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Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Engenharia Civil

Professora: Mayara Moraes


• Variabilidade temporal das precipitações:
– Situações de déficit hídrico
– Situações de excesso de vazão
• Solução encontrada: Regularização através da
utilização de um ou mais reservatórios.
– Acúmulo de parte das águas disponíveis nos
períodos chuvosos para compensar as deficiências
nos períodos de estiagem
– Formados por barragens nos cursos d‘água.
• Características físicas: Dependem das características
topográficas do vale em que estão inseridos e da altura
da barragem.
Barragem

Altimetria pelo
Sistema WGS 84
Nível Máximo
Operacional!
• A relação entre nível da água, a área da superfície
inundada e o volume armazenado de um
reservatório é importante para o seu
dimensionamento e para a sua operação.
– O volume armazenado em diferentes níveis define a
capacidade de regularização do reservatório,
enquanto a área da superfície está relacionada
diretamente à perda de água por evaporação.
• A relação entre cota e área não é
necessariamente linear, já que depende das
características topográficas da área inundada.
– O mesmo ocorre com a relação entre cota e volume.
• Um reservatório pode ser descrito por seus
níveis e volumes característicos:
– Volume morto;
– Volume máximo;
– Volume útil;
– Nível mínimo operacional;
– Nível máximo operacional;
– Nível máximo maximorum.
• Parcela de volume do reservatório que não
está disponível para uso:
– Corresponde ao volume de água no reservatório
quando o nível é igual ao mínimo operacional.

• Abaixo deste nível, as tomadas de água para


as turbinas não funcionam:
– Começam a engolir ar além de água, o que
provoca cavitação nas turbinas;
– O controle de vazão e pressão sobre a turbina
começa a ficar muito instável.
O tamanho do
volume morto é
definido em projeto,
mas pode ser
alterado com o tempo
em função do
assoreamento.
• O nível máximo operacional corresponde à
cota máxima permitida para operações
normais no reservatório.
– Níveis superiores ao nível máximo operacional
podem ocorrer em situações extraordinárias, mas
comprometem a segurança da barragem.

• O nível máximo operacional define o volume


máximo do reservatório.
A diferença entre o volume máximo
operacional de um reservatório e o volume
morto é o volume útil, ou seja, a parcela do
volume que pode ser efetivamente utilizada
para regularização de vazão.
• Durante eventos de cheia excepcionais,
admite-se que o nível da água no reservatório
supere o nível máximo operacional por um
curto período de tempo.
– A barragem e suas estruturas de saída
(vertedores) são dimensionados para uma cheia
com tempo de retorno alto, normalmente 10 mil
anos no caso de barragens médias e grandes.
– Na hipótese de ocorrer uma cheia igual à utilizada
no dimensionamento das estruturas de saída, o
nível máximo atingido é o nível máximo
maximorum.
A cota da crista do barramento é definida a
partir do nível da água máximo maximorum
somado a uma sobrelevação denominada borda
livre (free board), cujo objetivo é impedir que
ondas formadas pelo vento ultrapassem a crista
da barragem.
• Outras características importantes são:
– As estruturas de saída de água,
– Eclusas para navegação,
– Escadas de peixes,
– Tomadas de água para irrigação ou para
abastecimento,
– Eventuais estruturas de aproveitamento para lazer
e recreação.
– Etc.
• Principal tipo de estrutura de saída de água.
– Destinam-se a liberar o excesso de água que não pode
ser aproveitado para geração de energia elétrica,
abastecimento ou irrigação.
– São dimensionados para permitir a passagem de uma
cheia rara (alto tempo de retorno) com segurança.

• Pode ser livre ou controlado por comportas.


– O tipo mais comum de vertedor apresenta um perfil
de rampa, para que a água escoe em alta velocidade,
e a jusante do vertedor é construída uma estrutura de
dissipação de energia, para evitar a erosão excessiva.
Vertedor da barragem Norris,
nos Estados Unidos

Não está
operando, o que
Vertedor da significa que toda
barragem de Itaipu. a vazão está
Em operação. passando através
das turbinas.
• A vazão de um vertedor livre
(não controlado por
comportas) é dependente da
altura da água sobre a soleira,
conforme a equação abaixo:
Q = C ∙ L ∙ h3/2
– Q = vazão do vertedor (m³/s);
– L = comprimento da soleira (m);
– h = altura da lâmina de água
sobre a soleira (m);
– C = coeficiente com valores
entre 1,4 e 1,8.
• É importante destacar que a vazão tem uma relação não
linear com o nível da água!!
• Descarregadores de fundo podem ser usados
como estruturas de saída de água, especialmente
para atender usos da água existentes a jusante.
• Estimativa da vazão: 𝑄 = 𝐶 ∙ 𝐴 ∙ 2 ∙ 𝑔 ∙ ℎ
– A = área da seção transversal do orifício (m²);
– g = aceleração da gravidade (m/s²);
– h = altura da água desde a superfície até o centro do
orifício (m)
– C = coeficiente empírico com valor próximo a 0,6.
• Da mesma forma que a vazão do vertedor, a
vazão de um orifício tem uma relação não linear
com o nível da água.
• Equação da Continuidade:
∆𝑉
=𝐼−𝑄
∆𝑡
– S = volume (m³);
– t = tempo (s);
– I = vazão afluente (m³/s)
– Q = vazão de saída do reservatório (m³/s),
incluindo perdas por evaporação, retiradas para
abastecimento, vazão turbinada e vertida.
• Intervalo de tempo curto (até um dia):
– Análise de propagação de cheias.

• Intervalo de tempo longo:


– Dimensionamento e análises de operação de
reservatórios.
𝑉𝑡+∆𝑡 = 𝑉𝑡 + 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎𝑠 − 𝑠𝑎í𝑑𝑎𝑠
– Sujeita às restrições 0 < 𝑉𝑡+∆𝑡 < Vmax; onde Vmax é o
volume útil do reservatório
• Com a equação recursiva de balanço podem
ocorrer duas situações extremas:

𝑉𝑡+∆𝑡 > 𝑉𝑚á𝑥 É necessário


verter água!

𝑉𝑡+∆𝑡 < 𝑉𝑚á𝑥 A demanda é excessiva ou


o volume é insuficiente!
• Dimensionamento de um reservatório com
volume necessário para regularizar uma vazão Q:
– Estimar inicialmente do valor de Vmax
– Aplicar a equação 𝑽𝒕+∆𝒕 = 𝑽𝒕 + 𝑰𝒕 + 𝑫𝒕 + 𝑬𝒕 + 𝑸𝒕
para cada mês do período de dados de vazão
disponível.
• É desejável que a série tenha várias décadas.
• As perdas por evaporação (E) variam com o mês e podem
ser estimadas por dados de tanque classe A.
• A demanda (D) pode variar com a época do ano.
• A vazão vertida (Q) é diferente de zero apenas quando a
equação indica que o volume máximo será superado.
• Em um mês qualquer, se 𝑉𝑡+∆𝑡 for menor que zero,
reduzir a demanda 𝐷𝑡 até que 𝑉𝑡+∆𝑡 seja igual a zero, e
computar uma falha de antendimento.
• Calcular a probabilidade de falha dividindo o número
de meses com falha pelo número total de meses.
– Se esta probabilidade for considerada inaceitável, aumente
o valor do volume máximo Vmax e reinicie o processo.

• Algumas hipóteses são feitas neste tipo de simulação:


– O reservatório está inicialmente cheio;
– As vazões observadas no passado são representativas do
que irá acontecer no futuro.
• Um reservatório com
volume útil de 568
hectômetros cúbicos
(milhões de m³) pode
garantir uma vazão
regularizada de 60 m³/s,
considerando a seqüência
de vazões de entrada da
tabela ao lado?
– Considere o reservatório
inicialmente cheio, a
evaporação nula e que cada
mês tem 2,592 milhões de
segundos.
• A solução é obtida montando a tabela que
resulta da aplicação sucessiva da equação
𝑽𝒕+∆𝒕 = 𝑽𝒕 + 𝑰𝒕 + 𝑫𝒕 + 𝑬𝒕 + 𝑸𝒕
– Com It dado pela tabela; Et igual a zero e Qt igual a
zero, exceto quando é necessário verter.

• A demanda de 60 m³/s é igual a 156 hm³/mês:


𝑚³ 1 ℎ𝑚3 6 𝑠 ℎ𝑚³
– 60 ∙ 6 3 ∙ 2,592 ∙ 10 = 156
𝑠 10 𝑚 𝑚ê𝑠 𝑚ê𝑠
Supondo que não será necessário verter:
𝑉𝑡+∆𝑡 = 𝑉𝑡 + 𝐼𝑡 + 𝐷𝑡
= 568 + 233 − 156 = 646 ℎ𝑚³
Supondo que não será necessário verter:
𝑉𝑡+∆𝑡 = 𝑉𝑡 + 𝐼𝑡 + 𝐷𝑡 Volume máximo excedido!
= 568 + 233 − 156 = 646 ℎ𝑚³ É necessário verter 78 hm³.
Supondo que não será necessário verter:
𝑉𝑡+∆𝑡 = 𝑉𝑡 + 𝐼𝑡 + 𝐷𝑡
= 568 + 194 − 156 = 607 ℎ𝑚³
Supondo que não será necessário verter:
𝑉𝑡+∆𝑡 = 𝑉𝑡 + 𝐼𝑡 + 𝐷𝑡 Ainda é necessário
= 568 + 194 − 156 = 607 ℎ𝑚³ verter 39 hm³.
Em março, as entradas são iguais às saídas: O volume armazenado se
𝑉𝑡+∆𝑡 = 568 + 156 − 156 = 568 ℎ𝑚³ mantém máximo, mas não há
volume excedente a ser vertido.
Em abril, a vazão armazenada no reservatório começa a diminuir, e não
há mais vazão vertida: 𝑉𝑡+∆𝑡 = 568 + 91 − 156 = 503 ℎ𝑚³
Aplicando a equação do balanço hídrico sucessivamente, vemos que, no
início de outubro, o volume calculado fica negativo, rompendo a
restrição inicial. Assim, a demanda não pode ser atendida neste mês!
Teoricamente, a máxima vazão que pode ser
regularizada por um reservatório é a vazão
média do rio no local em que está a barragem.

No entanto, este valor máximo é impossível de


ser atingido na prática porque a criação do
reservatório aumenta a perda de água por
evaporação.
• No Brasil existem centenas de reservatórios
construídos para a geração de energia elétrica.

• Dependendo do volume do reservatório as


usinas hidrelétricas podem ser:
– Centrais a fio d’água:
– Centrais com reservatório de acumulação.
• Usinas a fio d’água: Reservatórios cujo volume é
pequeno em relação à vazão afluente.
– A energia gerada depende diretamente da vazão do rio.
– A regularização de vazão proporcionada é desprezível.
– A barragem é construída para aumentar a diferença de
nível da água (queda) entre a tomada de água e a turbina.
– Situação típica das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs).

• Usinas com reservatório de acumulação: Dispõem de


um reservatório de tamanho suficiente para acumular
água na época de cheias para uso na época de seca.
– Podem dispor de uma vazão substancialmente maior do
que a vazão mínima natural.
Potência gerada em uma usina hidrelétrica:
• Quanto à potência gerada, as centrais
hidrelétricas podem ser classificadas em:
– Micro: Potência inferior a 100 kW
– Mini: Potência entre 100 e 1000 kW
– Pequena: Potência entre 1000 e 10000 kW
– Média: Potência entre 10 e 100 MW
– Grande: Potência maior do que 100 MW
• Quanto à altura de queda da água (H), as
centrais hidrelétricas podem ser classificadas
em:
– Baixíssima queda – H < 10 m
– Baixa queda – 10 < H < 50 m
– Média queda – 50 < H < 250 m
– Alta queda – H > 250 m
• Energia Assegurada é a energia que pode ser
suprida por uma usina com um risco de 5% de
não ser atendida, isto é, com uma garantia de
95% de atendimento.
– Numa usina com reservatório pequeno, a energia
assegurada é definida pela Q95 .
– A empresa de energia é remunerada pela Energia
Assegurada.
Uma usina hidrelétrica será construída em um rio
com a curva de permanência apresentada abaixo. O
projeto da barragem prevê uma queda líquida de 27
metros. A eficiência da conversão de energia será
de 83%. Qual é a energia assegurada desta usina?
– Q95 = 50 m³/s
– H = 27 m
– e = 0,83
– 𝛾 = 9810 N/m³

𝑷 = 𝟗𝟖𝟏𝟎 ∙ 𝟓𝟎 ∙ 𝟐𝟕 ∙ 𝟎, 𝟖𝟑
𝑷 = 𝟏𝟏𝑴𝑾
• Reservatórios que recebem água com alta
concentração de nutrientes podem passar por um
processo denominado eutrofização.
– Crescimento acelerado de algas e plantas flutuantes,
resultando num aumento da turbidez da água.
– A alta concentração de plantas e algas pode afetar os
níveis de oxigênio, o que pode afetar os peixes.
– Em reservatórios mais profundos, os restos de plantas no
fundo do lago podem consumir oxigênio durante a
decomposição, reduzindo muito os níveis de oxigênio.

• A possibilidade de um reservatório sofrer ficar ou não


eutrofizado depende do aporte de nutrientes, da
disponibilidade de luz solar na coluna d’água, e do
tempo de residência da água no reservatório.
• O tempo de residência é definido como a relação
entre o volume total do reservatório e a vazão
afluente.

𝑉
𝑇 =
𝑄
– V = volume máximo do reservatório (m³);
– Q = vazão afluente (m³/s)
– T’ = tempo de residência (s).

• Normalmente, a vazão utilizada no cálculo do


tempo de residência é a vazão média de longo
prazo.

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