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NUTRIÇÃO
FUNCIONAL
Brazilian Journal of Functional Nutrition
ISSN 2176-4522
ano 17. edição 72
www.vponline.com.br
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Valéria Paschoal e Andréia Naves VP Centro de Nutrição Funcional
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As condutas nutricionais preconizadas na
Jornalista Responsável Revista Brasileira de Nutrição Funcional
José Maria M. Filho devem ser supervisionadas exclusivamente
MTB – 19.852 - josemaria@vponline.com.br por nutricionistas ou médicos especializados.
Coordenação e Autores
Conselho Editorial
Ana Cláudia Poletto
Nutricionista pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (2002) e mestre em Ciências, com ênfase em
Fisiologia Humana pela Universidade de São Paulo (2006). Pesquisadora (doutoranda, desde 2007) do
programa de Fisiologia Humana da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Fisiologia
Endócrina, atuando nos temas: mecanismos transcricionais envolvidos na regulação da expressão do gene
SLC2A4, sensibilidade à insulina, metabolismo lipídico, obesidade e diabetes mellitus.
Andréia Naves
Nutricionista e Educadora Física. Diplomada pelo The Institute for Functional Medicine (USA) em 2007. Editora
Científica da Revista Brasileira de Nutrição Funcional. Diretora da VP Centro de Nutrição Funcional. Docente
convidada dos cursos de pós-graduação em Nutrição Clínica Funcional e Nutrição Esportiva Funcional da VP
Centro de Nutrição Funcional em parceria com a Universidade Cruzeiro do Sul. Autora dos Livros “Nutrição
Clínica Funcional: dos Princípios à Prática Clínica”, “Nutrição Clínica Funcional: Obesidade”, “Nutrição Clínica
Funcional: Modulação Hormonal” e “Tratado de Nutrição Esportiva Funcional”. Colaboradora do livro
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“Suplementação Funcional Magistral: dos Nutrientes aos Compostos Bioativos”. Membro do The Institute
for Functional Medicine – USA. Coordenadora científica dos cursos de pós-graduação em Nutrição Esportiva
Funcional da VP Centro de Nutrição Funcional em parceria com a Universidade Cruzeiro do Sul.
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Coordenação e Autores
Anna Cecília Queiroz de Medeiros
Nutricionista pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Mestre em Ciências da Saúde pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Docente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Experiência na área de Nutrição, com ênfase em Nutrição e metabolismo de nutrientes nos diversos estados
fisiológicos.
Fernanda Serpa
Diretora e Docente da Empresa Nutconsult. Nutricionista pela Universidade do Estado do RJ/UERJ. Título de
residência em Clínica Médica no Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ. Pós-graduada em Nutrição Clínica
Funcional da VP Centro de Nutrição Funcional em parceria com a Universidade Cruzeiro do Sul. Docente
convidada dos cursos de pós-graduação e extensão da VP Centro de Nutrição Funcional em parceria com
a Universidade Cruzeiro do Sul. Mestre em Clínica Médica - IPPMG/UFRJ. Nutricionista Militar do Corpo de
Bombeiros do RJ. Nutricionista Municipal do Hospital Souza Aguiar.
Gilberti Hübscher
Nutricionista. Mestre e Doutora em Fisiologia Cardiovascular pela UFRGS. Especialista em Gestão e Saúde
pela PUC-RS, Gestão em UAN pela UNISINOS e em Saúde da Família pela ULBRA (RS). Docente convidada
dos cursos de pós-graduação em Nutrição Clínica Funcional da VP Centro de Nutrição Funcional em parceria
com a Universidade Cruzeiro do Sul e dos cursos de graduação em Nutrição e pós-graduação em Saúde e
Trabalho da Feevale (RS). Membro do Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional (IBNF).
Sandra Matsudo
Médica Especializada em Medicina Esportiva pela Escola Paulista de Medicina - UNIFESP. Doutorado e pós-
doutorado em Ciências pela Escola Paulista de Medicina - UNIFESP. Diretora Geral do Centro de Estudos do
Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul - CELAFISCS. Coordenadora geral do Projeto Longitudinal
de Envelhecimento e Aptidão Física de São Caetano do Sul. Coordenadora pela IUHPE dos Cursos de Atividade
Física e Saúde Pública - Agita Mundo. Professora Titular do Curso de Educação Física do Centro Universitário
FMU. Editora Executiva da Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Autora dos Livros: “Avaliação do Idoso
- Física e Funcional”, “Envelhecimento e Atividade Física” e “Obesidade e Atividade Física”.
Revista Brasileira de Nutrição Funcional
Valéria Paschoal
Nutricionista. Mestre na área de Nutrição e Pediatria pela UNIFESP – EPM. Editora Científica da Revista
Brasileira de Nutrição Funcional. Coordenadora científica e docente convidada dos cursos de Nutrição
Clínica Funcional e Nutrição Esportiva Funcional da VP Centro de Nutrição Funcional em parceria com a
Universidade Cruzeiro do Sul. Diretora da VP Centro de Nutrição Funcional. Autora dos Livros “Nutrição
Clínica Funcional: dos Princípios à Prática Clínica”, “Suplementação Funcional Magistral: dos Nutrientes aos
Compostos Bioativos”, “Nutrição Clínica Funcional: câncer” e “Tratado de Nutrição Esportiva Funcional”.
Coordenadora da Comissão Científica do Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional (IBNF). Membro do The
Institute for Functional Medicine – USA. Nutricionista do CSA Brasil (Community Supported Agriculture -
Agricultura Sustentada pela Comunidade). Membro do conselho consultivo da CNTU (Confederação Nacional
dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados).
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Coordenação e Autores
Lista de Autores
Alexandre Justo de Oliveira Lima
Possui licenciatura e bacharelado em Ciências Biológicas pela Universidade Braz Cubas e bacharelado em
Farmácia e Bioquímica pela Universidade Nove de Julho. Mestrado e Doutorado em Ciências com área de
concentração Farmacologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pós-graduado em Análises
clínicas pelo CRBIO. Atualmente é professor Adjunto do Departamento de Ciências da Saúde da Universidade
Estadual de Santa Cruz (UESC em Ilhéus - BA), leciona a matéria de Farmacologia e é Membro do comitê de
ética e pesquisa em seres humanos, do comitê de iniciação científica e coordenador do Centro Regional de
Referência sobre Álcool, Crack e Outras Drogas. Atualmente é coordenador do programa de Mestrado em
Ciências da Saúde da UESC.
Gabriela Pimentel
Nutricionista graduada pela Universidade Federal de Santa Catarina. Pós-graduada em Nutrição nas doenças
crônico não transmissíveis pelo Albert Einstein. Pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional pela Universidade
Cruzeiro do Sul. Pós-graduada em Fitoterapia Funcional pela Universidade Cruzeiro do Sul. Docente dos
cursos de pós-graduação em Fitoterapia Funcional Universidade Cruzeiro do Sul. Atua em atendimento
clínico nutricional em consultório.
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Índice
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André Barroso Heibel
Actions of tucum-do-cerrado on health – Benefits in the genic modulation and oxidative stress
Resumo
O metabolismo do ferro deve ser estritamente controlado, a fim de evitar reação de oxirredução com este metal, resultando em danos a
biomoléculas. Os polifenóis são componentes dietéticos fundamentais na saúde humana. Evidências sugerem que o consumo de polifenóis
está ligado à modulação do estresse oxidativo e da inflamação. O tucum-do-cerrado se destaca pelo teor de compostos bioativos e por
sua ação na modulação da hepcidina, do Nrf2 e da sirtuína 1, resultando na melhora do estresse oxidativo e da defesa antioxidante,
mesmo em animais submetidos a uma sobrecarga de ferro. Esta revisão foca em estudar os benefícios do consumo do tucum-do-cerrado.
Abstract
Revista Brasileira de Nutrição Funcional
Iron metabolism must be strictly controlled in order to avoid oxidation-reduction, resulting in damage to biomolecules. Polyphenols are
fundamental dietary components in human health. Evidence suggests that the consumption of polyphenols is linked to the modulation
of oxidative stress and inflammation. The tucum-do-cerrado fruit stands out for its content of bioactive compounds and for its action in
the modulation of hepcidin, Nrf2 and Sirtuin 1, resulting in an improvement of oxidative stress and antioxidant defense, even in animals
submitted to iron overload. This review focuses on studying the benefits of the consumption of the tucum-do-cerrado fruit.
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Ações do tucum-do-cerrado na saúde – Benefícios na modulação gênica e no estresse oxidativo
D
Introdução a insulina pode aumentar o estresse oxidativo de
diferentes maneiras. A ativação de vias de formação
Dados epidemiológicos da Organização de sorbitol, como mecanismo compensatório para
Mundial da Saúde mostram uma expansão diminuir a concentração de glicose no sangue,
alarmante da obesidade e de outras doenças depleta o conteúdo de moléculas redutoras como
crônicas não transmissíveis com base em o NADH e o FADH2 dentro da célula, tornado
alterações metabólicas no Brasil e no mundo. o meio citossólico mais propenso a reações de
O aumento das comorbidades associadas aos oxirredução. A geração de produtos de glicação
desbalanços metabólicos pode ser explicado avançada também é uma possível justificativa para
de diferentes maneiras: fatores genéticos como os desequilíbrios vistos nesses pacientes10.
polimorfismos influenciam ostensivamente no Além da geração de produtos oxidantes
risco de desenvolvimento de síndrome metabólica, na mitocôndria e dos efeitos causados pela
por exemplo1. Ainda no campo da genômica hiperglicemia constate, o pool de ferro pode ser
nutricional, diversos artigos mostram a epigenética importante agente causador de estresse oxidativo11.
como reguladora da gênese e do desenvolvimento
da obesidade2-4. Metabolismo do ferro e estresse oxidativo
Em se tratando de fatores ambientais, a literatura
mostra que um estímulo persistente da secreção Tendo em vista o grande potencial em causar
de insulina causado pela ingestão exacerbada danos a biomoléculas, o metabolismo do ferro é
de carboidratos de alto índice glicêmico pode estritamente controlado por diversos mecanismos
desencadear um quadro metabólico denominado moleculares pré e pós-transcricionais. Um ser
resistência a insulina5. O uso de adoçantes como humano saudável em idade adulta tem cerca
a sacarina sódica também vem sendo associado de 3 a 5 gramas de ferro no corpo. Por vias
à piora na homeostase de glicose por meio de dietéticas, o consumo é usualmente superior a
alterações no padrão bacteriano intestinal6. Ainda 10 mg por dia, mas a absorção fica em torno
sobre a microbiota, diversas pesquisas atribuem de 10% do valor ingerido. A regulação de ferro
alterações na quantidade, qualidade e proporção acontece principalmente no intestino delgado e
dos microrganismos residentes no intestino a no fígado. Três principais formas de ferro podem
alterações moleculares associadas à obesidade7. ser obtidas por meio da alimentação: a forma
Ademais, boa parte da evidência científica hêmica, obtida de alimentos de origem animal e
atual mostra a relação entre doenças crônicas com melhor biodisponibilidade, é absorvida por
não-transmissíveis, geração de danos oxidativos meio da proteína carreadora de heme (HCP-1); a
e inflamação. O aumento no nível de peroxidação forma inorgânica oxidada (Fe3+) é reduzida pela
lipídica e na formação de proteínas carboniladas citocromo B redutase duodenal (DcytB) e segue
em indivíduos com disfunções metabólicas é o mesmo rumo da terceira forma, o ferro reduzido
frequentemente visto em estudos que avaliam (Fe2+), que é absorvido pela transportadora de
esse tipo de patologia. Concentrações plasmáticas metal divalente 1 (DMT-1)12.
elevadas de interleucinas com ação inflamatória, Uma vez no meio celular, o ferro poderá ser
IL-1β, IL-6 e 1L-18 têm sido vistas de maneira utilizado, armazenado na ferritina ou exportado
crônica em quadros de disfunções metabólicas8. para a corrente sanguínea pela ferroportina. No
O desbalanço entre as defesas antioxidantes e a sangue, o ferro será transportado majoritariamente
geração de espécies reativas de oxigênio, chamado pela transferrina, que se liga então ao seu receptor
de estresse oxidativo, é quadro característico (TfR1) e sofre uma endocitose, tornando, assim,
em vários órgãos nos obesos e diabéticos 9. o ferro disponível no tecido alvo12.
A mitocôndria parece ser o principal sítio de Em nível de regulação sistêmica, o fígado é o
geração de radicais livres, com destaque para o maior orquestrante do controle de mobilidade do
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superóxido. Indivíduos com sobrepeso parecem metal. A hepcidina, hormônio proteico produzido
ter desregulações mitocondriais que favorecem no fígado, é capaz de regular a mobilidade de ferro
o extravasamento de oxigênio molecular, o por meio da inibição da ferroportina no intestino
qual gerará radical superóxido. Além disso, a e macrófagos, além de diminuir a produção de
hiperglicemia constante em indivíduos resistentes eritropoietina nos rins. Diversos fatores podem
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André Barroso Heibel
nos radicais livres. A atividade sequestradora do metal no baço e intestino foi normalizado após
(do inglês scavanger) é amplamente conhecida a sobrecarga de ferro com o consumo do fruto19.
na literatura. Por fim, os compostos bioativos Uma vez que o ferro se tornou indisponível para
têm potencial de modular a atividade de diversas reações de oxirredução, a peroxidação lipídica
enzimas por meio de suas respectivas expressões no fígado e o conteúdo de proteínas carboniladas
gênicas. O potencial nutrigenômico dos alimentos no intestino foram reduzidos, caracterizando o
que contêm compostos bioativos se dá por meio alimento como possível agente antioxidante e
da ativação ou inativação de genes que regulam modulador do estresse oxidativo na saúde humana.
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Ações do tucum-do-cerrado na saúde – Benefícios na modulação gênica e no estresse oxidativo
Possivelmente, esse efeito foi visto por conta da e na longevidade. Este efeito se dá principalmente
modulação de hepcidina que o tucum-do-cerrado pela regulação do estresse oxidativo por meio
pode promover. A expressão do gene Hamp, da de enzimas antioxidantes, como as da família da
hepcidina, foi reduzida significativamente em glutationa. Da Cunha e Arruda20 mostraram que o
relação aos animais que não consumiram o fruto. consumo de tucum-do-cerrado poderia aumentar a
Ainda, a expressão do gene da ferritina, importante concentração de sirtuína 1 no fígado, causando um
marcador inflamatório, também sofreu redução19. aumento no fator nuclear eritroide 2 relacionado
Existem evidências que mostram que o consumo ao fator Nrf2. Em termos de saúde, a modulação
de tucum-do-cerrado pode aumentar a atividade do Nrf2 traria diversos benefícios, uma vez que
da enzima superóxido dismutase no fígado, ele está relacionado a parâmetros de modulação
confirmando o efeito nutrigenômico do alimento20. de enzimas antioxidantes e de envelhecimento.
Entretanto, um dos efeitos mais importantes O tucum-do-cerrado se mostra como uma
que o tucum-do-cerrado pode exercer é o da excelente fonte de compostos bioativos, capaz de
modulação dos genes da sirtuína 1. Tal enzima age modular a saúde por meio do controle do estresse
na desacetilação de histonas, regulando a expressão oxidativo. Apesar da evidência atual, mais estudos
de centenas de genes. Diversos estudos mostram são necessários para confirmar as ações do tucum-
as sirtuínas como enzimas responsáveis por do-cerrado e de outras plantas alimentícias não
diferentes ações nos processos de envelhecimento convencionais na saúde humana.
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