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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

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15/03/2016 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NA RECLAMAÇÃO 6.140 RIO DE JANEIRO

RELATORA : MIN. ROSA WEBER


AGTE.(S) : COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS - CVM
ADV.(A/S) : CAMILA DA SILVA NETTO RAMOS
AGDO.(A/S) : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO
(AMS Nº 2000.51.01.033877-7)
INTDO.(A/S) : AUDFISA - CONSULTORES E AUDITORES
INDEPENDENTES S/C
ADV.(A/S) : ALMIR MEIRELLES ROSA E OUTRO(A/S)

EMENTA

AGRAVO REGIMENTAL. RECLAMAÇÃO. ALEGADA AFRONTA


À AUTORIDADE DO DECIDIDO NA ADI 453. TAXA DE
FISCALIZAÇÃO DOS MERCADOS DE TÍTULOS E VALORES
MOBILIÁRIOS. AUDITORIA DE SOCIEDADES DE CAPITAL
FECHADO. AUSÊNCIA DE IDENTIDADE ENTRE O ATO
RECLAMADO E O PARADIGMA INVOCADO. UTILIZAÇÃO DA
RECLAMAÇÃO COMO SUCEDÂNEO RECURSAL.
À míngua de identidade de objeto entre o paradigma invocado e o
ato reclamado, não há como divisar a alegada afronta à autoridade de
decisão desta Excelsa Corte.
Não é possível conferir à reclamação a natureza de sucedâneo
recursal ou de meio viabilizador do reexame do conteúdo do ato
reclamado.
Agravo regimental conhecido e não provido.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do


Supremo Tribunal Federal, em Primeira Turma, sob a Presidência do
Senhor Ministro Luís Roberto Barroso, na conformidade da ata de
julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em
negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto da Relatora.

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
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Não participou, justificadamente, deste julgamento o Senhor Ministro


Luiz Fux.

Brasília, 15 de março de 2016.

Ministra Rosa Weber


Relatora

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Relatório

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15/03/2016 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NA RECLAMAÇÃO 6.140 RIO DE JANEIRO

RELATORA : MIN. ROSA WEBER


AGTE.(S) : COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS - CVM
ADV.(A/S) : CAMILA DA SILVA NETTO RAMOS
AGDO.(A/S) : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO
(AMS Nº 2000.51.01.033877-7)
INTDO.(A/S) : AUDFISA - CONSULTORES E AUDITORES
INDEPENDENTES S/C
ADV.(A/S) : ALMIR MEIRELLES ROSA E OUTRO(A/S)

RELATÓRIO

A Senhora Ministra Rosa Weber (Relatora): Contra a decisão


monocrática proferida pela eminente Ministra Ellen Gracie, mediante a
qual negado seguimento à reclamação, interpõe agravo regimental a
Comissão de Valores Mobiliários – CVM.
A agravante insiste na alegação de que a autoridade reclamada teria
afrontado a autoridade da decisão proferida pelo Pretório Excelso no
julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 453.
Defende a legitimidade da cobrança da Taxa de Fiscalização dos
auditores independentes que estejam registrados junto à autarquia.
Segundo afirma, o julgamento da ADI não se limitou a declarar a
constitucionalidade do art. 3º da Lei 7.940/1989, pois “[…] abrangeu
também a determinação de que os auditores independentes registrados junto à
CVM fossem submetidos ao poder de polícia da autarquia e arcassem com a Taxa
de Fiscalização.”
É o relatório.

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VOTO

A Senhora Ministra Rosa Weber (Relatora): Preenchidos os


pressupostos genéricos, conheço do agravo regimental e passo ao exame
do mérito.
Transcrevo o teor da decisão que desafiou o agravo:

“1. Trata-se de reclamação constitucional, com


pedido de liminar, fundada no art. 102, I, l, da
Constituição Federal, ajuizada pela Comissão de Valores
Mobiliários - CVM contra o acórdão proferido pela Sétima
Turma do Tribunal Regional Federal da 2ª Região no
julgamento da Apelação em Mandado de Segurança nº
2000.51.01.033877-7 (fls. 370-386 do apenso 2).
Diz a reclamante que a Sétima Turma do Tribunal
Regional Federal da 2ª Região “declarou incidentalmente a
inconstitucionalidade parcial do art. 3º da Lei 7.940/89 – cobrança da
taxa de fiscalização do mercado de valores mobiliários especificamente
aos auditores independentes que atuam em companhias de capital
fechado” (fl. 6).
Sustenta, em síntese, a ocorrência de afronta à autoridade
do acórdão proferido pelo Plenário do Supremo Tribunal
Federal nos autos da Ação Direta de Inconstitucionalidade
453/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, DJ 16.3.2007, que declarou a
constitucionalidade do art. 3º da Lei 7.940/89.

Alega, ainda, que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar a


ADI 453/DF, não fez “qualquer ressalva quanto ao campo de atuação
do auditor independente, entendendo bastante o registro junto à CVM
para ensejar a cobrança da taxa de fiscalização” (fl. 12).
Aduz, ademais, que, nos termos da decisão proferida na
ADI 453/DF, “todos os auditores independentes, desde que
registrados na Comissão de Valores Mobiliários, estão sujeitos ao

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recolhimento da taxa de fiscalização”, certo que a “desobrigação do


recolhimento apenas termina com o cancelamento do registro junto à
Autarquia” (fl. 19).

Noticia, também, a existência do perigo na demora,


consubstanciado na possibilidade de ajuizamento de inúmeras
ações com o objetivo de questionar a aplicação da Lei 7.940/89.
Pede a reclamante, ao final, “a suspensão da decisão
impugnada, para o fim de afastar a desobrigação da impetrante ao
pagamento da taxa de fiscalização” (fl. 20).
2. A via estreita da reclamação (Constituição, art.
102, I, l) pressupõe o descumprimento de decisão do Supremo
Tribunal Federal, a ocorrência de usurpação de sua competência
originária ou a desobediência a súmula vinculante desta Casa.
Logo, seu objeto é, e só pode ser, a verificação de uma dessas
hipóteses, para se sanar imediatamente o abuso, acaso
verificado.
No entanto, pelo que constatei dos autos, nenhuma das
circunstâncias autorizadoras da reclamação aqui se configura.
O acórdão impugnado porta a seguinte ementa:
“ADMINISTRATIVO. EMPRESA DE AUDITORIA. TAXA
DE FISCALIZAÇÃO DA COMISSÃO DE VALORES
MOBILIÁRIOS. LEI Nº 7.940/89. INEXIGIBILIDADE.
- A Lei nº 6.385/76 institui a Comissão de Valores
Mobiliários, autarquia federal em regime especial, que tem por
finalidade regular o mercado de valores mobiliários,
competindo-lhe, dentre outras atribuições, disciplinar o
credenciamento de auditores independentes.
- O art. 1º, inciso V, da referida Lei, dispõe que as
atividades de auditoria das companhias abertas, que são
aquelas cujos valores mobiliários estejam admitidos à
negociação na bolsa ou no mercado de balcão, serão
devidamente fiscalizadas pela Comissão de Valores Mobiliários.
- A apelante exerce a auditoria tão-somente de
companhias de capital fechado, o que foi comprovado através
de sua relação de clientes acostada aos autos, bem como dos

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atos constitutivos de tais sociedades, os quais não foram sequer


impugnados pela apelada.
- A Lei nº 6.385/76 é clara ao estabelecer que serão
disciplinadas e fiscalizadas as atividades de auditoria das
companhias abertas, não fazendo qualquer menção às
sociedades anônimas de capital fechado.
- Não estando sujeita à fiscalização pela Comissão de
Valores Mobiliários, a apelante não está obrigada ao
recolhimento da Taxa de Fiscalização instituída pela Lei nº
7.940/89.
- Recurso provido.” (Fl. 386 do apenso 2, negritei)
Não há que falar em afronta à autoridade do acórdão
proferido pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal nos autos
da Ação Direta de Inconstitucionalidade 453/DF, rel. Min.
Gilmar Mendes, DJ 16.3.2007, que declarou a
constitucionalidade do art. 3º da Lei 7.940/89.
É que o acórdão impugnado não está em confronto com a
decisão proferida no julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade 453/DF, cuja ementa é a seguinte:
“Ação Direta de Inconstitucionalidade. 2. Art. 3o, da Lei no
7.940, de 20.12.1989, que considerou os auditores independentes
como contribuintes da taxa de fiscalização dos mercados de
títulos e valores mobiliários. 3. Ausência de violação ao
princípio da isonomia, haja vista o diploma legal em tela ter
estabelecido valores específicos para cada faixa de
contribuintes, sendo estes fixados segundo a capacidade
contributiva de cada profissional. 4. Taxa que corresponde ao
poder de polícia exercido pela Comissão de Valores Mobiliários,
nos termos da Lei no 5.172, de 1966 - Código Tributário
Nacional. 5. Ação Direta de Inconstitucionalidade que se julga
improcedente.” (DJ 16.3.2007)
A decisão proferida pelo Plenário desta Casa, em
30.8.2006, no julgamento da ADI 453/DF, estabeleceu que são
contribuintes da referida taxa de fiscalização os auditores
independentes que estejam registrados na Comissão de Valores
Mobiliários e, portanto, autorizados a atuar no mercado de

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valores mobiliários.
Já a Sétima Turma do Tribunal Regional Federal da 2ª
Região entendeu, majoritariamente, com base nas provas dos
autos, que a impetrante “exerce a auditoria tão-somente de
companhias de capital fechado”, razão pela qual asseverou que “o
fato de a apelante possuir inscrição perante a Comissão de Valores
Mobiliários de forma alguma autoriza a fiscalização da referida
autarquia federal sobre suas atividades”. Isso porque, ainda no
entendimento daquele órgão judiciário, a Lei 6.835/76 estabelece
que serão “disciplinadas e fiscalizadas as atividades de auditoria das
companhias abertas, não fazendo qualquer menção às sociedades
anônimas de capital fechado”.
Nesse sentido, destaco do voto proferido pelo relator da
Apelação em Mandado de Segurança nº 2000.51.01.033877-7:
“Inicialmente, faz-se indispensável destacar que o
Supremo Tribunal Federal já reconheceu, em diversos julgados,
a constitucionalidade da Taxa de Fiscalização da Comissão de
Valores Mobiliários, instituída pela Lei nº 7.940/89.
Sendo assim, superada a questão relativa à
inconstitucionalidade, passemos a análise das demais.
Com efeito, a Lei nº 6.385/76 institui a Comissão de
Valores Mobiliários, autarquia federal em regime especial, que
tem por finalidade regular o mercado de valores mobiliários,
competindo-lhe, dentre outras atribuições, disciplinar o
credenciamento de auditores independentes.
Neste sentido, o art. 1º, inciso V, da referida Lei, dispõe
que as atividades de auditoria das companhias abertas, que são
aquelas cujos valores mobiliários estejam admitidos à
negociação na bolsa ou no mercado de balcão, serão
devidamente fiscalizadas pela Comissão de Valores Mobiliários.
Por sua vez, estabelece o art. 26, do mesmo diploma legal,
que somente as empresas de auditoria contábil ou auditores
contábeis independentes, registrados na Comissão de Valores
Mobiliários, poderão auditar as demonstrações financeiras de
companhias abertas e das instituições, sociedades ou empresas
que integram o sistema de distribuição e intermediação de

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valores mobiliários.
No presente caso, afirma a apelante exercer a auditoria
tão-somente de companhias de capital fechado, o que foi
comprovado através de sua relação de clientes acostada aos
autos, bem como dos atos constitutivos de tais sociedades, os
quais não foram sequer impugnados pela apelada.
Ora, a Lei nº 6.835/76 é clara ao estabelecer que serão
disciplinadas e fiscalizadas as atividades de auditoria das
companhias abertas, não fazendo qualquer menção às
sociedades anônimas de capital fechado.
Além disso, o fato de a apelante possuir inscrição perante
a Comissão de Valores Mobiliários de forma alguma autoriza a
fiscalização da referida autarquia federal sobre suas atividades.
Até porque, o registro da apelante nos quadros da CVM
decorre do fato de que, com a edição da Lei nº 6.385/76, o
cadastro de auditores independentes passou a ser de
competência da referida autarquia, sendo, pois, compulsória a
inscrição em seus quadros.
Logo, não estando sujeita à fiscalização pela Comissão de
Valores Mobiliários, a apelante não está obrigada ao
recolhimento da Taxa de Fiscalização instituída pela Lei nº
7.940/89.” (Fls. 373-375 do apenso 2, destaquei)
É dizer, o acórdão impugnado não considerou, em
momento algum, inconstitucional a Taxa de Fiscalização da
Comissão de Valores Mobiliários, instituída pela Lei 7.940/89.
Ao contrário, afirmou categoricamente a sua
constitucionalidade.
O fato é que a impetrante obteve, em apelação em
mandado de segurança, um provimento judicial que, numa
interpretação sistemática das normas infraconstitucionais que
regulam a matéria, autorizou-a a não se sujeitar à fiscalização
da Comissão de Valores Mobiliários, razão pela qual não estaria
obrigada ao recolhimento da Taxa de Fiscalização instituída
pela Lei 7.940/89. Vê-se, pois, que a questão envolveu tão-
somente a aplicabilidade da referida legislação, repita-se
tida por constitucional, ao caso concreto tratado na ação

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mandamental.
Ademais, verifica-se no pedido deduzido pela reclamante
nítida existência de caráter recursal, sendo certo que a
reclamação não pode ser utilizada como sucedâneo de recursos
ou ações cabíveis, conforme reiterada jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal (Reclamações 603/RJ, rel. Min. Carlos
Velloso, Plenário, DJ 12.02.1999; 968/DF, rel. Min. Marco
Aurélio, Plenário, DJ 29.6.2001; 2.933-MC/MA, rel. Min.
Joaquim Barbosa, DJ 14.3.2005; 2.959/PA, rel. Min. Carlos Britto,
DJ 09.02.2005, dentre outros).
Ressalte-se, ainda, que não houve usurpação da
competência do Supremo Tribunal Federal, dado que a Sétima
Turma do Tribunal Regional Federal da 2ª Região julgou uma
apelação em mandado de segurança.
Assevere-se, finalmente, que não existe súmula vinculante
quanto à matéria em debate nos presentes autos.
3. Ante o exposto, com fundamento nos arts. 38
da Lei 8.038/90 e 21, § 1º, e 161, parágrafo único, do RISTF,
nego seguimento à presente reclamação, ficando
prejudicada a apreciação do pedido de liminar.“

Nada colhe o agravo regimental.


Consoante registrado na decisão reclamada, não há falar em afronta
à autoridade da decisão proferida no julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade 453, na qual esta Suprema Corte declarou a
constitucionalidade do art. 3º da Lei 7.940/89, “[…] que considerou os
auditores independentes como contribuintes da taxa de fiscalização dos mercados
de títulos e valores mobiliários”.
Na espécie, a Corte reclamada, a partir da interpretação da Lei nº
6.385/76, firmou a premissa de que apenas as atividades de auditoria das
companhias abertas seriam fiscalizadas pela Comissão de Valores
Mobiliário. Diante da conclusão de que a então apelada realizava “[…] a
auditoria tão-somente de companhias de capital fechado […], entendeu que ela
não estava obrigada ao recolhimento da Taxa de Fiscalização instituída
pela Lei nº 7.940/89. Não houve, portanto, declaração de

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inconstitucionalidade do art. 3º da Lei 7.940/89.


Destaco que não compete a esta Suprema Corte, em âmbito de
reclamação constitucional, conferir o acerto quanto à interpretação da
legislação infraconstitucional aplicada pela Corte reclamada, vedada a
sua utilização como sucedâneo recursal ou de meio viabilizador do
reexame do conteúdo do ato reclamado.
Nesse contexto, ausente aderência estrita, não se cogita de afronta à
autoridade da decisão invocada como paradigma, a autorizar o
cabimento da reclamação, nos moldes do art. 102, I, “l”, da Constituição
da República.
Agravo regimental conhecido e não provido.
É como voto.

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Extrato de Ata - 15/03/2016

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PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

AG.REG. NA RECLAMAÇÃO 6.140


PROCED. : RIO DE JANEIRO
RELATORA : MIN. ROSA WEBER
AGTE.(S) : COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS - CVM
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL FEDERAL
AGDO.(A/S) : AUDFISA - CONSULTORES E AUDITORES INDEPENDENTES S/C
ADV.(A/S) : ALMIR MEIRELLES ROSA (13160/RJ)
INTDO.(A/S) : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO (AMS Nº
2000.51.01.033877-7)
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS

Decisão: A Turma negou provimento ao agravo regimental, nos


termos do voto da Relatora. Unânime. Não participou,
justificadamente, deste julgamento, o Senhor Ministro Luiz Fux.
Presidência do Senhor Ministro Luís Roberto Barroso. 1ª Turma,
15.3.2016.

Presidência do Senhor Ministro Luís Roberto Barroso. Presentes


à Sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber
e Edson Fachin.

Subprocuradora-Geral da República, Dra. Deborah Duprat.

Carmen Lilian Oliveira de Souza


Secretária da Primeira Turma

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