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1. INTRODUÇÃO
2. ABORDAGEM HISTÓRICA
“554. Intende-se, que nesta sociedade não será permitido a sócio algum ter conta
currente com ella, em quanto não tiver integralmente verificada a sua entrada respectiva
na caixa social, salva convenção especial em contrario.
656. Todo o sócio tem direito a pedir os juros de desembolso, que faça de dinheiro
seu para a vantagem commum social. Os gastos de viagens, sustento, e outros
consequência de operação commercial devem egualmente ser-lhe pagos.
661. Quando um dos sócios deixar na massa social com consentimento expresso ou
tácito dos demais sócios a sua quota dos lucros sociaes, perceberá della juros, como da
sua entrada primitiva a contar da data da expiração do anno social, salvas as
convençoens, que a este respeito possão ter logar.”
Também o Código de Veiga Beirão (1888) determinava, no seu art.º 160.º: “todo
o sócio de uma sociedade em nome colectivo tem direito a ser indemnizado (…) pela
sociedade (…) por quaisquer quantias desembolsadas em proveito dela, além do ca-
pital a que se obrigou respectivos juros, pelas obrigações contraídas em boa fé para
a vantagem comum social (…) e pelos gastos de viagem, sustento e outros resultantes
de operação social”.
Prestações Suplementares e Suprimentos 189
“O capital, porém, que o sócio contribúe como valor da sua quota não deve ser
confundido com o que êle empresta ou desembolsa por conta da sociedade, e que se
costuma designar por suprimentos à caixa. Estes suprimentos não constituem aumento do
capital social; mas sim um débito da sociedade. Eles são capital sómente como soma de
dinheiro; e pertencem a quem o faz, não a titulo de sócio, mas sim como crèdor. Por isso,
ao passo que, na qualidade de sócio, ele póde perder o respectivo capital, na proporção
da sua quota; como credor, êle terá o direito de ser pago integralmente (salvo no caso
de falência), fóra da sua contribuição social. Em caso de liquidação da sociedade, estes
suprimentos terão de ser pagos antes da partilha do activo social entre todos os sócios,
como o seria qualquer outra dívida social. Não é, por isso, admissível a doutrina de que,
em caso de dúvida, o excesso do que o sócio despendeu ou contribuiu deve reputar-se
como acrescentamento da respectiva quota, e não como empréstimo ou suprimento á
caixa”.
De acordo com Pinto Duarte 2 o direito alemão desenvolveu regras sobre esta
matéria, segundo as quais os empréstimos dos sócios à sociedade, substitutos de ca-
pital próprio, devem, em caso de falência, ser tratados como se de capital próprio se
tratasse. Assim o legislador alemão, quando reformou a GmbH-Gesetz (Lei das Socie-
dades por Quotas alemã) em 1980, introduziu dois novos parágrafos, onde determina
que o sócio que tenha feito um empréstimo à sociedade, apenas pode exigir o seu
crédito em caso de falência da sociedade, como credor subordinado.
Ainda de acordo com Pinto Duarte, esta doutrina alemã teve, há mais de trinta
anos, eco em Portugal, uma vez que Raul Ventura, no seu estudo legislativo de 1969,
1
CUNHA GONÇALVES,Comentário ao Código Comercial Português, vol. I, Lisboa, 1914, pp. 272. Or-
tografia transcrita conforme o texto original.
2
PINTO DUARTE, Rui e outros, Problemas do Direito das Sociedades, artigo sob o título “Suprimentos,
Prestações Acessórias e prestações Suplementares”, Ed. Instituto de Direito das Empresas e do Trabalho (IDET),
Almedina, Coimbra, Abril de 2003, pp. 263.
190 Temas de Contabilidade, Fiscalidade, Auditoria e Direito das Sociedades
3. AS PRESTAÇÕES SUPLEMENTARES
4. SUPRIMENTOS
3
FERNANDES FERREIRA, Rogério, Suprimentos, Amortizações, Provisões e Mais-Valias, Cadernos de
Ciência e Técnica Fiscal, Centro de Estudos Fiscais da Direcção-Geral das Contribuições e Impostos, nº 33,
Ministério das Finanças, 1964, p. 13.
Prestações Suplementares e Suprimentos 193
Desta segunda modalidade pode ainda extrair-se uma terceira, quando o sócio
adquire um crédito de terceiro sobre a sociedade, com vencimento diferido, por negó-
cio entre vivos.
O carácter de permanência é um requisito obrigatório subjacente a ambas as
modalidades assumidas pelo contrato de suprimento.
O art.º 243.º, n.º 2 e n.º 3 do CSC aponta as seguintes características quanto à
permanência:
• Prazo de reembolso superior a um ano, independentemente do momento em
que seja definido esse prazo, ou seja anterior ou posterior à constituição do
crédito;
• Nos casos de diferimento do vencimento do crédito, calcula-se nesse prazo, o
tempo decorrido desde a constituição do crédito até ao acordo do diferimento;
• A não utilização da faculdade de reclamar o crédito devido pela sociedade
durante um ano, contado a partir da constituição do crédito, quer não tenha
sido determinado um prazo, quer tenha sido estipulado um prazo inferior.
7. CONCLUSÕES
BIBLIOGRAFIA