Boletim Nº 5 - Ano 5 - Março de 2019
com/esquerdaautonoma
Militarização: disciplina a serviço de que e de quem?
O ano letivo de 2019 começou com a implementação
de um projeto piloto de militarização de algumas
escolas localizadas em regiões de vulnerabilidade
social do Distrito Federal, tendo como critérios de
inclusão no projeto os indicies dessas escolas em
indicadores como IDEB, IDH e no mapa da violência.
Em função disso, nós do coletivo Esquerda Autônoma
convidamos a categoria a refletir, coletivamente,
acerca de alguns pontos sobre esse projeto.
Em primeiro lugar, é preciso colocar que uma
decisão desse porte precisa ser tomada com
transparência e ampla participação da comunidade
escolar. Nós, professoras e professores, fomos
devidamente consultadas (os)? As instâncias
deliberativas de participação da comunidade
escolar, sobretudo Assembleia Geral Escolar e
Conselho Escolar dessas escolas foram ouvidas
adequadamente? Os índices dessas escolas
do IDEB, IDH e do mapa da violência foram
amplamente divulgados no Distrito Federal?
Especificamente sobre os indicies de violência, a
militarização tem colocado as escolas e, portanto,
a juventude como geradoras da violência ou
como reprodutoras de uma questão social que se
inicia anteriormente
à inserção do
crime nas escolas?
Em segundo lugar, é
necessário questionar
o investimento
financeiro destinado
ao projeto. Com
o investimento
mínimo de 200 mil
por escola, além do
PDAF, não seria mais
estratégico empregar
esse investimento na:
construção de novas
escolas; garantia de transporte e acessibilidade de
qualidade às escolas; nomeação de orientadoras (es)
educacionais e demais profissionais habilitados a
gerenciar conflitos escolares no âmbito pedagógico?
Para exemplificar alguns desses profissionais,
podemos citar: psicólogos, artistas, profissionais
fb.
para atuar em laboratórios de informática (sabemos
o quão esses espaços são mal utilizados em
nossas escolas), assistentes sociais, dentre outros.
Compondo, assim, uma equipe multidisciplinar
com mais autonomia de gestão para encaminhar
melhor as situações de violência na escola.
Essa forma de atuação como enfrentamento à
violência nos leva a refletir sobre o que tem sido um
dos cernes dessa política: associar a rígida disciplina
à educação da qualidade e à redução da violência.
Enquanto coletivo, não somos contrários à
disciplina. Ao contrário, sabemos que nossa
profissão, inclusive, exige-a. No entanto, deve-
se distinguir atuação disciplinar de polícia da
atuação disciplinar pedagógica, exercida por
profissionais vinculados à educação e devidamente
nomeados e remunerados. Assim, as orientações
disciplinares devem ser discutidas e adotadas
dentro das concepções pedagógicas dos projetos
das escolas, pois, do contrário, a disciplina
implementada estará a serviço de que e de quem?
Certamente de uma política neoliberal excludente
que responsabiliza o indivíduo e se enrijece, ainda
mais, apenas contra os mais pobres e vulneráveis.
Uma educação
pública de qualidade
deve ser, antes de
tudo, não excludente.
A proposta de
militarização reúne
vários elementos, que
vão desde questões
identitárias até
sócio-econômicas,
que propiciam o não
pertencimento ao
ambiente escolar,
fomentando, a
evasão e exclusão.
Por fim, vale lembrar que, apesar de a educação
não estar limitada aos indicadores, os Institutos
Federais possuem altos índices de aprovação
e não são militarizados, exemplificando outros
caminhos para uma educação pública de qualidade.

A FARSA DO DÉFICIT DA
PREVIDÊNCIA
REFORMA TRABALHISTA + REFORMA DA PREVIDÊNCIA
+ TRIBUTAÇÃO REGRESSIVA = PARAÍSO DO CAPITAL +
INFERNO PARA OS TRABALHADORES
Apesar de vários especialistas indicarem que o
orçamento da previdência não é deficitário, não
vemos nenhum meio de comunicação propagar essa
realidade. Há uma grande falcatrua acontecendo.
Precisamos entender isso para não continuarmos
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a socie-
dade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante
recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribui-
ções sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equipara-
da na forma da lei, incidentes sobre: (Nova redação dada pela
EC 20/98)
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho
pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe
preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
manipulados.
Arrecadação
O primeiro problema que se deve ter atenção é a
diferença das fontes de arrecadação. A grande mídia
sempre apresenta dados sobre todo o orçamento
público, demonstrando que há um déficit. Mas,
se divido entre os dois setores, SEGURIDADE
SOCIAL(Previdência, Saúde e Assist. Social)
e ORÇAMENTO FISCAL, o orçamento da
seguridade social é superavitário. Ao lado,
mostramos a diferença dos cálculos do governo
e da oposição.
Para além do debate sobre a metodologia
do cálculo, ainda devemos listar os problemas
reais no orçamento da Seguridade Social que
prejudicam os trabalhadores:
- As desonerações, a má gestão e a
desvinculação de receitas já provocam redução
de cerca de R$ 428 bilhões anuais. Sendo R$
144 bilhões de desonerações + R$ 92 bilhões
Desvinculação de Receitas da União + R$
192 bilhões resultado de sonegação, fraudes,
inadimplência e erros de gestão.*
- o procurador Paulo Penteado Teixeira Junior
afirmou ainda que, com base nos dados levantados pela
CPI da Previdência, entre 2007 e 2016, a seguridade
teria deixado de receber cerca de R$ 2,2 trilhões, em
valores corrigidos, por conta das desonerações, ou
seja, o dobro da atual meta da reforma da previdência.
- a atual política neoliberal desaquece a economia,
diminuindo quantidade de contribuintes. Tanto por
diminuição do salário real quanto por diminuição do
número de trabalhadores empregados contribuintes.
- a reforma trabalhista afasta as pessoas do mercado
formal com carteira assinada, aumentando o número
de trabalhadores informais e pessoas jurídicas (PJ),
que contribuem proporcionalmente menos para a
seguridade social, diminuindo o montante geral que
há para todos os trabalhadores, em benefício dos
empregadores.
- Newton Pereira informou que a dívida ativa da
União já chegou a R$ 1,8 trilhão e lembrou que 60%
das dívidas estão concentradas nas mãos de 3% dos
devedores*
*fonte: https://www12.senado.leg.br/noticias/
materias/2018/08/10/seguridade-tem-perda-de-r-428-
bilhoes-por-ano-afirmam-convidados
Orçamento Fiscal
Porém, se dividíssemos os dois orçamentos, apenas
trocaríamos a origem do déficit público de lado, ou
seja, colocaríamos toda a dívida na arrecadação do
Orçamento Fiscal, aquele voltado para a sustentação
do Estado e salvaríamos a Seguridade Social. A outra
solução orçamentária possível faz com que a sociedade
tenha que repensar todo o sistema tributário
brasileiro, que é um dos mais injustos e regressivos do

A FARSA DO DÉFICIT DA
PREVIDÊNCIA
REFORMA TRABALHISTA + REFORMA DA PREVIDÊNCIA
+ TRIBUTAÇÃO REGRESSIVA = PARAÍSO DO CAPITAL +
INFERNO PARA OS TRABALHADORES
Apesar de vários especialistas indicarem que o
orçamento da previdência não é deficitário, não
vemos nenhum meio de comunicação propagar essa
realidade. Há uma grande falcatrua acontecendo.
Precisamos entender isso para não continuarmos
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a socie-
dade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante
recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribui-
ções sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equipara-
da na forma da lei, incidentes sobre: (Nova redação dada pela
EC 20/98)
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho
pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe
preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
manipulados.
Arrecadação
O primeiro problema que se deve ter atenção é a
diferença das fontes de arrecadação. A grande mídia
sempre apresenta dados sobre todo o orçamento
público, demonstrando que há um déficit. Mas,
se divido entre os dois setores, SEGURIDADE
SOCIAL(Previdência, Saúde e Assist. Social)
e ORÇAMENTO FISCAL, o orçamento da
seguridade social é superavitário. Ao lado,
mostramos a diferença dos cálculos do governo
e da oposição.
Para além do debate sobre a metodologia
do cálculo, ainda devemos listar os problemas
reais no orçamento da Seguridade Social que
prejudicam os trabalhadores:
- As desonerações, a má gestão e a
desvinculação de receitas já provocam redução
de cerca de R$ 428 bilhões anuais. Sendo R$
144 bilhões de desonerações + R$ 92 bilhões
Desvinculação de Receitas da União + R$
192 bilhões resultado de sonegação, fraudes,
inadimplência e erros de gestão.*
- o procurador Paulo Penteado Teixeira Junior
afirmou ainda que, com base nos dados levantados pela
CPI da Previdência, entre 2007 e 2016, a seguridade
teria deixado de receber cerca de R$ 2,2 trilhões, em
valores corrigidos, por conta das desonerações, ou
seja, o dobro da atual meta da reforma da previdência.
- a atual política neoliberal desaquece a economia,
diminuindo quantidade de contribuintes. Tanto por
diminuição do salário real quanto por diminuição do
número de trabalhadores empregados contribuintes.
- a reforma trabalhista afasta as pessoas do mercado
formal com carteira assinada, aumentando o número
de trabalhadores informais e pessoas jurídicas (PJ),
que contribuem proporcionalmente menos para a
seguridade social, diminuindo o montante geral que
há para todos os trabalhadores, em benefício dos
empregadores.
- Newton Pereira informou que a dívida ativa da
União já chegou a R$ 1,8 trilhão e lembrou que 60%
das dívidas estão concentradas nas mãos de 3% dos
devedores*
*fonte: https://www12.senado.leg.br/noticias/
materias/2018/08/10/seguridade-tem-perda-de-r-428-
bilhoes-por-ano-afirmam-convidados
Orçamento Fiscal
Porém, se dividíssemos os dois orçamentos, apenas
trocaríamos a origem do déficit público de lado, ou
seja, colocaríamos toda a dívida na arrecadação do
Orçamento Fiscal, aquele voltado para a sustentação
do Estado e salvaríamos a Seguridade Social. A outra
solução orçamentária possível faz com que a sociedade
tenha que repensar todo o sistema tributário
brasileiro, que é um dos mais injustos e regressivos do
mundo (ou seja, pobre paga mais e rico paga menos). APROFUNDANDO
Não é a toa que os representantes do governo sequer Há um cosenso entre todas as empresas do Brasil:
citam a Reforma Tributária, pois resolvendo o déficit a reduzir os direitos dos trabalhadores. Isso porque
custa dos direitos e seguranças trabalhistas, não será à medida que se reduz os custos do trabalhador,
necessário rediscutir os impostos e cobrar das elites garante-se a margem de lucro. Isso é um indício de que
suas fatias. há problemas para expandir esse lucro em eficiência,
expansão dos negócios, devastação sobre recursos
naturais ou novas engenharias de produção.
Ao mesmo tempo, acelera-se localmente uma
tendência a diminuição da capacidade de compra
Sempre nos pegamos criticando os altos impostos dos trabalhadores por receberem menos salários. A
no Brasil e conversando sobre como os produtos são esperança neoliberal de investimentos externos para
mais baratos em outros países. Isso ocorre porque, na aproveitarem a mão de obra barata local não vem
grande maioria dos países, os impostos se concentram
na carga tributária direta – que incide sobre renda,
riqueza e patrimônio - e são menores nos tributos
indiretos, (que incidem sobre o consumo e serviços),
isso torna a arrecadação progressiva, cobrando mais
acontecendo, levando-se em conta que os mercados
estão inseguros com acontecimentos semelhantes
pelo globo, em maior ou menor grau.
É difícil acreditar que, em situação de estagnação,
o capital aceite aumento tributário para aliviar as
contas dos mais pobres, pois pioraria sua situação.
dos ricos e menos dos pobres. Ao mesmo tempo, a vida da população piora e seus
Não se trata, portanto, de os impostos serem mais salário diminuem, piorando diversos indicadores
baixos para todos, se trata de serem mais baixos para sociais, tornando cada vez mais difícil a paz social.
os trabalhadores e mais altos para as elites. Por isso Essa é a sinuca de bico. Apenas a mobilização dos
devemos tomar cuidado com os discursos fáceis das trabalhadores pode gerar reação frente aos ataques
elites e dos patos amarelos. sistemáticos.
Proposta de previdência para os professores
HOJE
- Professores se aposentam a partir de 25/30 anos de contribuição (Mulheres e Homens, respectivamente)
- Para alcançar o salário integral, a soma da idade + tempo de contribuição deve ser de
81 e 91 anos=pontos
TRANSIÇÃO
- Professores com 25/30 anos de contribuição deverão obrigatoriamente alcançar os
81/91 pontos
- A partir de 2020 a obrigatoriedade dos pontos subirá anualmente seguindo a tabela,
até alcançar 100/95
* Aposentadoria será 60 % da média dos salários, acrescido de 2% a cada ano que
exceder o tempo de contribuição de vinte anos, ou seja, para atingir 100% necessitará de
40 anos de trabalho.
REFORMA DA PREVIDÊNCIA
- Só se aposentará quem chegar a 60 anos de idade e 30 anos de contribuição
- Os salários obedeceram a mesma regra do período de transição*
Planejar a luta
Devido a perda salarial dos últimos 7 anos, devemos ficar atentos para não cometermos erros do passa-
do. Aceitar um aumento parcelado por anos nos deixou de mãos atadas esperando míseros 3% enquanto a
inflação anual alcançava 12%.
Este será um ano complicado com lutas locais e nacionais. Portanto devemos ser meticulosos nos nossos
próximos passos. Nós da Esquerda Autônoma propomos:
1. Prepararmos para fazer nossa greve em 2019 com reposição salarial de 30%, referentes aos últimos 7
anos. Assemelhando nosso reajuste aos dos policiais do DF.
2. Prepararmos para fazermos a greve juntamente com a luta contra a reforma da previdência. Que pro-
vavelmente será mais aguda entre os meses de ABRIL e JUNHO
3. Prepararmos os outros trabalhadores da escola, comunidades e movimentos sociais para agirmos em
conjunto nesse período contra a reforma da previdência.