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sexuais1
1 Introdução
O Estado laico não é um Estado ateu nem mantém postura refratária em relação à
religiosidade, mesmo porque o ateísmo em sua cosmovisão pode ser considerado uma
A importância de um Estado que não apenas respeite a fé dos seus cidadãos, mas
que também não professe uma fé própria, se dá pela coerção que aqueles que não professem a
crença “oficial” indiretamente sofreriam. Segundo Jónatas Machado, quando o Estado
concede uma posição de vantagem a instituições, ou utiliza símbolos ou ritos de uma religião,
ou fé, especifica, tal atitude é suscetível de ser interpretada pelos não aderentes como uma
forma de pressão para que estes se “conformem” (tomem a forma) com a religião favorecida.
Tal atitude, por parte do Estado seria “uma mensagem de desvalorização das restantes
crenças. Por outras palavras, ela é inerentemente coerciva” (SOTTOMAIOR, 2009). Portanto
feriria a própria liberdade individual, um dos pilares do Estado Democrático de Direito.
“O preâmbulo enuncia por quem, em virtude de que autoridade e para que fim foi
estabelecida tal constituição. Não é uma peça inútil ou mero ornato na constituição
dela:mas simples palavras que constituem,resumem e proclamam p pensamento
primordial e os intuitos dos que o arquitetam”
Com essas palavras, o autor deixa claro que de acordo com suas concepções, o
texto do preâmbulo tem força coativa. Apesar da evocação do Noé de Deus no preâmbulo, o
art. VI da carta magna garante a liberdade de crença.
A partir do exposto neste trabalho percebe-se que existe uma ligação intima entre
a consolidação de um Estado laico e a real efetivação dos direitos humanos, especificamente
no que tange aos direitos sexuais. Um Estado, que se diz democrático, deve propiciar a seus
cidadãos a liberdade tanto para expressar qualquer credo e/ou ideologia como para escolher os
caminhos que suas vidas privadas tomarão (tais escolhas, obviamente, não podem ferir os
próprios princípios democráticos que as permitem reais, não seria lógico que assim
procedessem).
A democracia baseia-se sim na vontade da maioria, no entanto um principio da
democracia é a proteção das minorias, a possibilidade de que a voz destas também possa ser
ouvida, portanto o argumento de “moldar” o Estado de acordo com os valores e religião das
maiorias é inerentemente antidemocrático, e tem a mesma raiz de outros movimentos que até
hoje envergonham toda a raça humana (o nazismo é um exemplo extremante forte e
historicamente recente).
A proteção aos direitos humanos, às direitos individuais, da fé, crença e,
principalmente, do direito a escolha devem pautar todo e qualquer direito que busque se
legitimar democraticamente.