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FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – DE
MOSSORÓ - RN
2018
JULIETE ALVES CUNHA
MOSSORÓ - RN
2018
JULIETE ALVES CUNHA
Banca Examinadora
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_______________________________________________________
Prof.
Examinador - DE - FE – UERN
Á Jesus Cristo
AGRADECIMENTOS
Salmos 119:105
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo principal, conhecer a contribuição dos contos
infantis para a prática pedagógica nos primeiros anos iniciais, a saber, 1º e 2º ano.
Para tanto, constituiu-se como uma pesquisa de campo realizada em duas escolas
públicas do município de Icapuí-CE, na qual foram realizadas entrevistas do tipo
semiestruturada como instrumentos de coleta de dados e, como os sujeitos
investigados, professoras dos primeiros anos iniciais. Para o estudo teórico e análise
dos dados, contamos com as ideias dos principais autores: Fanny Abramovich
(1997), Bruno Bettelheim (1998), Nelly Novaes Coelho (2000), Verônica pontes
(2012) e Brasil (1997). Foi constatada nesta pesquisa, através dos estudos teóricos
e entrevistas com professoras, a grande contribuição que os contos apresentam
para o enriquecimento e melhoria da prática do professor em sala de aula, pois o
seu uso de forma íntegra possibilita a realização de diversos tipos de atividades
capazes de provocar no aluno o prazer e afeição pelo universo da leitura. Outro
aspecto levantado foi a sua importância para a formação da criança na esfera
cognitiva, emocional e social, porquanto as narrativas dos contos proporcionam ao
leitor/ouvinte o desenvolvimento da imaginação e fantasia, além de resolver seus
conflitos internos e auxilia-las no convívio social.
This work had as main objective, to know the contribution of the children's tales to the
pedagogical practice in the first initial years, namely, 1st and 2nd year. To do so, it
constituted a field survey carried out in two public schools in the municipality of
Icapuí-CE, in which semi-structured interviews were conducted as data collection
instruments and, as the subjects investigated, teachers of the initial years. For the
theoretical study and analysis of the data, we have the ideas of the main authors:
Fanny Abramovich (1997), Bruno Bettelheim (1998), Nelly Novaes Coelho (2000),
Verônica Pontes (2012) and Brasil (1997). It was verified in this research, through
theoretical studies and interviews with teachers, the great contribution that the stories
present for the enrichment and improvement of the practice of the teacher in the
classroom, since its use in an integral way allows the accomplishment of several
types of activities capable of provoking in the student the pleasure and affection for
the universe of reading. Another aspect raised was its importance for the formation of
the child in the cognitive, emotional and social sphere, because narratives of stories
provide the reader / listener with the development of imagination and fantasy, as well
as solve their internal conflicts and help them in social life.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45
APÊNDICES ............................................................................................................. 47
1. INTRODUÇÃO
Vivemos hoje numa era digital, onde cada vez mais aumenta o número de
novas tecnologias usadas para o fim de entretenimento de milhares de crianças e
adultos no mundo todo. Com isso, os livros de contos que na maioria das vezes
costumavam ser lidos diariamente, de pais para filhos, na finalidade de adormecê-
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O ato de ler para crianças nem sempre é uma prática que se encontra
inserida no cotidiano dos lares de nosso país. Sabemos que apesar de algumas
pequenas melhorias que tivemos ao longo dos anos em nossa educação, o quadro
de analfabetismo ainda é grande em nosso país, consequentemente, nem sempre
há leitores na família, ou alguém que conheça a importância de incentivar a leitura
logo nos primeiros anos de vida da criança.
Não queremos dizer com isso, que um pai analfabeto não possa incentivar
seu filho a ler, mas que nem sempre é fácil incentivar a leitura quando não somos
leitores, com isso, a autora acima citada traz em sua fala considerações que são
importantes para que a leitura dos contos seja inserida nos anos iniciais da vida de
toda criança, em prol não apenas da formação de um leitor, mas como ferramenta
de suma importância em todo o processo de formação do aluno.
Pois entendemos que ser um leitor, abre caminhos para compreender melhor
os outros conteúdos que vão surgindo, sem contar que ajuda ao aluno a refletir,
compreender e interpretar de maneira mais clara as coisas do mundo em que vive.
Os contos, desde muito tempo, encantam crianças no mundo todo. Apesar de
ter surgido com o intuito de divertir adultos, como assim afirma Nelly Novaes Coelho
(2000), em seu livro Literatura Infantil: Teoria, Análise e Didática, por apresentar em
suas narrativas um mundo surreal e ao mesmo tempo real, derivados do
pensamento mítico muito predominante no contexto em que foram criados,
despertam nos pequenos ouvintes um misto de fantasia e realidade, levando-os a
voar em sua imaginação.
Segundo Verônica Pontes (2012), apesar da presença de seres com poderes
sobrenaturais em suas narrativas, como heróis e fadas, por exemplo, os contos
sempre costumam a retratar uma realidade do nosso cotidiano e a ter, como figura
principal, personagens com características e sentimentos humanos. Isso revela o
porquê que esses contos, mesmo depois de passado tanto tempo e ser feito por
outros povos, continuam a falar aos nossos dias por meio de uma linguagem
universal e simbólica.
Assim sendo, essa linguagem possibilita que a criança se veja na história, se
identifique com os personagens e situações vividas por eles, passando, deste modo,
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Se esse mundo encanta, convida o leitor a ler, voltar a ler, e acima de tudo,
gostar do que ler, então esse mundo deve estar presente nas salas de aula,
nas escolas das nossas crianças, para que assim possam experienciar
momentos literários mais felizes do que os que estamos vivendo hoje.
(PONTES, 2012, p.87 e 88).
Para que uma estória realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-
la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida, deve
estimular-lhe a imaginação; ajuda-la a desenvolver seu intelecto e a tornar
clara suas emoções; estar harmonizada com suas ansiedades e aspirações;
reconhecer plenamente suas dificuldades e ao mesmo tempo sugerir
soluções para os problemas que a perturbam. (BETTELHEIM, 1998, P.13)
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1.2 METODOLOGIA
Do “era uma vez” ao “felizes para sempre”, o conto encanta, diverte e fala ao
leitor/ouvinte de forma singular, desde muito tempo.
Neste capítulo veremos um breve histórico dos contos infantis, apresentando
o percurso da sua origem aos dias atuais. Traremos, também, o conceito de conto,
bem como, a apresentação das diferenças entre as duas formas de narrativa: Conto
maravilhoso e Conto de fadas.
Segundo a autora, os Grimm faz uma reformulação dos contos publicados por
Perrault por considera-los ainda inapropriados para as crianças. É dessa forma, que
eles retiram por completo todo conteúdo erótico e cruel dos contos de fadas e lhes
atribuem um final feliz, movidos pelo pensamento cristão em que estavam inseridos,
pois vinham de uma família Calvinista.
De acordo com Falconi e Farago (2016), os irmãos Grimm foram grandes
pesquisadores que se formaram em Direito na Universidade de Kassel e eram
amantes dos estudos. Através dos relatos e narrativas de tradição oral, buscavam
proteger e reafirmar as origens da realidade histórica do povo alemão. Conforme
isso Coelho (2003) diz que:
Quando paramos para pensar no que vem a ser o maravilhoso, logo nos vem
à mente a imagem de algo encantador, que nos causa fascínio. É do meio dessa
natureza deslumbrante que se formaram as narrativas maravilhosas: os contos
maravilhosos e os contos de fadas, carregados de relatos que expressam ações e
habilidades derivadas do pensamento imaginário, ao mesmo tempo em que são
relacionados com experiências diárias e presentes no mundo real.
Apesar de apresentarem semelhanças e ambos envolverem episódios
maravilhosos e fantásticos em suas narrativas, chegando até mesmo a serem
confundidos, os contos maravilhosos se diferencia dos contos de fadas por terem
naturezas diferentes.
Segundo Coelho (2000), o conto maravilhoso tem origem oriental, foi
difundido pelos árabes e parte da problemática material/social/sensorial. Sendo
assim, a história se desenvolve a partir de uma busca constante dos personagens
por riquezas, reinos, tesouros, ou seja, pela conquista no âmbito material e social. E
essa conquista sempre se dá no final da história com a vitória do protagonista,
quando este, através de sua inteligência e agilidade vence o vilão que aparenta ser
bem mais poderoso, ou então, com a intervenção de seres com superpoderes que
aparecem na história com o objetivo de ajuda-lo a alcançar sua vitória.
Portanto, é bastante frequente na fase inicial desses contos os protagonistas
serem extremamente pobres ou invalidados socialmente e no final alcançarem
riquezas e sucesso, com o triunfo do bem sobre o mal, do fraco sobre o forte, do
pequeno sobre o grande. Alguns exemplos dos contos maravilhosos são: Aladim e
sua lâmpada mágica, O Gato de Botas, Os Músicos de Bremêm e etc.
oprimidos, ou do mal, como as bruxas que usam de seus feitiços e magias para a
destruição dos protagonistas. Como afirma Coelho (2000):
Há algum tempo, o gênero literário conto tem se tornado dentro das escolas
brasileiras um recurso indispensável no enriquecimento da prática do professor.
Entretanto, com as reformas na educação e atualizações na Lei De Diretrizes e
Bases, este tem ganhado um espaço bem mais considerável nas propostas
educacionais, visto o reconhecimento de sua grande importância tanto para o auxilio
da prática pedagógica de professores alfabetizadores como para a formação do
aluno nas esferas cognitiva, emocional e social.
Sabendo, pois, que é nos primeiros anos iniciais do ensino fundamental que
se espera que os alunos desenvolvam habilidades na leitura e iniciem a construção
de seus perfis de alunos leitores, os contos infantis funcionam como materiais ideais
nesse processo, já que suas narrativas encantadoras costumam sempre atrair a
admiração e o interesse das crianças.
Os Parâmetros curriculares Nacionais – PCN (1997) de Língua portuguesa,
nos objetivos propostos para o primeiro ciclo do ensino fundamental, propõem que
os alunos sejam capazes de:
outros recursos, como os fantoches, por exemplo. É necessário deixar claro para as
crianças que a narrativa contada está escrita no livro, para que assim sejam
estabelecidas as noções da relação entre fala e escrita, e, mostrar que elas podem
voltar á ele quantas vezes quiserem (ABRAMOVICH, 1997, p.22).
Nesse sentido, a forma que o professor conta uma história se torna bastante
relevante para traçar caminhos no processo de formação de leitores.
Em concordância com este pensamento, Abramovich diz que:
Daí que quando se vai ler uma história – seja qual for- para a criança,
não se pode fazer isso de qualquer jeito, pegando o primeiro volume que se
vê na estante... E aí no decorrer da leitura mostrar que não está
familiarizado com uma ou com outra palavra (ou com várias), empacar ao
pronunciar o nome dum determinado personagem ou lugar, mostrar que não
percebeu o jeito como o autor construiu as frases e ir dando as pausas nos
lugares errados, fragmentando um parágrafo porque perdeu o fôlego ou
fazendo ponto final quando aquela ideia continuava, deslizante na página ao
lado... (ABRAMOVICH, 1997, P. 19 e 20).
Sabemos que em nada adianta insistir em uma leitura quando não se percebe
o entusiasmo por parte dos ouvintes ou dos leitores, nem tampouco a sua
compreensão. Em razão disso, evitar leitura de narrativas muito longas e com
palavras muito complexas para leitores iniciantes se torna um ponto relevante a ser
considerado pelo professor no momento da seleção de livros.
Sobre como é feita a escolha da narrativa a ser lida, a professora C, do 1º
ano, responde:
Por mais que a criança ainda saiba ler, tecnicamente falando, disponibilizar o
contato manual com os livros é fundamental para cultivar a afeição pela obra como
objeto, pois, ao folhear as páginas, esta notará que pelo simples movimento dos
seus dedos será possível descobrir mundos sem sair do lugar.
Fazer uso de livros com bastantes ilustrações é apropriado para esta fase de
leitor iniciante, pois as crianças ainda são muito movidas pela alegria das cores e a
curiosidade de saber de que forma cada personagem está desenhado.
Sobre a importância das ilustrações nos livros infantis, Coelho (2000) afirma:
ilustração da capa, título ou mesmo pelos personagens é permitir que venha ocorrer
a interação entre o leitor e a narrativa e sua possível identificação com as situações
vividas pelos personagens, pois, uma vez dada esta identificação, a criança passa a
ver a história da narrativa como a sua própria história.
Portanto, em relação ao interesse despertado nos alunos no momento da
leitura dos contos, a professora C relata:
.
Enxergar a leitura como algo prazeroso é essencial. Infelizmente em muitas
escolas a leitura é passada como uma obrigação, isto é, que é preciso ler para
realizar uma tarefa e para conseguir boas notas. E isso tem contribuído
grandemente para que muitos alunos tenham a visão da leitura como sinônimo de
desgaste e exaustão.
A professora A, em sua fala também refere-se ao momento da leitura como
algo que precisa ser prazeroso para os alunos quando diz que:
Dessa forma, fica evidente que não é só a Língua Portuguesa que pode ser
trabalhada na leitura dos contos infantis, mas todas as outras disciplinas podem ser
vistas conjuntamente por meio da interdisciplinaridade, pois uma história pode
abordar de forma divertida: as culturas e histórias dos povos, regiões, formas de
governo e até mesmo os temidos cálculos matemáticos. Assim, enfatizamos que a
aprendizagem pode ocorrer de forma lúdica, por meio do prazer e diversão e não
somente pela transmissão de conteúdos disciplinares.
A Professora C, falando ainda sobre o momento da escolha dos livros, cita
algo bastante interessante:
[...] quando a gente termina a leitura, que a gente vai fazer o momento da
oralidade, eles dizem coisas, eles já criam coisas que a gente nem falou no
livro né, então eles passam a imaginar diferente do que a gente até leu,
então isso ai é um ponto positivo que é a questão da compreensão deles.
Em síntese, são inúmeros benefícios que os contos infantis podem trazer para
a alfabetização de alunos e para a melhoria da prática de professores em sala de
aula, devendo assim, estar presente diariamente nos anos iniciais, pois essa
ferramenta não apenas contribui para o desenvolvimento cognitivo dos alunos, mas
exerce, também, um grande poder na vida emocional e social das crianças.
É nesse sentido, que os contos falam tanto as crianças, pois como toda obra
de arte, eles têm o poder de se comunicar de forma singular a cada ouvinte ou leitor.
Os inicios “Era uma vez” ou “Há muito tempo atrás”, leva a criança a imaginar
não um mundo concreto, como o que vivemos aqui, mas a viajar em um espaço e
tempo do inconsciente. “São as coordenadas que colocam a estória não no tempo
ou no lugar da realidade externa, mas num estado da mente.” (BETTEHEIM, 1998,
p.79). Nesse estado, tudo é possível acontecer, pois é movido pela fantasia. É
desse modo, que se torna tão comum para a criança ouvir uma narrativa onde os
animais falam, pessoas voem, objetos com poderes existam, pois elas entendem
que se trata de uma viagem ao mundo da imaginação.
Nesse sentido, os contos funcionam como instrumentos poderosos no
exercício da fantasia e no desenvolvimento da imaginação.
Ainda segundo Bettelheim (1998), o maior benefício dos contos infantis,
principalmente dos contos de fadas, é no âmbito emocional, pois realiza a tarefa de
desenvolver a fantasia, fornecer escapes necessários, falando aos medos e às
ansiedades, ou seja, às agitações internas da criança e ainda proporcionar a
recuperação e o consolo desses conflitos.
Os contos infantis podem falar sobre qualquer dilema da existência humana,
como o medo, rejeição, angustias, tristezas, perdas, separações, entre tantas mais,
e o mais interessante é que costumam a tratar de forma mais natural possível.
Alguns começam retratando a morte como uma realidade, como acontece nos
contos João e Maria, Branca de Neve, Cinderela, dentre outros, que iniciam o
enredo já com a ausência de um ou dos dois progenitores do personagem principal.
Nesses contos, a morte é enfrentada como um dilema angustiante, que causa
abandono e carência, mas o desfecho da estória com “o final feliz” consola e
encoraja as crianças, mostrando que é sempre possível encontrar uma saída para
suas aflições.
O herói do conto de fadas avança isolado por algum tempo, assim
como a criança moderna com frequência se sente isolada. Ajuda-o o fato de
estar em contato com coisas primitivas – uma árvore, um animal, a natureza
-, da mesma forma como a criança se sente mais em contato com essas
coisas do que com a maioria dos adultos. O destino desses heróis a
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identificar com os bons heróis, por exemplo, não é devido a sua bondade, mas por
apresentarem, em si, um forte apelo positivo. (BETTELHEIM, 1998).
A linguagem simbólica dessas narrativas possibilita que a criança enxergue
as bruxas, gigantes e vilões como os obstáculos que precisa enfrentar no seu dia a
dia, logo, o triunfo do bem sobre o mal, no desfecho da estória, traz a esperança de
que ela também conseguirá vencer.
Algumas narrativas dos contos maravilhosos, por sua vez, não costumam
retratar, de forma clara, essa distinção entre bem e mal, certo e errado, visto que,
em determinadas estórias, o personagem principal usa de comportamentos amorais
para alcançar os seus objetivos, como enganar, trapacear, roubar, etc. Contudo,
ainda assim, esses contos passam uma mensagem positiva à criança, isto é, que
qualquer pessoa, mesmo diante de uma vida de fracassos e derrotas, tem a
possibilidade de se erguer e mudar toda a sua história.
A respeito disso, Bettelheim(1998) esclarece:
valor do outro como essencial para sua própria satisfação pessoal, dessa forma, ele
se torna alguém muito mais afetivo e menos egoísta.
É nesse sentido, que concordamos com a professora A, quando esta fala que
os contos podem ajudar a criança no sentido de tornar-se mais sensível, e com a
professora B, quando menciona a importância desses contos para se trabalhar a
ética e o convívio social.
Hoje, os contos modernos, atrelados aos conhecimentos da psicologia,
carregam uma multiplicidade de temas que contribuem no desenvolvimento da
autoestima das crianças, bem como na construção da afetividade e respeito ao
outro. Portanto, através da leitura, pode ser trabalhada a motivação e autoconfiança,
assim como, o respeito às diferenças, sejam estas físicas, culturais ou raciais.
Nesse sentido, temos contos que enaltecem as características da negritude,
que desde muito tempo tem sido descriminada dentro da sociedade, como o conto
Menina Bonita do Laço de Fita, de Ana Maria Machado, que dentro dessa temática
funciona como um melhor exemplo para se trabalhar as diferenças raciais.
Existem, também, contos que trabalham a questão do divórcio dos pais,
contexto bastante comum nos dias atuais, auxiliando a criança a compreender e a
lidar com essas situações, como o conto Sexta-feira de noite, de Mário Prata, que
através de um diálogo simples e curto entre dois irmãos, mostra os desafios de
conviver com pais separados. (ABRAMOVICH, 1997, p. 105).
Ainda tem aqueles contos, que carregados de humor arrancam gargalhadas
das crianças, ao mesmo tempo em que tratam sua autoestima, ajudando-as, de
forma consciente ou inconsciente, a esclarecer duvidas sobre si mesma e superar
seus traumas e medos da infância.
Em suma, são inúmeros os benefícios que a leitura dos contos pode
proporcionar a criança, desde a mais tenra idade. Desse modo, seu uso se torna
necessário, dentro e fora do ambiente escolar, para estimular o desenvolvimento
infantil.
Portanto, é de extrema importância que os pais leiam sempre estórias para os
seus filhos, para que os últimos possam se familiarizar com o universo da leitura
desde cedo. Assim, como se torna ainda mais urgente, que os profissionais da
educação se conscientizem da necessidade de oferecer diariamente aos alunos, o
contato com os mais diversos tipos de literatura infantil, mediando a leitura e
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos Contos de Fadas. 12ª ed. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1998.
______. A Psicanálise dos Contos de Fadas. 28ª ed. Rio de Janeiro: Paz e terra,
2007.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: Teoria, Análise, Didática. São Paulo:
Moderna, 2000.
OLIVEIRA, Jacqueline de Souza et al. Os contos infantis nas séries iniciais: uma
breve contextualização. Caderno pedagógico, Lajeado, v. 13, n. 2, p. 66-76, 2016.
Disponivel em > www.univates.br › Capa › v. 13, n. 2 (2016) › Oliveira < Acesso em :
28 ago. 2017.
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P: Pergunta; R: Resposta.
P.4 Você costuma a fazer algum tipo de atividade após a leitura do conto?
R: Sim, após o conto sempre tem uma atividade. Geralmente é pra eles desenharem
a história que eles escutaram, uma roda de conversa sobre o assunto abordado, ou
também a gente pode fazer a questão de eles mesmo contracenar as cenas do
conto.
P.5: Existe um horário fixo para a leitura ou se dá de forma flexível?
R: Conforme a rotina existe um momento certo, mas isso é muito flexível
dependendo do dia e do assunto abordado, mas geralmente é no inicio da aula,
depois da acolhida sempre tem o momento da contação de contos.
P.6: Com que frequência você costuma a levar seus alunos a biblioteca da escola?
R: Infelizmente a escola que leciono não conta com a biblioteca, mas quando a
gente quer fazer algum trabalho com eles sobre pesquisas, eu sempre levo o
material para sala de aula e lá a gente realiza a atividade. As atividades são o
significado das palavras, a gente trabalha também a questão dos adjetivos, a gente
trabalha também com recortes, que eles procurem palavras, formem frases. É esses
tipos de atividades que a gente costuma a fazer.
P.7: Como você acha que os contos podem contribuir para a formação da criança?
Seja na área cognitiva, emocional ou social.
R: Os contos pode sim contribuir para o desenvolvimento da criança porque pode
contribuir na sua imaginação, no seu emocional, ajudando a criança no sentindo de
tornar-se mais sensível, esperançosa, otimista e a tornar a criança confiante para a
vida, porque através dos contos elas podem tornar-se mais preparadas para o
mundo.
P.8: Explique de que forma os contos auxiliam na sua prática enquanto professora
alfabetizadora.
R: Os contos podem contribuir bastante, pois quando a criança ler ou ouve uma
história vai se desenvolvendo a familiarização com a linguagem na forma escrita e
sabemos que isso ajuda não somente a ensina-la a escrever corretamente nas
normas ortográficas ou decifrar os códigos da leitura, mas podemos ensinar também
por meio da leitura de um conto, a sua estrutura textual, por exemplo, como um
gênero, suas funções... Ouvindo os contos a criança aprende pela experiência, né?
Pela satisfação que a estória provoca, e com tudo isso vai contribuir.
P.9: Você considera o conto uma ferramenta indispensável para a sua prática?
Explique.
50
P: Pergunta; R: Resposta.
procura envolver eles assim e aí é que eles ficam mais interessados. Mas eles
gostam sempre de perguntar e quando a gente termina a gente sempre espera essa
devolutiva deles, né? Se eles entenderam e aí a gente faz alguns questionamentos,
né? Quem era o personagem principal? O quê que ele fazia? Onde se desenvolveu
a história? E aí eles sempre ficam atentos pra participar desse momento.
P.4: Você costuma a fazer algum tipo de atividade após a leitura do conto?
R: Sim, não é rotineiro, porque como a gente conta história todos os dias, então
assim, o que faz parte mesmo da rotina são os questionamentos orais, mas em
alguns momentos sim, a gente pede pra que eles representem através de desenhos
a história ou quando a gente vai tirar alguns personagens da história pra fazer o
registro ai eles registrarem no caderno, se a história trata de animais, que animais
apareceram na história? E aí a gente aproveita a história pra isso, não é
diariamente, né? porque como todos os dias a gente faz essa contação então todos
os dias a gente levanta os questionamentos orais e aí eles participam todos, mas
pra registrar mesmo só em alguns momentos que a gente aproveita a história pra
isso.
P.5: Existe um horário fixo para a leitura ou se dá de forma flexível?
R: A orientação é que a gente faça a contação de história no inicio da aula, que abra
a aula com a contação, mas não impede que a gente faça em outro momento. A
gente pode remodelar a rotina de acordo com a necessidade daquele dia, entendeu?
Não é obrigatório, mas a rotina se dá a partir disso, de iniciar a aula com uma
contação, até pra ser uma acolhida e já faz parte da rotina deles, mas não impede
que em algum momento a gente possa inverter.
P.6: Com que frequência você costuma a levar seus alunos a biblioteca da escola?
R: Não existe uma frequência determinada para a gente ir a biblioteca, porque na
própria sala de aula a gente constrói esse espaço de leitura e disponibiliza o contato
diário com os livros, daí somos orientadas a fazer um cantinho da leitura na sala e aí
a gente enfeita aquele cantinho, deixa um cantinho aconchegante e disponibiliza
vários livros de vários gêneros literários pra quando eles quiserem ai a gente faz um
leitura por prazer ou quando a leitura é direcionada a gente também utiliza esse
espaço pra contar e ouvir histórias.
P.7: Como você acha que os contos podem contribuir para a formação da criança?
Seja na área cognitiva, emocional ou social.
53
P: Pergunta; R: Resposta.
Eles tentam interagir, a gente percebe que eles gostaram da leitura porque a todo
momento, né, a cada página lida eles tentam interromper “ah tia, é assim né que a
história acontece, que vai acontecer”, então ai a gente sente o desenvolvimento
deles, né, com relação a leitura, a questão da compreensão do texto lido. E quando
a gente termina que a gente vai fazer o momento da oralidade eles já dizem coisas,
eles já criam coisas que a gente nem falou no livro né, então eles passam a imaginar
diferente do que a gente até leu, então isso ai é um ponto positivo que é a questão
da compreensão deles.
P.4: Você costuma a fazer algum tipo de atividade após a leitura do conto?
R: Sim, a gente faz intervenções que é o momento da oralidade, onde a professora
faz questionamentos sobre o texto lido, né, sobre a literatura lida, em seguida a
gente trabalha atividades relacionadas ao texto lido, né, a literatura lida, pode ser
uma atividade de desenho, pode ser uma atividade de pintura, pode ser uma
atividade de completar alguns pontos do texto que estão faltando, certo? Pode ser
questionamento também sobre o texto lido, entre outras coisas.
P.5: Existe um horário fixo para a leitura ou se dá de forma flexível?
R: A leitura das histórias infantis são realizadas no primeiro momento, após a
acolhida, todos os dias, só tem exceção na segunda-feira que é no momento alforje
que a gente passa meia hora, no caso trinta minutos, mas nos outros dias da
semana é entre quinze a vinte minutos.
P.6: Com que frequência você costuma a levar seus alunos a biblioteca da escola?
R: Levamos os alunos para biblioteca em quinze e quinze dias.
P: Como acontecem as atividades nesse espaço?
R: O quê que a gente faz, contação de história, pesquisas, aprender a utilizar o
dicionário, as vezes a gente assiste vídeo aula, dependendo do assunto que a gente
está trabalhando. Também utilizamos na biblioteca, os jogos educativos né, a
questão das silabas, os numerais, entre outros joguinhos, que também tem
joguinhos educativos na biblioteca.
P.7: Como você acha que os contos podem contribuir para a formação da criança?
Seja na área cognitiva, emocional ou social.
R: Os contos contribuem grandemente para a vida social das crianças pois é através
deles que elas expõem suas emoções, né, dessa forma elas vem aflorar o mundo
da fantasia e é a partir daí, né, que saberão distinguir o modo real do não real.
56
P.8: Explique de que forma os contos auxiliam na sua prática enquanto professora
alfabetizadora.
R: Contribuem no desenvolvimento da criança e é bem significativo, quando
terminamos, por exemplo, a contação do mesmo eles ficam ansiosos pela oralidade
né, que são perguntas feitas pelo professor relacionado ao livro lido e a partir daí
eles ficam curiosos pela tarefa que vem em seguida. O mesmo também auxilia na
leitura, pois podemos pegar trechos do livro lido e solicitar que eles leiam com a
ajuda do professor ou até mesmo com o coleguinha que está ao lado, né, e já esta
com um nível mais avançado do que ele e também nas tarefas ne de escrita como
por exemplo, um auto ditado ne, um ditado de palavras, um ditado de frases e outras
atividades relacionadas.
P.9: Você considera o conto uma ferramenta indispensável para a sua prática?
Explique.
R: Sim, é uma ferramenta indispensável, pois ela é uma facilitadora da
aprendizagem dos alunos, né?