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Caixa de Pandora: A Polícia Federal começou a investigar um suposto

pagamento de propina a deputados para que votassem de acordo com o governo de José
Roberto Arruda (DEM-DF) em setembro de 2009. O secretário de Relações
Institucionais à época, Durval Barbosa, que responde a pelo menos 28 processos na
justiça, começou então a colaborar com a investigação na forma de delação premiada.
Sua ajuda incluiu, além de explicações e denúncias, 30 vídeos com imagens de
negociações, alguns deles envolvendo o próprio governador do Distrito Federal
A investigação culminou na Operação Caixa de Pandora, que ocorreu no dia 27
de novembro de 2009. Nela foram recolhidos como evidência documentos,
computadores e mais de 700 mil reais, além de alguns milhares de dólares e euros. O
caso foi divulgado amplamente pela imprensa nacional, sendo conhecido como
“Mensalão do DEM”, embora também tenham participado no suposto esquema
deputados de outros partidos.
Reação dos acusados: No mesmo dia da operação, que ao todo realizou 29
buscas, o governo de José Roberto Arruda exonerou o colaborador do inquérito policial,
o então Secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa. Além dele, foram
afastados de seus cargos o assessor de imprensa de Arruda, Omésio Pontes, o chefe de
gabinete, Fábio Simão, o secretário de Educação do DF, José Luis Valente, e o
secretário da Casa Civil, José Geraldo Maciel. Estes, porém, permanecendo no governo.
A reação do então governador Arruda incluiu também uma declaração de que o
desvio de recursos provavelmente viria desde o governo de seu antecessor, Joaquim
Roriz. Dois dias depois Arruda e o seu vice Paulo Otávio divulgaram nota conjunta
afirmando serem inocentes e repudiando as denúncias.
O então presidente da Câmara Legislativa do DF, Leonardo Prudente (DEM),
apareceu em um dos vídeos que foi divulgado pela imprensa recebendo vários maços de
dinheiro, colocando inclusive parte deles na meia, gesto que ficou marcado. Como
resposta às acusações, o deputado afirmou que era ajuda financeira para sua eleição em
2006.
Reação dos aliados e oposição: No dia 30 de novembro de 2009, ou seja,
apenas 3 dias depois do escândalo ter vindo a público, alguns parlamentares do DEM
afirmaram não haver clima para que o governador José Roberto Arruda e seu vice Paulo
Octávio continuassem no partido. Alguns dias depois, no dia 10 de dezembro, sob
pressão da direção nacional e a ameaça de que seria aberto processo de expulsão contra
ele, Arruda se desfiliou do Democratas. Sob as mesmas ameaças o seu vice, Paulo
Octávio também pediu a desfiliação, alguns meses depois, em 23 de fevereiro de 2010.
O ex-presidente da câmara legislativa distrital, Leonardo Prudente também se desfiliou
depois de ameaças semelhantes.
Os demais partidos que compunham a base governista deixaram a aliança. No
dia 30 de novembro o PDT e o PPS entregaram os cargos no governo e no dia 1º de
dezembro entregaram os cargos o PSDB e o PV.
Nos primeiros dias após a operação Caixa de Pandora, dez processos de
impeachment haviam sido protocolados na Câmara Legislativa. Os mais importantes
pedidos vieram da OAB-DF e do presidente do PT-DF, o ex-deputado federal Chico
Vigilante. A Câmara Legislativa do Distrito Federal, no dia 4 de março de 2010,
aprovou o parecer da Comissão Especial pedindo a abertura do processo de
impeachment de José Roberto Arruda.
Paulo Octávio no governo e renúncia: Após a prisão do então governador
Arruda, o seu vice Paulo Octávio decidiu assumir a vaga, afirmando não haver prova
alguma contra ele. Sua posse motivou o procurador-geral da república solicitar ao STF
intervenção federal no DF. Paulo Octávio também foi alvo de quatro pedidos de
destituição do cargo na Câmara Legislativa.
Diversas denúncias contra ele foram veiculadas na imprensa. Segundo a Folha
de São Paulo, suas empresas teriam recebido 10,4 milhões de reais para publicidade do
Governo do Distrito Federal. Foi divulgado também relatório da PF, segundo o qual,
30% do valor da propina arrecadada por Durval Barbosa seria repassada diretamente a
Paulo Octávio.
Após a executiva nacional do DEM ter dado o prazo de até o dia 24 de fevereiro
de 2010 para que ele deixasse a legenda ou renunciasse o governo do DF, no dia 23 de
fevereiro de 2010, Paulo Octávio pede a sua desfiliação do DEM para não ser expulso.
No mesmo dia, renuncia ao governo do Distrito Federal.
Impeachment no TRE: Por razão de desfiliação partidária, Arruda teve seu
mandato caçado no TRE em 16 de março de 2010. Em uma votação disputada, decidida
apenas por um voto entre os 7 juízes. Houve uma argumentação de que o DEM o
pressionou para deixar o partido sem respeitar o direito garantido pela Constituição de
ampla defesa. Tal tese foi derrotada nessa primeira decisão, porém cabe o direito a
recurso da defesa.
Sendo então a decisão de TRE reversível e motivada por razões diferentes
àquelas dos outros pedidos de impeachment, se entendeu que os outros processos, na
justiça e na Câmara Legislativa do Distrito Federal deveriam prosseguir.
CPI: Foi formada uma CPI para investigar o caso chamada de CPI da Codeplan
(Companhia de Planejamento do Planalto Central), o nome de uma de uma empresa do
DF que estaria envolvida nos casos de corrupção. Durante o governo de Roriz, quem a
presidiu foi o colaborador da polícia na Operação Caixa de Pandora, Durval Barbosa. Já
durante o período de Arruda o presidente foi o atual governador, Rogério Rosso, eleito
pela Assembleia Legislativa para terminar o mandato do próprio Arruda.
Criada em janeiro deste ano, a CPI da Câmara Legislativa do DF investigou
denúncias de condutas ilícitas e imorais de agentes públicos e políticos, ocorridos no
âmbito da Codeplan, responsável pela execução de obras públicas, e outros órgãos da
estrutura administrativa do GDF, no período compreendido entre janeiro de 1991 e
novembro de 2009.
A CPI terminou seus trabalhos no dia 25 de agosto de 2010, indiciando 22
pessoas, incluindo 3 deputados distritais, ex-integrantes do governo distrital e os ex-
governadores Joaquim Roriz (2003-2006), José Roberto Arruda (2007-2010) e Paulo
Octávio (2010). O documento recomenda também que a Câmara Legislativa do Distrito
Federal rejeite as contas dos últimos três governadores do DF: Joaquim Roriz, Maria de
Lourdes Abadia e José Roberto Arruda.
Partindo da investigação da Polícia Federal, depoimentos dados ao Ministério
Público e à CPI, e principalmente as denúncias feitas pelo ex-secretário de governo
Durval Barbosa, o relatório aponta que uma organização criminosa instalada no governo
do Distrito Federal fazia pagamentos sem contrato, dispensava licitações, superfaturava
preços, assinava contratos por indicação política e reconhecia dívidas de modo
fraudulento.
Ainda segundo o relatório da CPI, entre os anos de 2000 e 2010, saíram dos
cofres do Governo do Distrito Federal R$ 4,2 bilhões em contratos feitos com empresas
diretamente ligadas ao suposto esquema de pagamento de propina.
Processos hoje: No dia 9 de agosto de 2010 a Polícia Federal concluiu o
relatório final da Operação Caixa de Pandora. Ele aponta o ex-governador José Roberto
Arruda como chefe de uma organização criminosa para desviar recursos públicos por
meio de empresas contratadas por seu governo.
O processo, de 93 páginas, foi então enviado ao ministro Arnaldo Esteves Lima,
que conduz o inquérito da Caixa de Pandora no Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde
ainda tramita.
O Conselho Nacional do Ministério Público também investiga o caso, em
virtude de um suposto envolvimento de promotores no escândalo. No dia 4 de
novembro de 2010, Arruda participou de acareação junto com Durval Barbosa e o
jornalista Edson Sombra, principais testemunhas do mensalão do DEM. O caso corre
em segredo no órgão.

Caixa de Pandora
Reação dos acusados
Paulo Octávio
Impeachment no TRE
CPI
Processo Hoje

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