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INFORMAÇÃO JURÍDICA CIV-ADM n.

º 16

EMENTA: Cível e Administrativo. Empresa jornalística.


Procedimentos de constituição e funcionamento. Proteção
do nome empresarial. Decisões do DNRC.

Solicita-nos a ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS – ANJ


esclarecimentos sobre abertura de jornal à luz da legislação vigente, notadamente
em relação as alterações trazidas pela Emenda Constitucional nº. 36, de
28/05/2002 que deu nova redação ao art. 222 da CF/88.

Para facilitar o entendimento relativamente à matéria, apresentamos abaixo


todos os aspectos legais sobre a criação e funcionamento de uma empresa
jornalística, envolvendo, naturalmente, tópico específico a respeito dos requisitos
para abertura do jornal.

I – DA LEI DE REGÊNCIA

Antes de mais nada, é preciso considerar que a matéria é disciplinada pela


Lei n. 5.250, de 09.02.67, sendo que todo interessado deve, inicialmente, certificar-
se de seu inteiro teor como cautela necessária ao desenvolvimento dos trabalhos.

De forma que nossa resposta poderia se limitar à presente indicação


legislativa.

Todavia, considerando o grande número de consultas sobre os


procedimentos relativos à constituição e funcionamento de empresas jornalísticas,
faz-se oportuno ampliar o tema em discussão.

II – DA EMPRESA

Indaga-se se a edição de periódicos deve ser feita por pessoa física ou


jurídica.

No primeiro caso, teríamos a hipótese descrita no art. 966 do Código Civil:

“Art. 966. Considera-se empresário quem exerce


profissionalmente atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens ou de serviços.”

Como se observa, a figura do empresário veio substituir a do antigo


comerciante individual.

O empresário pessoa física é o sujeito que, em pleno gozo de sua


capacidade civil e sem impedimento legal, com habitualidade e visando lucro,
desempenha atividade organizada destinada a criar riqueza, produzindo ou
promovendo a circulação de bens ou realizando serviços.

O risco desse comprometimento pessoal, no entanto, é muito grande. Para


se ter uma ideia, basta registrar que o comerciante individual responde com todo o
seu patrimônio pelos compromissos (dívidas) contraídos no exercício da atividade.

Talvez, por isso, apresente maior segurança a constituição de uma empresa


jornalística para explorar tal atividade, como indica a própria Lei, citando-se,
exemplificativamente:

“Art. 2º É livre a publicação e circulação, no território


nacional, de livros e de jornais e outros periódicos, salvo
se clandestinos (art. 11) ou quando atentem contra a
moral e os bons costumes.

( ... )

§ 2º É livre a exploração de empresas que tenham por


objeto o agenciamento de notícias, desde que registradas
nos termos do art. 8º.

Art. 3º ( ... )

§ 4º São empresas jornalísticas, para os fins da presente


Lei, aquelas que editarem jornais, revistas ou outros
periódicos. Equiparam-se às empresas jornalísticas, para
fins de responsabilidade civil e penal, as que explorarem
serviços de radiodifusão e televisão e o agenciamento de
notícias.”

É óbvio que a empresa jornalística, como as demais, também possui


encargos, mas responde com patrimônio próprio, formado nos termos do estatuto
ou contrato social, segundo o acordo estabelecido entre os sócios.

III – DA FORMA DA SOCIEDADE

A forma da sociedade é livre, nos termos do § 3º do art. 3º da Lei de


Imprensa:

“Art. 3º ( ... )

§ 3º A sociedade que explorar empresas jornalísticas


poderá ter forma civil ou comercial, respeitadas as
restrições constitucionais e legais relativas à sua
propriedade e direção.”

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O tipo de sociedade, os direitos e obrigações dos sócios, a administração,
as relações com terceiros e a responsabilidade dos administradores estão
previstos no Código Civil e podem variar conforme o tipo de sociedade.

Basicamente, o instrumento que regula todas essas relações é o estatuto


ou contrato social, a ser elaborado de acordo com o tipo de sociedade escolhida:
sociedade limitada, sociedade em nome coletivo, sociedade anônima etc.

Interessa aos sócios, em especial, o regime de sua responsabilidade, que


pode variar de sociedade para sociedade: um, alguns ou todos os sócios podem
responder limitada ou ilimitadamente pelas obrigações (dívidas) da sociedade.

Cabe aos interessados optar pelo tipo societário que melhor convier.

IV – DO REGISTRO

Uma sociedade existe sem registro ? Evidente que sim, mas nossa ordem
jurídica somente confere proteção legal à sociedade regularmente registrada.

Confira-se o próprio Código Civil, nestes termos:

“Art. 985 A sociedade adquire personalidade jurídica com


a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus
atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).”

É importante considerar que a partir desse momento começa a existência


legal da pessoa jurídica (art. 45 do Código Civil).

Assim, o registro tem um efeito jurídico extremamente significativo: a


sociedade passa a se apresentar como uma pessoa diversa e com patrimônio
próprio, respondendo pelas obrigações que contrair e exercendo seus próprios
direitos.

Do registro tratam os arts. 8º e seguintes da Lei de Imprensa, dispondo o


primeiro que:

“Art. 8º Estão sujeitos a registro no cartório competente


do Registro Civil das Pessoas Jurídicas:

I – os jornais e demais publicações periódicas;


II – as oficinas, impressoras de quaisquer naturezas,
pertencentes a pessoas naturais ou jurídicas;
III – as empresas de radiodifusão que mantenham
serviços de notícias, reportagens, comentários, debates e
entrevistas;
IV – as empresas que tenham por objeto o agenciamento
de notícias.”

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O pedido de registro será instruído com os documentos previstos no art. 9º
da Lei, sendo a falta de registro punida com multa (art. 10) e considerado
clandestino o jornal ou outra publicação periódica não registrados ou de cujo
registro não constem o nome e qualificação do diretor ou redator e do proprietário
(art. 11).

Quanto à possibilidade de existência de outro jornal com o mesmo nome e


a mesma atividade, é preciso observar que o art. 35 da Lei n. 8.934/94 dispõe que:

“Art. 35. Não podem ser arquivados:

( ... )

V – os atos de empresas mercantis com nome idêntico ou


semelhante a outro já existente.”

Isso porque – pelo princípio da anterioridade – o nome comercial é


automaticamente protegido com o registro, na área de jurisdição do órgão
competente, não se permitindo arquivamento de nome idêntico ou semelhante a
outro já existente. E, a requerimento do interessado, essa proteção pode ser
estendida a todo o território nacional.

Dessa forma, cumpre ao interessado em organizar a empresa jornalística


proceder à prévia consulta ao órgão de registro (junta comercial para as
sociedades empresárias ou cartório para a sociedade simples) sobre o nome que
pretende dar à futura sociedade, sob pena de infringir o mencionado dispositivo.

V – DO RESPONSÁVEL TÉCNICO

A Lei de Imprensa não impõe a obrigatoriedade de um jornalista assinar


como responsável pelo jornal ou periódico.

Nada obstante, seu art. 3º sinaliza:

“Art. 3º É vedada a propriedade de empresas


jornalísticas, sejam políticas ou simplesmente noticiosas,
a estrangeiros e a sociedade por ações ao portador.

§ 1º Nem estrangeiros nem pessoas jurídicas, excetuados


os partidos políticos nacionais, poderão ser sócios ou
participar de sociedades proprietárias de empresas
jornalísticas, nem exercer sobre elas qualquer tipo de
controle direto ou indireto.

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§ 2º A responsabilidade e a orientação intelectual e
administrativa das empresas jornalísticas caberão,
exclusivamente, a brasileiros natos, sendo rigorosamente
vedada qualquer modalidade de contrato de assistência
técnica com empresas ou organizações estrangeiras, que
lhes faculte, sob qualquer pretexto ou maneira, ter
participação direta, indireta ou sub-reptícia, por intermédio
de prepostos ou empregados, na administração e na
orientação da empresa jornalística.”

No entanto, o art. 2º do Decreto n. 83.284/79 estabelece, como privativas de


jornalista, as seguintes atividades:

“Art. 2º A profissão de Jornalista compreende,


privativamente, o exercício habitual e remunerado de
qualquer das seguintes atividades:

I – redação, condensação, titulação, interpretação,


correção ou coordenação de matéria a ser divulgada,
contenha ou não comentário;
II – comentário ou crônica, por meio de quaisquer
veículos de comunicação;
III – entrevista, inquérito ou reportagem, escrita ou falada;
IV – planejamento, organização, direção e eventual
execução de serviços técnicos de Jornalismo, como os de
arquivo, ilustração ou distribuição gráfica de matéria a ser
divulgada;
V – planejamento, organização e administração técnica
dos serviços de que trata o item I;
VI – ensino de técnica de jornalismo;
VII – coleta de notícias ou informações e seu preparo
para divulgação;
VIII – revisão de originais de matérias jornalísticas, com
vista à correção redacional e adequada da linguagem;
IX – organização e conservação de arquivo jornalístico e
pesquisa dos respectivos dados para elaboração de
notícias;
X – execução de distribuição gráfica de texto, fotografia
ou ilustração de caráter jornalístico, para fins de
divulgação.”

Assim, embora a lei e o decreto não apresentem norma explícita indicativa


de que o cargo de diretor ou de redator-chefe do jornal deva ser atribuído
obrigatoriamente ao jornalista profissional, é forçoso reconhecer que se o diretor
ou redator-chefe exercer habitualmente e de forma remunerada alguma das
atividades do art. 2º do referido decreto (em especial as constantes de seu inciso
V) deverá ser jornalista profissional.

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Portanto, é recomendável que um jornalista profissional assuma a
responsabilidade pelo registro e pela publicação do periódico, cabendo observar
que, nos termos do art. 4º do Decreto n. 83.284/79:

“Art. 4º O exercício da profissão de Jornalista requer


prévio registro no órgão regional do Ministério do
Trabalho, que se fará mediante a apresentação de:

I – prova de nacionalidade brasileira;


II – prova de que não está denunciado ou condenado pela
prática de ilícito penal;
III – diploma de curso de nível superior de Jornalismo ou
de Comunicação Social, habilitação Jornalismo, fornecido
por estabelecimento de ensino reconhecido na forma da
lei, para as funções relacionadas nos itens I a VII do
artigo 11;
IV – Carteira de Trabalho e Previdência Social .

Parágrafo único. Aos profissionais registrados


exclusivamente para o exercício das funções relacionadas
nos itens VII a XI do artigo 11, é vedado o exercício das
funções constantes nos itens I a VII do mesmo artigo.”

VI – DAS INFORMAÇÕES DO EXPEDIENTE

Para a validação completa do processo, a Lei de Imprensa dispõe, como


informações essenciais do expediente do jornal, as constantes de seu art. 7º,
verbis:

“Art. 7º No exercício da liberdade de manifestação do


pensamento e de informação não é permitido o
anonimato. Será, no entanto, assegurado e respeitado o
sigilo quanto às fontes ou origem de informações
recebidas ou recolhidas por jornalistas, radiorrepórteres
ou comentaristas.

§ 1º Todo jornal ou periódico é obrigado a estampar, no


seu cabeçalho, o nome do diretor ou redator-chefe, que
deve estar no gozo dos seus direitos civis e políticos, bem
como indicar a sede da administração e do
estabelecimento gráfico em que é impresso, sob pena de
multa diária de, no máximo, um salário-mínimo da região,
nos termos do art. 10.

§ 2º Ficará sujeito à apreensão pela autoridade policial


todo impresso que, por qualquer meio, circular ou for
exibido em público sem estampar o nome do autor e
editor, bem como a indicação da oficina onde foi
impresso, sede da mesma e data da impressão.”

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Não há uniformidade, entretanto, quanto à localização dessas informações
no jornal, mesmo porque a lei não faz qualquer ressalva nesse sentido.

Com efeito, muitos jornais preferem publicar as informações do expediente


na página interna (ou segunda página), melhor aproveitando o espaço da primeira
página.

O que importa, contudo, como decorre da própria lei, é que tais informações
constem da publicação.

VII – DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA

A Constituição Federal traça as linhas gerais dos produtos, atividades e


serviços que podem receber o benefício da imunidade tributária.

Nada obstante, a benesse concedida pela Carta Magna não pode ser
entendida como de aplicação imediata e generalizada.

Assim, para uma resposta mais específica, é mister que o interessado


formule consulta direcionada, indicando que pretende adquirir determinada
matéria-prima ou equipamento ou, ainda, executar esta ou aquela atividade ou
serviço, a fim de que, diante do caso concreto, possa a questão ser melhor
analisada.

VIII – DA LIBERDADE DE IMPRENSA

Sobre a liberdade de manifestação do pensamento e da informação,


dispõem os arts. 1º e 2º da Lei n. 5.250/67 que:

“Art. 1º É livre a manifestação do pensamento e a


procura, o recebimento e a difusão de informações ou
idéias, por qualquer meio, e sem dependência de
censura, respondendo cada um, nos termos da lei, pelos
abusos que cometer.

§ 1º Não será tolerada a propaganda de guerra, de


processos de subversão da ordem pública e social ou de
preconceitos de raça ou classe.

§ 2º O disposto neste artigo não se aplica a espetáculos e


diversões públicas, que ficarão sujeitos à censura, na
forma da lei, nem na vigência do estado de sítio, quando
o Governo poderá exercer a censura sobre os jornais ou
periódicos e empresas de radiodifusão e agências
noticiosas nas matérias atinentes aos motivos que o
determinaram, como também em relação aos executores
daquela medida.

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Art. 2º É livre a publicação e circulação, no território
nacional, de livros e de jornais e outros periódicos, salvo
se clandestinos (art. 11) ou quando atentem contra a
moral e os bons costumes.

§ 1º A exploração dos serviços de radiodifusão depende


de permissão ou concessão federal, na forma da lei.

§ 2º É livre a exploração de empresas que tenham por


objeto o agenciamento de notícias, desde que registradas
nos termos do art. 8º.”

No entanto, as restrições à liberdade de imprensa que figuram na lei, fruto


do momento político de sua edição, não mais persistem com o advento da
Constituição de 1988, que aboliu a censura e a intervenção estatal no
funcionamento das empresas de comunicação.

Permaneceu, todavia, até o advento da Emenda Constitucional n. 36, de


28/05/2002, a restrição quanto à propriedade da empresa jornalística.

A Emenda Consitucional mencionada no parágrafo anterior acabou, em


parte, com a restrição relativamente à propriedade da empresa jornalística,
permitindo que estrangeiros detivessem até 30% (trinta por cento) da propriedade
de tais empresas.

O art. 222 da Carta Magna passou a ter a seguinte redação, verbis:

“ As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado


Federal, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição
Federal promulgam a seguinte Emenda ao texto
constitucional:

Art. 1º O art. 222 da Constituição Federal passa a vigorar


com a seguinte redação:

“Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de


radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de
brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos,
ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis
brasileiras e que tenham sede no País.

§ 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do


capital total e do capital votante das empresas
jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e
imagens deverá pertencer, direta ou indiretamente, a
brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos,
que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e
estabelecerão o conteúdo da programação.

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§ 2º A responsabilidade editorial e as atividades de
seleção e direção da programação veiculada são
privativas de brasileiros natos ou naturalizados há mais
de dez anos, em qualquer meio de comunicação social.

§ 3º Os meios de comunicação social eletrônica,


independentemente da tecnologia utilizada para a
prestação do serviço, deverão observar os princípios
enunciados no art. 221, na forma de lei específica, que
também garantira a prioridade de profissionais brasileiros
na execução de produções nacionais.

§ 4º Lei disciplinará a participação de capital estrangeiro


nas empresas de que trata o § 1º.

§ 5º As alterações de controle societário das empresas de


que trata o § 1º serão comunicadas ao Congresso
Nacional.” (NR)

Art. 2º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na


data de sua publicação.”

O legislador ordinário, em cumprimento do disposto no § 4 do art. 1º da EC


n. 36, editou a lei n. 10.610, de 20 de dezembro de 2002 (cópia anexa).

IX – DA RESPONSABILIDADE DA EMPRESA

Como visto, a Constituição Federal trouxe os atuais contornos da atividade


de imprensa, merecendo transcrição seu art. 220, nos seguintes termos:

“Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a


expressão e a informação, sob qualquer forma, processo
ou veículo, não sofrerão qualquer restrição, observado o
disposto nesta Constituição.

§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir


embaraço à plena liberdade de informação jornalística em
qualquer veículo de comunicação social, observado o
disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.

§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza


política, ideológica e artística.”

Nesse sentido, o já transcrito caput do art. 1º da Lei n. 5.250/67.

Não obstante as conquistas democráticas decorrentes da nova Carta


Política, os órgãos de comunicação passaram a ter outras responsabilidades,
notadamente as de caráter social.

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Seguindo esse entendimento, o legislador constitucional fez inserir no art.
220 da Lei Maior o § 3º, com a seguinte redação:

“§ 3º Compete à lei federal:

I – regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo


ao poder público informar sobre a natureza deles, as
faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários
em que sua apresentação se mostre inadequada;
II – estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e
à família a possibilidade de se defenderem de programas
ou programações de rádio e televisão que contrariem o
disposto no art. 221, bem como da propaganda de
produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à
saúde e ao meio ambiente.”

Dentro dessa nova perspectiva, é oportuno trazer à colação alguns


dispositivos constantes do Decreto n. 57.690, de 01.02.66, que – não obstante
anterior à Constituição e à própria Lei de Imprensa – traz, no Capítulo referente à
Ética Profissional, balizamentos importantes sobre a publicação de anúncios e
propagandas:

“Art. 17. A Agência de Propaganda, o Veículo de


Divulgação e o Publicitário em geral, sem prejuízo de
outros deveres e proibições previstos neste Regulamento,
ficam sujeitos, no que couber, aos seguintes preceitos,
genericamente ditados pelo Código de Ética dos
Profissionais da Propaganda a que se refere o art. 17, da
Lei 4.680, de 18 de junho de 1965:

I – Não é permitido:

a) publicar textos ou ilustrações que atentem contra a


ordem pública, a moral e os bons costumes;
b) divulgar informações confidenciais relativas a
negócios ou planos de Clientes-Anunciantes;
c) reproduzir temas publicitários, axiomas, marcas,
músicas, ilustrações, enredos de rádio, televisão e
cinema, salvo consentimento prévio de seus
proprietários ou autores;
d) difamar concorrentes e depreciar seus méritos
técnicos;
e) atribuir defeitos ou falhas a mercadorias, produtos ou
serviços concorrentes;
f) contratar propaganda em condições antieconômicas
ou que importem em concorrência desleal;
g) utilizar pressão econômica, com o ânimo de
influenciar os Veículos de Divulgação a alterarem
tratamento, decisões e condições especiais para a
propaganda;

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II – É dever:

a) fazer divulgar somente acontecimentos verídicos e


qualidades ou testemunhos comprovados;
b) atestar apenas procedências exatas e anunciar ou
fazer anunciar preços e condições de pagamento
verdadeiros;
c) elaborar a matéria de propaganda sem qualquer
alteração, gráfica ou literária, dos pormenores do
produto, serviço ou mercadoria;
d) negar comissões ou quaisquer compensações a
pessoas relacionadas, direta ou indiretamente, com o
Cliente;
e) comprovar as despesas efetuadas;
f) envidar esforços para conseguir, em benefício do
Cliente, as melhores condições de eficiência e
economia para sua propaganda;
g) representar, perante a autoridade competente, contra
os atos infringentes das disposições deste
Regulamento.”

Ao final, recomendamos ainda a leitura do Código e Anexos do CONAR –


Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária.

X – DA CONCLUSÃO

De todo o exposto, conclui-se que a Constituição Federal e a Lei de


Imprensa apresentam as diretrizes gerais no tocante aos procedimentos de
constituição e funcionamento das empresas jornalísticas, devendo ser, tanto
quanto possível, consultadas regularmente pelos interessados.

No que respeita ao nome empresarial, verificar os pareceres emitidos pela


área jurídica do Departamento Nacional de Registro do Comércio – DNRC,
documentos anexos.

No entanto, o cotidiano da empresa poderá trazer questionamentos mais


específicos para os quais esta Assessoria desde já apresenta os seus préstimos.

Brasília, 03 de março de 2006.

Lívio Rodrigues Ciotti Amílcar Barca Teixeira Júnior


OAB/DF 12.315 OAB/DF 10.328

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LEI No 10.610, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2002.

Dispõe sobre a participação de capital


estrangeiro nas empresas jornalísticas e
de radiodifusão sonora e de sons e
imagens, conforme o § 4o do art. 222 da
Constituição, altera os arts. 38 e 64 da
Lei no 4.117, de 27 de agosto de 1962, o
§ 3o do art. 12 do Decreto-Lei no 236, de
28 de fevereiro de 1967, e dá outras
providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte


Lei:

Art. 1o Esta Lei disciplina a participação de capital estrangeiro nas empresas


jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens de que trata o § 4o do
art. 222 da Constituição.

Art. 2o A participação de estrangeiros ou de brasileiros naturalizados há menos de


dez anos no capital social de empresas jornalísticas e de radiodifusão não poderá
exceder a trinta por cento do capital total e do capital votante dessas empresas e
somente se dará de forma indireta, por intermédio de pessoa jurídica constituída
sob as leis brasileiras e que tenha sede no País.

§ 1o As empresas efetivamente controladas, mediante encadeamento de outras


empresas ou por qualquer outro meio indireto, por estrangeiros ou por brasileiros
naturalizados há menos de dez anos não poderão ter participação total superior a
trinta por cento no capital social, total e votante, das empresas jornalísticas e de
radiodifusão.

§ 2o É facultado ao órgão do Poder Executivo expressamente definido pelo


Presidente da República requisitar das empresas jornalísticas e das de
radiodifusão, dos órgãos de registro comercial ou de registro civil das pessoas
jurídicas as informações e os documentos necessários para a verificação do
cumprimento do disposto neste artigo.

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Art. 3o As alterações de controle societário de empresas jornalísticas e de
radiodifusão sonora e de sons e imagens serão comunicadas ao Congresso
Nacional.

Parágrafo único. A comunicação ao Congresso Nacional de alteração de controle


societário de empresas de radiodifusão será de responsabilidade do órgão
competente do Poder Executivo e a comunicação de alterações de controle
societário de empresas jornalísticas será de responsabilidade destas empresas.

Art. 4o As empresas jornalísticas deverão apresentar, até o último dia útil de cada
ano, aos órgãos de registro comercial ou de registro civil das pessoas jurídicas,
declaração com a composição de seu capital social, incluindo a nomeação dos
brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos titulares, direta ou
indiretamente, de pelo menos setenta por cento do capital total e do capital
votante.

Art. 5o Os órgãos de registro comercial ou de registro civil das pessoas jurídicas


não procederão ao registro ou arquivamento dos atos societários de empresas
jornalísticas e de radiodifusão, caso seja constatada infração dos limites
percentuais de participação previstos no art. 2o, sendo nulo o ato de registro ou
arquivamento baseado em declaração que omita informação ou contenha
informação falsa.

Art. 6o Será nulo de pleno direito qualquer acordo entre sócios, acionistas ou
cotistas, ou qualquer ato, contrato ou outra forma de avença que, direta ou
indiretamente, confira ou objetive conferir, a estrangeiros ou a brasileiros
naturalizados há menos de dez anos, participação no capital total e no capital
votante de empresas jornalísticas e de radiodifusão, em percentual acima do
previsto no art. 2o, ou que tenha por objeto o estabelecimento, de direito ou de fato,
de igualdade ou superioridade de poderes desses sócios em relação aos sócios
brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos.

§ 1o Será também nulo qualquer acordo, ato, contrato ou outra forma de avença
que, direta ou indiretamente, de direito ou de fato, confira ou objetive conferir aos
sócios estrangeiros ou brasileiros naturalizados há menos de dez anos a
responsabilidade editorial, a seleção e direção da programação veiculada e a
gestão das atividades das empresas referidas neste artigo.

§ 2o Caracterizada a prática dos crimes tipificados no art. 1o da Lei no 9.613, de 3


de março de 1998, aplicar-se-á a sanção prevista no art. 91, inciso II, letra a, do
Código Penal à participação no capital de empresas jornalísticas e de radiodifusão
adquirida com os recursos de origem ilícita, sem prejuízo da nulidade de qualquer
acordo, ato ou contrato ou outra forma de avença que vincule ou tenha por objeto
tal participação societária.

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Art. 7o Os arts. 38 e 64 da Lei no 4.117, de 27 de agosto de 1962, passam a vigorar
com a seguinte redação:

"Art. 38. Nas concessões, permissões ou autorizações para explorar serviços de


radiodifusão, serão observados, além de outros requisitos, os seguintes preceitos e
cláusulas:

a) os administradores ou gerentes que detenham poder de gestão e de


representação civil e judicial serão brasileiros natos ou naturalizados há mais de
dez anos. Os técnicos encarregados da operação dos equipamentos transmissores
serão brasileiros ou estrangeiros com residência exclusiva no País, permitida,
porém, em caráter excepcional e com autorização expressa do órgão competente
do Poder Executivo, a admissão de especialistas estrangeiros, mediante contrato;

b) as alterações contratuais ou estatutárias que não impliquem alteração dos


objetivos sociais ou modificação do quadro diretivo e as cessões de cotas ou
ações ou aumento de capital social que não resultem em alteração de controle
societário deverão ser informadas ao órgão do Poder Executivo expressamente
definido pelo Presidente da República, no prazo de sessenta dias a contar da
realização do ato;

c) a alteração dos objetivos sociais, a modificação do quadro diretivo, a alteração


do controle societário das empresas e a transferência da concessão, da permissão
ou da autorização dependem, para sua validade, de prévia anuência do órgão
competente do Poder Executivo;

..................................................................................

g) a mesma pessoa não poderá participar da administração ou da gerência de


mais de uma concessionária, permissionária ou autorizada do mesmo tipo de
serviço de radiodifusão, na mesma localidade

.................................................................................

i) as concessionárias e permissionárias de serviços de radiodifusão deverão


apresentar, até o último dia útil de cada ano, ao órgão do Poder Executivo
expressamente definido pelo Presidente da República e aos órgãos de registro
comercial ou de registro civil de pessoas jurídicas, declaração com a composição
de seu capital social, incluindo a nomeação dos brasileiros natos ou naturalizados
há mais de dez anos titulares, direta ou indiretamente, de pelo menos setenta por
cento do capital total e do capital votante.

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Parágrafo único. Não poderá exercer a função de diretor ou gerente de
concessionária, permissionária ou autorizada de serviço de radiodifusão quem
esteja no gozo de imunidade parlamentar ou de foro especial." (NR)

"Art. 64. ..................................................................................

..................................................................................

g) não-observância, pela concessionária ou permissionária, das disposições


contidas no art. 222, caput e seus §§ 1o e 2o, da Constituição." (NR)

Art. 8o Na aplicação desta Lei, deverá ser obedecido o disposto no art. 12 do


Decreto-Lei no 236, de 28 de fevereiro de 1967.

Art. 9o Não se aplica a limitação estabelecida no caput do art. 12 do Decreto-Lei no


236, de 28 de fevereiro de 1967, aos investimentos de carteira de ações, desde
que o seu titular não indique administrador em mais de uma empresa executante
de serviço de radiodifusão, ou em suas respectivas controladoras, nem detenha
mais de uma participação societária que configure controle ou coligação em tais
empresas.

§ 1o Entende-se como coligação, para fins deste artigo, a participação, direta ou


indireta, em pelo menos quinze por cento do capital de uma pessoa jurídica, ou se
o capital de duas pessoas jurídicas for detido, em pelo menos quinze por cento,
direta ou indiretamente, pelo mesmo titular de investimento financeiro.

§ 2o Consideram-se investimentos de carteira de ações, para os fins do caput


deste artigo, os recursos aplicados em ações de companhias abertas, por
investidores individuais e institucionais, estes últimos entendidos como os
investidores, com sede ou domicílio no Brasil ou no exterior, que apliquem, de
forma diversificada, por força de disposição legal, regulamentar ou de seus atos
constitutivos, recursos no mercado de valores mobiliários, devendo cada ação ser
nominalmente identificada.

Art. 10. Ficam convalidados os atos praticados com base na Medida Provisória no
70, de 1o de outubro de 2002.

Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 20 de dezembro de 2002; 181o da Independência e 114o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Juarez Quadros do Nascimento

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 23.12.2002

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Pareceres Jurídicos do DNRC/COJUR

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SECRETARIA DO DESENVOLVIMENTO DA PRODUÇÃO
DEPARTAMENTO NACIONAL DE REGISTRO DO COMÉRCIO

PARECER JURÍDICO DNRC/COJUR/No 183/00

REFERÊNC
Processo MDIC no 52700-000163/00-36
IA:
RECORRE
ROSSI RESIDENCIAL S.A.
NTE:
PLENÁRIO DA JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE
RECORRID
SÃO PAULO (SALLES ROSSI EMPREENDIMENTOS E
O:
PARTICIPAÇÕES LTDA.)
ASSUNTO: Representação contra a Junta Comercial do Estado de Goiás.
EMENTA: NOME EMPRESARIAL – NÃO COLIDÊNCIA: O uso de
expressões originárias dos nomes dos sócios, de forma
completa ou abreviada, sendo permitido por lei, não pode
ensejar a colidência entre nomes empresariais.

Senhora Coordenadora,

Versa o presente processo de recurso interposto à decisão do


Egrégio Plenário, da JUCESP - Junta Comercial do Estado de São
Paulo, que manteve o arquivamento dos atos constitutivos da
sociedade mercantil SALLES ROSSI EMPREENDIMENTOS E
PARTICIPAÇÕES LTDA. e vem, tempestivamente, a esta instância
superior, com fulcro no artigo 47 da Lei nº 8.934/94, para exame e
decisão ministerial.

RELATÓRIO

16
2. Origina o presente processo com recurso apresentado pela
empresa ROSSI RESIDENCIAL S.A. contra decisão que concedeu o
arquivamento dos atos constitutivos da empresa, ora recorrida, sob
a alegação da existência de colidência entre os nomes empresariais.
Requer, ao final, o cancelamento dos atos constitutivos da sociedade
mercantil recorrida.

3. A Secretária-Geral, por delegação da presidência, deixou de


acolher o presente recurso, considerando que a procuração juntada
pela sociedade recorrente não se encontrava em conformidade legal.
No entanto, parecer da mesma Secretária-Geral de 8/5/00 tornou
sem efeito o despacho anterior datado de 21/2/00, em razão de
equívoco pelo setor de arquivo, e acolheu o REPLEN nº 990.081/00-
0.

4. Submetido o processo a julgamento, o Eg. Plenário da JUCESP,


em sessão realizada no dia 13/6/00, decidiu pelo não provimento
da recurso, mantendo, por via de conseqüência, o arquivamento do
ato recorrido.

5. Irresignada com a r. decisão, a empresa recorrente interpõe,


tempestivamente, recurso a esta instância superior.

6. Notificada a empresa SALLES ROSSI EMPREENDIMENTOS E


PARTICIPAÇÕES LTDA., a apresentar contra-razões, deixou de
fazê-lo no prazo legal, conforme despacho de fls. 35.

7. A seu turno, os autos do processo foram remetidos à consideração


superior deste Departamento Nacional de Registro do Comércio,
para exame e decisão ministerial.

É o Relatório.

PARECER

8. Objetiva o presente recurso alterar a decisão do Eg. Plenário da


JUCESP que, entendendo pela inexistência de identidade ou
semelhança entre os nomes empresariais, negou provimento ao
apelo.

17
9. Para o esclarecimento da questão relativa aos nomes iguais ou
semelhantes, há que se observar a Instrução Normativa DNRC/Nº
53, de 6/3/96, publicada no D.O.U. de 15/03/96, aplicando-se, para
o caso em tela, o art. 10, inciso II, alínea “a” c/c o art. 11, alínea “d”,
que dispõem:

“Art. 10. Ficam estabelecidos os seguintes critérios para a análise de


identidade e semelhança de nomes empresariais pelos órgãos
integrantes do Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis
- SINREM:

I ............................................................................................................

II - entre denominações sociais:

a) consideram-se os nomes por inteiro, quando compostos por


expressões comuns de fantasia, de uso generalizado ou vulgar,
ocorrendo identidade se homógrafos e semelhança se homófonos;

b) ..........................................................................................................
Art. 11. Não são exclusivas, para fins de proteção, palavras ou
expressões que denotem:
..............................................................................................................

d) nomes civis”

10. No campo do nome empresarial, a apreciação da colidência,


examinada pela Junta Comercial, tanto na hipótese dos nomes
completos, como das expressões de fantasia ou características, deve
cingir-se ao aspecto formal e aparente, vez que a existência do erro
ou confusão não se vincula ao gênero de comércio ou indústria,
embora possa influir como agravante dessa condição.

11. No caso concreto, comparando-se os nomes:

ROSSI RESIDENCIAL S.A.


e
SALLES ROSSI EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA.

Temos que:

18
a) não são iguais, por não serem homógrafos;

b) não são semelhantes, por não serem homófonos.

12. Aplica-se, pois, a hipótese prevista no art. 10, inciso II, alínea “a”
c/c o art. 11, alínea “d” da Instrução Normativa mencionada, vez
que a expressão preponderante “ROSSI”, integrante dos nomes
empresariais da recorrente e recorrida, caracteriza patronímico de
sócios da recorrente e recorrida, não podendo ter seu uso tomado
como exclusivo.

13. Nem mesmo a alegação da recorrente de possuir o registro de


marca gera a exclusividade perante o Registro Público de Empresas
Mercantis e Atividades Afins, que trata da proteção ao nome
empresarial, estando a questão de marca afeta ao INPI – Instituto
Nacional de Propriedade Industrial.

14. Assim sendo, a análise é feita considerando-se os nomes por


inteiro, onde pode-se constatar a existência de outros elementos
diferenciais, que afastam qualquer possibilidade de se admitir a
alegada colidência. Por isso, as denominações sociais podem
coexistir perfeitamente, sem provocar erro ou confusão na
identificação das sociedades mercantis em questão.

DA CONCLUSÃO

15. Dessa forma, considerando os elementos de fato e de direito


constantes deste processo, que implicam em concluir-se pela
inexistência de identidade ou semelhança dos nomes empresariais
por inteiro, a ponto de gerar erro ou confusão na identificação de
ambas as sociedades, somos pelo conhecimento do recurso e por seu
não provimento, a fim de ser mantida a decisão da Junta Comercial
do Estado de São Paulo.

É o parecer.

Brasília, 17de agosto de 2000.

19
ANDREA VICENTINI RAMOS ROSSO
Estagiária

SÔNIA Mª DE MENESES RODRIGUES


Assessora Jurídica / DNRC

De acordo com os termos do Parecer Jurídico DNRC/COJUR/Nº


183/00. Encaminhe-se o presente processo à Secretaria do
Desenvolvimento da Produção, conforme minutas de despachos
anexas.

Brasília, 18 de agosto de 2000.

REJANNE DARC B. DE MORAES CASTRO


Coordenadora Jurídica do DNRC

De acordo. Encaminhe-se à SDP, conforme proposto.

Brasília, 21 de agosto de 2000.

MÁRCIO FAVILLA LUCCA DE PAULA


Diretor Interino

20
Pareceres Jurídicos do DNRC/COJUR

MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, DO COMÉRCIO E DO TURISMO


SECRETARIA DE COMÉRCIO E SERVIÇOS
DEPARTAMENTO NACIONAL DE REGISTRO DO COMÉRCIO

PARECER JURÍDICO DNRC/COJUR/No 059/98

REFERÊNC
Processo MDIC no 52700-000036/98-22
IA:
RECORRE
SIDERSUL LTDA.
NTE:
PLENÁRIO DA JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE
RECORRID
MINAS GERAIS
O:
(SIDERSUL COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA.)
EMENTA: NOME EMPRESARIAL – PROTEÇÃO EM NÍVEL LOCAL -
IDENTIDADE –INFRINGÊNCIA DO ART. 34, DA LEI Nº
8.934/94 E ART. 62 DO DECRETO Nº 1.800/96; E ART. 7º DA
IN/DNRC/Nº 53, DE 6/3/96: Não poderão coexistir, na
mesma unidade federativa, dois nomes empresariais
idênticos ou semelhantes.

Senhor Coordenador,

Trata-se de recurso interposto pela sociedade mercantil SIDERSUL


LTDA. contra a decisão do Egrégio Plenário da Junta Comercial do
Estado de Minas Gerais- JUCEMG, que determinou o
desarquivamento da alteração contratual de 21/10/97, vindo, a esta
instância superior com fulcro no art. 47 da Lei nº 8.934/94, para
exame e decisão ministerial.

RELATÓRIO

21
2. Na peça inaugural, a sociedade mercantil SIDERSUL LTDA., do
Mato Grosso do Sul, submete a arquivamento na JUCEMG, pedido
de registro de ato de abertura de filiais em Belo Horizonte-MG.

3. Ato contínuo, foi o processo submetido à análise da Assessoria


Técnica, tendo sido convertido em diligência, por semelhança com o
nome empresarial SIDERSUL COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA.,
registrado e protegido pela JUCEMG.

4. Inconformada com a formulação de exigência, a sociedade


apresenta pedido de reconsideração do despacho, nos termos do art.
44, inciso I, da Lei nº 8.934/94 e art. 65, do Decreto nº 1.800/96.

5. Em 9/10/97, o Assessor Dr. Antônio Sérgio Pereira manteve a


exigência anterior, ocasião em que a 3ª Turma formula despacho no
sentido de que deveria ser pesquisada a “existência ou não da
empresa constante nos registros da JUCEMG.”, tendo sido
informado pela Analista de Direito Comercial que:

“... não foram encontrados registros relativos à paralisação,


temporária ou não, das atividades da sociedade, o que nos leva a
concluir que se encontra em pleno funcionamento.”

6. A Procuradoria da JUCEMG manifesta-se contrariamente ao


arquivamento, em face da identidade dos nomes empresariais.

7. Por outro lado, a 3ª Turma de Vogais deferiu o pedido de abertura


de filial, por entender que: “... a empresa homônima de Minas
Gerais acha-se desativada desde 1994, conforme informação da
Receita Federal e da própria JUCEMG.”

8. Irresignada, a Procuradoria da JUCEMG interpõe,


tempestivamente, recurso ao Plenário, em que reforça a tese da
ilegalidade do ato arquivado, acrescentando que:

“... não há nos autos, nenhuma informação da JUCEMG, naquele


sentido. E nem ela poderia fazê-lo, a teor do art. 48 do Decreto
federal nº 1.800/96, vez que a SIDERSUL COMÉRCIO E
INDÚSTRIA LTDA., de Minas Gerais, como o demonstra a inclusa
certidão simplificada, expedida pela JUCEMG em 21/10/97 (doc. 4),
arquivou nesta casa, em 6/3/95, há pouco mais de dois anos,

22
portanto, sob o nº 1.353.276, alteração contratual atualizando dados
e modificando seu nome empresarial, não se podendo afirmar, à
vista disso e nos termos do mencionado art. 48 do Decreto nº
1.800/96, que ela perdeu “a proteção de seu nome empresarial”.
Não; isso somente pode acontecer, diz a norma, após dez anos sem
nenhum arquivamento na Junta Comercial, observados os trâmites
legais.”

9. Registra, ainda que a “inclusa informação da Receita Federal (doc.


5) também não autoriza aquela conclusão. Ela apenas diz que a
empresa está “omissa” em relação aos anos de “1995 e 1996” e, por
isso, foi “suspensa” a validade de seu CGC. “Suspenso”, atente-se
bem: não, “invalidado”.

10. Intimada a apresentar contra-razões, a sociedade mercantil


SIDERSUL LTDA. as apresenta, alegando, em linhas gerais, que:

“12) Verificando-se os objetivos sociais de cada uma das empresas,


apura-se a inexistência de pretensão de causar prejuízos a terceiros.

..................................................................................................................

14) Outro fator a ser ressaltado é a diversidade de regiões, eis que a


sede da empresa solicitante está situada no Mato Grosso do Sul,
pretendendo aqui apenas abrir uma filial.

15) A incorreta interpretação legislativa oferecida pela Procuradoria,


se mantida, o que se admite apenas por respeito ao absurdo, levará
o estado de Minas Gerais a ficar na “contra mão” da modernidade,
..... (E de direito, eis que não é crível que uma empresa atue, sem que
esteja inscrita no CGC do Ministério da Fazenda).”

11. Submetido o processo ao Vogal Relator, que concluiu pelo


provimento do recurso interposto pela Procuradoria, no sentido de
determinar a cassação da decisão prolatada em 21/10/97, que
deferiu o registro de filial da SIDERSUL LTDA., de Mato Grosso do
Sul.

12. Nessa linha de raciocínio, o Egrégio Plenário da JUCEMG,


reunido em 9/12/97, decidiu, por maioria de votos, pelo
provimento do recurso, determinando o desarquivamento do ato de

23
abertura de filial da sociedade mercantil SIDERSUL LTDA., se, no
prazo de 30 (trinta) dias, não for regularizado aquele registro.

13. Inconformada com a r. decisão do Plenário da JUCEMG, a


sociedade mercantil SIDERSUL LTDA., interpôs recurso a esta
instância superior.

14. A seu turno, os autos do processo foram remetidos à


consideração superior deste Departamento Nacional de Registro do
Comércio, vindo a mim em redistribuição.

É o Relatório.

PARECER

15. O recurso, que ora se examina é tempestivo, bem como se


enquadra nas hipóteses legais intrínsecas e extrínsecas de
admissibilidade, portanto, somos pelo seu conhecimento

16. Pretende a recorrente alterar a decisão do Egrégio Plenário da


JUCEMG, que determinou o desarquivamento do ato de abertura de
filial da sociedade mercantil SIDERSUL LTDA.

17. No presente caso, a empresa SIDERSUL LTDA., arquivada na


Junta Comercial do Estado de Mato Grosso do Sul, objetiva a
manutenção do arquivamento da alteração contratual que deliberou
sobre a abertura de filial no Estado de Minas Gerais.
18. Do exame dos autos, verifica-se claramente que não assiste razão
à recorrente, vez que a proteção ao nome empresarial dá-se, a nível
da unidade federativa de jurisdição da Junta Comercial, podendo
ser estendida essa proteção a outras unidades da federação,
mediante provocação da parte interessada.

19. Sob esse aspecto estatui o art. 61 do Decreto nº 1.800, de 30/1/96,


que regulamenta a Lei nº 8.934/94, verbis:

“Art. 61. A proteção ao nome empresarial, a cargo das Juntas


Comerciais, decorre, automaticamente, do arquivamento da
declaração de firma mercantil individual, do ato constitutivo de
sociedade mercantil ou de alterações desses atos que impliquem
mudança de nome.

24
§ 1º A proteção ao nome empresarial circunscreve-se à unidade
federativa de jurisdição da Junta Comercial que procedeu ao
arquivamento de que trata o caput deste artigo.

§ 2º A proteção ao nome empresarial poderá ser estendida a outras


unidades da federação, a requerimento da empresa interessada,
observada instrução normativa do Departamento Nacional de
Registro do Comércio - DNRC.

§ 3º Expirado o prazo da sociedade celebrada por tempo


determinado, esta perderá a proteção do seu nome empresarial”.

20. Portanto, na área do Registro Público de Empresas Mercantis e


Atividades Afins, para que haja a proteção do nome empresarial na
jurisdição de várias Juntas é necessário que a empresa atenda ao que
dispõe o § 2º do art. 61 do Decreto nº 1.800/96, bem como o art. 13
da Instrução Normativa nº 53, de 6/3/96.

21. Por conseguinte, o caso que ora nos apresenta afigura-se que a
recorrente, embora tenha arquivado seus atos constitutivos na Junta
Comercial do Estado de Mato Grosso do Sul, não cuidou de atender
as normas regulamentares supracitadas, estendendo a outras
unidades da federação essa proteção.

22. Logo, não pode pretender atuar no Estado de Minas Gerais,


como pretende, visto que existe nome empresarial idêntico já
registrado e protegido na jurisdição da JUCEMG.

23. Acrescente-se, ainda, que na área do Registro Público de


Empresas Mercantis, a anterioridade do registro é condição
inquestionável à garantia do uso, porquanto verifica-se do processo
que a sociedade mercantil SIDERSUL COMÉRCIO E INDÚSTRIA
LTDA. teve seu ato constitutivo arquivado em 31/08/94, enquanto
que a Recorrente SIDERSUL LTDA., em 21/10/97, conforme consta
da certidão simplificada de fls. 11 e 13 do Processo JUCEMG nº
1.582.696/97, em anexo.

24. Vê-se, claramente, que está assegurado à sociedade mercantil


SIDERSUL COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA., arquivada na
JUCEMG em 31/08/94, sob o nº 3120444732-7, o direito de uso

25
exclusivo, em face da constatação da identidade em suas expressões
de fantasia incomuns.

25. Com efeito, por força do art. 35, inciso V, da Lei nº 8.934/94, a
JUCEG não foi diligente ao proceder o arquivamento do ato de
abertura de filial da SIDERSUL LTDA., ora Recorrente, por não ter
verificado a existência de nomes iguais ou semelhantes já
arquivados.

26. Ressalte-se, por importante, que a competência das Juntas


Comerciais na análise dos pedidos de registro ou arquivamento,
alcança o exame de todas as formalidades legais dos atos que lhe são
apresentados para arquivamento, conferindo-lhes velar pelo fiel
cumprimento da Lei, ex vi do art. 35, do inciso I, da Lei nº 8.934/94.

27. Inconteste que, se às Juntas Comerciais cabe zelar pelos atos


assentados no Registro Público de Empresas Mercantis como atos
estáveis e de efeitos duradouros, caberá cancelar ou negar
arquivamento aos que contenham ilegalidade ou irregularidade.

28. Sob esse aspecto, a JUCEMG agiu acertadamente ao determinar


o desarquivamento do ato de abertura de filial da sociedade
mercantil SIDERSUL LTDA., ora recorrente, de conformidade com o
que dispõem os artigos 7º, 10, inciso II, alínea “b”, in verbis:

“Art. 10. Ficam estabelecidos os seguintes critérios para a análise de


identidade e semelhança de nomes empresariais pelos órgãos
integrantes do Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis
- SINREM:

I - .......................................................................................................... .........

II - entre denominações sociais:

a) ....................................................................................................................

b) quando contiverem expressões de fantasia incomuns, serão elas


analisadas isoladamente, ocorrendo identidade se homógrafas e
semelhança se homófonas.”

26
29. No campo do nome empresarial, a apreciação da colidência,
examinada pela Junta Comercial, tanto na hipótese dos nomes
completos, como das expressões de fantasia ou características, deve
cingir-se ao aspecto formal e aparente, vez que a existência do erro
ou confusão não se vincula ao gênero de comércio ou indústria,
embora possa influir como agravante dessa condição.

30. No caso concreto, comparando-se os nomes:

SIDERSUL LTDA.
e
SIDERSUL COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA

31. Configura-se, pois, a hipótese prevista no art. 10, inciso II, alínea
“b” da Instrução Normativa mencionada, vez que existe nos nomes
empresariais em questão o uso da mesma expressão de fantasia
incomum “SIDERSUL” que, devido aos fortes condicionantes
existentes, pode ser causadora da alegada colidência e, por via de
conseqüência, influir para agravar a possibilidade de erro ou
confusão na identificação das mencionadas sociedades.

DA CONCLUSÃO

32. Dessa forma, considerando os elementos de fato e de direito


constantes deste processo, que implicam em concluir-se pela
existência de identidade nas expressões de fantasia incomuns dos
nomes empresariais em questão, a ponto de gerar erro ou confusão
na identificação de ambas as sociedades, somos pelo conhecimento
do recurso e por seu não provimento, a fim de ser mantida a decisão
da Junta Comercial do Estado de Minas Gerais, que determinara o
desarquivamento do ato de abertura de filial da sociedade mercantil
SIDERSUL LTDA.

É o parecer, à consideração superior.

Brasília, 26 de fevereiro de 1998.

MARÍLIA PINHEIRO DE ABREU


Assistente Jurídico
Senhor Diretor,

27
De acordo com os termos do Parecer Jurídico DNRC/COJUR/Nº
59/98. Sugiro o encaminhamento do presente processo à Secretaria
de Comércio e Serviços, conforme minutas de despachos anexas.

Brasília, 27 de fevereiro de 1998.


De acordo. Encaminhe-se à SCS, conforme proposto.
Brasília, 27 de fevereiro de 1998.
HAILÉ JOSÉ KAUFMANN
Diretor

28
Pareceres Jurídicos do DNRC/COJUR

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E


COMÉRCIO EXTERIOR
SECRETARIA DO DESENVOLVIMENTO DA PRODUÇÃO
DEPARTAMENTO NACIONAL DE REGISTRO DO COMÉRCIO

PARECER JURÍDICO DNRC Nº 139/01


REFERÊN Processo MDIC nº 52700-001014/01-46
CIA:
RECORRE SATCO TRADING S/A
NTE:
RECORRI PLENÁRIO DA JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO
DO: (SATCO COMÉRCIO, IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA.-ME
EMENTA: NOME EMPRESARIAL - NÃO CONHECIMENTO: Não há que se
do recurso quando este não preenche os requisitos de admissi
previstos na Legislação do Registro Público de Empresas Mer
Atividades Afins (Lei nº 8.934/94 e Decreto nº 1.800/96).

Senhora Coordenadora,

Cuidam os autos de recurso interposto pela empresa SATCO


TRADING S/A, contra o despacho da Secretária - Geral da Junta
Comercial do Estado de São Paulo - JUCESP, que ao deixar de
acolher o pedido da recorrente, manteve o arquivamento dos atos
constitutivos da empresa SATCO COMÉRCIO, IMPORTAÇÃO E
EXPORTAÇÃO LTDA.-ME, e vem, a esta instância superior para
exame e decisão ministerial.

RELATÓRIO

2. Origina o presente processo com recurso ao Plenário da JUCESP


apresentado pela empresa SATCO TRADING S/A, contra decisão

29
que concedeu o arquivamento dos atos constitutivos da empresa
SATCO COMÉRCIO, IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA.-ME,
sob a alegação de colidência entre os nomes empresariais.

3. A Sra. Secretária-Geral daquela Junta Comercial, por delegação da


Presidência, com fulcro no art. 48 da Lei n.º 8.943/94,deixou de
acolher o referido recurso, considerando que o mesmo foi interposto
adstempo.

4. Irresignada com a r. decisão, a empresa recorrente interpõe, por


procuradora, recurso a esta instância superior.

5. Notificada a empresa SATCO COMÉRCIO, IMPORTAÇÃO E


EXPORTAÇÃO LTDA.-ME a oferecer contra-razões, deixou de fazê-
lo no prazo legal conforme despacho de fls. 26.

6. A seu turno, os autos do processo foram remetidos à consideração


superior deste Departamento Nacional de Registro do Comércio,
para exame e decisão ministerial.

É o Relatório.

PARECER

7. Objetiva o presente recurso a modificação do despacho da


Secretária-Geral da Junta Comercial do Estado de São Paulo -
JUCESP que, entendendo pela intempestividade do pedido inicial,
deixou de conhecer o apelo.

8. Preliminarmente, convém ressaltar que a JUCESP, ao decidir,


evidenciou o art. 50 da Lei nº 8.934/94 c/c o art. 74 do Decreto nº
1.800/96, que estabelecem que o prazo para a interposição de
recurso ao Plenário é de 10 (dez) dias úteis, cuja fluência se inicia no
primeiro dia útil subseqüente ao da data da ciência pelo interessado
ou da publicação do ato no órgão de divulgação oficial dos atos
decisórios da Junta Comercial.

9. Entretanto, do exame dos autos observa-se que o arquivamento


do contrato social da empresa SATCO COMÉRCIO, IMPORTAÇÃO
E EXPORTAÇÃO LTDA.-ME ocorreu no dia 03/07/2001, cuja
publicação aconteceu em 14/07/01, sábado, conforme mostra o

30
D.O.E. Caderno da Junta Comercial do Estado de São Paulo, dela
decorrendo o prazo de 10 (dez) dias úteis para a interposição
daquele recurso ao Plenário, segundo a disposição do art. 50 da Lei
n.º 8.934, de 18 de novembro de 1994, cujo termo final se deu em
27/07/01.

10. Assim, temos que, no presente caso, já havia decorrido o prazo


de 10 (dez) dias úteis para a interposição do pedido. Portanto, o
pressuposto de admissibilidade do REPLEN n.º 990.671/01-0,
concernente à tempestividade, não foi superado, estando, destarte,
prejudicado o presente recurso.

11. Ademais, há que se ressaltar, conforme se resgata às fls. 10 do


REPLEN n.º 990.671/01-0, que pelo instrumento de procuração ali
apresentado a sociedade recorrente nomeia e constitui como sua
procuradora a sociedade civil representada por MARI ALBA
PERITO para representar a outorgante frente à JUCESP e oferecer
contestação, inclusive receber citações judiciais, em especial
apresentar recurso ao plenário daquela Casa. Evidentemente que
qualquer pessoa tem todo direito de postular perante órgão público
por meio de seus gerentes, administradores, ou a quem for
autorizado. Entretanto, quando a empresa outorga poderes a
outrem para representá-la, certamente que o outorgado deverá estar
investido de capacidade para o ato, no caso presente de capacidade
jurídica, haja vista que a subscrição de razões recursais é trabalho
eminentemente de cunho jurídico, se constituindo, portanto, em
atividade de advocacia, e via de regra, exercida privativamente por
advogado, salvo nas exceções previstas em lei. Destarte, quer nos
parecer que a pessoa jurídica outorgada, sequer é uma sociedade de
advogados com registro na OAB, não possuindo capacidade para o
“jus postulandi” nesse mister, está a exercer ilegalmente a atividade
de advocacia, incorrendo os atos por ela praticados na cominação do
art. 4º, da Lei n.º 8.906, de 04/07/94, que estatui:

“São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não


inscrita na OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais e administrativas.”

12. Por outro lado, por força do art. 35, inciso V, da Lei nº 8.934/94, é
vedado o arquivamento dos atos de empresas mercantis com nome
idêntico ou semelhante a outro já existente.

31
13. Todavia, no presente caso, observa-se que os nomes empresariais
em questão são compostos com a mesma expressão de fantasia
incomum “SATCO”, devendo, pois, serem apreciados à luz da
Instrução Normativa DNRC/Nº 53, de 6/3/96, publicada no D.O.U.
de 15/03/96, aplicando-se, para o caso em tela, o art. 10, inciso II,
alínea “b”, pois devido aos fortes condicionantes existentes na
expressão preponderante, pode ser causadora da alegada colidência
e, por via de conseqüência, influir para agravar a possibilidade de
erro ou confusão na identificação das mencionadas sociedades pela
clientela em potencial.

14. Destarte, tendo-se presente a infringência de norma legal


compete à JUCESP cancelar o arquivamento dos atos constitutivos
da recorrida após regular convocação, observando, para o caso em
tela, o prazo do art. 72 do Decreto nº 1800/96.

15. Diante disso, afigura-nos oportuna, nesse caso, a aplicação


subsidiária da Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o
processo administrativo no âmbito da Administração Pública
Federal, tratando deste assunto, especificamente, o seu art. 63 § 2º da
referida lei:

“O não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de


ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão administrativa.”
DA CONCLUSÃO

16. Dessa forma, pelas razões de fato e de direito acima aduzidas,


tem-se, claramente, que a decisão da Junta Comercial do Estado de
São Paulo - JUCESP não merece reparos, agindo acertadamente ao
desconhecer o recurso ao Plenário, por ter sido interposto além dos
prazos próprios e previstos pela legislação do Registro Público de
Empresas Mercantis, razão pela qual somos pelo não conhecimento
do presente recurso.

17. Entretanto, inobstante não ter sido superado o pressuposto de


admissibilidade relativo à tempestividade, uma vez detectado o
vício de legalidade, a administração tem o poder-dever de proceder
a anulação do seu ato, que fora praticado em desacordo com os
preceitos legais, no presente caso os que regulam a proteção ao
nome empresarial, caso não haja manifestação da parte recorrida.

32
É o parecer.

Brasília, 22 de novembro de 2001

SÔNIA MARIA MENEZES


DELMA VIEIRA DE CARVALHO
RODRIGUES
Estagiária
Assessora Jurídica/DNRC

Senhor Diretor,

De acordo com os termos do Parecer Jurídico DNRC/COJUR/Nº


139/01. Encaminhe-se o presente processo à Secretaria do
Desenvolvimento da Produção, conforme minutas de despachos
anexas.

Brasília, 22 de novembro de 2001

REJANNE DARC B. DE MORAES CASTRO


Coordenadora Jurídica do DNRC

Encaminhe-se à SDP, conforme proposto.

Brasília, 22 de novembro de 2001

MÁRCIO FAVILLA LUCCA DE PAULA


Diretor

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