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4 Tal emancipação é desencadeada em 1808, e consumada oficialmente em 1824.
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Entender os agentes sociais como manifestações políticas, do enfoque privado ao público,
significa reconhecer as mais diversas formas de consciência coletiva da época, e confere agência às
organizações sociais que influenciaram de maneira categórica nos processos relativos ao final do
século XVIII e início do século XIX. Importante também historicizar o Estado, que, através de suas
estratégias de ação, naquele momento, cria dissidências e enfrentamentos, acentua polarizações, e
procura novos instrumentos de consolidação e espalhamento de seu poder centralizante.
João Paulo G. Pimenta (2009) propõe a seguinte reflexão:
“Embora a transferência da Corte para o Brasil tenha renovado, dentre os súditos
portugueses, as condições para a afirmação de suas tradicionais lealdades postas em xeque
pela crise política européia, o acontecimento em si representava uma novidade suficiente
para começar a inovar a visão de história – portanto de mundo – prevalecente.”6
Impossível falar na crise daquele momento sem elucidar os conceitos de crise para estes
dois autores. Fernando A. Novais, em sua obra “Portugal e Brasil na Crise do Antigo Sistema
Colonial, 1777-1808”, considera crise como um momento redefinidor. Dessa forma, a crise se dá,
para Novais, no momento em que a colônia começa a surpassar a metrópole em exportações,
anunciando uma crise entre os laços entre Portugal e a América Portuguesa. Já Istvan Jancsó propõe
uma complexificação do termo, admitindo-a não somente como uma crise no sentido de uma
progressiva queda, mas sim como um momento com plurais possibilidades de renovação,
Na colônia, quem em momentos anteriores havia vindo para conquistar, nessa situação já
era propriamente um colono. Os radicados nas colônias7 , imersos nas contradições e abismos que o
sistema colonial possuía, constituíam as mais diferentes formações sociais; essas, que tinham uma
relação assimétrica com a esfera peninsular.
Sendo assim:
“A contrapelo do que se dava no reino, cuja sociedade ajustava-se aos padrões da
civilização das Luzes e às exigências de um capitalismo em acelerada expansão,
as da América portuguesa reforçavam seu caráter escravista, no que, de resto, não
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diferiam do que era comum aos domínios ultramarinos das potências européias da
época moderna.”8 (JANCSÓ, p. 261)
8JANCSO, István. Brasil e brasileiros: notas sobre modelagem de significados políticos na crise do Antigo Regime
português na América. Estud. av., São Paulo , v. 22, n. 62, p. 257-274, Apr. 2008 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142008000100017&lng=en&nrm=iso>. access on 21
Nov. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142008000100017.