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NENHUMA JACTÂNCIA

Uma doutrina que exclui qualquer cooperação humana para salvação não poderia
ser popular. A arrogância e o desejo de justificação pelos méritos são as pretensões que
assaltam todos os homens. Certamente, se fosse possível a nós alcançar tão preciosa
salvação pelos nossos esforços, a salvação seria reduzida a um direito constituído num
direito passível de ser exigido a Deus. Consequentemente, o homem alimenta em relação
a si, sentimento de orgulho crescente. Mas para o desapontamento do mundo o caminho
de salvação do homem exclui qualquer motivo de autoglorificação como disse Francis
Schaeffer:

Pelos padrões humanistas do mundo moderno, o evangelho é decididamente “não


humanista”. Se minha fé tivesse valor salvífico, se o meu sofrimento tivesse valor
salvífico, se minhas obras piedosas tivessem valor salvífico, se minhas obras morais
tivessem valor para salvação, então eu poderia vangloriar-me diante de Deus. Como
Paulo nos explicara em 4.4, há quem ache que Deus pode estar em dívida conosco, e
grite “exijo o meu direito”. Mas, como vimos até este ponto, em Romanos, nos humanos
estamos todos em uma situação decididamente não humanista. Todos nós pecamos.
Todos nós nos rebelamos. E já que pecamos e nos rebelamos contra um Deus infinito,
somos infinitamente culpados. Há uma só esperança para nós – a graça de Deus. 1

1
A Justificação pela fé somente é aplicada àquele que chega a Cristo de mãos
vazias, sem apresentar nenhum mérito, reconhecendo sua total falência espiritual
semelhante aquele publicano na parábola contada pelo nosso senhor que nem sequer
ousava levantar os olhos aos céus. Aqueles que se achegam a Cristo como pobres que
encontram Nele a justiça que em si mesmo não tem. Esses pobres, como diz o
profeta Isaías “se alegrarão no Santo de Israel” (Is 2919). A forma como o pobre recebeu
a bem-aventurança só pode levá-lo a excluir toda a jactância. Ele sabe melhor do que
qualquer outro que sua salvação é somente pela graça. Ele sabe que não tem do que se
orgulhar. Um cristão orgulhoso é em si, uma contradição. Por isso, uma compreensão
correta da justificação só poderá levar-nos ao caminho: humildade.

A justificação pela fé somente exclui completamente o orgulho humano. “Não


vangloriar-se – eis a atividade característica dos que creem e foram justificados, e assim
será durante toda a eternidade”.2

 SCHAEFFER FRANCIS A. A Obra Consumada de Cristo.1ªEd.São Paulo. Cultura


Cristã. 2003.p.84
 STOTT JONH. A Mensagem de Romanos. 1ªEd. São Paulo. ABU.2000.p64

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