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LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO – Forma mais simples de tratar o esgoto (remover matéria carbonácea).
✓ As lagoas de estabilização são indicadas para as condições brasileiras devido a:
- Suficiente disponibilidade de área em um grande número de localidades;
- Clima favorável (temperatura e insolação elevada);
- Operação simples;
- Necessidade de poucos ou nenhum equipamento.
✓ Para remoção de patogênicos, tem-se as lagoas de maturação. Alguns fatores contribuem para a disposição
de um ambiente hostil aos organismos patogênicos (temperatura, insolação, pH, escassez de alimento,
organismos predadores, competição, compostos tóxicos..) e a lagoa de maturação é dimensionada para afzer uma
utilização ótima de alguns destes fatores (menores profundidades das lagoas – 1,0m ou menos).
✓ Os sistemas de lagoas podem ser:
1) Lagoas Facultativas: Detenção do esgoto por tempo suficiente para que os processos naturais promovam a
estabilização da matéria orgânica.
- Os mecanismos ocorrem em três zonas da lagoa, sendo estas:
✓ Zona Anaeróbia: A partir da sedimentação da MO em suspensão (DBO particulada) sedimenta, forma o lodo de
fundo e sofre decomposição por microorganismos anaeróbios, gerando lentamente CO2, H2O, CH4...No fundo
permanece apenas a camada inerte.
SANEAMENTO AMBIENTAL – RESUMO P2
- Utilizadas para o tratamento de esgotos domésticos e despejos industriais predominantemente orgânicos, com
altos teores de DBO (frigoríficos, alticínios,...).
- As lagoas anaeróbias apresentam tempo de detenção elevado (a estabilização da MO por processos naturais
ocorre lentamente) e altas áreas (eficiência da fotossíntese).
- A estabilização da MO por via anaeróbia é mais lenta, dado que as reações anaeróbias produzem menos energia
do que as reações aeróbias.
- A temperatura é fator de grande influência na taxa de reprodução e estabilização da MO. Assim, locais com
temperaturas mais elevadas proporcinam melhores condições para os processos anaeróbios.
- Lagoas anaeróbias apresentam profundidade superior à de lagoas facultativas para que seja certificada a condição
anaeróbia → redução da penetração de oxigênio produzido na camada superficial nas camadas posteriores.
- A eficiência de remoção da DBO é relativamente baixa (50%-60%). Portanto, a DBO efluente é elevada e requer
unidade posterior de tratamento → Sistema de Lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facultativas (Sistema
Australiano).
✓ O processo de estabilização anaeróbia da MO ocorre em duas etapas:
a) Etapa 1: Liquefação e formação de ácidos (Bactérias acidogênicas) – Não há remoção de DBO, apenas
conversão da MO em outras formas (ácidos).
b) Etapa 2: Formação de metano (Bactérias metanogênicas) – Remoção da DBO com a MO (ácidos) produzida na
primeira etapa, sendo convertida em CH4, CO2 e H2O.
- As bactérias metanogênicas são sensíveis às condições ambientais. Se sua taxa de reprodução reduzir, ocorre
acúmulo de ácidos produzidos na primeira etapa → interrupção da remoção da DBO e geração de maus odores
(acúmulo de ácidos fétidos).
- Para que ocorra o desenvolvimento adequado das bactérias metanogênicas, deve-se garantir as seguintes
condições: a) Ausência d OD (bactérias estritamente anaeróbias); b) Temperatura do líquido acima de 15oC;
e c) pH adequado (próximo de 7).
✓ Os principais parâmetros de projeto são: a) Tempo de detenção – tempo necessário para a reprodução das
bactérias anaeróbias.
- O tempo de detenção deve ser de 3 a 6 dias → não pode ser inferior a 3 dias pois pode ocorrer que a taxa de saída
das bactérias metanogênicas com o efluente da lagoa (fatores hidráulicos) seja inferior à sua própria taxa de
reprodução, que é lenta (fatores biológicos). Assim, não seria possível a manutenção de uma população estável de
bactérias. Além da eficiência de remoção de DBO se reduzir, ocorreria o aspecto mais grave do desequilíbrio entre
a fase acidogênica e metanogênica (acumulação de ácidos no meio → maus odores). Períodos superiores a 6 dias
não é desejado, pois a lagoa poderia se comportar como lagoa facultativa (condições aeróbias → morte das
bactérias metanogênicas).
b) Taxa de Aplicação Volumétrica - necessidade de um determinado volume para que haja a estabilização da DBO
aplicada. A LV a ser adotada é função da temperatura.
✓ Para controlar a formação de maus odores, pode-se realizar a recirculação do efluente das lagoas facultativas
para a lagoa anaeróbia. O efluente possuirá uma temperatura mais elevada, tendendo a permanecer na superfície
da lagoa anaeróbia. Os gases causadores de mau cheiro são oxidados nessa camada superficial aeróbia, não mais
gerando problemas.
3) Lagoas Aeradas Facultativas
- Sistema predominantemente aeróbio e de dimensões mais reduzidas. Difere da lagoa facultativa pela forma de
suprimento de oxigênio (na lagoa facultativa, o oxigênio vem da fotossíntese, enquanto na lagoa aerada vem por
equipamentos denominados aeradores).
- Os aeradores injetam oxigênio na lagoa ao rotacionarem a altas velocidades e promoverem turbilhonamento na
água, propiciando a entrada de oxigênio atmosférico no líquido, onde se dissolve).
- É considerada facultativa pois a energia introduzida pelos aeradores não é capaz de manter os sólidos em
suspensão, serve apenas para a oxigenação. Os sólidos sedimentam e compões o lodo de fundo, que será
decomposto anaerobiamente.
4) Sistemas de lagoas aeradas de mistura completa seguidas por lagoas de decantação
- Redução maior do volume ao injetar que serve para aeração e manutenção dos sólidos em suspensão. Portanto,
trata-se de mistura completa pois o alto grau de energia por unidade de volume é capaz de misturar todos os
constituintes da lagoa.
- Maior contato MO-bactéria → maior eficiência so sistema na remoção da DBO → menor volume da lagoa e do
tempo de detenção (2 a 4 dias).
- Como a MO permanece em suspensão, não sedimenta, não se pode lançar diretamente ao corpo receptor, pois
ultrapassaria a demanda de oxigênio permitida. Portanto, é necessária uma unidade a jusante para que os sólidos
em suspensão (biomassa) sedimente e possa ser separado do líquido. Assim, faz-se uma lagoa de decantação.
LODOS ATIVADOS
✓ Princípio básico dos lodos ativados: quantos mais bactérias em suspensão tiver, maior será o consumo de MO
presente no esgoto bruto. Assim, analisando sistemas de lagoas aeradas, tem-se que um “reservatório” de bactérias
ativas passam para a lagoa de decantação e, se parte destas bactérias retornasse para a lagoa aerada, a
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concentração de bactérias nesta unidade seria bastante aumentada → recirculação de sólidos do fundo da unidade
de decantação, por meio de bombeamento, para a unidade de aeração.
✓ Os sistemas de lodos ativados devem contar com: a) Tanque de aeração (reator); b)tanque de decantação
(decantador secundário); c) elevatória de recirculação de lodo; e d) retirada de lodo biológico excedente.
✓ Os sistemas de lodos ativados podem ser subdivididos em:
a) Quanto à idade (tempo de retenção dos sólidos): Se aplica tanto para sistemas de fluxo contínuo (líquido entrando
e saindo continuamente do reator de lodos ativados) quanto de fluxo intermitente (entrada do fluido
descontinuamente no reator de lodos ativados).
a.1) Lodos ativados convencional (idade reduzida) – idade de 4 a 10 dias com tempo de detenção hidráulica no
reator de 6 a 8hrs. Com esta idade, o lodo precisa de estabilização por conter alta concentração de MO armazenada
nas células, sendo que esta estabilização ocorre nos digestores (primário e secundário).
- Estabilização do lodo feita em separado (ambiente anaeróbio) -etapa de tratamento do lodo.
- A maior permanência dos sólidos no sistema garantem a elevada eficiência do processo de lodos ativados, já que
a biomassa tem tempo suficiente para metabolizar praticamente toda a MO dos esgotos.
a.2) Aeração prolongada (idade prolongada)
- Sistemas de reduzidíssima idade (aeração modificada) são menos utilizados.
- Em regiões de clima quente, os sistemas com idade do lodo intermediária não apresentam vantagens pois não
possibilitam aumento expressivo na remoção de DBO e não alcançam a estabilização aeróbia do lodo.
- Estabilização do lodo feita no próprio reator → ambiente aeróbio.
- Como não precisa estabilziar o lodo posteriormente, procura-se evitar a geração de alguma outra forma de loso
que venha a requerer estabilização → neste sistema não há decantadores primários.
- A aeração promove aumento de gastos, porém é a variante de lodos ativados mais eficiente na remoçãod a DBO
→reduz-se a disponibilidade de alimento e ocorre a sua quase total assimilação.
b) Quanto ao fluxo:
b.1) Fluxo contínuo (aeração prolongada)
- Se a biomasa permanecer no reator por períodos mais longos (de 18 a 30 dias), recebendo a mesma carga de
DBO, haverá menor quantidade de alimento para as bactérias. Desse modo, para sobreviver, as bactérias passam
a utilizar de forma mais intensa nos seus processos metabólicos a própria MO biodrgradável componente das suas
células → MO convertida em CO2 e H2O pela respiração → estabilização aeróbia da MO no tanque de aeração.
- A quantidade de biomassa é maior que no sistema de lodos convencionais, o volume do reator aeróbio também é
mais elevado e o tempo de retenção é em torno de 16 a 24h.
- Não gera lodo primário e gera menos lodo secundário.
- Não necessita da etapa de estabilização do lodo → o lodo excedente já sai estabilizado.
b.2) Fluxo intermitente (batelada)
- Incorporação de todas as unidades, processos e operações associados ao tratamento tradicional de lodos ativados
(decantação primária, oxidação biológica e decantaçãos ecundária) em um único tanque.
- Pode ser utilizado tanto na modalidade convencional como na aeração prolongada.
- Processo → um ou mais reatores de mistura completa onde ocorrem todas as etapas do tratamento realizando-
se ciclos de tratamento com durações definidas. Estes ciclos são: a) Enchimento – entrada de esgoto bruto ou
decantado no reator; b) Reação – aeração/mistura de massa líquida contida no reator; c) Sedimentação –
sedimentação e separação dos sólidos em suspensão do esgoto tratado; d) Descarte do efluente tratado – retirada
do esgoto tratado do reator; e d) Repouso -ajuste de ciclos e remoção do lodo excedente.
- No sistema de aeração prolongada por batelada, as unidades do processo do tratamento (líquido e lodo) são:
grades, desarenador, reatores, adensamento do lodo (opcional) e desidratação do lodo.
c) Quanto ao efluente à etapa biológica do sistema de lodos ativados
c.1) Esgoto bruto
c.2) Efluente de decantador primário
c.3) Efluente de reator anaeróbio
c.4) Efluente de outro processo de tratamento de esgotos
✓ Tratamento do lodo: Parte integrante dos processos de lodos ativados → fluxograma completo conta com o
tratamento e a disposição final dos sub-produtos gerados no tratamento.
- Os sub-produtos gerados são: a) material gradeado; b) areia; c) escuma; d) lodo primário ; e e) lodo secundário.
- As principais etapas do tratamento são: a) Adensamento – remoção da unidade; b) Estabilização – remoção da
MO; c) Condicionamento – preparação para a desidratação; d) Desidratação – remoção da umidade; e) Disposição
final – destinação final dos subprodutos.