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SANEAMENTO AMBIENTAL – RESUMO P2

NÍVEIS DE TRATAMENTO DE ESGOTO


✓ Nos estudos de concepção deve-se definir: a) impacto ambiental do lançamento no corpo receptor; b) objetivos
do tratamento (principais constituintes a serem removidos); c) nível do tratamento; e d) eficiências de remoção
desejadas.
✓ Os métodos de tratamento dividem-se em operações e processos unitários: a) operações físicas unitárias:
gradeamento, mistura, floculação, sedimentação, filtração, flotação); b) operações químicas unitárias: remoção ou
conversão de contaminantes ocorre pela adição de produtos químicos ou devido a reações químicas (precipitação,
adsorção, desinfecção); c) processos biológicos unitários – remoção de contamiinantes pela atividade biológica
(remoção de MO carbonácea, nitrificação, desnitrificação).
✓ O níveis de tratamento de esgoto são:
a) Tratamento Preliminar – Deve existir em todas as estações de tratamento de esgotos sanitários em nível
primário, secundário e terciário.
- Remoção de sólidos grosseiros (gradeamento) e areia (desarenadores).
- Mecanismos de remoção de ordem física.
- Finalidades da remoção de sólidos grosseiros: a.1) proteção dos dispositivos de transporte dos esgotos (bombas
e tubulações); a.2) proteção das unidades de tratamento subsequentes; e a.3) proteção dos corpos receptores.
- Finalidades da remoção de areia: a.1) evitar abrasão nos equipamentos e tubulações; a.2) Eliminar/reduzir a
possibilidade de obstrução em tubulações, tanques, orifícios, sifões...; e a.3) Facilitar o transporte do líquido,
principalmente a transferência do lodo, em suas diversas fases.
b) Tratamento Primário
- Remoção de sólidos em suspensão sedimentáveis e sólidos flutuantes → Processo físico.
- Os esgotos fluem vagarosamente pelos decantadores, permitindo que os sólidos em suspensão sedimentem
gradualmente no fundo → lodo primário.
- Materiais flutuantes, como óleos e graxas, ficam na superfície dos decantadores, sendo coletados e removidos do
tanque para posterior tratamento.
- A eficiência na remoção de DBO e dos sólidos em suspensão pode ser aumentada adiconando coagulantes (sulfato
de alumínio, cloreto férrico,...) → tratamento primário avançado.
- O lodo primário pode ser digerido em digestores convencionais, podendo também ser estabilizado com cal
(estabilização alcalina).
c) Tratamento Secundário
- Remoção de MO. Esta pode estar em 2 formas: c.1) MO dissolvida (DBO solúvel ou filtrada) – não é removida por
processos físicos, como ocorre no tratamento primário; e c.2) MO em suspensão (DBO suspensa ou particulada) –
é em grande parte removida no tratamento primário (se existir), mas os sólidos são de sedimentabilidade mais lenta
e ficam mais tempo no líquido.
- Pode vir imediatamento após o tratamento preliminar ou após o tratamento primário.
- Tratamento biológico do esgoto → baseado no contato efetivo entre microorganismo e MO. Os microorganismos
convertem a MO em CO2, H2O e material celular, sendo que em condições anaeróbias também há produção de
CH4.
- Para que haja decomposição biológica do material, deve-se manter condições ambientais favoráveis →
temperatura, pH, tempo de contato, O2 (condições aeróbias)...
- Métodos mais comuns de tratamento secundário: lagoas de estabilização e variantes, processo de disposição
sobre o solo, reatores anaeróbios, lodos ativados e variantes; e reatores aeróbios com biofilmes.
d) Tratamento Terciário
- Remoção de poluentes específicos (tóxicos ou inertes) ou a remoção complementar de poluentes não
suficientemente removidos no tratamento secundário.

LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO – Forma mais simples de tratar o esgoto (remover matéria carbonácea).
✓ As lagoas de estabilização são indicadas para as condições brasileiras devido a:
- Suficiente disponibilidade de área em um grande número de localidades;
- Clima favorável (temperatura e insolação elevada);
- Operação simples;
- Necessidade de poucos ou nenhum equipamento.
✓ Para remoção de patogênicos, tem-se as lagoas de maturação. Alguns fatores contribuem para a disposição
de um ambiente hostil aos organismos patogênicos (temperatura, insolação, pH, escassez de alimento,
organismos predadores, competição, compostos tóxicos..) e a lagoa de maturação é dimensionada para afzer uma
utilização ótima de alguns destes fatores (menores profundidades das lagoas – 1,0m ou menos).
✓ Os sistemas de lagoas podem ser:
1) Lagoas Facultativas: Detenção do esgoto por tempo suficiente para que os processos naturais promovam a
estabilização da matéria orgânica.
- Os mecanismos ocorrem em três zonas da lagoa, sendo estas:
✓ Zona Anaeróbia: A partir da sedimentação da MO em suspensão (DBO particulada) sedimenta, forma o lodo de
fundo e sofre decomposição por microorganismos anaeróbios, gerando lentamente CO2, H2O, CH4...No fundo
permanece apenas a camada inerte.
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✓ Zona Aeróbia (camada superficial): a MO dissolvida (DBO solúvel) e a MO em suspensão de pequenas


dimensões (DBO finamente particulada) mantêm-se dispersa e é oxidada ela respiração aeróbia.
✓ Zona Facultativa: Para que ocorra fotossíntese, deve-se ter energia luminosa. Portanto, à medida que se
apofunda na lagoa, a penetração luminosa é menor, predominando o consumo de oxigênio (respiração) sobre a
produção (fotossíntese), podendo haver ausência de OD a partir de certa profundidade. Portanto, deve-se ter
diversos grupos de bactérias para estabilização da MO para que o processo possa ocorrer na ausência/presença
de oxigênio.
- Na ausência de oxigênio livre, tem-se outros aceptores de elétrons: nitratos (condições anóxicas) e sulfatos e CO2
(condições anaeróbicas).
✓ O efluente das lagoas facultativas têm as características: cor verde (algas), alto teor de OD; e sólidos em
suspensão (quase nenhum sedimentável).
✓ Nas lagoas facultativas, a concentração de algas é maior que a concentração de bactérias. Os principais tipos
de bactérias na lagoa são: a) as algas verdes (clorofíceas – Chlamydomonas, Euglena e Chlorella); b) algas azuis
(cianofíceas – Oscillatoria, Phormidium, Anacystis e Anabaena) – necessitam de poucos nutrientes para proliferar,
basta CO2, N2, H2O, alguns minerais e luz (situação de baixo pH e poucos nutrientes no esgoto).
✓ Oxipausa: a produção de oxigênio é até 15x superior ao consumo (saldo positivo no sistema). Como as algas
precisam de luz para a fotossíntese, elas situam-se em maior quantidade próximo à superfície do lago. Na camada
de 50cm, situa-se a faixa de maior intensidade luminosa, com o restante da lagoa praticamente escura.
Assim, há um ponto ao longo da profundidade em que o consumo e a produção de oxigênio se igualam, sendo este
ponto denominado oxipausa (varia durante as 24h do dia – função . Acima da oxipausa tem-se condições aeróbias,
enquanto abaixo tem-se condições anóxicas ou anaeróbias.
✓ A zona aeróbia varia de acordo com a carga de DBO da lagoa: quanto maior a carga de DBO, menor a camada
aeróbia.
✓ O pH varia ao longo da profundidade e do dia (função da fotossíntese e da respiração). Nas horas de máx
fotossíntese, o pH atinge valores em torno de 10. Nestas condições, pode ocorrer: a) Conversão da NH 4 ionizada
em amônia livre (tóxica), b) precipitação dos fosfatos (remoção de nutrientes); e c) Conversão de sulfeto (H 2S) e
bissulfeto (HS-).
✓ As principais condições ambientais na lagoa de estabilização são: a) Radiação solar – velocidade da fotossíntese,
b) Temperatura – velocidade da fotossíntese, taxa de decomposição bacteriana, solubilidade e transferência de
gases; e c) Vento – condições de mistura (vento e diferencial de temperatura) e reaeração atmosférica.
✓ A mistura nas lagoas é importante para:
- Minimizar a ocorrência de curtos-circuitos hidráulicos e zonaas estagnadas;
- Homogeneização da distribuição no sentido vertical da DBO, algas e oxigênio;
- Transporte para as camadas mais profundas do oxigênio produzido pela fotossíntese na zona eufótica;
- Transporte para a zona fótica superficial das algas não motoras que tendem a sedimentar.
Para otimizar a ação dos ventos, as lagoas não devem ser cercadas por obstáculos (naturais e artificiais) nem ter
contorno irregular (para não dificultar a homogeneização das áreas mais periféricas com as mais centrais da lagoa).
✓ Estratificação térmica: a camada superior (quente) não se mistura com a inferior (fria). Ao se aprofundar na
lagoa, há um ponto com grande decréscimo de temperatura aliado a elevado acréscimo de densidade e viscosidade.
Este ponto é denominado termoclina, ponto onde as camadas de alta densidade (camada de fundo) e baixa
densidade (superficial) nãos e misturam.
- O comportamento das algas é influenciado pela estratificação térmica: as algas não motoras sedimentam para a
zona escura da lagoa (apenas consumo de OD) e as algas motoras tendem a fugir da camada mais superficial de
elevada temperatura, formando uma densa camada de algas, a qual dificulta a penetração de luz.
- A estratificação pode ser quebrada por inersão térmica (mecanismo de mistura natural). A inversão térmica pode
correr 1x ao dia na sequência: a) Início da manhã, com vento (mistura completa – temperatura uniforme ao longo
da profundidade), b) Meio da manhã, com sol, sem vento, c) Início da noite, sem vento; e d) Noite, com vento.
✓ Os critérios de projeto das lagoas facultativas são: a) Taxa de aplicação superficial – necessidade de área
de exposição à luz solar na lagoa para que a fotossíntese ocorra. O critério da LS é baseado na necessidade de
oxigênio para estabilização da MO. Portanto, a LS está relacionada à atividade das algas.
- A taxa de aplicação superficial varia com a temperatura, latitude, exposição solar, altitude...
b) Tempo de detenção – tempo necessário para que os microorganismos procedam à estabilização da MO no
reator (lagoa). Assim, o tempo de detenção relaciona-se à atividade das bactérias.
- Os menores tempos de detenção podem ser adotados em locais em que a temperatura do líquido seja mais
elevada, alcançando menor volume para a lagoa.
- O tempo de detenção é função da cinética da remoção da DBO e do regime hidráulico da lagoa.
- Em locais com esgoto mais concentrado (baixa vazão per capita e alta concentração de DBO), o tempo de detenção
tende a ser mais elevado.
✓ Aspectos relacionados à profundidade da lagoa:
a) Lagoa rasa: tendo até 1,0m de rofundidade, pode se comportar como lagoa exclusivamente aeróbia.
- A área requerida é bastante elevada para cumprir o requisito do tempo de detenção;
- A penetração da luz ao longo do dia é praticamente total;
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- A produção de algas é maximizada e o pH é elevado (devido à fotossíntese), acarretando a precipitação de fosfatos


(remoção de nutrientes);
- A remoção de patógenos é maior;
- São mais afetadas pelas variações de temperatura ao longo do dia, podendo atingir condições anaeróbias em
períodos quentes (aumento da taxa de decomposição da MO e maior influência da ressolubilização de subprodutos
da decomposição aaneróbia no fundo do lodo).
b) Lagoa Profunda: a performance da lagoa é mais estável e menos afetada pelas condições ambientais;
- Há maior volume de armazenamento de lodo;
- A camada inferior permanece em condições anaeróbias, nas quais a taxa de remoção da DBO e de mortandade
de patogênicos é mais reduzida;
- As lagoas mais profundas permitem a expanzão futura para a inclusão de aeradores, transformando-as em lagoas
aeradas.
✓ A remoção da DBO ocorre segundo reação de primeira ordem (a taxa da reação é diretamente proporcional à
concentração do substrato). Assim, o regime hidráulico do reator (lagoa) tem grande influência da eficiência do
sistema.
a) Reatores de fluxo em pistão: em reatores com maior concentração de DBO em algum ponto, a taxa de remoção
será mais elevada neste ponto. As partículas entram continuamente por uma extremidade e saem por outra sem
ocorrência de misturas longitudinais, mantendo a sua identidade e permanecem no tanque por um período iguall ao
tempo de detenção hidráulico.
b) Reatores de mistura completa (predominantemente quadrados): Reatores que, através de homogeneização em
todo o tanque, possibilitam uma imediata dispersão do poluente, fazendo com que a sua concentração seja logo
igualada à baixa concentração efluente, apresentam menor eficiência na remoção da DBO.
- As partículas que entram são imediatamente dispersas e o fluxo de entrada e saída é contínuo.
- Dispersão longitudinal infinita (situação extrema).
- Mais indicado quando se tem despejos sujeitos a grande variabilidade de cargas e à presença de compostos
tóxicos, dado que provê imediata diluição do afluente no corpo d’água.
- Usualmente tem sido adotado pois a) os cálculos com o modelo de mistura completa são mais simples; e b) o
dimensionamento com os cálculos assumindo mistura completa leva a um posicionamento a favor da segurança, já
que o reator de mistura completa é o de menor eficiência.
c) Reatores de mistura compelta em série: se o sistema apresentar número infinito de reatores em série, o fluxo em
pistão é reproduzido. O fluxo de entrada e saída é contínuo.
d) Fluxo disperso/arbitrário: obtido em sistema com grau de mistura intermediário entre os extremos de fluxo em
pistão e mistura completa. O fluxo de entrada e saída é contínuo.
- Dispersão longitudinal nulo
✓ A DBO afluente é a DBO total (solúvell +particulada), dado que os sólidos em suspensão orgânicos, responsáveis
pela DBO particulada, são convertidos em sólidos dissolvidos através de enzimas lançadas ao meio pelas próprias
bactérias. A DBO total do efluente é causada por 2 fontes: a) DBO remanescente do tratamento (DBO solúvel) e b)
DBO causada pelos sólidos em suspensão no efluente (DBO particulada).
✓ Se o efluente for utilizado para irrigação, as algas podem ser benéficas. As algas cianofíceas contribuem para a
fixação do nitrogênio, e outras algas, quando mortas, liberam nutrientes posteriormente utilizados pelas pplantas.
No entanto, concentrações excessivas de algas podem afetar a porosidade do solo.
✓ O valor do coeficiente de remoção da DBO é sempre calculado em função do modelo hidráulico assumido.
✓ Arranjos de lagoas: a) Células em série – possui maior eficiência que uma lagoa única, com o mesmo tempo de
detenção total; b) Células em paralelo – possui a mesma eficiência que uma lagoa única. No entanto, o sistema tem
maior flexibilidade e garantia, no caso de interromper o fluxo por uma lagoa (problemas ou manutenção) →
Flexibilidade operacional.
✓ Pós tratamento de efluentes de lagoas: Melhorar a qualidade do efluente de lagoas (remoção de sólidos em
suspensão) utilizando filtros de areia intermitentes, filtros de pedra, micropeneiras, processos de coagulação e
clarificação, flotação e biofiltros aerados.
- A inclusão desses processos deve ter justificativa de acordo com as necessidades do corpo receptor, dado que
promove aumento dos custos e da complexidade do tratamento.
✓ Acúmulo de lodo: resultado dos sólidos em suspensão do esgoto bruto, incluindo areia, e organismos
sedimentados.
- A menos que a lagoa esteja com uma alta carga, o lodo se acumulará por diversos anos sem necessidade de
remoção.
- Apenas 5% do lodo acumulado é areia. No entanto, deve-se remover porque a areia tende a se concentrar próximo
às entradas, e na primeira célula de um sistema em série.
2) Sistema de Lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facultativas: existência de condições estritamente
anaeróbias. Para connseguir esta condição, faz-se o lançamento de alta carga de DBO por unidade de volume da
lagoa, fazendo com que a taxa de consumo de oxigênio seja várias vezes superior à taxa de produção.
- Vem da necessidade de diminuir a área total requerida pelas unidades. A eficiência na remoção da DBO é de 50%-
70%, portanto a lagoa facultativa recebe apenas 30%/50% da carga de esgoto bruto, podendo ter menores
dimensões.
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- Utilizadas para o tratamento de esgotos domésticos e despejos industriais predominantemente orgânicos, com
altos teores de DBO (frigoríficos, alticínios,...).
- As lagoas anaeróbias apresentam tempo de detenção elevado (a estabilização da MO por processos naturais
ocorre lentamente) e altas áreas (eficiência da fotossíntese).
- A estabilização da MO por via anaeróbia é mais lenta, dado que as reações anaeróbias produzem menos energia
do que as reações aeróbias.
- A temperatura é fator de grande influência na taxa de reprodução e estabilização da MO. Assim, locais com
temperaturas mais elevadas proporcinam melhores condições para os processos anaeróbios.
- Lagoas anaeróbias apresentam profundidade superior à de lagoas facultativas para que seja certificada a condição
anaeróbia → redução da penetração de oxigênio produzido na camada superficial nas camadas posteriores.
- A eficiência de remoção da DBO é relativamente baixa (50%-60%). Portanto, a DBO efluente é elevada e requer
unidade posterior de tratamento → Sistema de Lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facultativas (Sistema
Australiano).
✓ O processo de estabilização anaeróbia da MO ocorre em duas etapas:
a) Etapa 1: Liquefação e formação de ácidos (Bactérias acidogênicas) – Não há remoção de DBO, apenas
conversão da MO em outras formas (ácidos).
b) Etapa 2: Formação de metano (Bactérias metanogênicas) – Remoção da DBO com a MO (ácidos) produzida na
primeira etapa, sendo convertida em CH4, CO2 e H2O.
- As bactérias metanogênicas são sensíveis às condições ambientais. Se sua taxa de reprodução reduzir, ocorre
acúmulo de ácidos produzidos na primeira etapa → interrupção da remoção da DBO e geração de maus odores
(acúmulo de ácidos fétidos).
- Para que ocorra o desenvolvimento adequado das bactérias metanogênicas, deve-se garantir as seguintes
condições: a) Ausência d OD (bactérias estritamente anaeróbias); b) Temperatura do líquido acima de 15oC;
e c) pH adequado (próximo de 7).
✓ Os principais parâmetros de projeto são: a) Tempo de detenção – tempo necessário para a reprodução das
bactérias anaeróbias.
- O tempo de detenção deve ser de 3 a 6 dias → não pode ser inferior a 3 dias pois pode ocorrer que a taxa de saída
das bactérias metanogênicas com o efluente da lagoa (fatores hidráulicos) seja inferior à sua própria taxa de
reprodução, que é lenta (fatores biológicos). Assim, não seria possível a manutenção de uma população estável de
bactérias. Além da eficiência de remoção de DBO se reduzir, ocorreria o aspecto mais grave do desequilíbrio entre
a fase acidogênica e metanogênica (acumulação de ácidos no meio → maus odores). Períodos superiores a 6 dias
não é desejado, pois a lagoa poderia se comportar como lagoa facultativa (condições aeróbias → morte das
bactérias metanogênicas).
b) Taxa de Aplicação Volumétrica - necessidade de um determinado volume para que haja a estabilização da DBO
aplicada. A LV a ser adotada é função da temperatura.
✓ Para controlar a formação de maus odores, pode-se realizar a recirculação do efluente das lagoas facultativas
para a lagoa anaeróbia. O efluente possuirá uma temperatura mais elevada, tendendo a permanecer na superfície
da lagoa anaeróbia. Os gases causadores de mau cheiro são oxidados nessa camada superficial aeróbia, não mais
gerando problemas.
3) Lagoas Aeradas Facultativas
- Sistema predominantemente aeróbio e de dimensões mais reduzidas. Difere da lagoa facultativa pela forma de
suprimento de oxigênio (na lagoa facultativa, o oxigênio vem da fotossíntese, enquanto na lagoa aerada vem por
equipamentos denominados aeradores).
- Os aeradores injetam oxigênio na lagoa ao rotacionarem a altas velocidades e promoverem turbilhonamento na
água, propiciando a entrada de oxigênio atmosférico no líquido, onde se dissolve).
- É considerada facultativa pois a energia introduzida pelos aeradores não é capaz de manter os sólidos em
suspensão, serve apenas para a oxigenação. Os sólidos sedimentam e compões o lodo de fundo, que será
decomposto anaerobiamente.
4) Sistemas de lagoas aeradas de mistura completa seguidas por lagoas de decantação
- Redução maior do volume ao injetar que serve para aeração e manutenção dos sólidos em suspensão. Portanto,
trata-se de mistura completa pois o alto grau de energia por unidade de volume é capaz de misturar todos os
constituintes da lagoa.
- Maior contato MO-bactéria → maior eficiência so sistema na remoção da DBO → menor volume da lagoa e do
tempo de detenção (2 a 4 dias).
- Como a MO permanece em suspensão, não sedimenta, não se pode lançar diretamente ao corpo receptor, pois
ultrapassaria a demanda de oxigênio permitida. Portanto, é necessária uma unidade a jusante para que os sólidos
em suspensão (biomassa) sedimente e possa ser separado do líquido. Assim, faz-se uma lagoa de decantação.

LODOS ATIVADOS
✓ Princípio básico dos lodos ativados: quantos mais bactérias em suspensão tiver, maior será o consumo de MO
presente no esgoto bruto. Assim, analisando sistemas de lagoas aeradas, tem-se que um “reservatório” de bactérias
ativas passam para a lagoa de decantação e, se parte destas bactérias retornasse para a lagoa aerada, a
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concentração de bactérias nesta unidade seria bastante aumentada → recirculação de sólidos do fundo da unidade
de decantação, por meio de bombeamento, para a unidade de aeração.
✓ Os sistemas de lodos ativados devem contar com: a) Tanque de aeração (reator); b)tanque de decantação
(decantador secundário); c) elevatória de recirculação de lodo; e d) retirada de lodo biológico excedente.
✓ Os sistemas de lodos ativados podem ser subdivididos em:
a) Quanto à idade (tempo de retenção dos sólidos): Se aplica tanto para sistemas de fluxo contínuo (líquido entrando
e saindo continuamente do reator de lodos ativados) quanto de fluxo intermitente (entrada do fluido
descontinuamente no reator de lodos ativados).
a.1) Lodos ativados convencional (idade reduzida) – idade de 4 a 10 dias com tempo de detenção hidráulica no
reator de 6 a 8hrs. Com esta idade, o lodo precisa de estabilização por conter alta concentração de MO armazenada
nas células, sendo que esta estabilização ocorre nos digestores (primário e secundário).
- Estabilização do lodo feita em separado (ambiente anaeróbio) -etapa de tratamento do lodo.
- A maior permanência dos sólidos no sistema garantem a elevada eficiência do processo de lodos ativados, já que
a biomassa tem tempo suficiente para metabolizar praticamente toda a MO dos esgotos.
a.2) Aeração prolongada (idade prolongada)
- Sistemas de reduzidíssima idade (aeração modificada) são menos utilizados.
- Em regiões de clima quente, os sistemas com idade do lodo intermediária não apresentam vantagens pois não
possibilitam aumento expressivo na remoção de DBO e não alcançam a estabilização aeróbia do lodo.
- Estabilização do lodo feita no próprio reator → ambiente aeróbio.
- Como não precisa estabilziar o lodo posteriormente, procura-se evitar a geração de alguma outra forma de loso
que venha a requerer estabilização → neste sistema não há decantadores primários.
- A aeração promove aumento de gastos, porém é a variante de lodos ativados mais eficiente na remoçãod a DBO
→reduz-se a disponibilidade de alimento e ocorre a sua quase total assimilação.
b) Quanto ao fluxo:
b.1) Fluxo contínuo (aeração prolongada)
- Se a biomasa permanecer no reator por períodos mais longos (de 18 a 30 dias), recebendo a mesma carga de
DBO, haverá menor quantidade de alimento para as bactérias. Desse modo, para sobreviver, as bactérias passam
a utilizar de forma mais intensa nos seus processos metabólicos a própria MO biodrgradável componente das suas
células → MO convertida em CO2 e H2O pela respiração → estabilização aeróbia da MO no tanque de aeração.
- A quantidade de biomassa é maior que no sistema de lodos convencionais, o volume do reator aeróbio também é
mais elevado e o tempo de retenção é em torno de 16 a 24h.
- Não gera lodo primário e gera menos lodo secundário.
- Não necessita da etapa de estabilização do lodo → o lodo excedente já sai estabilizado.
b.2) Fluxo intermitente (batelada)
- Incorporação de todas as unidades, processos e operações associados ao tratamento tradicional de lodos ativados
(decantação primária, oxidação biológica e decantaçãos ecundária) em um único tanque.
- Pode ser utilizado tanto na modalidade convencional como na aeração prolongada.
- Processo → um ou mais reatores de mistura completa onde ocorrem todas as etapas do tratamento realizando-
se ciclos de tratamento com durações definidas. Estes ciclos são: a) Enchimento – entrada de esgoto bruto ou
decantado no reator; b) Reação – aeração/mistura de massa líquida contida no reator; c) Sedimentação –
sedimentação e separação dos sólidos em suspensão do esgoto tratado; d) Descarte do efluente tratado – retirada
do esgoto tratado do reator; e d) Repouso -ajuste de ciclos e remoção do lodo excedente.
- No sistema de aeração prolongada por batelada, as unidades do processo do tratamento (líquido e lodo) são:
grades, desarenador, reatores, adensamento do lodo (opcional) e desidratação do lodo.
c) Quanto ao efluente à etapa biológica do sistema de lodos ativados
c.1) Esgoto bruto
c.2) Efluente de decantador primário
c.3) Efluente de reator anaeróbio
c.4) Efluente de outro processo de tratamento de esgotos

✓ Lodos ativados para o pós-tratamento de efluentes de reatores anaeróbios: no lugar do decantador


primário, coloca-se o reator anaeróbio.
- O lodo aeróbio excedente gerado no sistema de lodos ativados – não estabilizado – é enviado ao reator UASB
para sofrer adensamento e digestão juntamente com o lodo anaeróbio.
- Reator UASB: reator anaeróbio de fluxo ascendente → a biomassa cresce dispersa no meio, não aderiada a um
substrato previamente incluído no sistema. O líquido entra no fundo e se encontra com o leite de lodo, o que causa
a adsorção de grande parte da MO pela biomassa. Através da atividade anaeróbia, são produzidos gases (CH4 e
CO2) cujas bolhas têm movimento ascendente.
Para reter a biomassa no sistema, impedindo que saia com o efluente, a parte superior dos reatores de manta de
lodo tem uma estrutura (separador trifásico) que separa e acumula gás e separa e retorna a biomassa.
- Não usa-se digestores e adensadores, há apenas desidratação.

✓ Remoção biológica de nutrientes


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a) Remoção de nitrogênio – nitrificação (NH3 → NH4) sem provocar alterações no processo.


- Em regiões de clima quente, a nitrificação ocorre facilmente a não ser que haja algum problema como falta de OD,
baixo pH, pouca biomassa ou a presença de substâncias tóxicas ou inibidoras.
- A remoção biológica do nitrogênio ocorre em condições anaeróbias ou anóxicas (presença de nitratos). Nestas
condições, bactérias usam o nitrato em seu processo respiratório, convertendo-o em nitrogênio gasoso, que escapa
para a atmosfera (desnitrificação). Para que ocorra a desnitrificação, deve-se modificar o processo, cinluindo zonas
anóxicas e possíveis recirculações internas.
- Em sistemas de lodos ativados em que se realiza nitrificação, é bom que se faça também a desnitrificação, por
questões operacionais e de qualidade final do efluente, pois: a) economia de oxigênio (economia de energia na
aeração); b) Economia de alcalinidade (preservação da capacidade tampão); c) Operação do decantador secundário
(evitar lodo ascendente); e d) controle de nutrientes (eutrofização).
b) Remoção de fósforo – Deve-se promover zonas anaeróbias e zonas aeróbias na linha de tratamento.
- A zona anaeróbia é o seletor biológico para microorganismos acumuladores de fósforo → vantagem aos
organismos acumuladores de fósforo, pois podem assimilar o substrato nesta zona antes de outros microorganismos
não armazenadores de fósforo.
- A zona anaeróbia propicia acumulação de grande quantidade de organismos acumuladores de fósforo, que
conseguem absorver grandes quantidades de fósforo. Portanto, ao remover o lodo biológico excedente, está
retirando o fósforo.

✓ Tratamento do lodo: Parte integrante dos processos de lodos ativados → fluxograma completo conta com o
tratamento e a disposição final dos sub-produtos gerados no tratamento.
- Os sub-produtos gerados são: a) material gradeado; b) areia; c) escuma; d) lodo primário ; e e) lodo secundário.
- As principais etapas do tratamento são: a) Adensamento – remoção da unidade; b) Estabilização – remoção da
MO; c) Condicionamento – preparação para a desidratação; d) Desidratação – remoção da umidade; e) Disposição
final – destinação final dos subprodutos.

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