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08/04/2018 Artigo | APACAME

 Índice – Revista nº 138


› CAPA – Mensagem Doce n° 138
› Editorial: Centenário Apícola
› Relato: História da Família Zovaro: 100 Anos de Apicultura
› Atividade: I Encontro Baiano de Meliponicultura
› Artigo: O Que Está Acontecendo em Nossa Apicultura?
› Artigo: Cenários de Impacto das Mudanças Climáticas Sobre Algumas Abelhas Polinizadoras no Brasil
› Opinião: Mel Geral Apoidea
› Artigo: A Gororoba Alimentação Suplementar para Abelhas Sem Ferrão.
› Artigo: Unesp de Botucatu Apresenta Soro Antiveneno de Abelhas
› Artigo: Proibir ou Não Proibir o Glifosato Eis a Questão
› Congresso: I Congresso de Meliponicultura e Apicultura do Baixo Amazonas
› Atividade: Reunião dos Apicultores e Meliponicultores. Agosto de 2016.
› Mercado: Exportação Brasileira de Mel Natural Comparação de Abril 2015 a Abril 2016

Artigo

A GOROROBA,
Alimentação suplementar para abelhas sem ferrão.
Pedro Acioli de Souza1; Rogério Marcos de Oliveira Alves2.
1. Apiário & Meliponário Princesa das Matas – Viçosa, Alagoas.
2. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano – IFBAIANO.

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Introdução
A criação de abelhas nativas sem ferrão é uma atividade que vem tomando um grande impulso nos
últimos anos. Dentre as opções oferecidas pela criação, destaca-se a produção de mel.
Os pilares da produção zootécnica englobam três fatores: a genética, manejo, alimentação + as condições
ambientais. Devido à dificuldade em interferir nas condições de clima, o criador busca aumentar a
produtividade observando os fatores zootécnicos. A genética, através da seleção de colônias e as práticas de
manejo, recebem maior atenção por parte do criador (CARVALHO et al., 2003).
A alimentação seja ela natural (pastagem) ou artificial é pouco trabalhada sendo responsável por perdas de
colônias nas épocas de escassez de alimento devido a seca, frio ou chuvas. Apenas alguns criadores
implantam pastagens especificas para a produção de mel, com plantas de reconhecido potencial na
produção de néctar e/ou pólen, que ajudaria a evitar perdas na criação, entretanto essa medida é eficiente
apenas quando as condições ambientes são propicias.
Períodos de escassez de alimento são muito comuns, sendo a alimentação artificial de colônias com
substancias energéticas e/ou proteicas a forma de suprir a falta de néctar e pólen. As formulações são
várias e preferencialmente é utilizada a forma líquida (xarope).
As vantagens dessa forma de alimentação são muitas (rapidez na absorção do produto, facilidade de
preparo, baixo custo) porém esse método apresenta também desvantagens (pilhagens, derramamento de
líquido, fermentação).
Para as abelhas, a alimentação suplementar tem como principal objetivo permitir o desenvolvimento das
colônias em períodos de escassez de alimento e quando da divisão ou translado. Ao receberem uma fonte
alternativa de alimento, as operárias economizam a energia que gastariam para coletar néctar ou pólen no
campo, podendo, assim, apoiar outras atividades essenciais, como defesa, limpeza, organização e suporte
às atividades de postura da rainha (VILLAS-BÔAS, 2012).
A formulação de um alimento que nas épocas de escassez
fosse ao mesmo tempo eficiente, palatável, não
fermentasse rapidamente (atração de forídeos), evitasse a
pilhagem, com ingredientes de fácil acessibilidade ao
meliponicultor, baixo custo e preparação simples, pode
contribuir para a redução de perdas na criação e aumento
da produtividade das colônias.
No
Estado de
Alagoas a
Ingredientes e utensílios para o preparo da “Gororoba”.
união da
pesquisa
e extensão possibilitou a formulação de um alimento com
formulação gelatinosa que permitiu reduzir a perda de
colônias e contribuir para o rápido desenvolvimento das
colônias. Esse alimento foi denominado de “Gororoba”,
formulação baseada no uso de gelatina como enchimento
para fontes de carboidratos e proteína principais Ingredientes e utensílios para o preparo da “Gororoba”.
alimentos utilizados pelas abelhas.

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A GOROROBA
Alimento preparado a partir de gelatina comercial, onde são misturados o açúcar, mel, água, fonte
proteica e essência
Ingredientes: (Para preparar a gororoba)
– 500 ml de água;
– 400 g de açúcar (Preferir o demerara);
– 1 colher de sobremesa de mel ASF ou de APIS;
– 1 colher de chá de pó de pólen apícola fresco ou pólen de ASF ou pólen apícola fresco (conservados em
geladeira);
– 1 pacotinho de gelatina de 12 g, sem cor e sem sabor;
– 3 folhas de “capim santo ou erva cidreira”.
Preparo:
Chá
Adicionar em vasilha, 400 g de açúcar + 3 folhas de capim santo ou erva cidreira + 500 ml de água. Levar ao
fogo até ferver (manter sob fervura durante 3 minutos). Deixar esfriar até 40° graus. Retirar as folhas e
guardar o líquido.
Preparo da gelatina:
Dissolver a gelatina aos poucos em 4 colheres de água em um copo, misturar até ficar uniforme, (manter
em repouso).
Mistura: chá mais Gelatina.
Quando o chá resfriar (40°C), consegue-se colocar a mão na vasilha sem queimar, adicionar 1 colher de pó
de pólen + 1 colher de sobremesa de mel mais Gelatina pré-dissolvida, misturando bem.
Testes
A Gororoba vem sendo testada em campo nos municípios
de Viçosa, Mar Vermelho, Água Branca, Penedo, União
dos Palmares (Estado de Alagoas) em caixas de diversas
espécies (M. scutellaris, M. subnitida, Plebeia sp., M.
asilvai, Frieseomelitta varia, F. doederleini) desde maio de
2013, com sucesso. Temos conseguido multiplicar as
colônias 4 vezes ao ano, quando alimentadas
regularmente.
Abelhas uruçú (Melipona scutellaris) se alimentando da “Gororoba”.
Conservação:
Levar a mistura para geladeira. Após 12 h na geladeira pode ser servida as abelhas (adquire consistência
gelatinosa). A “Gororoba” em recipiente fechado em geladeira, se conserva por 30 dias aproximadamente.
Não conservar em locais com temperaturas altas.
Servindo as Abelhas:

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Para as espécies maiores: Uruçu (Melipona scutellaris),


servimos no interior da caixa, em potes plásticos (Copos
de sorvete 1 bola, raso, 100g). Inicialmente vamos
colocando pequenas porções, 3 vezes por semana, até que
elas consumam o pote cheio.
Para abelhas médias: Jandaira (M. subnitida) e munduri
(M. asilvai,) servir o alimento em tampa de refrigerante (2
a 4 tampas cheias, 3 dias por semana).
Para abelhas pequenas (Plebeia sp; Frieseomelitta sp.) 1 a 2
tampas de refrigerante, 3 vezes por semana. Disco de crias em pleno desenvolvimento.

VANTAGENS
A “GOROROBA” foi criada pensando na:
Eficiência:
As abelhas rapidamente procuram o alimento, não ficando resíduos na caixa, refletindo no aumento do
número de operárias e da produção.
Versatilidade:
Pode ser utilizada tanto com a fonte proteica (pólen) e/ou a fonte energética (açúcar ou mel).
Camuflagem:
O pólen fresco natural, quando servido diretamente para as abelhas, atrai o principal inimigo: o forídeo.
Quando dissolvido na gelatina o forídeo não é atraído pelo cheiro do pólen fermentado que fica
imperceptível.
Redução de perda de operárias
A gelatina conserva e dá consistência ao alimento por
mais tempo, evitando morte de operárias por
afogamento.
Pilhagem
Reduz a pilhagem devido a não atrair Apis mellifera:
Mesmo quando alimentamos as abelhas sem ferrão em
cochos coletivos não atraiu as abelhas Apis mellifera.
Disco de crias com Células com ovos.
Nesse caso deve evitar expor a gororoba diretamente ao
sol.
Palatável:
A Gororoba é elaborada com gelatina produto inócuo sendo inseridos pólen, mel, folhas de capim santo ou
cidreira (efeito atrativo) sendo facilmente aproveitada pelas abelhas, podendo ser utilizado na produção de
mel orgânico.
Baixo custo
Os ingredientes são de fácil aquisição e de custo baixo reduzindo o valor final e de baixo impacto no custo
final do produto.
Praticidade
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Não derrama, não sendo liquido, não precisa de alimentadores, é servido em copinhos ou em tampas de
garrafas no interior da colmeia.
REFERENCIAS
VILLAS-BÔAS, J. Manual tecnológico: abelhas sem ferrão. Brasília, DF: Instituto Sociedade, População e
Natureza (ISPN), 2012. 96 p. (Série Manual Tecnológico).
CARVALHO, C. A. L. de; ALVES, R. M. de O.; SOUZA, B. de A. Criação de abelhas sem ferrão: aspectos
práticos. 1. ed. Salvador-BA: SEAGRI-BA, 2003. 42 p.


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