Você está na página 1de 62

CORPORACIÓN EURO AMERICANA DE SEGURIDAD - CEAS

DOCTORADO EN CIENCIAS DE LA SEGURIDAD

PABLO CRISTIANO MONTEIRO CARDOSO

AS MUDANÇAS DA SOCIEDADE EXIGEM MODERNIZAÇÃO


NO NOSSO SISTEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA DO PAÍS.

Porto Alegre
2019
PABLO CRISTIANO MONTEIRO CARDOSO

AS MUDANÇAS DA SOCIEDADE EXIGEM MODERNIZA-


ÇÃO NO NOSSO SISTEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA DO PAÍS.

Tese apresentada a Corporación Euro Ameri-


cana de Seguridad - CEAS - do Brasil para a
obtenção do Título Doctorado en Ciencias de la
Seguridad.

Porto Alegre
2019
RESUMO

Este trabalho discorre sobre algumas problemáticas enfrentadas em solo brasileiro, bem como
sugeri algumas medidas, modernização do sistema nacional de segurança pública, investimento
no monitoramento eletrônico, inteligência, integração das forças de segurança, qualificação
profissional. Citaremos neste trabalho alguns elementos como a corrupção generalizada, inver-
são de valores e os paradigmas encravados em corporações que são fatores condicionantes que
possibilitam mesmo que indiretamente a repetição de episódios já conhecidos em áreas com
deficiência na sociedade. Nos últimos anos, observamos a intensificação de combate ao crime
organizado onde destacamos as organizações criminosas dos colarinhos brancos, facções e mi-
lícias, a primeira é apontada pelos desvios gigantescos de recursos econômicos proporcionados
por mecanismos profissionais e sofisticados da corrupção generalizada, a segunda e a terceira
atores não estatais que crescem a cada dia afrontando a soberania do Estado. Entre as temáticas
encontra-se o aparato da segurança pública que diuturnamente encontra-se em pauta, haja vista
o descalabro da violência e criminalidade instalada no Brasil, proporcionada principalmente
por uma série de atores armados não estatais atuantes dentro e fora do sistema prisional que
levantaram-se dispostos a medir força contra o Estado. Embora, estarmos diante da insegurança
e tensão desencadeada por grupos criminosos, governantes, legisladores, autoridades e empre-
sários têm atribuído certa prioridade na manutenção da segurança. Em sentido lato sensu, ad-
veio um novo Plano Nacional de Segurança, o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP),
no qual inclui fatores importantes como a cooperação e alinhamento entre as forças de segu-
rança, formação, especialização profissional, inteligência, sistemas integrados de informações,
investimento em tecnologias e outros. Este estudo desenvolve-se baseado no contexto grave e
complexo em que a população brasileira encontra-se, visto as gritantes mudanças no tecido
social e seus estopins como a inversão de valores e o crescente efetivo dos atores armados não
estatais que corroboram no cenário instável e hostil. Para avançarmos como exemplo de nação
é necessário o aperfeiçoamento dos processos de gestão política, estratégicos e cooperação das
forças de segurança sejam elas públicas ou privadas, juntamente com os valores profissionais,
morais e éticos. De forma empírica, sugerimos a modernização da estrutura das forças policiais
que compõem o art.144/88 da Constituição Federal, visto o rol atual não atender as demandas
e por encontrar-se desatualizado com as mudanças da sociedade, pois é necessário otimizar e
operacionalizar os recursos humanos, logísticos e tecnológicos existentes. Dentro de uma nova
Política de Segurança Integral, sugerimos incluir as quebras de paradigmas históricos reconhe-
cendo como de direito o sistema prisional e as guardas municipais como forças estatais impor-
tantes e estratégicas dentro do Sistema Único de Segurança do país. Com o atual governo, pas-
sos importantes foram dados dentro da perspectiva de uma nova política de segurança, pois em
brevê o sistema prisional será incluso no rol do art.144. CF. Dentre as mudanças ainda sugeri-
mos a unificação das polícias militares, civis e penais dentro de uma organização chamada po-
lícia nacional subordinada ao Ministério da Justiça. Transformações estão ocorrendo, mas ainda
falta de forma estratégica buscar parcerias com empresas especializadas em segurança privada.
O mundo como um todo tem sofrido gritantes transformações políticas, culturais, econômicas,
tecnológicas na segurança dentre outras. Portanto, medidas como a atualização das leis e esta-
tutos, integração, investimento em tecnologia, inteligência e esforços para quebrar paradigmas
que prejudicam o sistema de segurança são essenciais em tempos modernos, tendo em vista a
necessidade de unirmos forças para a proteção da vida, patrimônio e dos bens.

Palavras-chave: Sistema Nacional de Segurança. Videomonitoramento. Segurança integral.


AGRADECIMENTOS

No decurso desta pesquisa uma série de problemas e obstáculos surgiram no meio do caminho,
o que me fez aproximar-me mais de Deus, que me deu força para persistir firme e forte na fé e
no cumprimento da missão. Ficando aqui o meu testemunho e agradecimento primeiramente a
Deus.

Com profundo pesar fica registrado o agradecimento a meu avô, que a poucos dias nos deixou.
Foi um homem que deixou grandes exemplos e que também era quem eu me espelhei em vida,
sempre me incentivou a estudar e a buscar os meus objetivos. Descanse em paz vô.

À minha esposa Val, que não mediu esforços para estar a meu lado acompanhando a minha
trajetória nos momentos bons e ruins, onde com sabedoria soube transformar as dificuldades
em estímulos para enfrentarmos juntos com bravura os obstáculos que a vida nos proporcionou.

A minha mãe Katia e a meu pai Claudemiro, onde destaco primeiramente a minha mãe que é
uma guerreira, que com sabedoria soube gerenciar nossa família, mesmo quando os problemas
pareciam impossíveis. Ao meu pai, homem honrado, trabalhador, que sempre nos ensinou a
importância dos valores para a nossa vida.

Aos meus filhos, irmãos, amigos e colegas que estiveram presentes acompanhando a minha
trajetória, trazendo uma palavra amiga, conforto e motivação para juntos crescermos.

Deixo aqui também o meu agradecimento ao Dr Renato, grande profissional que com maestria
sempre respondeu com presteza e clareza todas as minhas dúvidas, bem como não mediou es-
forços nas orientações mesmo em horas e dias de descanso.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 -Terrorismo.............................................................. .................................................. 12

Figura 2 - Intervenção federal...................................................................................................13

Figura 3 - Atuação coordenada.................................................................................................16

Figura 4 - Facções no Brasil.............................................................................................................27

Figura 5 - Poderio bélico dos entes não estatais.......................................................................28

Figura 6 - Engrenagem da segurança........................................................................................32

Figura 7 - Segurança privada .................................................................................................... 33


Figura 8 - Redes de computadores............................................................................................35

Figura 9 - Formação técnica......................................................................................................37

Figura 10 - Qualificação profissional........................................................................................39


Figura 11 - Gestor de segurança ............................................................................................... 41

Figura 12 - Inteligência empresarial ......................................................................................... 50


Figura 13 - Centro Integrado.....................................................................................................52

Figura 14 - Centrais de vigilância.............................................................................................53

Quadro 1 - Crises socias............................................................................................................10

Quadro 2 - Comparativo das forças de segurança.....................................................................23

Quadro 3 - Forças operacionais da segurança estatal...............................................................29

Fluxograma 1 - Forças Públicas dentro da estrutura moderna..................................................25


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 6

2 SISTEMA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA.......................................................10

3 CONCEITOS DA SEGURANÇA PÚBLICA E PRIVADA ................................................ 18

4 PLANO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA .......................................................... 21

5 SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO .................................................................................... 34

6 FORMAÇÃO E ESPECIALIZAÇÃO .................................................................................. 36

7 GESTOR DE SEGURANÇA PRIVADA ............................................................................. 41

7.1 Competências do Gestor de Segurança .............................................................................. 45

8 QUEBRA DE PARADIGAMAS .......................................................................................... 46

9 USO DA INTELIGÊNCIA NAS EMPRESAS PRIVADAS ................................................ 48

10 MONITORAMENTO ELETRÔNICO ............................................................................... 52

11 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 54

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 57
6

1 INTRODUÇÃO

A presente tese, teve como tema central o sistema nacional de segurança pública e suas
questões conexas, demostrando que nas últimas décadas, os elementos relacionados com a se-
gurança ao redor do mundo tornaram-se prioridade para os governantes, legisladores, autorida-
des, empresários, bem como preocupação da sociedade em geral que diuturnamente se depara
com uma série de rupturas no tecido social envolvendo elementos tecnológicos, políticos, cul-
turais, criminais e econômicos que quando somados a outros acarretaram em um cenário volátil,
instável, complexo e hostil.

Em análise verificamos que na mesma forma em que ocorrem as transformações posi-


tivas na sociedade, surgem em certa medida os cenários negativos proporcionados por um uni-
verso de indivíduos oportunistas que se beneficiam das vulnerabilidades e oportunidades para
cometerem os mais variados tipos de crimes comuns como os homicídios, roubos, furtos, se-
questros etc. No entanto, o domínio do ciberespaço e avanços da tecnologia corroboraram na
evolução dos delitos, hoje observados em alta os crimes virtuais, onde podemos destacar o
cyberbullying, ciberterrorismo, ciberespionagem, ciberguerra dentre outros crimes “moder-
nos”.

Concordamos que era da informação proporciona em curto espaço de tempo existe


uma difusão gigantesca de dados, informações e conhecimentos governamentais, empresariais
e pessoais pelos mais variados meios de comunicação. Esta esteira tecnológica, abriu portas
gigantescas para direcionar a opinião pública devido a massa grandiosa de pessoas que recebem
diariamente tanto informações fidedignas como a desinformação sobre os mais variados temas,
tais como a Guerra Híbrida, conflitos nacionalistas, separatistas, armamentistas, problemas
econômicos, humanitários, sociais, segurança pública, recursos naturais, diplomáticos, bem
como outros cruciais que podem atingir a estabilidade nacional e internacional.
No Brasil, as tensões e instabilidades tornaram-se mais evidentes, acirradas e comple-
xas após as prisões dos “colarinhos brancos” – envolvendo redes da corrupção –, onde veio à
tona a guerra do poder, disputa por correntes ideológicas, dominância econômica que de fato
podemos inclui-las como elementos condicionantes e condutoras de algumas problemáticas
ocorridas em solo brasileiro. Não precisamos realizar um levantamento minucioso para chegar-
mos à conclusão que algumas distorções ocorridas ao longo dos anos são provenientes da
Guerra Híbrida, Guerra Silenciosa, desinformação, propagandas negras, provocadas interna-
mente e externamente com interferências direta no ceio da população, visando alcançar interes-
ses pessoais, corporativos e de países estrangeiros.
Na última década, ventilaram numerosas notícias relacionadas com as redes crimino-
sos especializadas em corrupção, visto os desvios gigantescos dos cofres públicos que agrava-
ram ainda mais os problemas sociais, tais como: criminais, saúde, transporte, escolares, entre
outras áreas importantes no país, tendo em conta os recursos financeiros da nação terem sidos
desviados para atender fins particulares. Além da corrupção generalizada manchar a imagem
dos brasileiros no exterior, o país ainda ganhou status de um dos lugares mais perigosos para
viver, devido a uma série de episódios que se repetem aumentando a insegurança. Como esto-
pins incluímos dois fatores condicionantes a inversão de valores e a corrupção generalizada que
tomaram lugares de destaque pelo mundo a fora, visto influenciarem no descalabro das demais
áreas.
Falar em segurança em uma sociedade em constante alteração, instabilidade e incer-
teza é falarmos de uma ciência ampla e cada vez mais complexa que estende seus estudos para
outras fontes do saber, indo muito além de recursos humanos, sistemas de segurança, análises,
prevenção e repressão das ameaças e riscos. No Brasil, debate-se e estuda-se muito, mas na
prática deixam a desejar por persistirem uma série de elementos e barreiras que dificultam os
projetos saírem do papel.
É notório e sabido que alguns dos conceitos, doutrinas e legislações hoje empregadas
são as mesmas de um universo de décadas atrás, mostrando-se normativas ultrapassadas para o
cenário atual, bem como é notório que não é recente a configuração das ameaças e riscos sociais
pelo crescimento da delinquência organizada. Embora não seja algo recente está gravidade em
solo brasileiro, o que nos chama a tenção é a demora e desatenção do legislador em modernizar
as leis, visto atingirem diretamente tanto as forças públicas como privadas. A inércia do legis-
lador e o direcionamento ideológico possibilitaram a abertura abundante de janelas de oportu-
nidades que alcançaram benefícios para as numerosas organizações criminosas atuantes no país,
as quais chamarei de “OrCrims”.
Do modo que podemos citar os colarinhos brancos, facções, milícias e quadrilhas es-
pecializadas em crimes virtuais, roubos a banco, carro forte, cargas, crimes ambientais etc. Com
as mudanças no cenário político é bem possível que tenhamos mudanças no direcionamento
ideológico pautados no alicerce dos valores éticos, morais, profissionais, familiares, valoriza-
ção e qualificação profissional etc. Para combatermos alguns dos problemas encravados no sis-
tema de segurança pública em solo brasileiro é necessário buscarmos as raízes, atualizando
conceitos, legislações, operacionalização do sistema, investir em tecnologia moderna, valoriza-
ção profissional e quebrar paradigmas institucionais para que assim possamos alcançar o equi-
líbrio entre a segurança e paz na sociedade.
A publicação da Lei nº 13.675/20181, a qual institui o Sistema Único de Segurança
Pública (SUSP) e que também criou a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social
(PNSPDS), traz uma política de segurança no país sob o âmbito de um novo paradigma. Em
termos gerais, já possuímos um sistema de segurança lato sensu no papel, no qual estão incluí-
dos o sistema prisional e as guardas municipais no rol deste, bastando dois elementos funda-
mentais colocar em prática o alinhamento necessário entre as forças que compõem o sistema,
assim como incluir o sistema prisional e guardas municipais no art.144 da CF/88, fortalecendo
os órgãos de segurança operacional no combate à criminalidade. Dentro desse plano encontra-
mos pilares importantes como a proteção dos direitos humanos, valorização profissional, inte-
gração nas ações estratégicas, operacionais, inteligência, compartilhamento de informações
dentre outras.
Dentro da nova Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS)
encontra-se outro avanço valioso, pois o legislador mesmo que tímido acrescentou a parceria
das empresas especializadas em segurança privada a fim de impulsionar a colaboração de pro-
tocolos que em minha humilde opinião é necessário dentro de uma visão estratégia, que vise a
corroboração efetiva na segurança pública e defesa social. Sendo necessário ainda endossar, dar
a guarida e retaguarda jurídica necessária para os profissionais da segurança pública e privada,
pois no decorrer dos últimos anos os únicos que ganharam a segurança jurídica com a impuni-
dade e benefícios foram os criminosos.
As empresas privadas possuem uma força gigantesca devido ao seu grande efetivo
profissional, logístico e tecnológico, e podem perfeitamente estarem engajadas juntamente com
as forças públicas do país se aperfeiçoarmos as leis e estatutos. A integração entre as forças
públicas e privadas faz-se necessário para que o sistema de segurança seja integral e melhore
sua qualidade. Cabe destacar que, além do aperfeiçoamento do sistema de segurança, é impres-
cindível a atualização das leis, estatutos, boa formação profissional, qualificação, treinamento
continuado, equipamentos modernos e investimentos em atividades de inteligência. Como

1
BRASIL. Lei nº 13.675, de 11 de junho de 2018. Disciplina a organização e o funcionamento dos órgãos
responsáveis pela segurança pública, nos termos do § 7º do art. 144 da Constituição Federal; cria a Política
Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS); institui o Sistema Único de Segurança Pública
(Susp); altera a Lei Complementar nº 79, de 7 de janeiro de 1994, a Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001,
e a Lei nº 11.530, de 24 de outubro de 2007; e revoga dispositivos da Lei nº 12.681, de 4 de julho de 2012.
Brasília, Diário Oficial da União, 12 jun. 2018.
forma de otimizar os recursos basta movimentos sutis como melhorar a integração, cooperação
e parcerias. É sabido toda a mudança gera desconforto, mas são necessárias e importantíssimas
para o progresso do país. Governos comprometidos com o seu povo buscam corrigir as raízes
dos problemas, onde algumas destas encontram-se nas falhas nas decisões tomadas no passado.
2 SISTEMA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA

Os estudos da segurança tornaram-se uma ciência ampla e interposta em antagonismos


e sinergias que se amoldam entre os conhecimentos teóricos, práticos e tecnológicos.2 Os estu-
dos relacionados com a segurança pública e privada são interdisciplinares e apresentam-se
como cada vez mais complexos, devido às transformações sociais, suas instabilidades, incerte-
zas e rupturas que se dão em níveis regionais, nacionais e internacionais. Diante da reconhecida
crise, adivinhos de diversos setores da sociedade, nos trazem a necessidade de fomentarmos
estudos e pesquisas teóricas, práticas e tecnológicas que atendam de forma abrangentes a pre-
venção, proteção e repressão que diminuirão os novos riscos, ameaças e vulnerabilidades atuais
e vindouras ocasionadas pela escalada vertiginosa da criminalidade.

Quadro 1 - Crises sociais

Crescimento populacional Crise social

Crime organizado Superlotação prisional

Fonte: Quadro elaborado pelo autor, imagens retiradas da internet (2019).

Os estudos da segurança são amplos e interdisciplinares por não ficarem apenas em


campos específicos das atividades profissionais das forças armadas, forças públicas e privadas
de segurança, uma vez que alcançam um contexto lato sensu e abrangente em nosso cotidiano.

2
FACHONE, Patricia de Cassia Valerio. Ciência e segurança pública: coprodução de conhecimento e de po-
lítica no Brasil. 2016. 219 p. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências,
Campinas, SP, p. 9-25.
Em 2017 a Câmara de Educação Superior (CES), do Conselho Nacional de Educação (CNE),
aprovou o Parecer CNE/CES nº 147/2017, que inserio a “Defesa” no rol das ciências estudadas
no Brasil. Recentemente foi aprovada a inserção da Ciências Policiais no rol das ciências estu-
dadas no Brasil, que foi objeto do (Processo nº: 23123.007756/2017-45;) aprovado pelo Con-
selho Nacional de Educação (CNE) e por sua Câmara de Educação Superior (CES), em que se
reconheceu a “necessidade, formal, de consideração dessa área de conhecimento, ou seja, Ci-
ências Policiais, na formação de especialistas civis, evidenciando a proposição da Estratégia
Nacional de Defesa“.3
Seus estudos e pesquisas ultrapassam os elementos específicos da tecnologia militar, policial,
armamentista, equipamentos e doutrinas, visto estenderem-se suas pesquisas em matérias dos
conflitos políticos, problemas econômicos, étnicos, religiosos, geopolíticos, crescimento desre-
gulado populacional, instabilidade social, desastres naturais, infraestruturas precárias, dentre
outros que, quando desequilibrados e fragilizados, recaem como um fardo imenso nos ombros
dos que estão na “ponta da lança”.
A era da informação nos trouxe uma diversidade de mídias, fontes e canais responsá-
veis pela difusão e propagação da informação, bem como da desinformação. A tecnologia tem
possibilitado a manipulação massiva através de notícias inverídicas e falsas que acabam cau-
sando confusão no seio da população. Antigamente, a difusão em larga escala era somente atra-
vés dos meios de comunicação oficial, fator este importantíssimo em países democráticos. En-
tão fica a pergunta no Brasil vivemos realmente em uma democracia ou semidemocracia ve-
lada? De alguns anos para cá, a imparcialidade e a autenticidade da verdade veiculadas por
grandes potenciais midiáticas foram colocadas em xeque, tendo por exemplo o envolvimento
em elevados interesses particulares, políticos, ideológico, corporativos, bem como outros inte-
resses obscuros em escala nacional e internacional etc.4
A instabilidade mundial e nacional sempre existiu em nossa história desde que o
mundo é mundo, assim como as modificações da sociedade. As bandeiras falsas, desinforma-
ção, interesses políticos de grandes potencias dentre outros elementos silenciosos continuam

3
Instituto Brasileiro de Segurança Pública. MEC reconhece Ciências Policiais como área do saber. Publicado em
11 de outubro de 2019. http://ibsp.org.br/pensamento-socionormativo-da-seguranca-publica/mec-reconhece-ci-
encias-policiais-como-area-do-saber/. Consultado em 13 de outubro de 2019.
4
PASCHOAL Edmund. Falando em mídia: até onde vai a imparcialidade do jornalismo brasileiro sobre o
cenário em nações de menor relevância para os barões da mídia. A formação de opinião através do que é passado
na TV e nos jornais. Publicado em 15 de outubro de 2017. Disponível em: <https://medium.com/@edysenador/fa-
lando-em-m%C3%ADdia-at%C3%A9-onde-vai-a-imparcialidade-do-jornalismo-brasileiro-sobre-o-
cen%C3%A1rio-em-na%C3%A7%C3%B5es-bc651980bdd8>. Acesso em: 11 ago. 2019.
influenciando nos conflitos ideológicos, econômicos, culturais, religiosos, desigualdades, cor-
rupção generalizada, falta de recursos naturais e outros que aparentemente ficaram adormecidos
nas guerras silenciosas que acarretaram em outras numerosas sucessões de problemáticas como
nos conflitos armados, guerras irregulares, conflitos nacionalistas, conflitos separatistas, terro-
rismo, problemas humanitários, descalabro da violência etc. Sendo oportuno citar que no Brasil
as taxas de mortalidade são altíssimas e assustadoras superando há muito tempo ataques terro-
ristas e áreas conflagradas em guerras e conflitos declarados ao redor do planeta.

Figura 1 - Terrorismo

Fonte: Aldo Fornazieri (2015) 5.

Grande porcentagem da escala dos índices criminais ocorridos no Brasil, estão atrela-
dos aos inúmeros atores armados não estatais, que aproveitando das benesses que as leis lhe
concedem transformaram o solo brasileiro em um território fértil para cometerem seus mais
variados delitos de homicídios, latrocínios, roubos em suas diversas modalidades, sequestros,
lavagem de dinheiro, controle de territórios, monopólio da venda de drogas, armas, exclusivi-
dade em rotas do narcotráfico, financiamento da organização e outros crimes conexos . Mesmo
que alguns discordem do que foi citado aqui, ficam claras e reais as conexões dos delitos com
os grupos criminosos que vivem à margem da lei.

5
O terrorismo e a fabricação da “verdade” ocidental, por Aldo Fornazieri. Publicado em 12 de janeiro de 2015.
https://jornalggn.com.br/artigos/o-terrorismo-e-a-fabricacao-da-verdade-ocidental-por-aldo-fornazieri/. Consul-
tado em 04 de outubro de 2019.
Uma boa parte da população brasileira entende que o país encontra-se mergulhado por
uma série de adversidades que recaem em certa medida nas costas dos profissionais das forças
de segurança. O cenário de insegurança é complexo, visto a gravidade ter se estendido para a
segurança nacional que obrigou presidentes a expedirem decretos como os da Garantia da Lei
e da Ordem (LDO), bem como o Decreto 9.288, de 16 de fevereiro de 2018, da recente Inter-
venção Federal, tendo em conta o comprometimento da ordem pública.6 Em sentido amplo,
visualizando o cenário social, carregado por ameaças e riscos encontram-se as forças públicas
de segurança, como a última barreira entre a crise e a normalidade da ordem pública, e com
justiça incluímos as agências privadas de segurança, que diuturnamente desempenham um pa-
pel fundamental na proteção de vidas, bens e patrimônios.
Figura 2 - Intervenção federal

Fonte: Pedro Branco (2018)7.

Mesmo que sejam forças particulares de segurança, não devem ser menosprezadas,
mas sim, serem encaradas como uma peça fundamental no tabuleiro de xadrez dentro de um
plano estratégico nacional de segurança pública que contemple parcerias no que tange a melho-
rias em protocolos nas atividades de segurança. Esta parceria é importante em tempos difíceis

6
BRASIL. Decreto nº 9.288, de 16 de fevereiro de 2018. Decreta intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro
com o objetivo de pôr termo ao grave comprometimento da ordem pública. Brasília, Diário Oficial da União,
16 fev. 2018. Acesso em: 12 jan. 2019. Revogado pelo Decreto nº 9.917, de 18 de julho de 2019. Declara a
revogação, para os fins do disposto no art. 16 da Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998, de
decretos normativos. Brasília, Diário Oficial da União, 19 jul. 2019.\
7
Branco Pedro. Teoria e Debate. O jogo político da intervenção federal. Publicado em 21 de março de 2018.
https://teoriaedebate.org.br/2018/03/21/o-jogo-politico-da-intervencao-federal/. Consultado em 05 de outubro de
2019
e complexos, haja vista a criminalidade estar em alta no território brasileiro. Tal abordagem
está alicerçada na sobrevivência do Estado, razões que tornam as atividades das forças privadas
tão importantes quanto as de segurança pública, como se não basta-se estão presentes onde
existe a ausência ou falta dos entes estatais, sendo reconhecidos como a última barreira, visto
que a sua ausência ocasionaria consequências gravíssimas.
É imprescindível melhorarmos nossa estrutura pública de segurança, assim como a
sinergia através da cooperação entre as forças públicas e privadas, levando em conta estratégias
de uma segurança integral, que busque a otimização dos recursos humanos, logísticos e tecno-
lógicos para uma segurança preventiva e repressiva satisfatória. Como sugestão entendemos
que o alinhamento seria melhor opção, coroado com a criação de um dos seguintes conselhos:
Comitê Integrado de Segurança (CIS), Comitê Integrado de Inteligência (CII), ou a junção de
ambos, que inclua representantes das forças de defesa, segurança pública e segurança privada.
Digo isto, pelo fato de inúmeras vezes termos dados, informações ou conhecimentos pontuais
que não deveriam ser retidos, mas sim difundidos para que os profissionais da área privada
possam prevenir, antecipar e reprimir ações criminosas.
Podemos citar inúmeros exemplos, como a soltura de assaltantes de bancos, roubos de
cargas, pois todos sabemos que estes criminosos iram cometer novos crimes, uma simples di-
fusão de alerta, um frontal dos indivíduos possibilita a integração, identificação de criminosos,
colaboração em provas, preservação de vidas etc. Com a participação dos entes públicos e pri-
vados, daríamos um passo gigantesco e importante nas parcerias, cooperação e construção de
protocolos padrões.
A perplexidade dos dias atuais requer a junção de esforços como a integração das ins-
tituições, respeitando as competências de cada instituição. A aproximação dos gestores públicos
e privados é imprescindível para que haja a construção de protocolos eficientes que tragam a
garantia de melhorias e qualidade na prestação de serviço. Notadamente, observamos que as
forças públicas não conseguem prevenir e proteger sozinhos todos os crimes contra a vida, bens
e patrimônios em território brasileiro, visto a sua insuficiência de recursos humanos e logísticos.
Os recursos profissionais, logísticos e tecnológicos das forças do art. 144 da CF/88/ não aten-
dem às aspirações da população, e por essas e outras razões é que fazem-se necessárias a mo-
dernização da segurança pública. O próprio legislador entendendo que era urgente está mudan-
ças, encarregou de reconhecer uma falha histórica que possivelmente será corrigida este ano
através da aprovação da PEC 372 da polícia penal, no mesmo rol das forças de segurança pú-
blica, ficando ainda incompleto este rol, visto a falta das guardas municipais.
Frente a modernização do sistema de segurança, citamos a diversidade de atividades e
imenso efetivo das empresas especializas em segurança privada, dois pontos positivos e impor-
tantes que nos mostram a grandeza dessa categoria frente ao cenário de insegurança enfrentado
no país. Dispõem de agentes especializados em segurança patrimonial, atividades bancárias,
monitoramento eletrônico, segurança de autoridades, escolta armada, transporte de valores, se-
gurança em grandes eventos. Dentre o rol de atividades autorizadas algumas são ostensivas
como as atividades de escolta armada e transporte de valores.

Podemos dizer que na última década, a segurança passou a ter um olhar diferenciado,
visto ter sido considerada como um fator prioritário em diversos países, devido aos riscos e
ameaças ofertados interna e externamente pelos atores não estatais que não guardam o devido
respeito aos limites impostos pelo Estado. No Brasil, podemos elencar inúmeros riscos, mas
destacamos o crescimento das OrCrims, dentro e fora do sistema prisional, e suas redes crimi-
nosas que elevaram os riscos para escalas inimagináveis. Como exemplo da gravidade podemos
citar questões como as execuções em massa no sistema prisional, suas conexões com terroristas,
estabelecimento de autogovernos, tribunais paralelos dentro outros tantos elementos conexos
aos criminosos.
Diante do exposto, mudanças importantes já estão ocorrendo na arquitetura das forças
de segurança do art.144 da CF/88, bastando apenas a aprovação em 2º turno na Câmara dos
Deputados da PEC 372 da emenda à constituição do reconhecimento da polícia penal. Esta
aprovação trará uma nova leitura e outro panorama para o contexto, visto operacionalizar o
sistema de segurança pública coroando o ciclo da segurança ostensiva, investigativa terminando
na proteção da sociedade com a manutenção da ordem e segurança pública através do policia-
mento e controle da execução da pena.
Dentro dos avanços das normativas, encontra-se a modernização do estatuto da segu-
rança privada, Lei Federal nº 7.102, de 1983, que está próxima dos seus 40 anos, mostrando-se
mais do que ultrapassado para o cenário atual. A aprovação do novo estatuto, é urgente e ne-
cessária pelas razões já expostas acima. Fatores como reestruturar o sistema de segurança no
país, quebra de paradigmas, endurecimento de leis, modernização dos equipamentos, nivela-
mento na formação, treinamento continuado, integração entre as instituições são pilares basila-
res e primordiais que devem ser empregados dentro de um plano estratégico.
Um dos pontos chaves do sucesso de grandes potenciais relaciona-se no engajamento
permanente da implementação de novos programas de policiamento, que tragam resposta ade-
quadas as inovações de combate aos novos modus operandi dos criminosos. Remodelar a ar-
quitetura do nosso rol de instituições policiais fazem parte da atualização e modernização do
próprio processo evolutivo da sociedade. No território brasileiro é emergente e crescente os
elementos relacionados com a delinquência, de modo que já alcançaram níveis nacional e trans-
nacionais. O reconhecimento da polícia especializada do sistema prisional se tornou uma das
pautas no Congresso Nacional, indo ao encontro dos anseios da sociedade. Neste mesmo sen-
tido, e com certa brevidade, busca-se a atenção do legislador no reconhecimento da polícia
municipal.
Figura 3- Atuação coordenada

Fonte: Ministério da Segurança Pública (2018)8

É interessante que no Brasil, sempre buscamos referencias de boas práticas em outros


países, contudo por questões históricas e corporativistas na segurança ainda mantemos um sis-

8
Ministério da Segurança Pública. XX Curso de Extensão em Defesa Nacional (2018). Consultado em 16 de
outubro de 2019.
tema engessado com debilidades que não atende de forma eficiente todas as demandas da soci-
edade. Os estudos difundidos por especialistas demonstram a nossa debilidade com estatísticas
são negativas e assustadoras que corroboram no engessamento do sistema nacional de segu-
rança. Assim sendo, devemos ter coragem para quebrarmos paradigmas e colocarmos em pra-
tica um sistema integral de segurança que traga qualidade e eficiência na prestação do serviço
público. Vivemos diante de inúmeras rupturas políticas, sociais, culturais e outras que nos tra-
zem a obrigação de atualizarmos nossa estrutura e sistema conforme as necessidades e trans-
formações da sociedade.
Dentre os objetivos do sistema nacional de segurança pública, destacamos os pontos a seguir o
primeiro encontra-se no combate a corrupção e suas debilidades morais e comportamentais que
estenderam a gravidade e declínio para todo o Estado brasileiro, frente aos desvios gigantescos
de recursos econômicos provocados pelas redes criminosas dos colarinhos brancos, segundo
ponto com a aprovação da polícia penal intensificar o combate das OrCrims dentro e fora do
sistema prisional, visto a ascensão de atores não estatais e suas nefastas consequências para a
população.
Como medida de combate as funções especializadas das redes criminosas dos colarinhos bran-
cos, sugerimos leis pesadíssimas de prisão, perda do cargo e a bem do serviço público, tendo
em conta ser gravíssima a traição, deslealdade com o povo, haja vista os desvios gigantescos
de recursos preciosos que poderiam ser aplicados nos problemas sociais da nação. Outra ques-
tão importantíssima a ser enfrentada é a quebra de paradigmas do jeitinho brasileiro que nos
últimos anos ficou evidente a troca de favores entre alguns membros de instituições distintas.
Como medida de combate aos integrantes de organizações criminosas como facções, milícias e
quadrilhas especializadas em roubos sugerimos também penas mais duras e regime disciplinar
diferenciado, bem como operacionalizar o sistema de segurança com a aprovação da polícia
penal, investimento em tecnologia de inteligência penitenciária, por ser um campo fértil com
gigantesco alciberg de informações escondidas. As especificidades das sofisticadas redes cri-
minosas requerem ações conjuntas e especialidades das forças de segurança dentro de um plano
estratégico do sistema nacional de segurança pública.
3 CONCEITOS DA SEGURANÇA PÚBLICA E PRIVADA

Ao começarmos a falar de conceitos da segurança, devemos iniciar pela nossa Consti-


tuição Federal de 1988, nossa Carta Maior, que diz em seu artigo 144 que a segurança pública
é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos e exercida para a preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, por intermédio da Polícia Federal, Po-
lícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpos
de Bombeiros Militares.9
De acordo com a CF/88, a segurança pública não é exercida somente pelos órgãos
estatais, mas responsabilidade de todo o cidadão, habitante ou morador que esteja em território
nacional. Fica expresso na constituição que todo o cidadão tem a autonomia para agir de ma-
neira conjunta com o Estado para que haja o equilíbrio entre a paz, segurança e preservação dos
direitos fundamentais. A segurança pública é a condição essencial para que a paz social seja
assegurada a cada indivíduo.10 O Estado é o principal garante, mas não o detentor exclusivo da
proteção e preservação das vidas, bens e dos patrimônios públicos e privados.
A segurança pública é um dever próprio e inalienável do Estado, que deve arbitrar os
meios necessários para salvaguardar liberdade, integridade, direitos e deveres para preservar a
ordem pública, assim como implementar políticas públicas que visem a assegurar e a fortalecer
a coesão social, dentro do Estado de Direito que possibilite o gozo e pleno exercício por parte
das pessoas dos direitos constitucionalmente consagrados.
A segurança pública é uma função desempenhada pelas instituições estatais, cujo ob-
jetivo é salvaguardar a integridade e os direitos das pessoas, bem como preservar as liberdades
públicas, a ordem e a paz, prevenção especial e geral dos crimes, sanção de infrações adminis-
trativas, investigação e repressão de crimes e a reintegração social dos condenados11.
Conforme as legislações vigentes tanto as forças públicas como as privadas executam
atividades de proteção preventiva de pessoas, bens e patrimônios, sendo as agências privadas
empregadas conforme autorização em lugares certos e determinados que podem ser em estabe-
lecimentos públicos ou privados. Já as forças públicas exercem as atividades de prevenção e

9
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.
10
PORTAL EDUCAÇÃO. Conceitos e definições de segurança pública. Disponível em: <https://www.porta-
leducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/conceitos-e-definicoes-de-seguranca-publica/61711>. Acesso
em: 01 ago. 2019.
11
MÉXICO. Gobierno de México. ¿Quiénes integran al Sistema Nacional de Seguridad Pública?. Disponível
em: https://www.gob.mx/sesnsp/acciones-y-programas/quienes-integran-al-sistema-nacional-de-seguridad-
publica>. Acesso em: 04 ago. 2019.
repressão de forma lato sensu em âmbito federal, estadual e municipal. Sendo as forças públi-
cas, os representantes do Estado, possuem a obrigação de garantir os direitos fundamentais das
pessoas, proteção à vida, aos bens e ao patrimônio em todo o território nacional. Incumbe ao
Estado através das suas forças de segurança públicas a responsabilidade pela manutenção da
ordem e segurança pública, salvaguarda de vidas e preservação da integridade física das pessoas
fora e dentro dos estabelecimentos prisionais.
Observamos que a segurança pública é um serviço lato sensu e deve alcançar todas as
pessoas sem distinção. Devido a isto, existe a expressão Polícia Geral, que atinge de forma
ampla variados campos e áreas de responsabilidade do Estado, podemos citar o policiamento
ostensivo Federal, exercido pela Polícia Rodoviária Federal, policiamento ostensivo Estadual
exercido pelas Polícia Militares, o policiamento investigativo federal exercido pela Polícia Fe-
deral, assim como o policiamento investigativo Estadual exercido pelas Polícias Civis. Con-
tudo, mesmo não estando até o presente momento no art. 144 da CF/88, podemos verificar que
existem outros tipos de policiamento que estão dentro do Sistema Único de Segurança Pública,
exercidos pelas instituições operacionais como os órgãos prisionais e das guardas municipais,
entes estatais de extrema relevância para a sociedade frente ao cenário atual.
A segurança pública é sistêmica e precisa ser maximizada para obtermos a eficiência
e resultados esperados no Estado. Os elementos envolvendo a segurança pública são tão amplos,
complexos e hostis que requerem o emprego de medidas conjuntas, corroboração e aproxima-
ção com a sociedade. Uma boa iluminação pública é algo importantíssimo, uma vez que traz
uma medida de segurança de prevenção que inibi possíveis ações criminosas. Contudo não só
violência, criminalidade e superlotação prisional são motores que agravam a segurança pública,
pois os sinistros, acidentes e resgates, dentre outros fatores estão ligados direta e indiretamente
nas ações dos agentes de segurança.
As atividades de prevenção da segurança privada cresceram muito nos últimos anos e
podemos verificar sua execução de forma patrimonial, orgânica, vigilância eletrônica, escolta
armada, transporte de valores, segurança pessoal privada, segurança em grandes eventos e ainda
de forma muito controvérsia a segurança em estabelecimentos prisionais, visto serem atividades
exercidas com poder de polícia típicas de Estado.12 Dito isto, entendo que as atividades como
controle de portarias de entrada e saída dos estabelecimentos prisionais não causaria distorções,
visto não haver contato e controle de presos o que é atividade de policiamento dos entes do
Estado.

12
BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Disponível em: <http://www.justica.gov.br/sua-segu-
ranca/seguranca-publica/orgaos-de-seguranca-1/conceitos-basicos>. Acesso em: 02 out. 2017.
Dentro dos conceitos de segurança podemos inovar destacando como emergente o sis-
tema prisional, como sendo um corpo policial da mais alta ordem que garanta a ordem e segu-
rança pública através da custódia e acompanhamento da execução da pena em todas as suas
fases, seja no regime fechado, semiaberto e aberto, incluindo a fiscalização das medidas caute-
lares como uso de tornozeleira, prisão domiciliar, entre outras medidas autorizadas por lei que
contribuam na reinserção social.13 Por meio de operações correcionais preventivas e repressivas
o corpo da policial penal salvaguarda, minimiza e controla com excelência a gigantesca popu-
lação carcerária. Mesmo com pouco efetivo empregado controlam diuturnamente eventos crí-
ticos que poderiam comprometer a manutenção da ordem e segurança pública.
Cabe destacar que o sistema prisional atua de forma híbrida e por isso, até hoje rece-
bem distorções históricas por falta de conhecimento, normativas e interesses que encontram-se
na obscuridade. Seus agentes exercem diuturnamente atividades policiais exclusivas de Estado
que refletem na proteção nacional da sociedade, comprovadas pela manutenção da ordem e
segurança pública na custodia de um universo gigantesco de presos, pela proteção e preservação
da sociedade, das vidas e integridade dos internos, visitantes, servidores, proteção dos bens
institucionais móveis e imóveis etc. Entendemos como um sistema híbrido pelo fato de seus
agentes públicos possuírem a delegação de execução de atividades “meio como fim”; o primeiro
é desenvolvido através das atividades essenciais de policiamento diário de preservação e ma-
nutenção da ordem, segurança e disciplina, já o segundo recai em um dos maiores desafios do
Estado, que é a reinserção do interno no seio da sociedade.
É difícil alcançarmos uma resposta correta do conceito ideal da segurança pública e
privada por se tratar de algo onde seus elementos são voláteis, amplos e complexos no ceio da
sociedade que encontra-se em constante transformação e com ideologias distintas. Indepen-
dente do modelo adotado podemos dizer com clareza, que a segurança pública é um sistema
que composto por órgãos distintos que juntos formam o corpo que deve ser conduzidos de forma
harmonia e integrada para o mesmo fim, que é a proteção da sociedade, visto que a falha de um
traz um sistema doente e debilitado. A globalização tem acelerado as constantes metamorfoses
na sociedade onde ora as condutas humanas são aceitáveis, ora são questionáveis ou condená-
veis e por estas e outras razões é que se fazem necessárias revisões e atualizações constantes
nas leis e conceitos das forças públicas e privadas.

13
COSTA RICA. Ministério da Justiça e Paz. República da Costa Rica. Dirección de la Policía Penitenciaria.
Disponível em: <https://www.mjp.go.cr/Dependencias/PP>. Acesso em: 29 jul. 2019.
4 PLANO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA

O mundo Pós-Guerra Fria trouxe o rompimento de muitas barreiras, terminou com


algumas alianças e direcionou outras entre os países, possibilitou avanços tecnológicos, assim
como aflorou inúmeros conflitos armados locais e regionais de baixa intensidade (Low Intensity
Conflict).14 A ideia de paz sempre foi ligada à ausência da guerra; no entanto, podemos ir
mais longe e conceituar que os atos de violência diária que se estabeleceram com o passar
do tempo tornaram-se uma guerra cotidiana.15 No que tange aos conflitos armados ocorridos
na América do Sul, podemos destacar os países da Colômbia e Brasil, devido às suas particula-
ridades que se dão principalmente pela dominância de territórios, monopólio do lucro da venda
de drogas e armas, prestações de serviços em comunidades dominadas por milícias, entre outras
especificidades.
Podemos dizer com propriedade que no Brasil os problemas envolvendo as OrCrims
não ficam mais adstritos aos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, em especial pelas demandas
de mercado que elevaram suas ações e negócios ilícitos para todo o território nacional incenti-
vados por vetores como a inércia do legislador, fragilidades das leis, impunidade, corrupção
generalizada, inversão de valores e enfraquecimento do Estado são alguns dos elementos con-
dicionantes ao afloramento criminal dentro e fora do sistema prisional.
Como exemplo citamos a fragilidade de comando e autoridade administrativa no ge-
renciamento do sistema prisional, correção que deve ser urgente dentro de um plano de segu-
rança lato sensu, pois são muitas as interferências institucionais que acabam extrapolando suas
funções, corroborando em confusão e desordem. Está confusão dificulta a aplicação de disci-
plina, padronização e operacionalização do sistema prisional, visto a interferência de inúmeras
instituições que dificultam em certa medida a execução das atividades. Está atenção exagerada
e corinho com que é direcionado aos presos está acima da luta dos problemas sociais em que
encontram-se as pessoas de bem, trabalhadoras, honestas, idosos e crianças, condições que nos
remete a inversão gritante de valores que fragilizam e influenciam no crescimento desregrado
das OrCrims, tendo em conta a sua proteção.

14
WIKIPÉDIA. Conflito de baixa intensidade - Low intensity conflict. Disponível em:
<https://pt.qwerty.wiki/wiki/Low_intensity_conflict. Consultado em 16 de agosto de 2019>. Acesso em: 19
ago. 2019.
15
ALVES Fernanda Mendes Sales. Segurança Pública e a Paz Social. Jus Brasil, 2016. Disponível em:
<https://fernandasales7583.jusbrasil.com.br/artigos/418886613/seguranca-publica-e-a-paz-social>. Acesso
em: 04 ago.2019.
Mesmo estando diante de um iceberg de problemas, com tragédias anunciadas e sofis-
ticação dos crimes, ainda assim observamos pouca cooperação entre algumas forças de segu-
rança no país, tendo em conta o corporativismo, exclusividade, vaidade e egoísmo, que são
problemas históricos que se prolongam há décadas em nossa sociedade. É triste falarmos disso,
mas nos últimos anos observarmos o quanto o sistema como um todo está contaminado por um
círculo vicioso que alcançou os mais variados escalões e instituições, assim como encontra-se
carregado por uma série de anomalias jurídicas, visto a mesma lei ter valores e julgados distin-
tos.
Estamos diante de uma realidade histórica, triste e encoberta por legisladores e autori-
dades que não querem enxergar ou fazem de conta que isso não existe, haja vista o corporati-
vismo e privilégios que alcança os mais variados poderes e escalões. Cabe ressaltar aqui o di-
tado que diz “colhemos aquilo que plantamos” serve perfeitamente nas questões que envolvem
a insegurança, desigualdades e modelo brasileiro adotado que privilegia poucos. Os exemplos
citados acima são apenas alguns dos elementos que devem ser enfrentados e corrigidos no Bra-
sil. Em se tratando da segurança visualizamos que nossas problemáticas são antigas onde algu-
mas já foram amenizadas em certa medida, mas ainda não atendidas de forma ampla e estraté-
gica dentro de uma política nacional de segurança pública, visto o sistema prisional e as guardas
municipais forças públicas importantíssimas dentro da sociedade brasileira ainda encontrarem-
se de fora do art. 144 da CF/88.
No art. 144 da CF/88 diz que a segurança pública é dever do Estado, direito e respon-
sabilidade de todos na preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patri-
mônio que elencou a polícia federal, a polícia rodoviária federal, a polícia ferroviária federal,
as polícias civis, polícias militares e corpos de bombeiros militares como sendo as instituições
responsáveis pela segurança há 30 anos atrás, quando o cenário era outro, perfil dos criminosos
e os crimes também. Entretanto, já se passaram mais de 30 anos e não observamos uma moder-
nização ampla e robusta que atendesse as transformações da sociedade. Dentro da esteira, da
evolução social ressaltamos as OrCrims que a cada dia ganham destaque nas manchetes dentro
e fora do sistema prisional, haja vista a sua organização e ousadia que tomaram proporções
gigantescas causando terror na sociedade.
A evolução social é constantemente e requer mudanças como aconteceu no art.226 da
Constituição Federal que diz que o Estado dará a proteção e reconhecerá a entidade familiar e
união estável entre homem e mulher. Contudo o rol taxativo expresso homem e mulher editados
em nossa constituição hoje é entendido como rol exemplificativo no qual não exclui a possibli-
dade de formar outros núcleos familiares. O Supremo Tribunal Federal enfrentou a matéria no
julgamento conjunto da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) n.º 4277 e da Arguição
de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n.º 132, e declarou constitucional a
equiparação da união estável entre pessoas do mesmo sexo, tendo em conta a evolução social.
Nesta mesma ótica de evolução social é urgente a equiparação dos agentes públicos do
sistema prisional e das guardas municipais com as demais forças públicas, pelo fato de estarem
revestidos de autoridades, por serem representantes do Estado e do Município quanto estão
executando suas atividades na manutenção ordem e segurança pública. Respeitando as particu-
laridades dos demais corpos de segurança e de forma grosseira a principal diferença só se aplica
por não estarem inclusos no art.144 da CF/88. De forma lato sensu, um plano de segurança
pública robusto deve englobar a união de esforços dos entes Federais, Estaduais e Municipais,
com a finalidade de salvaguardar a integridade física, preservação da vida, de bens, patrimônio,
produtos, da ordem pública, da paz, dos crimes, das sanções, da investigação e repressão dos
crimes, reintegração social da pessoa sentenciada, policiamento da execução da pena e suas
modalidades de medidas cautelares, como uso de tornozeleira, prisão domiciliar e outras.
Quadro 2 - Comparativo das forças de segurança

Polícia
Instituições Polícia Civil Sistema Prisional
Militar

Concurso público Sim Sim Em nível Estadual e Federal

Força Estatal Pública de Segu-


Força Estatal Sim Sim
rança dos Estados e Federal

Conduzem presos para júris, audi-


Escolta de presos Sim Sim ências, hospitais, transferências
intermunicipais e interestaduais.

São os principais responsáveis pela


custódia e policiamento da execu-
Custódia de presos Sim Sim
ção da pena e segurança dos inter-
nos

Diariamente realizam revistas es-


truturais, apreensões de materiais
ilícitos, buscas pessoais nos inter-
nos e visitantes, abordagem e de-
Revista e Aborda- tenção de indivíduos quando fla-
Sim Sim
gem grados cometendo crimes durante
o deslocamento nas escoltas, inter-
namente ou ao redor dos presídios.
Polícia
Instituições Polícia Civil Sistema Prisional
Militar

O artigo 301 diz: “Qualquer do


povo poderá e as autoridades poli-
ciais e seus agentes deverão pren-
der quem quer que seja encontrado
em flagrante delito” Obs.: Os agen-
tes penitenciários constantemente
Prisão Sim Sim detém em flagrante delito pessoas
que tentam entrar com ilícitos den-
tro das prisões ou que tentam ou jo-
guem materiais ilícitos para dentro
dos estabelecimentos prisionais.

Acompanham as diligências em in-


tegração com a Polícia Federal ou
Civil, nos mandados de prisão ou
de buscas e apreensão nas celas.
Coletam provas dos internos, fami-
liares e servidores. Executam dili-
gências junto TJ e MP, diligências
Diligências Sim Sim durante o acompanhamento e fis-
calização do cumprimento das me-
didas cautelares, como uso de tor-
nozeleira, prisão domiciliar e ou-
tras, fiscalização do trabalho, de
comprovação de endereços etc.

Sim, na maioria dos Estados, os


agentes penitenciários já possuem
porte funcional amparado por lei.
Porte de Arma Obs.: A PEC 372 da Polícia Penal,
Sim Sim irá corrigir falhas históricas, como
Funcional
a padronização da nomenclatura do
cargo, atribuições e outros.
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Há aproximadamente 30 anos, o legislador foi sucinto e econômico em elencar a polí-


cia federal, a polícia rodoviária federal, a polícia ferroviária federal, as polícias civis e militares
e corpos de bombeiros militares, pois eram as instituições que atendiam a segurança pública na
época da sua edição. Até 1990, a PRF era subordinada ao Departamento Nacional de Estradas
de Rodagem (DNER); com a publicação da Lei nº 8.028/199016, passou a fazer parte do Minis-
tério da Justiça.17 A inclusão da PRF no MJ foi uma modernização importante para a estrutura
da segurança pública no país.

Fluxograma 1 - Forças Públicas dentro da Estrutura Moderna

Polícia
Federal

Guarda Polícia
Municipal Rodoviária
Federal

Polícia
Polícia Civil MJSP Ferroviária
Federal

Sistema
Prisional DEPEN

Polícia
Militar

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Com a escalada vertiginosa do crime em nível federal, a segurança pública passou a


ter nova leitura, visto os desafios, riscos e ameaças patrocinados pelas OrCrims. Então temas
como a instabilidade nacional vieram à tona, fato que corroborou na aprovação de medidas
como a ampliação do plano estratégico lato sensu, ratificado no SUSP. Contudo, ainda existem
algumas debilidades pelo fato de certo engessamento dos aparatos públicos prisionais e das
guardas municipais ou guardas civis dentro do plano nacional. Diante do fenômeno criminoló-
gico verificamos que o nosso aparato policial encontra-se moldado dentro de um rol que fica a
quem da demanda apresentada no cenário do século XXI.

16
BRASIL. Lei nº 8.028, de 12 de abril de 1990. Dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos
Ministérios, e dá outras providências. Brasília, Diário Oficial da União, 13 abr. 1990.
17
Credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar medidas de segurança relativas aos serviços de remoção
de veículos, escolta e transporte de carga indivisível.
Para termos uma ideia o quanto as questões mudaram citamos o quantitativo da popu-
lação carcerária que em 1989 chegava a 90 mil presos em todo o país, no entanto 30 anos depois
alcançamos a marca aproximada de 800 mil18, então fica a pergunta por que a demora em mo-
dernizar a nossa arquitetura policial e reconhecer de direito a relevância das forças públicas
especializadas do Estado como os órgãos do sistema prisional, corpo híbrido revestido de auto-
ridade delegada para a manutenção da ordem segurança e disciplina, policiamento da execução
da pena, bem como a responsabilidade pela reinserção, no mesmo sentido de reconhecimento
incluímos as guardas civis e municipais que desempenham um trabalho com excelência em
prol da sociedade.
Dentro do contexto atual, podemos dizer que são dois corpos de segurança com ativi-
dades importantíssimas no tabuleiro de xadrez, visto somarem junção de esforços com as de-
mais forças de segurança na manutenção da ordem e da segurança pública. O fato de não serem
localizados expressos em nossa Carta Magna não reduz a sua importância para o povo, apenas
mostra a debilidade de nossa estrutura policial, descaso e inercia do legislador em modernizar
nossa estrutura de segurança. Existem inúmeros países onde o sistema prisional faz parte da
segurança pública como exemplo citamos a Lei Geral de Polícia nº 7.410, da Costa Rica, onde
está inclusa a Polícia Penitenciária, da Itália, que em 15 de dezembro de 1990, publicou a Lei
nº 395, que estabeleceu o Corpo de Polícia Penitenciária e também do Decreto nº 427 da Polícia
de Segurança e Custódia do Estadual de Baixa Califórnia do México dentre outros tantos países.
As questões relacionadas com a segurança pública no Brasil ganharam mais visibili-
dade diante do crescimento vertiginoso da criminalidade, pelas execuções em massa, pelas di-
retrizes impostas pelos criminosos, pelo terror proporcionado a sociedade etc. Tais constatações
são reforçadas pelos autogovernos dentro dos estabelecimentos prisionais, bem como pelo con-
trole das OrCrims de determinados. Vale ressaltar, que já existe pressa do legislador em mo-
dernizar a nossa estrutura policial em meio as rupturas socias, pois falta apenas a votação em
2º turno da PEC 372 da polícia penal, que reconhece de vez a responsabilidade pela custódia
de 800 mil presos, manutenção da ordem e disciplina, controle de crises, escoltas prisionais,
preservação de vidas, e proteção da sociedade.
Os laboratórios de estudos e pesquisas relacionados com a segurança tornaram-se te-
mas prioritários na contemporaneidade, por ter nascido a preocupação com os horrores pratica-
dos pelo homem, sua organização e sofisticação criminal. Debates que nos remete a conceitos

18
VARELLA, Dráuzio. Os demagogos do sistema penitenciário. You Tube, 14 fev. 2019. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=wDcu4HUGVz0>. Acesso em: 17 ago. 2019.
de segurança pública muito mais abrangentes, visto as questões criminais alcançarem uma série
de rupturas sociais, razões pelas quais fazem-se necessárias a inclusão do sistema prisional e
das guardas civis/municipais no art.144 da CF/88. Dada a abordagem não podemos nos furtar
de reconhecer dois corpos de segurança que encontram-se ombro a ombro junto com as demais
forças executando atividades de manutenção da segurança pública. O fato de não estarem ex-
pressas em nossa Carta Magna, não dá o direito de reduzi-las, mas sim identificar falhas. Esta-
mos falando de instituições centenárias que já estão mais do que inseridas dentro do sistema
nacional de segurança pública no país.

Figura 4 - Facções no Brasil

Fonte: Proscholdt; Rezende (2018).19

Para termos ideia da gravidade envolvendo a soberania e a integridade territorial dos


países, já se cogita mudanças de entendimento do papel das forças armadas no Brasil, bem
como em outros países das Américas do Sul e Central, conforme Coronel Adolf Jardim.20 O

19
PROSCHOLDT, Eliane; REZENDE, Lucas. Dossiê e investigações indicam plano do PCC para dominar o
Estado. Jornal A Tribuna, 03 set. 2018. Disponível em: <https://tribunaonline.com.br/dossie-e-investigacoes-
indicam-plano-do-pcc-para-dominar-o-estado>. Acesso em: 16 ago. 2019.
20
ADOLF, Jadim. O Suriname considera as redes criminosas transnacionais como o maior desafio de segurança.
Diálogo, Revista Militar Digital, Foro de las Américas, 19 ago. 2016. Disponível em: <https://dialogo-ame-
ricas.com/es/articles/suriname-sees-transnational-criminal-networks-biggest-security-challenge>. Acesso em:
17 ago. 2019.
crime organizado ultrapassou barreiras nacionais e há anos vem se alastrando e ditando regras
em determinados territórios dentro e fora do sistema prisional. De tal modo que devemos ter
uma nova leitura das atividades prisionais e das guardas municipais levando em conta o con-
texto gravíssimo que se apresenta e que todos estamos inseridos.

Figura 5 - Poderio bélico dos entes não estatais.

Fonte: Rede tv web mais21

Não podemos ser demagogos em achar que as atividades da segurança prisional e das
guardas civis/municipais não são relevantes, pois são profissionais com o mesmo valor que os
demais agentes de segurança que se encontram inclusos no art. 144 da CF/88. A doutrina a ser
empregada na segurança pública deve acompanhar as mudanças sociais do século XXI, visto a
sua amplitude e complexidade em que se apresentam os atores não estatais, que a cada dia se
mostram mais audazes, organizados e sofisticados. O quadro é preocupante e nos traz a neces-
sidade de buscarmos caminhos de modernização e aperfeiçoamento do sistema da segurança
pública, operacionalização e otimização dos recursos humanos, logísticos e tecnológicos para
que assim possamos alcançar os resultados esperados com a manutenção da ordem e segurança
pública. Estamos diante de elementos complexos ofertados por inúmeras OrCrims que preten-
dem estabelecer autogovernos para não dizer que já estabeleceram.

21
Tráfico reforça poderio bélico na Penha e Alemão para enfrentar o Exército. Publicado em 22 de agosto de 2018.
https://redetvwebmais.com/site/trafico-reforca-poderio-belico-na-penha-e-alemao-para-enfrentar-o-exercito/.
Consultado em 05 de outubro de 2019.
Quadro 3 - Forças operacionais da segurança estatal.

Polícia Federal Polícia Rodoviária Federal Polícia Ferroviária Federal

Departamento Penitenciário Federal Polícia Militar Polícia Civil

Bombeiro Militar Sistema Prisional Guarda Municipal

Fonte: Quadro elaborado pelo autor, imagens retiradas da internet (2019).

Dada a escassez de recursos humanos, financeiros e tecnológicos, dificilmente resol-


veremos o “iceberg” de problemas com a segurança, contudo para amenizarmos faz-se neces-
sário entramos nas raízes como os paradigmas institucionais. Não temos mais espaço para exe-
cutarmos em ilhas isoladas, um dos segredos do sucesso é estabelecermos a integração, coope-
ração consistente entre as forças públicas, bem como aprimorar as parcerias entre as forças
públicas e privadas conforme lei. Necessitamos de uma composição onde todos os esforços
devem ser concentrados de forma harmônica para o mesmo fim que é a manutenção da ordem
e segurança pública, restabelecendo a segurança e a paz, que foi rompida pela crescente violên-
cia e criminalidade.
Em 1995, durante o Governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, foi editada
a Medida Provisória 813, que criava a Secretaria de Planejamento de Ações Nacionais de Se-
gurança Pública (SEPLANSEG)22, trazendo uma nova engrenagem para o Ministério da Justiça.
Em 1997, essa Secretaria foi transformada em Secretaria Nacional de Segurança Pública (SE-
NASP), pelo Decreto 2.315, que delineava para o assessoramento ministerial, assim como im-
plementou uma política nacional de segurança pública com o acompanhamento dos órgãos de
segurança pública.23
Já em 1998, o Ministério da Justiça, criou uma nova estrutura organizacional, que ab-
sorveu a Secretaria Nacional de Direitos Humanos e a Secretaria Nacional de Justiça, que con-
tava com o Departamento Penitenciário Nacional, entre outros departamentos e secretarias. Em
2000, através da Medida Provisória 2.045-1, criou-se o Fundo Nacional de Segurança Pública,
assim como em 2000 foi publicado o Decreto 3.698/200024, que a princípio estabelecia um
Plano Nacional de Segurança Pública para os Departamentos de Articulação das Ações Polici-
ais Integradas e de Cooperação e de Articulação de Ações de Segurança Pública25 Em 2007,
evidenciamos a ampliação da Secretaria Nacional de Segurança Pública através da inclusão da
Força Nacional de Segurança Pública.
Já a Lei 11.530/200726 institui o Programa Nacional de Segurança Pública com Cida-
dania - PRONASCI -, no qual destacou a valorização e qualificação dos agentes de segurança
pública. Há pouco tempo, tivemos outro avanço com a publicação da Lei nº 13.675/201827, que
instituiu o Sistema Único de Segurança Pública - SUSP e criou a Política Nacional de Segu-
rança Pública e Defesa Social (PNSPDS). Dentre as novidades do SUSP, encontra-se o Minis-
tério da Justiça e Segurança Pública como o órgão central do sistema, gestão integrada das

22
BRASIL. Secretaria Nacional de Segurança Pública. A SENASP. Disponível em: <http://www.jus-
tica.gov.br/sua-seguranca/seguranca-publica/senasp-1/a-senasp>. Acesso em: 23 mar. 2019.
23
BRASIL Decreto nº 2.315, de 4 de setembro de 1997. Altera dispositivos do Decreto nº 1.796, de 24 de janeiro
de 1996, que aprova a Estrutura Regimental do Ministério da Justiça. Brasília, Diário Oficial da União, 05
set. 1997. [Revogado]
24
BRASIL. Decreto nº 3.698, de 21 de dezembro de 2000. Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demons-
trativo dos Cargos em Comissão e das Funções Gratificadas do Ministério da Justiça, e dá outras providências.
Brasília, Diário Oficial da União, 22 dez. 2000. [Revogado]
25
FOCHANE, Patrícia de Cássia Valério. Ciência e segurança pública: coprodução de conhecimento e de po-
lítica no Brasil. Universidade Estadual de Campinas, 2006. Tese (doutorado em Política Ciência e Tecnologia).
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP. p. 78- 90.
26
BRASIL. Lei nº 11.530, de 24 de outubro de 2007. Institui o Programa Nacional de Segurança Pública com
Cidadania - PRONASCI e dá outras providências. Brasília, Diário Oficial da União, 25 out. 2007.
27
BRASIL. Lei nº 13.675, de 11 de junho de 2018. Disciplina a organização e o funcionamento dos órgãos
responsáveis pela segurança pública, nos termos do § 7º do art. 144 da Constituição Federal; cria a Política
Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS); institui o Sistema Único de Segurança Pública
(Susp); altera a Lei Complementar nº 79, de 7 de janeiro de 1994, a Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001,
e a Lei nº 11.530, de 24 de outubro de 2007; e revoga dispositivos da Lei nº 12.681, de 4 de julho de 2012.
Brasília, Diário Oficial da União, 12 jun. 2018.
operações combinadas, operacionalização do sistema nacional de segurança, dentre outras mu-
danças que buscam corroborar na estabilidade nacional.
Dentre as propostas incluem-se a cooperação sistêmica no compartilhamento de infor-
mações e de inteligência nas esferas Municipais, Estaduais e Federais. Obs.: Dentre os órgãos
operacionais que compõem o SUSP, encontra-se o sistema prisional, visto o legislador ter identi-
ficado que a sua falta deixaria o sistema deficiente, incompleto e ineficaz, pelos fatos de serem
instituições com atividades típicas de Estado, encarregadas pela manutenção da ordem e segu-
rança, visto o controle e enfrentamento da criminalidade dentro de ambientes hostis, perigosos,
instáveis e com tensões naturais, carregados por uma grande gama OrCrims modernas, que pos-
sibilitam um universo gigantesco a ser explorado nas atividades de inteligência penitenciária.
Muitos entendem que o SUSP deveria ser encarado como um plano de Estado, e não
de Governo, esta visão está correta, tendo em conta a segurança pública ser contínua e perma-
nente. Era urgente um plano de segurança robusto que contemplasse nacionalmente a integração
e cooperação das forças de segurança estatais no país. É difícil até de acreditarmos, mas até
pouco tempo não possuíamos um plano nacional de tal monta que atendesse os anseios da so-
ciedade, hoje podemos dizer que no Brasil já possuímos pelo menos no papel. Contudo, ainda
é imprescindível superarmos algumas divergências corrigindo alguns paradigmas corporativis-
tas que dificultam o trabalho conjunto. Os problemas são históricos e complexos que se esten-
dem dentro e fora das instituições. Sem um plano concreto para atenuar as ingerências institu-
cionais continuaremos engessados e tendo os mesmos resultados por não haver na prática o
alinhamento real e necessário dentro da engrenagem da segurança nacional no país.
Mesmo com um governo cheio de altos e baixos, estamos no caminho certo com o
atual cenário político que respalda as suas mudanças pautadas na valorização dos valores.
Frente aos grandes desafios acreditamos que é questão temporal o alinhamento e cooperação
entre as forças públicas. Apesar disso é fundamental dentro de uma estratégia lato sensu, atua-
lizar o estatuto das empresas especializadas em segurança privada, assim como afinar as parce-
rias com as forças públicas estatais, dado o fato de serem mais um braço armado com atividades
de proteção da vida, de bens e do patrimônio. Ao citarmos está parceria vislumbrando um sis-
tema de segurança mais coeso já gera desconforto para alguns, visto os laços corporativistas e
ego gigantesco. Está parceria se comprova na Portaria nº 3.233/201228 da Polícia Federal, que
reconheceu a importância das atividades privadas e seu complemento na segurança pública.

28
BRASIL. Ministério da Justiça. Departamento de Polícia Federal. Portaria nº 3.233/2012-DG/DPF, de 10 de
dezembro de 2012. Dispõe sobre as normas relacionadas às atividades de Segurança Privada. Brasília, 10 dez.
Figura 6 - Engrenagem na segurança

Fonte: Elaborada pelo autor.

Por mais que sejam atividades particulares, não há como desmerecer a relevância e
contribuição de seus agentes na manutenção da ordem pública quando tocamos no assunto pre-
venção dos crimes, proteção da vida, patrimônio e dos bens. Como medidas urgentes enfatiza-
mos a atenção do legislador em aprovar o estatuto e leis que efetivem mecanismos e meios que
possibilitem a construção de parcerias entre as forças públicas e privadas. Está modernização
em nosso sistema encontra-se respaldo como nos elementos citados nesta pesquisa, ao verifica-
mos que tanto os agentes de segurança pública como os agentes privados encontram-se expostos
aos numerosos riscos e ameaças ofertadas pelas ações delituosas.
Seus agentes podem ser vistos executando atividades ostensivas nos carros fortes, escolta ar-
mada e segurança de dignitários, bem como na execução de atividades patrimoniais em bancos,
empresas, shoppings, instituições públicas, hospitais entre outros estabelecimentos. Como de-
mostrado as agências privadas executam múltiplas atividades que dentro de uma racionalidade
podem ajudar e muito os entes estatais, se dermos guarida iniciando pela modernização do seu
estatuto que trará avanços para a categoria assim como amparo nas parcerias que vislumbrem
a prevenção e proteção.
A era da informação e da tecnologia possibilitou avanços sociais importantíssimos, assim como
foi determinante ao estimular o aperfeiçoamento dos criminosos, fator que corroborou na ins-
tabilidade e insegurança da sociedade, haja vista a execução das sofisticadas investidas de cri-
minosos ou grupos de criminosos que vivem à sombra da legislação brasileira. Com esta evo-
lução nossas atividades saíram em certa medida era mecânica e entraram nas informatizadas o

2012. [Alterada pela Portaria nº 3.258/2013 – DG/DPF, publicada no D.O.U em 14/01/2013) (Alterada pela
Portaria nº 3.559, publicada no D.O.U. em 10/06//2013].
que possibilitou um campo de atuação silencioso e fértil para criminosos com conhecimento
especializado.

Figura 7 - Segurança privada

Fonte: Marcondes Jose 29.

Diuturnamente nos deparamos com notícias de redes criminosas que a princípio estabe-
leceram autos governos dentro e fora dos estabelecimentos prisionais apoiados por condições
favoráveis como a impunidade. A magnitude das ações delituosas dos grupos amados não es-
tatais, propiciaram a escalada de boa parcela dos crimes de homicídios, latrocínios, tráfico, nar-
cotráfico, ataques de piratas da internet, conflitos armados, guerras híbridas dentre outros deli-
tos hegemônicos no mundo. Para combatermos de forma efetiva esse mostro do crime organi-
zado que se agiganta e cria a cada dia estendendo suas redes criminosas, traz a necessidade
urgente de melhorarmos a operacionalização onde um dos alicerces deverá ser a cooperação e
junção de forças das forças de segurança que compõem o sistema nacional de segurança pública
no país, onde dentro desse planejamento estratégico macro deveria ser incluída o afinamento de
parcerias com as agências privadas.

29
Marcondes Jose. Blog Gestão de Segurança Privada. Empresas Especializadas em Segurança Privada.
5 SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO

O advento da tecnologia nos permitiu construirmos um volume gigantesco de infor-


mações pessoais, organizações e governos, trouxe agilidade e velocidade na tomada de deci-
sões, contribuiu na redução de distâncias através da invenção da internet e influenciou o cres-
cimento do mercado tecnológico desfrutado pelos mais variados setores da sociedade. Resumi-
damente a evolução tecnológica possibilitou um fluxo maciço de dados, informações e conhe-
cimentos, assim como trouxe consigo algumas contrapartidas, visto ter sido determinante na
especialização criminal da nova classe dos “piratas da internet”, que de forma sombria desen-
cadearam o afloramento epidêmico dos cibercrimes, ciberespionagem, ciberterrorismo, guerra
eletrônica, guerra hibrida, desinformação, entre outros.
Diante dessa evolução algumas instituições buscaram medidas de proteção como for-
malizar documentos jurídicos minuciosos como o contrato de confidencialidade devido à
grande gama de informações a que alguns profissionais possuem acesso. Trata-se de um acordo
firmando entre os profissionais e instituições com o intuito de reforçar a proteção de conheci-
mentos sigilosos.30 De forma macro ressaltando que segurança da informação não recai apenas
em sistemas informatizados, visto estendermos está blindagem para os projetos, produtos, sis-
temas de segurança, valores, patrimônio, dados pessoais, corporativos etc.
Sendo notório que, o contrato de confidencialidade não impede as investidas dos hac-
kers ou de outras redes criminosas que almejem furar sistemas de segurança, roubar senhas,
projetos, ideias, valores, dados pessoais, empresariais, institucionais etc. De qualquer forma,
mesmo que não impeça a ação de terceiros, o contrato de confidencialidade dentre outras nor-
mativas legais, de fato inibem e desencorajam as ações delituosas dos profissionais devido às
sanções e penalidades que a lei lhes impõe.
Redes criminosas ou indivíduos isolados buscam constantemente inovar suas ações
com o intuito de encontrar vulnerabilidades nos esquemas físicos e informatizados de segu-
rança, assim como procuram de certa forma corromper alguns funcionários, visto a habilidade
de persuasão e poder econômico adquirido ao longo do tempo na prática de delitos. Com os
avanços sociais hoje é possível pedirmos telê entregas dos mais variados tipos de comida, pagar
contas online, transferir dinheiro, falar com parentes e amigos do outro lado do mundo, moni-
torar indivíduos a distância etc. Devemos estar vigilantes com as metamorfoses ocorridas no

30
ADVOCACIA VITORELLO. Curso Jurídico Operacional. Disponível em: <https://advocaciavitorello.es-
colasuperiordeseguranca.com.br/ng/student/courses/juridico-operacional/lectures/aula-5/con-
tents/5c52fdc9cc2e0300255c92e5/forum>. Acesso em: 17 jul. 2019.
seio da sociedade, visto as ações de organizações de criminosas com tal sofisticação que nos
surpreendem a cada dia.
Figura 8 - Redes de computadores

Fonte: Universidade Tiradentes (2016)31

Os assuntos relacionados com a segurança da informação encontram-se em alta no


século XXI, por evidenciarem a cada dia uma dinâmica social que aprofunda os seus estudos
no combate aos crimes virtuais. Tais crimes cibernéticos tornaram-se uma epidemia que se agi-
ganta em larga escala nos crimes de roubos de dados pessoais, espionagem empresarial, acesso
a informações governamentais, invasão de redes de propaganda, vírus e outros tantos delitos
que já motivaram até mesmo a união de esforços de forças policiais em escala internacional
dada a sofisticação dos crimes. Os avanços tecnológicos propiciaram a descoberta de um am-
biente fértil de difícil monitoramento e controle por ser intangível ao expor seus usuários.32
Sabemos que nada é 100% seguro no ambiente informatizado quando uma das principais ca-
racterísticas dos delinquentes é a dinâmica comprovada no aperfeiçoamento delitivo.
Em 2017, nos deparamos com uma enxurrada de notícias veiculadas na esfera nacional
e internacional dando conta de que inúmeros computadores dos países da Rússia, Espanha,
México, Itália e Brasil e outros foram infectados por um vírus. A onda dos ataques afetou as
mais variadas organizações, inclusive hospitais e forças de segurança com proporções até então

31
Universidade Tiradentes. Redes de Computadores, um mercado cada vez mais próspero. Publicado em 14 de
julho de 2016. https://portal.unit.br/blog/noticias/19610/. Consultado em 19 de outubro de 2019.
32
INTERPOL Ciberespionagem: O futuro do mundo do crime. 01 set. 2015. Disponível em: <https://16minio-
nuinterpol2015.wordpress.com/page/3>. Acesso em: 26 jan. 2019.
inimagináveis.33 O fato que se deu em escala internacional exigiu esforços concentrados dos
países afetados devido à complexidade das investigações em identificar os “piratas” da internet.
Os estudos da ciência aplicada à segurança tornaram-se indispensáveis em tempos mo-
dernos, tendo em conta as mudanças de modus operandi das ações delitivas provocadas pelas
nuances das condutas humanas juntamente com o proveito da tecnologia moderna. Como me-
didas de combate e preservação dos dados, informações e conhecimentos busca-se o embasa-
mento em medidas já muito discutidas como o investimento em tecnologia moderna, especiali-
zação profissional, além da integração e soma de esforços dos entes públicos e privados, visto
serem essenciais tais parcerias para alcançarmos o sucesso na prevenção e proteção satisfatória
frente às ameaças e riscos. Nos últimos anos aumentaram as investidas dos hackers, razões estas
suficientes e prioritárias para aparelhamos as forças policiais assim como restringir o acesso de
tais criminosos a dados, informações e conhecimentos das instituições e empresas.
Portanto, investir em tecnologia moderna da segurança da informação, instalações físi-
cas adequadas e qualificação dos agentes de segurança são medidas necessárias e obrigatórias
dentro de um processo para alcançarmos o êxito no cumprimento da missão. Devemos lembrar
que mesmo com os avanços tecnológicos o recurso humano ainda é uma peça fundamental e
que deve estar engajada dentro da estratégia do plano de segurança. Com os ambientes socias
mudando a todo o instante, fica difícil mensurarmos o tamanho dos riscos e ameaças que ocor-
reram na zona zinca através dos meios informatizados, contudo ao estudarmos o terreno chega-
mos à conclusão que para alcançarmos os resultados esperados e sucesso na segurança da in-
formação devemos ter uma leitura ampla que comtemple a soma dos elementos humanos, tec-
nológicos e físicos para blindarmos em certa medida os vazamentos e assim restringir as ações
criminosas.

6 FORMAÇÃO E ESPECIALIZAÇÃO

33
VÍRUS usado em ataque mundial bloqueia arquivos e exige resgate. O Globo, 12 mai. 2017. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/economia/virus-usado-em-ataque-mundial-bloqueia-arquivos-exige-resgate-
21331165>. Acesso em: 17 ago. 2019.
Não precisamos ter um olhar clínico para identificarmos que a sociedade passou por
modificações significativas nas últimas duas décadas, haja vista ser perceptivo as questões tec-
nológicas, políticas, comportamentais, educacionais, criminais e em especial na segurança. Ci-
tamos em especial a segurança como um todo, que tenta adaptar suas ações, visto encontrar-se
engessadas nas normativas atreladas ao passado. Projetos e ideias já foram discutidos como o
ciclo único de polícia, carreira única, fusão de forças dentre outras que iriam inovar o nosso
sistema, entretanto não seria suficiente se persistirem a falta de segurança jurídica. Frente a
estas transformações sociais podemos citar o Projeto de Lei 4238/201234, da segurança privada
no qual reconhece o cargo de Gestor da Segurança Privada que vem para atender as necessida-
des do mercado.

Figura 9 - Formação técnica

Fonte: Sanar35

Com o intuito de atender as novas demandas proporcionadas por um mercado cres-


cente e volátil, as Universidades e Faculdades brasileiras começaram a criar e oferecer cursos
de graduação tecnológica em Segurança Pública e Privada, assim como desenvolveu inúmeras
especializações lato sensu voltadas para a área. Mesmo diante desse avanço educacional com a

34
BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei 4238/2012. Altera o art. 19 da Lei nº 7.102, de 20 de junho
de 1983, para dispor sobre o piso nacional de salário dos empregados em empresas particulares que explorem
serviços de vigilância e transporte de valores. Brasília, 20 jul. 2012. [Autor: Marcelo Crivella]
35
Sanar. Você sabe planejar os seus estudos? Aprenda agora. https://www.editorasanar.com.br/blog/euconcur-
sado-voce-sabe-planejar-os-seus-estudos-aprenda-agora. Consultado em 20 de outubro de 2019.
oferta de cursos acadêmicos, é baixa a procura por profissionais da segurança privada. Outro
ponto interessante que cabe salientar é que até o presente momento existe a carência de ofere-
cimento de cursos na modalidade stricto sensu na segurança privada, em razão, do alto investi-
mento nas mensalidades. Essa carência também pode ser encontrada em outras áreas pelas mes-
mas razões, mensalidades altíssimas e pela falta de cursos a distâncias que dificulta ainda mais
a procura.
O oferecimento dos cursos acadêmicos são uma conquista para a classe privada por
trazer diferenciais para os que buscam conhecimento na formação acadêmica, que desejam pro-
moções de diretores, gestores, consultores, especialistas, professores ou instrutores. Estes cur-
sos acadêmicos abriram portas para os profissionais de outras áreas que almejem trabalhar pro-
fissionalmente na segurança. Hoelbriegel36 entende que o grande problema existente no nível
superior em segurança privada é o descasamento entre o conteúdo ensinado e o que é esperado
do futuro gestor de segurança no mercado corporativo.
Para o Dr. Meireles, um dos problemas está no corpo docente, haja vista não haver
profissionais da segurança privada qualificados e especialistas suficientes na segurança privada
para atender as demandas, e devido a essa falta, o quadro de professores é formado por especi-
alistas da área da segurança pública.37 De forma alguma é tirado o mérito dos especialistas em
segurança pública, mas as disciplinas específicas da segurança privada deveriam ser ministra-
das por especialistas da própria área pelo fato de possuírem experiência, bagagem e expertise
para tal. O quadro composto por professores da própria categoria enriqueceria e muito as aulas
por possuírem propriedade e qualidade técnica para ministrarem o assunto.
A demanda por empresas especializadas em segurança privada cresceu exponencial-
mente nos últimos anos, tornando um campo fértil, e com crescentes oportunidades profissio-
nais que auxiliou na oferta de graduações e especializações acadêmicas. Contudo, mesmo que
ainda seja necessário melhorarmos algumas lacunas como o quadro de professores, planos pe-
dagógicos dos cursos acadêmicos, ainda assim é uma conquista valiosa para os agentes de se-
gurança privada, pois a formação, qualificação e especialização abre portas, reconhecimento e
dá credibilidade para aqueles que galgarem um diploma oficial de graduação reconhecido pelo
Ministério da Educação.

36
HOELBRIEGEL, Anderson Marcelo D’Alexandro. O Ensino Superior da Gestão de Segurança Privada:
Sinergia entre meio acadêmico e mercado corporativo. [Artigo]. Disponível em: <http://www.ceasbra-
sil.com.br/artigo1-anderson.pdf>. Acesso em: 04 nov. 2018.
37
MEIRELES, Nino Ricardo. Entrevista com o Professor Dr. Nino Ricardo Meireles. [Entrevista concedida
a André Anjos]. Escola SESC RJ, 02 jul. 2017. You Tube. Disponível em: <https://www.you-
tube.com/watch?v=w6s4fJqWpOQ>. Acesso em: 03 nov. 2018.
Em regra, os profissionais mais preparados e qualificados têm sempre as melhores
colocações e oportunidades no mercado de trabalho, já o profissional com baixa qualificação é
condicionado a aceitar em certa medida as exigências que o mercado de trabalho lhe oferece.
Para termos uma ideia da importância da formação acadêmica hoje a grande maioria dos con-
cursos públicos na área da segurança pública exige nível superior. No (PL4238/12) da segu-
rança privada que encontra-se em tramitação no Congresso Nacional, já existe a exigência de
nível superior para o cargo de Gestor de Segurança Privada, bastando apenas ser aprovado.

Figura 10 - Qualificação profissional

Fonte: Elondres (2003).38

Todos sabemos que a violência e a insegurança não são meras sensações, como tam-
bém sabemos que o Estado não consegue garantir sozinha a tranquilidade e segurança para a
sociedade. Razões que permitiu o crescimento gigantesco de profissionais das agências priva-
das que precisam ser geridos por especialistas de nível superior. A função do gestor contempla
uma das demandas do cenário atual que requer agentes qualificados e preparados para geren-
ciar, coordenar, analisar, controlar e executar operações de segurança com qualidade e eficiên-
cia. Estamos diante de uma sociedade complexa e volátil que nos cobra e aponta as nossas
mínimas falhas, portanto buscar conhecimentos nos deixa mais técnicos e corrobora em deci-
sões assertivas.

38
ELONDRES. Visto para Cursos de Graduação & Pós-Graduação. 20 nov. 2003. Disponível em:
<https://www.elondres.com/visto-para-cursos-de-graduacao-pos-graduacao/>. Acesso em: 23 dez. 2018.
Entendo que além da exigência de nível superior para o cargo de gestor de segurança,
também deveria haver a necessidade de um tempo mínimo de experiência na atividade de se-
gurança privada para assumir tal função, buscando evitar que pessoas que nunca trabalharam
na área venham ter cargos de comando sem experiência ou conhecimento de causa. De outro
modo, recompensaria e valorizaria os profissionais que já estão na labuta. De fato, alguns pro-
fissionais se destacam por diversas razões, pois não medem esforços para buscarem qualifica-
ção e especialização e pelos distintos conhecimentos técnicos adquiridos etc. Em princípio são
estes profissionais que galgam as melhores oportunidades por atenderem as exigências do mer-
cado.
A regra da qualificação técnica deveria ser válida para qualquer profissão seja pública
ou privada, respeitando as particularidades de cada profissão. Atualmente a regra que impera e
que mais vale quando falamos em cargos de comando e chefia na esfera pública é o da indicação
política e não o da competência. Podemos dizer que o QI, também se estende para a esfera
privada quando deixamos de reconhecer profissionais capacitados que abdicaram-se de seu
tempo para se qualificarem em prol da empresa. Profissionais preparados trazem resultados
mais expressivos e qualidade técnica para as instituições, empresas ou organizações a que per-
tencem. Os cursos acadêmicos nos permitem o aprofundamento dos conhecimentos, que nos
capacitanda e desenvolvermos as habilidades profissionais necessárias.
7 GESTOR DE SEGURANÇA PRIVADA

O aumento da violência e do travamento de conflitos armados são apenas uma pequena


parcela de tal monta dos delitos que repetidamente ocorrem em solo brasileiro. Como já demos-
trado neste trabalho, as redes criminosas desenvolveram capacidade para praticar ilícitos co-
muns e informatizados que em certa proporção são elementos que agravaram a instabilidade no
Brasil. A complexidade hoje apresentada no país se dá por uma série de rupturas que envolve
elementos sociais, corrupção generalizada, inversão de valores e outros como as mudanças no
modus operandi dos atores armados não estatais que encontram-se encravados no seio da po-
pulação.39 Diariamente nos deparamo-nos com a ventilação de notícias pelos mais variados
meios de comunicação, que deixam bem clara a complexidade ocasionada por “piratas” da in-
ternet, assim como pelos autogovernos desenvolvidas pelas OrCrims modernas atuantes em
solo brasileiro.

Figura 11 - Gestor de segurança

Fonte: Blog Gestão de Segurança Privada40

Os constantes avanços criminais no Brasil e no mundo requerem a atenção especial do


legislador e das autoridades, nas questões que corroborem na junção de esforços para a moder-
nização do rol das forças de segurança, atualização das leis e estatutos aperfeiçoando-os dentro

39
BRASIL. Secretaria Nacional de Segurança Pública – SENASP. Curso Introdução a Atividade de Inteligên-
cia, p. 16. Disponível em: <http://portal.ead.senasp.gov.br/academico/editoria-a/ementas/introducao-a-ativi-
dade-de-inteligencia-va.pdf/view>. 29 nov. 2017. Acesso em: 16 dez. 2018.
40
MARCONDES José. Blog Gestor de Segurança Privada. Gestor de Segurança Privada. O que é? O que faz?
Função, Salário, Perfil. Disponível em: <https://gestaodesegurancaprivada.com.br/gestor-de-seguranca-pri-
vada-2>. Acesso em: 22 set. 2019.
de uma estrutura de segurança pública nacional que atenda as demandas do cenário em que nos
encontramos.
Dentro de plano estratégico devemos potencializar o trabalho os esforços concentra-
dos para o mesmo fim que é a proteção da sociedade com a manutenção da ordem e segurança
pública. Como já demostrado nesta pesquisa existe uma emergência social que busca ações dos
nossos governantes com o intuito de aprovar mudanças concretas no campo das forças públicas
e privadas, haja vista os seus estatutos e leis encontrarem-se ultrapassados para a realidade bra-
sileira. Ao longo dos anos as redes criminosas fizeram do Brasil um palco ao aproveitar os
ambientes favoráveis para cometer seus delitos. O que trouxe para a gestão politíca atual a
emergente liquidez em modernizar um plano de segurança lato sensu, visto tais rupturas alça-
rem a todos na sociedade em especial cito os agentes responsáveis pela segurança e proteção
da vida, dos bens e do patrimônio.
Os atuais governantes eleitos no país já propiciaram certas mudanças no cenário bra-
sileiro, onde a sua bandeira ideológica encontra-se pautada com base nos valores. Tais mudan-
ças começaram pela reestruturação política, através da renovação do congresso, defesa de um
modelo político novo, economia liberal e quebras de paradigmas fatores necessários para a evo-
lução e crescimento do povo brasileiro. A composição dos ministros do primeiro escalão, que-
brou paradigmas históricos ao serem escolhidos para os cargos profissionais por critérios téc-
nicos e sem a interferência de partidos políticos.
Condições como competência técnica já eram debatidas em longa data na segurança
privada como demostrado no (PL749/07) que reconhecia o cargo de Gestor de Segurança Pri-
vada que exigia a graduação de nível superior em Tecnologia em Gestão de Segurança Privada,
posteriormente com o (PL3842/12) do estatuto da segurança privada diz que para exercer o
cargo de Gestor de Segurança Privada o profissional deve possuir nível superior em qualquer
área.
Possuir formação em Gestão em Segurança Privada e Segurança Patrimonial, entre
outras graduações especificas da área fazem o filtro e fortalece a classe. Entendo que a exigência
de nível superior deveria ser em área específica ou semelhante valorizaria mais este profissional
de tal monta. Um médico nunca vai poder exercer o cargo de engenheiro e vice-versa se não
estiver formação para tal. O gestor ganha um papel importantíssimo em meio as mudanças so-
ciais por ser o profissional que além de gerenciar determinado grupo será a autoridade que
estabelecerá o elo o canal técnico de interação com os demais departamentos de uma empresa,
bem como com as autoridades policiais.
Um bom gestor além de possuir experiência deve ter uma visão holística nas análises
de riscos, operações de segurança, planos de ação e planejamento estratégicos adequados para
cada caso concreto que podem visar a proteção da integridade física, da vida, do patrimônio, de
bens, atividades de inteligência, segurança da informação, da imagem e dos negócios da em-
presa. Este profissional assumi uma posição importante no mercado, visto os conhecimentos
que este especialista possuí.
A função de Gestor em Segurança já consta na Classificação Brasileira de Ocupações
(CBO) do Ministério do Trabalho e Emprego, com o código 2526-05.41 Contudo, é importante
salientar que a CBO não regulamenta as profissões, mas tem como finalidade identificar, clas-
sificar e atualizar as novas ocupações profissionais no mercado de trabalho. A regulamentação
de cada profissão deve ser realizada por meio de lei federal, onde o caso em questão se encontra
no Projeto Lei 4238/2012 parada no Congresso Nacional.
A própria CBO traz a descrição sumária das atividades do Gestor de Segurança, que
podem ser o gerenciamento das atividades de segurança em geral, elaboração de planos e polí-
ticas de segurança, análises de riscos, adoção de medidas preventivas e corretivas para proteger
vidas, patrimônio e restaurar as atividades normais de empresas, administração de equipes, co-
ordenação de serviços de inteligência empresarial, dentre outros como consultoria e assessoria,
haja vista a sua formação ser multidisciplinar.
Somos sabedores de que o Estado é o principal garantidor da paz e da segurança, mas
também é sabido de suas dificuldades em efetivar tal tranquilidade para a população. Por muitos
anos, observou-se a carência de colocar em prática um bom plano de segurança, pela falta de
aplicação de um planejamento lato sensu, desvios das finanças públicas, defasagem de materi-
ais humanos, falta de equipamentos tecnológicos e bélicos modernos são apenas algumas das
abarreiras enfrentadas pelas forças de segurança no país. Paralelo com a globalização surgiram
inúmeros atores não estatais que ultrapassaram as fronteiras elevando a violência, criminalidade
e a superlotação carcerária para dimensões até então inimagináveis.
As constantes falhas do Estado com à manutenção da segurança, fez com que nascesse
um mercado de trabalho gigantesco na segurança privada, segmento este que encontra-se em
constante evolução como se percebe pelo aumento de rol de atividades, aumento de efetivo,
qualidade técnica etc. Com a sua dimensão nacional, seu aparato precisa ser conduzido por
gestores de segurança qualificados visando a qualidade nas atividades de segurança pessoal,

41
INSTITUTO COTEMAR. Especialização em gestão de segurança privada amplia oportunidades no mer-
cado. [Blog] 06 abr. 2018. Disponível em: <https://blog.institutocotemar.com.br/gestao-de-seguranca-pri-
vada>. Acesso em: 23 dez. 2018.
patrimonial, informação etc. Sua presença é tão necessária que o próprio mercado já se encar-
regou de organizar cursos acadêmicos de nível superior. Dito isto, alguns gestores destacam-se
em meio aos seus pares por serem mais completos ao possuírem conhecimentos operacionais,
técnicos e administrativos. Outros se destacam pela soma dos conhecimentos jurídicos, tecno-
lógicos e científicos, o que também faz toda a diferença no mercado.
Hoje, as empresas que possuem um gestor de segurança com experiência terão em
certa medida mais tranquilidade, por possuírem em seu quadro funcional um profissional capaz
de assessorar diretamente o alto escalão, não precisando mais de terceiros para intermediar os
assuntos relacionados com a segurança. Este é um profissional moderno que estará em pé de
igualdade com os gestores das demais áreas. Basta movimentos sutis, claros, precisos, compro-
metidos e entregas contínuas para que algo se torne consistente e importante para a sociedade.42
O mundo mudou, e este profissional é uma das peças chaves e de grande relevância no contexto
atual.

42
PRATA, Rubens. As regras para fazer a diferença e ser visto no trabalho. Exame, 06 jul. 2017. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=5lms14g0E1k>. Acesso em: 12 nov. 2018.
7.1 Competências do Gestor de Segurança

• “A organização, gestão, inspeção e administração dos serviços e recursos de se-


gurança privada e pública;
• Gerenciamento das atividades de segurança em geral;
• Elaboração de planos e políticas de segurança;
• Coordenação dos serviços de inteligência privada e empresarial;
• Planejamento, organização, controle e implementação de medidas para identifi-
car, analisar, avaliar, prevenir e proteger as situações de risco e ameaças que pos-
sam afetar a vida, os bens e o patrimônio;
• Controle da operação e manutenção de sistemas de segurança privada;
• Assessoramento, consultoria e auditoria;
• Responsável pela integração com as autoridades das forças públicas etc.43”

43
UNIVERSIDAD EUROPEA MIGUEL DE CERVANTES – UEMC. Curso Avançado de Diretoria de Se-
gurança Privada. Disponível em: <http://www.uemc.es/p/objetivos-y-destinatarios-145>. Acesso em: 11 nov.
2018.
8 QUEBRA DE PARADIGAMAS

O aumento da insegurança e a elevação dos índices de criminais acenderam inúmeros


debates sobre a efetividade das ações de prevenção e repressão no que tange a manutenção da
ordem pública. Os acontecimentos diários nos demonstram que não será fácil vencermos a
guerra contra as redes criminosas enquanto não existir o fortalecimento dos valores éticos, mo-
rais e educacionais no tecido da população. Enquanto persistirem as desigualdades sociais, in-
versão de valores, corrupção generalizada, impunidade e paradigmas corporativistas encrava-
dos nas forças de segurança incorreremos nos mesmos resultados. Se não houver medidas para
mudanças concretas estaremos fadados ao fracasso, visto persistirem as mesmas problemáticas
que permitem certo afastamento das forças públicas permitindo a abertura de janelas gigantes-
cas de oportunidades para os criminosos.
Não é fácil falarmos de quebras de paradigmas, pelo fato de serem crenças limitantes
que fazem parte do cotidiano da vida do ser humano. Sendo que no âmbito da segurança a
existência de paradigmas são muito fortes. No próprio curso de formação alguns instrutores
pregam no início da carreira de um agente de segurança certas culturas que encontram-se en-
cravadas dentro de algumas corporações como sendo a melhor e única instituição que presta,
desmerecendo as demais forças. Diante do cenário complexo em que estamos vivendo, faz-se
necessário deixarmos de lado crenças históricas que até hoje não acrescentaram em nada44, ao
contrário, trouxeram uma série de elementos prejudicais como confusão, enfraquecimento, con-
flitos, afastamento, desunião etc.
Entre os paradigmas, não temos como deixar de citar a corrupção generalizada que se
instalou como uma epidemia contagiosa que alcançou instituições que até então eram respeita-
díssimas na sociedade. Não precisamos nos aprofundar muito no tema para entender que os
desvios de recursos econômicos é uma prática muito antiga, apenas encontravam-se na sombra.
Nos últimos alguns desvios gigantescos vieram à tona como um tsunami demonstrando a des-
lealdade de algumas autoridades e compromisso com o seu povo. Conforme investigações des-
cobriu-se que muitos dedicaram-se aos interesses próprios, partidários, corporativistas, eleva-
dos interesses dos barões que mesmo fora dos quadros públicos ditavam certas regras, normas

44
SBCOACHING. Paradigma: O que é, exemplos, conceitos e Definição. 16 out. 2019. Disponível em:
<https://www.sbcoaching.com.br/blog/paradigma>. Acesso em: 18 ago. 2019.
e decisões como foi demonstrado no caso dos desvios astronômicos da “lava jato”, que ganhou
destaque internacional pelo fato de ter sido a maior ação contra a corrupção no mundo45.
Se o mal da corrupção não for cortado pela raiz em todas as estâncias, não adiantará
de nada termos os melhores planos, projetos e dinheiro se não houver mudança de comporta-
mento e valores. Infelizmente, é triste falarmos disso, mas é uma realidade que deve ser com-
batida, pois o modelo brasileiro defendido a muito tempo privilegia certas classes em nosso
país. Através da nova leitura do cenário político, já observamos algumas quebras de paradig-
mas, que começaram pela renovação do Executivo, do Legislativo, assim como a composição
de um corpo técnico dos ministros do alto escalão que possuem o pensamento inverso de alguns
que se encontravam há muito tempo no comando do nosso país.
Com o cenário da política atual, é bem provável que as forças de segurança do país,
incluindo a parceria da segurança privada, tenham um papel mais expressivo na sociedade.
Sendo necessário para isso colocarmos em prática um sistema de segurança integral lato sensu
que contemple a cooperação e o alinhamento de todas as forças de segurança. Querendo ou não,
gostando ou não, devemos abordar as quebras de paradigmas de forma urgente, visto serem
necessárias para colocarmos os interesses da sociedade acima da exclusividade, privilégios,
ego, egoísmo e da soberba de alguns, se mudanças concretas não ocorrerem ficaremos pati-
nando sem sair do lugar e enfrentando os mesmos problemas.
Não existe uma instituição melhor ou pior, o que existe são órgãos com competências
distintas dentro de um corpo que é o sistema da segurança pública. Competi ao Estado organizar
os investimentos buscando o equilíbrio entre as forças. Estamos todos dentro do sistema único
de segurança pública onde a junção de esforços deve convergir para o mesmo fim que é a ma-
nutenção da ordem pública através da preservação de vidas, patrimônio, combate ao crime or-
ganizado com o intuito de garantir a paz e segurança pública para a sociedade.

45
WIKIPÉDIA. Polícia do Senado Federal. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADcia_do_Senado_Federal>. Acesso em: 18 ago. 2019.
9 USO DA INTELIGÊNCIA NAS EMPRESAS PRIVADAS

O presente estudo traz a importância do emprego das atividades de inteligência que há


muito tempo vem sendo o segredo de presidentes, governadores, autoridades e diretores de
grandes empresas e empreendedores bem-sucedidos. A contratação e treinamento de especia-
lista em atividades de inteligência há muito é um dos pontos chave que alavancaram grandes
potencias, visto entenderem que as tomadas de decisões assertivas e oportunas traria sucesso
para seus países. Dentre uma das estratégicas de grandes nações e empresas encontra-se o mo-
nitoramento permanente no cenário corporativo nacional e estrangeiro, nas questões ligadas a
segurança, inovações tecnológicas dentre outras tantas que são condições essenciais para a to-
mada de decisões oportunas.
Os analistas buscam permanentemente através do uso de metodologia específica, iden-
tificar riscos, ameaças, vulnerabilidades e oportunidades locais, regionais, nacionais até mesmo
em níveis internacionais. Através da coleta de dados internos e externos se produzem conheci-
mentos úteis, oportunos e assertivos para o tomador de decisão. O trabalho de inteligência é
muito útil pelo fato ser uma atividade que permite a constante vigilância nas mudanças da so-
ciedade, fator que traz destaque para esta atividade num mercado que se torna cada vez mais
exigente e competitivo.46 A globalização, desencadeou uma série de mudanças visíveis e volá-
teis nas sociedades razões estas suficientes para sairmos da zona de conforto e priorizarmos
investimentos em tecnologia moderna e qualificação profissional, visando a produção de co-
nhecimentos uteis, necessários e oportunos para a tomada de decisão.
O general Sun Tzu já dizia há mais de 2.000 mil anos: “Se você conhece o inimigo e
a si mesmo, não tema o resultado de cem batalhas. Se conhece a si mesmo, mas não ao inimigo,
para cada vitória sofrerá uma derrota. Se não conhece nem o inimigo nem a si, perderá todas as
lutas”.47 Em outras palavras, fazendo uma analogia á grosso modo utilizando a matriz SWOT,
dentro de um posicionamento estratégico, quando analisamos nossos pontos fortes, fracos, ame-
aças e oportunidades dentro do cenário em que estamos e que prospectamos.
Vivemos em um mundo, com ambientes cheios de incertezas, onde o que é bom hoje
poderá ser ruim amanhã, o que parece ser um problema hoje poderá se tornar em desespero no
dia seguinte, ou vice-versa: o que parece ser ruim hoje poderá se tornar uma oportunidade.

46
COSTA, Vicente. Mas afinal, o que é Inteligência Corporativa? Greenlamp Consultin, 17 dez. 2016. Dispo-
nível em: <https://www.greenlampconsulting.com.br/single-post/2016/12/15/Mas-afinal-o-que-e-inteligencia-
corporativa>. Acesso em: 19 jan. 2019.
47
CONFIRA as 12 lições do general Sun Tzu. NSZ Total, 21 out. 2013. Disponível em: <https://www.nscto-
tal.com.br/noticias/confira-as-12-licoes-do-general-sun-tzu>. Acesso em: 25 mai. 2019.
Instituições públicas e privadas que se prezam buscam por profissionais qualificados e especi-
alizados. Contudo na esfera pública o que impera muita das vezes é o QI, apadrinhamento,
indicação política o que em certa medida não é diferente em certos casos da privada. Pegando
como exemplo a área privada, citamos o gestor de segurança que poderá ser o chefe ou até
mesmo o analista de inteligência, visto possuir experiência e especializações para assessoria
técnica. Em tempos modernos, não é um privilégio possuir profissionais de tal gabarito, mas
sim uma necessidade de sobrevivência num mercado que se encontra, a cada dia mais exigente,
competitivo e voraz.
Cabe destacar que possuir profissionais especializados no quadro funcional não é no-
vidade pra ninguém, tendo em conta ir ao encontro das exigências do mercado. O gestor de
segurança privada, a meu ver, é um dos profissionais que encontra-se apto a comandar e coor-
denar um departamento, divisão, seção ou agência de inteligência empresarial, de segurança,
de inteligência privada etc. Independente da nomenclatura, o que se busca aqui é a formação,
especialização e experiência profissional.
Cito os gestores de segurança por possuírem mais tempo de estrada, especializações
em segurança, segurança da informação, inteligência e outras de tal monta que lhes trazem
diferenciais como profissionais. Por semelhança podemos citar, os militares das forças de de-
fesa, dos agentes públicos das forças de segurança que se especializam em diferentes áreas para
atender as demandas profissionais de suas instituições, fatos estes que na segurança privada
isso não é diferente. Além dos conhecimentos em área da segurança propriamente dito, alguns
profissionais buscam outros complementos que agregam valor em suas carreiras. Não existe
mais espaço para o amadorismo e aventureiros seja qual for o ramo do negócio, pois os tempos
são outros.
Quem detém o conhecimento sai na frente, no entanto, não basta apenas deter o co-
nhecimento, mas sim saber trabalhá-lo e aplicá-lo de forma correta para obter sucesso no pro-
cesso decisório. Nos registros históricos da humanidade, a utilização da atividade de inteligên-
cia serviu para prover aos governantes as informações necessárias que permitiram a tomada de
decisão, no campo político, econômico, militar, policial, prisional e outros.48Ao falarmos em
inteligência, falamos de informações sensíveis e restritas, que podem envolver sistemas de se-
gurança, dados pessoais, empresariais, produtos, tecnológicos, ideias, projetos etc.

48
BRASIL. Secretaria Nacional de Segurança Pública – SENASP. Curso Introdução a Atividade de Inteligên-
cia, p. 5-18. Disponível em: <http://portal.ead.senasp.gov.br/academico/editoria-a/ementas/introducao-a-ativi-
dade-de-inteligencia-va.pdf/view>. 29 nov. 2017. Acesso em: 20 dez. 2019.
É extremamente importante dentro de um contexto de inteligência empresarial ou na
inteligência privada sejam difundidas as diretrizes, planos e medidas de alcance amplo e inte-
grado que corroborem na proteção dos bens tangíveis e intangíveis, multiplicação da cultura de
inteligência que possibilite a produção de conhecimentos assertivos para a tomada de decisão.
A cultura de inteligência dentro de uma empresa permite que haja a antecipação de cenários,
sejam eles de ameaças ou de oportunidades, possibilita o alinhamento e colaboração perma-
nente entre os departamentos. Dentro da política aplicada deve estar inserida a cultura integra-
tiva e colaborativa que são válidas tanto para os órgãos que compõem a segurança pública como
para os privados, pelo fato de intensificar o alinhamento na troca de dados, informações e co-
nhecimentos entre agências de inteligência dos entes estatais e empresariais.

Figura 12 - Inteligência empresarial

Fonte: Security College US.49

Sabemos que na estrutura de toda e qualquer instituição, organização ou empresa en-


globam diversos departamentos, e para que o plano de segurança e inteligência funcione com
qualidade e eficiência deve-se começar pela análise do próprio departamento de recursos hu-
manos ao recrutar um novo colaborador, pois este novo funcionário irá trabalhar em áreas que
considero sensíveis pela gama de informações recebidos na segurança, produção, logística, ges-
tão de pessoas, financeira. Independente da nomenclatura utilizada no departamento de inteli-
gência privada, entendo como pertinente que toda a contratação passe pela análise da inteligên-
cia, seguindo um fluxo de colaborativo e alinhamento entre os departamentos estratégicos.

49
SECURITYCOLLEGE.US. Curso Inteligência Econômica Empresarial. Disponível em: <http://www.securi-
tycollege.us/inteligenciaeconomica.html>. Acesso em: 23 jul. 2019.
Não existe uma fórmula mágica, pois cada empresa organiza sua estrutura interna da
forma que lhe couber. As atribuições de um departamento de inteligência são muito amplas por
exercerem uma gama de atividades especializadas que requerem o tratamento adequado para a
produção de conhecimentos úteis e oportunos. Para que isso ocorra é de suma importância criar
um sistema entre os departamentos que permita a integração dos gestores de cada área. As ati-
vidades de inteligência podem ser moldadas segundo o plano e interesse da empresa, podendo
ter com foco em áreas temáticas como a inteligência da informação, segurança, competitiva,
financeira, marketing, comercial, social e outros ramos pertinentes e estratégicos para a orga-
nização.
10 MONITORAMENTO ELETRÔNICO

Podemos dizer que tanto os Centros Integrados de Comando e Controle (CICC), como
as centrais de videomonitoramento (CV), possibilitaram cidades mais inteligentes, tendo em
conta a aplicação de tecnologia moderna que vieram a somar com os profissionais especializa-
dos em vigilância eletrônica. Contudo, mesmo com atividades semelhantes de vigilância ele-
trônica, existem algumas diferenças entre o setor público e o privado: o primeiro é composto
por entes estatais, e o segundo, por agentes privados das empresas especializadas em segurança
privada. Segundo ponto diferenciam-se pela sua amplitude, pois o primeiro desenvolve macros
atividades, enquanto o segundo desenvolve microatividades locais.

Figura 13- Centro integrado

Fonte: Site governo (2015)50

Em termos gerais, os Centros Integrados de Comando e Controle e as Centrais de Vide-


omonitoramento desenvolvem atividades de proteção e prevenção públicas. Os Centros Integra-
dos representam o Estado são responsáveis pela vigilância total, inibem crimes, identificam cri-
minosos, acidentes de trânsito, desastres e outras emergências. Já as centrais privadas são locais,
direcionadas para a prevenção e proteção de clientes particulares podendo ser pessoas físicas ou
jurídicas. Podemos também observar diferença na visibilidade das câmeras, as utilizadas pelas
forças públicas normalmente possuem mais visibilidade, diferentemente das centrais privadas que

50
Brasil 247. Governo anuncia criação de centros integrados de segurança. Publicado em 19 de setembro de 2015.
https://www.brasil247.com/brasil/governo-anuncia-criacao-de-centros-integrados-de-seguranca. Consultado em
20 de outubro de 2019.
a princípio, utilizam câmeras discretas, minicâmaras instaladas em empresas, hospitais, shop-
pings, farmácias, prédios, casas etc.

Figura 14 - Centrais de vigilãncia

Fonte: Seguridad SEAT51

A tecnologia moderna utilizada por empresas privadas vem ajudando e muito na iden-
tificação de indivíduos que cometeram crimes de homicídios, latrocínios, roubos de carro,
banco, pessoas52. Devemos fomentar a parceria entre as forças públicas e privadas através da
integração dos meios tecnológicos e humanos, que visem a coleta de imagens e vídeos das
câmeras de vigilância que auxiliaram e muito no êxito das investigações policiais, nas ativida-
des de inteligência policial e privada. Uso da tecnologia aponta resultados positivos na elucida-
ção de crimes através da identificação de criminosos, permiti o aumento das bases de dados
integradas, programas de reconhecimento e análises avançadas de informações.53 As empresas
privadas possuem grande relevância social não só pelo motivo de auxiliarem na segurança pú-
blica, mas por gerarem empregos, economia e investimentos para o crescimento do país.

51
SEAT. Como elegir las cámaras de seguridad para un Circuito Cerrado de Televisión, CCTV. https://seguri-
dadseat.com/cctv.html. Consultado em 20 de outubro de 2019.
52
NOVAS regras de monitoramento por câmeras de segurança. Revista Segurança. Disponível em: < http://re-
vistaseguranca.com.br/novas-regras-de-monitoramento-por-cameras-de-seguranca>. Acesso em: 24 fev. 2019.
53
A IMPORTÂNCIA do uso da tecnologia contra o crime. | SEGURANÇA | Diante de crise na segurança pública
local e nacional, investimentos em tecnologias contra o crime têm se tornado opção na área pública. O Povo,
04 jun. 2018. Disponível em: <https://www.opovo.com.br/jornal/reportagem/2018/06/a-importancia-do-uso-
da-tecnologia-contra-o-crime.html>. Acesso em: 27 jul. 2019.
11 CONCLUSÃO

Estamos diante de tempos difíceis marcados por uma série de rupturas sociais que ao
longo dos anos permitiram as instabilidades e tensões em níveis regionais, nacionais e até
mesmo mundial proporcionadas principalmente pelas ações e condutas humanas do homem,
focadas na dominância, guerra de poder, interesses políticos, corrupção generalizada, proble-
mas sociais, criminalidade e outros elementos que nos remeteram para ambientes cada vez mais
complexos, hostis e desafiadores para a sociedade. Está gravidade afeta em especial os agentes
responsáveis pela aplicação da lei pelo fato de estarem diuturnamente enfrentam atores armados
audazes e astutos que não medem esforços para colocar à prova os sistemas de segurança das
instituições públicas e privadas. Dentro da era da informação encontram-se os avanços tecno-
lógicos que trouxeram grandes avanços para a humanidade ao encurtar distâncias, otimização
dos trabalhos e permitiu cidades mais inteligentes. Em contra partida corroborou na sofisticação
dos delitos virtuais, tendo em vista o fluxo gigantesco de dados, informações e conhecimentos
compartilhados em redes que elevaram as ameaças, riscos e vulnerabilidades para outros pata-
mares. Cabe enfatizar que as transformações na humanidade nos direcionaram para uma série
de ambientes instáveis e turbulentos que nos remeteram para teatro de operações pulverizados
por atores armados não estatais especializados em diferentes delitos. Os fatos são reais, notórios
e nos mostram a gravidade do terreno em que estamos e que requerem movimentos consistentes
dos legisladores, governantes e autoridades, iniciando pela necessidade de redesenharmos nossa
estrutura da segurança pública no país, bem como colocarmos em prática o plano nacional de
segurança pública que contemple de fato a cooperação, alinhamento, troca de informações, for-
talecimento das atividades de inteligência, qualificação profissional etc. Não avançaremos
como exemplo de nação se o mal não for cortado pela raiz, e se as ações não forem pautadas
pelos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência juntamente
com os valores familiares, éticos e morais. Só obteremos êxito e sucesso na manutenção da
ordem e segurança pública e paz social no país, se todos remarem o barco para o mesmo lado,
senão estaremos fadados ao fracasso e obtendo sempre os mesmos resultados. Dispomos de
muitas riquezas em solo brasileiro, possuímos profissionais qualificados e só não estamos entre
os países do topo da pirâmide, devido a muitos estarem vendendo a nossa nação, adquirido
qualidades negativas como deslealde, falsidade, egoísmo, soberba dentre outras que acarreta-
ram nas sombrias problemáticas como os privilégios, exclusividade, corrupção generalizada,
problemas sociais, insegurança etc. Este trabalho sugere o remodelamento do sistema segurança
pública, tendo em conta estar incompleto, insuficiente e incapaz por não atender com qualidade
e eficácia todas as demandas e anseios da sociedade. Dentro da nova arquitetura que se faz
urgente busca-se a inclusão do sistema penitenciário e das guardas municipais no art. 144 da
Constituição Federal de 1988. De forma que a inclusão dos entes estatais acaba com o descom-
passo e distorções históricas e reconhece de vez a notoriedade dessas duas forças dentro do
Sistema Nacional de Segurança Pública. Alguns especialistas sempre citam a Europa como
exemplo, mas esquecem de citar as particularidades encontradas em solo brasileiro. Temos que
buscar identidade própria organizando nossa estrutura de segurança pública para atender os
nossos anseios que são distintos de outros países. É notória que a fragilidade do Estado abriu
janelas para os oportunistas como os grupos criminosos que levantaram-se dispostos a rompe-
rem a soberania do Estado aproveitando-se dos inúmeros benefícios que a lei lhes garante. Não
podemos só criticar, pois já tivemos importantes avanços na segurança pública, como a criação
da Força Nacional (FN), Força Tarefa de Intervenção Federal (FTIP), Sistema Único de Segu-
rança Pública (SUSP), dentre outras questões como os Centros Integrados de Comando e Con-
trole (CICC), que são valiosos para a segurança no país. Nesta mesma ótica, citamos a segu-
rança privada que também teve alguns avanços relevantes com a autorização das novas atribui-
ções que expandiu ainda mais suas atividades no território nacional. Entretanto, ainda são insu-
ficientes pelo fato de até o presente momento o legislador não ter aprovado o novo estatuto da
categoria que traz mudanças importantes como o reconhecimento do cargo de Gestor de Segu-
rança, aumento da escolaridade e outros elementos que valorizam a carreira. A segurança pri-
vada ampliou muito nos últimos anos, o que lhes deu mais visibilidade no tabuleiro de xadrez,
visto o seu imenso aparato humano, logístico e tecnológico que demostra a sua grandeza e im-
portância frente ao cenário complexo de insegurança. É necessário que homens corajosos deem
o primeiro passo para que mudanças importantes sejam efetivas como as quebras de paradig-
mas. Canalizar esforços na integração das forças públicas e melhorar a aproximação dos gesto-
res públicos e privados trará sem dúvida parcerias positivas na operacionalização das atividades
de segurança dentro do território brasileiro. Algumas forças no país operam como ilhas, tendo
em vista não haver um alinhamento adequado, elemento cultural que deve mudar para alcan-
çarmos os resultados esperados. O cenário não era dos melhores, pois estávamos indo em dire-
ção a uma mexicanização em território brasileiro, tendo em vista a complexidade e organização
dos criminosos que ultrapassaram as barreiras transnacionais. O futuro é incerto e cheio de
surpresas, riscos e ameaças, contudo com a aplicação de estratégias que contemplem a todos
dentro do sistema de segurança melhoraremos a manutenção da segurança pública. Em termos
gerais, ao falarmos em segurança no século XXI, falamos de um plano lato sensu de alcance
nacional e integrado por todas as forças de segurança no país, sejam elas de defesa, públicas ou
privadas. Essa é a hora das mudanças, e algumas relevantes já estão ocorrendo no atual governo,
como na formação, qualificação, treinamento, modernização dos equipamentos, investimento
em inteligência, forte alinhamento dos líderes na aprovação da Polícia Penal dentre outras pro-
jetos que buscam atender as demandas do povo. Contudo, mesmo que algumas mudanças gerem
desconfortos, são necessárias para aperfeiçoarmos a gestão e operacionalização dentro do sis-
tema de segurança, juntos somos fortes para o progresso do país.
REFERÊNCIAS

A IMPORTÂNCIA do uso da tecnologia contra o crime. | SEGURANÇA | Diante de crise na


segurança pública local e nacional, investimentos em tecnologias contra o crime têm se tornado
opção na área pública. O Povo, 04 jun. 2018. Disponível em: <https://www.opovo.com.br/jor-
nal/reportagem/2018/06/a-importancia-do-uso-da-tecnologia-contra-o-crime.html>. Acesso
em: 27 jul. 2019.

ADOLF, Jadim. O Suriname considera as redes criminosas transnacionais como o maior desa-
fio de segurança. Diálogo, Revista Militar Digital, Foro de las Américas, 19 ago. 2016. Dis-
ponível em: <https://dialogo-americas.com/es/articles/suriname-sees-transnational-criminal-
networks-biggest-security-challenge>. Acesso em: 17 ago. 2019.

ADVOCACIA VITORELLO. Curso Jurídico Operacional. Disponível em: <https://advoca-


ciavitorello.escolasuperiordeseguranca.com.br/ng/student/courses/juridico-operacional/lectu-
res/aula-5/contents/5c52fdc9cc2e0300255c92e5/forum>. Acesso em: 17 jul. 2019.

ALVES Fernanda Mendes Sales. Segurança Pública e a Paz Social. Jus Brasil, 2016. Disponí-
vel em: <https://fernandasales7583.jusbrasil.com.br/artigos/418886613/seguranca-publica-e-a-
paz-social>. Acesso em: 04 ago.2019.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei 4238/2012. Altera o art. 19 da Lei nº 7.102,
de 20 de junho de 1983, para dispor sobre o piso nacional de salário dos empregados em em-
presas particulares que explorem serviços de vigilância e transporte de valores. Brasília, 20 jul.
2012. [Autor: Marcelo Crivella]

Brasil 247. Governo anuncia criação de centros integrados de segurança. Publicado em 19 de


setembro de 2015. https://www.brasil247.com/brasil/governo-anuncia-criacao-de-centros-inte-
grados-de-seguranca. Consultado em 20 de outubro de 2019.

Branco Pedro. Teoria e Debate. O jogo político da intervenção federal. Publicado em 21 de


março de 2018. https://teoriaedebate.org.br/2018/03/21/o-jogo-politico-da-intervencao-fede-
ral/. Consultado em 05 de outubro de 2019.

______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:


Senado, 1988.

______. Decreto nº 3.698, de 21 de dezembro de 2000. Aprova a Estrutura Regimental e o


Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções Gratificadas do Ministério da
Justiça, e dá outras providências. Brasília, Diário Oficial da União, 22 dez. 2000.

______. Decreto nº 9.288, de 16 de fevereiro de 2018. Decreta intervenção federal no Estado


do Rio de Janeiro com o objetivo de pôr termo ao grave comprometimento da ordem pública.
Brasília, Diário Oficial da União, 16 fev. 2018. Acesso em: 12 jan. 2019. Revogado pelo De-
creto nº 9.917, de 18 de julho de 2019. Declara a revogação, para os fins do disposto no art. 16
da Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998, de decretos normativos. Brasília, Diá-
rio Oficial da União, 19 jul. 2019.

______. Lei nº 8.028, de 12 de abril de 1990. Dispõe sobre a organização da Presidência da


República e dos Ministérios, e dá outras providências. Brasília, Diário Oficial da União, 13
abr. 1990.

BRASIL. Lei nº 13.675, de 11 de junho de 2018. Disciplina a organização e o funcionamento


dos órgãos responsáveis pela segurança pública, nos termos do § 7º do art. 144 da Constituição
Federal; cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS); institui o
Sistema Único de Segurança Pública (Susp); altera a Lei Complementar nº 79, de 7 de janeiro
de 1994, a Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001, e a Lei nº 11.530, de 24 de outubro de
2007; e revoga dispositivos da Lei nº 12.681, de 4 de julho de 2012. Brasília, Diário Oficial da
União, 12 jun. 2018.

______. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Disponível em: <http://www.jus-


tica.gov.br/sua-seguranca/seguranca-publica/orgaos-de-seguranca-1/conceitos-basicos>.
Acesso em: 02 out. 2017.

BRASIL. Secretaria Nacional de Segurança Pública – SENASP. Curso Introdução a Ativi-


dade de Inteligência, p. 16. Disponível em: <http://portal.ead.senasp.gov.br/academico/edito-
ria-a/ementas/introducao-a-atividade-de-inteligencia-va.pdf/view>. 29 nov. 2017. Acesso em:
16 dez. 2018.

______. ______. A SENASP. Disponível em: <http://www.justica.gov.br/sua-seguranca/segu-


ranca-publica/senasp-1/a-senasp>. Acesso em: 23 mar. 2019.

CONFIRA as 12 lições do general Sun Tzu. NSZ Total, 21 out. 2013. Disponível em:
<https://www.nsctotal.com.br/noticias/confira-as-12-licoes-do-general-sun-tzu>. Acesso em:
25 mai. 2019.

COSTA RICA. Ministério da Justiça e Paz. República da Costa Rica. Dirección de la Policía
Penitenciaria. Disponível em: <https://www.mjp.go.cr/Dependencias/PP>. Acesso em: 29 jul.
2019.

COSTA, Vicente. Mas afinal, o que é Inteligência Corporativa? Greenlamp Consultin, 17 dez.
2016. Disponível em: <https://www.greenlampconsulting.com.br/single-post/2016/12/15/Mas-
afinal-o-que-e-inteligencia-corporativa>. Acesso em: 19 jan. 2019.

ELONDRES. Visto para Cursos de Graduação & Pós-Graduação. 20 nov. 2003. Disponí-
vel em: <https://www.elondres.com/visto-para-cursos-de-graduacao-pos-graduacao/>. Acesso
em: 23 dez. 2018.

FACHANE, Patrícia de Cássia Valério. Ciência e segurança pública: coprodução de conhe-


cimento e de política no Brasil. Universidade Estadual de Campinas, 2006. Tese (doutorado em
Política Ciência e Tecnologia). Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP.
FORNAZIERI Aldo. O terrorismo e a fabricação da “verdade” ocidental. Publicado em 12
de janeiro de 2015. https://jornalggn.com.br/artigos/o-terrorismo-e-a-fabricacao-da-verdade-
ocidental-por-aldo-fornazieri/. Consultado em 04 de outubro de 2019.

HOELBRIEGEL, Anderson Marcelo D’Alexandro. O Ensino Superior da Gestão de Segu-


rança Privada: Sinergia entre meio acadêmico e mercado corporativo. [Artigo]. Disponível
em: <http://www.ceasbrasil.com.br/artigo1-anderson.pdf>. Acesso em: 04 nov. 2018.

INSTITUTO COTEMAR. Especialização em gestão de segurança privada amplia oportu-


nidades no mercado. [Blog] 06 abr. 2018. Disponível em: <https://blog.institutocote-
mar.com.br/gestao-de-seguranca-privada>. Acesso em: 23 dez. 2018.

Instituto Brasileiro de Segurança Pública. MEC reconhece Ciências Policiais como área do
saber. Publicado em 11 de outubro de 2019. http://ibsp.org.br/pensamento-socionormativo-da-
seguranca-publica/mec-reconhece-ciencias-policiais-como-area-do-saber/. Consultado em 13
de outubro de 2019.

INTERPOL Ciberespionagem: O futuro do mundo do crime. 01 set. 2015. Disponível em:


<https://16minionuinterpol2015.wordpress.com/page/3>. Acesso em: 26 jan. 2019.

JH SEGURANÇA E SERVIÇOS GERAIS. Disponível em: <http://usecom-


pre.com.br/store/menu/merchant/jhseguranca>. Acesso em: 23 dez. 2018.

MARCONDES José. Blog Gestor de Segurança Privada. Gestor de Segurança Privada. O


que é? O que faz? Função, Salário, Perfil. Disponível em: <https://gestaodesegurancapri-
vada.com.br/gestor-de-seguranca-privada-2>. Acesso em: 22 set. 2019.

MEIRELES, Nino Ricardo. Entrevista com o Professor Dr. Nino Ricardo Meireles. [Entre-
vista concedida a André Anjos]. Escola SESC RJ, 02 jul. 2017. You Tube. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=w6s4fJqWpOQ>. Acesso em: 03 nov. 2018.

MÉXICO. Gobierno de México. ¿Quiénes integran al Sistema Nacional de Seguridad Pú-


blica?. Disponível em: https://www.gob.mx/sesnsp/acciones-y-programas/quienes-integran-
al-sistema-nacional-de-seguridad-publica>. Acesso em: 04 ago. 2019.

Ministério da Segurança Pública. XX Curso de Extensão em Defesa Nacional (2018). Con-


sultado em 16 de outubro de 2019.

NOVAS regras de monitoramento por câmeras de segurança. Revista Segurança. Disponível


em: < http://revistaseguranca.com.br/novas-regras-de-monitoramento-por-cameras-de-segu-
ranca>. Acesso em: 24 fev. 2019.

PASCHOAL Edmund. Falando em mídia: até onde vai a imparcialidade do jornalismo brasi-
leiro sobre o cenário em nações de menor relevância para os barões da mídia. A formação de
opinião através do que é passado na TV e nos jornais. Publicado em 15 de outubro de 2017. Dis-
ponível em: <https://medium.com/@edysenador/falando-em-m%C3%ADdia-at%C3%A9-
onde-vai-a-imparcialidade-do-jornalismo-brasileiro-sobre-o-cen%C3%A1rio-em-
na%C3%A7%C3%B5es-bc651980bdd8>. Acesso em: 11 ago. 2019.

PORTAL EDUCAÇÃO. Conceitos e definições de segurança pública. Disponível em:


<https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/conceitos-e-definicoes-de-
seguranca-publica/61711>. Acesso em: 01 ago. 2019.

PRATA, Rubens. As regras para fazer a diferença e ser visto no trabalho. Exame, 06 jul. 2017.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=5lms14g0E1k>. Acesso em: 12 nov.
2018.

PROSCHOLDT, Eliane; REZENDE, Lucas. Dossiê e investigações indicam plano do PCC


para dominar o Estado. Jornal A Tribuna, 03 set. 2018. Disponível em: <https://tribunaon-
line.com.br/dossie-e-investigacoes-indicam-plano-do-pcc-para-dominar-o-estado>. Acesso
em: 16 ago. 2019.

SEAT. Como elegir las cámaras de seguridad para un Circuito Cerrado de Televisión, CCTV.
https://seguridadseat.com/cctv.html. Consultado em 20 de outubro de 2019.

SBCOACHING. Paradigma: O que é, exemplos, conceitos e Definição. 16 out. 2019. Dispo-


nível em: <https://www.sbcoaching.com.br/blog/paradigma>. Acesso em: 18 ago. 2019.

Sanar. Você sabe planejar os seus estudos? Aprenda agora. https://www.editorasa-


nar.com.br/blog/euconcursado-voce-sabe-planejar-os-seus-estudos-aprenda-agora. Consultado
em 20 de outubro de 2019.

SECURITYCOLLEGE.US. Curso Inteligência Econômica Empresarial. Disponível em:


<http://www.securitycollege.us/inteligenciaeconomica.html>. Acesso em: 23 jul. 2019.

Tráfico reforça poderio bélico na Penha e Alemão para enfrentar o Exército. Publicado
em 22 de agosto de 2018. https://redetvwebmais.com/site/trafico-reforca-poderio-belico-na-pe-
nha-e-alemao-para-enfrentar-o-exercito/. Consultado em 05 de outubro de 2019.

UNIVERSIDAD EUROPEA MIGUEL DE CERVANTES – UEMC. Curso Avançado de Di-


retoria de Segurança Privada. Disponível em: <http://www.uemc.es/p/objetivos-y-destinata-
rios-145>. Acesso em: 11 nov. 2018.

Universidade Tiradentes. Redes de Computadores, um mercado cada vez mais próspero. Pu-
blicado em 14 de julho de 2016. https://portal.unit.br/blog/noticias/19610/. Consultado em 19
de outubro de 2019.

VARELLA, Dráuzio. Os demagogos do sistema penitenciário. You Tube, 14 fev. 2019. Dis-
ponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=wDcu4HUGVz0>. Acesso em: 17 ago.
2019.
VÍRUS usado em ataque mundial bloqueia arquivos e exige resgate. O Globo, 12 mai. 2017.
Disponível em: <https://oglobo.globo.com/economia/virus-usado-em-ataque-mundial-blo-
queia-arquivos-exige-resgate-21331165>. Acesso em: 17 ago. 2019.

WIKIPÉDIA. Conflito de baixa intensidade - Low intensity conflict. Disponível em:


<https://pt.qwerty.wiki/wiki/Low_intensity_conflict. Consultado em 16 de agosto de 2019>.
Acesso em: 19 ago. 2019.

______. Polícia do Senado Federal. Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADcia_do_Senado_Federal>. Acesso em: 18 ago.
2019.

Você também pode gostar