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os adultos entenderão
Cotidiano
O Pequeno Príncipe chegou ao meu mundo no Natal de 1992, quando eu tinha oito
anos. Foi presente de uma amiga do meu pai, veio numa caixa vermelha e com um
cartão que dizia assim: “Para que você veja além dos seus olhos!”
Achei bonito, mas obviamente não entendi o que aquilo queria dizer. Nem dei
importância ao cartão (desculpe, Gildete, mas eu era uma criança…) e passei um dia
inteiro conhecendo os planetas pelos quais o Pequeno Príncipe havia passado…
Longe de ser um livro infantil, só vim entender essa e outras mensagens na vida adulta,
quando o reli sabe-se lá quantas vezes.
É engraçado como, muitas vezes, não nos permitimos viver coisas legais – e
aparentemente impossíveis – simplesmente porque “parecem coisas de criança” e “não
são mais para a nossa idade”.
Há quem perca grandes oportunidades de realizar sonhos quando estabelece não mais
viajar para Disney, não mais comprar uma revista em quadrinhos, não mais se deixar
sujar o cantinbo da boca (ou a boca inteira, no meu caso) ao tomar um sorvete ou não
mais andar de bicicleta na chuva…
Olhe para você e lembre-se de quem você é de verdade! Adultos são apenas crianças
que aumentaram de tamanho. Os sonhos, lá no fundo, permanecem mágicos!
2 – “Quando a gente anda sempre em frente, não pode ir muito longe.”
Nossas maiores conquistas são alcançadas quando exploramos outras direções além das
que nos colocam na nossa zona de conforto. Muitas vezes, faz-se necessário recomeçar
a trajetória, pois não nos demos conta de coisas valiosas naquele caminho…
3 – “Elas [as pessoas grandes] adoram os números. Quando a gente lhes fala de um
novo amigo, as pessoas grandes jamais se interessam em saber como ele realmente
é. […] Mas perguntam: Qual é a sua idade? Quantos irmãos ele tem? Quanto
pesa? Quanto ganha seu pai? Somente assim é que elas julgam conhecê-lo.”
Vivemos numa sociedade na qual as pessoas valorizam mais o “ter” do que o “ser”.
Apresentamos namorados/amigos/parentes “advogados”, “médicos”, “empresários”,
mas nunca “gentis”, “carinhosos”, “pacientes”, “tolerantes”.
Números atraem, mas sozinhos não dizem nada, nem nas expressões matemáticas.
Pensem nisso!
Para mim, uma das frases mais célebres do livro. Amigo é algo valioso, que só se
consegue por mérito, paciência, gentileza e respeito. Amigo é quem tem a nobreza de
aceitar o outro do jeito que ele é. Parar, prestar atenção e perceber que a “verdade” do
outro” também faz sentido. Se não for na sua vida, fará na dele.
Você certamente não se lembra, mas para ficar de pé no seu calçado favorito precisou
engatinhar, segurar em paredes, centros e sofás, ensaiar passos – muitas vezes frustrados
– para, finalmente, caminhar pela casa.
Foram necessários esforços e abdicações, erros e tentativas, pois crescer é isso! É
preciso sair e enfrentar os medos, as angústias, os tropeços. Eles fazem parte da vida e
da paisagem linda que ela te dá quando composta pelas borboletas.
6 – “Ele não sabia que, para os reis, o mundo é muito mais simples. Todos os
homens são súditos.”
O cenário está longe de ser exclusivo de uma monarquia e o meu post está longe de ser
uma reflexão partidária. No entanto, para quem tem – ou almeja – o poder nas mãos, o
resto é subserviência. Na verdade, os “reis” precisam bem mais dos seus “súditos” que
os “súditos” dele…
Não exija dos outros aquilo que eles nunca prometeram lhe dar, nem se obrigue a
oferecer algo que não lhe pertence. Um amor, uma amizade, um carinho, um abraço, um
reconhecimento, um pedido de desculpas, tudo acontece naturalmente e só tem valor
quando é entregue sem cobranças.
Muitos sabem que olhar para dentro dói e, se é para machucar alguém, melhor que seja
o outro…
Depois, é como se tudo ficasse mais próximo e a pessoa se fizesse necessária na sua
vida. Daí você para e pensa: “Mas eu nunca imaginei. Era algo tão distante…”
12 – “Os homens embarcam nos trens, mas já não sabem mais o que procuram.”
O imediatismo social no qual vivemos nos proporciona viagens que, muitas vezes, nem
desejamos fazer.
Um pouco? A gente chora é muito! E chora pelas conquistas, pelas derrotas, pela
saudade, pelos abraços que consolam, pelas palavras que incentivam… E, claro, pela
confiança quebrada.
14 – “E nenhuma pessoa grande jamais entenderá que isso possa ter tanta
importância!”
Nenhuma :)