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Dioniso e Penteu: notas sobre a paixão e a loucura nas Bacantes de Eurípides.

Rafael Costa (PPGFIL-UFPA)


Matrícula: 201525870002

O tema da sabedoria e suas relações com a virtude e a felicidade atravessa a cultura


da Grécia Antiga, se assim podemos dizer, de uma ponta a outra. Para uma sociedade em
que os aspectos cognitivos, ainda que imersos na intuição difusa da religião mítica, são
de extrema relevância, não somente no campo propriamente teorético, mas, e talvez
principalmente, no campo prático, questões como o fundamento e constituição da
sabedoria, suas implicações na vida ético-política, se impõe igualmente a questão do
domínio de si mesmo, do bom sendo, da prudência e da moderação.
Talvez o poeta tenha consciência de que há certos elementos no homem e na natureza
que não podem ser racionalizados, e que se relacionam com a racionalidade de maneira
indireta, ou apenas negativa, mas que não necessariamente constituem males, ou causa de
males.
No prólogo do drama de Eurípides, é o próprio deus, após narrar sua passagem pela
Arábia e Ásia, quem assim nos diz: “ aqui tbm é retratada a face iniciatica de Dioniso,
que procura desfazer os efeitos da pífia compreensão humana, obscurecida por interesses
mesquinhos
Eurípides parece nos mostrar aqui que a desmeida, a liberdade, a loucura é um
privilégio dos deuses, cujos poderes estão muito além das limitadas capacidades humnas,
apontando para um fundo cósmico que está igualmente, ou ainda mais, para além do
gênero humano, cujos desígnios mais intrínsecos nos escapam, mas que nos impõe sérios
e intrasnponíveis limites, que nos constrange a uma ordenação indiferente a nós, que nos
exige sensatez, moderação e reflexão, um cosmo cuja fisis é a mesma que nos determina,
e cujo desconhecimento implica nosso próprio desconhecimento, uma vez que esse outro
é, de alguma forma, o si-mesmo. De maneira que o aouto-conhecimento toca apenas a
superfície da verdadeira sabedoria e soa como uma crueldade protelada típica de apolo,

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