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ESTUDO DIRIGIDO - DIREITO TRIBUTÁRIO II

ALUNA: LARISSA CRISTINA DINIZ


TURMA: B
PROF.: PAULO COIMBRA

Identifique as diferentes correntes em torno da responsabilidade pela prática


de ilícito estritamente fiscal no Brasil (interpretações em torno do art. 136 do
CTN) e destaque, justificadamente, a que lhe parece mais justa.

Há, no Brasil, grande divergência no que tange à interpretação da


responsabilidade relativa a infrações à legislação tributária, notadamente no que
concerne ao art. 136, CTN.
Existem doutrinadores que defendem a previsão de uma responsabilidade
objetiva, com a existência de uma presunção absoluta sobre a culpa do infrator.
Ainda defendendo a responsabilidade objetiva, existem aqueles, como o Prof. Sacha
Calmon, que a admitem, desde que condicionada pelas atenuantes previstas na
legislação tributária (art. 108,§2º e 112, CTN).
Por outro lado, há aqueles, como Hugo de Brito Machado, que sustentam ter
o CTN, em seu art. 136, estabelecido uma presunção relativa de culpa do infrator
tributário, de modo a desincumbir o Fisco, a princípio, de comprovar a culpa lato
sensu​ do infrator.
Luiz Flávio Gomes é um representante da corrente doutrinária que entende a
responsabilidade objetiva para infrações fiscais como inconstitucional, posto que não
recepcionada pela Constituição/1988. Nesse sentido, assevera ser a
responsabilidade objetiva contrária à presunção de inocência e à presunção de
boa-fé, princípios caros ao aspecto sancionador do Direito e cristalizados na
Constituição.
Por fim, inspirados pela construção teórica do Direito Penal, doutrinadores
como Daniela Victor e o Prof. Paulo Coimbra defendem a aplicação de uma teoria da
imputação objetiva ao ilícito estritamente tributário. Assim, na “tipificação”, qual seja
a conduta legalmente prevista, deveria constar necessariamente o elemento
subjetivo a ser verificado. Logo, o ilícito tributário somente existiria mediante a
presença do elemento subjetivo normativamente previsto.
A meu ver, a teoria mais justa e de melhor aplicabilidade é aquela que
entende o art. 136,CTN como determinando uma presunção relativa de culpa para o
infrator da legislação tributária, de modo a estabelecer, a nível processual, uma
inversão do onus probandi ​em benefício do Fisco. Isso porque tal posição, além de
privilegiar a supremacia do interesse público e a eficiência do processo, não teria o
condão de ferir, a meu entender, os princípios da presunção de inocência ou da
presunção da boa-fé. Tratar-se-ia, tão somente, de um modo legalmente previsto, e,
portanto, consoante a segurança jurídica, de se proceder na análise da
responsabilidade tributária em caso de infração estritamente tributária. O suposto
infrator ainda poderia, durante a instrução processual, demonstrar a existência das
hipóteses previstas nos arts. 108 e 112, CTN ou mesmo da impossibilidade
justificada de adimplir a obrigação tributária, não havendo que perquirir, portanto,
qualquer prejuízo à sua defesa ou violação ao princípio constitucional da presunção
de inocência.

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