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Introdução

No âmbito da cadeira de Metodologia das Actividades Físicas e Desportivas, foi-

nos proposto pelo docente a realização de um trabalho de Revisão de Literatura, cujo

tema é Actividade Física e Osteoporose. Na presente pesquisa pretende-se dar a

conhecer as diversas abordagens acerca do tema, baseadas em cinco artigos científicos

datados entre 2001 e 2007. O principal objectivo deste trabalho passa por analisar a

influência da actividade física na manutenção da massa óssea no processo de

envelhecimento, destacando informações pertinentes sobre a osteoporose, bem como a

actividade física e seu contributo para a prevenção desta patologia.

A osteoporose, de uma forma geral, caracteriza-se por uma perda progressiva de

massa óssea acompanhada de alterações na estrutura do osso. Consequentemente, a

resistência mecânica dos ossos é reduzida e a susceptibilidade a fracturas aumenta

expressivamente. O exercício físico assume um papel importante na prevenção desta

patologia, pois intervém na melhoria da dor, consequência dos efeitos sobre a

mobilidade, flexibilidade e estabilidade articular, proporcionando uma melhor condição

física, principalmente, aos idosos.

Deste modo, torna-se essencial o esclarecimento de determinados aspectos

relacionados com a prática da actividade física na osteoporose, dada a importância do

reconhecimento da promoção de uma melhor qualidade de vida em presença deste

problema e por ser a área em que, futuramente, incidirá a nossa actividade profissional.

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Revisão de Literatura

1. Osteoporose

Estreitamente relacionada ao envelhecimento, a osteoporose é uma enfermidade

crónica e multifactorial que se caracteriza pela redução da densidade mineral óssea

(DMO), com deterioração da microarquitectura, levando a um aumento da fragilidade

esquelética e do risco de fracturas (Carvalho et al., 2004 cit. por Elsangedy, 2006). A

osteoporose, na perspectiva de Matsudo (2001, cit. por Cleto, 2006), é considerada a

principal doença que afecta a mulher na terceira idade, incapacitando e invalidando a

cada ano milhões de mulheres no mundo inteiro. Esta enfermidade tem sido encarada,

nos dias de hoje, como a doença do século, pois vem atingindo uma elevada quantidade

de indivíduos.

A osteoporose, de acordo com Campos (2003), é uma doença complexa cujas

causas não são totalmente conhecidas, estando a ela associados factores de risco

múltiplos, uns que podem ser modificáveis (alimentação, actividade física) e outros não

modificáveis (sexo, idade, raça). A mesma autora refere, ainda, a importância de se

manter um estilo de vida saudável, pois são cada vez mais elevados os números de

pessoas doentes de osteoporose. Tanto nos Estados Unidos como no Brasil, a previsão

de futuros enfermos com esta afecção é assustadora e com base nos dados da

Organização Mundial de Saúde “ (…) em 2025 haverá mais de um bilião e cem milhões

de idosos para uma população de oito biliões e duzentos milhões de habitantes” Campos

(2003, p. 2). Assim, tendo em conta que a osteoporose é uma doença que se desenvolve

na idade avançada, quer dizer que no referido ano a maior parte da população sofrerá

desta patologia (Campos, 2003) caso não sejam tomadas medidas preventivas.

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Os tipos de osteoporose que ocorrem com mais frequência na terceira idade são a

osteoporose de Tipo I (pós-menopausa) e de Tipo II (Senil). A osteoporose de Tipo I

ocorre com o aparecimento da menopausa, e consequente redução da produção de

estrogénios, e surge nas mulheres com idade compreendida entre os 50 e os 65 anos,

afectando o osso esponjoso, causando fracturas nas vértebras e de Colles. A osteoporose

Senil manifesta-se em pessoas com mais de 65 anos, atinge o osso trabecular e o

cortical, manifestando-se com a fractura do colo do fémur e vértebras (Santarém, 2001

cit. por Lima e Vasconcelos, 2003).

Esta patologia apresenta-se como uma importante questão de saúde pública

devido à sua alta incidência e os seus efeitos negativos na condição física e social da

população idosa, limitando a autonomia e acarretando imensos gastos tanto com o

tratamento como com a reabilitação (Matsudo e Matsudo, 1991 cit. por Elsangedy,

2006). Por esta razão, muitos autores têm vindo a comprovar os efeitos benéficos da

prática regular da actividade na prevenção e tratamento da osteoporose, por não

implicar grandes custos económicos.

1.1. Osteoporose e Envelhecimento

O envelhecimento do ser humano tem sido alvo de atenção por parte dos autores

que, sensibilizados com o aumento da faixa etária de indivíduos com 60 e mais anos,

dedicam-se a pesquisar as alterações e patologias decorrentes deste processo. Com tais

estudos, os diversos investigadores pretendem verificar de que modo podem ser

atenuados certos problemas biofisiológicos que, de alguma forma, comprometem a

qualidade de vida do idoso (Rebellatto, 2006).

Matsudo (2001, cit. por Cleto, 2006, p. 7) alerta que o envelhecimento é “um

processo fisiológico que não necessariamente corre paralelo à idade cronológica,

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apresentando considerável variação individual.” De acordo com Verderi (2002, cit. por

Cleto, 2006), o envelhecimento é acompanhado por mudanças fisiológicas que, como

refere Matsudo (2001, cit. por Cleto, 2006), diferem de indivíduo para indivíduo. Este

processo, inerente a todo o ser, corresponde a uma “(…) regressão de funções e a

diminuição de vulnerabilidade e não de aproximação da morte” (Verderi, 2002 cit. por

Cleto, 2006, p. 6). Deste modo, o autor salienta a importância que têm vindo a dar à

população idosa que, mais fragilizada, necessita de maior assistência e amparo por parte

de diversos sectores, principalmente a nível da saúde.

Zazula e Pereira (2003, cit. por Elsangedy, 2006) afirmam que vários problemas

crónicos vão surgindo à medida que se envelhece, destacando-se as variações nos

parâmetros antropométricos e fisiológicos, resultando num aumento da massa gorda e

diminuição da massa muscular, redução da função cardiovascular e menor densidade

mineral óssea. Por outro lado, Matsudo (2001, cit. por Cleto, 2006) faz menção aos

aspectos positivos do envelhecimento, dando relevância à sabedoria e experiência de

vida que um indivíduo adquire com a idade. Deste modo, sugere que os idosos devem

ser vistos como seres activos, que ainda têm muito para oferecer, evitando preconceitos

relacionados com a aparência física, doença, incapacidade e dependência. Verderi

(2004, cit. por Cleto, 2006) acerca deste assunto refere que, apesar da redução da

eficiência e da capacidade motora, o envelhecimento não impede que o idoso mantenha

um bom desempenho físico e mental nos anos vindouros. Salienta, ainda, que os

indivíduos activos quer ao nível físico, cognitivo e social serão sempre reconhecidos.

As perdas e incapacidade funcional que derivam do processo de envelhecimento

são, de acordo com Matsudo (2001, cit. por Cleto, 2006, p. 7), consequência da “(…)

falta ou diminuição da actividade física associada ao aumento da idade cronológica

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(…)”. Estas perdas ocorrem a nível cardiovascular, força muscular e equilíbrio, sendo

responsáveis pelo declínio da capacidade funcional dos indivíduos desta faixa etária.

1.2. Processo de Remodelação Óssea

O desenvolvimento e agravamento da osteoporose estão directamente

relacionados com o processo de remodelação óssea. Este processo é, também,

conhecido por ossificação ou osteogénege (Chen et al., 1999 cit. por Elsangedy, 2006),

sendo constante e complexo que envolve a reabsorção do osso e, posteriormente, uma

fase de formação óssea (Hill, 1999 cit. por Elsangedy, 2006).

O tecido ósseo é constituído sobretudo por células (osteoclastos e osteoblastos),

matriz orgânica (cálcio e fósforo) e matriz óssea que actuam de forma equilibrada entre

si, garantindo deste modo um endurecimento ósseo que resulta da interacção entre estes

componentes orgânicos (Kessel, 2001 cit. por Elsangedy, 2006). Os osteoclastos são as

células que impulsionam a reabsorção óssea, enquanto que os osteoblastos são as

células encarregues pela formação de osso, sintetizando e mineralizando a matriz

orgânica proteica com cristais de hidroxiapatita, mantendo a remodelação estável dos

tecidos (ACSM, 2003 cit. por Elsangedy, 2006).

A estrutura óssea começa o seu processo de remodelação com impacto mecânico,

do mesmo modo que os ossos remodelam as células em resposta às forças mecânicas

que lhes são aplicadas. A força mecânica utilizada através de cargas e contracções

musculares poderá influenciar a arquitectura óssea local e a inexistência destes

estímulos poderá provocar a diminuição da massa esquelética (Frateschi, 2002 cit. por

Elsangedy, 2006). A inibição e formação óssea em condições normais são processos

interligados, cuja formação do osso acompanha a reabsorção. Contudo no esqueleto

adulto este processo torna-se ineficiente devido a pequenos défices na formação que

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persistem após ter sido completado o ciclo de remodelação (ACSM, 2003 cit. por

Elsangedy, 2006).

O Consenso Brasileiro de Osteoporose (2002, cit. por Elsangedy, 2006, p. 6) tem

preconizado a acção benéfica “(…) do efeito mecânico provocado pela contracção

muscular, que provoca deformações ósseas diminuindo a reabsorção e estimulando a

formação óssea na região submetida à carga.” Acerca deste assunto Carvalho (2002, cit.

por Elsangedy, 2006) corrobora que quanto maior a deformação imposta, maior será a

activação dos osteoblastos, sendo necessários estímulos mecânicos suficientes para

desencadear a resposta óssea local, proporcionando o crescimento e remodelação.

De acordo com Greve (1999, cit. por Elsangedy, 2006), a falta de actividade física

contribui para uma diminuição da tensão em partes específicas do esqueleto, ou no

esqueleto como um todo, promovendo o aumento da actividade osteoclástica. Este facto

origina uma discreta reabsorção da matriz óssea mineralizada e uma diminuição da

actividade dos osteoblastos, elevando a redução da massa óssea decorrente de situações

de inactividade física. Esta inactividade provém de menores necessidades requisitadas

pelo organismo, ou seja, quanto mais estimulado for o esqueleto, através de actividades

que ofereçam uma sobrecarga tensional, maior será a resposta adaptativa, exibindo

efeitos contrários ao do sedentarismo (Wolinsky, 2002 cit. por Elsangedy, 2006).

Existe uma relação entre o nível de actividade física e o volume do osso, daí que a

força mecânica proporcionada pelo exercício estimula a actividade osteoblástica –

formadora de tecido ósseo (Perpignanado, 1996 cit. por Campos, 2003).

2. Actividade Física

Matsudo (2001, cit. por Cleto, 2006, pp. 8-9) define actividade física como “ (…)

qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resultam em

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gasto calórico acima do basal”. O exercício físico é, igualmente, determinado como uma

subcategoria da actividade física, visto que assume um carácter mais rigoroso,

organizado e repetitivo que melhora ou mantém uma ou mais variáveis da aptidão física.

A mesma fonte acrescenta que a aptidão física não deve ser confundida com um

comportamento, mas tido como uma característica que o indivíduo possui ou alcança

como, por exemplo, a potência aeróbia, a força muscular, a composição corporal e a

flexibilidade.

A actividade física é um factor determinante na saúde e qualidade de vida dos

idosos, contribuindo a sua prática, em grande medida para: a melhoria da marcha e do

equilíbrio; o aumento da auto-eficácia; a manutenção e aumento da densidade óssea; o

auxilio e controlo da diabetes, da artrite, das doenças cardíacas e dos problemas como o

colesterol alto e hipertensão; a melhoria da ingestão alimentar; a diminuição da

depressão; a redução da ocorrência de acidentes, pois os reflexos e a velocidade ao

andar ficam melhores; a manutenção do peso corporal e mobilidade do idoso (Okuma,

2006 cit. por Cleto, 2006).

2.1. Actividade Física e Osteoporose

Segundo Tenório et al. (2005, cit. por Elsangedy, 2006) a actividade física tem um

papel fundamental na massa óssea. A prevenção da osteoporose passa pelo combate ao

sedentarismo e pela promoção do exercício físico. Para além disto, o mesmo autor

preconiza que a prática regular de exercícios físicos actua, igualmente, como medida

terapêutica desta enfermidade.

Os efeitos benéficos do exercício são particularmente importantes durante o

período de aquisição de massa óssea, mas também contribuem para atrasar a perda óssea

associada ao envelhecimento. Daí que vários autores defendam que a prática regular do

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exercício físico deve ser implementada desde muito cedo. Acerca deste assunto,

Santarém (2005, cit. por Cleto, 2006) reflecte que a actividade física auxilia desde a

adolescência na aquisição e manutenção da massa óssea. Níveis adequados de

actividade física na juventude são importantes para que as pessoas alcancem uma boa

massa óssea, pois admite-se ser o parâmetro mais importante para se prever a

osteoporose futura. A utilização de exercícios de resistência tem demonstrado

importante relevância na manutenção da massa óssea, por promover estímulo mecânico,

levando à osteogénese e reduzindo a incidência desta patologia (Cleto, 2006). Portanto,

o indivíduo que praticou actividade física durante toda a sua vida chega à velhice com

maior quantidade de massa óssea e muscular, encontrando-se menos propenso ao

desencadeamento de osteoporose.

As actividades físicas estimulam o crescimento e o fortalecimento dos músculos,

pois como estes estão fixos aos ossos, favorecem o aumento da massa óssea. Estas,

também, favorecem as condições do aparelho cardiovascular e respiratório, dando mais

fôlego e aumentando a oxigenação, tanto do cérebro como da corrente sanguínea

(Knoplich, 2001 cit. por Cleto, 2006). Deste modo, o autor defende que a pessoa que

pratica regularmente exercícios tem mais disposição, vontade de viver, sendo os

exercícios físicos de musculação, acompanhados de exercícios de relaxamento

muscular, os mais apropriados para o indivíduo osteopórico, fazendo com que este

enfrente com mais energia e satisfação a sua condição física.

Entre os vários factores de risco da osteoporose pode-se destacar o sedentarismo

como um dos principais impulsionadores, daí que tenha surgido a necessidade de

estudar a contribuição da actividade física na prevenção, tratamento e reabilitação desta

patologia (Matsudo, 2001 cit. por Cleto, 2006). Igualmente, Ernest (2001, cit. por Cleto,

2006, p. 13) salienta a importância da “(…) prática regular da actividade física

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sistemática (…)”, pois ajuda a retardar a perda mineral óssea nas mulheres. Na mesma

linha, Santos (1996, cit. por Cleto, 2006) defende a vantagem de se estimular a estrutura

óssea, pois o exercício físico é considerado o melhor impulsionador da formação e

calcificação dos ossos.

A actividade física actua como um dos principais coadjuvantes na terapêutica da

osteoporose e pode auxiliar preventivamente desde a adolescência na aquisição de uma

“poupança óssea” (Matsudo e Matsudo, 1992 cit. por Lima e Vasconcelos, 2003).

Administrar actividade física em níveis adequados na juventude é de extrema

importância para que as pessoas alcancem uma boa massa óssea, que é aceite como o

aspecto mais importante para se precaver o desenvolvimento de osteoporose (Santarém,

2001, cit. por Lima e Vasconcelos, 2003). Em consenso, Campos (2003) sublinha que a

actividade física é por excelência um factor preventivo da osteoporose, devendo ser

praticada deste a infância, já que proporciona uma massa muscular mais forte e, com

isso, uma estrutura esquelética bem desenvolvida. A mesma autora, referindo Nieman

(1999) acrescenta que, num estudo realizado, os adolescentes que apresentavam

músculos mais fortes e densos tinham uma relação com a prática da actividade física

desde sempre. Este facto serviu para demonstrar que “(…) o desenvolvimento dos ossos

fortes numa fase precoce da vida pode ser traduzido numa menor incidência de

osteoporose na velhice”, de acordo com Nieman (1999, cit. por Campos, 2003, p. 4).

A regularidade dos exercícios físicos, na opinião de Polidori (2000, cit. por

Rebelatto et al., 2006), é considerada uma estratégia primária muito eficaz, pois

beneficia um completo bem-estar ao nível da saúde física e psíquica dos idosos,

retardando as perdas funcionais decorrentes do envelhecimento. Okuma (1998, cit. por

Cleto, 2006, p. 11) entende que a actividade física é um ponto fundamental na qualidade

de vida e saúde do idoso, todavia “(…) o tipo de exercícios a ser realizado depende do

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organismo e da vontade de cada um (…)”. Não há nenhum modelo estabelecido que nos

indique os exercícios que devem ser praticados pelos idosos, sendo fulcral que estes

tenham consciência da sua capacidade funcional nas actividades do quotidiano.

Karlsson (2002, cit. por Lima e Vasconcelos, 2003) mostra a influência do

exercício físico na formação de um esqueleto mais forte e defende que os exercícios

com sobrecarga, na fase de crescimento, causam o aumento da densidade mineral óssea,

enquanto que na fase adulta estes podem reduzir significativamente a perda ou aumento

da densidade óssea. O mesmo autor frisa que a frequência e o tempo de actividades com

pesos estão, igualmente, relacionados com a aquisição da densidade óssea.

2.2. Exercícios físicos e densidade óssea

O tipo de programas e exercícios que garantem estímulos osteogénicos mais

eficazes, e proporcionam aumento da densidade óssea, apresentam sérias controvérsias

entre os diversos investigadores (ACSM, 1995 cit. por Elsangedy, 2006). Contudo, a

maior parte dos estudos tem revelado que a actividade física com carga produz efeitos

benéficos sobre os ossos, sendo considerada mais vantajosa que os exercícios aeróbios

aplicados em idosos, por promoverem o aumento da massa muscular (Pinto-Neto, 2002

cit. por Elsangedy, 2006). Além deste benefício, Campos (2003) ressalta que o treino de

força resulta na melhoria do equilíbrio, do nível total da actividade e, identicamente, da

massa muscular, apresentando efeitos sobre os principais riscos de fractura do osso pela

osteoporose. Campos (2003, p. 5) acrescenta que “(…) os exercícios com pesos podem

ser eficientes, se direccionados de forma regular, progressiva e cautelosa”. Raso (2001,

cit. por Lima e Vasconcelos, 2003) acrescenta, com base nos estudos do Colégio de

Medicina do Desporto, que existem prioridades na realização de exercícios com idosos,

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sendo que primeiro devem ser aplicados os exercícios de força, seguindo-se os

exercícios de flexibilidade e, por fim os aeróbios.

Em relação aos exercícios mais eficientes para a prevenção e terapêutica da

osteoporose, o ACSM (1995, cit. por Campos, 2003) destaca a prática de exercícios

aeróbios e de resistência como estimulantes da massa óssea, se praticados desde muito

cedo até a fase adulta para garanti-la na pré-menopausa e evitar a sua perda na pós-

menopausa. Porém, a mesma fonte dá mais ênfase às actividades que envolvem pesos,

pois contribuem para o desenvolvimento normal e manutenção de um esqueleto

saudável. Dinác (1996, cit. por Campos, 2003) justifica revelando que, nos seus estudos,

os atletas que treinaram com pesos apresentaram cerca de 40% mais de densidade óssea

do que os indivíduos sedentários.

O exercício físico assegura a massa óssea quer por forma directa, acção sobre o

próprio esqueleto, quer por acção indirecta, através do aumento da força muscular, já

que a densidade óssea costuma ser equiparável à força muscular (Osteoporose, 2005 cit.

por Cleto, 2006). Sendo assim, Campos (2003) menciona que a saúde óssea é

favorecida pela prática de actividades físicas de sustentação de pesos que implicam

força e potência muscular, quando administradas quantidades superiores às do

esqueleto. Para complementar, Wilmore & Costill (1999, cit. por Campos, 2003)

afirmam que o treino de força ajuda a prevenir a osteoporose, principalmente nas

mulheres no período decorrente da menopausa, se levado a cabo um programa

devidamente estabelecido.

Ouriques e Fernandes (1997, cit. por Cleto, 2006) frisam a variabilidade de

actividades físicas existentes, mais apropriadas para o aumento da densidade óssea,

entre as quais destacam como mais adequadas as que são realizadas sob a acção da

gravidade. As actividades aeróbias são importantes, devendo ser realizadas com uma

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frequência de 3 a 5 vezes por semana, com intensidade entre os 60 e os 85% da

frequência cardíaca máxima, bem como outros exercícios que ajudem a fortificação da

musculatura. Estes autores consideram, igualmente, que a natação poderá ser uma mais

valia para doentes de osteoporose, devendo esta ser praticada especialmente pelos

indivíduos mais propensos a fracturas. Dando seguimento às actividades mais

adequadas aos osteopóricos, Cohen (1998, cit. por Cleto, 2006) recomenda: a

musculação, por considerá-la fundamental na manutenção da estrutura óssea; os

exercícios que impliquem carga mecânica; o treino de exercícios de longa duração e as

actividades que fomentem uma maior força, flexibilidade e coordenação.

O treino com pesos por oferecer forte sobrecarga tensional, de acordo com

Mcilmain (1999, cit. por Elsangedy, 2006), actua de forma positiva no processo de

osteogénese, sendo considerado um estímulo favorável à estrutura óssea, para que esta

se apresente mais resistente e forte. Sendo assim, Herlihy (2002, cit. por Elsangedy,

2006) explica que são mais aconselháveis os exercícios com pesos, pois apresentam

cargas tensionais superiores às exigidas pelas actividades do quotidiano. Esta teoria

pode ser comprovada pelos estudos realizados por Nelson et al. (1994, cit. por

Elsangedy, 2006) ao constatar que, implementando um programa de exercícios com

pesos, após várias semanas de treino, os participantes aumentaram o nível de densidade

óssea, especificamente no colo do fémur e coluna lombar, comparativamente ao grupo

de controle. Similarmente, Menkes et al. (1993, cit. por Elsangedy, 2006) num estudo

idêntico observou que a execução deste tipo de exercícios, mas em indivíduos inactivos,

pode favorecer a remodelação local e força óssea. Ainda, acerca do treino com pesos,

Lanzillotti et al. (2003; ACSM, 1995 cit. por Elsangedy, 2006) refere que estes

exercícios, com alto impacto, apresentam melhores resultados que os treinos de

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resistência. Por outro lado, Gurgel (2002, cit. por Elsangedy, 2006), concluiu que a

intensidade da carga é mais significante que o número de ciclos dos mesmos.

De acordo com Kelly (1998, cit. por Elsangedy, 2006), as actividades aeróbias

revelaram ser, equitativamente, vantajosas à manutenção da massa óssea nas mulheres

na pós-menopausa, particularmente nas zonas do quadril e coluna vertebral. Para

Santarém (2001, cit. por Elsangedy, 2006) os exercícios aeróbios não apresentam

resultados tão positivos sobre a densidade óssea, comparados com as actividades de

curta duração e alta intensidade. Layne e Nelson (1999, cit. por Elsangedy, 2006) são

unânimes neste assunto, pois concordam que os exercícios aeróbios, apesar de

essenciais para se manter o corpo saudável, não produzem efeitos tão significativos

quanto os exercícios de resistência.

A caminhada surge como um dos exercícios mais praticados pelos idosos, todavia

esta actividade não é, segundo Nelson et al. (1991, cit. por Elsangedy, 2006), a mais

indicada para as mulheres na pós-menopausa, visto não prevenir a perda óssea. Este

facto pode estar associado à carga imposta pela actividade, que deve ser maior que das

actividades realizadas na vida diária, para que seja desencadeada força passível de

estimular a acção mecânica e, consequentemente osteoblástica que é responsável pela

formação óssea.

Os exercícios físicos são deveras benéficos para os idosos que padeçam de

osteoporose, pois ajudam a melhorar o estado de saúde, principalmente das mulheres

idosas e, simultaneamente, a sua qualidade de vida. Apesar da prática de exercícios

aeróbios terem sido, outrora, os exercícios recomendados por excelência, actualmente, é

dada primazia aos exercícios que envolvem pesos, por revelarem melhores resultados no

processo de remodelação óssea (Brill & Macera, 1999 cit. por Lima e Vasconcelos,

2003).

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Discussão

Com base nos artigos analisados, pudemos constatar que acerca da osteoporose os

investigadores defendem que o seu aparecimento atinge, com maior prevalência, as

mulheres no período pós-menopausa. Prevalece um consenso no que respeita à melhor

forma de prevenção, pois todos assumem que a actividade física deve ser implementada

desde muito cedo – infância – até à idade adulta contribuindo, assim, para o aumento da

massa óssea, a sua manutenção ou, então retardar a sua perda na chegada à velhice.

Outro aspecto de interesse diz respeito ao processo de remodelação óssea, os

estudiosos afirmam que a partir dos 50 anos ocorrem desequilíbrios entre o processo de

formação e reabsorção do osso (maior reabsorção e menor formação). O processo de

formação reage perante estímulos mecânicos, daí que a prática de exercício físico seja

essencial para fomentar a acção osteoblástica e atrasar a aceleração osteoclástica.

A maioria dos autores mencionados refere que os exercícios com pesos são os

mais aconselháveis e benéficos para os indivíduos com osteoporose, em detrimento de

outras actividades, cuja força mecânica exercida não se sobrepõe ao peso do corpo. As

actividades aeróbias são um exemplo pois, apesar de serem adequadas à terceira idade,

não se revelam as mais eficazes no aumento da densidade óssea. Igualmente, as

actividades do quotidiano são indicadas pelos autores como forma do idoso preservar as

suas capacidades funcionais, mas não como medida preventiva para a osteoporose.

De uma forma geral, todos os autores referidos comprovaram que a prática regular

de actividade física desempenha um papel crucial na vida dos indivíduos osteopóricos,

sendo necessário iniciá-la prematuramente, principalmente as mulheres, de modo a

garantir uma boa densidade óssea chegada a velhice. Os estudos realizados com

indivíduos idosos revelaram que exercícios localizados ajudam a manter ou até a

aumentar a massa óssea.


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Conclusão

Após o trabalho de revisão de literatura realizado foi-nos possível conhecer várias

abordagens acerca da influência da actividade física na osteoporose. Vários autores têm-

se dedicado ao estudo desta temática, podendo dever-se tal facto ao aumento da

população idosa, consequência do aumento da esperança média de vida.

No decurso desta pesquisa foi bem patente os benefícios que a actividade física

pode propiciar para a manutenção ou até aumento da massa óssea, devendo ser adoptada

ao longo da vida do indivíduo. Os investigadores são unânimes quanto à melhor forma

para se prevenir esta patologia, acordando que a prática planeada de actividade física

constitui a melhor opção. Os exercícios com pesos foram os que mais resultados

positivos obtiveram, após os estudos executados pelos pesquisadores com indivíduos

idosos.

A actividade física é fundamental não só para indivíduos osteopóricos, como para

todas as pessoas que queiram prevenir determinadas doenças do foro fisiológico e

psicológico. A sua prática influencia, em grande medida, a qualidade de vida e bem-

estar dos idosos, justificando a frase popular “dar vida aos anos e não anos à vida”.

Tratar da osteoporose pode ser um início, visto que esta patologia condiciona a vida dos

seus doentes e, por apresentar uma elevada prevalência, constitui um grave problema de

saúde pública.

Em suma, a prevenção da osteoporose deve ser realizada desde sempre e de

preferência com o auxílio da actividade física, de modo a se obter ossos mais saudáveis

e uma massa óssea mais densa, evitando o risco de fracturas. Para tal, torna-se

indispensável uma informação correcta à população, que deve ser a primeira a tomar a

seu cargo as medidas necessárias para combater esta doença, pois prevenir é a melhor

forma de lutarmos contra ela.


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Referências Bibliográficas

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