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ARQUÉTIPOS DA UMBANDA

Desenvolvido e Ministrado por Rodrigo Queiroz

Aula Digitada 03 Parte 04


Obs.: este documento é a transcrição fiel do discurso das vídeo-aulas, portanto poderá conter erros
gramaticais mantendo a originalidade da origem.

Muito bem. Espero que você tenha tomado uma água, pego uma bolacha, alguma coisa, pra
gente continuar essa reflexão, esse nosso estudo. Então, falando o Caboclo, Caboclo traz o
símbolo, a presença espiritual do indígena. Eu fico imaginando o seguinte, daqui cem anos o
indígena vai ser só história, índio vai ser só história, infelizmente já é fato. Por exemplo, o Brasil
já tem toda uma política de preservação, não há uma preservação, eles estão perdendo território
cada vez mais, não há um cuidado, não há medicina, eles estão sendo contaminados, eles estão
morrendo, morrendo e eles não estão se reproduzindo na mesma ou numa velocidade maior do
que estão morrendo, ou seja, isso é matemática, uma lógica, uma lógica nefasta por sinal,
prevista, eles vão ser dizimados. Hoje, com uma sensação de normalidade, que é uma extinção
natural, mas não é natural. Então, daqui cem anos ou cento e cinquenta anos, falar de índio é só
livros de história, é museu, sabe são registros apenas e não mais que você vai ter a oportunidade
de ter um contato, um contato real, vai ter descendentes que já tem celular, que já anda de
carro. Aqui, nos estamos gravando em Bauru, aqui em Bauru tem uma cidadezinha chama Avaí e
que é uma cidadezinha indígena e que dizia a lenda que lá você encontrava as tribos, encontrava
os índios. Uma vez, eu e a Thaís saímos daqui falamos “Vamos lá ver os índios, ver a tribo, ver as
coisas”, cheguei lá eles tinham os carros muito melhores do que o meu, todos eles com celular de
ponta e eu entrava nas casas, as casas muito bem mobiliadas, muito bem organizadas, só faltou
ter painel de automação na casa só. E eu fiquei muito assustado, falei “Nossa, cadê a oca? Cadê a
choupana?” e falei “Olha, eu queria saber quem está artesanato, onde tem artesanato de vocês?
Onde tem a cultura de vocês aqui” e ninguém sabia responder e “Ah tem uma tiazinha ali, logo lá
mais adiante que faz uns colarzinho”. Estou colocando isso, foi um susto pra nós ali, foi uma
tristeza, então, o que eu quero dizer: que esses descendentes do índio, de outrora ali do Avaí –
cidadezinha Avaí sem “H” – é, já não são mais a essência do índio. Então, eu percebi que se eu
quiser ter contato com o índio, hoje em dia mesmo, ou eu vou para o Xingu e eu sei que muita
coisa lá é diferente do que mostra na TV ou eu vou num Terreiro, vou numa Gira de Caboclo e eu
tenho um contato ali talvez mais próximo da essência porque ali ele tem que manifestar aquela
ideia, aquela figura, aquela essência espiritual. Então, cem anos com muita tranquilidade, muita
coisa vai ter extinguido, mas daqui cem anos o Caboco está na Umbanda. E talvez na Umbanda
será a resistência, a manifestação e a presença espiritual mesmo do índio para aqueles
descendentes nosso que não terão o contato físico, terão o contato espiritual e será sempre essa
força espiritual o resgate do homem, o alerta ao homem, o homem ali naquele momento “Olha,
você é filho da natureza, você é fruto da terra, então, integre-se a isso e respeite isso para que
você esteja mesmo em respeito com você e integrado com você”. Então, são lições como essa que
a presença do Caboclo traz, a presença só. E ao mesmo tempo eles são figura do jovem maduro,
firme, tem Caboclos de todos os jeitos, mas todos eles são firmes, manifesta a determinação,
manifesta a retidão. Um Caboclo de Oxum, uma Cabocla de Oxum é muito mais acolhedor do que
um Caboclo de Ogum, um Caboclo de Oxóssi é mais espontâneo do que um Caboclo de Xangô, mas
todos eles são Caboclo e todos eles tem uma firmeza no eu posicionamento naquilo que cobra,
naquilo que orienta, aquilo que direciona. Eles nos amam, Caboclo que te ampara te ama, te
ama, mas nem por isso é mole, nem por isso ele vai deixar de ser duro, de ser rígido, de por você
no caminho reto da evolução, não importa. Então, essa é a presença do pai, da mãe mesmo, de
fato que com todo amor não deixa nós sermos muito tempo birrentos, infantis do espírito, eles
cobram esse crescimento, eles cobram maturidade, eles cobram lucidez, é isso que eles cobram,
só isso eles cobram, eles não cobram dinheiro nenhum por isso tudo, eles cobram crescimento e
há momento que essa cobrança vai ser firme, vai ser rígida, nós seremos colocados em situações
da vida em que eles vão cobrar naquela situação agora, que você coloque em prática tudo aquilo
que você aprende, tudo aquilo que você vivencia no Terreiro. E que você saia da situação difícil
melhor do que quando você entrou, um ser humano melhor do que quando você entrou. Então,
essa é a força do pai, da mãe espiritual que são os Caboclos e Caboclas. Eles são simples porque
são da natureza, mas são muito, muito firmes, muito conscientes, são supra conscientes porque
eles estão numa evolução muito superior a nossa, são mentores, são Guias, são tutores, tudo o
nome para mesma coisa, tem lugar que fala que tutor é uma coisa, mentor é outra, Guia é outra,
não são tudo a mesma coisa, só muda regional, a linguagem regional para se falar disso mesmo.
Então, são entidades Guias como tal vem para nos orientar, nos guiar, mas não para pegar
na nossa mão e fazer por nós o que nós devemos fazer, nenhuma entidade pode fazer isso, isso é
contra uma lei espiritual da evolução. Mas, eles podem e fazem isso, vem semanalmente nos
Terreiros tentar nos alertar, nos lembrar, nos aconselhar porque é muito amor, é muito amor
mesmo. Então, aqui é importante entender o campo de atuação da linha dos Caboclos, é isso que
eu estou querendo, não dá pra ficar falando, não teria como ficar falando da linha de atuação de
falanges, aí é uma busca sua, uma pesquisa sua, cada falange tem particularidades como dito,
mas todos os Caboclos no geral tem um campo de atuação muito amplo – é, perdão – muito
específico que essas coisas colocadas aqui. E acima de tudo, nossa convivência com os Caboclos é
fortalecer em nós cada vez mais essa integração com o universo, com a natureza propriamente
dita. Então, campo de atuação dos Caboclos é o que aqui foi posto, há muito mais poderia ser
dito, mas o específico, o pontual, o importante nesse momento é isso que foi dito. Então, ao estar
diante a um Caboclo independente do nome dele, da particularidade de falange dele, você esta
diante de um ser muito evoluído que toma essa forma toda do simples, do homem nativo, do
sotaque simples, do linguajar arrastado, simplório porque os grandes tem que ter simplicidade de
verdade, uma coisa natural. Os grandes tem que ser humilde, os grandes tem que ter paz, então,
é isso. Eles são grandes porque eles são simples, são humildes, são pacificadores, então vem de
muito longe, então quando você está diante de um Caboclo, você está diante de uma força
espiritual, potencial que traz muita coisa de uma luz muito grande, ele só toma toda essa forma
que leva muitos de nós às vezes arrogantes, preconceituosos, orgulhosos, vaidosos a ter uma
postura de superioridade diante a um Caboclo, eu vi muito disso já. Achar que está conversando
comum tonto, com um retardado, você não precisa chegar a frente do Caboclo e ficar explicando
as coisas, você não tem que chegar à frente do Caboclo e fala “Eu tenho um carro, carro seu
Caboclo é um negócio assim” e começa a explicar o que é um carro para o Caboclo, lembra então
que Caboclo está muito além de nós, ele anda lá em naves e carro é um negócio de bem gente
atrasada, então não precisa explicar para ele o que é um carro ou coisa do gênero. Às vezes ele
fica escutando, ele deixa falar porque a pessoa tem essa necessidade seja objetivo e fale de
questões existenciais mesmo, coisas importantes na sua alma, no seu coração com o Caboclo e o
Caboco vai sempre te inspirar, vai sempre te ajudar a ver a vida de uma forma muito maior e
muito melhor. Conviver com a linha dos Caboclos é uma oportunidade de ir absorvendo uma
natureza, qualidades, uma postura diante a vida, de muita simplicidade, não é de relapso, não é
de relaxo, é de simplicidade e entender o que é realmente importante na vida, o que é realmente
vital na vida, o que é realmente necessário para a vida. Então, que a força dos Caboclos, que essa
irradiação de Caboclo, a força do senhor Tupinambá, o Caboclo que te ampara nos cuide, nos
ilumine, nos abençoe, nos guie para que sejamos nesse plano instrumento da consciência do amor
e da paz. Eu agradeço a força de Caboclo por um dia ter me acolhido nessa religião, eu agradeço
a pai Tupinambá por ter dado origem a esse estudo aqui ser o meu pai espiritual, meu guia, meu
conselheiro, meu repressor, meu orientador pra estarmos aqui, então, eu peço a benção a todos
nós. Na próxima Gira de Caboclo no seu Terreiro bata cabeça e agradeça ao Criador por permitir
existir espíritos como estes resignados que nos amam acima de todas as nossas limitações, nossos
defeitos e vem no Terreiro como um homem simples, como um ser simples falar com simplicidade
de coisas importantes a nós. Então, muito obrigado a corrente dos Caboclos, muito obrigado pai
Tupinambá, muito obrigado pai Arranca Toco, todos os Caboclos. Peço que me abençoe e abençoe
a todos nós. Okê Caboclo, Saravá os Caboclos.
Próximo bloco nós faremos uma atividade prática e encerramos essa aula. Muito, muito
obrigado.

DIGITAÇÃO – Equipe Umbanda EAD

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