Você está na página 1de 62

Concretos auto-adensáveis

Prof. Marcos Alyssandro S. dos Anjos


Estrutura da apresentação

 Definições
 Histórico
 Ensaios
 Materiais para concretos autoadensáveis
 Critérios de Dosagem
 Concretos com elevados teores de adições (alguns
resultados)
 Definição
Concreto autoadensável: concreto fresco que pode
fluir em torno da armadura e ser consolidado dentro
das fôrmas sob seu próprio peso, sem vibração e que
não apresenta defeito, devido à segregação ou
exsudação (ACI Concrete Terminology).
 Referências Normativas

ASTM C 1611/C

Norma Europeia EN 12350:2010 (parte 1 a 10)

NBR 15823 / 2010 (Parte 1 a 6)

EFNARC, 2005 – “The European Guidelines for Self Compacting


Concrete” RECOMENDAÇÕES
Histórico e definições
 O CAA foi desenvolvido inicialmente em 1988 no
Japão (Okamura e Ouchi, 2003).

Dificuldades de adensamento e
Buscava-se maior elementos estruturais com formas
durabilidade complexas e com alta taxa de armaduras
 Consumo de CAA no Japão (Oucho,
Nakamura et al., 2003)

Japão consumo
em 2000 foi
cerca de 400.000
m3.
 Algumas aplicações no Brasil

Em 2008 concreteira Engemix e a construtora BKO aplicaram o auto-adensável na obra


do residencial Pateo São Paulo, na capital paulista (Revista Techne, março 2008).
 Algumas aplicações no Brasil

Em 2008, a concretagem da laje de fundo dos poços Norte e Sul da Linha 4 - Amarela
do Metrô de São Paulo, foram aplicados cerca de 600 m³ de concreto auto-adensável
fck > 35 MPa (Revista Techne, março 2008).
 Algumas aplicações no Brasil
Arena das Dunas – Natal -RN

Imagens, Douglas Pequeno, Técnólogo em Qualidade


Consórcio OAS-Arena das Dunas
 Vantagens
• Redução de mão-de-obra • construção mais rápida.
 Vantagens
• Baixo nível de ruído nas fábricas e locais de construção.

• Elimina problemas associados com a vibração.


 Vantagens
• Melhoria da qualidade e durabilidade • Maior resistência
• Ganho ecológico – quando utilizada adições minerais proveniente de
resíduos

CAA-MK
CAA-RBC

CAA-RTC
 Desvantagens
Pontos
positivos

 Não é fácil de ser obtido, precisando de mão de obra especializada


para sua confecção, controle tecnológico e aplicação;

 Tem maior necessidade de controle, durante sua aplicação, em


relação ao concreto convencional;

 Necessita de cuidados especiais com o transporte, para evitar a


segregação;

 Apresenta menor tempo disponível para aplicação em relação ao


concreto convencional;

 Em algumas regiões, pode aumentar o custo final do concreto.


CAA desenvolvimento
Evitar o bloqueio do fluxo
Propriedades de
autoadensabilidade

Fluidez Viscosidade

O desenho ideal de um concreto autoadensável (CAA) é um


compromisso entre dois objetivos conflitantes. Por um lado, CAA tem de
ser tão fluido quanto possível para garantir que ele vai encher as
fôrmas, mas por outro lado, tem que ser um mistura estável para evitar
a separação dos componentes durante o fluxo.
Fluidez Viscosidade

Essas características definem as principais propriedades de


autoadensabilidade do CAA, são elas:

 habilidade de preenchimento;
 habilidade de passar entre obstáculos;
 Estabilidade da mistura.
mecanismos que governam
 habilidade de preenchimento
alta fluidez e coesão da mistura

 habilidade de passar entre obstáculos


viscosidade da pasta e da argamassa e as características
dos agregados.

 Estabilidade da mistura

viscosidade e a coesão da mistura.


viscosidade plástica (µp)

 habilidade de preenchimento;
 habilidade de passar entre obstáculos;
 Estabilidade da mistura.

Características reológicas do
material que definem o
comportamento da fluidez ou a
sua deformabilidade.
 Ensaios CAA

Slump flow e T500


Fluidez e viscosidade
Slump Flow Slump Flow e V -funil
NBR 15823 EFNARC e EN 12350:2010

Viscosidades classes - EFNARC


Slump flow e estabilidade do CAA
Fluidez e viscosidade

B
V – Funil

Viscosidades classes - EFNARC e EN 12350:2010


Habilidade passante Anel “J”
ASTM C1621
Diferença entre
slump flow e J-ring
0 – 25 mm Ausência de
bloqueio
25 – 50 mm Mínimo bloqueio
visível
Classificação _ Anel > 50 mm bloqueio visível e
“J” extremo
Habilidade passante
L-box

Colocar classificação da norma


 Materiais para CAA

Cimento
Todos os cimentos do tipo Portland

Cuidado com cimentos com mais de 10% de C3A


Essa afirmação serve para qualquer concreto com aditivos
químicos
 Materiais para CAA

Agregados
 Materiais para CAA

Aditivos para concreto


Importância para o CAA:

 aumento da fluidez sem


adição de água

 maior coesão, diminuindo a


tendência à segregação

 viscosidade adequada

Adição Adição
mineral mineral
Materiais para CAA

ADITIVOS – VANTAGEM PARA O CONCRETO

• Aumento da trabalhabilidade, sem aumento do consumo de

água.

• Redução do consumo de água, mantendo a mesma

trabalhabilidade (maior resistência).

• Redução da água e do cimento, na mesma proporção,

mantendo a mesma trabalhabilidade e resistência.


 Materiais
Adições minerais para CAA
Importância para o CAA:
1. Coesão
2. Viscosidade adequada
3. Empacotamento
4. Reação pozolânica

 Silica ativa (microssilica)


 Cinza volante (fly ash)
 Metacaulim
 Resíduo da biomassa
da cana-de-açúcar
CAA – Aditivos e Adições
CAA – Aditivos e Adições
Ca(OH)2
+
Pozolana (no caso cinza volante

C-S-H

Efeito fiíler
CAA – Aditivos e Adições
 Dosagem

 Existem vários métodos: Método de Okamura/Oucho (Oucho,

Nakamura et al., 2003); Método de Tutikian e Dal Molin;

Método de Melo- Repette; Método de Gomes

 EFNARC:2005 – “The European Guidelines for

SelfCompacting Concrete” RECOMENDAÇÕES


 Qualquer método que atenda aos requisitos de
autoadensabilidade
 Dosagem

Concreto convencional

A Água Ciment Agregado Agregado graúdo


r o miúdo

Finos
A Água (cimento + Agregado miúdo Agregado graúdo
r adições +Aditivo

Concreto autoadensável

A. miúdo (%
Agregado Relação
Parâmetros Finos Pasta Água total do
graúdo água/finos(
de Dosagem (kg/m³) (l/m³) (l/m³) peso dos
(kg/m³) l/m³)
agregados)
EFNARC 380-600 300-380 150-200 750-1000 48-55 0,85-1,1
 Procedimento de Dosagem - EFNARC

Selecione desempenho exigido com rampas


base na especificação do comprador Pare altos
des

Selecione os materiais constituintes (do Pisos e lajes

fornecimento a granel, se possível)

Definição do traço de partida (de acordo Avaliar materiais alternativos.


com os parâmetros de dosagem
EFNARC)

Verificar ou ajustar o desempenho por


meio de testes de laboratório Insatisfatório
Satisfatório
Verificar ou ajustar o desempenho de
ensaios no local ou na planta
 Procedimentos de Dosagem

Okamura e Ouchi, 2000


 Procedimento de Dosagem no IFRN

Como vinhamos fazendo

1. Fixamos uma relação A/C para atingir uma determinada


resistência ou A/C + pozolana para resistência
2. Fixamos um teor de argamassa > 55% (depende da areia e
das adições minerais utilizadas)
3. Avaliamos a relação água finos na argamassa para obter
viscosidade e fluidez adequadas
 Procedimento de Dosagem - IFRN
Nova Proposta Associar critérios EFNARC confrontando com
parâmetros de durabilidade das NBR´s 12655 e
6118
Classe de
Classificação geral do tipo
agressivida Risco de deterioração
Agressividade de ambiente para efeito de
de da estrutura
projeto
ambiental
Rural
I Fraca Insignificante
Submersa
II Moderada Urbana 1), 2) Pequeno
Marinha 1)
III Forte Grande
Industrial 1), 2)
Industrial 1), 3)
IV Muito forte Elevado
Respingos de maré
1) Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) para
ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de
apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com
argamassa e pintura).
2) Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) em obras em regiões de
clima seco, com umidade relativa do ar menor ou igual a 65%, partes da estrutura protegidas de
chuva em ambientes predominantes secos, ou regiões onde chove raramente.
3) Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em
industrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes e industrias químicas.
Classe de agressividade (Tabela 1)
Concreto Tipo
I II III IV

Relação CA ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45


água/cimento em
massa CP ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,50 ≤ 0,45

CA ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40


Classe de concreto
(ABNT NBR 8953)
CP ≥C25 ≥ C30 ≥ C35 ≥ C40

Consumo de
cimento por metro
CA e CP ≥ 260 ≥ 280 ≥ 320 ≥ 360
cúbico de concreto
kg/m³
NOTA CA Componentes e elementos estruturais de concreto armado; CP
Componentes e elementos estruturais de concreto protendido.
Classe de agressividade (Tabela 1)
Concreto
Componente I II III IV
ou elemento
Cobrimento nominal em mm

Laje (2) 20 25 35 45
CA

Viga/Pilar 25 30 40 50

CP
Todos 30 35 45 44

NOTA CA Componentes e elementos estruturais de concreto armado; CP


Componentes e elementos estruturais de concreto protendido.
Condição de exposição Máxima relação Mínimo fck (para
água/cimento, em concreto com agregado
massa, para normal leve) MPa
concreto agregado
normal
Condições em que é
necessário um concreto de 0,50 35
baixa permeabilidade à água
Exposição a processos de
congelamento e
descongelamento em 0,45 40
condições de umidade ou a
agentes químicos de degelo
Exposição a cloretos
provenientes de agentes
químicos de degelo, sais, 0,40 45
água salgada, água do mar,
ou respingos ou borrifação
desses agentes
 Requisitos para CAA

1. Habilidade de preenchimento (filling ability)


2. Habilidade passante (passing ability)
3. Resistência à segregação (segregation resistance)

EFNARC e EN 12350
Características Teste recomendado
Viscosidade T500 e V-funil
Fluidez Slump-flow
Habilidade passante L-box
Segregação Resistência à segregação
Eco-Concretos: Concretos auto-
adensáveis com elevados
teores de adições minerais.
Motivação:
 Minimizar o impacto -> redução do uso de cimento Portland e
utilização de resíduos industriais e agroindustriais
 Promover um abrigo seguro para esses resíduos
 Difundir a tecnologia de concretos com elevados teores de adições
minerais
 Compreender os mecanismos de hidratação dos concretos com
elevados teores de adições minerais
Traços utilizados -60% -70%

L500 L300 CV CVCH CVMK CVMKCH


Cim (kg/m³) 500 300 200 200 150 150
Mtk (kg/m³) - - - - 100 100
CV (kg/m³) - - 300 300 250 250
CH (kg/m³) - - - 25 - 25
S – Agregado Miúdo
870 1053 870 870 870 870
(kg/m³)
CA - Agregado Graúdo
880 867 880 880 880 880
(kg/m³)
água (kg/m³) 200 180 170 170 170 170
Glenium Sky 27 (kg/m³) 13,0 7,8 9 9,6 9,6 12,3
Ligante (CIM+CV+Mtk+CH) 500 300 500 525 500 525
Teor de argamassa do
60,9% 60,9% 60,9% 61,3% 60,9% 61,3%
traço
Parâmetros de dosagem

Sand (%
Coarse water/fin
Fines Paste Water total
aggregate es ratios
(kg/m³) (l/m³) (l/m³) weight of
(kg/m³) (l/m³)
aggregate)
L500 500 360,26 200 880 49,7 1,25
L300 500 276,15 180 867 54,8 1,87
CV 500 358,07 170 880 49,7 0,90
CVCH 525 369,23 170 880 49,7 0,85
CVMK 500 359,84 170 880 49,7 0,90
CVMKCH 525 371,00 170 880 49,7 0,85
380- 150-
EFNARC 300-380 750-1000 48-55 0,85-1,1
600 200
Fluidez

25
T500 (s)
3,2 V-test (s)

3,0
20

2,8

2,6 15

V-test (s)
T500 (s)

2,4

2,2 VF2 10

VS2 VF1
2,0
VS1
5
1,8

CV CVCH CVMK CVMKCH


Traços
Habilidade passante
1,2 50
1,1 45
1,0
40
0,9 PA 2
35
0,8
30
0,7

Anel - J
25
L-box

0,6
0,5 20
0,4 15
PJ1
0,3
10
0,2
L-box
5
0,1 Anel - J

0,0 0
L500 L300 CV CVCH CVMK CVMKCH
Traços
Resistência
70
L500
L300
CV
CVCH L500
CVMK
CVMKCH
60
CVCH
Compressive Strenght (MPa)

50
CVMKCH

40 CVMK
CV
L300
30

20

10

0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 84 91 98
Days
Conclusão

 É possível produzir CAA-ETA (C ~ 150 a 200 kg/m3) que


atendem aos critérios de autoadensabilidade

 É possível produzir CAA-ETA que atendem aos critérios de


resistência (>25 MPa até 40 MPa aos 28 dias)

 É possível produzir CAA-ETA que atendem aos critérios de


durabilidade

 Este é um passo importante para produção de concretos


verdes através da substituição do cimento Portland por
adições minerais
Agradecimentos

Você também pode gostar