Biologia Aplicada

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Fisiologia

2ª edição

Biologia Aplicada

Cláudio Augusto Vieira Rangel

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DIREÇÃO SUPERIOR
Chanceler Joaquim de Oliveira
Reitora Marlene Salgado de Oliveira
Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves

DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA


Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira
Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva

FICHA TÉCNICA
Direção Editorial: Diogo Pereira da Silva e Patrícia Figueiredo Pereira Salgado
Texto: Cláudio Augusto Vieira Rangel
Revisão Ortográfica: Marcus Vinicius da Silva e Natália Barci de Souza
Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos
Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado
Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos

COORDENAÇÃO GERAL:
Departamento de Ensino a Distância
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo -----Campus Niterói.

R196e Rangel, Claudio Augusto Vieira.


Ecologia / Claudio Augusto Vieira Rangel ; revisão de Marcus
Vinicius da Silva. – 2. ed. – Niterói, RJ: EAD/UNIVERSO, 2017.
145 p. : il.

1. Ecologia. 2. Ecossistema. 3. Meio ambiente. 4. População. I.


Silva, Marcus Vinicius da. II. Título.

CDD 574.501
Bibliotecária: Elizabeth Franco Martins ----- CRB 7/4990

Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se responsabilizando a ASOEC
pelo conteúdo do texto formulado.
© Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma
ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora
da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO).
Biologia Aplicada

Palavra da Reitora

Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo,


exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSOEAD, que reúne os diferentes
segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi
desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero
bem-sucedidas mundialmente.

São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio


dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço
presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio
tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se
responsável pela própria aprendizagem.

O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que


permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo o
momento, ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de
nossa plataforma.

Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores


especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são
fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos.

A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a


distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem-
sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo
de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização,
graduação ou pós-graduação.

Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando


as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona.

Seja bem-vindo à UNIVERSOEAD!

Professora Marlene Salgado de Oliveira

Reitora

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Biologia Aplicada

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Biologia Aplicada

Sumário

Apresentação da Disciplina .................................................................................................07

Plano da Disciplina ................................................................................................................09

Unidade 1- A origem e os Termos da Ecologia .......................................................13

Unidade 2 – Ecologia Básica ...............................................................................................31

Unidade 3 – Dinâmica das Populações .........................................................................47

Unidade 4 –Ecossistemas Terrestres ...............................................................................59

Unidade 5 – Ecossistemas Terrestres Brasileiros ........................................................... 81

Unidade 6 – O Homem e a Biosfera ...............................................................................113

Considerações Finais ............................................................................................................135

Conhecendo o autor .............................................................................................................137

Referências ..............................................................................................................................139

Anexos ......................................................................................................................................141

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Biologia Aplicada

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Biologia Aplicada

Apresentação da Disciplina

Prezado aluno,
Conheça a disciplina de Biologia Aplicada, seja bem-vindo.

O gozo da paz está diretamente relacionado e ligado à existência de condições


mínimas de vida por parte de todos aqueles que se encontram neste planeta,
sobretudo, a raça humana, que desempenha um papel de responsabilidade maior
perante todos os demais seres vivos ou não vivos que habitam esta esfera de vida.
O respeito pelo ambiente em que vivemos é um passo importante para assegurar a
qualidade de vida e o desenvolvimento ambiental consciente, pois, somente assim
poderemos pensar serenamente sobre o futuro da humanidade e de todos os seres
deste planeta.

A Ecologia, seu conhecimento e entendimento consistem num passo


importante, para não dizer determinante, no processo de perpetuação da vida
saudável do planeta, pois, é com esta consciência que iniciamos o processo de
ensino-aprendizagem desta disciplina no formato “on-line” assim como outras,
observando o contexto descrito acima.

A educação deve passar a ter papel principal, ou seja, deverá ser capaz de
preparar subsídios para que a sociedade tenha sujeitos capazes de pensar e agir de
forma consciente e criativa, em sua plenitude, e o olhar ecológico estende esta
observância aos demais fatores do ambiente, nem sempre considerado pela
humanidade, tão preocupada em produzir e consumir, retirando daí recursos que
fatalmente irão se extinguir.

Desta maneira, iremos iniciá-lo no estudo e na compreensão dos principais


problemas que surgiram ou venham a surgir no contexto teórico desta disciplina,
buscando enfatizar a importância do seu ensino para atender a diferentes áreas do
conhecimento, enfatizando sua importância profissional, social e humana,
contribuindo desta forma na construção de uma postura crítica, consciente e
participativa do ser humano perante as urgências ambientais que vislumbramos no
cenário mundial.Nossa presença será observada por você no andamento de suas
atividades, buscando orientá-lo quando for necessário, por isso vamos em frente,
estudando, analisando e cumprindo passo a passo todas as atividades.

Depositamos credibilidade e excelência no seu desempenho.

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Biologia Aplicada

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Biologia Aplicada

Plano da Disciplina

A Biologia Aplicada possui objetivos que no contexto do ensino-


aprendizagem propiciam o desenvolvimento de competências e habilidades
necessárias à formação de um ser humano mais consciente de seus deveres
ambientais. Ser humano esse que deve esteja preparado para executar atividades
que contribuam para o bem-estar físico e social da humanidade em face das
atribuições ambientais do planeta. São objetivos da disciplina Biologia Aplicada :

 Conhecer os principais termos ecológicos, entender as suas aplicabilidades e


divisões relacionando-as aos seres vivos e ao meio ambiente, fazendo um
estudo e análise dos ecossistemas;

 Identificar e compreender as funções dos organismos em face de seus


habitats e nichos ecológicos, bem como a dinâmica de suas populações nos
ecossistemas;

 Reconhecer os ecossistemas terrestres e suas características, bem como


interferências antrópicas ou não, apresentadas a esses ecossistemas,
observando a importância de sua preservação e manutenção;

 Compreender fatores e identificar problemas que denotem a interferência do


homem no ambiente ocasionando situações de melhora ou piora no meio
ambiente.

O conteúdo programático da disciplina foi dividido em sete unidades, a fim de


proporcionar um maior detalhamento das questões ambientais, valorizando os
termos e uma unidade prática onde o aluno pode aprender e observar fenômenos
ocorridos nos ecossistemas, além de detalhar a questão da dinâmica das
populações juntamente com as funções de cada indivíduo no contexto ambiental.
Segue abaixo a apresentação das unidades do curso de Biologia Aplicada e todos
seus conteúdos.

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Biologia Aplicada

Unidade 1 - A origem e os Termos da Ecologia

Nesta unidade você irá conhecer com detalhes como chegamos ao termo
Ecologia, seus primeiros passos na concepção do homem, suas ramificações,
divisões e conceitos, para então entender e caminhar seguramente nos caminhos
que se delineiam esta importante disciplina.

Além disso, você terá a oportunidade de conhecer com detalhes o significado


da origem de alguns termos mais utilizados em Ecologia, para então podermos
prosseguir de modo seguro nos caminhos que se delineiam nesta importante
disciplina.

Objetivos:

Conhecer o significado e a origem da Ecologia;

Entender a importância de se manter vivo o sentido literal do termo Ecologia;

Conhecer com detalhes como chegamos ao termo Ecologia, seus primeiros


passos na concepção do homem, suas ramificações, divisões e conceitos.

Unidade 2 – Ecologia Básica

A abordagem nesta unidade deverá propiciar a compreensão necessária para


entender como se caminha a matéria e a energia ao longo das ramificações
existentes entre os seres vivos, teremos a oportunidade de conhecer com detalhes
como o ambiente procede em relação as trocas realizadas com os seres vivos

Objetivos:

Identificar e compreender as funções dos organismos em face de seus habitats


e nichos ecológicos;

Compreender a relação entre seres vivos, o homem e o ambiente.

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Biologia Aplicada

Unidade 3 – Dinâmica das Populações

Nesta unidade você estudará o processo de regulação dos organismos no


meio ambiente, caracterizando o processo de dinâmica de populações. Com a
compreensão dos dados e conceitos, poderemos visualizar o procedimento de
sobrevivência, adaptação e preservação desenvolvidas pelos organismos de forma
sociável e natural.

Objetivos:

Identificar e compreender as funções dos organismos em face de seus


costumes populacionais, bem como a dinâmica de suas populações, nos habitats,
nichos ecológicos e nos ecossistemas.

Compreender a relação entre seres vivos, o homem e o ambiente.

Unidade 4 –Ecossistemas Terrestres

Nesta unidade você estudará os ambientes terrestres e suas particularidades,


observaremos a porção da biosfera denominada litosfera com as características
físicas, geográficas e biológicas presentes nesses ambientes, como o homem
interage com os seres e qual a melhor maneira de entendê-los e
consequentemente preservá-los.

Objetivo:

Reconhecer os ecossistemas terrestres e suas características, bem como


interferências antrópicas ou não, apresentadas a esses ecossistemas, observando a
importância de sua preservação e manutenção.

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Biologia Aplicada

Unidade 5 – Ecossistemas Terrestres Brasileiros

Você irá estudar nesta unidade os ecossistemas terrestres brasileiros, suas


características físicas, químicas e biológicas, bem como o processo de interação dos
organismos com esses biomas. Analisaremos também situações em que se possam
aproveitar os recursos desses biomas sem prejudicá-los, possibilitando assim sua
preservação.

Objetivo:

Reconhecer os ecossistemas terrestres brasileiros e suas características, bem


como interferências antrópicas ou não, apresentadas a esses ecossistemas,
observando a importância de sua preservação e manutenção.

Unidade 6 – O Homem e a Biosfera

E, para finalizar, você tomará conhecimento da importância de se possuir o


título de país da megadiversidade, podendo assim, proceder de forma a não
sermos mais saqueados do que já somos por nós mesmos ou por interesses
externos. Além disso, também irá analisar os fenômenos globais naturais que são
aumentados e agravados pelo homem, tais como: chuva ácida, desmatamentos,
queimadas, enfim situações que nos levam a pensar no que pode acontecer se não
começarmos a mudar radicalmente nosso comportamento em face do ambiente.

Objetivos:

Identificar situações de utilização inadequada dos recursos naturais oriundos da


biodiversidade.;

Compreender fatores e identificar problemas que denotem a interferência do


homem no ambiente ocasionando situações de melhora ou piora no meio
ambiente.

Bons Estudos.

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Biologia Aplicada

1 A Origem e os Termos
da Ecologia

O Surgimento da Ecologia no Contexto da


Sociedade Humana.

Apresentação dos Ramos da Ecologia.

Termos Empregados na Ecologia.

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Biologia Aplicada

Nesta unidade teremos a oportunidade de conhecer com detalhes como


chegamos ao termo Ecologia, seus primeiros passos na concepção do homem, suas
ramificações, divisões e conceitos, para então podermos entender e caminhar
seguramente nos caminhos que se delineiam esta importante disciplina.

Objetivos da Unidade:

Conhecer o significado, a origem da Ecologia e reconhecer a importância de


se manter vivo o sentido literal do termo Ecologia;

Conhecer o significado da origem de alguns termos utilizados em Ecologia.

Plano da Unidade :

 O Surgimento da Ecologia no Contexto da Sociedade Humana.

 Apresentação dos Ramos da Ecologia.

 Termos Empregados na Ecologia.

Entre e fique à vontade nos estudos da primeira unidade.

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Biologia Aplicada

O Surgimento da Ecologia no Contexto da Sociedade


Humana

Um breve histórico.

A ecologia não tem um começo precisamente definido, porém, na Grécia


antiga podemos encontrar indícios de prática da Ecologia, através de um discípulo
de Aristóteles chamado Teofrasto. Ele foi o primeiro a descrever as relações
ocorridas com os organismos entre si e com o meio ambiente.

Muito cedo na história da humanidade já se denotava interesse implícito na


ecologia de forma prática, pois, o homem para sobreviver, precisava conhecer
onde se encontrava, ou seja, o ambiente em que vivia, a natureza ambiental ao seu
redor, exemplificada pelos vegetais, animais como fatores bióticos e as
montanhas, cavernas, lagos, ar, água, enfim, os fatores abióticos em volta deles
completando o meio em que eles vivem.

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Biologia Aplicada

Ecologia tem origem a partir da palavra grega oikos que exprime o sentido de
“casa” na língua portuguesa e logos que significa “estudo”, “tratado”, também
originado do grego, daí o significado: o estudo da casa ou, o estudo do ambiente,
ou ainda segundo ODUM (1982) O estudo do “ambiente da casa” que inclui nela
todos os organismos e processos funcionais que a tornam habitável.

As bases posteriores para a ecologia moderna foram lançadas


observando-se trabalhos de fisiologistas sobre plantas e animais (Darwin,
Lamarck, Mendel) além do aumento do interesse na dinâmica de populações,
baseado na observação feita por Tomas Malthus no inicio do século XIX sobre o
conflito entre as populações em expansão e a disponibilidade de recursos
provenientes do meio em que essas populações habitavam.

No ano de 1870, Ernst Haeckel, célebre zoólogo alemão, ampliou o significado


da palavra ecologia proferindo a seguinte definição:

“Por ecologia, queremos dizer o corpo de conhecimento


referente à economia da natureza – a investigação das
relações totais dos animais tanto com seu ambiente
orgânico quanto com seu ambiente inorgânico; incluindo,
acima de tudo, suas relações amigáveis e não amigáveis
com aqueles animais e plantas com os quais vêm direta ou
indiretamente a entrar em contato – numa palavra,
ecologia é o estudo de todas as inter-relações complexas
denominadas por Darwin como as condições de luta pela
existência.”*
Trecho retirado do livro A Economia da natureza, por
Robert E. Ricklefs 2003,p.2.

Apresentação dos Ramos da Ecologia

Como foi dito anteriormente, a ecologia se desenvolveu a partir de dois


afluentes: a ecologia animal e a ecologia vegetal que aborda as relações das
plantas entre si e com o seu ambiente. Ao se iniciar o século XX cientistas
americanos e europeus se autodenominaram ecólogos, na sua grande maioria
botânicos, os quais passaram a estudar as comunidades vegetais sobre prismas
diferentes: o grupo europeu se concentrou em estudar a composição, estrutura e a
distribuição das comunidades vegetais, o grupo americano se concentrou no
desenvolvimento e sucessão dessas comunidades.
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Biologia Aplicada

Neste contexto a ecologia vegetal e a ecologia animal se desenvolveram


separadamente, até que biólogos americanos e ingleses deram ênfase à inter-
relação de comunidades vegetais e animais como um todo.

A ecologia alcançou a modernidade e consequente maturidade por volta de


1942 com o estudo apurado e detalhado do fluxo de energia no ecossistema,
realizado pelo americano R. L. Lindeman, que foram aprofundados pelos cientistas
americanos Eugene e Howard Odum. Outros cientistas embarcaram nesses
estudos, que resultou no surgimento de novas técnicas, métodos e definições que
possibilitaram aos ecologistas, rastrear, rotular e medir o movimento de nutrientes
e energias específicas distribuídas pelas cadeias e teias alimentares dos
ecossistemas.

O surgimento de novos métodos e técnicas deram início a um novo patamar


no desenvolvimento dessa ciência, a ecologia que estuda a estrutura e o
funcionamento dos ecossistemas, porém faltava uma base conceitual a essa
ciência, apesar da ecologia moderna se concentrar no conceito e estudo do
ecossistema, faltava a presença de uma unidade funcional e delimitadora que
ampliasse e definisse os estudos em qualquer área da ecologia, surgiram, então, os
componentes vivos e não vivos que se encontram presentes nos ciclos de
nutrientes, nos fluxos de energia, nos ecossistemas, enfim, em todos os campos de
estudo dessa ciência.

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Biologia Aplicada

Como ciência, a ecologia é multidisciplinar, isto quer dizer que envolve


biologia vegetal, animal, taxonomia, geografia, meteorologia, fisiologia,
comportamento, sociologia, matemática, física, química e muitas outras não
descritas o que torna muito difícil delinear a sua fronteira com qualquer outra
ciência, pois, todas exercem influência sobre ela. Esta situação também se observa
dentro da própria ecologia; quando observamos as interações dos organismos
entre si ou com o ambiente fica difícil, por exemplo, separar o comportamento
individual do comportamento populacional, ou ainda na escala das definições, o
sentido de comunidade e ecossistema são diferentes e, ao mesmo tempo, referem-
se aos mesmos componentes, pois não se pode separar um leão, uma zebra, e o
capim, do solo que se encontram esses organismos.

Na maioria dos casos ignorando a influência dos animais ou mesmo, dos


parâmetros físicos e químicos existentes ao seu redor.

A ecologia animal aborda a dinâmica, a distribuição e o comportamento das


populações, das interações dos seus indivíduos
com seu ambiente. Sabemos que os animais
dependem dos vegetais, por isso não se pode
estudar nem compreender totalmente a
ecologia animal sem um considerável
conhecimento da ecologia vegetal, tal fato pode
ser observado no manejo de animais em seu
ambiente natural, sempre se encontra um amplo
ecossistema vegetal interagindo com o
ecossistema animal.

A ecologia animal e a vegetal são


observadas também na forma de estudos
individuais das interações de um organismo com
seu ambiente, o que caracterizaria outro termo
dentro da ecologia, a saber, autoecologia. Sendo estudada e aplicada de forma
clássica, experimental e indutiva, é facilmente quantificável e útil nas pesquisas de
campo e de laboratório. Algumas de suas técnicas são tomadas de empréstimo de
outras áreas como: química, física, e filosofia. A autoecologia contribuiu com pelo
menos dois importantes conceitos, a interação entre o(s) organismo(s) e seu
ambiente, e a adaptabilidade genética de populações às condições ambientais do
local onde vivem.

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Biologia Aplicada

Ao observarmos o estudo de comunidades de organismos caracterizamos a


sinecologia, ou seja, a parte filosófica e dedutiva, amplamente descritiva e muito
difícil de se quantificar, pois contém uma terminologia muito vasta. Apenas
recentemente, com o advento da era eletrônica e atômica, a sinecologia
desenvolveu instrumentos para estudar sistemas complexos e dar inicio a sua fase
experimental. Os conceitos importantes desenvolvidos pela sinecologia são
aqueles ligados ao ciclo de nutrientes, reservas energéticas e desenvolvimento de
ecossistemas. A sinecologia possui ligações estreitas com a geologia, a
meteorologia e a antropologia cultural, e pode também ser subdividida de acordo
com os tipos de ambiente, como terrestre e aquático.

A ecologia terrestre destina-se ao estudo de florestas, desertos, aborda


aspectos dos ecossistemas como um todo, além de apresentar subdivisões que
observam microclimas, química dos solos, fauna dos solos, ecogenética, ciclos e
produtividade, pois os ecossistemas terrestres são muito mais sujeitos à influência
dos organismos, causando flutuações ambientais muito maiores, do que nos
ecossistemas aquáticos. Estes últimos são mais afetados pelas águas, além de
apresentar uma resistência maior a variações ambientais como, por exemplo, a
temperatura. Pela sua grande importância nos ambientes aquáticos, o ambiente
físico destaca-se no estudo das características físicas do ecossistema, das correntes
e da composição química da água. Por convenção, a ecologia aquática,
denominada limnologia, limita-se à ecologia de cursos d’água, que estuda a vida
em águas correntes e a ecologia dos lagos, que se detém sobre a vida em águas
relativamente estáveis. A vida em mar aberto e estuários é objeto da ecologia
marinha.

Existem outras formas de denominação na ecologia, estas se encontram


abordadas de forma especializada, por exemplo, na distribuição geográfica dos
seres, animal ou vegetal. Denominamos geografia ecológica, o crescimento
populacional, mortalidade e natalidade que são abordados na ecologia
populacional. O estudo da genética e a ecologia das raças locais e espécies
distintas é abordado pela ecologia genética. O comportamento, as reações dos
animais em seu ambiente e as interações sociais são estudadas pela ecologia
comportamental (etologia), e através do estudo quantificado, estruturado e
sistematizado dos ecossistemas. Através da análise de dados, matemática aplicada,
modelos matemáticos, propiciou-se o rápido desenvolvimento da ecologia
aplicada, que consiste no manejo dos recursos naturais na produção de interesse
humano, tais como: agricultura, pecuária, poluição ambiental e outras.

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Biologia Aplicada

Enfim, mediante descrição dos campos e atuações em que se encaixam a


ecologia podemos concluir que esta consiste no estudo das relações dos seres
vivos individualmente, entre si, e com o ambiente que estes se encontram ou não.

Leitura Complementar :

PINTO-COELHO, R. M. Fundamentos em Ecologia. 1ª reimpressão. Porto Alegre:


Artmed Editora,2002.

GEVERTZ, R.; AVELAR, W. E. P. et. al. Em busca do conhecimento ecológico – uma


introdução à metodologia. 2. ed. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1995.

A seguir poderemos observar detalhadamente o significado e o emprego de


termos empregados na Ecologia , suas atribuições, bem como as situações onde
este ou aquele significado melhor se encaixa, juntamente com as suas divisões,
quando este houver.

Termos Empregados na Ecologia

Ao iniciarmos esta unidade, pensamos em como pode ser interessante tomar


conhecimento do significado de algumas palavras, sobretudo, quando estas se
situam em ambientes diversos. Neste contexto, vamos observar o início de tudo, do
ponto de vista científico, ou seja, com o átomo, e a partir dele, traçar os níveis de
organização dos seres. Como foi dito anteriormente, o átomo inicia a sequência de
componentes que irão se formar os seres, porém seu conjunto irá formar
estruturas denominadas moléculas ou compostos químicos que não são
diferenciáveis em seres bióticos ou abióticos, porém a partir daí temos o
protoplasma, formando a célula. D aí os
tecidos, que constituem os órgãos que se Protoplasma: matéria viva
agrupam em sistemas que formam os
organismos, que por sua vez são agrupados
em espécies e assim por diante. Podemos organizar os termos ecológicos, a partir
de espécies, nos seguintes níveis:

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Biologia Aplicada

Espécie (do lat. espécie “tipo”, “ modelo”)- é o conjunto de populações


formadas por indivíduos semelhantes entre si (estruturalmente, funcionalmente e
bioquimicamente) capazes de se entrecruzarem, reproduzindo, naturalmente,
descendentes férteis. Ex.: Homo sapiens.

Organismo (do gr. Organon, “instrumento”, “parte de um corpo vivo, que


executa uma função especial; + suf. -ismo, “natureza de”) é designação que se
dá a qualquer ser vivo, micro-organismo, ou mesmo organismo inferior. Consiste
na unidade fundamental no estudo da ecologia. Com exceção dos protistas e
bactérias, que são organismos unicelulares, não encontramos unidade menor de
seres que, ao longo de suas vidas, exercem relações de troca ou obtenção de
energia com os meios externos, propiciando assim , modificações com o meio
externo ou consigo mesmo, além de fornecerem ao meio substâncias (fezes,
excretas), que de alguma forma desencadeiam relações de utilidade com outros
seres, contribuindo com o ciclo da vida.

População (do lat. Populatione) - é o conjunto de organismos de mesma


espécie que vivem numa mesma área e num determinado período, mantendo ou
não isolamento em relação a outros grupos semelhantes e habitantes de outros
locais. Ex.: população de ratos em um bueiro, em um determinado dia; população
de bactérias causando infecção de garganta por 10 dias; 100 mil pessoas vivendo
em uma metrópole no ano de 1996, etc. As trocas exercidas entre essas populações
são regidas e controladas com o objetivo maior que é a sobrevivência, seguida da
perpetuação da espécie.

Comunidade ou biocenose (do lat. Commnitats, “estado de vida em


comum”) é compreendida como o conjunto de populações de diversas espécies
que habita numa mesma área ou região num determinado período. Ex.: seres de
uma floresta, de um rio, de um lago, de um brejo, dos campos, dos oceanos, etc.
Essas populações interagem de forma contundente e dinâmica entre si dentro
dessa comunidade, como por exemplo, uma comunidade de gaviões interage
diretamente com uma comunidade de cobras ou mesmo com outra de pássaros
menores, ou ainda assim, com coelhos ou lebres que, por sua vez, interagem com
as cobras e assim por diante.

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Biologia Aplicada

Ecossistema (do gr. Oikos, “casa”, “ambiente”; + elemento composto;


sistema, também conhecido como sistema ecológico, é compreendido como o
conjunto formado pelo meio ambiente físico, ou seja, o biótopo, também chamado
biócoro (formado por fatores abióticos - sem vida - como: solo, água, ar), mais a
comunidade (formada por componentes bióticos - seres vivos) que com o meio se
relaciona). O ecossistema se caracteriza de forma complexa e abrangente, ora
incluindo milhares de organismos diferentes interagindo em estruturas abióticas
complexas, ora em uma gota d’água, sem, contudo, deixar de apresentar uma
enorme complexidade. Podemos observar diferentes tipos de ambientes como:
florestas, campos, estuários, que exercem pouca interação entre si, no entanto,
internamente esses ecossistemas, realizam profundas trocas de energia e matéria.

Segundo a sua situação geográfica, os principais ecossistemas são classificados


em terrestres e aquáticos. Em qualquer dos casos, são quatro os seus constituintes
básicos: substâncias abióticas (compostos básicos do meio ambiente); produtores
(seres autotróficos, na maior parte dos casos plantas verdes, capazes de fabricar a
sua própria substância a partir de substâncias inorgânicas simples); consumidores
(organismos heterotróficos, quase sempre animais que se alimentam de outros
seres ou de partículas de matéria orgânica); decompositores (seres heterotróficos,
na sua maioria bactérias e fungos que, decompondo as complexas substâncias dos
organismos mortos, ingerem partes destes materiais libertando, em contrapartida,
substâncias simples que, lançadas no ambiente, podem ser assimiladas pelos
produtores).

Há grande diversidade de ecossistemas:

 Ecossistemas naturais - bosques, florestas, desertos, prados, rios, oceanos,


etc.

 Ecossistemas artificiais - construídos pelo Homem: açudes, aquários,


plantações, etc.

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Biologia Aplicada

Ao observarmos uma paisagem, de qualquer ponto, percebemos a existência


de descontinuidades como, margens do rio, limites do bosque, bordos dos
campos, etc. que utilizamos frequentemente para delimitar vários ecossistemas
mais ou menos definidos pelos aspectos particulares da flora que aí se
desenvolve. No entanto, na passagem, por exemplo, de uma floresta para uma
pradaria, as árvores não desaparecem bruscamente; há quase sempre uma zona de
transição, aonde as árvores vão sendo cada vez menos abundantes. Sendo assim, é
possível, por falta de limites bem definidos e fronteiras intransponíveis,
denominarmos como ecótono, a região de transição entre duas comunidades ou
entre dois ecossistemas. Na área de transição vamos encontrar grande número de
espécies e, por conseguinte, grande número de nichos ecológicos.

Por fim, temos a biosfera que se define como o conjunto de todos os


ecossistemas presentes no planeta. A biosfera divide-se em três partes distintas,
mas que se interpõem da seguinte maneira: atmosfera ou ar, litosfera ou crosta e
hidrosfera ou água, ambas caracterizando ambientes distintos que se inter-
relacionam com cada ser vivo, ligando as partes distantes do planeta através da
energia que se propaga no ambiente nos seres vivos e nos seres não vivos,
utilizando como veículo propagador a água, os nutrientes, as correntes, ou até
mesmo alguns organismos. Vem daí o termo “agente dispersor”, erroneamente
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Biologia Aplicada

confundido com polinização. O agente


dispersor transporta sementes em sua boca e
Polinização. (Do lat. Pollen, pó, farinha fina;
nas suas fezes, atuando assim, de forma + suf. -izar, “ação factiva”, e ação).
variada, de acordo com o interesse da Transporte dos grãos de pólen desde a
natureza, sempre ao acaso, ou transportados antera até o estigma (estrutura própria do

também por seres não vivos, como vento, gineceu) da mesma ou de outra flor. A
polinização só é eficiente quando o pólen é
água das chuvas, rios ou mares.
conduzido de uma flor para outra,
A biosfera é dividida em biociclos. Estes carregado nas patas de um inseto.

são ambientes menores dentro da biosfera. Há


três biociclos: Talassociclo - biociclo marinho.
Epinociclo - biociclo terrestre. Limnociclo - biociclo da água doce.

Costuma-se dividir os biociclos em biócoros, como por exemplo, o biociclo


terrestre se divide em quatro biócoros: floresta, savana, campo e deserto. Por sua
vez, os biócoros são divididos em zonas diferentes denominadas Biomas (do gr.
Bios, vida; omã, massa, proliferação) denominação dada a cada uma das grandes
comunidades clímax da Terra, aos grandes grupamentos faunísticos e florísticos do
globo. Se tomarmos como exemplo o bioma florestal teremos diferentes tipos de
floresta: F. Tropical, F. Temperada, F. de Conífera etc. Cada tipo desses
representantes é um bioma.

Observe na figura abaixo como se distribui os seres de acordo com seus níveis
e definições ecológicas.

Na figura anterior, observamos os organismos e as regiões, isso nos faz


lembrar de outro termo, o Habitat, que significa o local ou a área onde esse
organismo seguramente pode ser encontrado, isto é, sua residência. É fisicamente
impossível você encontrar um leão no meio do oceano, calmamente repousando,
ele só estará naquele local se ocorrer um fenômeno atípico, ou seja, o barco que o
transportava, naufragou, com isso podemos identificar o organismo de acordo com
o local que ele frequenta.
24
Biologia Aplicada

Neste habitat, podemos observar que cada organismo desempenha uma


função específica, isto é, possui um nicho ecológico, que compreende a posição
biológica ou funcional que uma espécie ocupa num determinado meio, ou seja, é o
conjunto de atividades ecológicas que uma espécie desempenha no ecossistema.
O nicho informa às custas de que o organismo se alimenta, a quem serve de
alimento, como se reproduz e as formas que ele utiliza para realizar tudo isso.

Importante :

Em alguns casos confundem-se os dois termos citados anteriormente, porém são


definições diferentes e específicas, ou seja, o habitat é onde você encontra o
organismo e o nicho ecológico é onde ele desempenha uma função, uma espécie
de profissão a desempenhar.

Encontramos termos utilizados no campo da ecologia que são considerados


básicos, porém não menos importantes e que no decorrer do aprendizado, serão
amplamente citados. Vejamos alguns deles:

Biótipo (do gr. Bios, “vida”; typo, “modelo”, “molde’). Grupo de indivíduos que
apresentam o mesmo quadro geral de caracteres e que representam o padrão
geral da espécie ou de uma raça; aspecto do indivíduo segundo sua complexão
física ou seu temperamento, também conhecido como biótipo.

Entende-se por biota (do gr. Bios, ‘vida’; ota, ‘diminutivo de”) o nome dado aos
seres integrantes da fauna e da flora de uma determinada região. O termo tem
referência específica dentro do complexo biológico local. Ele faz menção às
espécies. Devemos distinguir de outro termo, bionte (do gr. Bios, ‘vida’; onthos,
“ser” ) que caracteriza qualquer ser vivo, superior ou inferior; qualquer integrante
de uma população ou de uma comunidade, ou seja, termo que faz referência ao
indivíduo.

A nutrição é essencial para a continuidade e manutenção da vida dos


organismos, em ecologia os seres são classificados de acordo com seus hábitos
alimentares apresentando assim as definições que seguem abaixo.

25
Biologia Aplicada

Produtores (do lat. productore, ‘o que produz’, no sentido de quem produz


“em primeira mão” a matéria orgânica usada como nutriente) são organismos
denominados autótrofos, ou seja, capazes de produzir seu próprio alimento,
através de ação fotossintetizante ou quimiossintetizante.

Consumidores (do lat. consumere, ‘consumir’, ‘gastar’; + suf. -or, ‘acostumado’)


diz-se dos organismos heterótrofos que por incapacidade de produção autótrofa
de sua própria matéria, consomem a dos organismos fotossintetizantes, ditos
produtores, ou mesmo de outros seres iguais a eles, ditos heterótrofos. São
designados basicamente pelos nomes de herbívoros, carnívoros e onívoros,
apesar de existirem outros tipos.

Decompositores (do lat. de, pref. indica ‘retirar’, ‘desfazer’; composit(ionis),


composição; + suf. -or, ‘qualidade de’ ) são micro-organismos encontrados no solo
ou em ambientes aquáticos, que ocupam o último nível trófico de uma cadeia
alimentar, podendo também ser constituído de organismos mais complexos como
por exemplo, o urubu, o abutre, o caranguejo e o siri, dependendo do ambiente e
da ocasião.

Leitura Complementar :

RICKLEFS, R. E., A Economia da Natureza. 5. ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara


Koogan, 2003.

SOARES, J.L. Dicionário etimológico e circunstanciado de biologia. 1. ed.


São Paulo. Ed. Scipione, 1997.

Na próxima unidade iremos estudar como caminha a matéria e a energia ao


longo das ramificações existentes entre os seres vivos.

26
Biologia Aplicada

Exercícios - Unidade 1

1) O estudo das interações dos seres vivos entre si e com o meio ambiente é uma
definição que parte da Biologia. Qual termo define Biologia?

a) Zoologia.

b) Histologia.

c) Botânica.

d) Meio ambiente.

e) Ecologia.

2) Podemos encontrar indícios da prática da Ecologia a partir de qual período?

a) Na Inglaterra, através de Newton.

b) Nos Estados Unidos, através dos californianos.

c) Na Grécia antiga, através de Teofrasto.

d) Nos Estados Unidos, através dos Botânicos.

e) Em Roma, através de Darwin.

3) A Limnologia tem um foco de estudo dentro da Ecologia. Aponte, nas


alternativas abaixo, qual é esse foco.

a) vida nos oceanos.

b) morte nos oceanos.

c) morte em água corrente.

d) vida em água corrente.

e) vida em águas paradas.

27
Biologia Aplicada

4) As técnicas, métodos e definições, estudados por R. Lindeman, que


possibilitaram aos ecologistas, rastrear, rotular e medir o movimento de nutrientes
e energias específicas distribuídas pelas cadeias e teias alimentares dos
ecossistemas contribuíram para a melhor compreensão do(a):

a) fluxo de energia.

b) surgimento da energia.

c) desaparecimento da energia.

d) contaminação da energia.

e) nascimento da energia.

5) Qual foi a parte da ecologia que contribuiu com dois conceitos importantes?

a) Ecologia vegetal.

b) Autoecologia.

c) Ecologia animal.

d) Ecologia aplicada.

e) Ecologia comportamental.

6 - O que vem a definir biocenose?

a) É o conjunto formado pelas vários nichos que vivem e se inter-relacionam em


uma região.

b) É o conjunto formado pela biosfera e sua inter-relação em uma região.

c) É o conjunto formado pelos vários biomas e sua inter-relação em uma região.

d) É o conjunto formado pelas várias populações que vivem e se inter-relacionam


em uma região.

e) É o conjunto formado pelas várias populações que não vivem e se inter-


relacionam em um continente.

28
Biologia Aplicada

7 - Em ecologia, chama-se bioma uma comunidade biológica, ou seja, fauna e flora


e suas interações entre si e com o ambiente físico: solo, água e ar.
Sendo assim, o que vem a ser área biótica?

a) Biosfera de um nicho ecológico.

b) Biosfera de um bioma.

c) área geográfica ocupada por um bioma.

d) área geográfica ocupada de um ecossistema.

e) área linear não ocupada pelos seres abióticos.

8 - O que vem a ser ecótono?

a) É a região de transição entre duas comunidades ou entre dois ecossistemas.

b) É a região de transição entre duas comunidades e três ecossistemas.

c) É a região de transição entre três comunidades ou entre dois ecossistemas.

d) É a região de separação entre duas comunidades ou entre dois ecossistemas.

e) É a região de transição entre dois ecossistemas.

9- Defina o termo polinização.

10- A biosfera também é dividida em biociclos. Cite os nomes destes biociclos, bem
como suas características.

29
Biologia Aplicada

30
Biologia Aplicada

2 Ecologia Básica

O Ambiente Físico e o Ambiente Biológico.

A Temperatura influenciando o Comportamento e as Características


dos Animais.

A Importância da Água.

A Cadeia Alimentar.

O Fluxo de Energia.

31
Biologia Aplicada

A abordagem nesta unidade deverá propiciar a compreensão necessária para


entender como se caminha a matéria e a energia ao longo das ramificações
existentes entre os seres vivos, teremos a oportunidade de conhecer com detalhes
como o ambiente procede em relação às trocas realizadas com os seres vivos.

Objetivos da Unidade :

Identificar e compreender as funções dos organismos em face de seus habitats


e nichos ecológicos.

Plano da Unidade:

 O Ambiente Físico e o Ambiente Biológico.

 A Temperatura influenciando o Comportamento e as Características dos


Animais.

 A Importância da Água.

 A Cadeia Alimentar.

 O Fluxo de Energia.

Bem-vindo à segunda unidade.

32
Biologia Aplicada

O Ambiente Físico e o Ambiente Biológico

Apesar de termos devidamente separados e identificados o ambiente físico e o


biológico, devemos nesse momento retratá-los individualmente, destacando
assim, suas principais características e particularidades. Destacamos os elementos
componentes do ambiente físico e químico que agem sobre quase todos os
aspectos da vida dos diferentes organismos, constituindo os fatores abióticos,
também chamados componentes abióticos. Estes influenciam o crescimento,
atividade e as características que os seres apresentam, assim como a sua
distribuição por diferentes locais. Estes fatores variam de valor de local para local,
determinando uma grande diversidade de
ambientes. Os diferentes fatores abióticos
podem agrupar-se em dois tipos principais - os Edáfico. (Do gr. Édaphos, “solo”). Relativo à
fatores climáticos, como a luz, a temperatura e constituição físico-química do solo;
a umidade, que caracterizam o clima de uma referente à Edafologia, ou seja, ciência que
região - e os fatores edáficos, dos quais se trata da composição do solo.
destacam a composição química e a estrutura
do solo.

A luz é uma manifestação de energia, cuja principal fonte é o Sol. É


indispensável ao desenvolvimento dos organismos, principalmente das plantas. De
fato, os vegetais produzem a matéria de que o seu organismo é formado através de
um processo denominado fotossíntese, realizado a partir da captação da energia
luminosa, originada do sol, possibilitando a sustentabilidade de suas estruturas.
Como foi dito anteriormente, todos os animais necessitam de luz para sobreviver, a
exceção se dá entre os seres que habitam nas profundezas dos oceanos (seres
abissais) ou seres que habitam em ambientes fechados (cavernas, túneis, etc.) estes
últimos desenvolvem mecanismos de adaptação e os anteriores praticam o
processo quimiossintetizante.
Certos animais como, por exemplo, as
borboletas necessitam de elevada
Fototactismo. (Do gr. Photos, “luz”; lat.
intensidade luminosa e são atraídas por ela,
tactu, “sensibilidade ao toque”; + suf.
por isso, são designadas por espécies lucípetas
–ismo). Deslocamento orientado de um
(Gr.lux,luci, “luz”; petere, “procura”) sinônimo
organismo em função ou por influência da
de fototactismo, ou ainda fototaxismo. Por
luz.
oposição, seres como o caracol e a minhoca
não necessitam de muita luz, evitando-a, pelo
que são denominadas espécies lucífugas (Gr.lux,luci, “luz”; fugere, “fugir”) o mesmo
que fotófobo, ou ainda troglóbios. A luz influencia o comportamento e a
distribuição dos seres vivos e, também, as suas características morfológicas.

33
Biologia Aplicada

Tal como os animais, as plantas também se orientam em relação à luz, ou seja,


apresentam fototropismo. Os animais e as
plantas apresentam fotoperiodismo, isto é,
Fototropismo. (Do gr. Photos, ‘luz’; tropein,
capacidade de reagir à duração da ‘desvio’, ‘mudança de direção’, + suf. -ismo,
luminosidade diária a que estão submetidos - ‘característica de’ ). Desenvolvimento
fotoperíodo. Muitas plantas com flor reagem orientado das plantas em função da
de diferentes modos ao fotoperíodo, tendo, intensidade e da direção da luz que sobre
elas incide.
por isso, diferentes épocas de floração.
Também os animais reagem de diversos
modos ao fotoperíodo, pelo que apresentam o seu período de atividade em
diferentes momentos do dia.

A Temperatura, os Comportamentos e as Características


dos Animais

Alguns animais, nas épocas do ano em que as temperaturas se afastam do


valor ótimo para o desenvolvimento das suas atividades, adquirem
comportamentos que lhes permitem sobreviver: animais que não têm facilidade
em realizar grandes deslocações como, por exemplo, lagartixas, reduzem as suas
atividades vitais para valores mínimos, ficando num estado de vida latente; animais
que podem se deslocar com facilidade como, por exemplo, as andorinhas, migram,
ou seja, partem em determinada época do ano para outras regiões com
temperaturas favoráveis.

Ao longo do ano, certas plantas sofrem alterações no seu aspecto, provocados


pelas variações de temperatura. Os animais também apresentam características
próprias de adaptação aos diferentes valores de temperatura. Por exemplo, os que
vivem em regiões muito frias apresentam, geralmente, pelagem longa e uma
camada de gordura sob a pele.

Cada espécie só consegue sobreviver entre certos limites de temperatura, o


que confere a este fator uma grande importância. Cada ser sobrevive entre certos
limites de temperatura - amplitude térmica de existência -, não existindo acima de
um determinado valor - temperatura máxima - nem abaixo de outro - temperatura
mínima. Cada espécie possui uma temperatura ótima para a realização das suas
atividades vitais. Alguns seres têm grande amplitude térmica de existência – seres
euritérmicos -enquanto outros só sobrevivem entre limites estreitos de
temperatura - seres estenotérmicos.
34
Biologia Aplicada

A Importância da Água

A água é um componente indispensável à vida de todos os organismos.


Silveira (2004, p.19) declara que: “A água, sem dúvida, é o mais poderoso dos
elementos da natureza, ainda mais com toda essa dificuldade que estamos
passando neste momento”.

Tundisi (2004) afirma que desde os primórdios da vida no planeta Terra e da


história da espécie humana, o Homo sapiens, a água sempre foi essencial. Qualquer
forma de vida depende da água para sua sobrevivência e/ou para seu
desenvolvimento.

O homem tem a sua práxis, ou seja, o seu pensar e agir, condicionados por
fatores externos, religiosos, sociais, políticos, econômicos e ambientais, sofrendo e
exercendo influências e interferências sobre eles.

É responsável pelo aumento da demanda de recursos naturais e pela geração


de resíduos lançados ao meio ambiente. Disso decorre a crise ambiental, um dos
grandes desafios da sociedade contemporânea. É fundamental desenvolver e
implantar mecanismos de controle e prevenção dos recursos naturais,
principalmente aqueles em que a ação do homem se faz de maneira inadequada,
degradando água, solo e ar. Assis (2001, p.2, 3) cita em Águas e Vida na Terra o
seguinte: “A importância da água para os seres vivos reside no fato de todas as
substâncias por eles absorvidas e todas as reações do seu metabolismo serem
feitas por vias aquosas”.

Apesar de todos saberem da condição essencial da presença de água para


continuidade da vida, muitos seres humanos não conseguem associar essa
importância com o fator preservação. É neste caso que se pode utilizar a educação
ambiental com os alunos, objetivando um maior esclarecimento da importância da
preservação dos recursos hídricos (na forma de água tratada) minimizando assim
seu desperdício.

Segundo Tundisi (2003), o suprimento de água doce de boa qualidade é


essencial para o desenvolvimento econômico, para qualidade de vida das
populações humanas e para a sustentabilidade dos ciclos do planeta. No Brasil,
encontramos cerca de 12% de toda água doce de superfície na região Amazônica,
35
Biologia Aplicada

denotando uma grande importância em relação à questão hídrica. Aliás, já se


manifesta uma grande preocupação de que a falta de água seja o grande motivo
para guerras no próximo século e a utilização de lençóis subterrâneos pode se
converter (apesar da poluição dos lençóis freáticos) numa alternativa satisfatória
para a população.

Segundo Assis (2002), a poluição e a contaminação das águas, também são


outros graves problemas dos rios brasileiros. Todos os 10 mil cursos d’água, entre
rios e córregos, encontram-se de alguma forma poluídos. Estima-se que estejam
contaminados; tal informação promove um grau de importância maior no que diz
respeito à preservação da água no ambiente urbano, sobretudo, escolar, pois toda
água aproveitada, tratada ou não, propicia um tempo maior para os ecossistemas
lóticos se recuperarem.

A Cadeia Alimentar

Uma sequência de seres vivos em que um serve de alimento para o outro é


denominada cadeia alimentar. Em um ecossistema, as cadeias alimentares se
interligam, formando redes alimentares, também chamadas de teias alimentares.
Na teia alimentar é reapresentado o máximo de relações tróficas existentes entre
os diversos seres vivos do ecossistema. Nela se observa que um mesmo animal
pode pertencer a níveis tróficos diferentes. É o caso dos organismos onívoros, que
se nutrem de vegetais e animais, e dos carnívoros que atacam as mais variadas
presas. Todos os organismos de um ecossistema que possuem o mesmo tipo de
nutrição formam um nível trófico. O primeiro nível trófico é ocupado pelos
produtores, seres autótrofos os quais produzem o alimento que é a base de
qualquer cadeia alimentar. A energia transformada através da fotossíntese é
repassada a todos os outros componentes da cadeia alimentar. Os principais
produtores são as plantas e algas microscópicas. O total de energia luminosa
captada pelos autótrofos constitui a chamada produtividade primária bruta (PPB).
Uma parte desta energia será usada para cobrir as necessidades básicas de
sobrevivência (R). O montante que sobra será a produtividade primária líquida
(PPL). Temos, assim, que: PPL = PPB - R. O segundo nível trófico é ocupado por
animais herbívoros, que são consumidores primários, se alimentando dos
autótrofos.

36
Biologia Aplicada

O terceiro nível trófico é ocupado por animais carnívoros, que são


consumidores secundários, se alimentando de animais herbívoros. O quarto nível
trófico é ocupado por animais carnívoros, que são consumidores terciários, se
alimentando de animais carnívoros e assim por diante. Um organismo pode
ocupar mais de um nível trófico, como os animais onívoros, que se alimentam de
plantas, de herbívoros e de carnívoros, podendo participar de várias cadeias.

Os decompositores são organismos que transformam matéria orgânica em


inorgânica, fazendo com que estes compostos retornem ao solo para serem
utilizados pelos produtores, gerando uma nova cadeia alimentar. Os
decompositores mais importantes são bactérias e fungos, que por se alimentarem
de matéria em decomposição são chamados de saprófitos ou sapróvoros. Todos os
seres vivos necessitam de matéria-prima e de energia para a realização de suas
atividades vitais.

Os organismos produtores sintetizam seu próprio alimento orgânico a partir


de matéria inorgânica e esse alimento é utilizado por eles e pelos consumidores
que não são capazes de executar esta função. Dentro de um ecossistema existem
níveis tróficos (de tomada de alimento). Todos os ecossistemas possuem pelo
menos dois níveis tróficos: os autótrofos, que são plantas ou algas
fotossintetizantes e os herbívoros, que geralmente são animais. Os autótrofos,
produtores primários do ecossistema, convertem uma pequena proporção (acima
de 1 por cento) da energia do sol recebida em energia química. Os herbívoros, que
comem os autótrofos, são os consumidores primários. Um carnívoro que come um
herbívoro é um consumidor secundário e assim por diante. Cerca de 10 por cento
da energia transferida a cada nível trófico são armazenados nos tecidos corporais.
Raramente há mais do que cinco elos em uma cadeia alimentar.

O Fluxo de Energia

Os principais produtores são os organismos fotossintetizantes. A energia


luminosa do sol é transformada em energia química pelos produtores e é
transmitida aos demais seres vivos, no entanto, diminui à medida que passa de um
consumidor para outro, pois parte dela é liberada sob forma de calor e parte é

37
Biologia Aplicada

utilizada na realização dos processos vitais do organismo. Por isso, o fluxo de


energia é unidirecional, iniciando sempre com a luz do sol incidindo sobre os
produtores e diminuindo a cada nível alimentar dos consumidores.

A representação gráfica da transferência de energia e de matéria adquire


forma de pirâmide, pois há uma redução através dos níveis tróficos. As pirâmides
ecológicas podem ser de número, de biomassa ou de energia. Nelas cada nível
trófico é representado por um retângulo, cujo comprimento é proporcional à
quantidade da representação e a altura é sempre a mesma. A pirâmide de números
representa o número de indivíduos em cada nível trófico. A pirâmide de biomassa
representa a quantidade de matéria orgânica por unidade de área em dado
momento.

A pirâmide de energia é construída levando-se em consideração a biomassa


acumulada por unidade de área e por unidade de tempo em cada nível trófico,
representando graficamente as taxas de fluxo energético entre vários níveis
tróficos. Um aspecto importante para entendermos a transferência de energia
dentro de um ecossistema é a compreensão da primeira lei fundamental da
termodinâmica que diz: “A energia não pode ser criada nem destruída e sim
transformada”.

Outro aspecto importante é o fato de que a quantidade de energia disponível


diminui à medida que é transferida de um nível trófico para outro. A explicação
para este decréscimo energético de um nível trófico para outro, é o fato de cada
organismo necessitar de grande parte da energia absorvida para a manutenção das
suas atividades vitais tais como: divisão celular, movimento, reprodução, etc.

O esquema a seguir mostra as proporções em biomassa de um nível trófico


para outro. Podemos notar que à medida que se passa de um nível trófico para o
seguinte, diminui o número de organismos e aumenta o tamanho de cada um
(biomassa), apesar de não se tratar de uma regra, pois encontramos organismos de
grande porte ocupando o segundo nível trófico de uma cadeia ou teia. Porém a
falta de coerência, associada ao descaso e ignorância humana, com a utilização de
pastos e engorda de suínos, caprinos e bovinos de forma intensiva altera o
ambiente e a drástica alteração na quantidade de indivíduos de um nível trófico
pode influenciar em outro, causando escassez ou extinção de algumas espécies. O
equilíbrio do ecossistema depende da realização de cada etapa da cadeia
alimentar. E o fluxo pode ser observado nas pirâmides ecológicas denominadas de
energia, de biomassa e de números, que seguem apresentadas abaixo.
38
Biologia Aplicada

Pirâmide de Energia
A pirâmide de energia expressa à quantidade de energia acumulada em cada
nível da cadeia alimentar.

O fluxo decrescente de energia da cadeia alimentar justifica o fato de a


pirâmide apresentar o vértice voltado para cima. O comprimento do retângulo
(tamanho das palavras) indica o conteúdo energético presente em cada elo da
cadeia. Estima-se que cada nível trófico transfira apenas 10% da capacidade
energética para o nível trófico seguinte, por isso uma pirâmide dificilmente
apresentará mais que cinco níveis tróficos. Assim, podemos presumir o seguinte: se
em uma área de plantio que durante o ano alimenta 100 pessoas for utilizada para
engorda do gado, o número de gado será tão pequeno que não alimentará mais
que cinco pessoas durante o ano.

Vemos, então, que a quantidade de energia que se perdeu de um nível trófico


para outro foi muito grande. Concluímos, assim, que os consumidores primários
estão muito mais servidos energeticamente que os demais níveis tróficos da
pirâmide energética.

Pirâmide de Biomassa
Este tipo de gráfico expressa a quantidade de matéria orgânica acumulada em
cada nível trófico da cadeia alimentar.

39
Biologia Aplicada

Sabemos que apenas uma pequena quantidade de biomassa adquirida é


utilizada na formação de matéria viva. A maior parte dessa biomassa é utilizada
como fonte de energia e depois eliminada para o meio ambiente na forma de
resíduos respiratórios (CO2 e H2O) e excreções (como urina e fezes). Como no caso
anterior (pirâmide de energia), apenas 10% dessa matéria é transferida para o nível
trófico seguinte.

Pirâmide de Números
A pirâmide de número expressa à quantidade de indivíduos presente em cada
nível trófico da cadeia alimentar.

40
Biologia Aplicada

Como o número de indivíduos diminui ao longo dos sucessivos elos de uma


cadeia alimentar, a pirâmide de número é representada com o vértice voltado para
cima. Entretanto, existem inúmeros exemplos que contrariam esse fato.

Leitura Complementar :

RICKLEFS, R. E., A Economia da Natureza. 5. ed. Rio de Janeiro: Ed.Guanabara


Koogan, 2003.

LÉVÊQUE, C. A biodiversidade. 1. ed. Bauru, SP: EDUSP, 1999.

Na unidade seguinte, você poderá aplicar os conceitos aprendidos até agora,


além de poder entender alguns processos de utilização em grupo pelos seres vivos
e aprender a dinâmica de populações dos organismos.

É HORA DE SE AVALIAR!

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo


a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-
aprendizagem.

41
Biologia Aplicada

Exercícios - Unidade 2

1- Todos os organismos requerem energia para se manterem vivos, para crescerem,


para se reproduzirem e, no caso de muitas espécies, para se movimentarem. Sendo
assim, qual das alternativas abaixo está correta?

a) Os produtores usam a energia luminosa para sintetizar moléculas orgânicas


pobres em energia química, a partir das quais produzem energia biológica (ATP). E
os consumidores não usam a energia química que está acumulada nas substâncias
orgânicas que utilizam na alimentação.

b) Os produtores usam a energia luminosa para sintetizar moléculas orgânicas ricas


em energia química, a partir das quais produzem energia biológica (ATP). E os
consumidores usam a energia química que está acumulada nas substâncias
orgânicas que utilizam na alimentação.

c) Os produtores e os consumidores usam a energia luminosa para sintetizar


moléculas orgânicas ricas em energia química, a partir das quais produzem energia
biológica (ATP).

d) Os consumidores usam a energia luminosa para sintetizar moléculas orgânicas


ricas em energia química, a partir das quais produzem energia biológica (ATP). E os
produtores usam a energia química que está acumulada nas substâncias orgânicas
que utilizam na alimentação.

e) Os produtores usam a energia química que está acumulada nas substâncias


orgânicas que utilizam na alimentação.

42
Biologia Aplicada

2) Das alternativas abaixo, a única que permite um estudo completo de um


ecossistema é:

a) examinar as condições físicas e químicas do ambiente.

b) estudar as relações entre as populações nele existentes.

c) relacionar o meio abiótico à comunidade de organismos.

d) estabelecer a densidade das populações nele existentes.

e) examinar as populações do ambiente.

3) Qual dos termos abaixo engloba os fatores físicos e os fatores biológicos que
operam em determinada área?

a) Ecossistema.

b) Comunidade.

c) Nicho ecológico.

d) População.

e) Habitat.

4) No mar aberto, o papel correspondente ao das gramíneas em um pasto é


desempenhado:

a) pelas algas unicelulares.

b) pelas algas pluricelulares.

c) pelos vegetais superiores marinhos.

d) pelo zooplâncton.

e) pelos zooflagelos.

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Biologia Aplicada

5) A capivara, o maior roedor, embora perseguida pelos agricultores em virtude de


devastar plantações de milho e arroz, pelo que causa prejuízos enormes, é também
útil às populações ribeirinhas. À noite, esse animal pasta; durante o dia, fica
escondido junto às águas de rios e lagos, onde deposita seus excrementos, que
contribuem para a proliferação de algas. Estas, por sua vez, servirão de alimento a
peixes, os quais, ricos em proteínas, são o prato básico das populações ribeirinhas.
Indique, nesta cadeia alimentar, os produtores.

a) Capivaras.

b) Algas.

c) Peixes.

d) Algas e peixes.

e) Capivaras e peixes.

6) Se classificarmos os consumidores de qualquer teia alimentar, segundo a ordem


que ocupam, aqueles que sempre ocuparão a ordem mais elevada serão:

a) os decompositores.

b) os comensais.

c) os mamíferos carnívoros.

d) as aves de rapina.

e) os herbívoros.

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Biologia Aplicada

7) O que melhor descreve as inter-relações, que fazem com que diferentes


populações animais de uma floresta constituam uma comunidade é:

a) a teia alimentar.

b) a cadeia alimentar.

c) a pirâmide de energia.

d) o ciclo da matéria.

e) o ciclo da água.

8) Assinale a alternativa correta em relação ao seguinte: num Ecossistema


completo de água doce observa-se a interdependência entre os membros da
comunidade, diretamente, do seguinte modo:

a) os peixes carnívoros dependem do fitoplâncton.

b) os hospedeiros dependem de seus parasitos.

c) o zooplâncton depende do fitoplâncton.

d) as plantas clorofiladas dependem do zooplâncton.

e) o fitoplâncton depende do zooplânton.

9) Duas ilhas têm o mesmo potencial de produção agrícola. Numa das ilhas, uma
população humana tem hábito alimentar essencialmente vegetariano e, na outra,
há uma população de hábito alimentar essencialmente carnívoro. Ao considerar o
fluxo de energia e matéria num ecossistema, explique em que ilha a população
humana deverá ser maior.

45
Biologia Aplicada

10) Explique a importância ecológica entre algas e fungos no ecossistema.

46
Biologia Aplicada

3 Dinâmica das Populações

O Espaço Ocupado.

Variações da População dentro do Ecossistema.

Tabelas de Vida.

Curvas de Sobrevivência.

Regulação de Populações.

47
Biologia Aplicada

Nesta unidade teremos contato com o processo de regulação dos organismos


no meio ambiente, caracterizando o processo de dinâmica de populações. Com a
compreensão dos dados e conceitos, poderemos visualizar o procedimento de
sobrevivência, adaptação, preservação desenvolvida pelos organismos de forma
sociável e natural.

Objetivos da Unidade:

Identificar e compreender as funções dos organismos em face de seus


costumes populacionais, bem como a dinâmica de suas populações nos habitats,
nichos ecológicos e nos ecossistemas;

Compreender a relação entre seres vivos, o homem e o ambiente.

Plano da Unidade :

 O Espaço Ocupado.

 Variações da População dentro do Ecossistema.

 Tabelas de Vida.

 Curvas de Sobrevivência.

 Regulação de Populações.

Bem-vindo à terceira unidade.

48
Biologia Aplicada

O Espaço Ocupado

A população de um ecossistema pode crescer infinitamente em teoria, mas


existe uma curva real de crescimento de uma população que é determinada pelo
aumento dos indivíduos, modificada pela chamada resistência do ambiente. Esta
resistência é composta por todos os fatores abióticos que podem influenciar no
crescimento da população. O gráfico abaixo representa a curva normal de
crescimento de uma população. A linha mais espessa representa o crescimento
potencial e a linha sinuosa, o equilíbrio atingido pela população que é chamado
equilíbrio dinâmico. Este equilíbrio tem flutuações. Este número de indivíduos,
relativamente constante, será o número máximo ou a capacidade limite deste
ambiente em relação a essa população.

Variações da População dentro do Ecossistema

O número de indivíduos de um ecossistema pode variar, modificando o


tamanho das populações que o compõe. Os principais fatores que promovem
modificações em uma população são:

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Biologia Aplicada

 emigração.

 imigração.

 natalidade.

 mortalidade.

Esses fatores podem modificar a chamada densidade populacional que pode


ser descrita pela fórmula: densidade é a razão entre o número de indivíduos e a
área ou volume por eles ocupados.

O tamanho de qualquer população é determinado pelas taxas de natalidade e


de mortalidade. A taxa de natalidade teórica de uma população é medida
observando-se o número de nascimentos ocorridos em um determinado período
dividido pelo número total da população na metade deste mesmo período. A
evolução da população, ou seja, seu potencial reprodutivo é exponencial (isto é, 2,
4, 8, 16, 32); quanto maior for o número de indivíduos de uma população mais
rapidamente ela crescerá. A taxa de crescimento de uma população que se
expande pode geralmente ser tabulada por uma curva sigmóide, que começa
lentamente, aumenta de modo exponencial durante um certo tempo e depois se
nivela, à medida que a população atinge os limites de algum recurso disponível
como: alimento, espaço ou, no caso de organismos aquáticos, oxigênio.

Na maioria das comunidades, a taxa de mortalidade de uma espécie é


observada pelo número de mortes ocorridas em um determinado período dividido
pelo número total da população na metade deste mesmo período, sendo
aproximadamente igual à taxa de natalidade e a população permanece
relativamente estável de uma geração para a seguinte.

Fatores bióticos e abióticos desempenham um papel na regulação natural da


abundância dos organismos. Esses fatores podem ser independentes de densidade
(temperatura ou duração do dia) ou dependentes de densidade (fonte de alimento
ou predação). A densidade é obtida através da razão entre o número de indivíduos
e a área ou volume (no caso de ambientes aquáticos) por eles ocupados.

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Biologia Aplicada

Os tipos e a abundância dos organismos em uma comunidade dependem não


somente dos fatores abióticos, como os descritos na unidade anterior, mas
também de fatores bióticos, ou seja, das interações entre as várias populações. A
estes fatores dá-se o nome de resistência ambiental definida basicamente como
um conjunto de fatores, abióticos ou bióticos, que desempenham um papel
regulador no desenvolvimento populacional. Pode reduzir ou aumentar o tamanho
da população, dependendo das condições do ambiente. Em algumas literaturas, a
resistência ambiental também é conhecida como resistência do meio.

O clima é uma resistência ambiental abiótica determinante no processo de


desenvolvimento populacional e influi diretamente no processo dinâmico de uma
população ou comunidade. Outro fator, não menos importante, é o espaço e a
disponibilidade de água.

Entre os tipos de resistência ambiental biótica está a competição, que pode


resultar na eliminação de uma espécie (caso das angiospermas do gênero Lemna)
ou sua conformidade a um quadro não competitivo (cracas e icterídeos). As plantas
competem às vezes uma com a outra, produzindo substâncias tóxicas que limitam
o crescimento de espécies próximas; esse fenômeno é chamado alelopatia. A
simbiose é a associação estreita entre organismos de espécies diferentes. A
associação pode ser benéfica a ambos os organismos (mutualismo), benéfica a um
e inócua ao outro (comensalismo), ou benéfica a um e prejudicial ao outro
(parasitismo). Em alguns casos de simbiose, como no dos liquens e das formigas
cultivadoras de fungos, as formas associadas não podem viver separadas.

A maioria das doenças nos organismos é causada por parasitas. A maior parte
dos parasitas não mata o hospedeiro e raramente extermina populações inteiras.

Os parasitas tendem a adaptar-se tão completamente aos seus hospedeiros


que passam a depender completamente desses.

Os níveis tróficos de um ecossistema estão ligados pela associação predador-


presa. Essa associação exerce papel regulador no tamanho das populações e
profundos efeitos evolutivos nas diversas espécies implicadas.

As plantas e os animais desenvolveram uma variedade de processos de defesa


contra a predação. Esses tipos de defesa incluem a "armadura" e outras formas de
proteção física, como as observadas nos cactos, tatus, tartarugas e numerosos
organismos além de armas químicas, tais como: venenos de plantas e secreções
aversivas de insetos. Muitos organismos se camuflam.
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Biologia Aplicada

Alguns insetos vieram a assemelhar-se a organismos de outra espécie, seja


para exibir um dispositivo protetor eficaz que tenham em comum com essa outra
espécie (mimetismo mülleriano), seja para "dar a impressão" de possuírem esse
dispositivo, embora, na verdade, não o possuam (mimetismo batesiano).

Todas essas associações contribuem para determinar o caráter da comunidade


e dos organismos que nela vivem.

Tabelas de Vida

Estas foram inicialmente desenvolvidas por profissionais da área censitária


humana, onde se reúnem dados por faixa de idades em relação a mortalidade dos
organismos. Encontramos basicamente dois tipos de tabelas de vida: a estática
vertical, que se refere à população em um tempo definido e a de corte ou
horizontal que se baseia nos indivíduos da população com a mesma idade. Elas se
diferenciam apenas na maneira como os dados são coletados, sendo então
montadas a partir de parâmetros como: intervalo de idade (x), número de
sobreviventes no início e no final da idade x (l x), número de indivíduos mortos no
intervalo x a (x+1) (dx), taxa de mortalidade durante o intervalo x a (x+1) (qx),
esperança média de vida no início da idade x (ex) , média de probabilidade de
sobrevivência entre duas idades sucessivas (Lx) e número total de dias que restam
de vida aos sobreviventes que tenham alcançado a idade x (Tx). É possível, a partir
de uma tabela de vida, calcular as taxas líquidas de crescimento de uma população,
observando os parâmetros necessários que possibilitem os cálculos.

Curvas de Sobrevivência

É a expressão gráfica de uma coluna dita lx de uma tabela de vida; pode ser
considerada também como probabilidade de sobrevivência, uma vez que
representa uma proporção de indivíduos vivos em uma determinada classe etária
(x). Podemos encontrar três tipos de curvas de sobrevivência: aquela que
determina mortes massivas ao longo da etapa final de vida, esta é a do tipo I; temos
a que delineia o número de mortes durante todas as fases do ciclo vital,
denominada tipo II e a que causa mortalidade, sobretudo, em indivíduos jovens,
esta é do tipo III.

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Biologia Aplicada

Regulação de Populações

Ocorre observando as oscilações de populações de acordo com o seu ciclo


vital, ou seja, como ocorrem essas flutuações ao longo dos anos. Seja como for,
pouco se sabe sobre as verdadeiras causas dessas flutuações, em virtude disso, este
se apresenta como um dos temas centrais no estudo da ecologia, visto que é um
fenômeno de ocorrência generalizada com causas pouco conhecidas. Atualmente,
temos três escolas de ecologia que buscam através de teorias explicar as causas da
flutuação dessas populações. São as seguintes: 1 – Escola de Andrewartha-birch; 2
– Escola de Nicholson-Bailey; 3 – Escola de Wynne Edwards. Em 1975, Price fez uma
síntese sobre essas teorias mais aceitas e classificou-as em dois fatores: exógenos
(predação, alimento, espaço) e endógenos (clima, regulação genética, mudanças
biológicas reprodutivas, competição e dispersão) .

Leitura Complementar :

PINTO-COELHO, R. M. Fundamentos em Ecologia. 1ª reimpressão. Porto Alegre:


Artmed Editora, 2002.

RICKLEFS, R. E., A Economia da Natureza. 5. ed. Rio de Janeiro: Ed.Guanabara


Koogan, 2003.

Na unidade seguinte, observaremos as características dos ecossistemas


terrestres, destacando as florestas e suas vantagens para os seres vivos que
habitam esses biomas. Até lá!

É HORA DE SE AVALIAR!

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo


a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-
aprendizagem.

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Biologia Aplicada

Exercícios - Unidade 3

1) O conjunto de indivíduos de uma mesma espécie, que ocupam uma


determinada área ao mesmo tempo, é considerado uma:

a) colônia.

b) sociedade.

c) imigração.

d) população.

e) comunidade.

2) Pesquisadores fizeram na última década uma estimativa relacionada ao


número de anos em que a quantidade de indivíduos dobraria em determinadas
populações de diversas regiões do mundo:

África..................................27 anos

América do Norte...............63 anos

América Latina....................24 anos

Ásia.....................................31 anos

Austrália..............................35 anos

Europa.................................88 anos

Analisando os dados acima, chegamos a variadas conclusões, exceto que:

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Biologia Aplicada

(a) na América Latina, o crescimento populacional deverá ser maior do que nas
outras regiões.

(b) a América do Norte e a Europa tenderão a ser as regiões mais populosas do


mundo.

(c) a Europa é a região que terá o menor crescimento populacional do mundo.

(d) nas regiões subdesenvolvidas, o crescimento populacional tenderá a ser maior


do que nas regiões desenvolvidas.

(e) nas regiões desenvolvidas, o crescimento populacional será pequeno.

3) Condições ambientais favoráveis podem simplesmente capacitar o aumento do


número de indivíduos em uma determinada população, essa capacidade pode ser
considerada como:

a) a sua taxa de crescimento.

b) sua densidade.

c) seu potencial biótico.

d) uma forma de competição intraespecífica.

e) uma forma de competição interespecífica.

4) Quais os fatores abaixo podem ser considerados reguladores de crescimento das


populações?

a) Espaço, alimento, competição e clima.

b) Espaço e competição.

c) Espaço e alimento.

d) Competição e clima.

e) Clima, espaço e competição.

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Biologia Aplicada

5) Em um lago, havia três espécies de peixes: A, que vivia na superfície,


alimentando-se de insetos e era a espécie dominante; B, que também vivia na
superfície, mas se alimentava de plâncton; C, que vivia nas profundidades. O
homem introduziu a espécie D e, depois de algum tempo, B passou a ser a espécie
dominante. Esses dados permitem supor que a espécie D:

a) tem taxa reprodutiva igual à das espécies nativas.

b) compete com B pelo alimento.

c) compete com A pelo alimento.

d) também vive nas profundidades do lago.

e) e a espécie C não são predadoras de outros peixes.

6) A razão entre o número de nascimentos em um determinado período e o


tamanho da população na metade deste período tem como definição:

a) emigração.

b) imigração.

c) taxas de natalidade.

d) taxas de mortalidade.

e) densidade.

7) Em uma população, I e II representam, respectivamente, taxas de mortalidade,


natalidade e III e IV, imigração e emigração. Para que ocorra crescimento nessa
população, é preciso que:

a) I + III + II = IV.

b) I > II + III.

c) I + IV > II + III.

d) I < II ou III < IV.

e) I – II > III – II.

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Biologia Aplicada

8) “Equilíbrio populacional” - este termo está ligado à natureza quando ocorre:

a) um dinamismo devido a constantes alterações no tamanho das populações.

b) equivalência entre os consumidores dos vários níveis ecológicos.

c) constância no número de indivíduos que constituem as populações.

d) igualdade entre o número de produtores e o de consumidores primários.

e) igualdade entre as taxas de natalidade e mortalidade.

9) Como ocorre a regulação de populações?

10) Explique o significado de potencial biótico.

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Biologia Aplicada

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Biologia Aplicada

4 Ecossistemas Terrestres

Biomas

Os principais biomas da Terra

A influência da vegetação na atmosfera

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Biologia Aplicada

Nesta unidade teremos contato com os ambientes terrestres e suas


particularidades, observaremos a porção da biosfera denominada litosfera com as
características físicas, geográficas e biológicas presentes nesses ambientes, como o
homem interage com os seres e qual a melhor maneira de entendê-los e
consequentemente preservá-los.

Objetivos da Unidade:

Reconhecer os ecossistemas terrestres e suas características, bem como


interferências antrópicas ou não apresentadas a esses ecossistemas, observando a
importância de sua preservação e manutenção.

Plano da Unidade:

 Biomas

 Os principais biomas da Terra

 A influência da vegetação na atmosfera

Bem-vindo à quinta unidade.

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Biologia Aplicada

Biomas

Biomas são as grandes formações vegetais encontradas nos diferentes


continentes e devidas, principalmente, aos fatores climáticos (temperatura e
umidade) relacionados à latitude. Veja na tabela abaixo as características gerais dos
principais biomas da Terra. As variações da vegetação encontradas dentro do
mesmo bioma devem-se, principalmente, ao solo, à topografia e à disponibilidade
de água e ação humana. Estas recebem o nome de biótopos.

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Biologia Aplicada

Características Físicas e Biológicas dos Principais Biomas

Precipitação e Temperatura Vegetação Solo Diversidade


Biomas
umidade

Tundra Umidade e chuvas Frio perpétuo; Herbáceas, liquens e Solo congelado na Baixíssima.
moderadas. verão muito curto. musgos. maior parte do ano.

Taiga (Florestas Umidade e chuvas Inverno muito frio Árvores perenifólias; Solo raso; pedregoso. Muito baixa.
Boreais) moderadas. e verão frio. arbustos.

Florestas Temperadas Chuva homogênea Estações quente e Árvores caducifólias. Fértil. Moderada.
e moderada. fria.

Campos de Gramíneas Estação de seca Inverno frio e verão Principalmente Moderado a fértil. Baixa.
longa. moderado. gramíneas.

Florestas Tropicais Muita chuva, Quente o ano todo. Árvores perenes; Pobre a Altíssima.
umidade alta e pouca arbustos; cipós e moderadamente fértil.
sazonalidade. epífitas.

Savanas Tropicais Estações secas e Alta a moderada. Gramíneas; árvores Pobre a Alta.
úmidas bem baixas e arbustos. moderadamente fértil.
marcadas.

Desertos Pouca umidade e Grande variação Arbustos; cactos. Pobre a fértil. Baixa à moderada.
pouca chuva. diária.

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Biologia Aplicada

Características Climáticas, produção primária e biomassa dos principais Biomas:

Produção Primária
Biomas Precipitação (mm) Temperatura (oC) Biomassa t/ha
(Líq.) 105 g C

Tundra 10 a 1.000 -15 a -5 0,4 a 0,6 6

Taiga (Florestas Boreais) 10 a 1.700 -5 a 3 1,1 a 2,9 200

Florestas Temperadas 300 a 3.000 3 a 18 2,2 a 3,3 300

Campos de Gramíneas 30 a 1.000 -5 a 18 1,0 a 1,2 -

Florestas Tropicais 1.000 a + 5.000 18 a 30 18,0 450 t/ha

Savanas Tropicais 500 a + 1.000 15 a 30 5,3 370

Desertos 0 a 300 -5 a 30 0,6 7

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Biologia Aplicada

Distribuição global de biomas e precipitação


À medida que subimos uma montanha ou saímos do Equador em direção aos
polos, a temperatura e a precipitação diminuem. Portanto, encontramos biomas
diferentes à medida que subimos a montanha. Isto é a zonação da vegetação.

Os Principais Biomas da Terra:

Tundra
A tundra é uma vegetação
proveniente do material orgânico
que aparece no curto período de
degelo durante a estação 'quente'
das regiões de clima frio,
apresentando, assim, apenas
espécies que se reproduzem
rapidamente e que suportam
baixas temperaturas. Essa
vegetação é um enorme bioma
que ocupa aproximadamente um
quinto da superfície terrestre.
Aparece em regiões como o
Norte do Alasca e do Canadá, Groelândia, Noruega, Suécia, Finlândia e Sibéria.

Este ecossistema se caracteriza por um tapete de musgo e por líquens


espalhados junto a ervas de floração e arbustos baixos. Durante o verão, ao redor
de 10 a 15 cm da terra se descongela. O solo, abaixo dessa profundidade,
permanece gelado e se denomina "permafrost". O processo alternado de
congelamento e fusão na superfície do solo produz um pequeno ciclo, durante o
qual o nível do solo se eleva e abaixa novamente, permitindo a ciclagem de
nutrientes.

Durante o curto verão, o sol permanece visível aproximadamente 24 horas.


Isto significa que as plantas podem continuar com a fotossíntese a maior parte do
tempo. Grande quantidade de produtos produzidos durante a fotossíntese é
armazenada nesta estação. A matéria orgânica acumulada é capaz de sustentar os
consumidores.

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Biologia Aplicada

A maioria dos animais, sobretudo, aves e mamíferos, apenas utilizam a Tundra


no curto Verão, migrando, no Inverno, para regiões mais quentes.

Os animais que ali vivem permanentemente, como os ursos polares, os bois


almiscarados (na América do Norte) e os lobos árticos, desenvolveram as suas
próprias adaptações para resistirem aos longos e frios meses de Inverno, como um
pelo espesso, camadas de gordura sob a pele e a hibernação. Por exemplo. Os bois
almiscarados apresentam duas camadas de pelo, uma é curta e a outra é longa.

Também possuem cascos grandes e duros o que lhe permite quebrar o gelo e
beber a água que se encontra por baixo. Os répteis e anfíbios são poucos ou
encontram-se completamente ausentes devido às temperaturas serem muito
baixas.

O Lemming, um pequeno roedor, está capacitado para prosperar neste


ambiente hostil, escondendo-se abaixo da neve, comendo matéria vegetal
armazenada. Consequentemente, ele sustenta consumidores de ordem mais
elevada na cadeia alimentar como: corujas da neve, raposas e lobos.

A vegetação predominante é composta de líquens (plantas resultantes da


associação de fungos e algas que crescem muito lentamente. Extraordinariamente
resistentes à falta de água, que conseguem sobreviver nos ambientes mais hostis),
de musgos, de ervas e de arbustos baixos (devido às condições climáticas
impedirem que as plantas cresçam em altura). As plantas com raízes longas não se
desenvolvem, pois o subsolo permanece gelado, por isso não há árvores. Por outro
lado, como as temperaturas são muito baixas, a matéria orgânica decompõe-se
muito lentamente e o crescimento da vegetação é lento. Uma adaptação que as
plantas destas regiões desenvolveram é o crescimento em maciços, o que as
ajudam a evitar o ar frio. Mas as adaptações das plantas típicas da Tundra não ficam
por aqui. Crescem junto ao solo o que as protegem dos ventos fortes e as folhas
são pequenas, retendo, com maior facilidade, a umidade. Apesar das condições
inóspitas, existe uma grande variedade de plantas que vivem na Tundra Ártica.

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Biologia Aplicada

A Tundra Alpina encontra-se em vários países e situa-se no


topo das altas montanhas. É muito fria e ventosa e não tem
árvores. Ao contrário da Tundra Ártica, o solo apresenta uma boa
drenagem e não apresenta permafrost. Apresenta ervas, arbustos
e musgos, tal como a Tundra Ártica. Encontram-se animais como
as cabras da montanha, alces, marmotas (pequeno roedor),
insetos (gafanhotos, borboletas, escaravelhos).

A Tundra Ártica surge ao Sul da região dos gelos polares do


Ártico, entre os 60º e os 75º de latitude norte, e estende-se pela
Escandinávia, Sibéria, Alasca, Canadá e Groelândia. Situada
próximo ao Polo norte, no círculo polar Ártico, recebe pouca luz e
pouca chuva, apresentando um clima polar frio e seco. O termo
Tundra deriva da palavra finlandesa Tunturia, que significa
planície sem árvores. É o bioma mais frio da Terra.

Taiga
Taiga, termo usado para designar as áreas
menos arborizadas ao Sul da linha de vegetação
arbórea do Ártico. Também conhecida por
floresta de coníferas ou ainda floresta boreal,
designa uma parte meridional desse bioma.

A taiga localiza-se exclusivamente no


hemisfério Norte, encontra-se em regiões de
clima frio e com pouca umidade. Distribui-se ao longo de uma faixa situada entre
os 50 e 60 graus de latitude norte e abrange áreas da América do Norte, Europa e
Ásia, situada, portanto, ao Sul da tundra.

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Biologia Aplicada

Assim como a tundra tem somente plantas pequenas como produtores, a


taiga é um bosque perene. Coníferas perenes estão adaptadas a esta área e podem
continuar com a fotossíntese ainda quando a temperatura diminui no nível de
congelamento. Esta floresta é capaz de suportar populações de grandes animais.
Nela, os arbustos e os pinheiros formam uma densa cobertura, impedindo o solo
de receber luz intensa. A vegetação rasteira é pouco representada pela baixa
luminosidade. O período de crescimento dura em média 3 meses e as chuvas são
pouco frequentes.

O verão se apresenta mais longo nesta área, surgindo uma maior quantidade
de espécies de plantas e animais do que na Tundra. Coelhos, veados, alces e
roedores são capazes de utilizar os produtos da floresta e manter grandes
populações. As grandes populações são adaptadas para suportar uma extensa
variedade de carnívoros. São comuns a esta área o lince, o puma, os lobos, os ursos
e variedades de falcões e águias. Dentro da floresta existe numerosos lagos,
encontrados em áreas baixas que se formaram a milhares de anos atrás. As plantas
aquáticas nestes lagos e lagunas são importantes para suportar a grande
quantidade de aves aquáticas que emigram no verão. Estes lagos também
suportam o grande membro da família dos veados, o alce.

A vegetação é pouco diversificada devido às baixas temperaturas registradas,


sendo constituída, sobretudo, por coníferas - abetos (como o Abeto do Norte) e
pinheiros (como o Pinheiro silvestre), cujas folhas aciculares e cobertas por uma
película cerosa, as ajudam a conservar a umidade e o calor durante a estação fria.
Outra conífera que também pode aparecer é o Larício europeu de folha caduca -
Lárice. Em certas condições também podem aparecer Bétulas e Faias pretas.

As florestas boreais demoram muito tempo a crescer e há pouca vegetação


rasteira. Aparecem, no entanto, musgos, líquens e alguns arbustos. As árvores
demonstram a existência de adaptações ao meio. Sendo de folha persistente,
conservam, quando a temperatura está baixa, a energia necessária à produção de
novas folhas e assim que a luz solar aumenta, podem começar de imediato a
realizar a fotossíntese. Embora haja precipitação, o solo gela durante os meses de
Inverno e as raízes das plantas não conseguem água. A adaptação das folhas à
forma de agulhas limita, então, a perda de água por transpiração. Também a forma
cônica das árvores da Taiga contribui para evitar a acumulação da neve e a
subsequente destruição de ramos e folhas.

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Biologia Aplicada

Os charcos e pântanos que surgem no verão constituem um ótimo local para a


procriação de uma grande variedade de insetos. Muitas aves migratórias vêm até a
Taiga para nidificar e alimentar-se desses insetos. Tal como na tundra, não
aparecem répteis devido ao grande frio. Alguns peixes também podem ser
registrados nos rios formados pelas geleiras, um deles é o salmão que só procria
nesses ambientes mais gélidos.

Muitos animais, sobretudo aves, migram para climas mais quentes assim que a
temperatura começa a baixar. Outros ficam, encontrando-se adaptados através das
penas, dos pelos e das peles espessas que os protegem do frio. Por vezes,
adaptam-se à mudança de estação através da mudança de cor das suas penas ou
pelos. A pele do arminho, por exemplo, muda de castanho escuro para branco no
Inverno, contribuindo assim, para ajudar o animal a camuflar-se e a proteger-se dos
seus predadores.

Florestas

São áreas com alta densidade de árvores. Segundo alguns dados, as florestas
ocupam cerca de 30% da superfície terrestre e são vitais para a vida do ser humano,
devido a muitos fatores principalmente de ordem climática.

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Biologia Aplicada

As florestas podem ser de formação natural ou artificial. A formação natural é o


habitat de muitas espécies de animais e plantas e a sua biomassa por unidade de
área é muito superior se comparado com outros biomas. Além disso, a floresta é
uma fonte de riquezas para o homem: fornece madeira, resina, celulose, cortiça,
frutos, bagas, é abrigo de caça, protege o solo da erosão, acumula substâncias
orgânicas, favorece a piscicultura, cria postos de trabalho, fornece materiais para
exportação, melhora a qualidade de vida.

As florestas plantadas são aquelas implantadas com objetivos específicos, e


tanto podem ser formadas por espécies nativas quanto por exóticas. Este é o tipo
de florestas preferido para o uso em processos que se beneficiem da uniformidade
da madeira produzida, como a produção de celulose ou chapas de fibra, também
chamadas de placas de fibra. Assim como as culturas agrícolas, o cultivo de
florestas passa pelo plantio, ou implantação; um período de crescimento onde são
necessários tratos culturais (ou silviculturas) e um período de colheita.

A mais conhecida floresta é a pluvial Amazônica, sendo maior que alguns


países. Erroneamente considerada o Pulmão do Mundo, não é, pois foi
comprovado cientificamente que a Floresta Amazônica consome cerca de 65% do
oxigênio que produz (com a fotossíntese) com a respiração e transpiração das
plantas. Atualmente, se aceita o conceito de "ar condicionado" do mundo, devido à
intensa evaporação de água da bacia. A corrente de ar e a intensa atividade
biológica contribuem para manter a temperatura média do planeta e retardar o
efeito estufa.

Existem também as florestas tropicais SAZONAIS. São aquelas que perdem


suas folhas nas estações de inverno e outono, adquirindo uma cor amarelada,
avermelhada ou alaranjada.

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Biologia Aplicada

Floresta Temperada
Zonas temperadas com invernos frios e verões mais
longos, maioria das árvores caducifólias. Fauna
semelhante a da taiga, mas com porcos, esquilos e outros,
além de algumas aves granívoras e frutívoras, também
conhecida com floresta decídua: que é formada
predominantemente por árvores, cuja folhagem cai por
inteiro num certo período do ano, como o carvalho, a faia,
o castanheiro, a nogueira, a bétula etc.

Trata-se de florestas típicas do hemisfério norte,


também chamadas de florestas de coníferas, ocorrendo em latitudes médias (30 a
60o). Ao contrário das florestas tropicais, que são "sempre verdes", as árvores da
floresta temperada perdem as suas folhas no outono. As chuvas são menos
abundantes que as da faixa equatorial, mas continuam relativamente altas e as
temperaturas são amenas.

Campo de gramíneas (pradaria e estepe)

 Climas temperados secos e / ou sazonais

 Fogo é freqüente

 Predominam gramíneas; alguns arbustos e nenhuma árvore.

 Fauna de ungulados pastadores, carnívoros grandes, lebres e aves terrestres.

Floresta Tropical
Climas úmidos e quentes, com estações chuvosas
longas, vegetação perenifólia, complexa, com grande
estratificação (emergentes, dossel, sub-bosque), fauna muito
diversificada em espécies e hábitos; grandes mamíferos são
raros. Trata-se de uma floresta densa, composta por muitas
espécies, e "sempre verde", isto é, suas folhas não caem. As
florestas tropicais ocorrem em regiões da faixa equatorial
sujeitas a chuvas abundantes e altas temperaturas. Na
vertical, podemos

70
Biologia Aplicada

dividir a floresta em camadas, pois existe uma nítida estratificação. As camadas são
também chamadas de estratos. Na camada superior (entre 30 e 40 m acima do
solo), fica a copa das árvores mais altas. Abaixo dela, encontra-se uma camada
contendo a copa das árvores menores (entre 5 e 30 m). Essa camada pode ser
subdividida em duas ou mais subcamadas. Finalmente, encontramos a camada de
arbustos (cerca de 5 m de altura).

Próximo à superfície do solo, há pouca vegetação, devido à escassa


quantidade de luz que consegue atravessar a densa folhagem e chegar ao solo.

Nesta classificação estão incluídos dois tipos de floresta: a tropical


propriamente dita e a equatorial. Embora essas florestas sejam dois ambientes
diferentes, muitas vezes uma delas é apenas extensão geográfica da outra.

As florestas equatoriais do amazonas, do sudoeste da Ásia e do Congo, na


África, desenvolveram-se sempre em clima úmido e quente com mais de 1 500 mm
de chuva e temperaturas médias entre 24º e 30ºC.

O clima constante dá como resultado uma vegetação exuberante com folhas e


flores que crescem em todas as estações.

Essa vegetação se desenvolve em diversos níveis: há árvores muito altas,


isoladas, cuja copa fica a mais de 45 metros do solo; um pouco abaixo, entre 35 e
40 metros do solo, as copas das árvores menores formam uma cobertura de folhas
bastante densa; o chão é úmido, podendo ser lodoso ou coberto de folhas e ramos
mortos entre os quais crescem fetos (samambaias, avencas, etc.) e cogumelos. A
umidade quente e a sombra da floresta equatorial estimulam o crescimento de
uma infinidade de insetos e de animais comedores de insetos, como cobras e
pássaros e aves que fazem seus ninhos nas árvores. A ausência de gramíneas no
solo limita o número de grandes mamíferos herbívoros, como o hipopótamo, a
anta e os antílopes e veados. Por outro lado, os grandes macacos sem cauda -
gorilas e chimpanzés, na África; gibões, orangotangos e macacos narigudos, na
Ásia não existem em nenhum outro ambiente. A pantera e a onça, que caçam
mesmo entre os ramos das árvores, são os únicos grandes carnívoros que
penetram na floresta equatorial.

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Biologia Aplicada

No Brasil, Nigéria, Guiné e Índia, a floresta equatorial se estende para o norte e


para o sul formando as florestas tropicais. Nestas florestas as folhas caem na
estação seca e o solo é coberto por um denso tapete de gramíneas. A floresta
tropical é o habitat de muitos dos grandes mamíferos: elefante, rinoceronte, javali,
leopardo e outros. Entre os grandes carnívoros estão o tigre, na Ásia, e o jaguar
(onça), na América do Sul.

Nos últimos anos, porém a Floresta Amazônica, um ambiente de milhares de


espécies vegetais que abriga uma vida animal abundante e diferenciada, tem sido
ameaçada pelo homem que, com suas máquinas, vem abrindo grandes clareiras
nessa cobertura vegetal.

Desertos
Caracterizam-se por
chuvas muito escassas. As
plantas são esparsas, com
muito espaço entre elas. Há
adaptações especiais nos
vegetais que vivem nos
desertos. Muitos vegetais
são suculentos, como os
cactos que armazenam
água. Nessas plantas, é o
caule verde que faz fotossíntese, enquanto as folhas são transformadas em
espinhos, o que reduz a área de transpiração.

A fauna possui muitos répteis e poucos mamíferos e aves (maioria


escavadora).

72
Biologia Aplicada

Savana
As savanas da África
são típicas deste tipo,
sendo a mais famosa o
Serengueti. No Brasil o
cerrado é um tipo de
savana. Considerado o
segundo bioma mais
ameaçado desse país,
perdendo apenas para a
mata atlântica.

A característica da savana é ter uma região de relevo plano cuja vegetação


geralmente é de gramíneas com algumas árvores esparsas e arbustos isolados ou
em pequenos grupos. Normalmente, servem de zonas de transição entre bosques
e prados. Estas zonas se encontram em diferentes tipos de ecossistemas e seus
tipos são:

Savanas tropicais e
subtropicais, geralmente
situados em latitudes tropicais e
subtropicais dos cinco
continentes. Suas principais
características são: água escassa
na parte semiárida, o solo é bem
fértil na maioria dos locais, a
temperatura é caracterizada por
duas estações - uma quente e
seca - e outra chuvosa. A
vegetação é constituída principalmente por gramíneas e não apresenta frequentes
concentrações de árvores, sua fauna é constituída de insetos, de pássaros e de
mamíferos de diferentes espécies.

73
Biologia Aplicada

Savanas temperadas - Tipo de bioma encontrado em latitudes médias,


caracterizadas por possuírem
um clima de verão mais úmido
e invernos mais secos, o solo é
muito fértil, predominância de
gramíneas e árvores isoladas,
fauna formada por insetos,
répteis, pássaros e mamíferos
de diversas espécies.

Savanas mediterrâneas – tipo de bioma localizado em latitudes médias em


regiões com clima
mediterrâneo. São
caracterizadas pela pobre
qualidade do solo, poucas
plantas, vegetação endêmica
constituída pelos
denominados "chaparral",
"matorral", "maquis" ou
"garrique" (dependendo do
país); arbustos perenes do tipo
sclerophylla e pequenas
árvores. Este tipo de savana é
um dos mais ameaçados do planeta, pois tem sofrido grande degradação e perda
de habitats devido a cortes excessivos para obtenção de lenha, a excesso de
pastoreio, a conversões agrícolas, a urbanização e a introdução de espécies
exóticas.

74
Biologia Aplicada

Savanas pantanosas são regiões onde ocorrem frequentes inundações, este


ecossistema localiza-se em regiões tropicais e subtropicais, tem características de
clima muito úmido e solo rico em nutrientes.

As Savanas montanhosas caracterizam-se por terem evoluído de forma


isolada devido às condições climáticas
em determinadas altitudes e,
frequentemente, albergam muitas
espécies endêmicas que se encontram
em altitudes elevadas em diferentes
regiões do planeta. A flora apresenta
características destes habitats
mostrando adaptações tais como:
estruturas em forma de roseta,
superfícies cerosas e folhas pubescentes.

Na Savana Tropical, por ser muito quente, ocorre frequentes queimadas,


devido à presença de muitas gramíneas, muitos arbustos e poucas árvores. Nesse
bioma, encontramos especialmente troncos contorcidos.

A Influência da Vegetação na Atmosfera

A radiação solar que incide sobre a superfície terrestre deixa uma quantidade
de energia disponível. Essa energia aquece o ar e é utilizado pelas plantas. As
plantas utilizam uma pequena parte de energia para a fotossíntese e o restante
para a transpiração. Desde cedo, aprendemos que as plantas fazem fotossíntese.
Mas você lembra o que isso significa? Na fotossíntese, a planta absorve CO2 (gás
carbônico) e fornece O2 (oxigênio). Ou seja, a fotossíntese é o contrário da
respiração. O corpo de uma planta terrestre típica é composto de três partes
familiares e fundamentais. Essas partes também chamadas de órgãos vegetativos
são: raiz, caule e folha. A raiz das plantas é responsável pela retirada de água e
nutrientes do solo. Quando adubamos o solo, estamos repondo os nutrientes que
as plantas necessitam para o seu desenvolvimento. A água e nutrientes absorvidos
compõem a seiva bruta. Essa seiva bruta é transportada da raiz para as folhas pelo
xilema (conjunto de vasos encontrados no caule da planta).
75
Biologia Aplicada

Parece intuitivo associar vegetação ao clima. Por exemplo, florestas tropicais e


equatoriais ocorrem em regiões onde as chuvas são abundantes e a temperatura é
alta. Já onde as chuvas são muito escassas, independentemente da temperatura,
ocorrem os desertos.

Leitura Complementar :

ODUM, E. P. Ecologia. 1ª edição. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 1992.

DAJOZ, R. Ecologia Geral. 4a edição. Petrópolis: Ed. Vozes, 1983.

Agora que você conheceu os grandes biomas terrestres, fará uma viagem
pelos biomas terrestres brasileiros na unidade seguinte. Aproveite e tome
conhecimento da riqueza de recursos naturais e da grande diversidade presente
neste maravilhoso país.

É HORA DE SE AVALIAR!

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo


a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-
aprendizagem.

76
Biologia Aplicada

Exercícios - Unidade 4

1) Associe a coluna de maneira que as características correspondam aos


respectivos biomas:

( I ) Tundra ( A ) Gramíneas, árvores baixas e arbustos

(II) Taiga ( B ) Vegetação com herbáceas, liquens e musgos.

(III) Savanas Tropicais ( C ) Arbustos e cactos.

(IV) Desertos ( D ) Árvores perenifólias e arbustos.

A seqüência correta é:

a) IA; IIC; IIID; IVB.

b) IB; IID; IIIA; IVC.

c) ID; IIA; IIIC; IVB.

d) ID; IIA; IIIB; IVC.

e) IB; IIA; IIIC; IVD.

2) “As plantas mais abundantes são árvores. Altas só se ramificam perto do topo, de
modo que a fronde é elevada e densa. As folhas das árvores são igualmente
amplas, espessas e de cor verde-escura, com superfícies ventrais brilhantes. As
raízes são superficiais e os troncos costumam ser encorpados perto da base, de
modo que fornecem fixação ampla e firme. Há numerosas trepadeiras lenhosas,
cipós dependurados das árvores como cabos e epífitas.”

O texto acima descreve o seguinte bioma:

77
Biologia Aplicada

a) savana tropical.

b) floresta tropical.

c) desertos.

d) tundra.

e) cerrado.

3) Os ecossistemas do planeta são apresentados de diferentes formas, porém a


mais importante dessas diferenças consiste na biodiversidade que estes
apresentam. Assinale a alternativa que representa, em ordem crescente, os
ecossistemas de maior biodiversidade.

a) Tundra, floresta tropical, taiga, floresta temperada.

b) Taiga, floresta temperada caducifólia, tundra, floresta tropical pluvial.

c) Tundra, taiga, floresta tropical pluvial, floresta temperada caducifólia.

d) Floresta temperada pluvial, floresta tropical pluvial, taiga, floresta temperada


caducifólia.

e) Tundra, floresta temperada caducifólia, floresta tropical pluvial.

4) Em uma mesma área ocorre o encontro de duas ou mais comunidades terrestres;


em decorrência desse contato geralmente:

a) todas as espécies estão em declínio.

b) há maior número de espécies.

c) não há nenhum organismo.

d) há menor número de espécies.

e) O nº de espécies e indivíduos é pequeno.

78
Biologia Aplicada

5) “Bioma, na qual poucas espécies sobrevivem como musgos, liquens e capins


surgidos em um rápido verão, onde chegam de outras regiões, aves e outros
organismos, apresenta clima frio e constante.”

As descrições apresentadas neste pequeno texto possuem uma caracterização de:

a) tundra.

b) taiga.

c) estepes.

d) pradarias.

e) pampas da Argentina.

6) Zebras pastavam gramíneas quando foram atacadas por um bando de leões. Em


que bioma isso deve ter ocorrido?

a) Deserto.

b) Floresta tropical.

c) Floresta temperada.

d) Savana.

e) Tundra.

7) Qual dos biomas a seguir tem maior semelhança com a mata pluvial costeira?

a) Caatinga.

b) Floresta amazônica.

c) Cerrado.

d) Mata atlântica.

e) Mata de cocais.

79
Biologia Aplicada

8) Dentre as associações abaixo, todas mantém o relacionamento correto de um


bioma com o seu respectivo tipo de vegetação, exceto:

a) savana – tropical.

b) deserto – cactos.

c) tundra – musgos.

d) taiga – coníferas.

e) campos de gramíneas – gramíneas.

9) Caracterize o bioma denominado Taiga.

10) Caracterize o bioma de savana, citando o nome da savana mais famosa da


África.

80
Biologia Aplicada

5 Ecossistemas Terrestres
Brasileiros

Vegetação no Brasil.

Principais Ecossistemas do Brasil.

Impactos Ambientais.

81
Biologia Aplicada

Agora você já sabe quais são os biomas existentes em nosso planeta. Nesta
unidade estudaremos os ecossistemas terrestres brasileiros, suas características
físicas, químicas e biológicas, bem como o processo de interação dos organismos
com esses biomas. Analisaremos também situações em que se possam aproveitar
os recursos desses biomas sem prejudicá-los, possibilitando assim sua preservação.

Objetivos da Unidade :

Reconhecer os ecossistemas terrestres brasileiros e suas características, bem


como interferências antrópicas ou não, apresentadas a esses ecossistemas;

Observar a importância da preservação dos ecossistemas terrestres brasileiros.

Plano da Unidade :

 Vegetação no Brasil.

 Principais Ecossistemas do Brasil.

 Impactos Ambientais.

Bons Estudos.

82
Biologia Aplicada

Vegetação no Brasil

Os diversos climas associados a relevos e solos existentes no Brasil possuem


uma variedade enorme de formações vegetais, pois esta foi muito explorada desde
o período colonial e a vegetação original brasileira constitui na primeira fonte de
riqueza exploratória do país. O processo de extração do pau-brasil representa
também o início de um processo desordenado de utilização da cobertura vegetal,
que praticamente levou à extinção da mata atlântica. Essa ação devastadora é
marcante, sobretudo, nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e parte do Centro-Oeste.
Atualmente, o desmatamento vem atingindo principalmente a região Amazônica.

A partir de dados apresentados pelo IBGE, 67% do solo brasileiro permanece


coberto por vegetação nativa, original. Ao observar as regiões brasileiras, notamos
ser possível classificá-las de forma regional: em floresta Amazônica, Mata Atlântica
(florestas costeiras), Cerrado, Pantanal, Caatinga, Matas de araucária, Matas de
cocais, Campos, Restingas e Mangues.

Dados estimativos depõem que aproximadamente 16% das espécies vegetais


do planeta sejam encontrados em solo brasileiro, porém toda essa vegetação vem
sendo consumida por desmatamentos, queimadas e principalmente pela poluição.

Principais Ecossistemas do Brasil

O Brasil é um país que apresenta grande variedade de clima e solo, permitindo


a existência de vários biomas. A Mata Atlântica também considerada como mata
pluvial costeira compreende a região costeira do Brasil, desde o Rio Grande do
Norte ao Rio Grande do Sul. Parte dessa vegetação foi destruída em grande escala
para plantações de banana, cana-de-açúcar entre outras, ou para exploração de
madeira e palmito.

É formada por árvores de grande porte alcançando até 35m de altura, dando
um aspecto fechado de observação do solo visto de cima. Compreende de clima
equatorial a temperado.

83
Biologia Aplicada

Seu solo é empobrecido e, devido à vegetação, a luz é reduzida no interior,


chegando em certos pontos a 500 vezes menos luz.

Existe uma cadeia de montanhas que acompanha toda a costa oriental


brasileira e funciona como barreira para os ventos que sopram do mar.

Calcula-se que hoje exista apenas 8% do total da mata do Brasil, sendo as


principais formas de destruição a exploração ilegal de madeiras, desmatamento de
área para a pecuária, expansão demográfica desordenada, loteamento, etc.

Estima-se que existam ainda 10 mil espécies de vegetação com infinidades de


cores, formas e odores diferentes, podendo encontrar jabuticabas, cambuás, ingás,
guabirobas, e outras como orquídeas, bromélias, samambaias, palmeiras, pau-
brasil, ipês e imbaúbas, que é um vegetal indicador de mata em desenvolvimento.
Ocorre também nas cascas das árvores o líquen, que em variadas cores, indicam o
nível de qualidade do ar.

Localiza-se também nas matas atlântica e amazônica a maior reserva de água


doce potável do planeta.

Manguezal
O manguezal é um bioma adaptado às
condições adversas de salinidade e fluxo de marés.
Este ecossistema é uma zona de transição entre mar
e terra firme onde o solo é rico em material
orgânico, possui baixo teor de oxigênio, é lodoso e
salgado. A sua vegetação é arbórea, no entanto,
lenhosa.

É um local bastante propício para que os


animais se alimentem direta ou indiretamente dos
nutrientes, minerais e material orgânico abundante,
sendo este utilizado para a reprodução das espécies
e proteção.

Estima-se que haja hoje em todo mundo cerca


de 20 milhões de hectares de mangue, contudo
estão seriamente ameaçados pela expansão urbana,
obras de engenharia, lixões, indústrias, aterros, marinas, cultivo de camarão,
poluição, entre outros fatores.

84
Biologia Aplicada

Os mangues estão localizados em regiões costeiras tropicais e subtropicais do


planeta, localizados nas desembocaduras de rios e em litorais protegidos pela ação
direta do mar. Um exemplo é a Baía de Guanabara no Rio de Janeiro - litoral
guarnecido por diques de areia. Quando a maré encontra-se salobra, na maré baixa
exibe uma substância chamada vasfina, espécie de lama fina inconsistente,
característica de certos fundos oceânicos.

O ecossistema manguezal não se restringe à orla marítima podendo penetrar


quilômetros no continente, seguindo o curso de rios cujas águas misturam com o
mar durante as marés cheias, tais como em Belém (PA) e São Luiz (MA) onde sua
vegetação típica penetra até 40 km pelo interior.

A vegetação em geral no manguezal é composta basicamente de espécies dos


seguintes gêneros: Rhizophoras, Lagunculareas e Avicennias. Ocorre ainda um
fenômeno adaptativo em que as raízes respiratórias, chamadas de pneumatóforos,
onde suas extremidades afloram perpendicularmente ao solo, crescem eretas
emergindo do solo alagado para obter gás oxigênio necessário à respiração, pois
seu solo é extremamente pobre deste gás.

O mangue não apresenta vegetação rasteira, no entanto, encontram-se


algumas espécies de epífitas, tais como: orquídeas e bromélias.

Estepe
Estepe é um tipo de
formação vegetal constituído de
planícies desprovidas de árvores,
com características semelhantes
ao prairie, porém este tipo de
planície contém gramíneas mais
altas que as comumente
encontradas na estepe.

A estepe pode ser


encontrada na forma
semidesértica ou coberta de vegetação arbustiva, dependendo da estação do ano
e do tipo de solo. O termo também é usado para descrever aspectos climáticos
85
Biologia Aplicada

dessas regiões. O clima muito seco permite a existência de florestas, mas não tão
seco a ponto de promover o processo de desertificação (clima semiárido, por
excelência).

As estepes são encontradas na África, na América do Norte, na América do Sul


(algumas áreas do nordeste brasileiro e regiões do Paraguai, Argentina e Bolívia),
porém sua incidência é maior na Rússia e repúblicas vizinhas a Ásia Central.

Caatinga
A palavra Caatinga vem do
tupi e significa "mata branca".
Encontrado somente no Brasil,
ocupa uma área de cerca de
750.000 km2, cerca de 11% do
território nacional englobando de
forma contínua parte dos estados
do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio
Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe,
Bahia e parte do Norte de Minas
Gerais (Sudeste do Brasil). Cerca de 20 milhões de brasileiros vivem nos 800 mil
km2 de Caatinga. A falsa ideia de que o bioma não seria homogêneo, como se
acreditava antigamente, seria o resultado da degradação de formações vegetais
mais exuberantes, como a Mata Atlântica ou a Floresta Amazônica.

A caatinga é formada por plantas xerófilas, próprias de clima seco, adaptadas a


pouca quantidade de água. As plantas deste bioma apresentam várias adaptações
que possibilitam a sua sobrevivência em períodos (estações inteiras) de seca. As
folhas muitas vezes apresentam forma reduzida, como nas cactáceas, nas quais se
transformam em espinhos. O mecanismo de abertura e fechamento dos estômatos
é bem rápido. A queda das folhas na estação seca representa também um modo de
reduzir a área sujeita à transpiração. Algumas plantas possuem raízes praticamente
na superfície do solo para absorver o máximo da chuva. O solo da caatinga se torna
fértil se irrigado, porém devido ao baixo índice pluviométrico da região sertaneja,
as plantas responsáveis pelos mais variados produtos, tais como, cera, fibra, óleo
86
Biologia Aplicada

vegetal e, principalmente, as frutas dependem de irrigação artificial o que se torna


possível através da construção de canais e açudes.

Quanto à flora, encontram-se registradas aproximadamente 1000 espécies.


Entre as de potencialidade frutífera, destacam-se o umbú, o araticum, o jatobá, o
murici e o licuri e, entre as espécies medicinais, encontram-se a aroeira, a braúna, o
quatro-patacas, o pinhão, o velame, o marmeleiro, o angico, o sabiá, o jericó, entre
outras. A fauna possui um número pequeno de organismos, encontram-se
identificadas 18 espécies de anfíbios, 47 de répteis, 698 de aves e pouco mais de
120 de mamíferos, pouco se conhecendo em relação aos invertebrados.

As precipitações são escassas e com pouca durabilidade, podendo ocorrer de


maneira bastante irregular. A estação da seca é superior a sete meses por ano. Os
rios normalmente secam no verão, exceto o São Francisco, que é perene.

Segundo estimativas, cerca de 75% da caatinga já se encontra antropizada e


menos de 0,5% de sua área encontra-se protegida em unidades de conservação.

Mata de Araucária
É uma floresta com folhas
em forma de agulha, finas e
alongadas (aciculifoliada),
própria do clima subtropical,
encontrada na região sul e em
trechos do estado de São Paulo.
Araucária angustifolia ou
Pinheiro-do-paraná é a espécie
dominante cujo fruto é o
pinhão. Como atingem alturas
superiores a 30 metros e
possuem formação aberta, as araucárias oferecem certa facilidade à circulação dos
raios solares que, entre outras coisas, aumenta sua capacidade de reprodução,
propiciando a presença de um grande número de pinheiros existentes. Tal fato e
ocorrência fez com que as florestas dessa formação se tornassem a principal fonte
produtora de madeira do país, o que levou ao seu desaparecimento quase total.

87
Biologia Aplicada

Seu principal produto, o pinho, tem ampla aplicação econômica na indústria


de móveis e na construção civil. Na indústria de papel e celulose se voltam
principalmente para os pinos e os eucaliptos, menos nobres, porém mais
exploráveis em curto intervalo de tempo.

A Mata das Araucárias ou Pinheiros-do-paraná, de porte alto e copa em forma


de guarda-sol, podia ser observada a partir do sul de Minas Gerais e São Paulo até o
Rio Grande do Sul, formando cerca de 100.000 km2 de matas de pinhais. Hoje,
menos de 40% desta mata, pode ser visualizada neste local.

Mata de Cocais
Está localizado entre a Amazônia e a
caatinga nos estados do Maranhão, Piauí e norte
do Tocantins. Existem florestas dominadas pelas
palmeiras babaçu e carnaúba, além do buriti, da
oiticica e a Mata dos Cocais. São florestas
secundárias, isto é, cresceram após o
desmatamento. O babaçu domina o ambiente e
está sendo destruído em ritmo intenso pelas
pastagens, mas pode sobreviver pela velocidade
com que se reproduz e pelos produtos que são
extraídos dele (cera, óleo, fibras, glicerina etc.),
de alto valor para a sobrevivência da população
local.

O babaçu exerce posição de destaque entre as palmeiras encontradas em


território brasileiro pela sua peculiaridade, graça e beleza, podendo alcançar
medidas entre 10 a 25 metros de altura onde é extraído um óleo utilizado pela
indústria de alimentos e cosméticos. Suas folhas mantem-se em posição retilínea,
destas retira-se a cera empregada como lubrificante na indústria eletrônica, de
perfumaria e na fabricação de plásticos e adesivos. Hoje em dia no Brasil,
encontramos vastos babaçuais espalhados pela bacia amazônica, mais
precisamente ao sul, onde a floresta úmida cede lugar à vegetação típica dos
cerrados.

88
Biologia Aplicada

São os Estados do Maranhão, Piauí e Tocantins que concentram as maiores


extensões deste tipo de vegetação onde ocorre a predominância dos babaçus,
formando, muitas vezes, agrupamentos homogêneos bastante densos e escuros tal
a proximidade entre os grandes coqueiros.

A Cultura do Coqueiro
A cultura deste vegetal adaptou-se bem no litoral
brasileiro, podendo ser encontrada em áreas desde o
Maranhão até o Espírito Santo. O coqueiro pertence ao
gênero Cocos, sp e família Palmae, sendo tratada pela
grande maioria como palmeira.

O Brasil possui, atualmente, em torno de 60 mil


hectares implantados com a cultura do coqueiro anão,
com praticamente todos os Estados da Federação. O
maior produtor é o Estado do Espírito Santo com
aproximadamente 15 mil hectares, seguido pela Bahia
com aproximadamente 12 mil hectares e Ceará em
terceiro, com 6 mil hectares produzidos.

O Estado de São Paulo, nos últimos anos, tem


procurado substituir as tradicionais culturas de café e
laranja por coqueiro anão, devido à grande procura pela água deste fruto,
mundialmente conhecida como "Água de coco", que além do sabor adocicado,
apresenta características isotônicas em relação ao sangue humano, não sendo
necessário acrescentar nenhum eletrólito.

O coqueiro é uma das plantas mais úteis do mundo. Muitos a conhecem como
"a árvore da vida". Ela tem um papel importante na vida das pessoas que habitam
as regiões tropicais úmidas e costeiras, pois agregam oportunidades sociais e
comerciais tanto nos dias de hoje como em tempos remotos.

89
Biologia Aplicada

Palmeiras
As Palmeiras são plantas pertencentes à família
Arecaceae (anteriormente chamadas Palmae ou
Palmaceae - a única família da ordem Arecales), que
pertencem as angiospermas, divisão das plantas que
produzem flores, situada na ordem das
Monocotiledôneas, as quais apresentam plantas
muito conhecidas como o coqueiro e a tamareira.

As palmeiras são plantas perenes( presentes o


ano todo) tipicamente com um caule cilíndrico, não
ramificado e com folhas pinadas, cujas bainhas
muitas vezes envolvem o espique (tipo de caule
característico das palmeiras) e as bainhas das folhas
mais novas.

O gênero dessa família é conhecido como Areca,


sp. A espécie mais conhecida é a Areca catechu, uma palmeira encontrada na
Malásia, cuja semente se chama noz de betel porque costuma ser mascada em
conjunto com a "folha de betel" presente na pimenteira Piper betle, uma planta que
não pertence à família das Arecaceas.

Em Moçambique, a seiva de algumas espécies de arecáceas é tradicionalmente


fermentada para produzir o vinho de palmeira, muito apreciado e conhecido
naquele país com o nome de sura (onde, além de ser bebido, pode também ser
utilizado como fermento na fabricação de pães e bolos).

No Brasil, o buriti (Mauritia flexuosa) também é fermentado (entre outras


formas de consumo), dando origem ao vinho de buriti e o açaí (Euterpe oleracea) dá
o vinho de açaí.

90
Biologia Aplicada

Restinga
De acordo com a resolução 07
de 23 de julho de 1996 do
CONAMA, "entende-se por
vegetação de restinga o conjunto
das comunidades vegetais,
fisionomicamente distintas, sob
influência marinha e fluvio-
marinha. Área sujeita à influência
de fatores ambientais como marés,
ventos, chuvas e ondas, o que faz
com que seja uma região
dinâmica.” Parte da vegetação é considerada pioneira colonizando espaços abertos
em outras áreas, iniciando o processo de sucessão. É uma região de baixa
diversidade de espécies, apresentando uma distribuição homogênea, ou seja, sem
dominância de qualquer tipo de espécie. O substrato das praias é formado por
areia de origem marinha e de conchas. O substrato é periodicamente inundado
pela maré, o que limita o desenvolvimento de certos tipos de plantas e a
ocorrência de certos grupos de animais. O solo das dunas é arenoso e seco,
sofrendo ação dos ventos que o remodelam constantemente. Pode receber
borrifos das ondas, mas raramente se torna úmido.

As dunas funcionam como área de descanso e alimentação e rota migratória


para alguns falcões (peregrino) e águias, maçaricos, entre muitas outras aves como
saíras, tucanos, arapongas, bem-te-vis, macucos, jacus, saíra peruviana e a papa-
mosca de restinga, ambos endêmicos. Em áreas alteradas, as aves migratórias
desaparecem e surgem as oportunistas (coruja-buraqueira, anu-branco, gavião
carrapateiro).

A restinga possui solo arenoso de origem marinha e seca, podendo acumular


água da chuva em determinadas épocas do ano. Possui uma camada fina de
serrapilheira, aumentada em volta das moitas formadas por arbustos e herbáceas.

Em relação à vegetação, se traçarmos uma faixa da região entre marés em


direção às dunas, encontraremos no seu início, apenas algas e fungos
microscópicos, em seguida podemos observar o surgimnto de plantas com
estolões e rizomas que podem formar touceiras e raramente algum arbusto. A
parte herbácea ocorre somente nas dunas e o arbustivo varia entre 1 e 1,5 m de
altura com diâmetro máximo de 3 cm.

91
Biologia Aplicada

As epífitas aparecem no estrato arbustivo, são elas: bromélias, fungos, líquens,


musgos e orquídeas.

Encontramos também outras espécies vegetais comuns, que são as seguintes:


Blutaparon portulacoides, Ipomoea imperati, Ipomoea pes-caprae, pinheirinho de
praia (Polygala cyparissias), gramíneas (Spartina spp.), açariçoba (Hydrocotile sp.) e
algumas cactáceas (Cereus peruvianus, Opuntia monoacantha), entre outras.

Podemos subdividir a vegetação de restinga em três regiões: Escrube, floresta


baixa de restinga e Brejo de restinga.

Escrube
Composto por vegetações arbustivas, representadas pelos liquens,
samambaias, bromélias e orquídeas com predominância de ramos retorcidos,
contribuindo assim na formação de moitas intercaladas com espaços abertos ou
em aglomerados contínuos com presença de plantas com altura máxima de 3m de
altura.

Entre as espécies vegetais existentes, as mais comuns são: Dalbergia


ecastophyllum, orelha de onça (Tibouchina clavata), erva baleeira (Cordia
curassavica) pitanga (Eugenia uniflora), orquídeas terrestres (Epidendrum fulgens,
Catasetum trulla), bromeliáceas terrestres (Nidularium innocentii, Quesnelia
arvensis), samambaia de buquê (Rumohra adiantiforma), porém podemos com
alguma frequência encontrar outras espécies em virtude das antropizações, ou até
mesmo vegetais oportunistas se adaptando.

Floresta baixa de Restinga


Nesta subdivisão o estrato arbustivo e arbóreo são predominantes com
sobrecéu aberto. As árvores possuem em média 3 a 12 m de altura, com diâmetro
entre 5 e 10 cm, podendo ocorrer o surgimento de árvores de até 15 m de altura.
Nesta região ocorrem grande variedade e quantidade de epífitas representadas
também por bromélias, orquídeas e liquens. Trepadeiras são raras, um exemplo é o
cará, do gênero Dioscorea spp.

92
Biologia Aplicada

Composta por camada arenosa e seca de origem predominantemente


marinha, esta floresta forma uma trama superficial de raízes que abriga uma
camada fina de serrapilheira com muitas folhas ainda não decompostas.

A flora desta região é composta por uma maior variação, podendo se observar
algumas espécies mais comuns como: pitanga (Eugenia spp.), araçá-da-praia
(Psidium cattleyanum), guamirim (Myrcia spp.), guabiroba (Campomanesia spp.),
algumas palmeiras como tucum (Bactris setosa), brejaúva (Astrocaryum
aculeatissimum) e algumas bromeliáceas terrestres (Quesnelia arvensis), entre
outras. Ocorre a presença de uma planta que é caracterizada como sendo
endêmica, situada apenas na Ilha do Cardoso, tendo como gênero Cananéia, sp,
vulgarmente chamada de Cambuí.

Brejo de Restinga
Formado somente pelo estrato herbáceo, com algumas plantas podendo
alcançar 2 metros de altura, como é o caso da taboa. Não se observam epífitas e
trepadeiras e possui vegetação típica para cada um dos dois tipos de brejo: salobro
ou doce. O solo é arenoso de origem marinha, encontra-se permanentemente
inundada por água salgada ou doce.

Os principais representantes observados nos ambientes de brejo salobro são:


gramíneas (Paspalum maritmum e Spartina spp.) e taboa (Thypha spp.). Nos brejos
"doces" podemos encontrar: lírio do brejo (Hedychium coronarium), chapéu de
couro (Echinodorus spp.), aguapé (Eichhornia crassipes), lentilha d´água (Lemna
spp.), erva de Santa Luzia (Pistia stratiotes) e musgos (Sphagnum spp.). Alguns
largamente utilizados industrialmente ou medicinalmente como é o caso dos
gêneros Echinodorus spp e a Pistia stratiotes.

Campos
Este bioma também faz parte da
paisagem brasileira. Esse tipo de
vegetação é encontrado em dois lugares
distintos. Os campos de terra firme são
característicos do norte da Amazônia,
Roraima, Pará e ilhas do Bananal e da Ilha
de Marajó, enquanto os campos limpos
são encontrados na região sul do país.

93
Biologia Aplicada

A vegetação é formada, principalmente, de plantas de pequeno porte como as


herbáceas, havendo poucos arbustos. Este bioma é encontrado em diversas áreas
descontínuas do país, onde aparecem com características bastante diversas. Alguns
tipos de plantas trepadoras e parasitas se servem dos vegetais de maior porte para
irem subindo e alcançar a luz; muitas vezes estas trepadeiras desenvolvem-se tanto
que acabam por estrangular as árvores onde se enrolam. Estas trepadeiras,
normalmente lianas, atingem um desenvolvimento tão grande, que quem as vê,
diz que se trata de uma autêntica árvore. Há lianas com cerca de 200 metros de
comprimento.

Os campos são biomas largamente utilizados para a agricultura, atuando na


produção de arroz, milho, trigo e soja, às vezes em associação com a pecuária,
porém a desatenção com o solo, entretanto, leva à desertificação, observada em
diferentes áreas do Rio Grande do Sul.

Nos rios, encontramos, de uma maneira geral, águas muito lamacentas e


turvas; abundam crocodilos, jacarés, búfalos, pequenos anfíbios, roedores e, como
é lógico, muito peixe, entre os quais as famosas piranhas, enguias-elétricas, assim
por diante.

A ameaça ao Bioma Pampa


Apesar de no Brasil o Pampa só existir no Rio Grande do Sul e ocupar 63% do
território do estado, durante 300 anos o Pampa foi destinado à produção
agropecuária visto como terras para gado e de batalhas para defenderem
fronteiras. Teve sua biodiversidade subestimada. Hoje se reconhece que
resguarda espécies raras de fauna e flora, animais endêmicos e outras tantas
espécies desconhecidas pela ciência. Na eminência de sua total destruição, um
novo olhar é dado ao Pampa e em 2004 é considerado pelo Ministério do Meio
Ambiente como um bioma, o Bioma Pampa.

O Pampa sofre a influência e pressão seletiva da atividade econômica que mais


se desenvolveu na região, a monocultura da pecuária.

Por anos o pastejo selecionou algumas espécies de plantas que melhor se


adaptavam às patas e bocas, dificultando o desenvolvimento de espécies arbóreas
de maior porte, sobretudo, nas matas ciliares. Isso seria remediado com a
implementação das áreas de Proteção Permanente e Reservas Legais nas
propriedades, previstas no novo código florestal.

94
Biologia Aplicada

Quando pensávamos que o equilíbrio da região estaria garantido, surge um


novo e mais forte perigo que pode causar a total transformação deste Bioma: a
monocultura de árvores exóticas.

O Pampa é composto basicamente de gramíneas, herbáceas e algumas


árvores. Serão graves os impactos da transformação do ecossistema atual em
monocultura de árvores, cujo estágio de sucessão é bem diferente.

Toda monocultura e inserção de espécies exóticas geram um desequilíbrio


ambiental, com a diminuição de algumas espécies e aumento de outras, além de
alteração nas funções ecológicas básicas do ecossistema. Toda atividade destinada
para exportação não gera equilíbrio e igualdades no país de origem.

Floresta Amazônica
A Floresta Amazônica é um ambiente
típico de floresta tropical, com grande
diversidade de espécies vegetais e
animais, ocupa 5,8 milhões de km2 dos
quais 60% estão em território brasileiro; o
restante se divide entre as duas Guianas,
Suriname, Venezuela, Colômbia, Equador,
Peru e Bolívia. Está entre as três grandes
florestas tropicais do mundo, situada
numa planície de 120-230 m de altitude,
formada por sedimentos do lago Belterra, que ocupou a bacia Amazônica entre 1,8
milhão e 25 mil anos atrás. Ao tempo em que os Andes se erguiam, os rios cavaram
seu leito, o que originaria os três tipos de floresta da Amazônia: as florestas
montanhosas Andinas, as florestas de terra firme e as florestas fluviais alagadas.
Na Floresta Amazônica habitam e se reproduzem mais de um terço das
espécies existentes no planeta. Das 100 mil espécies de plantas que ocorrem em
toda a América Latina, 30 mil estão na Amazônia, deste total 2.500 espécies de
árvores (a terça parte da madeira tropical do mundo). A Amazônia também contém
muita água. O Rio Amazonas é a maior bacia hidrográfica do mundo e cobre uma
extensão aproximada de 6 milhões de km2 cortando a região para desaguar no
Oceano Atlântico, lançando no mar a cada segundo cerca de 180 milhões de litros
de água. Esse número corresponde a 20% da vazão conjunta de todos os rios da
terra. O pirarucu, espécie nativa da região que atinge até 2,5 m, é considerado o
maior peixe de água doce do mundo, encontrado facilmente nas águas do Rio
amazonas.
95
Biologia Aplicada

A maior parte dos solos dessa floresta é pobre em nutrientes. Apesar disto
parecer contraditório que uma floresta tão rica possa sobreviver sobre um solo
pobre, porém tal fato se explica por ocorrer um ciclo fechado de nutrientes. 90%
dos minerais necessários estão acumulados no vegetal. No solo existe uma camada
em decomposição formada por folhas, galhos e animais mortos, que rapidamente
são convertidos em nutrientes e novamente absorvidos pelas raízes. Portanto, a
floresta vive do seu próprio material orgânico. Se a água das chuvas caísse
diretamente sobre o solo, tenderia a lavá-lo, retirando os sais minerais. Na floresta,
porém a queda das gotas é amortecida pela densa folhagem, o que reduz a perda
de nutrientes.

Portanto, o desmatamento, que reduz a folhagem da floresta, pode levar ao


empobrecimento do solo. Isso mostra uma das poucas fragilidades do ecossistema.
Apesar disso, a flora e fauna mantém-se, abundante e variada em virtude do estado
de equilíbrio atingido pelo ecossistema. Abaixo de uma camada inferior a um
metro, o solo passa a ser arenoso e com poucos nutrientes. Por isso e por conta da
disponibilidade quase ilimitada de água, as raízes das árvores são curtas e o
processo de sustentação é feito também com base na escora das árvores umas nas
outras.

Os insetos, por exemplo, estão presentes em todos os níveis da floresta. Os


animais rastejadores, os anfíbios e aqueles com capacidade para subir em locais
elevados, como o esquilo, exploram os níveis baixos e médios. Os locais mais altos
são explorados por aves como beija-flores, araras, papagaios e periquitos a procura
de frutas, brotos e castanhas. Os tucanos, voadores de curta distância, exploram as
árvores altas. O nível intermediário é habitado por jacus, gaviões, corujas e
centenas de pequenas aves. Na parte terrestre estão os jabutis, cutias, pacas, antas
etc. Os mamíferos aproveitam a produtividade sazonal dos alimentos, como os
frutos caídos das árvores. Esses animais, por sua vez, servem de alimento para
grandes felinos e cobras de grande porte.

Com a apresentação destas condições ambientais, a vida animal também é


muito abundante e diversa, mas é raro haver nestas florestas animais muito
grandes, pois a vegetação é tão densa que os animais grandes não conseguiriam se
movimentar ali dentro. Assim, pode-se fazer uma ideia dos animais que existem na
floresta equatorial: nas árvores, alguns mamíferos (macacos, lêmures, jaguares,

96
Biologia Aplicada

esquilos, preguiças...), imensos répteis (cobras, lagartos, serpentes, jibóias), um


grande número de aves (quase sempre muito coloridas e de grande beleza -
tucanos, araras, catatuas, papagaios...) e uma imensidão de insetos ao nível do solo
(ou perto dele); também mamíferos (onças, cutias, capivaras, ratos...) répteis,
batráquios (sapos e rãs - muitas delas venenosas), vermes, etc.

Problemas da Floresta Amazônica


Embora o Brasil tenha uma das mais modernas e bem elaboradas legislações
ambientais do mundo, ela não tem sido suficiente para bloquear a devastação da
floresta. O Brasil tem sua riqueza natural constantemente ameaçada. A exploração
de produtos tradicionais como o látex, o guaraná e a castanha-do-pará podem
(apesar disto não acontecer) ocorrer de forma a não interferir no equilíbrio
ecológico e a garantir a sobrevivência de comunidades da floresta. Outros
problemas são as retiradas de minerais e as queimadas, prática realizada muitas
vezes com o fim de adequar áreas da floresta à pecuária. Os problemas mais graves
são a insuficiência de pessoal dedicado à fiscalização, as dificuldades em monitorar
extensas áreas de difícil acesso, a fraca administração das áreas protegidas, o
desinteresse e a falta de envolvimento das populações locais. Solucionar essa
situação depende da forma pela qual os setores, político, econômico, social e
ambiental serão utilizados.

A ocupação da região amazônica começou a se intensificar na década de 40


quando o governo passou a estimular, através de incentivos fiscais, a implantação
de projetos agropecuários na área. Outra forma de destruição tem sido os
alagamentos para a implantação de usinas hidrelétricas. A atividade mineradora
também trouxe graves consequências ambientais como a erosão do solo e a
contaminação dos rios com mercúrio.

Mata Atlântica
A Mata Atlântica é considerada uma
das grandes prioridades para a
conservação de biodiversidade em todo
o continente americano, predominando
na costa brasileira, onde planaltos e
serras impedem a passagem da massa de
ar, provocando chuva. A mata atlântica é

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Biologia Aplicada

uma floresta de clima tropical quente e úmido. Sua cobertura florestal se apresenta
reduzida a cerca de 7,6% da área original, que apresentava anteriormente uma
extensão aproximada de 1.310.000 km2. Mais de 70% da população brasileira vive
em área de Mata Atlântica que apresenta muitas das características da Floresta
Amazônica. A diferença mais marcante é a topografia que, no caso da Mata
Atlântica, é mais íngreme e variável.

No período em que o Brasil foi descoberto, a Mata Atlântica tinha uma área
equivalente a um terço da Amazônia. Cobria 1 milhão de km2 ou 12% do território
nacional, estendendo-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Apesar da
gigantesca devastação ocorrida neste bioma ao longo destes séculos a riqueza das
espécies animal e vegetal que ainda se abrigam na Mata Atlântica é muito grande.
Em alguns trechos de floresta, os níveis de biodiversidade são considerados os
maiores do planeta.

No final do século XV, com o advenho da descoberta do Brasil, ocorreu a


extração predatória do pau-brasil, utilizado para tintura e construção, depois disto
o desmatamento se deu em virtude do ciclo da cana-de-açúcar. Constatada a
fertilidade do solo, extensos trechos de Mata Atlântica foram derrubados para dar
lugar aos canaviais. No século XVIII, foram as jazidas de ouro que atraíram para o
interior um grande número de portugueses. A imigração levou a novos
desmatamentos, que se estenderam até os limites com o Cerrado, para a
implantação de agricultura e pecuária.

No século seguinte, foi a vez do café, provocando a marcha em direção ao sul


do Brasil e, então, chegou a vez da extração da madeira. No Espírito Santo, as matas
passaram a ser derrubadas para o fornecimento de matéria-prima para a indústria
de papel e celulose.

Em São Paulo, a implantação do Pólo Petroquímico de Cubatão tornou-se


conhecida internacionalmente como exemplo de poluição urbana.

A Mata Atlântica abrange as bacias dos rios Paraná, Uruguai, Paraíba do Sul,
Doce, Jequitinhonha e São Francisco. Espécies imponentes de árvores são
encontradas na região, como o jequitibá-rosa, de 40 m de altura e 4 m de diâmetro.
Também se destacam nesse cenário, várias outras espécies: o pinheiro-do-paraná,
o cedro, as figueiras, os ipês, a braúna e o pau-brasil, entre muitas outras.

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Biologia Aplicada

A maior parte das espécies de animais brasileiros ameaçados de extinção são


originários da Mata Atlântica, como os micos-leão, a lontra, a onça-pintada, o tatu-
canastra e a arara-azul-pequena. Fora dessa lista vivem na área gambás,
tamanduás, preguiças, antas, veados, cotias, quatis etc. Algumas quase extintas
como o mico-leão-dourado, a onça pintada e a jaguatirica.

A Mata Atlântica também proporciona a garantia do abastecimento de água


para mais de 150 milhões de brasileiros. Seus remanescentes regulam o fluxo dos
mananciais hídricos, asseguram a fertilidade do solo, controlam o clima, protegem
escarpas e encostas das serras, além de preservar um patrimônio histórico e
cultural imenso. Essa região possui, ainda, belíssimas paisagens, verdadeiros
paraísos tropicais, cuja proteção é essencial ao desenvolvimento do ecoturismo.

Pantanal
O Pantanal é um dos mais
valiosos patrimônios naturais do
Brasil sendo a maior área úmida
continental do planeta com cerca
de 230 mil. Destes, 150 mil km2
situados no sul de Mato Grosso e
no noroeste de Mato Grosso do Sul,
ambos Estados do Brasil, além de
também ser encontrado no norte
do Paraguai e no leste da Bolívia
(que é chamado de chaco boliviano). Este importante bioma também é
considerado pela UNESCO Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera.

A região é uma planície fluvial influenciada por rios que drenam a bacia do
Alto Paraguai, onde se desenvolve uma fauna e flora de rara beleza e abundância.
O pantanal sofre influência de quatro grandes biomas: Amazônia, Cerrado, Chaco e
Mata Atlântica.

O Pantanal vive sob o desígnio das águas. Ali, a chuva divide a vida em dois
períodos bem distintos.

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Biologia Aplicada

Durante os meses da seca que permeia os meses de maio a outubro,


aproximadamente, a paisagem sofre mudanças radicais: no baixar das águas, são
descobertos campos, bancos de areia, ilhas sobre a superfície onde fica exposta
uma fina camada de lama humífera (mistura de areia, restos de animais e vegetais,
sementes e húmus), propiciando grande fertilidade ao solo.

A manutenção do equilíbrio desse ecossistema depende, basicamente, do


fluxo de entrada e saída de água através das enchentes que, por sua vez, está
diretamente ligado à pluviosidade ocorrida na região. De forma geral, as chuvas
ocorrem com maior frequência nas cabeceiras dos rios que deságuam na planície.
Com o início do trimestre chuvoso nas regiões altas (a partir de novembro), sobe o
nível de água do Rio Paraguai provocando, assim, as enchentes. O mesmo ocorre
paralelamente com os afluentes do Paraguai que atravessam o território brasileiro
cortando uma extensão de 700 km aproximadamente. As águas vão se espalhando
e cobrindo, continuamente, vastas extensões em busca de uma saída natural, que
só é encontrada centenas de quilômetros depois, no encontro do Rio com o
Oceano Atlântico, fora do território brasileiro. As cheias chegam a cobrir até 70% da
área pantaneira.

Sua constituição, única no planeta, é resultado da separação do oceano há


milhões de anos, formando o que se pode chamar de mar interior. A planície é
formada por leves ondulações, pontilhada por raras elevações isoladas, geralmente
chamadas de serras e morros e rica em depressões rasas. Seus limites são marcados
por variados sistemas de elevações como chapadas, serras e maciços e é cortada
por grande quantidade de rios dos mais variados portes, todos pertencentes à
Bacia do Rio Paraguai. Os principais são: os rios Cuiabá, Piquiri, São Lourenço,
Taquari, Aquidauana, Miranda e Apa. O Pantanal é circundado do lado brasileiro
(norte, leste e sudeste) por terrenos de altitude entre 600 e 700 metros; estende-se
a oeste até os contrafortes da cordilheira dos Andes e se prolonga ao sul pelas
planícies pampeanas centrais.

As primeiras chuvas da estação caem sobre um solo seco e poroso e são


facilmente absorvidas.

De novembro a abril, as chuvas caem torrencialmente nas cabeceiras dos rios


da Bacia do Paraguai, ao norte. Com o constante umedecimento da terra, a planície
rapidamente se torna verde devido a rebrotação de inúmeras espécies resistentes à
falta d'água dos meses precedentes.

100
Biologia Aplicada

Esse grande aumento com periodicidade da rede hídrica no Pantanal,


associada a baixa declividade da planície e a dificuldade de escoamento das águas
ocasionaddo pelo alagamento do solo são responsáveis por inundações nas áreas
mais baixas, formando baías de centenas de quilômetros quadrados, o que confere
à região um aspecto de imenso mar interior.

Poucos locais do planeta apresentam a vegetação de forma muito variada.


Nele encontram-se inúmeras espécies de animais adaptados a essa região de
aspectos contraditórios. Essa imensa variedade de vida, traduzida em constante
movimento de formas, cores e sons e é um dos mais belos espetáculos da Terra.

Por causa dessa alternância entre períodos secos e úmidos, a paisagem


pantaneira nunca é a mesma, mudando todos os anos: leitos dos rios mudam seus
traçados; as grandes baías alteram seus desenhos.

A região também e extremamente piscosa; já tendo sido catalogadas mais de


260 espécies de peixes, como o pintado, o dourado, o pacu, e também de animais
como os jacarés, as capivaras e ariranhas, entre outras espécies.

No Pantanal já foram catalogadas mais de 1.100 espécies de borboletas.


Contam-se mais de 80 espécies de mamíferos, sendo os principais a onça-pintada,
capivara, lobinho, veado-campeiro, veado-catingueiro, lobo-guará, macaco-prego,
cervo-do-pantanal, bugio, porco-do-mato, tamanduá, cachorro-do-mato, anta,
preguiça, ariranha, suçuarana, quati, tatu etc.

Quando o período da vazante começa, uma grande quantidade de peixes fica


retida em lagoas ou baías, não conseguindo retornar aos rios. Durante meses, aves
e animais carnívoros (jacarés, ariranhas etc) tem, portanto, uma grande variedade
de alimentos à sua disposição. As águas continuam baixando mais e mais e nas
lagoas, agora bem rasas, peixes como o dourado, pacu e traíra podem ser
apanhados com as mãos pelos homens. Aves grandes e pequenas são vistas
planando sobre as águas, formando um espetáculo de grande beleza.

A fauna pantaneira é muito rica, provavelmente a mais rica do planeta. Há 650


espécies de aves (no Brasil inteiro estão catalogadas cerca de 1800). Há ainda
tuiuiús (a ave símbolo do Pantanal), tucanos, periquitos, garças-branca, jaburus,
beija-flores (os menores chegam a pesar dois gramas), socós (espécie de garça de
coloração castanha), jaçanãs, emas, seriemas, papagaios, colhereiros, gaviões,
carcarás e curicacas.

101
Biologia Aplicada

Ocorre também uma infinidade de répteis, sendo o principal o jacaré (jacaré-


do-pantanal e jacaré-de-coroa), cobras (sucuri, jibóia, cobras-d’água e outras),
lagartos (camaleão, calango-verde) e quelônios (jabuti e cágado).

Sua vegetação não é homogênea e há um padrão diferente de acordo com o


solo e a altitude. Nas partes mais baixas, predominam as gramíneas, que são áreas
de pastagens naturais para o gado, pois a pecuária é a principal atividade
econômica do Pantanal.

Nas altitudes maiores, o clima árido e seco torna a paisagem parecida com a da
caatinga, apresentando espécies típicas como o mandacaru, plantas aquáticas,
piúvas (da família dos ipês com flores róseas e amarelas), palmeiras, orquídeas,
figueiras e aroeiras.

Como foi dito anteriormente, a pecuária exerce grande influência sobre as


atividades econômicas do pantanal, estando entre as principais, além de ser
facilitada pelos pastos naturais e pela água levemente salgada da região,
convertendo-se num ambiente muito propício para esses animais. Com relação aos
profissionais desta atividade (peões), além de fazendeiros e coureiros, a utilização
do cavalo é tido como um dos principais meios de transporte. Os pescadores
buscam nos rios sua fonte de sustento e alimentação. Há também, uma pequena
população indígena ribeirinha que, no passsado, ocupavam grandes extensões do
pantanal. Hoje, porém encontram-se muito reduzidas pelos conflitos de terra.

Um dos maiores problemas ambientais do Pantanal reside nos desequilíbrios


ecológicos provocados pela pecuária extensiva, que destrói a vegetação nativa.
Temos também a pesca e a caça predatória de muitas espécies de jacarés e peixes,
o garimpo de ouro e pedras preciosas, que gera erosão, assoreamento e
contaminação das águas dos rios Paraguai e São Lourenço. Porém a ação externa
encabeçada pelo turismo predatório e descontrolado que produz o lixo e esgoto se
converte na maior ameaça à tranquilidade e segurança dos seres presentes neste
ecossistema.

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Biologia Aplicada

Cerrado
Formação típica de área tropical
com duas estações marcadas: um
inverno seco e um verão chuvoso. O
cerrado é uma região similar às
savanas africanas. Sua área de
ocorrência é o Brasil-central. O solo é
deficiente em nutrientes e com alta
concentração de metais como o
alumínio, proporcionando à mata uma
aparência seca. Apesar de não haver
falta de água, as plantas têm raízes capazes de retirar água do solo a mais de 15m
de profundidade.

Apresenta vegetação arbórea esparsa com presença de pequenos arbustos e


árvores retorcidas, com cortiça grossa e folhas recobertas por pêlos, além de
apresentar toda uma variedade de flores exóticas e plantas medicinais
desconhecidas da medicina tradicional como angico, arnica, catuaba, jurubeba e
sucupira. Encontram-se ainda gramíneas e cerradão, um tipo mais denso de
cerrado, já misturado com formações florestais. Embora, tradicionalmente, este
bioma também se encontre associado à pecuária, vem sendo ocupado pela
monocultura de soja, que se torna responsável pela descaracterização da cobertura
vegetal original, contrariando as características deste bioma já que ocupou
originalmente cerca de 25% do território brasileiro. O equilíbrio desse sistema é um
fator de importância fundamental para a estabilidade dos demais ecossistemas
brasileiros.

Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o ecossistema brasileiro que mais


alterações sofreu ao longo de sua ocupação pelo homem. Um dos impactos
ambientais mais graves na região foi causado pelos garimpos, que contaminaram
os rios com mercúrio e provocaram o assoreamento dos cursos de água. A erosão
causada pela atividade mineradora tem sido tão intensa que, em alguns casos,
chegou até mesmo a impossibilitar a própria extração do ouro rio abaixo. Nas
últimas décadas, a expansão da agricultura e da pecuária representa o maior fator
de risco para manutenção e o equilíbrio do Cerrado. A partir de 1950, tratores
começaram a ocupar sem restrições os habitats pertencentes à fauna e flora. Este
bioma ocupa cerca de 2 milhões de km2 distribuídos por 10 Estados.

103
Biologia Aplicada

O Cerrado é a segunda maior formação vegetal brasileira, superado apenas


pela floresta Amazônica. Este bioma tem, por vezes, um aspecto semelhante, ora a
savana, ora a caatinga, porém este é tido como um campo tropical na qual a
vegetação herbácea coexiste com mais de 500 espécies de árvores e arbustos
esparsos. A estação seca é bem pronunciada, podendo durar de 5 a 7 meses. Os
rios não secam, porém a sua vazão diminui consideravelmente neste período.

A flora do Cerrado tem aspectos que costumam ser interpretado como


adaptações a ambientes secos (xerófitas). Assim, árvores e arbustos têm galhos
tortuosos, folhas endurecidas e cascas grossas; as superfícies das folhas são, muitas
vezes, brilhantes, outras vezes recobertas por pêlos. Outras plantas,
contraditoriamente, têm características de lugares úmidos: folhas largas, produção
de flores e brotos em plena estação seca.

A ocupação da região é aconselhável, devido à presença de grandes áreas


desabitadas, mas desde que aconteça racionalmente. Infelizmente não é o que
ocorre até o momento, pois o desenvolvimento da agricultura tem trazido graves
consequências para a natureza deste. Um dos mais sérios problemas decorre do
uso de técnicas falhas que deixam o solo desprotegido durante as épocas de
chuvas torrenciais. Paralelamente, cresce o aparecimento de novas pragas e
doenças nas monoculturas estabelecidas. Existe um outro problema muito grande,
que vem a ser a pouca atenção desprendida da fauna natural desta região, no que
concerne à sua conservação e proteção.

O resultado é que o Cerrado está acabando. Metade da sua área já foi


antropizada, principalmente, através do desmatamento e se esse ritmo continuar
até o ano 2010, o desmatamento vai chegar a 80%. Esta situação está causando a
fragmentação de áreas e comprometendo seriamente os processos que mantêm a
sua biodiversidade.

Este ecossistema, apesar de seriamente comprometido tem a seu favor o fato


de ser cortado por três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul (São
Francisco, Prata e Tocantins), favorecendo a manutenção de sua biodiversidade.
Calcula-se que a flora da região possua em torno de 10 mil espécies de plantas
diferentes (muitas delas usadas na produção e uso medicinal e alimentício). Isso
sem contar as 400 espécies de aves, 67 gêneros de mamíferos e 30 tipos de
morcegos já catalogados. O número de insetos é surpreendente: apenas na área do
Distrito Federal, há 90 espécies de cupins, 1.000 espécies de borboletas e 500 tipos
diferentes de abelhas e vespas.

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Biologia Aplicada

Mata Costeira
O Brasil possui uma linha contínua de costa
Atlântica com mais de 8.000 km de extensão, uma das
maiores do mundo. Ao longo dessa faixa litorânea é
possível identificar uma grande diversidade de
ambientes, tais como: ilhas, recifes, costões rochosos,
baías, estuários, falésias, dunas e brejos.

Ao longo da costa brasileira, as praias, restingas,


lagunas e manguezais apresentam diferentes espécies
de animais e vegetais. Isso se deve, basicamente, às
diferenças climáticas e geológicas. O grande problema é
que a maior parte da zona costeira, está ameaçada pela
superpopulação e por atividades agrícolas e industriais.
É neste contexto de imensas faixas litorâneas, que vive
mais de 50% da população brasileira.

No litoral amazônico, que vai da foz do Rio Oiapoque ao Rio Parnaíba, possui
solo lamacento e têm, em alguns trechos, mais de 100 km de largura. Apresenta
grande extensão de manguezais, assim como matas de várzeas de marés. Jacarés,
guarás e muitas espécies de aves e crustáceos são alguns dos animais que vivem
nesse trecho da costa. O litoral nordestino começa na foz do Rio Parnaíba e vai até
o Recôncavo Baiano. É marcado por recifes calcáreos e formações de arenito, além
de dunas que, quando perdem a cobertura vegetal que as fixa, movem-se com a
ação do vento. Ainda nessa área, encontramos também manguezais, restingas e
matas. A fauna tem presença marcante nas águas do litoral nordestino, onde vivem
o peixe-boi marinho e tartarugas, ambos ameaçados de extinção, apesar das
tartarugas receberem um apoio de peso, através do projeto Tamar.

Dando continuidade, temos o litoral sudeste, que segue do Recôncavo Baiano


até São Paulo. É a área com maior incidência populacional do país. Suas
características são determinadas pela presença de falésias, recifes, arenitos e praias
de areias monazíticas (mineral de cor marrom escura). É dominado pela Serra do
Mar e tem a costa muito recortada com várias baías e pequenas enseadas. O
ecossistema mais importante dessa área são as matas de restingas. Essa parte do
litoral tem como presença faunística, a preguiça-de-coleira e o mico-sauá, espécies

105
Biologia Aplicada

também ameaçadas de extinção. O litoral sul começa no Paraná e termina no


Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul. Cheio de banhados e manguezais, o ecossistema
da região é riquíssimo em aves, mas há também outras espécies: ratão-do-
banhado, lontras (também ameaçados de extinção)e capivaras, entre outras,
contudo muito ainda há para se conhecer sobre a ecologia e sua dinâmica de todo
este litoral brasileiro.

Na parte econômica, complexos sistemas costeiros distribuem-se ao longo do


litoral, fornecendo áreas para a criação, crescimento e reprodução de inúmeras
espécies de flora e fauna. Além disso, temos a costa do Rio Grande do Sul onde
muitos pássaros utilizam para alimentação, abrigo ou como rota migratória entre a
América do Norte e as partes mais ao sul do continente. A faixa litorânea brasileira
também tem sido considerada essencial para a conservação de espécies
ameaçadas em escala global, além de ser importante ressaltar que a destruição dos
ecossistemas litorâneos confere uma grande ameaça ao próprio homem, uma vez
que põe em risco, entre outras coisas, a produção pesqueira, uma rica fonte de
alimento. Ocorre também o comprometimento da integridade ecológica da costa
brasileira, pois esta é pressionada pelo crescimento dos grandes centros urbanos,
pela especulação imobiliária sem planejamento, pela poluição e pelo enorme fluxo
turístico.

A ocupação desordenada e predatória, vem ocasionando a devastação das


vegetações nativas, o que leva, entre outras coisas, ao desabamento de morros e à
movimentação de dunas.

O aterro dos manguezais, por exemplo, coloca em perigo espécies animais e


vegetais, além de destruir um importante "filtro" das impurezas lançadas na água.
As raízes parcialmente submersas das árvores do mangue espalham-se sob a água
para reter sedimentos e evitar que eles escoem para o mar. Alguns mangues estão
estrategicamente situados entre a terra e o mar, formando um estuário para a
reprodução de peixes. Já a expulsão das populações caiçaras (pescador ou o caipira
do litoral) está acabando com uma das culturas mais tradicionais e ricas do Brasil.
Outra ação danosa é o lançamento de esgoto no mar, sem qualquer tratamento.
Operações de terminais marítimos têm provocado o derramamento de petróleo,
entre outros problemas graves.

106
Biologia Aplicada

Impactos Ambientais

A ocupação do litoral ocorreu de forma desordenada (como dito


anteriomente) através do estabelecimento de pequenos núcleos de povoamento
que iniciaram um processo de transformação de áreas naturais, principalmente a
restinga, em urbanas. Esse trabalho de urbanização ocorreu para fins de lazer, com
o estabelecimento de moradias temporárias, condomínios de elevado padrão ou
prédios, em geral, ocupando também áreas de restinga. As mais importantes
consequências dessa ocupação são atribuídas à eliminação da vegetação natural,
ao estímulo dos processos erosivos, às mudanças nas características de drenagem
por cortes e aterros, à geração de lixo, de esgoto doméstico (em geral sem o
tratamento adequado), além do aumento na procura por recursos naturais.

A implantação de muitas linhas de transmissão para o fornecimento de


energia elétrica, ocasionam a formação de extensos corredores desmatados na
planície. O transporte entre as cidades litorâneas é feito por estradas, que alteraram
a vegetação natural e geram barreiras para o fluxo de animais terrestres, além de
morte por atropelamento e consequente retenção do escoamento hídrico, tais
situações, convertem-se numa pequena sequela, se considerarmos a
irreversibilidade da recuperação destes ambientes em virtude de toda a
antropização observada.

LEITURA COMPLEMENTAR:

DAJOZ, R. Ecologia Geral. 4. ed. Petrópolis: ed. Vozes, 1983.

COELHO, Ricardo Motta Pinto. Fundamentos em ecologia. 1ª reimpressão.


Porto Alegre: Artmed, 2002.

SOARES, Jose Luis. Dicionário etimológico e circunstanciado de biologia. 1.


ed. São Paulo: Scipione,1993.

107
Biologia Aplicada

Então reconheceu os ecossistemas terrestres brasileiros e suas características ?

Agora você já sabe a importância da preservação dos ecossistemas terrestres

Na unidade seguinte,você tomar conhecimento da biodiversidade no planeta,


irá conhecer ações impostas pelo homem, que desempenha importante papel no
desequilíbrio do planeta, além de comprometer perigosamente a sua existência e
dos demais seres no planeta.

É HORA DE SE AVALIAR

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo


a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-
aprendizagem.

108
Biologia Aplicada

Exercícios - Unidade 5

1) A qual ecossistema pertence o Pau-Brasil, devastado pelo extrativismo durante a


colonização?

a) Cerrado.

b) Manguezal.

c) Mata Atlântica.

d) Floresta Amazônica.

e) Pampas.

2) Onde está localizada a Mata dos Cocais?

a) No litoral do Brasil.

b) Em áreas desde o Maranhão até o Espírito Santo.

c) Entre a Amazônia e a caatinga nos estados do Maranhão, Piauí e norte do


Tocantins.

d) Na Floresta Amazônica.

e) No sul do Mato Grosso e no noroeste do Mato Grosso.

3) Qual palmeira é predominante na Zona dos Cocais?

a) Oiticica.

b) Carnaúba.

c) Buriti.

d) Burutu.

e) Babaçu.

109
Biologia Aplicada

4) A região fitogeográfica brasileira mais quente é a:

a) Mata Atlântica.

b) Floresta Amazônica.

c) Mata de Araucárias.

d) Caatinga.

e) Zona dos Cocais.

5) A população seringueira Hevea brasiliensis é típica de qual bioma?

a) Caatinga.

b) Cerrado.

c) Mata atlântica.

d) Mata de cocais.

e) Floresta amazônica.

6) Em comparação com os demais biomas brasileiros, a Amazônia é o que detém o


maior número de áreas de proteção integral (26) e também o maior percentual de
florestas oficialmente protegidas (3,2% da área total do bioma). No entanto, apenas
0,38% da área dos parques e reservas hoje existentes na Amazônia está
minimamente protegida de fato, pois não foram implementados ou encontram-se
muito próximos a cidades. A Amazônia é o típico exemplo de floresta tropical. São
características desse bioma:

a) climas úmidos e secos, com chuvas moderadas.

b) climas secos, com poucas chuvas.

c) climas úmidos, com estações chuvosas longas.

d) climas úmidos e quentes, com estações chuvosas longas.

e) climas úmidos e quentes, com chuvas moderadas.

110
Biologia Aplicada

7) Este bioma ocupa cerca de aproximadamente 22% do território nacional


brasileiro. Aponte, nas alternativas abaixo, aquela que contém o nome deste
bioma.

a) Caatinga.

b) Cerrado.

c) Campina.

d) Mata Atlântica.

e) Pantanal.

8) A maior parte do Brasil central é recoberta por campos cerrados. Um biólogo


brasileiro fez uma viajem a procura de um bioma semelhante e acabou
encontrando:

a) a tundra canadense.

b) a floresta equatorial.

c) o deserto australiano.

d) a savana africana.

e) a taiga soviética.

9) Baixa concentração de oxigênio em função da alta biomassa bacteriana no solo,


alta incidência de sal, são características de qual ecossistema? Escreva outras
características desse bioma.

111
Biologia Aplicada

10) Cite os principais impactos ambientais causados pela ocupação indevida e


conseente povoamento de regiões litorâneas e de algumas áreas ambientais.

112
Biologia Aplicada

6 O Homem e a Biosfera

Biodiversidade.

O Desequilíbrio Ecológico.

O Problema da Perda da Biodiversidade.

113
Biologia Aplicada

Nesta unidade estudaremos detalhadamente questões envolvendo o homem


e a biosfera, observando situações de preservação, outras de desperdício ou até
mesmo de desconhecimento. Tomaremos conhecimento da importância de se
possuir o título de país da megadiversidade, podendo assim, proceder de forma a
não sermos mais saqueados do que já somos por nós mesmos ou por interesses
externos. Analisaremos também fenômenos globais naturais que são aumentados
e agravados pelo homem, tais como: chuva ácida, desmatamentos, queimadas,
enfim situações que nos levam a pensar no que pode acontecer se não
começarmos a mudar radicalmente nosso comportamento em face do ambiente.

Objetivos da Unidade:

Identificar situações de utilização inadequada dos recursos naturais oriundos


da biodiversidade;

Compreender fatores e identificar problemas que denotem a interferência do


homem no ambiente ocasionando situações de melhora ou piora no meio
ambiente.

Plano da Unidade :

 Biodiversidade.

 O Desequilíbrio Ecológico.

 O Problema da Perda da Biodiversidade.

Bons Estudos.

114
Biologia Aplicada

Biodiversidade

Em nossa segunda unidade você tomou conhecimento do significado de


alguns termos da ecologia. A biodiversidade é mais um deles, que pode ser
compreendida como a variedade de vida no planeta Terra, incluindo: a variedade
genética dentro das populações, a variedade de espécies da flora, da fauna e de
microrganismos, a variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos
organismos nos ecossistemas, nas comunidades, habitats e nichos dos organismos.

A biodiversidade engloba tanto o número (riqueza) de diferentes categorias


biológicas quanto à abundância relativa aos seres dessas categorias, além de incluir
essa variabilidade ao nível local, conhecido como alfa diversidade, a variabilidade
biológica entre habitats, podendo também ser chamado de beta diversidade e a
variabilidade entre paisagens, tida com gama diversidade, incluindo assim, a
totalidade dos recursos vivos ou biológicos e dos recursos genéticos e seus
componentes.

A Biodiversidade é tida como uma das principais propriedades fundamentais


da natureza. É diretamente responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos
ecossistemas e fonte de imenso potencial de uso econômico. Ela é a base das
atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras e florestais.

A biodiversidade é utilizada como matéria prima para a nova e altamente


promissora indústria da biotecnologia. As funções desempenhadas pela
Biodiversidade, sob o ponto de vista da ecologia, são ainda pouco compreendidas,
muito embora se considere que ela seja responsável pelos processos naturais do
planeta, além de grande fornecedora de produtos e seres que sustentam outras
formas de vida e modificam a biosfera, tornando-a apropriada e segura para a vida.
A diversidade biológica possui, além de seu valor intrínseco, valores ecológicos,
genéticos, sociais, econômicos, científicos, educacionais, culturais, recreativos e
estéticos.

A humanidade já catalogou e definiu quase 1,5 bilhão de organismos, mas isso


é muito pouco. Estima-se que o número total deles na Terra ultrapasse a casa dos
10 bilhões, o que validaria a hipótese que talvez chegue a 100 bilhões, porém, a
cada ano, milhares de espécies são extintas para sempre, alcançando uma

115
Biologia Aplicada

estimativa altamente pessimista no contexto das espécies totais presentes no


planeta, podendo seguramente e num curto espaço de tempo, tornar-se
irreversível. O ritmo frenético das queimadas e desmatamentos nas florestas
tropicais (as mais ricas em biodiversidade) de poluição nas águas é catastrófico,
pois o surgimento das espécies foram o resultado de milhões e milhões de anos de
equilíbrio e desenvolvimento no planeta e com essa perda a biosfera vai ficando
cada vez mais empobrecida em diversidade biológica, o que consiste numa
variante perigosa para o sistema de vida como um todo.

A biodiversidade torna-se uma enorme, porém finita, fonte potencial de


imensas riquezas e o grande problema que se descortina diante de nós é saber
quem vai lucrar com isso, se os países ricos, que detêm a tecnologia, primordial
para descobrir novos princípios ativos e fabricá-los, ou se os países emergentes ou
não, detentores de parcela significativa das grandes reservas de biodiversidade.

O mais recomendado seria um acordo para compartilhar por igual às


descobertas e os lucros, mas não se pode dizer o que vai ao coração dos homens. O
fato é que estamos muito distante desta ocorrência.

Brasil: um bilionário em biodiversidade


O Brasil é o país que apresenta a maior diversidade do planeta, abarcando um
número estimado entre 10 e 20% do total de espécies do mundo. Ele conta ainda
com a mais diversa flora do mundo, com mais de 55.000 espécies descritas (22% do
total mundial). O país possui, por exemplo, a maior riqueza de espécies de
palmeiras (390 espécies) e de orquídeas (2300 espécies). Varias espécies de plantas
de importância econômica mundial são originárias do Brasil, destacando-se dentre
elas o amendoim, a castanha-do-pará, o abacaxi, a mandioca, o caju e a carnaúba.

Os animais vertebrados são amplamente representados na fauna brasileira.


Foram registrados no país 395 espécies de mamíferos, 1.576 espécies de aves, 468
espécies de répteis, 500 espécies de anfíbios e mais de 3000 espécies de peixes. Tal
riqueza de espécies corresponde pelo menos 10% dos anfíbios e mamíferos, além
de 17% das aves de todo o planeta. O país conta ainda com a maior diversidade de
primatas do planeta, com 55 espécies, sendo 19 endêmicas. Como evidência da
riqueza da fauna brasileira e de seu desconhecimento, cinco novas espécies de
macacos foram descritas no país.

116
Biologia Aplicada

O aporte total da Biodiversidade brasileira não é conhecido na sua totalidade e


talvez nunca venha a ser conhecido precisamente, tal a sua complexidade. Avalia-
se, entretanto, que existam mais de dois milhões de espécies diferentes de plantas,
animais e microrganismos no território que se encontra sob a jurisdição brasileira,
uma diversidade genética de valor incalculável inestimável, além de uma imensa
diversidade ecológica, dadas as dimensões continentais do país e de seu litoral
marinho.

Esta nação conta também com riquíssima biodiversidade da Amazônia que é


famosa, apesar da pouca quantidade de informações concretas sobre a mesma. Os
pressupostos desta riqueza são, no entanto, válidos tendo em vista o processo de
desenvolvimento das plantas e animais encontrados na Amazônia. As árvores
dominam a paisagem e a estrutura física da floresta, mas não são os organismos
com a maior contribuição à biodiversidade da região. A biodiversidade não
representa apenas os extremos exóticos da diversificação evolucionária e da
variedade excepcional de espécies aproveitadas pelo ser humano.

A biodiversidade da Amazônia ocorre, principalmente, em função da variação


genética que ocorre na natureza neste bioma e pode ser observada em três
diferentes níveis: presença de genes, de espécies e de variados ecossistemas. A
diversidade genética é a montagem da informação genética existente na espécie
que constitui a flora, fauna e a microbiota. A diversidade de espécies é o número de
tais espécies usualmente relacionadas aos diferentes graus de adaptabilidade que
os organismos apresentam em relação aos diferentes habitats ou ecossistemas
existentes. A diversidade de ecossistemas não leva em conta apenas o número e a
frequência, mas também a variedade dos habitats, comunidades bióticas e os
processos ecológicos. Além da alta biodiversidade e da alta diferenciação de
habitats, há também a complexidade das interações entre as espécies nestes
habitats.

A ocorrência de um ecossistema depende do processo de interação entre as


plantas e animais que polinizam as flores e propagam as sementes, além da
presença dos componentes abióticos. Muitas destas interações são extremamente
específicas e a perda, ou simplesmente a falta, de apenas uma espécie, que pode
ser um agente de polinização ou um condicionador obrigatório para a reprodução,
pode afetar muitas outras espécies indiretamente ou, pior ainda, diretamente. Esta
complexidade de interações tem implicações fundamentais para o
desenvolvimento da região amazônica.

117
Biologia Aplicada

Em termos faunísticos, podemos descrever a diversidade no Brasil com as


seguintes considerações estimativas:

 428 espécies de mamíferos, sendo, portanto, o terceiro no mundo, perdendo


para o Peru e Equador;

 1.622 espécies de pássaros, perdendo apenas para o Peru e Colômbia;

 516 espécies de anfíbios, estando em primeiro lugar;

 467 espécies de répteis, quarto lugar no mundo;

 1.300 espécies de peixes (podendo chegar a 3.000), em contraste, a Europa


tem apenas 300 espécies.

Os invertebrados são os principais agentes na avaliação quantitativa da


biodiversidade da Amazônia. Estudos sobre insetos do dossel da floresta,
conduzidos em Manaus, Peru e Panamá, indicam que nestas regiões foi encontrado
o triplo de insetos existentes em outras regiões do planeta. O Brasil sozinho
fornece habitats para 74 espécies de borboletas. Os artrópodes são estimados em
2.500.000 espécies.

A Importância da Biodiversidade para o Brasil pode ser observada nos setores


produtivos do país, pois o setor da Agroindústria responde por cerca de 42% do
produto interno bruto(PIB) brasileiro, o setor florestal responde por 4% do PIB e o
setor pesqueiro responde por 1%. Produtos da biodiversidade respondem por 35%
das exportações brasileiras, especialmente através do café, soja e laranja. As
atividades de extrativismo florestal e pesqueiro empregam mais de três milhões de
pessoas. A biomassa vegetal, através do álcool da cana-de-açúcar, carvão e
derivados, além da lenha obtida de florestas nativas e plantadas, respondem por
17% da matriz energética nacional e em determinadas regiões, como o Nordeste,
atendem a mais da metade da demanda energética industrial e residencial. Grande
parte da população brasileira utiliza-se de plantas medicinais na solução de
problemas menos complicados (cólicas, resfriados) de saúde.

118
Biologia Aplicada

O potencial de utilização sustentável da biodiversidade é fruto da


disponibilidade de matéria prima, tecnologia e mercado. Exemplificando: um
parente silvestre do trigo originário da Turquia proporcionou genes resistentes a
doenças para as variedades comerciais de trigo, resultando num ganho anual no
valor de US$ 50 milhões somente nos Estados Unidos. Uma variedade de cevada da
Etiópia forneceu um gene que protege, atualmente, a cultura da cevada na
Califórnia contra um vírus fatal, proporcionando economia de US$ 160 milhões.
Nos Estados Unidos, 25% dos produtos farmacêuticos receitados atualmente
contêm ingredientes ativos derivados de plantas e existem mais de 3000
antibióticos derivados de microrganismos. A exploração farmacológica da
biodiversidade brasileira está em seu início e, a julgar pelos resultados obtidos em
outros países, acredita-se que exista um vasto campo para a produção de fármacos
ainda desconhecidos.

A diversidade biológica está presente em qualquer lugar do planeta, no meio


dos desertos, nas tundras congeladas ou nas fontes de água sulfurosas. A
variabilidade genética possibilitou a adaptação da vida nos mais diversos pontos
da Terra. As plantas, por exemplo, ocupam a base da maioria dos ecossistemas
terrestres. Como elas florescem com mais intensidade nas áreas úmidas e quentes,
a maior diversidade é detectada nos trópicos, como é o caso da região Amazônica
com sua excepcional vegetação. Dois terços da vasta bacia amazônica estão no
Brasil, que também abriga o maior sistema fluvial do planeta.

Não obstante, a diversidade biológica disponível, mais de 50% da base


alimentar do homem, concentra-se somente no trigo, no arroz e no milho. As
plantações que formam essa limitada fonte de alimentos são, geralmente,
monoculturas e, por isso, suscetíveis aos problemas como a peste ou desgaste
excessivo do solo.

O Desequilíbrio Ecológico

Ocorre na natureza um equilíbrio dinâmico entre os organismos vivos e não


vivos no ambiente em que vivem, compartimentos estes que, como já vimos,
formam os ecossistemas com suas trocas e influências entre si e entre eles e o
meio, por isso denominamos como fator de desequilíbrio, qualquer acontecimento
ou evento que venha a perturbar as características naturais de um ecossistema
hipotético. Esses fatores podem ser naturais ou antrópicos.

119
Biologia Aplicada

Fatores Naturais de Desequilíbrio são eventos muito esporádicos,


imprevisíveis, como grandes furacões, terremotos, tempestades, maremotos,
vendavais, etc. Estes possuem a tendência de gerar intensa destruição nos
ambientes onde ocorrem. Dependendo do tipo de ecossistema atingido, os danos
na comunidade biológica podem ser intensos, sendo necessários vários anos para a
sua plena recuperação.

Em alguns casos eventos esporádicos, mas cíclicos, ou seja, que voltam a


ocorrer em períodos de tempo longos, relativamente regulares, proporciona aos
organismos dessas comunidades iniciarem um processo de desenvolvimento de
adaptações, como por exemplo, nos cerrados o fogo é um fator periodicamente
estressante e que ocorre em intervalos de alguns anos.

Em virtude desta ocorrência, muitas árvores e plantas já se encontram


adaptadas ao fogo, algumas inclusive, necessitando dele em alguns processos
reprodutivos. Neste caso, o fogo do cerrado é um fator de desequilíbrio para
alguns componentes do ecossistema, mas para outros não.

Nos fatores de desequilíbrio proporcionados de maneira antrópica encontram-


se todos os tipos de estresse produzidos pelo homem na natureza, poluição
atmosférica, poluição dos rios e lagos, poluição dos mares e oceanos,
desmatamento de florestas, matas ciliares e mangues, depredação e captura de
espécies de aves, focas, macacos, sobrepesca, que vem a ser a captura excessiva de
peixes, muitas vezes jovens e em época reprodutiva, todos na grande maioria para
comércio. Temos também o aquecimento global, que amplia o fenômeno natural
denominado efeito estufa, redução na camada de ozônio, explosão demográfica,
etc.

Estes e outros fatores, ligados às atividades humanas causam perturbações


nos ecossistemas que vão desde efeitos imperceptíveis até a total destruição de
ecossistemas inteiros, como ocorre com as queimadas na Amazônia, derrames de
petróleo, os aterros de manguezais, etc. É muito importante no que diz respeito
aos fatores de desequilíbrio ecológico, sejam eles naturais ou não, observar o
aspecto de que, estando todas as espécies interligadas em um ecossistema e
dependendo do ambiente físico para viver, as perturbações ocorridas em uma
espécie ou um compartimento ecológico (por exemplo, animais herbívoros)
refletirão em toda a teia trófica, causando danos muito maiores em todo o

120
Biologia Aplicada

ecossistema. Podemos usar como exemplo os costões rochosos do litoral do Rio de


Janeiro, situados nos cantos de algumas praias, nas ilhas, onde se observam
ecossistemas ricos em diversidade e densidade de organismos, podendo ser
agrupados em produtores (algas verdes, vermelhas, pardas), herbívoros (caramujos
pastadores, caranguejos, ouriços, etc.), carnívoros (caramujos, siris, caranguejos,
estrelas-do-mar), comedores de areia (pepinos do mar) e filtradores (cracas,
mexilhões, ostras).

Todos estes organismos, cuja diversidade pode chegar a várias centenas de


espécies, estão ligados pela rede trófica, na qual uns servem de alimento para
outros.

Um derramamento de óleo oriundo de uma embarcação, de uma tubulação


ou mesmo de um depósito, que atinge o costão recobrindo parte da comunidade
presente nas rochas, seria um claro exemplo de fato. Diversas espécies de algas
morrem intoxicadas pelos compostos químicos do óleo, bem como estrelas-do-
mar, anêmonas e ouriços. Caranguejos herbívoros e caramujos morrem asfixiados e
recobertos pelo óleo, gerando, como consequência, a redução drástica das algas
presentes na rocha. Os herbívoros que sobreviverem não terão recursos param se
alimentarem e sua taxa de mortalidade irá aumentar, consequentemente, os
carnívoros que deles se alimentavam também irão iniciar um período de
abstinência alimentar e assim por diante ao longo de toda a teia alimentar. Vale
informar, que por outro lado, com a morte das algas muito espaço na rocha foi
desocupado e as espécies mais resistentes e com grande capacidade reprodutiva,
como as cracas, ocupam a rocha descoberta em uma área diferente da sua área
natural de ocupação. Com o tempo, um processo de sucessão ecológica se inicia
onde o ambiente passa por fases de recuperação até retornar às condições
próximas as de antes do derramamento de petróleo.

A recuperação após perturbações ecológicas graves pode durar muitos anos


ou até décadas. Em alguns casos, como o dos manguezais, quando estes sofrem
desmatamento por aterro, ficam impossibilitados de sua recuperação natural.

A séria realidade do desmatamento da Amazônia é outro bom exemplo. A


floresta vive sobre um sedimento extremamente pobre em nutrientes. Os sais,
oligoelementos (substâncias vitais, mas necessárias em pequenas quantidades) e
todos os nutrientes necessários às plantas são extraídos das camadas superficiais

121
Biologia Aplicada

do solo onde se acumula grande quantidade de matéria orgânica vegetal e animal.


Todo este material é constantemente decomposto pelas bactérias e fungos
(decompositores) com o auxílio dos insetos que trituram e 'picotam' os restos
vegetais, e os nutrientes retornam às plantas fechando um ciclo delicado e
equilibrado. Com o desmatamento para a formação de pasto para o gado, este
ciclo da floresta é quebrado. O pasto que cresce no lugar da floresta logo extingue
os poucos nutrientes do solo e não consegue mais resistir, tornando necessários
novos desmatamentos. A própria queima, método utilizado no desmatamento, já é
bastante prejudicial ao solo.

Desequilíbrios ecológicos que resultam de atividades humanas desordenadas


causam perturbações, a curto, médio e longo prazo nos ecossistemas naturais, mas
também tende a reverter estas perturbações ao próprio homem, uma vez que ele
vive e depende do meio ambiente para continuar a sobreviver. Sem água potável,
sem ar respirável, sem florestas, sem fauna e flora em equilíbrio, a qualidade de
vida do próprio homem se encontrará ameaçada. Há muitos indícios de que as
mesmas espécies marinhas e terrestres que hoje estão se extinguindo estão
levando consigo substâncias presentes em seus corpos que poderiam ser a solução
de muitas doenças. Isto é especialmente verdadeiro para as centenas de espécies
de plantas e animais desconhecidos da Amazônia, cujas populações inteiras, neste
momento, estão sendo destruídas sem ter sido sequer descobertas e estudados.

Finalmente, o fato que é considerado a causa de muitos processos de


desequilíbrio ecológico é a explosão demográfica da população humana, graças ao
desenvolvimento da tecnologia, da medicina, da melhoria da qualidade de vida em
geral. É importante se ter ciência de que a população está crescendo em
progressão geométrica, mas os recursos necessários à nossa sobrevivência não.

No passado distante, cerca de 5000 anos antes de Cristo temos dados


estimativos que anunciavam uma população mundial com, aproximadadmente, 8
milhões de habitantes e sua previsão de crescimento de acordo com dados atuais
era de dobrar a cada 1800 anos. No entanto, respeitando-se a tendência de
crescimento em progressão geométrica, no início do século XX, a população já
dobrava a cada 100 anos. Atualmente, calcula-se que para a humanidade dobrar de
tamanho sejam necessários apenas 30 anos. A pergunta a ser respondida é a
seguinte: como irá se comportar o meio ambiente e os ecossistemas do planeta
com este crescimento e desenvolvimento desordenado?

122
Biologia Aplicada

Temos uma possível resposta no desenvolvimento sustentável, que prevê o


uso racional dos ecossistemas em benefício do Homem, sem que estes sejam
destruídos, porém alguns conceituados cientistas afirmam não ser mais possível
reverter o quadro existente.

O Problema da Perda da Biodiversidade

É muito importante ressaltar que, tanto a comunidade científica, quanto os


governos e entidades não governamentais ambientalistas, vêm alertando para a
cada vez mais crescente perda da diversidade biológica em todo o mundo, com
particular ocorrência nas regiões tropicais.

A degradação e, principalmente, a perda biótica que está afetando o planeta,


encontra raízes na condição populacional humana contemporânea. Seu
desinteresse, desconhecimento, crescimento explosivo e distribuição desigual da
riqueza fazem com que na sua maioria busque subsistência em níveis abaixo do
recomendado, sobrando pouco ou quase nada para defender interesses mais
amplos com o futuro de todos. Ao passo que, aos mais abastados, mantém-se o
interesse exploratório. A perda da diversidade biológica envolve aspectos sociais,
econômicos, culturais e científicos.

Os principais processos responsáveis pela perda da Biodiversidade são: perda


e fragmentação dos habitats, introdução de espécies e doenças exóticas,
exploração excessiva de espécies de plantas e animais, uso de híbridos e
monoculturas na agroindústria e nos programas de reflorestamento, contaminação
do solo, da água e da atmosfera por poluentes e mudanças climáticas. A alteração
da Biodiversidade em relação à mudança do clima e o funcionamento dos
ecossistemas, apenas agora, começam a ser vislumbradas.

Temos, basicamente, três razões que justificam a preocupação com a


conservação da diversidade biológica: a primeira porque se acredita que a
diversidade biológica seja uma das propriedades fundamentais da natureza, por
sua vez, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas; a segunda
porque se acredita que a diversidade biológica representa um imenso potencial de
uso econômico, em especial através da biotecnologia e a terceira porque se
123
Biologia Aplicada

acredita que a diversidade biológica esteja se deteriorando, inclusive com aumento


da taxa de extinção de espécies, devido ao impacto das atividades antrópicas. Em
virtude destas e outras que temos o Princípio da Precaução, aprovado na
Declaração do Rio durante a UNCED (Rio-92) onde se estabelece que devemos agir
já e de forma preventiva ao invés de continuarmos acomodados aguardando a
confirmação das previsões para então tomarmos medidas corretivas, em geral,
caras e ineficazes. Como foi dito anteriormente, temos alguns fatores que são
determinantes no processo de comprometimento da biodiversidade. Nas próximas
linhas destacaremos alguns desses fatores.

Desmatamento das Florestas


Há 10.000 anos, as florestas recobriam cerca de 60 % da superfície de todos os
continentes, exceto a Antártica, ocupando uma área estimada de 6,8 bilhões de
hectares. Atualmente, a área das florestas foi reduzida a 36 %, ou seja, 2,4 bilhões
de hectares. Em termos mundiais, pode-se dizer que as florestas ainda ocupam
uma área muito representativa, apesar do acelerado processo de desmatamento,
atualmente, em curso. Por outro lado, áreas consideráveis encontram-se em
diferentes níveis de degradação, devido à poluição e uso inadequado pelo homem.

O papel das florestas no equilíbrio da biosfera é fundamental, pois participam


ativamente dos ciclos biogeoquímicos e da água. Absorvem gás carbônico e
liberam cerca de 30% de oxigênio não utilizado na atmosfera, regulam a umidade
do ar, influem no clima e na quantidade de nuvens e chuvas, filtram o ar e a água,
mantendo a sua qualidade. As florestas ocupam ainda um dos mais importantes,
senão o mais importante, patrimônio ecológico da Terra, abarcam uma enorme
quantidade de espécies animais e vegetais, possibilitando crer que pelo menos
metade das espécies vivas seja habitante das florestas.

As florestas mais ricas biologicamente são as tropicais, porém representam


apenas 8 % da superfície terrestre do planeta. Estas áreas estão concentradas
principalmente na Amazônia, nas zonas tropicais da África e Ásia. Nestas regiões, as
matas tropicais estão sendo dizimadas a uma taxa de mais de 13 milhões de
hectares por ano, o que equivale a uma perda de pelo menos 1% de floresta virgem
por ano onde a extração de madeiras constitui numa das principais causas desse
desmatamento.
124
Biologia Aplicada

A madeira também é utilizada como combustível em diversos países,


provocando a demanda muito grande de óxidos de carbono. Esta quantidade
excessiva de gases, emitidos pelo uso da madeira como combustível, acentua o
processo do efeito estufa e o aquecimento global do planeta. Acredita-se que pelo
menos 35 % da humanidade depende da madeira como fonte principal de energia.
Isto significa um sério impacto na biodiversidade do planeta, podendo representar
extinções em massa de espécies inclusive nunca descobertas e estudadas. Erosão
das terras desmaiadas, surtos de doenças (como a malária, leishmaniose, dengue e
febre amarela) e assoreamento de rios são algumas das consequências esperadas.
Consideráveis alterações climáticas, especialmente no regime de chuvas e grau de
umidade do ar, tendem a surgir com o desmatamento. O uso das florestas deve ser
feito de forma equilibrada onde seja possível associar o desenvolvimento da
sociedade humana e a preservação dos recursos naturais do planeta, o que é
denominado de desenvolvimento sustentado.

Por um longo período, considerou-se que a exploração indiscriminada de


madeira seria o principal motivo do desmatamento. Atualmente, sabe-se que ela
não ocupa o primeiro lugar, fica atrás da agricultura itinerante, promovida por
lavradores sem-terra, que se utilizam das florestas, como ação subsistente. Eles são
estimados em 150 milhões no mundo todo, porém não são os únicos a utilizar o
solo de florestas, há também os fazendeiros. Este processo de utilização das
florestas geralmente obedece a três estágios. As empresas madeireiras conseguem
concessões e fazem a terraplanagem das estradas de acesso até a floresta nativa
para extrair a madeira. Famílias de lavradores seguem as estradas em direção à
mata em busca de terra e sustento. Abrem clareiras nas florestas para plantar
culturas de subsistência, cortando todas as árvores e queimando-as (as cinzas são
utilizadas como fertilizantes).

Depois de algumas colheitas (três ou quatro no máximo), pragas, insetos, ervas


daninhas e o empobrecimento do solo forçam os lavradores a se mudarem e
repetirem o ciclo em áreas intactas. Alguns semeiam glebas com gramíneas e as
vendem a criadores de gado, que completam, então, o terceiro e último estágio da
destruição. Cerca de dois terços da floresta da América Central foram destruídos
para fornecer carne barata, geralmente, para hambúrguer. Nesse processo, são
destruídas duas árvores para se produzir um hambúrguer.

125
Biologia Aplicada

Em alguns casos, liquida-se a floresta para dar lugar a extensas plantações de


morango, berinjela, pimenta, abacaxi, banana, açúcar, amendoim, palmito, algodão
entre outros, o que invariavelmente retardaria, mas não resolveria o problema, ou
ainda, servirão para suprir países mais ricos. Barbados, por exemplo, substituiu
florestas por cana-de-açúcar.

Na Malásia, em média, 255.000 hectares de florestas tropicais estão


desaparecendo a cada ano, para dar lugar a novas plantações de borracha e óleo
de palma.

Além disso, outro fator importante é a utilização do fogo na plantação. Isto


elimina a presença de alguns nutrientes fundamentais para o processo de
recuperação do solo, não sendo mais possível recuperá-lo. Para não falar na erosão
que culmina num irreversível processo de desertificação. Como consequência do
desmatamento, as imagens de satélite mostram um aumento gradativo nas áreas
de deserto no planeta.

Desertificação
Trata-se de uma região que recebe em média menos que 250 mm anuais de
precipitação d’água. Em virtude desta característica, promove uma pobreza
populacional, gerando a redução da vegetação e da capacidade produtiva do solo,
principalmente de regiões áridas, semiáridas e subúmidas, causadas por atividades
humanas inadequadas e em menor grau, por mudanças naturais. Segundo o World
Watch Institute, cerca de 15% da superfície terrestre sofre algum grau de
desertificação. As áreas mais afetadas são as do oeste da América do Sul, as do
nordeste do Brasil, do norte e do Sul da África, as do Oriente Médio, da Ásia Central,
do noroeste da China, da Austrália e do sudeste dos Estados Unidos.

A desertificação pode atingir também áreas úmidas. No Brasil, os exemplos


mais sérios são os pampas gaúchos, o cerrado do Tocantins e o norte do Mato
Grosso. Desde a primeira Conferência Mundial sobre Desertificação, no Quênia em
1997, os cientistas tem mostrado que o aumento das regiões áridas não decorre
somente da progressão natural do deserto. O alastramento vem sendo provocado
principalmente pelo homem, por meio do desmatamento de extensas áreas de
floresta, da agropecuária predatória e de alguns tipos de mineração, como a
extração dos cristais das rochas.

126
Biologia Aplicada

No Brasil, as áreas próximas ou dentro deste contexto, são aquelas abrangidas


pelo Polígono das Secas, ou seja, as regiões semiáridas e subúmidas secas do
nordeste brasileiro. O primeiro mapa de susceptibilidade à desertificação foi
elaborado pelo Núcleo Desertos/ IBAMA em 1992, por ocasião da realização da
Conferência Internacional sobre o Impacto das Variações. O Nordeste apresenta
grande diferenciação ecológica, com secas e estiagens atingindo grande parte do
território. Simplificadamente, a região pode ser dividida em 4 grandes conjuntos
fisiográficos: mata, agreste, cerrado e sertão.

Extinção de espécies
Assim como a introdução de novas espécies, a extinção também pode causar
sérios distúrbios ao equilíbrio de um ecossistema. Embora o fenômeno da extinção
de espécies seja comum na natureza, a extinção recente de um grande número de
espécies é consequência da atividade humana, neste aspecto, torna-se incomum o
desaparecimento de uma ou mais espécies. A destruição de seus habitats é outro
importante fator de extinção. Temos a caça e a pesca excessiva, denominadas caça
e pesca predatória. Estas também têm levado inúmeras espécies à extinção. O
tamanho mínimo que uma população tem de atingir para não se extinguir varia de
uma espécie para outra, ele depende da sua capacidade reprodutiva, da sua
vulnerabilidade às influências do meio e da duração de seu ciclo vital, entre outras
coisas. Das espécies que o homem caça atualmente, muitas estão ameaçadas de
extinção, uma vez que suas populações já estão atingindo o limite de tamanho
mínimo necessário para sua manutenção. Outras, mesmo que a caça pare
imediatamente, já não terão capacidade de se recuperar e, fatalmente, se
extinguirão.

Chuva Ácida
Este termo provém de um fenômeno que surgiu com a crescente
industrialização do planeta, relaciona-se diretamente com a poluição do ar,
manifestando-se com maior intensidade e maior abrangência nos países
desenvolvidos. Não obstante, tal fenômeno começa a manifestar-se também em
pontos isolados, nos países em desenvolvimento, como o Brasil.

127
Biologia Aplicada

As emissões de fumaça dos veículos automotores, das usinas termelétricas à


base de carvão, das indústrias de celulose, das refinarias, assim como qualquer
poluente gasoso lançado na atmosfera, contribui para a formação de chuva ácida.
Compostos à base de enxofre e nitrogênio são os principais componentes desta
chuva, que pode se manifestar tanto no local de origem, como a centenas de
quilômetros de distância dele. Um exemplo disto é a mineração de carvão em
Criciúma, em Santa Catarina, que é responsável pela chuva acidificada pelo enxofre
emanado do carvão depositado, que se mistura às formações de nuvens, em
suspensão no ar. Esta chuva quando transportada pelos ventos vai cair, por
exemplo, no parque nacional de São Joaquim, também em Santa Catarina, situado
a muitos quilômetros de distância.

Nos gases produzidos e lançados pelas fábricas e motores automotivos são


liberados predominantemente óxidos, usando como exemplo o dióxido de enxofre
(SO2), os quais reagem com o vapor da água produzindo ácido sulfúrico (H2SO4),
que é diluído na água da chuva e dando origem a chuva ácida, com pH muito
ácido.

O pH (índice utilizado para medir acidez: quanto menor mais ácido), medido
para a maioria das chuvas ácidas, assume valores inferiores a 4,5 (o pH de uma
chuva normal é de 5,0). Este tipo de chuva, quando frequente provoca acidificação
do solo, prejudicando também plantas e animais, a vida dos rios e florestas. Da
mesma forma, as edificações presentes na área são afetadas. Um lago que tem seu
pH reduzido a 4,5, por doses repetidas de chuva ácida, impossibilita condições de
vida para vários organismos. Um pH 2,0 iguala-se ao pH do suco de limão.

O excesso de nitrogênio lançado pela chuva ácida em determinados lagos


também pode causar crescimento excessivo de algas e, consequentemente, perda
de oxigênio, provocando um significativo empobrecimento da vida aquática.

A ingestão de água potável acidificada, por longos períodos, pode causar a


doença de Parkinson e de Alzheimer, a hipertensão, problemas renais e,
principalmente em crianças, danos ao cérebro. Continuando no ritmo atual de
poluição do ar, nos próximos 30 anos a chuva ácida causará maiores alterações na
química dos solos do que as florestas tropicais poderiam suportar. Este fenômeno
pode ser reduzido pela instalação de equipamentos que evitem as emissões
gasosas, principalmente de compostos de enxofre e nitrogênio.

128
Biologia Aplicada

No Brasil, a mata atlântica é extremamente afetada pela chuva ácida, uma vez
que muitos centros urbanos e industriais se localizam próximos ao litoral. Em
Cubatão (São Paulo) vários programas de reflorestamento têm acontecido nos
últimos anos, a fim de proteger as encostas cuja vegetação foi destruída.

Leitura complementar

KORMONDY, E.J. Ecologia Humana. 1. ed. Rio de Janeiro: Ed. Ateneu, 2002.

LÉVÊQUE, C. A biodiversidade. 1. ed. Bauru, SP: EDUSP, 1999.

Terminamos assim nossa última unidade.

Então você já sabe da importância de possuirmos o título de país da mega


diversidade, aprendeu também que fenômenos globais naturais que são
aumentados e agravados pelo homem, tais como: chuva ácida, desmatamentos,
queimadas, enfim situações que nos levam a pensar no que pode acontecer se não
começarmos a mudar radicalmente nosso comportamento em face do ambiente.

É HORA DE SE AVALIAR

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo


a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-
aprendizagem.

129
Biologia Aplicada

Exercícios - Unidade 6

1) A interferência humana nos ecossistemas tem gerado graves problemas à


biosfera. Relacione as colunas referentes às alterações no meio ambiente e à
descrição dos seus prejuízos.

1. Alteram as populações de animais e afetam a


A – Desmatamento. cadeia alimentar.

B - Caça e pesca descontrolada. 2. Provoca a contaminação da água e do solo e a


proliferação de doenças.
C - Produção de lixo.
3. Elimina o abrigo e o alimento de muitos seres
vivos
Indique a alternativa em que se encontra a associação correta.

a) A3; B1; C2.

b) A2; B3; C1.

c) A3; B2; C1.

d) A1; B3; C2.

e) A2; B1; C3.

2) Entre os vários efeitos destrutivos da temperatura do solo, durante a queimada


da cana-de-açúcar, temos:

a) a incorporação do carbono em compostos orgânicos que são produzidos em


altas temperaturas.

b) a perda de nitrogênio, graças a sua incorporação em compostos insolúveis,


formadas durante a produção de cinzas.

c) o aumento da taxa respiratória dos microrganismos do solo.

d) a destruição de parte dos micro-organismos de solo, importantes nos


processos de síntese e degradação da matéria orgânica.

e) a manutenção do sistema radicular e perda da parte aérea da vegetação


local.

130
Biologia Aplicada

3) Em relação ao ciclo de chuvas na Amazônia e a transformação gradual da


exuberante floresta tropical em um imenso cerrado, os principais responsáveis por
esses desequilíbrios seriam:

a) apenas os desmatamentos.

b) desertificação.

c) queimadas e desmatamentos.

d) queimadas, desmatamento e o aquecimento das águas do oceano Atlântico.

e) queimadas, desmatamentos e desertificação.

4) O frequente derramamento de petróleo em águas brasileiras tem provocado


danos graves ao meio ambiente. De acordo com esse fato, é correto afirmar que:

A. os peixes, por viverem abaixo da superfície das águas, não são afetados.

B. as aves marinhas, em contato com a película flutuante de petróleo, podem


morrer.

C. a película flutuante impede a penetração da luz na água, salvando, assim, os


peixes.

D. os organismos aquáticos fotossintetizantes morrem devido à ausência de luz.

E. a ingestão de organismos que tiveram contato com esse fenômeno poderá


acarretar danos à saúde humana.

Assinale a alternativa.

a) Apenas A e B estão corretas.

b) Apenas A, B e C estão corretas.

c) Apenas B, C e E estão corretas.

d) Apenas B, D e E estão corretas.

e) Apenas A, B, C e E estão corretas.

131
Biologia Aplicada

5) O homem é o maior responsável pela poluição do meio ambiente e o lixo,


constantemente produzido por ele, é fonte em potencial de poluição. Atualmente
a solução mais indicada do problema é o seu aproveitamento. Indique a opção que
apresenta dois produtos que podem ser obtidos na reciclagem do lixo.

a) Mercúrio e fertilizante.

b) Metano e adubo.

c) Inseticida e butano.

d) Herbicida e pesticida.

e) Detergente e nitrato.

6) A utilização de inseticidas clorados representa grande perigo já que são muito


estáveis e permanece longo tempo nos ecossistemas. Dada a cadeia: capim –
inseto – pássaro – cobra – gavião, vimos que a maior concentração de DDT por
quilo de organismo seja encontrada:

a) na cobra.

b) no inseto.

c) no pássaro.

d) no gavião.

e) no capim.

132
Biologia Aplicada

7) Dentre os diversos recursos que encontramos na natureza, temos os renováveis


e os não-renováveis. A opção que apresenta, respectivamente, ambos os recursos
é:

a) petróleo; minério.

b) madeira; petróleo.

c) madeira; couro.

d) petróleo; madeira.

e) couro; fibras, vegetais.

8) Assinale a alternativa errada.

a) A água, além de poluída por dejetos industriais e esgotos, pode também ser
poluída pela agricultura.

b) A poluição da água com substâncias não biodegradáveis pode perturbar todo


equilíbrio ecológico de uma região.

c) A inversão térmica, que tem causado problemas de saúde em áreas rurais, é


ocasionada pela poluição atmosférica.

d) A inversão térmica, que tem ocasionado problemas de saúde em áreas


industriais, agrava a poluição atmosférica.

e) A poluição atmosférica se dá não só pela indústria, mas também pela circulação


de carros e ônibus.

133
Biologia Aplicada

9) O termo biosfera pode ser definido de que maneira?

10) Como se define o termo eutrofização? Explique como este ocorre.

134
Biologia Aplicada

Considerações Finais

Concluímos o trabalho de aprendizagem em Biologia Aplicada . Ao longo das


unidades de estudo você aprendeu sobre a origem da ecologia, o significado e
utilização de seus termos, como proceder em ambientes naturais e artificiais,
conheceu vários ecossistemas, sobretudo, os brasileiros e tomou parte no
conhecimento das situações de desequilíbrio e saque ao ambiente ocasionado na
sua grande maioria por ações antrópicas e suas possíveis soluções.

Assim, o ensino à distância lhe parabeniza por ter concluído seus estudos,
aumentando sua bagagem de conhecimentos e habilidades que irão beneficiá-lo
por toda a vida.

Mas a aprendizagem não para por aí, mantenha o hábito de ler, atualize-se
sempre e não se esqueça de praticar o que foi aprendido.

135
Biologia Aplicada

136
Biologia Aplicada

Conhecendo o Autor

Claudio Augusto Vieira Rangel

Professor da UNIVERSO há cinco anos,onde ministra conteúdos voltados para


o ambiente, nas disciplinas de ECOLOGIA do curso de Ciências biológicas e
também é professor na rede de ensino público e privado desde 1987, atuando na
educação básica, no ensino médio. Além disso, possui p experiência de oito anos
em Aquicultura (cultivo de organismos aquáticos), onde é autor técnico em
confecção de laboratório de larvicultura de pós-larvas de camarões e alevinos de
peixes.

Possui bacharelado em Biologia Marinha, Licenciatura em Ciências,


especialização em Docência do ensino superior e é Mestre em ensino de Ciências
da Saúde e do Ambiente, possui artigos na área de Aquicultura e Educação.

137
Biologia Aplicada

138
Biologia Aplicada

Referências

ASSIS,. J. C. de. Preservação da água: questão de sobrevivência – folheto editado


pelo CREA-RJ. 2002.

LOVELOCK, J. A Vingança de Gaia. 1. ed. São Paulo: Ed. Intrínseca, 2006.

SILVEIRA, Carmen L. P. Água: recurso Hídrico para irrigação e consumo: enfoque


tecnológico para ensino de ciência da saúde e ambiente. 1.ed. Niterói-RJ: Papel
Virtual, 2004.

TUNDISI, J. G.. Água no século XXI – Enfrentando a Escassez. 2. ed. São Carlos:
RiMa, 2005.

RICKLEFS, Robert E. A economia da natureza. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2003.

SOARES, Jose Luis. Dicionário etimológico e circunstanciado de biologia. 1. ed..


São Paulo: Scipione,1993.

COELHO, Ricardo Motta Pinto. Fundamentos em ecologia. 1ª reimpressão. Porto


Alegre: Artmed, 2002.

ODUM. Eugene P. Ecologia. 1.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.

139
Biologia Aplicada

140
Biologia Aplicada

A nexos

141
Biologia Aplicada

Unidade 1

1-e

2-c

3-d

4-a

5-b

6-d

7-c

8-a

9- Transporte dos grãos de pólen desde a antera até o estigma (estrutura própria
do gineceu) da mesma ou de outra flor. A polinização só é eficiente quando o
pólen é conduzido de uma flor para outra, carregado nas patas de um inseto.

10-Estes são ambientes menores dentro da biosfera. Há três biociclos: Talassociclo -


biociclo marinho; Epinociclo - biociclo terrestre; Limnociclo - biociclo da água doce,
todos eles apresentam também divisões próprias que se denominam biócoros.

Unidade 2

1-a

2-a

3-a

4-a

5-b

6-d

7-a

8-c

142
Biologia Aplicada

9- A população será maior na ilha de hábito alimentar vegetariano, pois esta


aproveitará melhor a energia presente no nível trófico, além de possuir menos
níveis tróficos do que na população de hábitos carnívoros.

10-As algas são produtoras, iniciam uma cadeia alimentar, e os fungos são
decompositores, terminam uma cadeia alimentar, por isso, ambos são
fundamentais.

Unidade 3

1-d

2-b

3-c

4-a

5-c

6-c

7-d

8-e

9- Observando as oscilações de populações de acordo com o seu ciclo vital, ou seja,


como ocorrem essas flutuações ao longo dos anos.

10- É a capacidade de reprodução de um organismo em condições ótimas, ou seja,


sem nenhuma resistência ambiental.

Unidade 4

1-b

2-b

3-e

4-b

143
Biologia Aplicada

5-a

6-d

7-d

8-a

9- É um bioma localizado perto da tundra ártica, um pouco mais ao sul. Os invernos


são rigorosos, apesar de a estação quente ser mais longa e com temperaturas mais
elevadas que a da tundra. O fato de o subsolo se descongelar no verão, o que não
ocorre na tundra, permite o desenvolvimento de uma vegetação mais exuberante,
constituída por florestas de pinheiros abertos e várias espécies de coníferas. Junto
aos rios vivem árvores como salgueiros, bétulas e álamos. No solo, existe uma
espessa camada de folhas em lenta decomposição, onde se desenvolvem vários
tipos de fungos.

Existem muitos tipos de mamíferos na taiga: alce, ursos, lobos, raposas, martas,
lebres e esquilos, entre outros. A fauna de invertebrados é podre, pois as folhas
junto ao solo se decompõem muito lentamente, o que dificulta a sobrevivência
desses animais.

10-A característica da savana é ter uma região de relevo plano cuja vegetação
geralmente é de gramíneas com algumas árvores esparsas e arbustos isolados ou
em pequenos grupos. Normalmente, servem de zonas de transição entre bosques
e prados. As savanas da África são típicas deste tipo, sendo a mais famosa o
Serengueti.

Unidade 5

1-c

2-c

3-e

4-b

5-e

6-d

7-b

144
Biologia Aplicada

8-d

9- Este ecossistema é o manguezal, ótimo local para berçário de outros seres vivos,
coletor de lixos trazidos de outras áreas.

10-Eliminação da vegetação natural, com estímulo dos processos erosivos,


mudanças nas características de drenagem por cortes e aterros, geração de lixo,
geração de esgoto doméstico, além do aumento na procura por recursos naturais.

Unidade 6

1-a

2-d

3-d

4-d

5-b

6-d

7-b

8-c

9- Como o conjunto de todas as regiões do planeta, representado pela litosfera,


hidrosfera e a atmosfera.

10-Aumento da matéria orgânica disponível em um ambiente. Ocorre com a


proliferação intensa de micro-organismos aeróbicos e consequente diminuição da
quantidade de oxigênio disponível na água, matando os seres aeróbicos.

145

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