança Aeromóvel (Seg Amv);
4) Assalto Aeromóvel (Ass Amv);
5) Incursão Aeromóvel (Inc Amv);
6) Infiltração Aeromóvel (Infl Amv); e
7) Exfiltração Aeromóvel (Exfl Amv).
b. O Ass Amv é a missão de combate para a qual o Pel Rec é vocacionado. O Pel
Rec é empregado, também, nas missões de Atq Amv, Inc Amv, Infl Amv e Exfl Amv. As
missões de Seg Amv e Rec Amv são executadas apenas pela Força de Helicópteros.
c. Força de Helicópteros é aquela formada por elementos dos Batalhões de Aviação
do Exército, sendo composta pelas aeronaves e sua tripulação.
d. Força de Superfície refere-se a qualquer elemento ou fração orgânicos das Unida-
des da Brigada de Infantaria Leve, que estejam realizando qualquer tipo de operação em
conjunto com a Força de Helicópteros. Em determinadas situações ou operações, somente
o Pel Rec poder-se-á constituir na Força de Superfície.

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ARTIGO II

O PELOTÃO DE RECONHECIMENTO NO ATAQUE AEROMÓVEL

2-2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

a. A principal finalidade do Ataque Aeromóvel (Atq Amv) é a destruição ou neu-


tralização do inimigo por meio do fogo aéreo concentrado sobre o objetivo (alvo). No
Atq Amv, o Pel Rec é empregado como GAA, conduzindo os fogos da aeronave ao alvo
e verificando a eficácia do ataque. Para isso, faz-se necessária a devida coordenação e
controle do Pelotão com a Força de Helicópteros.
b. Nesse tipo de ataque, é fundamental o emprego dos elementos do Pel Rec em
solo, pois realizam a identificação dos alvos e conduzem as aeronaves até estes.
c. O helicóptero é um dos mais eficazes e modernos meios de combate, porém, para
que seu emprego no Atq Amv não incorra em erros, é fundamental que esteja aliado ao
homem no terreno para atingir o êxito, visto que em campanhas anteriores nem sempre o
emprego exclusivo da mais avançada tecnologia garantiu o sucesso da missão. É comum
o Atq Amv produzir efeitos colaterais, ou seja, atingir locais que não eram os previstos,
matando civis inocentes, demonstrando a necessidade do elemento GAA.

2-3. CONCEITO DA MISSÃO ATAQUE AEROMÓVEL

Missão de combate, realizada num quadro de Op Amv, na qual uma F Helcp, re-
forçada, ou não, por elementos de F Spf, e empregada para neutralizar ou destruir forças
ou instalações inimigas, em proveito da operação realizada pelo escalão enquadrante. A
Força de Helicópteros com elementos de F Spf é organizada da seguinte forma:
1) Escalão de Ataque (Esc Atq) - composto pelos Helcp Atq, que possuem a mis-
são de destruir e neutralizar o alvo, e por elementos da F Spf, que, desembarcados, atuam
como GAA identificando e conduzindo os helicópteros de ataque à destruição do alvo;
2) Escalão de Manobra (Esc Man) - composto por frações de Helcp de emprego
geral (Helcp Emp Ge), cuja missão é desembarcar os elementos da F Spf nos locais deter-
minados pelo Cmt F Helcp e exfiltrá-los, quando determinado; e
3) Escalão de Balizamento e Segurança (Esc Blz Seg) - pode ser empregado,
mesmo quando forem empregados os elementos do Pel Rec, com a missão de esclarecer
a situação, localizar o alvo e balizar o Esc Atq até o momento do ataque, informando,
inclusive, o efeito obtido após a missão.

2-4. ANÁLISE DE ALVOS

a. Ao analisar a missão, o Cmt de uma Missão de Ataque Aeromóvel (Mis Atq Amv)
deve dar grande importância à análise dos alvos. Os elementos do Pel Rec escalados para
atuarem como GAA devem juntos fazer esta análise (“briefing”), levando em conta os
seguintes fatores:
1) PO em que se encontrará o elemento do Pel Rec que atuará como GAA;
2) efeito desejado sobre o alvo (destruição ou neutralização);

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3) tipo de alvo e seu grau de vulnerabilidade;


4) defesas antiaéreas existentes e superioridade aérea do inimigo na área; e
5) posição do alvo e itinerários de acesso e de evasiva.
b. Baseado na análise dos alvos, no estudo de situação e de acordo com o arma-
mento disponível para o ataque, o Cmt da Mis Atq Amv decide sobre a configuração do
armamento dos helicópteros de ataque, da qual o elemento do Pel Rec que atuará como
GAA deve ser conhecedor.
c. Conforme a prioridade definida pelo escalão superior, os possíveis alvos de um
Atq Amv são:
1) comboios em movimento, prioritariamente, no momento do abandono ou do
regresso à Z Reu;
2) formações blindadas em movimento;
3) instalações de equipamentos de comunicações, vigilância e interferência ele-
trônica;
4) Z Reu de helicópteros;
5) instalações de comando e controle; e
6) depósitos de suprimento, principalmente, combustível e munição.

2-5. MEDIDAS DE COORDENAÇÃO E CONTROLE

a. Rotas de voo - determinam o deslocamento da F Helcp, baseado em navegação a


alturas preestabelecidas, balizadas por Pontos de Controle Aéreo (P Ct Ae) identificados
por contato visual ou por auxílio de instrumentos. São utilizadas nos deslocamentos das
Z Emb até a Linha de Engajamento (L Engj), executando o voo a baixa altura ou voo de
contorno do terreno, conforme a análise da situação.
b. Itinerários de voo - determinam o deslocamento da F Helcp, baseado em itine-
rários traçados em carta militar, normalmente, de escala entre 1/25.000 e 1/100.000, os
quais procuram valer-se da proteção fornecida pelo terreno para evitar a detecção radar
inimiga. São utilizados a partir das L Engj até às Z Dbq e delas, até o retorno às linhas
amigas.
c. Itinerários de infiltração e de exfiltração - utilizados para a aproximação e o aban-
dono da zona de ação, respectivamente, empregando o voo desenfiado.
d. Linha de Aproximação (L Aprx) - é uma medida de coordenação e controle repre-
sentada por uma linha contínua, traçada em calcos de operações ou cartas topográficas,
sobre referências nítidas no terreno. Caracteriza, para a F Helcp, as posições mais à fren-
te, até onde se pode realizar o voo a baixa altura.
e. Linha de Engajamento (L Engj) - é uma medida de coordenação e controle repre-
sentada por uma linha contínua, traçada em calcos de operações ou cartas topográficas,
sobre referências nítidas no terreno. Caracteriza, para a F Helcp, as linhas de posições
mais à frente até onde se pode realizar o voo de contorno, livre da monitoração radar
inimiga. Nos deslocamentos à frente desta linha, é realizado o voo desenfiado com a uti-
lização do itinerário de voo para balizamento.
f. Zonas de reunião de abordagem e de evasiva - utilizadas para a reunião da F Helcp
antes e após a ação, respectivamente.
g. Itinerário de abordagem - determina por onde a força deve deslocar-se entre a Z

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Reu de abordagem e a posição de ataque.


h. Itinerário de evasiva - determina por onde a força deve deslocar-se até a Z Reu
evasiva, após o cumprimento da missão.
i. Posição de Ataque - é a posição coberta e abrigada à retaguarda da linha de partida
na qual o escalão de ataque aguarda a ordem de iniciar a sua ação.
j. Linha de Partida (LP) - é a linha destinada a coordenar a partida para o ataque dos
elementos do Esc Atq.
k. Posição de tiro - é a posição a partir da qual as aeronaves desencadeiam o tiro
sobre os alvos inimigos.
l. Postos de Observação (PO) - são os locais utilizados pelo escalão de balizamento
e segurança para informar sobre a situação do inimigo e fazer a segurança do escalão de
ataque.
m. Limites - definem a Z Aç entre frações de helicópteros e os demais elementos
da F Spf.
n. Ponto de Controle Aéreo (P Ct Ae) - utilizado para balizar pontos importantes na
Z Aç.
o. Proa de ataque - utilizada para dar a direção do Atq Amv.
p. Ponto de Liberação (P Lib) - local facilmente identificável, de preferência em um
ponto alto do terreno, onde a constituição dos diversos escalões da F Helcp é desfeita.
q. Ponto de Referência das Comunicações (PRC) - ponto nítido no terreno localiza-
do a cerca de 3 (três) a 5 (cinco) minutos de v ooda Z Dbq, no qual o Cmt F Helcp entra
em ligação com o Pel Rec para a chamada inicial e instruções para o pouso da FT Amv.
r. Ler os itens 2-11 e 2-17.

2-6. FASES DA MISSÃO

a. Aprestamento - envolve desde o adestramento das F Spf e F Helcp, separado e em


conjunto, até os preparativos finais para o cumprimento da missão.
b. Embarque - realizado em determinada região, previamente escolhida e preparada,
para onde se deslocam antecipadamente a F Helcp e elementos da F Spf.
c. Movimento aéreo - é a fase na qual ocorre o deslocamento aéreo da F Helcp até a
Z Reu de abordagem, o estabelecimento do contato com o inimigo e a aproximação para
a Z Dbq.
d. Desembarque - realizado pela F Spf em local predeterminado.
e. Reconhecimento - é a fase na qual o Escalão de Ataque da F Helcp reconhece as
Z Reu de abordagem e de evasiva, as posições de ataque e de tiro, a linha de partida, os
itinerários de abordagem e de evasiva e realiza o ajuste necessário à proa de ataque. Para
os elementos da F Spf, deve ser feito o reconhecimento do PO e do alvo sobre o qual será
conduzido o ataque da Z Aç e, se for o caso, do local onde serão exfiltrados.
f. Ataque - realização do ataque ao alvo.
g. Retraimento - quando é feito o resgate dos elementos da F Spf na zona de embar-
que e a evasão da área do alvo até o local determinado pelo Cmt da F Helcp.

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2-7. PLANEJAMENTO DA MISSÃO

a. A Missão de Ataque Aeromóvel deve ser planejada segundo o raciocínio da téc-


nica da emboscada, em que a surpresa e o conhecimento sobre a Z Aç são indispensáveis
para se alcançar o sucesso.
b. Deve ser realizado um estudo pormenorizado da região de operações, a fim de se
determinar as posições, no terreno, dos diversos componentes do escalão de ataque.
c. O planejamento da missão deve envolver todos os escalões que compõem a Força
de Helicópteros e de Superfície.
d. Informações sobre a atividade aérea, antiaérea e de GE do inimigo são de vital
importância para o Cmt da F Helcp.
e. Na missão de Ataque Aeromóvel, a coordenação e o controle do uso do espaço
aéreo devem merecer atenção especial, bem como o itinerário que será percorrido e o PO
ocupado pela Força de Superfície, a fim de se evitar o fratricídio. Para isto, a participação
do Guia Aéreo Avançado, do Controlador Aéreo Avançado e do Coordenador do Apoio de
Fogo dos elementos de superfície nos planejamentos é fundamental.

2-8. EXECUÇÃO DO ATAQUE AEROMÓVEL

a. Após a emissão da O Op deve ser previsto um ensaio da ação com os elementos


da F Spf e da F Helcp, caso haja tempo disponível.
b. Ao chegar no P Lib, cada escalão da F Helcp segue o previsto na O Op, sendo
que, normalmente, o Esc Blz Seg procura o contato com o alvo, o Esc Man segue para a
Z Dbq e o Esc Atq segue para a Z Reu de abordagem.
c. Cada Anv do Esc Atq, após a chegada na Z Reu de abordagem, mediante ordem,
reconhece a sua posição de ataque, a linha de partida, a posição de tiro, os limites da Z
Aç, o itinerário de evasiva e Z Reu de evasiva.
d. O tempo disponível para reconhecer a localização do inimigo é baseado nos da-
dos obtidos pelo Esc Blz Seg ou pelos elementos de superfície.
e. Os elementos da Força de Superfície, após o seu desembarque, devem reconhecer
o seu itinerário até o PO, o alvo, os setores de tiro e a zona de embarque que será utilizada
após a realização do ataque.
f. A ordem para o ataque é dada após o escalão de balizamento e segurança e a Força
de Superfície informar que o inimigo se encontra dentro da zona de matar e(ou) quando
o Cmt da força julgar oportuno.

2-5
CI 7-10/2

ARTIGO III

O PELOTÃO DE RECONHECIMENTO NO ASSALTO AEROMÓVEL

2-9. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

a. O Assalto Aeromóvel é a ação de combate na qual uma Força de Helicópteros,


integrada à Infantaria Leve, compõe uma Força Tarefa Aeromóvel (FT Amv) e, sob o
comando desta última (Força de Superfície), tem por objetivo deslocar tropas adestradas
e equipadas, visando à conquista de regiões do terreno e(ou) destruição de forças ou ins-
talações inimigas.
b. O Batalhão de Infantaria Leve (BIL) realiza o Assalto Aeromóvel (Ass Amv)
em áreas fracamente defendidas ou não defendidas pelo inimigo e consideradas de vi-
tal importância para a manobra do escalão superior. Em princípio, o Assalto Aeromóvel
deve ocorrer em um objetivo à retaguarda do inimigo e dentro do alcance de utilização
da artilharia do escalão superior. Frequentemente esses objetivos estão além da linha de
contato e em regiões de difícil acesso, dificultando a livre movimentação das reservas ou
do segundo escalão do inimigo.
c. As tropas de Inf L (Amv) e de Inf Pqdt são as mais aptas para executar o Ass Amv.
Essas unidades e as de Av Ex podem estar integradas com outros elementos de apoio ao
combate e apoio logístico para formarem Forças Tarefas Aeromóveis (FT Amv), valor
unidade, que tenham capacidade para projetar poder de combate em todo o campo de
batalha, minimizando as dificuldades ocasionadas pelos obstáculos do terreno.
d. Uma das mais significativas missões que podem ser atribuídas às FT Amv é a de
impedir a livre movimentação do inimigo no campo de batalha. O desembarque de forças
de assalto, de efetivos variados, em posições de bloqueio, tornar-se-á ação corrente no
desenrolar do combate para os elementos aeromóveis.
e. Precedendo o Assalto Aeromóvel, o Pel Rec se infiltra através das posições de-
fensivas inimigas, utilizando-se de qualquer meio de transporte aéreo, terrestre, marítimo
ou fluvial, precedendo a formação de aeronaves que transportam a Força de Superfície
(Escalão de Assalto), de modo a coordenar o desembarque da tropa no horário previsto
e levantar informações a respeito do terreno e do inimigo que são fundamentais para o
desencadeamento da operação.

2-10. FASES DA OPERAÇÃO DE ASSALTO AEROMÓVEL

a. Aprestamento - tem início nas Z Reu das forças envolvidas. Consiste nos trei-
namentos de embarque e desembarque de aeronaves, nos deslocamentos das F Spf e F
Helcp para a Z Emb e na expedição de instruções específicas para o cumprimento desta
fase. Cresce de importância quando da realização de operações noturnas.
b. Embarque - é um dos momentos mais críticos do Ass Amv, pois concentra-se
um grande número de aeronaves e tropas na Z Emb, tornando-se alvo bastante compen-
sador para a força aérea e artilharia inimigas. Esta fase é detalhada no plano de carrega-
mento, elaborado pela F Spf, em coordenação com a F Helcp. O embarque deve ser feito
de forma rápida e objetiva.

2-6
CI 7-10/2

c. Movimento Aéreo - é a fase na qual ocorre o deslocamento aéreo da tropa e


dos materiais da F Spf necessários à condução da operação terrestre. Tem os pormenores
consolidados no Plano de Movimento Aéreo, de responsabilidade da F Helcp.
d. Desembarque - fase bastante crítica pela vulnerabilidade do helicóptero aos
fogos aéreo e antiaéreo inimigos. Elaborado pela F Spf, o Plano de Desembarque prede-
termina a Z Dbq, podendo esta estar preparada ou não para o pouso das aeronaves.
e. Operação Terrestre - são as ações desenvolvidas pela Força de Superfície, após
o desembarque, para o cumprimento da missão, contando com a participação da F Helcp
(que realizará outras missões de combate, de apoio ao combate e apoio logístico). Tem
seu detalhamento no Plano Tático Terrestre, a cargo da F Spf, servindo como determi-
nante às outras fases do Ass Amv. Esta fase termina com uma junção(substituição) ou
exfiltração aérea e(ou) terrestre.

Desembarque Op Terrestre
Z Emb
Z Dbq Altn
ZD
bq Obj
Movimento Aéreo Altn
Obj
PLib
Z Emb
P ct PRC
LE P ct P ct

P ct

Z Emb Embarque
Aprestamento

Z Reu

Fig 2-1. Fases de um Assalto Aeromóvel.

2-11. MEDIDAS DE COORDENAÇÃO E CONTROLE

Para o estudo do emprego do Pel Rec no Assalto Aeromóvel, é indispensável o co-


nhecimento das principais medidas de coordenação e controle adotadas nesta operação:
a. Local de Aterragem (Loc Ater) - área destinada à decolagem e ao pouso de
helicópteros, operada por elementos do Pel Rec, com a utilização de meios de auxílio à
navegação, visuais ou eletrônicos, comportando um grupamento de marcha de 4 (quatro)
a 6 (seis) helicópteros, e utilizada por frações da Força de Superfície;
b. Zona de Pouso de Helicópteros (ZPH) - área controlada pela F Spf, compre-
endendo um ou mais Loc Ater, dentro ou fora das linhas inimigas, destinada ao embarque
ou desembarque de pessoal e(ou) material;
c. Zona de Embarque e(ou) Desembarque (Z Emb/Z Dbq) - ZPH destinada ao

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CI 7-10/2

embarque e(ou) desembarque de pessoal e material durante a execução do Assalto Aero-


móvel;
d. Área Restrita (A Rta) - local cuja configuração, localização, vegetação vizinha,
relevo próximo, consistência de solo, inclinação de terreno ou condições meteorológicas
predominantes contribuem para limitar os parâmetros de operação da aeronave e aumen-
tar o grau de perícia exigido da tripulação para as operações de aproximação, pouso e
decolagem;
e. Área de Pouso de Helicóptero (APH) - local utilizado para pouso e decolagem
cuja aproximação e toque são conduzidos apenas com os meios disponíveis da própria
tripulação da aeronave, sem dispor de auxílio de solo;
f. Rotas de voo - determinam o deslocamento da F Helcp, baseado em navegação
a alturas preestabelecidas, balizadas por Pontos de Controle Aéreo (P Ct Ae), identifica-
dos por contato visual ou por auxílio de instrumentos. São utilizadas nos deslocamentos
das Z Emb até a Linha de Engajamento (L Engj), executando o voo a baixa altura ou voo
de contorno do terreno;
g. Itinerários de voo - determinam o deslocamento da F Helcp, baseado em iti-
nerários traçados em carta militar, os quais procuram valer-se da proteção fornecida pelo
terreno para evitar a detecção radar inimiga. São utilizados a partir da Linha de Engaja-
mento (L Engj) até as Z Dbq e delas até o retorno às linhas amigas;
h. Ponto de Referência das Comunicações (PRC) - ponto nítido no terreno locali-
zado a cerca de 3 (três) a 5 (cinco) minutos de voo da Z Dbq, no qual o Cmt F Helcp entra
em ligação com o Pel Rec para a chamada inicial e instruções para o pouso da FT Amv;
i. Ponto de Liberação (P Lib) - local onde a constituição dos diversos escalões da
F Helcp é desfeita, sendo um ponto predeterminado, em local alto, de fácil identificação e
localização. O P Lib não tem contato rádio, em princípio, com a aeronave. A letra código
da ZPH liberada, estabelecida na IECOMELT, é exposta no P Lib por elementos do Pel
Rec, podendo, ainda, existir auxílio visual (espelho de sinalização, fumígeno, etc) ou
auxílio à navegação de campanha;
j. Zona de Reunião (Z Reu) - local que permite a reunião de uma fração de
Helcp para diversas finalidades, podendo ser considerado para o estabelecimento de posto
de ressuprimento avançado;
k. Hora “H” e Linhas de Controle (L Ct) - são medidas de coordenação e con-
trole, integrando uma hora “H” (relacionada ao início do deslocamento da F Helcp) com
várias Linhas de Controle transversais à rota e ao itinerário de voo, com a previsão em
cada Linha de Controle do momento (em relação à hora “H” ) da passagem dos helicópte-
ros. Esta medida de coordenação e controle possibilita a execução de fogos de artilharia à
frente até o momento em que os helicópteros que estiverem à testa da formação as alcan-
cem, quando, então, o fogo será suspenso e conduzido para outro alvo mais distante, até
ser suspenso, novamente, em razão da aproximação da próxima Linha de Controle pela
Força de Helicópteros e, assim, sucessivamente; e
l. Ler os itens 2-5 e 2-17.

2-8
CI 7-10/2

2-12. MISSÕES DO PEL REC NO ASSALTO AEROMÓVEL

a. No Assalto Aeromóvel, a FT Amv é dividida em quatro escalões: Avançado, As-


salto, Acompanhamento e Apoio e, por último, o Recuado. O Pel Rec constitui o Escalão
Avançado e tem como missão reconhecer o objetivo, informar a presença de inimigo e
mobiliar as Zonas de Pouso de Helicópteros (ZPH). O Pel Rec é responsável pela rea-
lização das ações preliminares ao lançamento do Escalão de Assalto. Normalmente, ele
precede o escalão de assalto em até 48 horas, realizando, se possível, uma Infiltração Ae-
romóvel noturna, a fim de preservar ao máximo o sigilo da operação, fator fundamental
para o seu sucesso. O Pel Rec pode, ainda, realizar ações de combate a fim de neutralizar
pequenas resistências na Cabeça de Ponte Aeromóvel ou em suas proximidades.

b. O emprego do Pel Rec no Assalto Aeromóvel é composto de oito etapas distin-


tas:
1) recebimento da missão;
2) planejamento e preparação;
3) infiltração;
4) reconhecimento;
5) montagem e operação da ZPH;
6) condução das frações até o objetivo;
7) apoio à manutenção da C Pnt Amv; e
8) junção e(ou) exfiltração (aeromóvel ou terrestre).

2-13. RECEBIMENTO DA MISSÃO

a. No recebimento da missão, o Cmt do Pel Rec explora ao máximo a presença


do Cmt FT Amv, da F Helcp e do S3 do Btl para retirada de dúvidas e padronização de
procedimentos para o cumprimento da missão. Levantará as seguintes informações, entre
outras:
1) Inimigo: efetivo que pode ser encontrado na região de objetivo e no itine-
rário da infiltração; atividades recentes e atuais na região, identificação, equipamento,
uniforme, armamento, grau de instrução, possibilidades, peculiaridades, deficiências e
limitações;
2) Tropas Amigas: localização de postos amigos, apoio de fogos, outras tropas
se deslocando na região; em caso de necessidade de reforço, qual será o procedimento
a adotar; limites da zona de ação, elementos infiltrados, existência de Destacamento de
Ações de Comandos, simpatizantes, informantes e elementos FE;
3) Terreno: observação e campos de tiro, cobertas e abrigos, obstáculos, aci-
dentes capitais e vias de acesso;
4) Condições Meteorológicas: ICMN-FCVN, temperatura, ventos, chuvas,
lua, maré e neblina;
5) Meios Disponíveis: cartas, croquis, fotografias aéreas; meios de transporte
que serão empregados na infiltração, guias, mateiros, rastreadores, especialistas e restri-
ções impostas;
6) População: atitude, localização, atividades predominantes, densidade e pro-

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cedimentos a adotar em caso de contato;


7) Elementos a contatar: características, fotos, sinais de ponto limpo, senha,
contrassenha e sinais de reconhecimento;
8) Ligações e Comunicações: IEComElt, horários impostos, senhas, sinais de
reconhecimento, frequências, prescrições, letra código do P Lib e tabela de autenticação a
ser utilizada no contato das aeronaves com o Pel Rec ao sobrevoar o PRC; e
9) Prescrições diversas e coordenação: horários diversos, ultrapassagem das
linhas amigas e pontos de controle, locais para as instalações da ZPH (PRC, P Lib, CCT
e Loc Ater).
b. O Cmt Pel Rec realizará, também, o “briefing” com o Cmt da F Helcp, levan-
tando as seguintes informações, entre outras:
1) frequências;
2) quantidade de aeronaves para a infiltração e para o assalto;
3) tipo de aeronaves;
4) números de vagas por aeronaves;
5) quantidade de levas;
6) local da ZPH;
7) hora Sobre o Objetivo (HSO);
8) rota de aproximação;
9) cores dos painéis;
10) comunicações (mensagens, senhas, autenticação);
11) letra-código; e
12) quantidades de escalões para o desembarque.

2-14. PLANEJAMENTO E PREPARAÇÃO

Após o recebimento da missão, o comandante do Pel Rec inicia as normas de co-


mando, que compreendem todas as atividades de planejamento e preparação desenvolvi-
das até a partida para o cumprimento da missão. O Anexo “A” exemplifica as atividades
realizadas nesta fase da operação.

2-15. INFILTRAÇÃO

a. O Pel Rec infiltra em condições extremamente adversas, ou seja, em território


inimigo, dotado de pequeno poder de combate e com limitada capacidade logística. A seu
favor, existe apenas o sigilo.
b. Sua infiltração precede o Escalão de Assalto com antecedência mínima de 48
horas.
c. A infiltração poderá ser mista: aérea, fluvial e(ou) terrestre, podendo o pelotão
fazer uso de qualquer meio com a finalidade de cumprir essa etapa da missão. Em caso de
infiltração aeromóvel, esta deverá ser noturna.
d. A infiltração aeromóvel caracteriza-se pelo transporte do Pel Rec em aeronaves
de asas rotativas. Nas infiltrações com helicópteros, pode-se transportar todo o efetivo do
Pel Rec em uma só aeronave, para um único ponto, ou separá-lo por grupos, e enviá-los
para diversos Eixos de Infiltração. Os integrantes do Pel Rec podem transportar mais

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equipamentos e se aproximar do Objetivo, sem exigir preparações do terreno (desprezar


ponto de toque), com um grau de precisão e segurança apreciável. Em contrapartida, há
de se considerar que o sigilo poderá ser quebrado com maior facilidade, tendo em vista o
ruído das aeronaves.
e. A “desova” do Pel Rec poderá ser feita pelos processos de Rapel, Helocasting,
Fast Hope ou simplesmente com o toque da aeronave no solo e o desembarque dos inte-
grantes do pelotão.
f. A distância do desembarque é de, no mínimo, 15 a 20 km do objetivo, sendo em
território inimigo.
g. O planejamento da rota de v oo(Plano de Movimento Aéreo) é realizado pela
Força de Helicópteros. Cabe ao militar do Pel Rec, assessorar neste planejamento quanto
a melhor rota para a Z Dzbq do pelotão.
h. No planejamento da infiltração aeromóvel do Pel Rec, são previstos linhas e
pontos de controle. Os integrantes do pelotão deverão confeccionar um croqui com os
principais pontos de controle, proas e tempos para todos os tempos de navegação (Quadro
de Navegação) a fim de confeccionar um plano de exfiltração e(ou) resgate do pelotão,
uma vez que essa é a fase em que o pelotão se encontra mais vulnerável.
i. Para a infiltração deve ser feito um plano de apoio de fogos, planejado para apoiar
a passagem pelas posições inimigas e, se possível, o ataque ao objetivo da infiltração.
j. Um sistema especial de comunicações deve ser planejado para apoiar essa ação.
Entretanto, este sistema sofre influência dos seguintes fatores:
1) grande distância entre a área do pelotão e as forças amigas;
2) necessidade de absoluta proteção contra a GE inimiga; e
3) garantia de manutenção da ligação a qualquer custo, sem quebra de con-
tinuidade, a fim de não ocasionar o insucesso de toda a missão e a perda do pelotão já
infiltrado.
k. Os fatores anteriormente descritos, as características da operação e, principal-
mente, as peculiaridades da tropa executante, definem o rádio como sendo o meio mais
adequado a realizar as ligações. Todavia, é o sistema menos seguro e mais sujeito à atua-
ção do inimigo, principalmente, por ter de se valer da faixa de alta frequência (HF), devi-
do à missão ocorrer a uma grande distância. Portanto, o equipamento rádio deve possuir
tecnologia de medidas de proteção eletrônica (MPE).
l. Para as ligações entre os próprios elementos do Pel Rec devem ser utilizados
meios visuais e acústicos, evitando-se qualquer tipo de transmissão eletromagnética,
mesmo dos rádios de pequeno alcance. Caso haja necessidade, de acordo com a situação
tática, devem ser lançados circuitos físicos curtos para garantir o sigilo da operação.
m. A infiltração só estará concluída ao término das seguintes atividades:
1) estabelecimento das comunicações com a Unidade que lançou o Pel Rec; e
2) estabelecimento das comunicações com o Escalão de Assalto no Ponto de
Referência das Comunicações (PRC), caso se tenha infiltrado antes do Escalão de Assalto
Aeromóvel.

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2-16. RECONHECIMENTO

a. O Pel Rec inicia o reconhecimento desde o início de sua infiltração em território


hostil com o propósito de obter dados sobre o inimigo e a área de operações, levantando
informações que serão decisivas no planejamento do escalão superior, antecedendo a exe-
cução da manobra na Z Aç.
b. O que o Pel Rec deverá reconhecer será definido em função dos dados desejados
da situação do inimigo, do terreno e do tempo disponível para a sua realização, cabendo
ao S2, S3 e ao Cmt F T Amv definir a prioridade do que reconhecer.
c. Uma vez definidas, durante o recebimento da ordem, as prioridades do que
reconhecer, o Cmt do Pel Rec, na execução do reconhecimento, executa e participa com
rapidez e precisão todos os dados obtidos:
1) para que os dados tenham valor para o comando, devem ser transmitidos
na oportunidade de sua obtenção, com a máxima rapidez e tal como foram obtidos, não
devendo conter opiniões e, sim, os fatos levantados; e
2) esse fundamento confere ao Pel Rec uma missão de extrema importância no
contexto das operações, tendo em vista o valor dos dados para a decisão do comandante
da F T Amv, uma vez que todo o planejamento de um Assalto Aeromóvel é baseado sem
o conhecimento preciso do terreno. Nenhum outro meio é tão rápido, eficaz e seguro sob
essas condições, quanto o emprego do Pel Rec para essa missão de reconhecimento.
d. O contato com o inimigo deve ser procurado o mais cedo possível, sendo man-
tido pela observação terrestre.
e. Quando o contato com o inimigo é estabelecido, ou a região-objetivo de infor-
mações é alcançada, a situação deve ser esclarecida rapidamente. Em relação ao inimigo,
sua localização, valor, dispositivo e composição são determinados e informados o mais
rapidamente possível.
f. O reconhecimento executado pelo Pel Rec deve atender às seguintes caracterís-
ticas:
1) planejamento centralizado e execução descentralizada;
2) máxima iniciativa dos comandos subordinados; e
3) rápida transmissão ao escalão superior dos dados obtidos.

2-17. MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DA ZPH

a. A Zona de Pouso de Helicóptero (ZPH) é o local onde se tem toda a infraestrutu-


ra para o pouso de aeronaves. Já reconhecido pelo Pel Rec, proporciona relativa seguran-
ça para o desembarque e reorganização da tropa que realiza o Assalto Aeromóvel.
b. As escolhas das áreas de uma ZPH é feita com base no estudo de cartas, foto-
grafias aéreas e no reconhecimento terrestre. São fatores a considerar na escolha de uma
ZPH:
1) tipos de Anv empregadas e a formação de vôo;
2) tipos de cargas a serem desembarcadas;
3) limpeza relativa da ZPH;

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4) prioridades dos objetivos a fim de manter a surpresa do ataque;


5) existências de cobertas e abrigos para facilitar a reorganização da tropa;
6) não estarem separadas dos objetivos por pontos fortemente defendidos pelo
inimigo;
7) devem estar situadas de maneira favorável para que nossas tropas possam
iniciar o deslocamento para o ataque;
8) serem facilmente atingidas e evacuadas; e
9) deve possuir Loc Ater alternativo e de emergência.
c. São instalações de uma ZPH: um Centro de Controle (CCt), um ou mais Locais
de Aterragem (Loc Ater) e um Ponto de Liberação (P Lib):
1) Centro de Controle (CCt) - é o posto de comando e o centro de comunicações
que controla as operações da ZPH. Todas as Anv operam suas estações na Freq do CCt. O
CCt é ligado aos Loc Ater e ao P Lib por rádio. As comunicações de longo alcance entre
a ZPH e a base ou outra ZPH é feita por meio de uma estação de superfície ou utilizando
uma Anv como ponte. É o local onde permanece a seção de comando do pelotão que
mantém o controle das aterragens e decolagens;
2) Locais de Aterragem (Loc Ater) - são os locais previstos para permitir a ater-
ragem e a decolagem de um número máximo de Helcp no menor tempo possível. O
movimento do pessoal e material que desembarcam e embarcam deve ser balizado de tal
modo que não interfira nas operações de pouso e decolagem subsequentes. Não há ligação
terra-avião em fonia. O chefe do Loc Ater é responsável pela segurança do local; e
3) Ponto de Liberação (P Lib) - É um local predeterminado de fácil identificação
onde a equipe que monta a ZPH deve marcar uma letra-código, previamente verificada no
“briefing” com a F Helcp. A presença desta indicará ao piloto que a ZPH é segura ou não
para o pouso. Fica em torno de 2 minutos dos Loc Ater.
d. A organização do Pel Rec para operar uma ZPH é a seguinte:

Turma Posto/Grad Função Atribuições


Centro de
Ten/Sgt Ch Equipe Controla a ZPH
Controle
Estabelece os meios Aux à
navegação, prepara e marca
Sgt Ch Tu Loc Ater
Locais de o ponto de toque e realiza
Aterragem Com com o CCt
Auxiliar na montagem do
Cb/Sd Rad Op e Aux
Loc Ater
Estabelece os meios Aux
Sgt/Cb Ch Tu P Lib eletrônicos e visuais à nave-
Ponto de
gação
Liberação
Auxilia na montagem do P
Sd Auxiliar
Lib
OBSERVAÇÃO: se a Op Ass Amv exigir um grande Nr de Loc Ater, o efetivo
deverá ser modificado de acordo com as necessidades de cada missão.

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e. A seleção das áreas de uma ZPH deve obedecer, em princípio, o seguinte:


1) A localização do CCt é planejada de maneira que fique colocado, de preferên-
cia, de forma central em relação aos Loc Ater ou em terreno mais elevado para aumentar
os alcances dos rádios e facilitar o controle. O CCt deve ficar localizado de maneira que
o Cmt do Pel Rec possa ter um controle visual dos Loc Ater.
2) Para a escolha dos LocAter devem ser considerados os seguintes fatores:
a) Tipo e número de helicópteros - o tipo da Anv determina a área necessária
para seu pouso e o número de helicópteros capazes de aterrissar simultaneamente. O bali-
zamento tipo Tango comporta, no máximo, 6 (seis) Anv; o Yankee 1(uma) e o Quadrado
(de emergência) 1 (uma);
b) Natureza do Solo - as condições de solo devem proteger os helicópteros
de redemoinhos ou poeira excessiva. Deve-se remover qualquer objeto que possa ser
aspirado pelas pás dos rotores, tendo o devido cuidado para não denunciar a área durante
e após a limpeza da ZPH;
c) Declive - geralmente se a inclinação é maior que 10º, os helicópteros não
podem pousar com segurança. Nos casos de rampas, os pilotos preferem pousar com o
nariz do helicóptero na direção de aclive;
d) Obstáculos - nas operações noturnas devem ser balizados com lâmpadas
vermelhas. Nas operações diurnas deverão ser utilizados painéis ou fumígenos vermelhos
para o balizamento. Obstáculos pequenos, como arbustos, moitas ou buracos podem ser
facilmente removidos com o facão de mato ou ferramenta de sapa. Devem ser evitados
locais próximos a fios de alta tensão, que são difíceis de serem percebidos pelos pilotos.
Pode-se improvisar Loc Ater em pântanos ou terrenos alagados, construindo-se platafor-
mas com material utilizado no local. Tais Loc Ater, em princípio, só devem ser utilizados
durante o dia. O material utilizado (tronco ou bambu) deve ser disposto de tal modo que
não afunde com o peso do helicóptero ou escorregue quando da decolagem. Helicópteros
podem aterrar na água, sem flutuadores, desde que a profundidade da água seja inferior a
50 cm, e o fundo seja consistente;
e) Cobertas e abrigos - sempre que possível, devem ser procurados locais de
aterragem em que existam nas proximidades cobertas e abrigos, que servirão de pontos
de reunião para a tropa. As vias de acesso para os pontos de reunião devem ser fáceis e
balizadas com a finalidade de dar um rápido escoamento ao pessoal e material que desem-
barcam, desimpedindo os locais de aterragem; e
f) Direção de aterragem - o vento é um fator muito importante na escolha
da melhor direção de aproximação da aeronave. Deverá ser verificado se o valor deste é
menor ou maior que 10 Kt (dez nós).
3) A localização do Ponto de Liberação (P Lib) é planejada de maneira que fique
colocada na rota do plano de v oopara a ZPH, sendo em local de fácil identificação pelos
pilotos das aeronaves e localizado em um ponto nítido do terreno.
4) O Ponto de Referência das Comunicações (PRC) não é uma instalação da
ZPH, porém é uma importante medida de coordenação e controle para a FT Aeromóvel
que realiza o Assalto Aeromóvel. Localizado a aproximadamente 5 minutos da ZPH em

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um ponto nítido no terreno, onde é feita a chamada da Anv líder para o CCt no solo. Não
é mobiliado por pessoal.
f. A coordenação final antes de iniciar a operação de uma ZPH abrange as seguin-
tes ações:
1) ligação da rede Terra-Avião;
2) estabelecimento da rede terrestre;
3) a determinação da direção de aterragem e o ponto de toque e transmissão ao
CCt;
4) preparação dos Loc Ater e P Lib; e
5) estabelecimento da rede de longo alcance.
g. Durante a operação de Loc Ater noturno, os seguintes detalhes deverão ser ob-
servados:
1) o acendimento do balizamento deverá ocorrer 2 min antes do HSO ou no
contato visual ou auditivo;
2) o balizamento permanece aceso durante toda operação;
3) o local para a reorganização da tropa após o desembarque deve ser próximo
ao ponto de toque; e
4) em princípio, pouso e decolagem das Anv devem ser feitos em intervalos
estabelecidos em “briefing” com o Cmt do Pel Rec e o Cmt F Helcp.
h. Geralmente, o material necessário para a operação de uma ZPH é o seguinte:
1) carta e foto da região;
2) binóculo;
3) bússola;
4) meios auxiliares (visuais e eletrônicos) à navegação;
5) strobolight;
6) espelho de sinalização;
7) latas para balizamento;
8) óleo diesel ou queimado/ estopa;
9) luvas de sinalização;
10) lanternas de sinalização;
11) óculos de proteção;
12) coletes de sinalização;
13) equipamento rádio ( Rede Terr / RLA / Rede Terr-Av );
14) baterias sobressalentes;
15) material / equipamento para METAR/ Kit de meteorologia;
16) kit de reorganização (bandeirolas);
17) painéis; e
18) fumígenos.
i. O desembarque da F Spf é o momento mais crítico desta etapa da missão,
podendo haver um grande número de transmissões-rádio entre as aeronaves. As tripula-
ções e a força de superfície devem realizar um contínuo treinamento, utilizando terreno
semelhante ao da Z Dbq e prevendo todas as situações adversas possíveis. Esta medida

2-15
CI 7-10/2

permite a execução com o mínimo de uso do equipamento rádio, favorecendo a surpresa


do assalto. Após o desembarque, os elementos do Pel Rec apoiam a F Spf, indicando o
local para reorganização da tropa e balizam a saída da ZPH na direção do(s) objetivo(s).
Esta ligação deve ser feita, em princípio, por contatos pessoais e meios visuais, evitando-
se o uso do rádio.
j. Ler os itens 2-5 e 2-15.

2-18. CONDUÇÃO DAS FRAÇÕES ATÉ A REGIÃO DO OBJETIVO

Não havendo a possibilidade do desembarque do Esc Ass sobre o objetivo, o Pel


Rec será encarregado de guiar as frações da F Spf até a P Atq. Após o término do desem-
barque e da reorganização do Escalão de Assalto, os elementos do Pel Rec atuam como
guias em itinerários já reconhecidos e balizados com meios de fortuna. Chegando na P
Atq os guias do Pel Rec indicam aos comandantes de cada fração, o local da LP e a dire-
ção geral do ataque. A partir daí, as frações do Esc Ass iniciam o Plano Tático Terrestre.

2-19. APOIO À MANUTENÇÃO DA CABEÇA DE PONTE AEROMÓVEL

Após a consolidação da Cabeça de Ponte Aeromóvel, o Pel Rec recebe as moto-


cicletas que são transportadas no Escalão de Acompanhamento e Apoio, com as quais,
mediante ordem do Cmt do BIL, cumprirá as seguintes missões:
a. estabelecimento de uma Linha de Reconhecimento e Segurança (LRS), no con-
texto de uma defesa circular. A LRS cumpre a mesma finalidade de um PAC, semelhante
ao realizado em uma operação de defesa de área. A LRS funciona como postos de vigilân-
cia do Btl e seus integrantes devem estar ECD atuarem como OA do Mrt Me e Art e como
GAA. Enquanto estiverem mobiliando uma LRS, os elementos do Pel Rec não engajam
em combate e devem estar dentro do alcançe do Eqp Rd do escalão que o lançou;
b. reconhecimento de zonas de embarque para a possível exfiltração aeromóvel;
c. realização da segurança de seções de artilharia ou de morteiro médio que, por-
ventura, sejam empregadas fora da linha de cabeça de ponte aeromóvel (C Pnt Amv);
d. realização de reconhecimentos nos eixos penetrantes na área de atuação do BIL.
O Pel Rec pode reconhecer até seis eixos e o terreno abrangendo até dois ou três km de
cada lado, de acordo com o planejamento do Cmt Btl. O Pel Rec, durante o reconheci-
mento de eixo, pode funcionar como OA do Mrt Me, devendo, assim, ter conhecimento
das concentrações existentes naquele eixo. Para isso, deve ter conhecimento do Plano de
Apoio de Fogos (PAF). Pode atuar como GAA para a Força Aérea ou para a Esqd Rec
Atq; e
e. monitoramento de RIPI.

2-16
CI 7-10/2

2-20. JUNÇÃO E(OU) EXFILTRAÇÃO

a. A Operação de Junção consiste no estabelecimento do contato físico entre duas


unidades terrestres amigas. Ocorre como uma ação complementar a uma das seguintes
situações:
1) Operação Anfíbia, Aeroterrestre ou Aeromóvel;
2) substituição de uma Unidade isolada;
3) ruptura do cerco de uma força;
4) convergência de forças independentes; e
5) encontro com Forças Guerrilheiras amigas.
b. O BIL que está no terreno ocupando a C Pnt Amv constituirá a Força Estacioná-
ria, com a qual uma força móvel chamada Força de Junção irá cerrar.
c. A junção é feita em local que permita o contato inicial entre as duas forças com
o máximo de segurança. A Força de Junção percorre um itinerário que é de conhecimento
de ambas as forças e, conforme ultrapassa as linhas de controle, realiza contato rádio com
a Força Estacionária, executando troca de senha e contrassenha conforme o plano de jun-
ção. Ao chegar ao local da junção, o Cmt da Força de Junção realizará contato visual com
o elemento do Pel Rec e realizará a troca de senha e contrassenha por meio de bandeirolas
coloridas. Após isto, o elemento da Força de Junção se dirigirá em direção ao elemento do
Pel Rec, e estes realizarão mais uma troca de senhas. Ao término destes procedimentos,
considerar-se-á que a junção foi realizada.
d. A exfiltração será realizada após o estabelecimento da junção, podendo ser reali-
zada por meios aéreos ou terrestres.
e. Caso a Força de Junção não consiga atingir o objetivo e na impossibilidade de
uma exfiltração, a tropa, estando em área controlada pelo inimigo, realizará uma evasão,
a fim de retornar as linhas amigas e evitar a sua captura. Esta deve ser apoiada por ele-
mentos FE. Um corredor de fuga e evasão é montado a fim de permitir o sucesso desta
operação que deve ser de conhecimento de todos os integrantes do Pel Rec, desde a sua
preparação para a missão.

ARTIGO IV

O PELOTÃO DE RECONHECIMENTO NA INCURSÃO AEROMÓVEL

2-21. CONSIDERAÇÕES BÁSICAS

a. Uma Incursão Aeromóvel (Inc Amv) caracteriza-se pelo movimento aéreo si-
giloso, para se obter a surpresa pela rapidez das ações, com violência e letalidade no
objetivo, e pelo retraimento planejado e veloz. As condicionantes de seu sucesso são as
informações atualizadas sobre a área de atuação, a coordenação e o controle das diversas
fases da operação.
b. A surpresa é fruto do uso da dissimulação, da contrainformação, do sigilo, da
rapidez, realizada com segurança do movimento aéreo e do vigor das ações durante a
conquista do objetivo. É essencial que a FT Amv aborde a região de interesse sem ser de-

2-17
CI 7-10/2

tectada pelo inimigo. Caso o sigilo e a surpresa sejam quebrados, caberá ao comandante
decidir pelo prosseguimento, ou não, da missão.
c. Quando da exfiltração aeromóvel e(ou) terrestre da FT Amv, cresce a possibili-
dade de o inimigo atuar nas rotas de exfiltração.
d. Uma Inc Amv, normalmente, recebe como objetivos: postos de comando, cen-
tros de comunicações, aeródromos, instalações de suprimento e outros julgados impor-
tantes para a manobra do escalão superior.

2-22. CONCEITO DA MISSÃO INCURSÃO AEROMÓVEL

Missão de combate, conduzida num quadro de operações aeromóveis, na qual uma


FT Amv, de valor até subunidade, sob o comando da F Spf, realiza uma rápida penetração
em área controlada pelo inimigo, a fim de obter dados, confundi-lo, inquietá-lo, neu-
tralizar ou destruir suas instalações, finalizando com uma exfiltração aeromóvel e (ou )
terrestre, previamente planejada, após a ação no objetivo.

2-23. PLANEJAMENTO DA MISSÃO

a. A diferença de uma operação de assalto aeromóvel para uma de incursão aero-


móvel está na missão principal da F T Amv. A missão do Pel Rec permanece idêntica,
devendo infiltrar-se por quaisquer meios, antecedendo a operação, a fim de levantar in-
formações que sejam de fundamental importância para o cumprimento da missão, bem
como mobiliar a ZPH.
b. As medidas de coordenação e controle, as fases de planejamento e os planos a
serem elaborados são semelhantes aos utilizados para a realização de um Ass Amv.
c. No caso de ocorrer um ataque aeromóvel preliminar ao desembarque da F Spf,
deve-se procurar a padronização e a integração das medidas estabelecidas nas diversas
fases da Inc Amv, a fim de sincronizar e facilitar a coordenação e o controle das ações
planejadas pelo Cmt da FT Amv e executadas pelos escalões da F Helcp.
d. Tal qual o Ass Amv o Plano Tático Terrestre da F Spf é a base para os demais
planos da Inc Amv.
e. A fração de helicópteros que executa o ataque aeromóvel de preparação perma-
nece na área do objetivo, proporcionando segurança à F Spf.
f. As informações existentes sobre o inimigo, o terreno e as condições meteoroló-
gicas auxiliam, sobremaneira, no planejamento das ações a serem realizadas durante as
diversas fases da Inc Amv.
g. Aumenta a importância das informações detalhadas sobre o sistema de defesa
antiaérea do inimigo, sua capacidade de detecção por meios eletrônicos e suas possibili-
dades de se contrapor às ações da FT Amv pelo emprego de meios aéreos.
h. As dimensões e a organização em pessoal e material das Z Emb e Z Dbq são
reduzidas em relação ao Ass Amv, sem, no entanto, serem desprezadas as exigências de
preparação e controle de ZPH.
i. Deve ser previsto um desembarque de tropa rápido e arrojado, visando a diminuir
as vulnerabilidades do componente aéreo e explorar a surpresa das ações.

2-18
CI 7-10/2

j. A coordenação com os usuários do espaço aéreo e com as tropas amigas a serem


sobrevoadas ou que estejam na região do objetivo deve ser estabelecida minuciosamente.
k. A Inc Amv, sempre que possível, deve receber apoio de elementos infiltrados em
território inimigo.
l. Na fase de aprestamento, os embarques e desembarques de tropa devem ser en-
saiados exaustivamente.
m. A relação de comando da força aeromóvel só termina com o rompimento da
dependência entre os elementos aéreos e os de superfície envolvidos. Somente após a
realização da exfiltração aeromóvel, quando for planejada, é que esta relação poderá ser
desfeita.

ARTIGO V

INFILTRAÇÃO AEROMÓVEL

2-24. CONSIDERAÇÕES BÁSICAS

a. A infiltração de uma Força de Superfície é comumente utilizada em qualquer


tipo de operação.
b. A Infiltração Aeromóvel de uma força de superfície em regiões onde existem
forças inimigas permite o cumprimento das seguintes missões:
1) participar da destruição de forças ou posições inimigas;
2) estabelecer pontos fortes;
3) destruir instalações vitais do inimigo ou que estejam sob o seu controle;
4) montar emboscadas contra forças inimigas;
5) atuar na área de retaguarda do inimigo;
6) preservar acidente capital;
7) desorganizar ou confundir o sistema de defesa inimiga; e
8) preparar uma ZPH.
c. A hora da Infl Amv é definida aproveitando-se das condições de visibilidade
reduzida, proporcionada pela escuridão, neblina, ou outra situação semelhante que facili-
te o movimento aéreo em linhas inimigas.
d. A coordenação do uso do espaço aéreo deve ser planejada, estabelecendo me-
didas apropriadas que proporcionem segurança às ações da força de helicópteros, força
aérea e apoio de fogo superfície-superfície.

2-25. CONCEITO DA MISSÃO INFILTRAÇÃO AEROMÓVEL

Missão de combate, realizada num quadro de Op Amv, na qual uma F Spf, de valor
até subunidade, é desdobrada por uma F Helcp, sob o comando da F Spf, em área hostil
ou controlada pelo inimigo, para cumprir determinada missão.

2-19
CI 7-10/2

2-26. PLANEJAMENTO DA MISSÃO

a. A missão do Pel Rec permanece idêntica, devendo infiltrar-se por quaisquer


meios, antecedendo a operação, a fim de levantar informações que sejam de fundamental
importância para o cumprimento da missão e mobiliar a ZPH.
b. A Infl Amv difere do Ass Amv por possuir as seguintes características:
1) é uma operação de pequeno vulto, empregando uma F Spf de pequeno valor
(até subunidade); e
2) os elementos da F Spf são desdobrados no terreno em uma única vaga.
c. É essencial o estudo detalhado de todas as informações disponíveis, principal-
mente sobre o dispositivo do inimigo, seu sistema de defesa antiaérea e a composição de
suas unidades aéreas.
d. Tal qual o Ass Amv, a Infl Amv requer a elaboração conjunta dos planos táticos
terrestres, de desembarque, de movimento aéreo e de carregamento, pelas forças envol-
vidas na missão.
e. A fase de desembarque torna-se mais crítica, exigindo minuciosa análise das
possíveis áreas de desembarque em região hostil.
f. As medidas de coordenação e controle da Infl Amv são as mesmas utilizadas no
Ass Amv.
g. A coordenação da missão de Infl Amv deve ser estabelecida com todos os ele-
mentos apropriados, incluindo o escalão superior, as unidades vizinhas e subordinadas do
escalão enquadrante, os órgãos de Ap F de superfície e aéreo e a força de junção.
h. Após o cumprimento da missão, a força de superfície infiltrada pode ser exfiltra-
da por uma F Helcp e(ou) realizar uma exfiltração terrestre, ou participar de uma junção,
atuando como força estacionária.
i. A relação de comando da F Amv só termina com o rompimento da dependência
entre os elementos aéreos e os de superfície envolvidos. Somente após o desembarque da
F Spf é que esta poderá ser desfeita.

ARTIGO VI

EXFILTRAÇÃO AEROMÓVEL

2-27. CONSIDERAÇÕES BÁSICAS

a. Tal qual a Infl Amv, o sigilo, o apoio de fogo e a coordenação do uso do espaço
aéreo são fundamentais para o cumprimento desta missão.
b. A rotina de planejamento é idêntica ao Ass Amv, sendo confeccionados os mes-
mos planos e obedecidos o detalhamento, a coordenação e o sigilo que a missão requer.

2-28. CONCEITO DA MISSÃO EXFILTRAÇÃO AEROMÓVEL

Missão de combate, realizada num quadro de Op Amv, onde uma F Spf de pequeno
valor (até escalão subunidade) é retirada por uma F Helcp, sob o comando da F Spf, de

2-20
CI 7-10/2

área hostil ou controlada por forças inimigas.

2-29. PLANEJAMENTO DA MISSÃO

a. Esta missão poderá ser cumprida, também, quando ocorrer o insucesso na con-
quista ou na manutenção dos objetivos que caracterizam a C Pnt Amv, após a realização
de um Ass Amv. O Pel Rec é a fração responsável por reconhecer e mobiliar os Loc Ater
para a exfiltração.
b. Quando a Exfl Amv suceder uma Infl Amv ou Inc Amv, a missão tem um grau de
risco maior, pois o inimigo, em principio, já terá reforçado seus meios de detecção. Neste
caso, a missão é conduzida entre o término da Infl / Inc Amv e o início da reação inimiga.
Esta condição exige um cuidadoso estudo da situação.
c. Quando não suceder a uma Infl / Inc Amv, o risco da operação diminui, manten-
do-se a importância da necessidade de integração do planejamento das forças envolvidas
na missão, particularmente, com relação às medidas de coordenação e controle.
d. Quando a Exfl Amv for necessária para preservar uma F Spf desdobrada em uma
C Pnt Amv, a missão terá um grau de risco ainda maior, pois o inimigo estará adotando
uma atitude ofensiva, fazendo-se necessário o emprego dos meios aéreos disponíveis no
TOT, orgânicos ou não da F Ter. A F Spf deverá também, planejar a realização da exfil-
tração por via terrestre.
e. Processos de identificação e reconhecimento entre a F Helcp e a F Spf a ser
exfiltrada devem ser regulados. São utilizados painéis, artifícios pirotécnicos, troca de
indicativos, sistemas de autenticação e outros que permitam o cumprimento oportuno e
seguro da missão.
f. É primordial o estabelecimento de locais de exfiltração principais e alternativos,
delineando os seus limites e itinerários de progressão.
g. O menor escalão da Av Ex organizado, adestrado e capacitado à execução de
uma Exfl Amv é a subunidade aérea, que emprega a totalidade ou parte de seus elementos
de manobra na missão.
h. As medidas de coordenação e controle são semelhantes às usadas no Ass Amv.

2-21
CI 7-10/2

CAPÍTULO 3

RECONHECIMENTO TERRESTRE

ARTIGO I

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

3-1. GENERALIDADES

a. O reconhecimento é a operação conduzida em campanha pelo emprego de


meios terrestres e aéreos, objetivando a obtenção de dados sobre o inimigo e a área de
operações. Esses meios podem utilizar-se de artifícios visuais ou de quaisquer outros
métodos de aquisição de alvos, tais como: explorações eletromagnéticas, sensoriamento
remoto, imagens de satélites, fotografias aéreas, VANT, radar de vigilância terrestre, entre
outros meios.
b. As missões de reconhecimento representam o principal vetor operacional do
sistema de inteligência. São os instrumentos que permitirão ao Cmt Btl e seu Estado-
Maior buscar os dados necessários ao seu estudo de situação. Estes dados, uma vez
processados, serão utilizados para retificar ou ratificar o planejamento.
c. O reconhecimento tem influência sobre o sucesso de todas as operações militares.
Um Cmt necessita de dados sobre o terreno, as condições climáticas e meteorológicas,
bem como sobre localização, efetivo, organização, dispositivo, atividades e condições do
inimigo.
d. Na execução das missões de reconhecimento, o S2 e o S3 são os responsáveis
pelo planejamento e pela supervisão do emprego do Pel Rec.
e. A Força Aérea e a Aviação do Exército proporcionam o reconhecimento aéreo e
constituem excelentes meios que irão suplementar o reconhecimento terrestre.

3-1
CI 7-10/2

f. Conceitos importantes:
1) Reconhecimento de Combate - é o reconhecimento diretamente ligado às
operações táticas, feito antes, durante e depois do combate. Ele concorre com a maior
parte de dados para a produção de conhecimentos;
2) Reconhecimento Aproximado - é o reconhecimento de combate realizado
enquanto as forças estão em contato com o inimigo ou próximo dele;
3) Reconhecimento pelo Fogo - consiste em atirar sobre um local inimigo suspeito,
com a finalidade de forçar o inimigo a revelar sua presença ou posição exata;
4) Reconhecimento de Itinerário - é o reconhecimento feito ao longo de um itinerário
especificado, a fim de determinar seu valor para fins militares (não necessariamente um
eixo); e
5) Eixo de Reconhecimento - é uma direção de reconhecimento balizada por uma
série de pontos intermediários de um itinerário geral. Um Cmt que recebe um eixo de
reconhecimento tem mais flexibilidade de decisão do que aquele a quem for determinado
um reconhecimento de itinerário.

3-2. CARACTERÍSTICAS DAS OPERAÇÕES DE RECONHECIMENTO

- São características de uma operação de reconhecimento:


1) planejamento centralizado e execução descentralizada;
2) atuação rápida e agressiva, evitando a interrupção do movimento;
3) segurança compatível durante o movimento;
4) engajamento decisivo apenas para defesa própria;
5) ênfase na utilização da rede viária mais adequada;
6) máxima iniciativa dos comandos subordinados;
7) máximo acionamento dos meios de busca (elementos de reconhecimento);
8) rápida e oportuna difusão dos dados obtidos; e
9) carência de dados e conhecimentos sobre o inimigo.

3-3. PRINCÍPIOS DE PLANEJAMENTO DO RECONHECIMENTO

a. Um plano de reconhecimento deve conter, entre outros, os seguintes itens:


1) o que reconhecer;
2) o período em que será realizado o reconhecimento;
3) o(s) itinerário(s) a ser(em) seguido(s);
4) os meios empregados; e
5) os participantes.
b. No contexto do estudo de situação de inteligência, o referido plano será elaborado
em consonância com o plano de busca (plano diário de patrulhas) do BIL (Amv), a cargo
do S2. Em geral, a responsabilidade pela confecção do Plano de Reconhecimento será do
elemento executante. Contudo, quando existirem imposições ou restrições à operação, ele
poderá ser elaborado pelo escalão imediatamente superior.
c. Os princípios abaixo regem o planejamento para o reconhecimento:
1) presteza no início dos trabalhos;
2) continuidade durante as operações;

3-2
CI 7-10/2

3) adaptabilidade às possibilidades e às limitações dos elementos de busca


disponíveis;
4) utilização do mínimo de pessoal e material;
5) conhecimento de toda a área prevista, evitando-se a duplicidade de missões ou
choque de atribuições entre os elementos empregados;
6) exposição clara e precisa dos alvos de busca: provável localização, prazos
disponíveis, para onde levar os dados levantados e para quem difundi-los; e
7) liberdade de ação, sempre que possível, aos executantes das missões.

3-4. FUNDAMENTOS DO RECONHECIMENTO

a. Os elementos que executam um reconhecimento devem manobrar e orientar-se


de acordo com a localização ou movimento dos alvos de busca (objetivos de inteligência)
e não de acordo com a localização ou o movimento de forças amigas, como ocorre nas
missões de segurança. Esses objetivos podem ser tropas inimigas, acidentes do terreno,
localidades, pontos sensíveis, direções de atuação e zonas ou áreas específicas.
b. A fim de que os dados tenham valor para o comando, eles devem ser
transmitidos num prazo que permita a sua utilização completa e adequada, contendo
apenas características e fatos, eximindo-os de interpretações pessoais. Alguns dados
aparentemente sem importância para um escalão de comando podem ser valiosos para o
escalão superior, quando considerados no conjunto de dados oriundos de outras fontes.
c. Uma força de reconhecimento procura manter sempre sua liberdade de manobra.
O engajamento ocorre apenas quando for indispensável à obtenção do dado desejado ou
para evitar a destruição ou captura da força.
d. Uma vez que a força de reconhecimento deve evitar engajar-se em combate, cada
um de seus integrantes deve saber como agir no caso de um contato indesejável com o
inimigo. Para isso, são estabelecidas regras de engajamento que assegurem critérios a
serem seguidos. Um modo bastante eficaz de elucidar esses critérios é representá-los por
meio de um fluxograma, nos quais são formuladas as principais questões acerca de uma
decisão de engajamento.

3-3
CI 7-10/2

O engajamento é necessário para a defesa


da própria força de reconhecimento?
SIM
NÃO

Engajar conforme a necessidade Há alguma outra força de combate na


(direta ou indiretamente). área que possa engajar no lugar da força
de reconhecimento?
Não engajar.
SIM
NÃO
SIM
Não engajar. O engajamento terá algum impacto
negativo nas operações futuras?

NÃO

Informar ao comandante da
força para mais instruções.
Fig 3-1. Fluxograma de decisão de engajamento.

e. Uma outra consideração importante é quanto ao risco aceitável, que está


intimamente ligado à intenção do Cmt Btl. Ao Cmt da fração de reconhecimento é
transmitido o grau de risco tolerável para se buscar os dados requeridos. O tipo de dado
a ser buscado geralmente será o fator determinante para se quantificar o risco a ser aceito
na operação.
f. O contato com o inimigo deve ser procurado o mais cedo possível e, uma vez
estabelecido, somente poderá ser rompido com autorização do escalão superior. Entenda-
se por contato não apenas a situação de se poder executar fogos ajustados sobre um
elemento, mas também a possibilidade de se obter dados com seus próprios meios, a fim
de se evitar a surpresa e garantir um certo grau de iniciativa. O contato pode ser mantido
pela observação terrestre ou aérea.
g. Quando o contato com o inimigo é estabelecido, um obstáculo é abordado ou um
alvo de busca é atingido, a situação deve ser esclarecida rapidamente e uma decisão deve
ser tomada, visando ao prosseguimento das ações. São executadas, então, as denominadas
ações durante o contato, a seguir descritas:
1) desdobrar e informar - os elementos de reconhecimento deslocam-se
imediatamente para posições de onde possam observar, atirar ou ser empregados contra
o inimigo;
2) esclarecer a situação - um reconhecimento minucioso é realizado. Em relação
ao inimigo são determinados os seguintes aspectos:
a) valor (Ex: um grupo de combate (GC), um Pel, uma Cia);
b) localização (Ex: por meio de coordenadas, jamais referenciando a localização
do inimigo em relação as nossas próprias medidas de coordenação e controle);
c) composição (Ex: infantaria blindada apoiada por VBC-CC e armas AC);

3-4
CI 7-10/2

d) dispositivo (Ex: inimigo desdobrado em larga frente e pouca profundidade,


com VBC-CC ao centro do dispositivo e patrulhas mecanizadas nos flancos); e
e) flancos da posição inimiga.
3) selecionar uma linha de ação - após reconhecer a posição inimiga, o obstáculo
ou um alvo de busca, visando a obter o maior número possível de dados, o Cmt deve
selecionar uma linha de ação compatível com a situação, objetivando ao prosseguimento
de sua missão. Uma decisão de atacar e desbordar o inimigo, ou manter o contato com
ele, deve ser tomada tão rapidamente quanto o reconhecimento a permitir; e
4) informar a decisão tomada - o Cmt deve transmitir ao escalão superior os dados
adicionais obtidos pelo reconhecimento e a decisão tomada para o prosseguimento da
missão. Para a decisão de desbordar o inimigo, deve ser previsto o emprego de elementos
que permanecerão na manutenção do contato, vigiando e informando a atitude inimiga.

ARTIGO II

TIPOS DE RECONHECIMENTO

3-5. TIPOS DE RECONHECIMENTO

a. Existem dois tipos de reconhecimento:


1) Reconhecimento Especial - é um reconhecimento detalhado de tarefa específica;
e
2) Reconhecimento Geral - é um reconhecimento sumário, pois depende de tempo
e possibilidades do pessoal que o realiza.

b. O tipo de reconhecimento a ser empregado é escolhido considerando:


1) os dados desejados;
2) o conhecimento da situação do inimigo;
3) o terreno;
4) o valor da força de reconhecimento;
5) os locais ou as fontes dos dados a serem buscados; e
6) o tempo disponível para a obtenção dos dados.

c. O reconhecimento busca obter dados principalmente sobre:


1) itinerários;
2) rodovias;
3) pontes;
4) obstáculos;
5) aspectos militares do terreno;
6) atualização de cartas;
7) localidades;
8) suprimento de água;
9) cursos de água;
10) áreas para estacionamento;
11) depósitos de combustíveis e equipamentos;

3-5
CI 7-10/2

12) instalações;
13) campos de pouso;
14) recursos locais;
15) túneis; e
16) outros assuntos.

3-6. RECONHECIMENTO DE EIXO

a. É a busca de dados sobre o inimigo ou sobre as condições de utilização de um


determinado eixo. Este tipo de reconhecimento impõe, também, o reconhecimento dos
acidentes do terreno que, de posse do inimigo, possam dificultar ou impedir o movimento
de tropas sobre o eixo.

b. Na execução deste tipo de reconhecimento, consome-se menos tempo que nos


outros tipos. A velocidade média de trabalho utilizada para fins de planejamento é de 15
Km/h, sem disponibilidade de meios aéreos. Por outro lado, os dados obtidos são mais
genéricos. Este tipo de reconhecimento é empregado quando:
1) há premência de tempo;
2) desejam-se dados mais gerais sobre o inimigo e o terreno;
3) a localização geral do inimigo é conhecida, sabendo-se que ele se encontra a
cavaleiro de um ou mais eixos; e
4) o terreno canaliza o movimento sobre um único itinerário.
c. O Pel Rec reconhece até três eixos simultaneamente.
d. No reconhecimento de um eixo a fração progride em coluna por dois. A distância
entre as motocicletas varia com o terreno, devendo, tanto quanto possível, ser mantido
o contato visual. A finalidade deste escalonamento é permitir a progressão rápida e,
ao mesmo tempo, reduzir, ao mínimo, a possibilidade de toda a fração cair em uma
emboscada ou expor todos os seus elementos ao fogo inimigo a um só tempo.
e. Quando o contato com o inimigo for provável ou iminente, os elementos ou frações
do Pel Rec deslocam-se por lanços sucessivos ou alternados, dependendo da decisão do
Cmt Pel.

3-7. RECONHECIMENTO DE ZONA

a. É o esforço dirigido para a obtenção de dados pormenorizados sobre os eixos, o


terreno e as atividades inimigas dentro de uma zona de responsabilidade perfeitamente
definida.
b. Este tipo de missão de reconhecimento é empregado quando:
1) não se conhece a localização exata do inimigo, que poderá ser encontrado em
deslocamento através campo, por itinerários diversos ou mesmo estacionado;
2) o escalão superior deseja selecionar itinerários para deslocar seu grosso;
3) desejam-se dados pormenorizados; e
4) o tempo disponível permite o reconhecimento mediante um verdadeiro

3-6
CI 7-10/2

vasculhamento da área de operações.


c. Neste reconhecimento, a fração opera mais detalhadamente do que quando está
realizando um reconhecimento de eixo. A velocidade média de trabalho, como dado de
planejamento, sem disponibilidade de meios aéreos, é de 8 km/h a 12 km/h.
d. O deslocamento é feito através de estradas e trilhas que existam no interior da
zona a reconhecer. Contudo, quando necessário, a progressão é feita através campo.
e. Na execução do reconhecimento de zona, o Pel Rec reconhece os eixos existentes
(estradas, trilhas e caminhos), as regiões de passagem e os acidentes capitais.
f. As frações ou elementos do Pel Rec devem ser conservados, sempre que possível,
dentro de uma distância de apoio mútuo.

3-8. RECONHECIMENTO DE PONTO OU DE ÁREA

a. É o esforço dirigido para a obtenção de dados pormenorizados dos eixos


convergentes, do terreno e das forças inimigas em um ponto ou dentro de uma área
específica, claramente definida e considerada de importância capital para o sucesso
das operações, como localidade, região de bosque, região de passagem sobre um rio,
obstáculo, nó rodoviário e outros.
b. O deslocamento para o local a ser reconhecido é feito com a máxima rapidez,
através de uma marcha tática e, no itinerário de progressão, a fração limita-se a efetuar
apenas os reconhecimentos necessários à sua segurança.
c. A diferença básica de um reconhecimento de zona para um reconhecimento de
área ou ponto é que, enquanto naquele a força busca reconhecer ao longo de todo o
seu deslocamento, este enfatiza a busca de dados localizados apenas na área ou ponto
definido, limitando-se a reconhecimentos intermediários apenas quando for importante
para a sua progressão ou segurança.
d. Quando, no itinerário de progressão para a área ou ponto a reconhecer houver
interposição de forças inimigas, estas devem ser desbordadas, salvo ordem em contrário
do escalão superior.
e. Quando executando esse tipo de reconhecimento, o Pel Rec se desloca em coluna,
por itinerário que lhe permita chegar ao local da forma mais rápida possível. Uma vez
autorizado o desbordamento, elementos mantém contato visual com o inimigo.

3-9. RECONHECIMENTO DE ITINERÁRIOS

a. O reconhecimento de itinerários possibilita a atualização de cartas, a determinação


da quantidade e o tipo de viaturas que podem trafegar nas rodovias em suas condições
existentes.
b. Este reconhecimento fornece dados sobre: natureza do terreno, características das
rodovias, restrições ao longo da estrada e características das pontes, túneis e vaus.
c. Quando o itinerário se tratar de uma rodovia deverá ser observado a designação da
rodovia, as coordenadas na carta, a localização de pontes e de túneis e os demais pontos
críticos.

3-7
CI 7-10/2

3-10. RECONHECIMENTO DE PONTES

a. As características das pontes são de grande importância na seleção de um itinerário


para o deslocamento normal de tropas.
b. Os dados levantados no reconhecimento de pontes são: localização da ponte,
o comprimento total, a largura da pista da ponte, o gabarito (altura), possibilidades de
contorno, largura horizontal livre da ponte, a altura do fundo da água até a ponte, o
número de vãos, o tipo da ponte, o tipo do material utilizado na construção da ponte e as
condições dos vãos.

3-11. RECONHECIMENTO DE CURSOS DE ÁGUA

a. Os aspectos comuns a serem reconhecidos para qualquer transposição são: a


profundidade do curso d’água, as características dos acessos ao curso d’água, a velocidade
da correnteza, a largura do curso d’água, os obstáculos naturais ou artificiais existentes e
as características do fundo.
b. As medidas básicas de um curso d’água são a largura, a velocidade da correnteza
e a profundidade.
c. Para obter-se a velocidade da correnteza de um curso de água em um ponto
determinado, conta-se o tempo que leva um objeto que flutua ao sabor da corrente no
talvegue, para descer um certo comprimento, e divide-se o número de metros percorridos
pelo número de segundos decorridos.
d. Mede-se a profundidade de um curso de água, sondando-o em diferentes pontos
com o auxílio duma vara graduada lastrada (que pode ser confeccionada com meios de
fortuna).
e. Os vaus são classificados, segundo a sua dificuldade de transposição, em vaus para
tropa a pé, para viaturas de rodas e para viaturas de lagartas.
f. A rampa de inclinação e o material de constituição dos acessos são fatores
importantes, pois a trafegabilidade dos acessos aos vaus em condições atmosféricas
adversas dependem deles.
g. A natureza do fundo do curso de água determina sua trafegabilidade e é importante
reconhecê-lo.
h. Os obstáculos a serem observados compreendem margens escarpadas, minas e
armadilhas nos acessos e no fundo de vau, detritos e objetos flutuantes.

3-12. RECONHECIMENTO DE OBSTÁCULOS

a. As crateras e os fossos são obstáculos que podem existir ao longo de uma estrada
importante, impedindo a passagem por esta. Normalmente são reforçados com outros
tipos de obstáculos artificiais como minas ou armadilhas.
b. A presença de animais de grande porte, mortos por explosão, pode indicar
a presença de um campo minado. O movimento do inimigo deve ser observado, pois

3-8
CI 7-10/2

desvios e voltas desnecessárias poderão indicar a localização de um campo de minas ou


de uma passagem através deste.
c. O reconhecimento de obstáculos é executado com os seguintes objetivos:
1) delimitação das áreas armadilhadas;
2) localização das vias de acesso para desbordamento;
3) localização de passagens e brechas;
4) tipos de armadilhas e, se possível, o dispositivo de acionamento;
5) localização e extensão de obstáculos naturais e artificiais; e
6) posições (ou prováveis posições) e tipos (ou prováveis tipos) de armas que
batem a área armadilhada.

3-13. RECONHECIMENTO PARA SUPRIMENTO DE ÁGUA

a. Para a localização dos pontos de água, há a necessidade de serem realizados


reconhecimentos, precedidos de estudos na carta. As fontes de água aproveitadas para
fins militares são chamadas de pontos de água.
b. Em combate muitas vezes não haverá a possibilidade de escolher a melhor fonte
de água potável, por isso o elemento do Pel Rec que realiza esse reconhecimento deve
explorar a fonte que estiver mais acessível.
c. As principais fontes de água são:
1) águas superficiais: rios, lagos e regatos;
2) águas subterrâneas: poços e nascentes;
3) sistemas municipais;
4) neve, gelo e chuva; e
5) vegetação.
d. A água deve ser de tal qualidade que possa ser prontamente purificada com o
equipamento de campanha normal. Se os conjuntos de teste estão disponíveis, o valor
do “PH”, a necessidade de cloro e a presença de agentes químicos de guerra podem ser
determinados. Se os conjuntos não estão disponíveis, valiosa informação pode ser obtida
por uma acurada observação e pelo julgamento de características de qualidade como cor,
turbidez, odor, sabor e por outros fatores que indiquem possíveis fontes de poluição,
como, por exemplo, condições da vegetação que circunda a fonte (vegetação morta ou
manchada pode indicar a presença de agentes químicos de guerra) e a presença de peixes
mortos.

3-9
CI 7-10/2

ARTIGO III

POSTOS DE OBSERVAÇÃO

3-14. INSTALAÇÃO E FUNCIONAMENTO DE UM POSTO DE OBSERVAÇÃO

a. Os Postos de Observação (PO) são instalados em pontos que ofereçam


comandamento, disponham de cobertas e facilitem a exploração das comunicações.
b. O material necessário a um PO compreende equipamentos optrônicos, bússola ou
goniômetro-bússola, telêmetro laser, sistema de posicionamento global (GPS), luneta ou
binóculo de campanha, relógio, transferidor de locação, periscópio, cartas topográficas
e material para registrar as observações. Uma carta ou fotocarta em grande escala da
área em torno do PO, materiais para confecção de roteiros e de esboços são, também, de
grande utilidade. Os telefones e os rádios portáteis são utilizados para as comunicações
com Cmt da fração e com o PC do Btl ou do escalão superior.
c. Devem ser adotadas precauções para assegurar o sigilo. Os elementos que se
dirigem ao PO aproximam-se e afastam-se cobertos, e seu efetivo deve ser limitado. Eles
utilizam itinerários diferentes para chegada e saída, evitando fazer trilhas que convirjam
para a direção do PO. São proibidos fogos, fumaças, luzes e ruídos. Os objetos que
reflitam a luz ou que contrastem com o terreno devem ser removidos ou ocultados.
d. Deve ser empregado um grupo de reconhecimento para ocupar um PO composto
pelo comandante do grupo, um observador, um registrador e um mensageiro. Deve ser
feito um rodízio para que os homens tenham descanso, e não se comprometa a eficiência
da missão de observação.
e. O comandante do grupo de reconhecimento controla e fiscaliza o funcionamento
do PO. Determina a localização exata do PO, loca-o na carta e transmite as coordenadas
ao Cmt Pel Rec.
f. O observador confecciona um roteiro em que escolhe acidentes do terreno
inconfundíveis como pontos de referência, traça os azimutes de suas direções e avalia
as distâncias a esses pontos. O observador acompanha as atividades que ocorrem à sua
frente, no seu setor de observação, informando ao registrador.
g. O registrador lança as observações no registro de dados, na carta, em um esboço
ou calco (Fig 3-2 e 3-3) e registra a hora e local de cada observação. Os dados mais
importantes são comunicados imediatamente ao Cmt Pel Rec, e uma cópia desse registro
permanece no P O.
h. Os relatórios são apresentados por telefone, rádio, mensageiro ou sinais óticos
convencionados. Quando os POs são empregados a grandes distâncias, ou em terreno
difícil, aeronaves podem ser utilizadas para apanhar e entregar mensagens, ou mesmo
para transmiti-las pelo rádio. O Cmt Pel Rec determina o processo e a frequência com que
devem ser transmitidos os relatórios.
i. Os dados que devem constar dos relatórios são os seguintes:
1) posto de observação, número do grupo de reconhecimento ou nome código;
2) descrição de cada observação;
3) hora ou duração de cada atividade ou ocorrência;
4) calco ou esboço, para esclarecimento dos dados, quando convenientes; e
5) dados do itinerário e terreno, bem como as condições da patrulha ou PO.
3-10
CI 7-10/2

57

35

Sete elementos inimigos fazen-


do escavação às 1545.
Duas metralhadoras inimi-
gas não abrigadas às 1545.

Inimigo cavando
abrigos às 1545.

Patrulha mecanizada inimi-


ga, efetivo de um GC (Vtr
URUTU), deslocando-se às Minha posição quando
1610. fiz o calco.

50
081615Nov00
30 SOARES

Fig 3-2. Exemplo de relatório do observador de posse de uma carta.

3-11
CI 7-10/2

Viatura de esclarecedor veio para o sul até o cruza-


mento às 1215 e regressou ao N às 1220 Dez homens e duas
Inimigos nas
metralhadoras às 1230
casas às 1220

Inimigo
Árvores dispersas
o
p r o g redind
1410 te
samen Córrego largura: 1,5m,
vagaro 5m 0,
profundidade:

1300

Meu P Obs de
Tiros de artilharia 1100 às 1800
sobre o comboio em Bosque
deslocamento das
1200 às 1300
Cinco aeronaves sobrevo-
aram de oeste a 1500m de
altura, sobre o entronca- Evacuação de elemen-
mento, às 1200 tos após os tiros de
artilharia às 1300

041310Nov00
Bosque GONÇALVES

Fig 3-3. Exemplo de relatório do observador, por meio de um esboço.

3-15. MISSÃO DO PEL REC EM RECONHECIMENTO

As missões que um Pel Rec poderá executar em um reconhecimento são as seguintes:


1) instalação e funcionamento de PO;
2) acompanhamento de frações, patrulhas e de elementos que executem incurções,
como observadores, para obtenção de dados;
3) auxílio no exame de prisioneiros de guerra, civis, inimigos mortos, documentos
e material inimigo capturado, para obtenção de dados de valor tático imediato para o Btl;
4) auxílio na localização, registro e relatório das zonas contaminadas ou minadas;
5) execução de missões especiais de observação, reconhecimento e ligação;
6) preparação de esboços do terreno para complementar fotocartas existentes;
7) monitoramento de Regiões de Interesse para a Inteligência (RIPI) e Pontos de
Decisão (PD), difundindo oportunamente dados sobre a situação inimiga (Fig 3-4); e
8) reforço às patrulhas de reconhecimento lançadas pelas SU, em atendimento ao
plano de Busca (plano diário de patrulhas) elaborado pelo S2.

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RIPI

Fig 3-4. Exemplo de monitoramento de Regiões de Interesse para a Inteligência (RIPI).

3-13
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CAPÍTULO 4

INFILTRAÇÃO

ARTIGO I

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

4-1. GENERALIDADES

a. A infiltração é a aplicação da técnica que consiste num movimento através


das posições inimigas, em torno delas ou sobre elas, realizado de modo furtivo e(ou)
clandestino, com a finalidade de possibilitar a entrada e a concentração de pessoal e(ou)
material em área ou território sob controle de forças hostis, visando à realização de ações
militares.
b. Considera-se, como início da infiltração, a partida de uma área de isolamento
do Pel Rec nas linhas amigas, local onde foram realizadas as atividades previstas nas
normas de comando. Seu término acontece com a ocupação da última Área de Reunião
Clandestina (ARC) ou Ponto de Reunião Próximo do Objetivo (PRPO), nas proximidades
da região da(s) ZDbq a ser(em) operada(s).
c. A infiltração só estará concluída quando ocorrerem as seguintes situações:
1) estabelecimento das comunicações com a Unidade (BIL) que o lançou
(mensagem de infiltração); e
2) estabelecimento das comunicações com o Escalão de Assalto Aeromóvel
no Ponto de Referência das Comunicações (PRC), caso o Pel Rec tenha se infiltrado
(precedido) pouco tempo antes do Escalão de Assalto Aeromóvel.
d. A mensagem de infiltração é uma mensagem padrão prevista nas IECOMELT
da operação e enviada ao escalão superior (BIL ou Cmdo Bda Amv). A mensagem de
infiltração tem por finalidade confirmar o êxito e as condições da infiltração do Pel Rec.

4-1
CI 7-10/2

4-2. PROFUNDIDADE

a. Ação em profundidade é um dos conceitos operacionais derivados do conceito básico


de guerra de movimento. O combate em profundidade proporciona o comprometimento
dos sistemas operacionais inimigos e o isolamento do campo de batalha.
b. As operações de Assalto Aeromóvel encontram-se dentre os tipos de operações
empregadas pelo Exército Brasileiro para a condução do combate em profundidade.
c. A profundidade da infiltração do Pel Rec em relação a LP/LC é diretamente
influenciada pela profundidade da Op Ass Amv a ser executada. Nesse contexto, todos os
fatores condicionantes da profundidade da operação tornam-se especialmente importantes
para o planejamento das ações do Pel Rec.

ARTIGO II
PROCESSOS DE INFILTRAÇÃO

4-3. PROCESSOS DE INFILTRAÇÃO

- Os processos de infiltração e suas subdivisões são os seguintes:


1) Infiltração Aérea - realizada com helicópteros (aeromóvel) ou aviões
(aerotransportada):
a) Aeromóvel:
(1) Desembarque:
(a) de assalto; e
(b) pairado:
- com desembarque próximo ao solo;
- com desembarque por rapel; e
- com desembarque por corda rápida (fast hope).
(2) Desova:
- com desembarque em meio aquático (hello casting).
b) Aerotransportada:
(1) desembarque;
(2) após pouso de assalto; e
(3) após pouso de máximo esforço.

4-2
CI 7-10/2

2) Infiltração Aquática por superfície:


a) Em embarcações:
(1) com desembarque parado; e
(2) com desembarque em movimento.
b) A nado:
(1) natação utilitária; e
(2) técnica da cordada.
3) Infiltração Terrestre:
a) A pé;
b) Motorizada; e
c) Com animais:
(1) Infiltração Mista; e
(2) Infiltração por ultrapassagem do inimigo.

4-4. FATORES QUE INFLUENCIAM A ESCOLHA DO PROCESSO DE


INFILTRAÇÃO

- A definição do processo de infiltração dependerá dos seguintes fatores, isolados ou


combinados:
1) fatores da decisão (missão, inimigo, terreno, meios e tempo disponível);
2) situação inimiga;
3) condições meteorológicas;
4) adestramento do pessoal e equipamento disponível; e
5) distância do objetivo.

4-5. INFILTRAÇÃO AÉREA

a. É o processo mais rápido e prático de infiltração, cabendo ao elemento aéreo


(Força Aérea ou Aviação do Exército) a maior parte das responsabilidades, principalmente
no que diz respeito à inserção a tempo e no destino certo. A infiltração aérea permite que
pessoal e suprimentos possam ser transportados pelo ar e desembarcados em qualquer
parte da área de operações. Esse tipo de infiltração divide-se nas modalidades aeromóvel
e aerotransportada.
b. A infiltração aeromóvel se utiliza de aeronaves de asa rotativa (helicópteros)
como apoio à operação. A infiltração aeromóvel permite a inserção do Pel Rec sem exigir
grandes preparações do terreno e com um grau de precisão e segurança apreciáveis. Em
contrapartida, há de se considerar que o sigilo poderá ser quebrado com maior facilidade,
tendo em vista o seu ruído característico. Devido à sua baixa velocidade, os helicópteros
tornam-se alvos fáceis para os vetores de interceptação aérea inimigos e dos fogos
antiaéreos de baixa e média altura.
c. A infiltração aeromóvel subdivide-se em duas técnicas: desembarque e desova.
Ambas as técnicas possuem características semelhantes, quanto ao sigilo da missão,

4-3
CI 7-10/2

limitação de transporte de material e pessoal e necessidade de pessoal habilitado e


adestrado.
d. No desembarque, tropa e material deixarão as aeronaves em áreas de pouso de
helicópteros ou em locais onde não seja possível o toque da aeronave no solo. No primeiro
caso, chama-se desembarque de assalto e nos demais, desembarque pairado.
e. Na técnica de desembarque de assalto, o Pel Rec que se infiltra abandona,
rapidamente, a(s) aeronave(s) tão logo estas toquem o solo.
f. A técnica de desembarque pairado pode ser executada de três formas: com a
aeronave próxima ao solo os militares saltam dela, por rapel ou por fast rope (corda
rápida). Deve ser feito um estudo, levando-se em conta os fatores da decisão para se optar
pela melhor técnica a ser empregada.
g. Na desova é utilizada a técnica do desembarque em massa d´água (hello casting),
permitindo descaracterizar o local exato do desembarque.

4-6. INFILTRAÇÃO AQUÁTICA POR SUPERFÍCIE

a. A infiltração aquática por superfície é um processo aplicável no caso da existência


de vias aquáticas (rios, mares e represas) na região de operações passíveis de serem
aproveitadas como itinerários de infiltração. Utiliza a superfície de massas d’água para
chegar à região de destino.
b. Exige o domínio de conhecimentos e adestramentos específicos em ambientes
aquáticos, fluviais e marítimos. Pode ser em embarcações ou a nado.
c. A técnica de infiltração em embarcações permite o deslocamento e o desembarque
do Pel Rec em local afastado, ao largo ou nas próprias praias e(ou) margens de rios/
represas. Nesta técnica, podem ser utilizadas embarcações diferenciadas (botes
pneumáticos, voadeiras, etc.) ou até mesmo embarcações não militares. De acordo com
a situação, durante o deslocamento embarcado, pode haver a necessidade da troca de
embarcações, por possuírem características diferentes, marcantes. É o caso, por exemplo,
do transbordo entre uma nave-mãe (embarcação maior) para pequenos botes infláveis.
Esse ponto pré-planejado é denominado ponto de transbordo.
d. O desembarque de pessoal e material afastados de uma margem ou praia é
executado num local pré-planejado denominado ponto de desova. A partir desse ponto,
a fração dividida em pequenos grupos aproxima-se e aborda a praia/margem a nado,
valendo-se da técnica da cordada. Essa desova pode ser executada com a embarcação
parada ou em movimento.
e. O desembarque de pessoal e material próximos a uma margem ou praia também é
feita no ponto de desova. A partir desse ponto, o Pel aproxima-se e aborda a praia/margem
normalmente a nado por duplas (cangas), ou, se for o caso, constituindo uma cordada.
Essa desova pode ser executada com a embarcação parada ou em movimento.
f. O deslocamento a nado se dá por cangas, ou por grupos constituídos, utilizando-

4-4
CI 7-10/2

se a técnica da cordada, com ou sem equipamento básico de mergulho (implementos


- máscara, tubo respirador e nadadeiras). Esta técnica restringe o volume de material
conduzido e é normalmente executada após a aproximação da praia/margens em
embarcações. Proporciona um alto grau de sigilo, principalmente se executado à noite, e
exige rígidas medidas de segurança, coordenação e controle.
g. O uso de implementos para o deslocamento é bastante desejável e pressupõe,
ainda, preferencialmente, a existência de um cachê ou de Local de Apoio à Missão (LAM)
para o homizio do material após a utilização.

4-7. INFILTRAÇÃO TERRESTRE

a. É o movimento realizado por terra, através de áreas controladas e/ou observadas


pelo inimigo. De acordo com a situação tática e dos meios disponíveis, pode ser executada
a pé, motorizada ou com animais.
b. As condições de execução do deslocamento a pé devem ser rígidas, a fim de se
obter o sigilo necessário. Normalmente a infiltração a pé é executada sob condições de
visibilidade limitada e em terreno de difícil acesso. Sua aplicação torna-se mais adequada
quando o dispositivo defensivo inimigo encontra-se distendido em larga frente ou quando
parte da fronteira é inadequadamente protegida. A infiltração terrestre por deslocamento
a pé é um confiável e eficiente recurso operacional.
c. De acordo com a situação e a distância a ser percorrida, apresenta as desvantagens
da limitada capacidade de carga e da velocidade de deslocamento reduzida. Contudo,
proporciona constante familiarização com a área de operações e oportunidade para
obtenção simultânea de informes, menor margem de erro de navegação, menores riscos
de acidentes, e, desde que convenientemente planejada e executada, oferece menores
possibilidades de identificação por parte do inimigo.
d. As distâncias a serem percorridas devem ser compatíveis com o tempo disponível
para a infiltração, havendo sempre a preocupação de reduzir-se, ao mínimo, o material
(armamento e equipamento) necessário para o cumprimento da missão. A fim de estimar
o tempo, deve-se levar em conta os diversos fatores que possam acarretar em atraso.
e. O sigilo tem prioridade sobre a velocidade de marcha, razão pela qual devem
ser aproveitados, ao máximo os caminhos desenfiados e os períodos de condições
meteorológicas adversas e de escuridão.
f. Possibilita o acesso a tipos de ambientes operacionais peculiares, tais como
montanha, caatinga, pantanal e selva.
g. A utilização de meios de transporte motorizados para a infiltração terrestre poderá
ser posta em prática, desde que não comprometa o sigilo da missão.
h. O Pel Rec poderá dispor de viaturas orgânicas do BIL ou utilizar suas próprias
motocicletas para transpor a linha de contato em um ponto vulnerável no dispositivo
inimigo. Em todos os casos, o deslocamento motorizado apresenta riscos muito elevados.
Por outro lado, o Pel Rec poderá ser, eventualmente, e se for o caso, apoiado por meios
motorizados descaracterizados, obtidos por elementos de apoio na área de operações,

4-5
CI 7-10/2

inclusive viaturas inimigas.


i. A utilização de animais como meio de transporte para a infiltração terrestre é
particularmente aplicável em ambientes operacionais propícios à sua utilização, tais
como os muares em terreno montanhoso, os búfalos em terreno de selva e os cavalos em
terrenos variados.

4-8. INFILTRAÇÃO MISTA

a. É aquela que consiste na combinação de mais de um processo de infiltração


mencionado anteriormente, requerendo, para tanto, um planejamento detalhado de cada
fase da infiltração.
b. Em virtude da profundidade de uma Op Ass Amv, da disponibilidade de meios,
da situação tática (particularmente das necessidades preponderantes do sigilo), e do
adestramento da tropa, é o processo de infiltração mais empregado.
c. Como exemplo de infiltração mista podemos considerar:
1) o Pel Rec decola em aeronaves da Av Ex e é lançado por hello casting num
ponto de desova, iniciando um deslocamento por superfície, utilizando a técnica da
cordada até uma margem. De lá, prossegue a pé até as proximidades da(s) ZDbq do Ass
Amv; e
2) o Pel Rec decola em aeronaves da Av Ex e é desembarcado por fast hope num
ponto de desembarque, iniciando um deslocamento a pé até as proximidades da(s) ZDbq
do Ass Amv.
d. O Ponto de Mudança do Processo de Infiltração (PMPI) é o ponto no terreno,
previamente planejado, em que se caracteriza a mudança do processo de infiltração. São
considerados pontos de mudança do processo de infiltração:
1) pontos de embarque ou desembarque de viaturas;
2) pontos de desembarque de rapel, fast hoppe ou ponto de desova por hello casting
e locais de reorganização do Pel após o desembarque;
3) Locais de Aterragem (LocAter), áreas ou zonas de pouso de helicópteros (ZEmb
e ZDbq);
4) Zonas de Pouso de aeronaves (ZP);
5) pontos de abordagem ou desembarque em margens de rios ou praias; e
6) outros pontos que caracterizem a mudança do processo de infiltração.

4-9. INFILTRAÇÃO POR ULTRAPASSAGEM DO INIMIGO

a. Realizada na iminência de um avanço inimigo, é caracterizada pelo homizio por


determinado período de tempo numa área previamente definida, até então sob controle de
forças amigas, e a permanência até o momento que, em virtude do movimento das forças
inimigas, essas passam a localizar-se à sua retaguarda.
b. É pouco aconselhável, pois envolve o estabelecimento prévio do Pel Rec dentro
de uma área que se supõe constituir em uma futura área de operações, com muita

4-6
CI 7-10/2

antecedência.
c. Seu êxito consiste na permanência sigilosa, enquanto o inimigo avança através
de uma área ocupada.
d. São fatores a considerar na adoção deste tipo de infiltração:
1) premência de tempo para infiltrar-se por outros processos;
2) atitude da população civil em apoio às operações;
3) capacidade inimiga de controlar a área; e
4) dificuldades logísticas de ressuprimento de toda ordem.
e. É aplicável frente a um inimigo incontestavelmente superior.
f. As medidas de coordenação e controle com outras forças regulares (que realizarão
o movimento retrógrado) tornam-se mais complexas, particularmente aquelas pertinentes
à coordenação de fogos.
g. O Pel Rec deve contar com uma previsão logística adequada ao tempo de
internação na área de homizio.
h. A área de homizio deve possuir as seguintes características:
1) sem valor tático;
2) ser de difícil acesso; e
3) ser rica em cobertas e abrigos, proporcionando facilidade de camuflagem.

4-10. CONSIDERAÇÕES APLICÁVEIS À TODOS OS PROCESSOS DE INFILTRAÇÃO

a. A escolha correta da técnica ou do processo de infiltração a ser adotado pelo


Pel Rec é fundamental para êxito de toda a Op Ass Amv. Uma escolha mal feita poderá
comprometer o êxito da infiltração e, consequentemente, colocar em risco todo o esforço
da operação.
b. O sucesso de uma infiltração depende diretamente do estudo profundo dos
fatores da decisão (missão, inimigo, terreno, meios e tempo disponível) e de todas as
condicionantes existentes na situação em vigor.
c. O processo escolhido deve ser o mais simples possível e muito realista com
a situação tática, levando em conta diversos fatores, tais como a existência dos meios
adequados, o nível de adestramento do pessoal envolvido (Pel Rec, tripulações, etc.),
das brechas no dispositivo inimigo para que o movimento através das defesas avançadas
inimigas não seja pressentido, do tempo disponível para a infiltração, entre outros.
d. A infiltração é facilitada pelo aproveitamento criterioso do terreno, em especial
das regiões em que a observação e a vigilância inimiga sejam limitadas ou inexistentes.
Terrenos impeditivos e restritivos são exemplos de áreas adequadas à infiltração. Nessas
regiões, são selecionados faixas e itinerários de infiltração.
e. As condições meteorológicas adversas e de visibilidade reduzida, tais como
escuridão, neblina e chuva facilitam e encobrem o movimento oculto de grupos de
infiltração. Tais condições, entretanto, alertam o inimigo para aumentar sua vigilância.
f. Uma força largamente dispersa, com intervalos não ocupados entre as suas
posições defensivas, pode ser infiltrada. Especial cuidado deve ser tomado em relação às
forças de segurança de retaguarda (SEGAR) inimigas.

4-7
CI 7-10/2

CAPÍTULO 5

EMPREGO DE MOTOCICLETAS PELO PELOTÃO DE RECONHECIMENTO

ARTIGO I

GENERALIDADES

5-1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

a. Devido à grande flexibilidade que as motocicletas dão ao Pel Rec, elas são
utilizadas em diversas missões, sendo empregadas em variados tipos de reconhecimentos,
patrulhamentos ostensivos, balizamento de marchas, escolta de comboios, atuação como
mensageiros cobrindo com velocidade grandes distâncias, ligando o Batalhão com
diversas frações isoladas, ou mesmo com o escalão superior ao qual estiver subordinado.
b. Especialmente, as motocicletas do Pel Rec são empregadas pelos militares do
pelotão durante a manutenção do sistema defensivo da Cabeça de Ponte Aeromóvel.
c. Tem como finalidade proporcionar maior mobilidade ao Pel Rec para o
cumprimento de missões de reconhecimento e segurança à frente da linha da Cabeça
de Ponte Aeromóvel (patrulhamento da LRS – Linha de Reconhecimento e Segurança)
estabelecida no Assalto Aeromóvel.
d. As motocicletas são transportadas para a região de operações no Escalão de
Acompanhamento e Apoio, que é constituído por elementos de Apoio ao Combate, Apoio
de Fogo e Reservas. Esse escalão é deslocado a partir do início das ações de consolidação
dos objetivos conquistados pelo Escalão de Assalto.

5-2. HISTÓRICO

a. Em 1898, Royal Davidson (oficial de cavalaria inglês) modifica um veículo de


três rodas para um de duas rodas adaptando a sua frente uma Mtr. 45. É o primeiro registro
que se tem do emprego de motocicletas em campanha.

5-1
CI 7-10/2

b. No fim da 1ª Guerra Mundial, o fator de êxito do emprego de motocicletas no


campo de batalha foi a rusticidade da máquina em relação aos cavalos. As motocicletas
traziam para o combate a rusticidade que os cavalos não tinham.
c. Na 2ª Guerra Mundial, consagrou-se a sua utilização em combinação com viaturas
leves, com a finalidade de realizar reconhecimentos. Foram empregadas amplamente
tanto por americanos como por alemães. Só os EUA neste período produziram 300.000
(trezentas mil) motocicletas.
d. O exército da África do Sul utiliza com sucesso, desde de 1970, tropas em
motocicletas para patrulhar as savanas.
e. Atualmente, nos EUA, a 7ª Divisão de Infantaria (Fort Ord) tem o 9º Regimento
de Cavalaria operando com motocicletas Kawasaki KLR 250-S, apoiados por Aeronave
Black Hawk em missões de reconhecimento e segurança.
f. No Brasil, as motocicletas foram empregadas com sucesso pelos Batalhões
de Infantaria Leve nas Operações Parauapebas - 1997 e em Salvador - 2001, ambas
operações de Garantia da Lei e da Ordem, realizando reconhecimentos diversos,
conduzindo mensageiros, escoltando comboios e no patrulhamento ostensivo da região.

5-3. CARACTERÍSTICAS DAS MOTOCICLETAS UTILIZADAS PELO PEL REC

Devido às características do terreno em que o Pel Rec atua, as motocicletas devem


atender aos requisitos operacionais básicos que permitam o seu emprego em quaisquer
tipos de terreno e estradas, possuindo, no mínimo, 200 cilindradas de potência e não mais
que 180 kilogramas.

ARTIGO II

TÉCNICA DE PILOTAGEM EM TERRENO VARIADO

5-4. GENERALIDADES

Visa a proporcionar condições para que o motociclista atue em terreno variado com
segurança, utilizando a postura correta com maior equilíbrio e controle da motocicleta.
Durante a execução de determinada missão, o motociclista militar de combate deve
preservar, ao máximo, sua integridade física para que não venha a se acidentar e
comprometer o sucesso desta missão.

5-5. POSTURA EM SITUAÇÕES DIVERSAS

Durante a pilotagem em terreno variado, o motociclista deverá adotar os seguintes


procedimentos:
1) postura sentado - os pés deverão estar paralelos ao solo com as pontas dos pés
apontadas para frente, os joelhos pressionando levemente o tanque, as mãos no centro

5-2
CI 7-10/2

das manoplas e sentado o mais próximo possível do tanque. Pelas condições do terreno
o motociclista não fica sentado o tempo todo. Em terreno acidentado, deverá utilizar a
postura de pé , de modo que os braços e as pernas funcionem como amortecedores. Ao
aumentar a velocidade, deverá deslocar os quadris para trás fazendo com que a dianteira
da moto fique mais leve, melhorando a dirigibilidade;
2) frenagem - dever-se-á deslocar o corpo para trás para melhor distribuir o peso
sobre a moto. Os freios serão acionados somente com dois dedos, utilizando mais o freio
dianteiro, acionando-o gradativamente para evitar o travamento das rodas;
3) curvas - dever-se-á diminuir a velocidade antes da curva e recuperar a aceleração
ao sair. Durante a trajetória da curva, inclina-se somente a motocicleta e, em algumas
situações, leva-se o pé a frente servindo de apoio em caso de derrapagem. Os joelhos
devem estar levemente flexionados, pressionando o tanque de combustível, e o outro pé
deve estar bem posicionado na pedaleira;
4) descidas - nas descidas o peso vai para frente, por isso deve-se utilizar a postura
de pé, deslocando-se o corpo para trás. Acionam-se os freios sem travar as rodas e, em
descidas muito íngremes, desliga-se a moto, deixando-a engrenada na primeira marcha e
utilizando a embreagem como freio. Então, desloca-se o corpo para trás;
5) subidas - aceleração constante com marcha reduzida e o peso do piloto concentrado
no eixo dianteiro para evitar que a moto empine. Deve-se ajudar com as pernas em caso
de a moto perder força;
6) saltos - só utilizado se necessário, a fim de poupar a motocicleta. Se for realizado,
o motociclista deverá deslocar o corpo para trás e acelerar levemente para que a dianteira
empine. Deve-se procurar tocar no solo primeiro a roda traseira;
7) cavas (grande cratera) - deve-se tomar cuidado com os pés, evitando que fiquem
presos entre a cava e a moto;
8) cascalhos, areia e terra fofa - deve-se adotar postura de pé e corpo para trás,
aliviando o peso da dianteira para evitar que ela afunde no terreno, aumentando a
dirigibilidade. Deve-se evitar a aceleração brusca;
9) troncos - deve-se evitar a passagem sobre eles. Toma-se a postura de pé,
seleciona-se a primeira marcha e posiciona-se perpendicularmente ao tronco. Ao tocar a
roda dianteira, acelera-se para levantar a dianteira da moto;
10) lama - deve-se adotar postura de pé e corpo para trás, com a marcha reduzida
e aceleração constante. Se a moto atolar, desce-se da moto pelo lado direito, mantendo-a
ligada, e seleciona-se a primeira marcha. Tira-se a mão da embreagem, acelerando o
mínimo possível; e, com a mão esquerda, alivia-se o peso da traseira da motocicleta,
levantando-a;
11) terreno inclinado - adota-se postura de pé e seleciona-se marcha reduzida.
Acelera-se constantemente e inclina-se a moto contra o terreno; e
12) riachos - adota-se a postura de pé com o corpo para trás. Acelera-se
constantemente e não se utiliza a embreagem.

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5-6. PREPARAÇÃO DO MOTOCICLISTA

a. Mesmo em combate, o motociclista deve sempre procurar descansar, pois a


pilotagem em terreno variado causa grande fatiga.
b. Todos os documentos (fichas, cartas e mementos) devem ser impermeabilizados.
c. Deverão ser levadas ferramentas, manetes, parafusos, arame, reparador de pneus,
fita adesiva, velas reservas e outras peças de acordo com a necessidade.
d. Deverá ser utilizado equipamento de segurança, tais como capacete com viseira,
óculos, luvas, joelheiras e outros.

5-7. PREPARAÇÃO DA MOTOCICLETA

Na preparação da motocicleta deverão ser observados os seguintes itens:


1) checar níveis de óleo e combustível;
2) checar folgas (embreagem, freios, corrente);
3) verificar condições dos pneus (reduzir a calibragem em 20% da especificada);
4) fazer ajustes gerais;
5) afrouxar os manicotos do freio e embreagem; e
6) tirar os piscas e espelhos retrovisores.

5-8. SINAIS E GESTOS

Como os motociclistas se deslocam sempre em dupla e devido à necessidade de seu


deslocamento ser o mais rápido possível, evitando paradas desnecessárias, foi criada uma
tabela com sinais e gestos convencionados para agilizar a troca de algumas informações
enquanto pilotam.

Balizamento Motociclístico (Sinais e Gestos convencionados)

Cerrar distâncias. Cerrar distâncias(2). Em Frente.

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Balizamento Motociclístico (Sinais e Gestos convencionados) - Continuação

Em Frente (2). Pare. Reunir.

Reunir (2). Ultrapasse. Ultrapasse (2).

Atenção. Coluna por um. Coluna por dois.

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Balizamento Motociclístico (Sinais e Gestos convencionados) - Continuação

Coluna por três. Em Cunha. Em Linha.

Conversão à esquerda. Conversão à esquerda (2). Conversão à direita.

Conversão à direita (2). Trânsito Impedido. Trocar de faixa à esquerda.

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Balizamento Motociclístico (Sinais e Gestos convencionados) - Continuação

Trocar de faixa à esquerda (2). Trocar de faixa à direita. Trocar de faixa à direita (2).

Ligar motores. Reduzir a velocidade. Reduzir a velocidade (2).

Aumentar velocidade. Aumentar velocidade (2). Cortar motores.

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Balizamento Motociclístico (Sinais e Gestos convencionados) - Continuação

Preparar para embarcar. Embarcar. Buraco.

Buraco 2. Siga meu caminho exato. Siga meu caminho exato (2).

Quebra-molas. Quebra-molas (2). Pista escorregadia.

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Balizamento Motociclístico (Sinais e Gestos convencionados) - Continuação

Pista escorregadia (2).

Fig 5-1. Sinais e gestos convencionados entre motociclistas.

5-9. OBSERVAÇÕES

a. O deslocamento isolado de motociclistas deverá ser evitado, ao máximo. Em


qualquer situação, ele deverá verificar se o seu companheiro o está acompanhando.
b. Os obstáculos deverão ser sempre sinalizados.
c. Em situação de tempo de paz, deverão ser observadas e respeitadas, em qualquer
deslocamento em vias urbanas e estradas, as leis e as normas do Código Nacional de
Trânsito.

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CI 7-10/2

Mais uma realização da Seção de Editoração Gráfica


1ª Subchefia/COTER

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