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FILOSOFIA MEDIEVAL:

Patrística e Escolástica

Tentativa de Vincular Razão e Fé para revelar as verdades do cristianismo

EEB Nossa Senhora da Salete


Professora Janimara Rocha
1º série EMI
Maravilha - SC
Séc. V d.C. – O império Romano do Ocidente
sofreu ataques constantes dos povos bárbaros –
levaram ao seu esfacelamento – surge nova estruturação da vida social;

A Igreja católica surgiu e manteve-se como


instituição social;
Consolidou-se como organização religiosa e
difundiu o cristianismo;
A igreja passou a exercer importante papel
político (conciliador de elites, contornando problemas da nobreza feudal);
Tornou-se dona de 1/3 das áreas cultiváveis da
Europa Ocidental;

A fé cristã tornou-se necessária à vida


Cristianismo
É uma religião que surgiu no interior do Império Romano, a partir do séc. I, como
seguidores do pensamento de Cristo;
A Igreja católica= única instituição representante da
fé cristã até a idade moderna;
Doutrina cristã integra elementos de diversas
correntes do pensamento grego;
A tarefa de construir a doutrina foi dos padres da
igreja e outros lideres cristãos;
Não se poderia contrariar as verdades reveladas por
Deus aos humanos ou as interpretações das escrituras
sagradas que foram sendo estabelecidas pela igreja.
FÉ versus RAZÃO
Para a RAZÃO, Deus é uma substância infinita, mas é
preciso provar que sua essência é constituída por uma vontade onipotente (que tudo pode)
e um intelecto onisciente (sabe tudo).
Para a FÉ, Deus é um ser perfeito, bom e misericordioso,
punindo os maus e recompensando os bons;
O cristianismo baseia-se na fé – crença irrestrita às verdades
reveladas por Deus aos humanos – verdades expressas nas sagradas
escrituras e interpretadas segundo a autoridade da igreja;
FÉ – fonte mais elevada das verdades reveladas;

Toda investigação filosófica ou científica não poderia


contrariar as verdades estabelecidas pela fé;
Verdade é revelada por Deus – demonstrar
racionalmente as verdades da fé;
Razão e Fé juntas
Surgiram pensadores cristãos que defenderam
o conhecimento da filosofia grega;

Conciliando fé cristã e filosofia grega permitia


a igreja enfrentar os descrentes com armas
racionais da argumentação;

Convencer os descrentes pela razão para fazê-


los aceitar a imensidão dos mistérios divinos;
4 elementos da Filosofia Medieval
1º - Padres apostólicos – os apóstolos (São
Paulo) – relação com temas morais;
2º - Padres Apologistas – defendiam o
cristianismo contra a filosofia pagã (batizado);
3º - Patrística – Pretendia conciliação entre
razão e fé – Santo Agostinho (filosofia Platônica);
4º - Escolástica – sistematização da filosofia
cristã – Santo (São) Tomás de Aquino (Aristóteles);
oÊnfase nas questões teológicas (Trindade, encarnação
Deus-Filho, liberdade, salvação, razão e fé;
Patrística
Tornou-se necessário explicar seus preceitos
(doutrina) às autoridades e ao povo; usou o

trabalho de pregação e conquista espiritual;

Padres da igreja elaboraram diversos textos


sobre fé e revelação cristã;

Tentou munir a fé de argumentos racionais


(conciliação a filosofia com o cristianismo);
O Universo é dominados por forças opostas
Santo Agostinho ...
Mundo Inteligível – Mundo das idéias divinas,
pela iluminação o homem recebe de Deus o
conhecimento das verdades eternas

Concepção dualista (opostos)

RAZÃO – SUBORDINADA A FÉ

“CREIO PARA QUE POSSA ENTENDER”


Superioridade da Alma
Agostinho argumenta em favor da supremacia
do espírito sobre o corpo, a matéria;
A alma teria sido criada por Deus para reinar
sobre o corpo, dirigindo-o para a prática do bem;
Quando o corpo se torna mais importante,
assume o governo da alma (surge a ideia de pecado);
Submissão do espírito à matéria, da essência à
aparência;
Ser livre é servir a Deus, pois o prazer de
pecar é escravidão.
Pecado Original - Explicações sobre a origem da imperfeição humana, do
sofrimento e da existência do mal

Morte de Cristo - Necessária para salvar o homem do pecado de origem


Boas Obras ou Graça Divina?
Quem retornar aos caminhos de
comete pecado só consegue
Deus e da salvação mediante esforço pessoal de
vontade e concessão da graça divina;

Sem a graça de Deus, o ser humano nada pode conseguir;


Pelágio afirmava que a boa vontade e as boas
obras humanas seriam o suficiente para a salvação individual (Teoria
condenada por Agostinho) ;

Teoria de Pelágio – heresia, foi adotada a


teoria de Agostinho sobre a necessidade da graça
divina, doada por Deus aos seus eleitos.
Condena-se a teoria pelo fato de conservar a
noção grega de autonomia da vida moral humana;

Noção de que o indivíduo pode salvar-se por si só,


sendo bom e fazendo boas obras, sem a necessidade de ajuda
divina ;
Teoria contraditória à submissão total do ser
humano ao Deus cristão defendida pela igreja;
Filosofia grega = cidadão, ser humano social e político;

Filosofia cristã agostiniana = enfatiza no indivíduo sua


ligação com Deus, a responsabilidade dos atos e exalta a salvação divina.
Liberdade e Pecado
A vontade é uma força que determina a vida e não

uma função ligada ao intelecto;

Agostinho – a liberdade humana é própria da


vontade e não da razão (na razão é que reside o pecado);
A pessoa peca por usar o livre-arbítrio para satisfazer

uma vontade má;

O ser humano não pode ser autônomo em sua


vida moral (não pode decidir livremente sobre sua conduta);
O ser humano pode querer o mal e praticar o
pecado, motivo pelo qual necessita da graça divina.
Precedência e Fé
Influência Helenística
Maniqueísmo – herdou a concepção dualista – luta do bem e
mal, luz e trevas;

O ser humano tem uma inclinação natural


para o mal – pecado; Já nascemos pecadores – pecado
original;

Mal = afastamento de Deus; Defendia uma intensa


educação religiosa;

Ceticismo – desconfiança nos sentidos, conhecimento


sensorial ;
Platonismo – Concepção de verdade como conhecimento
Escolástica: Matriz aristotélica até
Deus
Séc. VIII Carlos Magno organizou o ensino e
fundou as escolas ligadas às instituições católicas;
A cultura greco-romana (até então guardada nos mosteiros)
voltou a ser divulgada, passando a ter influência nas reflexões;

Adotou-se modelo de educação romana:


Matérias Trivium (gramática, retórica e dialética) e o
Quadrivium (geometria, aritmética, astronomia e música)
submetidas à teologia;
Séc. XIII – aristotelismo penetrou de forma
profunda no pensamento escolástico (devido à descoberta de
muitas obras de Aristóteles, desconhecidas até então e à tradução para o latim).
Busca-se a harmonização entre fé e razão
A questão dos universais
Método escolástico de investigação:
Estudo da linguagem (gramática, retórica, dialética);
Exame das coisas (geometria, aritmética, astronomia e música);

Pergunta: Qual a relação entre as palavras e as


coisas?

Ex.: Rosa (nome de flor, quando esta morre, o nome permanece


existindo)
Ideia Geral

Questão dos universais = relação entre as


coisas e seus conceitos.
Realismo
Sustenta a tese de que os universais existiam
de fato;
Ex.: a bondade e a beleza seriam
modelos/moldes – a partir disso se criariam as coisas boas ou
más;

Essências;
Santo Anselmo: universais na mente divina;
Quanto mais universal fosse o termo
gramatical, maior seria seu grau de perfeição;
Brancura maior perfeição que Branco;
Nominalismo
Os universais não existiriam em si mesmo,
pois seriam somente palavras, sem existência
real;

O universal não passa de um nome;

Roscelin nega que Deus pudesse ser uno e


trino ao mesmo tempo – cada pessoa da
trindade seria uma individualidade separada;

Realismo moderado – busca de semelhanças


Avicena (980 – 1037) Averróis (1126 – 1198)
Filósofos Árabes

A dominação muçulmana na Espanha durante o século XII trouxe a ciência árabe


à Europa.
Com Averrois, as universidades medievais redescobrem o pensamento grego (obras:
física, metafísica e ética).
São Tomás de Aquino – 1225 - 1274

“O mais sábio dos santos e o mais santo dos sábios”


Tomismo
Objetivo:
◦ Não contrariar a fé;
Finalidade:
◦ Organizar um conjunto de argumentos para
demonstrar e defender as revelações do
cristianismo;
Tomás reviveu o pensamento de Aristóteles,
em busca de argumentos para explicar a fé cristã;
Fez da filosofia um instrumento a serviço da
igreja católica
Princípios básicos
Princípio da não contradição – o ser é ou
não é. Não existe nada que possa ser e não
ser ao mesmo tempo, sob o mesmo ponto
de vista.
Princípio da substância:
◦ Substância – essência de uma coisa, sem ela não
seria aquilo que é;
◦ Acidente - qualidade não essencial, acessória do
ser
Princípioda causa eficiente – seres
contingentes – não possuem em si a causa a causa eficiente de sua
existência (depende do ser necessário);

Princípio da finalidade – função ou finalidade – razão


de ser – causa final;

Princípio de ato e potência:


◦ Ato - Existência atual do ser;
◦ Potência – capacidade real do ser;
◦ Mudança – passagem da potência para o ato;
Ser e Essência
Elementos estranhos ao aristotelismo:
◦ Criação do mundo;
◦ Noção de um Deus único
◦ Ideia de vir a ser (passagem da potência ao ato)
◦ PROCEDE DE DEUS
Ser em geral e Ser Pleno (Deus) – Deus é ato
puro;
Não há o que realizar ou atualizar em Deus, pois
ele é completo;
DEUS é SER e o mundo tem SER;
Deus é o ser que existe como fundamento da
realidade das outras essências.
A existência de Deus por meio da razão
(5 vias de demonstração)

Primeira via (prova)


Primeiro Motor Imóvel: Tudo o que se move
é movido por alguém,. Tudo há que ter um
primeiro motor que deu início ao movimento
existente e que por ninguém foi movido. Esse
motor é Deus.
Segunda via (prova)

Causa eficiente ( Primeira): todas as coisas existentes


dependem de alguma causa. É necessário admitir a
existência de uma primeira causa eficiente, responsável pela
sucessão dos efeitos.

Essa causa é Deus.


Terceira via (prova)
Ser Necessário e ser contingente:

É preciso admitir que há um ser que sempre existiu, um ser


absolutamente necessário, que não tenha fora de si a causa
de sua existência, mas que seja a causa dos seres
contingentes.

 Nem todos os seres podem ser desnecessários se não o


mundo não existiria, logo é preciso que haja um ser que
fundamente a existência dos seres contingentes e que não
tenha a sua existência fundada em nenhum outro ser.
(DEUS).
Quarta via
 Ser Perfeito: Verifica-se que há graus de perfeição nos
seres, uns são mais perfeitos que outros, qualquer
graduação pressupõe um parâmetro máximo, logo deve
existir um ser que tenha este padrão máximo de
perfeição e que é a Causa da Perfeição dos demais seres.

 Esse ser é Deus.


Quinta via (prova)
Graus de perfeição/Inteligência
Ordenadora:
Existe uma ordem no universo que é
facilmente verificada, ora toda ordem é fruto
de uma inteligência, não se chega à ordem pelo
acaso e nem pelo caos, logo há um ser
inteligente que dispôs o universo na forma
ordenada.
Esse ser é Deus.

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