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Info-Angola

Falhas da Internet afectam os angolanos

As frases “não há sistema”, “há quebra no sinal da Internet e outras mais, já há muito fazem parte da vida dos
angolanos. Quando “não há sistema” ou o sinal da Internet desaparece a única solução é esperar. Por vezes volta
depressa, outras demora horas a regressar. Para quem tiver uma agenda apertada e pequenos negócios para realizar a
quebra do sistema informático causa graves perturbações. Ao pacato cidadão que precisa de levantar dinheiro no banco
para satisfazer uma necessidade imediata, a frase pode soar sombria e causar transtornos irremediáveis.

Embora raro, o certo é que muitas pessoas chegam a perder oportunidades únicas de negócios, devido à quebra do sinal
da Internet, sobretudo quando afectam os bancos. “Estava tudo combinado para que se materializasse o negócio, diz
Arsénio Pacavira, 34 anos, mas faltou o sistema no banco”. Pacavira não conseguiu o dinheiro e o sonho de comprar
uma viatura “quase zerinho” nas mãos do seu primo, a um preço módico. O sonho continua mas o negócio ruiu. “Apenas
algumas horas ou até alguns minutos decidem, em muitos casos, o rumo de determinadas situações”, diz Natércia Pinto,
29 anos, que por “falta de sistema” no banco, por um triz viu seu plano de compra de um terreno cair por terra. Mas como
há sempre quem em pleno século XXI tenha algum dinheiro dentro do colchão, Natércia Pinto salvou-se desta. Paulo
Motinho, funcionário público, tinha passado uma manhã na compra de um bilhete de passagem, para o estrangeiro.
Recorda que há três meses pretendia viajar para Portugal. Dirigiu-se ao aeroporto 4 de Fevereiro para comprar um
bilhete, mas a funcionária disse-lhe que a impressora não estava operacional e sugeriu que fosse à agência da TAAG
nas proximidades da Rádio Nacional de Angola. “Não foi fácil”, lembra. Havia uma longa fila para comprar bilhetes.
Passaram-se três horas e a cada minuto mais uma pessoa engrossava a fila. O problema era só um. Não havia
sistema.Da emissão de um bilhete para o estrangeiro ao processo de saque de dinheiro e outros processos giram em
torno das tecnologias da comunicação. Uma falha pode trazer desventuras que afectam a vida de muitas pessoas. O
“stress”, os nervos à flor da pele e os constrangimentos, a revolta por não se conseguir o que se pretendia, são apanágios
de uma situação, cuja culpa não cabe a ninguém, pois em muitos casos as leis físicas e naturais ditam o funcionamento
dos satélites, “a base das telecomunicações”.Uma fonte afecta a um dos bancos angolanos explica que a quebra do
sistema, ocasiona algumas perdas, mas não tão grandes assim, pois a quebra dificilmente se arrasta para um longo
período de tempo. “Geralmente quando há uma falha de sistema, demora uma ou duas horas. Por toda manhã, é
raríssimo”, refere a fonte.Servidores de aplicaçãoHá ainda outro tipo de falha que tem a ver com o servidor que fornece as
aplicações informáticas bancárias, para que sejam processadas as transacções. Quando esse servidor falha, tanto pode
fornecer as aplicações correctas, como pode fornecê-las incorrectamente, o que pode pôr em causa os dados
transaccionados. O melhor a fazer, na visão de Gilberto Capeça é interromper as operações e esperar que a falha seja
recuperada. É importante dizer, que em todos os sistemas informáticos de grande porte são susceptíveis a falhas e
também apresentam mecanismos de tolerância das falhas.
É importante termos sempre em atenção que um dos objectivos fundamentais dos bancos comerciais é garantir a
segurança dos dados dos clientes e as suas finanças, pelo que quando “não há sistema”, muitas vezes trata-se de
salvaguardar as poupanças dos aforradores.Cyber cafés penalizadosEmbora as perdas nem sempre sejam grandes, o
certo é que elas existem. De dinheiro, de tempo, de paciência, enfim, são perdas. No caso dos cyber cafés as perdas
reflectem-se sempre nos rendimentos e na credibilidade do cyber para com o cliente. Segundo a funcionária do Havana
Cyber Café, Noémia Baltazar, sempre que ocorrem falhas nos sistemas, tudo acaba por se repercutir no rendimento do
próprio cyber. “Não é frequente, mas já houve dias em que a quebra se arrastou até quase ao meio-dia e os lucros
cessantes foram notáveis”, disse.Com uma média de 200 clientes por dia, (das 7h00 às 20 horas) e com um preço que vai
dos 150 kwanzas, quando os aficcionados da Internet optarem por 30 minutos, e 300 kwanzas, quando usarem uma
hora, a Havana Cyber Café é subscritora da TV Cabo e não vive muito esta situação, pelo facto do processamento da
operadora ser eficiente e os cabos garantirem pouco risco de quebra, salvo nos casos em que por reparação de uma rua
seja danificado um cabo. Falhas no sistema informático podem gerar quebras totaisPor quebra do sistema entende-se
a ocorrência de qualquer evento que provoque um desvio dos parâmetros de funcionamento, segundo, o engenheiro
informático, Gilberto Capeça. Muitas vezes as falhas ocorrem porque o sistema informático tem deficiências sob o
ponto de vista de segurança.“Isso acontece quando o sistema de informação do banco, que trata da gestão da carteira de
clientes ou outros serviços a ele associado, não consegue responder de forma adequada às solicitações dos utilizadores”,
disse Gilberto Capeça. Estas falhas podem ser parciais ou totais, explica o especialista, afirmando que mesmo quando se
trata de falha parcial, o sistema continua a fornecer os seus serviços, apesar da avaria. É importante que durante esta fase
não se efectue qualquer movimento sob pena de se cometerem erros, que podem criar grandes transtornos financeiros
ao banco, incluindo a sua imagem e reputação. “Devemos ter sempre em conta que um sistema seguro é aquele que
funciona nas condições desejadas e previamente definidas”, sublinhou o técnico.Gilberto Capeça explica que quando se
afirma não haver sistema nos bancos ou mesmo na emissão de bilhetes de viagem, pode ser uma falha de “hardware”,
uma falha de “software”, uma falha de comunicações, falta de energia eléctrica ou mesmo uma falha causada por um
utilizador devido ao mau uso do sistema informático. Embora as falhas mais comuns, sublinha o técnico, estejam
relacionadas com as comunicações e a falta de energia eléctrica. Os bancos comerciais, segundo o engenheiro
informático, estão ligados com as suas agências através de provedores que permitem o estabelecimento das
comunicações, a sua monitorização e manutenção. “Acontece que qualquer motivo, seja de ordem natural, chuva, catástrofe,
ou por cabo, (um cabo que tenha sido danificado), faz com que não seja possível o estabelecimento de comunicações.
Nestas condições não é possível aceder às contas dos utilizadores”, disse Gilberto Capeça. Especialista em tecnologias e
sistemas de informação, Gilberto Capeça refere igualmente que por vezes as falhas decorrem de problemas com os
servidores de dados onde estão armazenadas informações dos clientes e suas contas, o que torna impossível aceder a
http://www.info-angola.ao Criado em: 24 de Novembro de 2010 às 19:50
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essa informação. Por questões de segurança, afirma, é aconselhável não movimentar as contas nestas condições, nos
casos dos bancos. Fonte:Jornal de Angola, 23 de Janeiro 2009

http://www.info-angola.ao Criado em: 24 de Novembro de 2010 às 19:50

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