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Eletroquímica e Corrosão
2019/2020
Docente:
Christopher Brett
Aluno:
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1. Introdução
Durante os últimos anos, diversos esforços vêm sendo tomados com a iniciativa
de transformar os processos químicos cada vez mais em processos sustentáveis, gerando
cada vez menos resíduos e diminuindo a quantidade de utilização de compostos químicos
nocivos à saúde em todas as suas etapas. Esses conceitos, amplamente discutidos na
química verde, vem se tornando realidade a cada dia, onde buscamos novos métodos para
continuar produzindo os produtos necessários para o desenvolvimento do mundo, sempre
com atenção nos indicadores de poluição e de responsabilidade socioambiental.
Um dos principais pontos a melhorar nessa busca por uma produção amiga do
ambiente é a busca por novos solventes, que venham a diminuir a quantidade de resíduo
e também diminuir a periculosidade deste. Desta maneira, os Líquidos Iónicos (LI´s)
aparecem como tecnologia promissora no desenvolvimento de solventes cada vez mais
limpos, eficientes e renováveis.[1]
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Algumas das principais características dos líquidos iónicos são:
1. Boa estabilidade térmica (até 400 ºC);
2. Alta estabilidade química;
3. Polaridade;
4. Não-volatilidade;
5. Dissolubilidade;
6. Não-inflamabilidade;
7. Larga Janela de Potencial Eletroquímico;
8. Viscosidade ajustável;
9. Miscibilidade ajustável;
10. Menos tóxicos que os sais convencionais.
A liquidez observada nos LI´s é explicada pelo fato das interações iónicas
possuírem uma baixa entalpia latente, que é provocada pelo rearranjo de iões inorgânicos
com grandes iões orgânicos.[5] É também por causa desse rearranjo que os LI´s são
conhecidos como “design solvents”, pois a estrutura de cada um destes irá variar
conforme a escolha do anião e do catião, tendo assim múltiplas opções de combinações
para que se possa satisfazer uma necessidade do processo ou do produto.
Atualmente estes são os líquidos iónicos mais estudados pela ciência por conta de
algumas das suas propriedades, como elevada estabilidade de oxidação e redução, baixa
viscosidade e facilidade de síntese. Tais propriedades podem ser alteradas mediante o
material final que se pretende obter, podendo ser alterado o anel de imidazólio escolhido
como catião para obter diferentes propriedades. Eles podem ser desde serem catiões
escolhidos para aumentar a estabilidade redutiva, melhorar a condutividade, facilitar a
catálise e otimizar o tempo de reação, o rendimento e a quimioseletividade das reações.
Contudo, a seletividade ainda é um processo chave neste tipo de reações, pois muitas das
vezes subprodutos são gerados através de reações secundárias que ocorrem em paralelo à
principal.[9]
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contudo isto provoca um aumento da viscosidade dinâmica. Eles também possuem
entropias de formação de superfície baixas, o que é confirmado pelo auto grau de
organização na estrutura.[11]
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Figura 5 - Comparação entre o comportamento de LIP e LIA num processo de
destilação.
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importante e demorado da produção de LI´s é necessária que a reatividade de haletos de
alquila (agente quaternizante mais comum) seja bem compreendida, pois ela que
controlará o tempo de reação total.[1]
Neste processo é necessário um rígido controlo de temperatura, pois o excesso de
calor durante a reação pode levar à formação de impurezas no solvente. Outro fator
importante de ressaltar na síntese deste tipo de material químico é a homogeneização, que
é imprescindível para que haja contato entre as fases presentes no sistema, favorecendo
assim a transferência de massa entre estas.
Algumas propriedades dos LI´s devem ser almejadas através da melhor forma de
interação (mistura) entre os catiões e aniões, como:
Pequeno tempo de reação;
Reação simples (sem multi-steps);
Alto rendimento;
Ambientalmente seguro e amigo;
Mínimo de impurezas possível;
Recuperação de catalisadores (quando presentes).
Existem três rotas básicas de reações químicas para a síntese de líquidos iónicos,
são elas:[1]
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3.3. Reação de carbenos de imidazol como bases fortes
4. Aplicações de LI´s
Os LI´s por terem na sua composição uma infinidade de opções que conforme são
misturadas e testadas podem contribuir para o aparecimento de características únicas e
otimizáveis, são amplamente utilizados em diversas aplicações práticas, como já foi
referido anteriormente. Dessa maneira, sintetizaram-se três destes exemplos para melhor
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explicar a contribuição dos LI´s em diversas áreas do saber e tentar perceber um pouco
do sentido da investigação e pesquisa nestes materiais.
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Nas tecnologias já existentes para este tipo de processo, onde catalisadores a base de
Pt/C são utilizados como catalisadores, é comprovado que o produto primário desta
reação é a água, além acontecer somente em meios alcalinos. Já alguns materiais
mesoporosos N-dopados, quando comparados com os usuais, são também altamente
seletivos para a ROO, até em meios ácidos. Outro critério onde são percebidas vantagens
na promoção de LI´s nesse tipo de processo é o rendimento, onde através dos N-dopados
conseguimos atingir um rendimento aproximadamente ideal da ROO, produzindo muito
mais peróxido de hidrogénio do que o método anterior, sendo assim muito mais rentável.
Atualmente uma das valências dos LI´s vem do fato destes serem bons capturadores
de gases, nomeadamente CO2, azoto e até mesmo ar. Os primeiros estudos de absorção
de gases através dos LI´s vem de 2005, desde então a quantidade de estudos que abordam
essas propriedades dos LI´s tem crescido numa progressão geométrica. Estas
propriedades que os fazem ser capturadores gasosos eficientes estão diretamente ligadas,
como já fora anteriormente comentado, aos LIP´s, já que seus polieletrólitos são capazes
de atrair as moléculas gasosas, variando a absorção apenas pela natureza do catião e do
anião, a massa molecular do eletrólito e a sua capacidade de absorver a humidade
atmosférica.
Geralmente, para a absorção de CO2, a capacidade de absorção está compreendida
entre 10 – 20 mg CO2/g de polímero, e estes resultados tendem a ficar melhores quando
há ligações cruzadas entre as cadeias carbônicas dos LIP´s, sendo muito mais efetivo
quando estes possuem cadeias ramificadas em comparação com as lineares. Neste último
caso retratado, a habilidade de absorver dióxido de carbono tem pouca relação com a
massa molecular do eletrólito. As principais vantagens dos LIP´s para este tipo de
processo são: fácil síntese, baixo custo, alta resistência ao uso repetitivo e atóxico, não
representando um perigo para o ambiente e para a sociedade.
Em outro ponto de vista, também é possível separar misturas gasosas contendo
dióxido de carbono através de LIP´s com alta seletividade e permeabilidade, baseados em
filmes de LIP´s acoplados a membranas porosas. Contudo, estudos recentes comprovam
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que existe uma mistura de LIP´s com LI´s, para evitar com que a base polimérica da
membrana utilizada seja afetada com o aumento da pressão do sistema. Esta mistura
efetuada também altera algumas propriedades, pois quanto mais parecidas as estruturas
químicas dos LIP´s com os LI´s na mistura, há um súbito aumento da permeabilidade,
porém há um decréscimo na seletividade.
Há também uma opção à mistura de LIP´s com LI´s, que vem se mostrado eficiente
na separação de uma corrente gasosa de etano-etileno, que é a da adição de um sal de
prata, formando um compósito ternário: LIP-LI-sal. O filme formado consegue, por
exemplo, separar alcenos em mistura com alcanos, e tem sua seletividade proporcional à
concentração de sais de prata no compósito.
Os LI´s, assim como já foi referido anteriormente, distinguem-se dos demais líquidos
utilizados como solventes, em muitos aspetos e propriedades, tais como, a sua baixa
toxicidade e baixa pressão de vapor (que torna difícil a sua volatilização). Eles não são
inflamáveis e muitas vezes são utilizados em temperaturas razoavelmente baixas, onde
durante toda essa gama de temperaturas é observada uma boa estabilidade eletroquímica,
com potenciais que variam entre os 2-6 V. Dessa maneira, ao garantir esses parâmetros,
é interessante do ponto de vista prático a deposição de metais com potenciais redox muito
negativos.
Na literatura, percebeu-se que por causa das suas propriedades, há um grande
interesse de pesquisa e inovação na área da deposição de ligas e metais com um potencial
redox negativos, e são exemplos:
Com o seu potencial de redox muito negativo (-1,76 V), o alumínio apresenta fortes
tendências a utilizar os LI´s como uma nova tecnologia de deposição. Como este metal
também apresenta alta facilidade de reagir com a água e pode, facilmente, formar um
filme de óxido na sua superfície, é necessário encontrar um método que facilite a
eletrodeposição com soluções aquosas. Nesse ponto de vista, os LI´s apresentam uma
vantagem prática como agente de solvatação, neste caso os feitos a base de AlCl3.
Contudo, é necessária uma película de zinco como pré-tratamento, necessário para fazer
com que as forças de adesão sejam fortes o suficiente para manter a estrutura da camada
de alumínio no metal (liga) e esta força tem a grandeza maior que 15MPa. O processo de
revestimento com alumínio é feito com a polarização com pulso de corrente bipolar no
substrato coberto com zinco. É importante ressaltar que as vezes podem ser adicionados
compostos que venham a introduzir mudanças na estrutura/morfologia das camadas
depositadas, como o etilenoglicol e a nicotinamida.
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4.3.2. Eletrodeposição de Zinco (Zn)
Como foi ressaltado no caso anterior, o zinco é muito utilizado como película
protetora, feita para prevenir a corrosão dos substratos. Este metal também pode ser
eletrodepositado através de LI´s à base de vitaminas naturais modificadas com cloro, visto
seu potencial redox ainda possuir valores muito negativos. É importante ressaltar que a
morfologia da cobertura de zinco pode ser manipulada através de variações na sua
temperatura e no potencial elétrico, muitas vezes a deposição se tornando não-uniforme
com a diminuição do potencial.
Esta junção desses três metais no tópico deve-se às suas propriedades magnéticas
e termofísicas. Tais metais, pertencentes ao grupo do ferro, são de elevado interesse na
deposição através de LI´s por causa da facilidade de formação de camadas desses tipos
de metais com muita qualidade e boa estrutura tridimensional, sendo os LI´s, um solvente
ideal para este tipo de transformação.
Estes são comumente chamados o Lítio (Li), Sódio (Na), Magnésio (Mg), entre
outros, que são classificados assim por conta da sua alta reatividade e potencial redox
bastante negativos. Há também uma lacuna na eletrodeposição deste tipo de metais, visto
que esta não pode ocorrer em soluções aquosas devido à evolução do hidrogénio que
ocorre após a redução dos metais. Neste caso em específico, a introdução da deposição
utilizando os LI´s como solvente resulta numa ótima combinação, onde temos uma boa
estabilidade térmica alinhada com uma ampla janela de potencial eletroquímico que
tornam estes materiais ideais para a eletrodeposição dos metais anteriormente citados.
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4.3.6. Eletrodeposição de metais de terras raras
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5. Conclusões
Depois de uma extensiva pesquisa sobre os líquidos iónicos foi possível perceber a
dimensão deles e a importância que vem tendo no passar dos últimos anos. Muito desse
sucesso se deve à sua capacidade de ser projetável, conforme o uso que se queira obter, e
também por ser um material que requer, geralmente, temperaturas mais baixas (ou mesmo
à temperatura ambiente) para ocorrer.
Foi revisto também uma quantidade interessante de categorias dos LI´s de modo
a perceber cada uma de suas principais valências e composições estruturais, bem como a
alteração dos seus reagentes em prol da melhoria de algumas propriedades fundamentais
para diferentes tipos de processos. Com destaque para a pesquisa e inovação que deve ser
ampliada no caso dos LI´s à base de piridino e os LIA´s, pois remetem a grandes
percentuais de biodegradabilidade, o que deve ser algo essencial na composição de
qualquer processo químico.
A síntese de LI´s também foi estudada e três técnicas diferentes foram abordadas
e vimos que o número de combinações de reagentes diferentes, para conseguir inúmeras
estruturas e propriedades diferentes, é alto. Este controlo também passa por um estudo
prévio e analítico sobre as propriedades físico-químicas dos catiões e aniões a ser
utilizados, para que se adequem melhor aos interesses práticos e também para evitar
desperdício de recurso em pesquisa e investigação.
A polivalência dos LI´s foi apresentada também em três exemplos, onde podemos
observar aplicações práticas deste tipo de materiais na melhoria de processos, sendo um
vetor de iniciativa para a promoção desta tecnologia. Desde a eletrocatálise, onde foi
observado os LI´s N-dopados que, em comparação com as tecnologias atualmente
acessíveis, são muito mais eficientes. As correntes gasosas também podem ter um avanço
no seu tratamento fracionamento com a introdução dos LI´s nos processos, aumentando
o rendimento e seletividade de separação. E, por fim, na eletrodeposição de vários metais
e formação de ligas, onde os LI´s tem um papel ativo e verde no processo, pela ausência
de materiais nocivos ao ambiente e pela sua taxa de reciclagem, contudo necessitam de
mais estudos e investimento para começarem a ser rentáveis.
Os LI´s são atualmente um grande campo em potencial de exploração onde a sua
maleabilidade prática é uma grande vantagem. Na eletroquímica percebemos a
importância deste tópico onde muitos conceitos práticos de físico-química e eletricidade
que são cruciais para o entendimento da estrutura e do funcionamento deste tipo de
material. É importante ressaltar a necessidade de investimento em pesquisa e investigação
nessa área, de modo a produzir mais tecnologias que venham ser amigas do ambiente por
meio da química verde.
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6. Bibliografia
15
vol. 934, pp. 9–21, 2016.
[16] R. Ratti, “Ionic Liquids: Synthesis and Applications in Catalysis,” Adv. Chem.,
vol. 2014, no. 3, pp. 1–16, 2014.
[17] M. Watanabe, M. L. Thomas, S. Zhang, K. Ueno, T. Yasuda, and K. Dokko,
“Application of Ionic Liquids to Energy Storage and Conversion Materials and
Devices,” Chem. Rev., vol. 117, no. 10, pp. 7190–7239, 2017.
[18] A. S. Shaplov, D. O. Ponkratov, and Y. S. Vygodskii, “Poly(ionic liquid)s:
Synthesis, properties, and application,” Polym. Sci. - Ser. B, vol. 58, no. 2, pp.
73–142, 2016.
[19] F. Liu, Y. Deng, X. Han, W. Hu, and C. Zhong, “Electrodeposition of metals and
alloys from ionic liquids,” J. Alloys Compd., vol. 654, pp. 163–170, 2016.
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