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Resumo

A presente pesquisa apresenta a relevância do letramento literário, que


compreende, as práticas de leitura literária como função social e colabora para
formação leitora dos educandos. O objetivo é analisar as dificuldades
encontradas no processo de formação do leitor do texto literário no Ensino
Médio, mapeando as principais dificuldades dos estudantes nesse processo de
aprendizagem e propor práticas efetivas de promoção da literatura na sala de
aula, as quais não devem ser resumidas apenas no ensino da história da
disciplina, tampouco na análise dos estilos literários de acordo com a época em
que determinadas obras foram escritas. Partindo do fato da literatura ser
essencial para o desenvolvimento cultural dos alunos, analisamos como
referenciais teóricos Letramento literário: teoria e prática- Rildo Cosson (2011),
as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006), constitui como escorpo
teórico desta discussão Begma Tavares Barbosa, Renata Junqueira de Sousa
e Amanda Pabline, com intuito de analisar quais práticas de letramento literário
são necessárias para o ensino da literatura no Ensino Médio e de que maneira
estas podem contribuir para o processo de aprendizado dos alunos capaz de
torna - los leitores críticos e maduros. A pesquisa seguiu uma base qualitativa
de cunho interpratitivista. No final desta discussão concluímos que: para
promover um letramento prazeroso e educador é necessário rever a maneira que
a literatura está sendo ensinada em sala de aula, e sistematizar o ensino da
leitura literária de acordo com as necessidades de aprendizagem e formação dos
alunos.

Palavras-chaves: Letramento literário, Literatura, Ensino Médio

Introdução

As práticas de letramento literário possuem enorme valência para a formação


dos alunos no ensino médio, elas tem como função primaria auxiliar cada um
deles na interpretação dos textos literários que possuem acessibilidade,
sobretudo, são necessárias para torna-los cidadãos leitores críticos, com vasto
grau de independência analítica, capazes de manifestar livre pensamento e
autonomia na decodificação e interpretação dos tais textos, os quais, carregam
em sua estrutura diversas linguagens.
Dessa maneira, existe a necessidade de que por meio dos textos a serem
trabalhados em sala de aula os professores auxiliem os alunos a
desenvolverem uma interpretação madura com potência suficiente para lhes
oferecer uma mudança significativa na visão que possuem do mundo, devendo
estabelecer um impacto otimista em seu processo educativo.

Dessa forma, por meio das práticas eficazes do letramento literário, é possível
obter: não apenas a maturidade intelectual para compreender as obras
proposta pelos professores de língua portuguesa e literatura em sala de aula,
como também a autonomia na interpretação dos diversos gêneros literários e
suas respectivas linguagens, para que dessa maneira tenham capacidade para
relacionar as diversas informações encontradas nos múltiplos textos de
literatura com a realidade em que estão cerceados.

Estas práticas não devem ser vistas somente como planejamento


inaplicáveis, e que na maioria dos casos permaneçam apenas no ´´campo das
ideias`` dos professores de literatura, é de extrema necessidade dos docentes
compreender o papel educativo da literatura, assim como era na idade antiga,
tanto entre os povos romanos, quanto entre os gregos, tendo como função
central ajudar os cidadãos daquele tempo em seu desenvolvimento individual e
social.

É necessário observar o quanto as práticas de letramento delimitadas no


âmbito escolar desencadeara um impacto positivo ou negativo na formação dos
alunos enquanto leitores, as quais abriram determinadas brechas para que
estes possam ter aversão ou prazer em suas experiências futuras como
leitores dos textos literários.

Entretanto, precisamos salientar a responsabilidade dos educadores, devido


ao fato de serem “mediadores da leitura literária”, responsáveis por ensinar
aos jovens não apenas a decodificação dos sentidos encontrados no corpo
textual das obras propostas em sala de aula, mas, também uma maneira de
extrair significados dessas leituras necessárias para o desenvolvimento
sociocultural dos aprendizes.

É de extrema importância os educadores permanecer em alerta aos métodos


equivocados usados nas práticas de letramento literário nos últimos anos no
âmbito do Ensino Médio, porque, na maioria dos casos não condizem com a
realidade social dos alunos, tampouco com as necessidades de aprendizado
deles, por resumirem - se apenas no revisionismo histórico das obras
canônicas organizadas em ordem cronológica para a apresentação dos
autores consagrados da literatura brasileira, o que resulta em danificação no
desenvolvimento intelectual desses alunos.

Com isso busca - se uma revisão e indagação acerca do modelo de ensino


literário no ensino médio atual, o qual resume - se apenas ao revisionismo
histórico das obras consagradas dos autores que fazem parte do cânone da
literatura e propor práticas para a realização da leitura, interpretação e
discussão das obras literárias, relacionados ao letramento literário.
Fundamentação teórica

A pesquisa coloca em relevo o processo de uso de obras literárias no contexto


escolar, especificamente no ensino médio, e como esse processo pode suscitar algumas
dificuldades no desenvolvimento do aluno como leitor efetivo de textos literários (TLs).
Centralizar o letramento literário no currículo educacional significa sustentar a
importância da literatura na escola. Desse modo, a pesquisa se fundamenta em alguns
conceitos-chave que devem ser devidamente atribuídos a suas fontes a fim de solidificar
os objetivos do trabalho. Para isso é necessário, em primeiro lugar, esclarecer as
concepções sobre o assunto geral que abarca este recorte: o letramento.
Tendo em vista que o letramento pode ser tomado como uma prática social centrada
na escrita e que envolve processos de aprendizagem mais complexos que a mera
decodificação de palavras (SOARES, 2006 apud BRASIL, 2006), é útil, nesse contexto,
apontar para a multiplicidade desses processos, ou seja, para os diversos tipos de
letramentos. Visto que os meios que propagam conhecimento e cultura são diversos e
multifacetados, há uma necessidade sempre contínua de munir-se de estratégias de
apropriação dessas práticas. Em relação à presente pesquisa, a modalidade de letramento
direcionada para a literatura busca situar o indivíduo, ou nesse caso, o aluno, como um
leitor autônomo que sabe inferir e construir suas próprias visões e reflexões acerca do
texto literário, apropriando-o, sabendo usufruir conscientemente de sua forma e de seu
conteúdo.
Em segundo lugar, deve-se considerar a outra metade do objeto de estudo: a
Literatura. Conceituar a Literatura em si é um exercício em progresso que se ramifica em
variadas correntes teóricas. Fatores como literariedade e uso estratégico e artístico da
linguagem são por demais totalizantes para abarcar a rica diversidade de obras
consideradas literárias. Por isso, tende-se a convergir para a reflexão ensejada por Terry
Eagleton (2006, p. 24), segundo o qual a Literatura não poderia ser definida por critérios
exclusivamente objetivos ou subjetivos, visto que o valor que lhes é atribuído ao longo
da história e em diferentes lugares transita de acordo com o consenso da época. Pode-se
sustentar que a literariedade é construída, portanto, socialmente. Todos esses fatores que
circundam a Literatura como sua riqueza artística, os fatores sociológicos a que está
intimamente relacionada, assim como sua linguagem peculiar e essencialmente
heterogênea corroboram, portanto, mais do que o reforço das habilidades linguísticas, a
formação crítica e cidadã do aluno no ensino médio.
A escolarização da literatura como um processo de três anos no ensino médio deve
visar, portanto, à formação de tal leitor. Não se pode negar a relevância da presença da
disciplina no currículo escolar. De acordo com Cosson (2011, p. 17), “A literatura nos diz
o que somos e nos incentiva a desejar e a expressar o mundo por nós mesmos.” E segundo
as OCEM, a presença literatura na escola reitera, ou deve reiterar, os objetivos
pedagógicos do ensino médio que as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº
9.394/96 promulgam, a saber, o “aprimoramento do educando como pessoa humana,
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do
pensamento crítico” (LDBEN, 1996 apud BRASIL, 2006, p. 53).
Mesmo em vista desse potencial e desse respaldo, a Literatura como disciplina no
currículo escolar não está sendo trabalhada de acordo com o cenário prospectado. Um
outro autor importante, Tzvetan Todorov, destaca a problematização de como a disciplina
é mediada na escola, mesmo escrevendo sobre um sistema curricular que não o brasileiro,
e sustenta a visão de que
O conhecimento da Literatura não é um fim em si, mas uma das vias
régias que conduzem à realização pessoal de cada um. O caminho
tomado atualmente pelo ensino literário, que dá as costas a esse
horizonte (nesta semana estudamos metonímia, semana que vem
passaremos à personificação), arrisca-se a nos conduzir a um impasse -
sem falar que dificilmente poderá ter como consequência o amor pela
literatura. (2007, p. 33, grifo nosso)

Essa concepção de que o ensino de Literatura no ensino médio tem passado por
uma crise, seja por parte de tendências teóricas, seja pela formação docente ou pelo
tratamento dado à matéria pelo sistema educacional, encontra eco no referencial teórico
já citado nesta pesquisa. As OCEM (2006, p. 64), por um lado, apontam que as práticas
recorrentes no processo de ensino da disciplina perpetuam o distanciamento do aluno em
relação a obras literários ao priorizar o uso de textos considerados simulacros, não
integrais, não autênticos, mais “digeríveis”. Por outro lado, Rildo Cosson reitera essas
falhas e pontua que o ensino da disciplina, no ensino médio, “limita-se à literatura
brasileira, ou melhor, à história da literatura brasileira, usualmente em sua forma mais
indigente, quase como apenas uma cronologia literária [...]” (2011, p. 21) E mesmo
quando se viabiliza o estudo de algum texto, o professor costuma selecionar textos mais
“interessantes” aos alunos.
Por fim, a base teórica apresentada estabelece pontos de referência acerca de
práticas, sugestões e direcionamentos para um processo de ensino e aprendizagem de
literatura no ensino médio, ou seja, para um letramento literário efetivo.

Procedimentos metodológicos

A concretização do presente trabalho parte de uma pesquisa bibliográfica de


abordagem qualitativa cujo tema trata dos entraves e as dificuldades encontradas na
formação de leitores de literatura no ensino médio. O ponto problematizado pela
investigação enfoca justamente os fatores que dificultam a inserção da literatura na sala
de aula e o subsequente desprestígio da disciplina na escola, culminando na falha da
formação de alunos leitores.
As etapas de elaboração da pesquisa envolveram, após a escolha do assunto, do
tema e do recorte supracitados, a seleção de textos formadores do corpus teórico, ou seja,
as fontes bibliográficas em si, seguida de uma análise preliminar dessas a fim de explorar
os conceitos dos textos à luz dos objetivos da pesquisa e uma leitura interpretativa desses
textos, extrapolando as informações encontradas em cada texto à luz da fundamentação
teórica. As fontes estudadas são compostas por dois artigos e uma monografia, coletadas
conforme a convergência quanto ao tema em questão. Esses materiais escolhidos se
sobressaem no contexto desta pesquisa por estabelecerem discussões acerca do papel da
literatura na escola, do processo de inclusão da disciplina nesse âmbito e por criticarem
de uma forma ou de outra as práticas pedagógicas correntes que sistematizam o texto
literário de forma a não viabilizar um desenvolvimento integral do aluno como leitor.
Além disso, foram priorizadas textos que apresentassem algum tipo de pesquisa de campo
envolvendo o âmbito educacional, como no caso de Junqueira e Cosson e, também,
Barbosa. Quanto à monografia, sua seleção se justifica por ser um trabalho inserido num
contexto mais imediato da formação docente, uma linha temática que também possui sua
relevância no âmbito do letramento literário.
Tendo em mente esse processo de estudo das fontes, é preciso agora estabelecer os
critérios a partir dos quais a análise é feita. Procura-se pontuar a forma como os textos
em questão conceituam e relacionam os fatores letramento literário, ensino médio e
formação leitora, quais são as possíveis falhas se pode notar a partir desse contato e a
partir de quais pressupostos os textos propõe soluções e, por fim, como essas variáveis se
correlacionam no contexto de cada corpus. A partir do texto de Renata Junqueira e Rildo
Cosson, o interesse é voltado para os procedimentos práticos tidos como defectivos de
mediação no ensino de Literatura que os autores descrevem, para então proporem
soluções. O artigo de Begma Tavares Barbosa, da revista Educação em Foco, tem
participação importante em pesquisas da área por trazer depoimentos extraídos de sala de
aula quanto às práticas consideradas ideais de aplicação do texto literário na escola. A
monografia de Amanda Bernardes é relevante nessa pesquisa por enfocar mais
especificamente os problemas relacionados à inserção da Literatura no ensino médio.
Busca-se mapear teoricamente os entraves impostos à escolarização da literatura.
Esses questionamentos visam dar luz aos procedimentos pedagógicos que viabilizam ou
não a leitura literária no ensino médio.

Referências:
BARBOSA, Begma Tavares. Letramento literário: sobre a formação escolar do leitor
jovem. Revista Educação em Foco, v. 16, n. 1, p. 145-167, 2011.

BERNARDES, Amanda Pabline Paulino. Dificuldade na aprendizagem da literatura


no ensino médio. 2015. Monografia (Licenciatura em Letras Português) - Universidade
de Brasília, Brasília, 2016.

COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Editora Contexto,
2010.

EAGLETON, Terry. Teoria da literatura: uma introdução. 6ª ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2006.

SOUZA, Renata Junqueira de; COSSON, Rildo. Letramento literário: uma proposta para
a sala de aula. Objetos educacionais do acervo digital da Unesp, São José do Rio Preto,
15 ago. 2011.

TODOROV, Tzvetan. A literatura em perigo. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009.

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