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CHARLES FORT

O LIVRO DOS DANADOS

Tradução de
Edson Bini
Mareio Pugliesi

HEMUS - LIVRARIA EDITORA LTDA.


Título original:
THE BOOK OF THE DAMNED

(c) Copyright 1978 by Hemus - Livraria Editora Ltda.


Todos os direitos adquiridos para a língua portuguesa
e reservada a propriedade literária desta publicação pela

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ÍNDICE

I Uma procissão de danados.......................... 7


II O vulcão de Krakatoa ....................................................... 19
III Elementos de intermediaridade...................................... 25
IV Precipitações de substâncias repugnantes....................... 42
V Outros elementos de intermediaridade .......................... 52
VI Chumbo, prata, diamantes e vidro................................. 67
VII As coisas viventes que caíram sobre a Terra.................. 80
VIII Relatos de mar dos Super-Sargaços................................... 97
IX A minha pseudo-conclusão.............. .. .............................. 122
X A ilusão da homogeneidade ............................. 131
XI Um dos dados mais danados entre todas nossas saturnais
de malditos...................................... 140
XII Astronomia............................................. 155
XIII Os poltergeist..................................................................... 169
XIV Vemos convencionalmente.............................................. 186
XV Um quebra-cabeças . . . .•................................................ 204
XVI Anjos................................................ 208
XVII A enorme coisa negra que se assemelhava a um corvo de
tremendas dimensõesna espreita................ ............... 217
XVIII A Nova Dominante........................................................... 238
XIX Chuvas de pássaros........................................................... 241
XX A Nova Dominante . . . . . .............................................. 248
XXI Rodas luminosas............... ............................................. . 260
XXII Nuvem ou ... ?.................... . 269
XXIII Minerais no céu................. .............. 271
XXIV Objetos luminosos ........................................................... 277
XXV Objetos em forma de torpedo ......................................... 281
XXVI Luzes móveis.......... .......................................................... 285
XXVII Chuva de sangue................................................................ 290
XXVIII Pegadas............................................................................ . 296
I
UMA PROCISSÃO DE DANADOS

’ Çom a palavra danados quero dizer os excluídos.


Temos portanto uma enfiada de dados que a Ciência excluiu.
Batalhões de danados, capitaneados pelos diáfanos dados que
exumei, põem-se em marcha. Ei-los alígeros. . . logo marcharão.
Alguns são lívidos, outros flamejantes, outros ainda putrefatos.
Alguns destes são cadáveres, esqueletos, múmias que se contor­
cem, que cambaleiam, animados por companheiros que são danados
enquanto vivos. Gigantes que passaram nas vizinhanças, mas dormía­
mos profundamente. Coisas teoremizadas e outras que constituem
apenas fragmentos; desfilam sob o braço de Euclides com o espírito
da anarquia. Aqui e ali saltitam prostitutas. Muitos são jocosos,
mas muitos outros são da máxima respeitabilidade. Alguns são
assassinos. Aqui fràcos fedores e descarnadas suposições, simples
sombras e malícias vivazes: caprichos e amabilidade. O ingênuo e o
pedante, o bizarro e o grotesco, o sincero e o insincero, o profundo e
o pueril.
Uma punhalada e uma risada e as mãos pacientemente juntas
da precisão sem esperança.
O ultra-respeitável, mas também aquele que está irremediavel­
mente condenado.
A visão do conjunto mostra dignidade e dissolução; a voz do
conjunto é uma prédica de desafio: mas o espírito do todo é
sequencial.
O poder que afirmou a todas estas coisas que elas são danadas,
foi a Ciência Dogmática.
Mas estas caminharão.
As prostitutas farão loucuras, os monstrengos distrairão a
atenção, os palhaços romperão o ritmo do conjunto com suas
palhaçadas . . . mas não a solidez do desfile no seu conjunto: o quadro
impressionante das coisas que passam e repassam e repassam ainda e
continuam e continuam e continuam a repassar.

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A irresistibilidade das coisas que nem ameaçam, nem zombam,
nem desafiam, mas se organizam em formações maciças que passam,
repassam e continuam a passar.
Assim, com a palavra danados quero dizer os excluídos.
Mas com a palavra excluídos quero referir-me àqueles que um
dia serão os excludentes.
Ou a tudo aquilo que é, e não será.
Ou a tudo aquilo que não é, e será ...
Mas, naturalmente, será isto que não será ...
É ripssa convicção que o fluxo entre isto que não é e isto que
não será, ou o estado que é comum e absurdamente chamado de
“existência”, seja um ritmo de paraísos e infernos: que os danados
não permanecem danados; que a salvação preceda só a perdição.
Infere-se que um dia nossos malditos maltrapilhos tornar-se-ão anjos
plenos de graça. A seguir se subinfere que, posteriormente, voltarão
para donde vieram.
E nossa convicção que nada possa tentar ser, sem tentar excluir
qualquer outra coisa e que isto que é usualmente chamado “ser”
seja um estado que é elaborado de modo mais ou menos definitivo
segundo a comparação da diferença decisiva entre o que é incluso e o
que é excluso.
Mas estamos convictos que estas não são as diferenças decisivas
e que todas as coisas são como um rato e um percevejo no coração
de um queijo. Rato e Percevejo: não existem duas outras coisas que
podem parecer mais dessemelhantes. Se permanecem ali uma semana,
ou permanecendo um mês: entre eles apenas se verificarão transmuta­
ções do queijo. Acredito que nós todos somos percevejos e ratos e que
somos apenas expressões diferentes de um queijo omnicompreensivo.
Ou que o vermelho não soja decididamente diferente dó amare­
lo: trata-se apenas de um alto grau de vibração de que o amarelo
representa apenas uma parte: que o amarelo e o vermelho são
contínuos e que se fundem no laranja.
Tanto que, então, se sobre a base do amarelo e do vermelho de-
*
vesse a Ciência estabelecer a tentativa de classificar todos os
fenômenos, considerando todas as coisas vermelhas como verdadeiras
e todas amarelas como falsas ou ilusórias, a linha demarcatória seria
falsa e arbitrária, porque a coisa de cor alaranjada constituindo uma
continuidade pertencería às duas partes da linha limite.
Prosseguindo, permaneceremos feridos por isto:
Que não foi concebida nenhuma base para classificação, ou
para exclusão e inclusão mais racional que aquela do amarelo e do
vermelho.

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A Ciência apegando-se a várias bases inclui uma multitude de
dados. Se não o tivesse feito, nada se sabería de verossímil. A
ciência, recorrendo a vários referenciais, excluiu uma multidão de
dados. Donde, se o vermelho é contínuo em relação ao amarelo, se
cada base de admissão é contínua a cada base de exclusão, a ciência
deve ter excluído algumas coisas que são contínuas com aquelas
aceitas. Com o amarelo e o vermelho, que se fundem no laranja,
identificamos todos os exames, todos os padrões de medida, todos os
meios para formarmos uma opinião ...
Mantenho que a busca de qualquer intelecto esteja voltada
para o encontro de algo . . . um fato, uma base, uma generalização,
lei, fórmula, uma premissa de altíssima importância, que seja decisiva:
que o melhor que já foi feito foi dizer que certas coisas são evidentes
em si . . . entretanto, com a palavra “evidência”, entendemos a
referência a um suporte de alguma outra coisa ...
Que seja esta a pesquisa; mas nunca atingindo o próprio escopo;
mas que a ciência tenha agido, dominado, emanado e condenado
como se já tivesse sido cumprida.
O que é uma casa?
Não é possível dizer o que qualquer coisa é, de maneira decidi­
damente diferenciável de qualquer outra coisa, se não são diferenças
decisivas.
Uma estrebaria é uma casa, se alguém vive nela. Se a residência
constitui uma habitação, se não se considera sua arquitetura, então
o ninho de um pássaro é uma casa: e o alojamento humano não é a
medida justa para avaliações, desde que não falemos de casas para
cães e tampouco os materiais, a partir do momento èm que nós fala­
mos das casas de neve dos esquimós ... e uma concha é uma casa pa -
ra um caranguejo eremita, ou para o molusco que a construiu e a
habitou originalmente . . . e contemplamos a continuidade estabeleci­
da entre coisas radicalmente diferentes, como a Casa Branca, em
Washington, e uma concha na praia.
Da mesma forma, ninguém foi capaz de dizer o que seja a
eletricidade, por exemplo. É algo que não se distingue nitidamente do
calor, do magnetismo, ou da vida. Metafísicos, teólogos e biólogos
procuraram dar uma definição da vida, mas falharam, porque, defíni-
tivamente nada há a definir; não há nenhum fenômeno da vida que não
esteja manifestado na química, no magnetismo e nos movimentos
astronômicos.
Ilhas de coral branco num mar azul carregado.
A sua aparência de distinção: aparência de individualidade, ou
de uma decisiva diferença de uma e outro ... mas tudo é projeção do
mesmo fundo marinho. A diferença entre o mar e a terra não é
decisiva. Em toda água, há terra, em toda terra, há agua.
9
Por conseguinte, então, todas as coisas não são, de fato, coisas,
se todas são intercontínuas, apesar de que a perna de uma mesa se a
uma coisa em si, apenas é projeção de algo mais: nenhum de nós é
uma pessoa real, se, fisicamente, somos contínuos ao ambiente; se
fisicamente nada possuímos, se não uma expressão de reações ao
ambiente.
Em geral, a nossa posição apresenta dois aspectos:
Um monismo convencional, ou seja, que todas as “coisas” que
parecem identificar-se por conta própria são só ilhas que são projeções
de algo comum e não têm nenhum contorno real próprio.
Mas também, que todas as “coisas” se bem que apenas projeções
apresentam projeções que procuram desesperadamente fugir ao fio
comum que nega sua identidade pessoal.
Concebo, em suma, um sentido intercontínuo, no qual e do
qual todas as coisas aparentes são apenas expressões "diversas, mas no
qual todas as coisas são localizações de uma única tentativa de fuga
para se manifestarem como reais, ou para estabelecer uma entidade de
diferença decisiva ou demarcação final ou independência não modifi­
cada ... Ou seja, personalidade ou alma como é chamada no caso do
fenômeno humano.
Sustento portanto:
Que tudo que procura impor-se como real ou decisivo, ou
como sistema absoluto, governo ou organização, alma, entidade
individual, possa consegui-lo apenas traçando uma linha em torno de
si ou em torno às conclusões que vem a constituir a entidade
e danando, excluindo, ou distanciando-se das outras “coisas”.
Que, se assim não se comporta, não se pode parecer existir.
Que, se assim se age, age-se de modo falso, arbitrário, fútil,
desastroso, exatamente como aquele que traça um círculo sobre o mar
incluindo algumas ondas, e dizendo que as outras ondas, às quais
aquelas inclusas são contínuas são completamente diversas e arrisca
a própria vida sustentando que aquelas que aceita e as que exclui
são completamente diversas.
A nossa convicção é que toda existência seja animação do
particular mediante um ideal que é compreensível apenas no univer­
sal.
E que, se todas as exclusões são falsas, porque o incluso e o
excluso são sempre contínuos, se toda aparência da existência
perceptível a nós são o produto da exclusão, nada há do que
nos é perceptível que seja verdadeiramente existência: e que apenas o
universal pode efetivamente existir.
Nosso interesse principal é pela ciência moderna, concebida
como manifestação deste único ideal, escopo ou processo.
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Sustento que esta tenha feito exclusões arbitrárias, pela falta
de medidas decisivas que permitissem qualquer julgamento: que
tenha falsamente excluído coisas que baseadas nos próprios meios
arbitrários de medida, tem tanto direito de serem consideradas quanto
o foram as coisas escolhidas.
A nossa afirmação geral é:
Que o estado comum e absurdamente chamado “existência”
seja um fluxo ou uma corrente ou tentativa da negação à positividade
e seja um estado intermediário.
z Com a palavra positividade queremos dizer:
Harmonia, equilíbrio, ordem, regularidade, estabilidade, consis­
tência, unidade, realidade, sistema, governo, organização, liberdade,
independência, alma, essência, personalidade, entidade, individuali­
dade, verdade, beleza, justiça, perfeição, clareza ...
Sustento portanto:
Que tudo que é chamado desenvolvimento, progresso ou
evolução, seja movimento à frente, ou tentativa em direção a esse
estado para o qual ou para cujos aspectos existem tantos nomes todos
resumidos pela única palavra "positividade”.
De início, este resumo não pode ser prontamente aceito. A
princípio pode parecer que todas estas palavras não são sinônimas:
que a "harmonia” possa significar "ordem”; porém mediante "inde­
pendência”, por exemplo, não nos referimos á "verdade”, ou que
mediante "estabilidade” não nos refiramos á "beleza” ou "sistema”,
ou "justiça”.
Concebo um sentido intercontínuo que se exprime mediante
fenômenos astronômicos, químicos, biológicos, psíquicos e sociológi­
cos: que se bate denodadamente em todas as ocasiões para a localiza­
ção da certeza; e a estas tentativas nos vários campos dos fenômenos
- que são apenas quase diferenciados - damos nomes diversos.
Falamos de "sistema” planetário, e no de seu "governo”: mas se, por
exemplo, consideramos um negócio, e sua direção, as palavras são
substituíveis. Tornou-se usual falar de equilíbrio químico, mas não de
equilíbrio social; aquela falsa linha de demarcação foi abatida.
Veremos que mediante todas estas palavras indicamos o mesmo estado,
por comodidade cotidiana ou em termos de ilusões comuns, porém
não são sinônimas. Para uma criança um verme não é um animal,
mas o é para um biólogo.
Com a palavra "beleza” significo o que é completo.
Ao contrário, o incompleto, o mutilado, é feio.
A Vénus de Milo.
Para uma criança é feia.

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Quando uma mente se acostuma a pensar nela em sua complei­
ção, mesmo sendo incompleta pelo metro fisiológico, é bela.
Uma mão considerada apenas como tal, pode parecer bela.
Encontrada num campo de batalha . . . obviamente como
parte ... não é bela.
Mas tudo, em nossa experiência, é parte de algo mais, que a
seu turno é ainda parte de alguma outra coisa ... ou seja, não há
nada belo em nossa experiência: unicamente evidências intermediárias
á beleza e á feiúra . . . Somente a universalidade é completa: apenas
a completude é bela; toda tentativa de captar a beleza é tentativa de
dar ao particular o caráter do universal.
Com a palavra "estabilidade” referimo-nos ao imóvel, ao que
não sofre influência. Mas, toda a aparência é realização de coisa
externa. Também a estabilidade só pode ser o universal, ou, aquilo
em relação ao que não há distinção. Mesmo o que parece ter -
ou ter tido - maior aproximação a outra estabilidade, é em nossa
experiência graus variáveis intermediários entre a estabilidade e a
instabilidade. Todo homem, portanto, que trabalha pela estabilidade
sob seus vários nomes de “permanência”, “sobrevivência”, “duração”
está se esforçando para localizar em algo a condição unicamente
realizável no universal.
Com as palavras independência, entidade, individualidade, só se
pode entender aquilo junto do que nada mais há, se são dadas duas
coisas, estas devem ser contínuas e influenciarem-se, e se tudo é
apenas uma reação ao exterior, duas coisas quaisquer destruirão sua
independência recíproca, identidade ou individualidade.
Todas as tentativas de organizações, sistemas e reagrupamento
algumas aproximando-se melhor das outras enquanto não mais que
intermediárias entre a Ordem e a Desordem, finaimente faliram por
suas reações às forças externas. Todos tentaram a via da completude.
Se para todos fenômenos localizados sempre há forças externas,
também estas tentativas seriam realizáveis tão-somente no estado
completo, a saber, aquele para o qual não há forlas extemas.
Sustento que:
Todas estas palavras são sinônimos e todas significam a condição
a que chamamos positivo ...
Toda nossa “existência” seja luta pela reunião ao estado posi­
tivo.
O surpreendente paradoxo de tudo isso:
É que haja apenas este único processo e que este anime todas as
expressões em todos os campos fenomênicos, que consideramos num
sentidç intercontínuo.

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Os religiosos e sua idéia ou uso da alma. Estes consideram-na
entidade distinta, estável, ou um estado que é independente, e não
fluxo de vibrações ou complexo de reações ambientais, contínuo com
o ambiente fundindo-se numa infinidade de outros complexos inter­
dependentes.
Mas a única coisa que não se funde a qualquer outra seria a
aquela junto à qual nada mais há.
A Verdade é apenas uma outra palavra para o estado positivo,
e a procura da Verdade é a tentativa de atingir a certeza positiva.
Os cientistas pensaram em procurar a Verdade, mas procura­
vam pesquisar verdades astronômicas, químicas ou biológicas. Mas a
Verdade é aquilo a que nada se pode acrescer: nada há que a possa
modificar, nada que, além de si mesma, a questione, sem nenhuma
exceção: oniinclusivo, o que é completo...
Com a palavra Verdade pretendo referir-me ao Universal.
Assim os químicos procuraram o verdadeiro, ou o real, e
sempre falharam em seus esforços, por causa das relações externas
nos confrontos dos fenômenos químicos: falharam na acepção de que,
sem exceções, foi descoberta uma lei química: porque a química é
contínua com a astronomia, a física, a biologia. Por exemplo, se o sol
devesse mudar grandemente a sua distância á Terra, podendo sobrevi­
ver a humanidade, as fórmulas químicas deveríam ser reorganizadas, e
a química sofreria alterações ...
Defendo que todas as tentativas de descobrir a Verdade no
particular são tentativas de descobrir o universal no local.
E os artistas, e seus esforços para atingir a certeza, sob o nome
de "harmonia” . . . com seus pigmentos que se oxidam ou se deixam
influenciar por um ambiente corrosivo ... ou as cordas dos instru­
mentos musicais que se regulam diversamente segundo as forças
químicas térmicas e gravitacionais externas . . . novamente esta
unicidade de todos os ideais e que representa a tentativa de ser ou
alcançar localmente o que é realizável universalmente. Na nossa
experiência atingimos tão-só o meio termo entre a harmonia e a dis­
cordância. A harmonia é aquilo em relação ao que não agem forças
externas.
E as nações combateram por um único motivo: pela individua­
lidade ou a entidade, ou para ser nação verdadeira e autônoma, não
sujeita ou incorporada a outras nações Mas nenhuma conseguiu nada,
exceto pela média, e a história é todo um conjunto de falhas nesta
direção, porque sempre houveram forças externas ou outras nações
que se bateram pelo mesmo objetivo.
No que concerne às coisas químicas, mineralógicas, astronômi
cas, não cabe dizer que procuram atingir a Verdade ou a Entidade,

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mas sabe-se que todos seus movimentos lançam-se em direção ao
Equilíbrio e não há nenhum movimento que não seja em direção ao
Equilíbrio, naturalmente sempre longínquo de qualquer vizinhança do
Equilíbrio.
Todos os fenômenos biológicos procuram a adaptação: não há
outras ações biológicas que se afastem da adaptação.
Ora, a adaptação é outro sinônimo de Equilíbrio. O Equilíbrio
é um universal, nada havendo extemamente e que possa alterá-lo.
Mas tudo a que chamamos "ser” é movimento: e todo esse
movimento é expressão não de equilíbrio, mas do equilibrismo, ou
seja do equilíbrio não alcançado; os movimentos da vida são expres­
sões de equilíbrio inatingido; todo este conceito conecta-se ao
inatingido; por conseguinte o que é chamado ser no nosso quase-
estado não significa existir no sentido positivo, mas significa ser
intermediário entre o Equilíbrio e o Desequilíbrio.
Então sustento:
Que todos os fenômenos no nosso estado intermediário, ou
quase-estado, representam esta única tentativa de organizar-se, estabi­
lizar-se, harmonizar-se, individualizar-se . positivar-se, ou melhor,
tornàrem-se reais;
Que o simples fato de ter uma aparência significa exprimir uma
falência ou uma intermediaridade entre a falência e o sucesso final;
Que cada tentativa observável seja vencida pela Continuidade,
ou pelas forças externas ... ou pelo excluso que é contínuo ao
incluso;
Que toda nossa “existência” seja uma tentativa do relativo para
ser absoluto, ou da parte do local a ser universal;
Neste livro meu interesse se concentra nesta tentativa e em como
tem se manifestado na ciência moderna:
Que tentou ser verdadeira, real, final, completa e absoluta:
Mas, se a aparência de ser, que no nosso quase-estado é fruto da
exclusão que sempre é falsa e arbitrária, se o incluso e o excluso
sempre são contínuos, todo o sistema aparente, ou entidade, da
ciência moderna é apenas um quase-sistema, ou uma quase-entidade,
elaborada pelo mesmo falso e arbitrário processo segundo o qual o
ainda menos positivo sistema que o precedeu, o sistema teológico,
elaborou a ilusão do seu ser.
Neste livro organizo os dados que acredito tenham sido
arbitrária e erroneamente excluídos.
Os dados dos danados.
Adentrei nas trevas das transações e procederes científicos

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e filosóficos, respeitabilíssimos, mas recobertos pela poeira da indife­
rença. Desce ao jornalismo. Voltei com a quase-alma dos dados
perdidos.
E esses marcharão.
Relativamente à lógica das nossas afirmações futuras, sustento:
Que aqui esteja apenas a quase-lógica no nosso modo de ser:
Que nada mais tenha sido jamais provado . . . Porque não há
nada a provar.
Quando digo que não há nada a ser provado quero dizer que
para aqueles que aceitam a continuidade, ou a fusão de todos os
fenômenos em outros fenômenos, sem uma determinada linha demar-
catória entre eles, não há nada, positivamente. Nada a ser demons­
trado.
Por exemplo, não se pode demonstrar que alguma coisa é um
animal . . . porque animais e plantas não são absolutamente diferen­
tes. Existem algumas expressões de vida que são tanto animais quanto
plantas, ou que representam a fusão de animais e plantas. Não há
nenhum exame crucial, nenhuma medida, nenhum critério ou meio
para formar uma opinião. Como seres distintos das plantas os animais
não existem. Nada há a ser demonstrado. Não podemos demonstrar
que algo seja bom, por exemplo. Em nossa “existência” não há nada
que seja bom, em certo sentido, ou que seja claramente oriundo do
mal. Se perdoar é bom em tempo de paz, é mau em tempo de guerra.
Nada há a ser demonstrado: o bem em nossa experiência é continui­
dade do mal, ou ainda é um seu outro aspecto.
E quanto ao que vou fazer agora ... limito-me a aceitar. Se não
consigo ter uma visão universal, posso localizar.
Então, naturalmente, sustento que nada jamais tenha sido
provado.
Que as asserções teológicas são passíveis de dúvida como sempre
o foram; mas que, por um processo hipnótico, tornaram-se dominan­
tes na maioria das mentes na sua época;
Que numa era seguinte, as leis, os dogmas, as fórmulas, os
princípios da ciência materialista jamais foram demonstrados, porque
são apenas localizações que estimulam a universalidade; mas que as
principais mentes da época em que dominavam agiram como que
hipnotizadas de modo a serem induzidas a crerem nelas de modo mais
ou menos i ntenso.
Que as três leis de Newton são tentativas de alcançar a certeza
e de desafiar e interromper a Continuidade, e que são tão irreais
quanto qualquer outra tentativa de localizar o universal;
Que sendo cada corpo contínuo, direta ou indiretamente, com

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todos os outros corpos, não pode ser influenciado somente pela sua
inércia, portanto, que não é possível saber quais são os fenômenos de
inércia; que se todas as coisas reagem a uma infinidade de forças, não
há modo de saber qual será o efeito causado por uma única força, que
se toda reação é contínua à sua ação, então não pode ser concebida
como um todo e que não há como conceber o que poderia ser igual
ou oposto . . .
Ou seja, sustento que as três leis de Newton são três artigos de
fé.
Mas, que durante a época de sua imposição sempre foram
acreditadas, quase com a mesma convicção que teriam se tivessem sido
provadas:
Enormidade e absurdo marcharão.
E serão “demonstrados” da mesma forma que demonstraram
algo: Moisés, Darwin ou Lyell.
Substituiremos a fé pela aceitação.
As células de um embrião assumem aspectos diversos em
diferentes épocas.
Mantemos que o organismo social é embriônico.
Que aquilo que é mais enraizado é mais difícil de mudar.
Mantemos que:
Crer firmemente significa bloquear o desenvolvimento.
Aceitar temporariamente significa facilitá-lo.
Mas:
Excetuando o fato de substituir a fé pela aceitação, os nossos
métodos serão os convencionais; meios através dos quais todas crenças
foram formuladas e sustentadas: isto é, nossos métodos serão aqueles
dos teólogos, dos selvagens, dos cientistas e das crianças. Pois, se
todos os fenômenos são contínuos não podem existir métodos efeti­
vamente diversos. Escreveremos este livro com os meios inconcluden-
tes e com o método dos cardeais, dos videntes, dos evolucionistas e
dos camponeses, métodos que devem ser inconcludentes são sempre
conexos com o local e então não é local de concluir.

Se funcionará como expressão desta época então a superará.

Todas as ciências começam com tentativas de definições.

Nada jamais foi definido.

Porque nada há para ser definido.

16
Darwin escreveu The Origin ofSpecies (l).
Mas não teve condições de especificar o que queria dizer com
“espécie”.
Não é possível dar uma definição.
Nada jamais foi desvendado inteiramente.
É como procurar uma agulha que ninguém nunca perdeu num
palheiro que jamais existiu.
Mas todas as tentativas para descobrir realmente alguma coisa,
onde realmente não há nada a ser descoberto, pretendem na verdade
tentar ser alguma coisa.
Um pesquisador da Verdade. Jamais a descobrirá: Mas há uma
remotíssima possibilidade que ele mesmo se torne a Verdade.
Ou que a ciência seja mais que uma procura:
Que seja uma pseudo-construção; que seja uma tentativa de
evasão para estabelecer localmente a harmonia, a estabilidade, o equi­
líbrio, a consistência, a entidade . ..
Existe a mais remota das possibilidades . . . que se possa
conseguir isto.
Pseudo-existimos e tudo que é visível nessa pseudo-existência
faz parte da sua essência fictícia . . .
Algumas aparências se aproximam mais de outras no * estado
positivo.
Concebemos todas “coisas” como ocupando uma gradação, ou
estado entre a positividade e a negatividade; a realidade e a irrealidade;
algumas coisas aparentes são mais quase-consistentes, justas, belas,
unificadas, individualizadas, harmoniosas e estáveis . .. que outras.
Não somos realistas. Não somos idealistas. Somos intermediá­
rios . . . posto que nada é real e por outro lado nada é irreal: todos
os fenômenos são uma aproximação num sentido ou noutro entre a
realidade e a irrealidade.
Então sustentamos:
Que toda nossa quase-existência seja um estágio intermediário
entre a positividade e a negatividade ou a realidade e irrealidade.
Como o purgatório, acredito.
Mas em nosso resumo apenas esboçado, omitimos o esclareci­
mento de que a Realidade é um aspecto do estado positivo.

(1) NT - Existe uma tradução desta obra editada por Hemus-Livraria


Editora Ltda e que pode ser muito interessante em termos de Metodolo­
gia.

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Com a palavra Realidade quero referir-mè àquilo que nãò se
funde com seja lá o que for e que não é parcialmente qualquer
outra coisa; aquilo que não é uma reação a, ou uma imitação de, seja
lá o que for. Dizendo verdadeiro herói referimo-nos àquele que não é
parcialmente covarde, ou aquele cujas ações e cujos movimentos não
se fundam na velhacaria.
Mas se na Continuidade, todas as coisas se fundem, com a
palavra Realidade refiro-me ao Universal, uma vez que este não tem
nada com que fundir-se.
Entendo:
Que se bem que o particular possa ser universalizado, não é
concebível que o universal possa ser particularizado; mas que se
possam estabelecer dele acuradas aproximações e que esses sucessos
aproximativos possam ser traduzidos pela Intermediaridade na Reali­
dade . . . exatamente como em sentido relativo, o mundo industrial
se aparata traduzindo da irrealidade ou da imaginação aparentemente
menos real dos inventores, máquinas que parecem, quando dispostas
na fábrica, dispor de maior Realidade de que tinham quando eram
apenas imaginadas.
Que todo progresso, se todo progresso se move rumo à estabili­
dade, a organização, a harmonia, a consistência ou a positividade, é
uma tentativa de tornar real.
Portanto, em termos geralmente metafísicos, estamos convenci­
dos que, como um purgatório, tudo aquilo que é comumente chamado
“existência” e que chamamos Intermediaridade, é uma quase-existên­
cia, nem real, nem irreal, mas a expressão da tentativa de tornar real,
ou de gerar ou de receber uma verdadeira existência.
Estamos convictos de que a Ciência, ainda que habitualmente
considerada por ramos específicos ou nos seus termos locais, ou
habitualmente considerada pesquisa de fósseis, insetos ou mixórdias
pouco convidativas; seja uma expressão deste espírito único que
anima toda a Intermediaridade, e que, se a ciência pudesse excluir
todos os dados, menos os seus dados atuais, ou aqueles que são
assimiláveis com a presente quase-organização, seria um sistema real,
de contornos bem definidos . . . seria real.
Sua aparente aproximação da consistência, da estabilidade, do
sistema - positividade ou realidade - é mantida danando tudo
aquilo que é inconciliável ou não assimilável...
Tudo seria perfeito.
Tudo seria divino . .
Se os danados permanecessem simplesmente danados.

18
II

O VULCÃO KRAKATOA

No outono de 1883 e durante alguns anos verificaram-se


crepúsculos brilhantemente coloridos, como nunca jamais tinham
sido segundo a memória de todos os observadores. E presenciou-se
também o surgimento da lua em cor azul.
Acredito que sorrirão incrédulos ao ouvirem falar de lua azul.
Este fato entretanto foi tão comum quanto a presença de sóis verdes
em 1883.
A ciência deveria pronunciar-se acèrca deste fenômeno extra­
ordinário. Publicações como Nature ou Knowledge foram assediadas
com questões.
Acredito que no Alaska e nas Ilhas dos Mares do Sul todos os
feiticeiros foram submetidos ao interrogatório.
Era preciso pensar em algo.
A 28 de agosto de 1883 explodia o vulcão de Krakatoa no
estreito da Sonda.
Aterrorizante.
Veiculou-se que o rombo chegou a ter 2 000 milhas (3 200
quilômetros) de extensão e que morreram 36 380 pessoas. A mim me
parece pouco científico e real: admira-me que não tenham dito
2 163 milhas e 36 387 pessoas. A quantidade de fumaça que se
ergueu deveria ter sido visível até de outros planetas do sistema
solar ... ou quiçá, atormentada pela nossa insensatez, a Terra
lamentou-se para Marte, e pronunciou uma grande maldição contra
nós.
Diz-se que estes fenômenos foram provocados por partículas
de poeira vulcânica que foram projetadas á atmosfera pelo vulcão
Krakatoa.
Em todos os livros-texto referentes a este acontecimento, e até
agora, sem exceções, diz-se que os extraordinários efeitos atmosféri­

19
cos de 1 883 foram notados pela primeira vez por volta do fim de
agosto ou começo de setembro.
Isto cria uma dificuldade.
Esta foi a explicação aceita em 1 883 . . .
Mas, os fenômenos atmosféricos continuaram durante sete
anos ...
Exceto que, houve um intervalo de alguns anos entre esses
sete . . . e por onde andou a poeira vulcânica durante esse tempo
todo?
Pensam que uma observação deste gênero teria causado espécie?
Talvez não conheçam a hipnose. Nao se conseguiu demonstrar
a um hipnotizado que uma mesa não é um hipopótamo. Pelo que é
comumente aceito, seria impossível demonstrar coisa deste gênero.
Indiquem cem razões pelas quais um hipopótamo não é uma mesa:
finalmente dever-se-ia aceitar que nem mesmo uma mesa é uma
mesa . . mas que parece apenas, ser uma mesa. Bem, é tudo o quanto
parece ser o hipopótamo. Destarte, como se pode demonstrar que
uma coisa não é outra, mas sim isto e aquilo? Nada há a se demons­
trar.
Esta é uma das ciladas sobre as quais já advertimos antecipada­
mente.
Só se pode opor a um absurdo com outro absurdo. Mas a
ciência é o absurdo elevado à fundamentação. Dividamos todo o
saber: teremos o obviamente absurdo e o estabelecido.
Mas, quanto ao Krakatoa: eis a explicação dada pelos cientistas.
Não sei de que sandices cogitaram os tais feiticeiros.
Vejamos assim, do princípio ao fim, a fortíssima inclinação
que a ciência tem de negar, tanto quanto possível, as relações
externas a esta terra.
Este livro é uma coleta de dados de relações externas a esta
Terra. Sustentamos que nossos dados foram “danados” não em
consideração a méritos ou deméritos pessoais, mas em conformidade
a uma tentativa geral de manter esta Terra isolada. Esta é uma
tentativa de positividade. Sustentamos que a ciência não pode chegar
a bom termo neste esforço, assim como não o poderão os chineses ou
os norte-americanos. Donde, só com uma pseudo-consideração dos
fenômenos de 1 883, ou como expressão do positivismo em seu
aspecto de isolamento, ou de nâo coligação, os cientistas perpetraram
uma enormidade tal como a suspensão no ar durante sete anos de
poeira vulcânica . . . antes de admitir a origem do pó em qualquer
ponto além da terra. Não que os cientistas tenham se certificado, em
unanimidade . . . porque Nordenskiold escreveu em 1 883, a respeito
de sua teoria da poeira cósmica, e o prof. Cleyeland Abbe contestou
20
a explicação de Krakatoa . . mas assim é a ortodoxia da maior
parte do corpo científico.
Minha Principal razão para indignar-me é que:
Esta absurda explicação interfere com algumas das minhas
enormidades.
Custar-me-ia muito dar explicações, se devesse admitir que a
atmosfera desta Terra dispõe de um tal poder de sustentação.
Mais adiante exporemos coisas que apareceram no céu, onde
permaneceram - alhures - durante semanas ou meses . . . Mas não
certamente pelo poder de sustentação da atmosfera terrestre. Por
exemplo, a tartaruga de Vicksburg. Parece-me que seria ridículo
pensar numa tartaruga de respeitáveis dimensões que permaneça
por 3 ou 4 meses suspensa apenas pelo ar, sobre a cidade de Vicks­
burg. Quando se vem a falar do cavalo e do estábulo . . . Creio que
virão a ser clássicos um dia, mas jamais aceitarei o fato de um ca­
valo e uma estrebaria poderem flutuar por diversos meses na atmos­
fera terrestre.
A explicação ortodoxa.
Veja-se o Report of the Krakatoa Commitee of the Royal
Society. Este afirma de modo absoluto a explicação ortodoxa . . .
de modo absoluto e esplêndido, se bem que custoso. Neste “Relató­
rio” há 492 páginas e 40 ilustrações algumas das quais maravilhosa­
mente coloridas. Foi editada depois uma pesquisa que se estendera
por 5 anos. Não se poderia pensar em nada de mais científico,
artístico e autorizado. As matemáticas causam particular impressão:
distribuição da poeira de Krakatoa; velocidade de translação e ritmos
de decaimento; alturas e durações.
Annual Register, 1 883 - 105
Os efeitos atmosféricos atribuídos a Krakatoa foram observa­
dos em Trinidad antes que se verificasse a erupção;
Knowledge, 5-418
Foram observados em Natal, África do Sul, seis meses antes
da erupção.
Inércia e sua inospitalidade.
Ou quem sabe, a carne crua não deveria ser dada a crianças de
colo.
Para começar, disporemos de alguns dados.
Receio que o cavalo e a estrebaria tenham sido um tanto
exagerados para nossa liberalidade em botão.
O absurdo é razoável se introduzido educadamente.

21
O granizo por exemplo. Lê-se em certos jornais a respeito de
certas pedras de granizo grandes como ovos de galinha. Sorrimos.
Não obstante poderia arrolar uma centena de exemplos do Monthly
Weather Review, de pedras de granizo como ovos de galinha. Na
Nature de l.° de novembro de 1 894 dá-se notícia de pedras de
granizo que pesavam quase 2 libràs cada uma (900 gramas). Vejam
a Enciclopédia Chambers e lá encontrem exemplos de 3 libras. No
Report of Smithsonian Institution estão registrados pedras de 2
libras e são referidas a outras 3 libras. Em Seringapatam na índia em
1 800, cai uma pedra de granizo ...
Mas, ai! receio precisamente que dados deste tipo sejam
profundamente danados. Digo algo que talvez viesse ser tido como
disparate por diversas centenas de páginas . . . mas esse assunto
amaldiçoado tem o tamanho de um elefante.
Rimo-nos.
Flocos de neve. Na dimensão de pires, caíram em Nashville,
Tennessee a 24 de janeiro de 1 891. Rimo-nos.
‘ “Em Montana no inverno de 1 887 caíram flocos de neve do
diâmetro de 15 polegadas (= 38 cm) e com a espessura de 8 polega­
das (20 cm)" (Monthly Weather Review 1 916,73).
Na estrutura do intelecto diria que aquilo que chamamos saber
é ignorância cercada de risos.
Chuvas negras . . . chuvas vermelhas ... a queda de um milhar
de toneladas de manteiga ...
Neve negra como pez ... neve rosa ... granizo azul ... gra­
nizo com gosto de laranja.
Lenha seca, seda, carvão. Há uma centena de anos atrás se
alguém fosse suficientemente crédulo para pensar que pudessem cair
pedras do céu, teria como resposta:
Em primeiro lugar no céu não há pedras:
portanto, do céu não podem cair pedras.
Nada de mais razoável científico ou lógico do que isto poderia
ser dito sobre esta argumentação, o único óbice é o óbice universal:
que a premissa básica não é real; ou melhor é intermediária entre a
realidade e a irrealidade.
Em 1 773 um Comitê do qual fazia parte Lavoisier foi encar­
regado pela Academia Francesa de pesquisar um relato que afirmava
que em Luce na França havia caído uma pedra do céu. De todas as
tentativas pela positividade em seu aspecto de isolamento, não sei de
nenhuma que tenha sido mais combatida no conceito de não
correlação com esta terra. Lavoisier analisou a pedra de Luce. A
explicação dos exclusionistas da época foi que do céu não caem

22
pedras: que os objetos luminosos podem parecer cair e que se podem
recolher pedras aquecidas no ponto em que aparentemente caiu o
objeto luminoso . . . e que se trata de um relâmpago que atingiu a
pedra aquecendo-a até a fusão.
A pedra de Luce apresentava sinais de fusão.
A análise de Lavoisier “provou de modo absoluto” que aquela
pedra não havia caído mas havia sido atingida por um raio.
Destarte as pedras cadentes foram amaldiçoadas pela autorida­
de. A forte presença da exclusão permanece na explicação do raio que
foi visto atingir algo . . . que se encontrava desde o princípio na
terra.
Positividade e destino de toda asserção positiva. Não é habitu­
al pensar nas amaldiçoadas pedras que erguem um grito de protesto
contra uma sentença de exclusão, mas subjetivamente é o que fazem
os aerólitos ... Ou os dados sobre eles que bombardeiam as muralhas
que contra eles são ouvidas. . .
Monthly Review, 1 796-426.
“O fenômeno que representa o assunto das observações com
que defrontamos, parecerá à maioria das pessoas bem pouco digno de
crédito. A queda de grandes pedras do céu, sem se poder assinalar
uma causa a sua precedente ascensão, parece fazer arte do fantástico,
se se exclui a obra de agentes não-naturais. Entretanto, apresentamos
aqui a íntegra do relato para demonstrar que são verdadeiramente
ocorrentes acontecimentos do gênero, e não duvidamos considerá-los
com a devida atenção.”
O autor abandona a primeira, ou absoluta, exclusão, e a
modifica, baseado na explicação que no dia anterior â referida queda
de pedras na Toscana em junho de 1 794, havia ocorrido uma
erupção do Vesúvio ...
Ou então, as pedras caem sim, do céu, mas são pedras que
foram levadas ao céu em qualquer outra parte da superfície terrestre
por furacões ou por ações vulcânicas.
Passaram-se mais de cento e vinte anos . . . Não conheço
nenhum aerólito que já tenha sido aceito como sendo de origem
terrestre.
As pedras cadentes deveriam ser amaldiçoadas ... se bem que
sempre com uma reserva que excluía as forças externas.
Alguém poderia ter toda a ciência de Lavoisier e ainda não
ser capaz de analisar, tampouco ver, senão em conformidade ás
hipnoses e ás reações convencionais às hipnoses da própria era.
Nós não acreditamos nisso.
Nós aceitamos.

23
Pouco a pouco as explicações à base de furacões e vulcões
deveríam ser abandonadas, mas tão poderosa era esta hipnose de
exclusão, esta sentença de condenação, ou esta tentativa de positivi­
dade, que mesmo em nossos tempos, alguns cientistas, principalmente
o prof. Lawrence Smith e Sir Robert Bali, continuaram a bater-se
contra toda a origem externa, asseverando que nada pode recair
nesta terra, sem antes ter sido lançado ou largado do ar em qualquer
outra parte da superfície terrestre.
Nada mais louvável ... o que quero dizer é que é o meio
entre o louvável e o censurável.
É virginal.
Os meteoros, cujos dados outrora foram amaldiçoados, foram
admitidos; mas sua impressão comum é apenas o retirar-se de uma
tentativa de exclusão: ou seja, somente duas espécies de substâncias
caem do céu: as metálicas e as pedras: e que os objetos metálicos
são de ferro e níquel. . .
Manteiga e papel e lã e seda e resina.
Vejamos, apenas para começar, o que as virgens da ciência
çombateram e choraram e alardearam contra as relações externas . ..
com base em dois pressupostos:
De lá, sempre;
Ou sobre uma parte da superfície terrestre ou a partir de outra.
Em novembro de 1 902, em “Nature Notes”, 13-231, um
membro da Selborne Society ainda sustentava que os meteoros não
caem do céu; e que estes sempre se encontraram na terra, que atraem
raios, e quando o raio é visto, é tomado por um objeto luminoso
cadente ...
Com a palavra progresso queremos dizer violência.
Manteiga e carne e sangue e pedras, com estranhas inscrições
em cima.

24
III
ELEMENTOS DE INTERMEDIARIDADE

Assim, então, a nossa afirmação é que a ciência não se vincula


ao verdadeiro saber no que concerne ao çrescimento duma planta, ou
a organização de uma grande mercearia, ou o desenvolvimento de
uma nação: que todos são processos assimilativos, organizativos e
dispositivos que representam diferentes tentativas de alcançar o
estado positivo . . . aquele estado que é comumente chamado
paraíso, imagino.
Não pode existir ciência verdadeira onde existem variáveis
indeterminadas, mas cada variável é, por definição, indeterminada ou
irregular, pois só o fato de ter o aspecto de ser na Intermediaridade
significa exprimir uma regularidade não alcançada. O invariável, ou o
real e o estável, não querem dizer absolutamente nada na Intermedia-
ridade . . . como, em termos relativos, uma interpretação não
distorcida dos rumores externos na mente de um sonhador não pode
continuar a existir em uma mente que sonha, posto que aquele toque
de relativa realidade faz parte da vigília e não do sonho. A ciência
é a tentativa de acordar para a realidade, que contém a tentativa de
encontrar a regularidade e a uniformidade. Ou o regular e o uniforme
saberíam que não há nada exterior que possa perturbá-los. Com a pala­
vra universal queremos significar o real. Ou ainda a noção que o
supertentador implícito, como é expressado na Ciência, é indiferente
ao argumento da Ciência: isto é, que a tentativa de regularizar tudo
é o espírito vital. Insetos, estrelas e combinações químicas: são
quase reais e deles não há nada real a saber; mas a disposição dos
pseudo-dados é a aproximação à realidade ou ao despertar final...
Ou uma mente que sonha - e os seus centauros e os canarinhos
que se transformam em girafa - pode não ter nenhuma verdadeira
biologia nestes argumentos, mas a tentativa de uma mente que sonha
em estabelecer uma sistematização destas imagens será um movimento
para a vigília — se uma melhor coordenação mental é tudo o que
entendemos por vigília - relativamente acordado.

25
Assim sendo, tendo efetuado a tentativa de sistematizar
ignorando o exterior ao máximo, a noção das coisas que caem sobre
a Terra do exterior, é tão inquietante e mal aceita pela Ciência
quanto os zangarreadores que deturpam a composição relativamente
simétrica de um músico, ou moscas que pousam na tentativa de
harmonia de um pintor misturando uma cor com a outra ... ou
um eleitor que se põe a fazer um discurso político durante uma missa.
Se todas as coisas fazem parte de uma unicidade, que é o estado
intermediário entre a realidade e a irrealidade, e se nada conseguiu
escapar para formar uma entidade em si e não pôde continuar a
“existir” na intermediaridade, se devesse conseguir, como se o
nascido pudesse ser ao mesmo tempo uterino, naturalmente não
reconheço nenhuma diferença entre a Ciência e a Ciência Cristã ...
e o comportamento de ambas relativamente ao que não é bem
aceito é o mesmo ... “não existe”.
Um certo Lord Kelvin e uma certa senhora Eddy e seja lá
o que for que não incorrer em seu agrado . . . não existem.
Certamente que não, dizemos nós, os intermediários, mas na
intermediaridade também não existe uma absoluta não-existência.
Ou um Cientista Cristão e uma dor de dentes . . . nem um
nem outro existem afinal de contas; e por outro lado nenhum dos
dois é absolutamente inexistente, e segundo nossos conceitos,
aquele que melhor se aproximar da realidade, vencerá.

Um segredo de potência.
Acredito que aqui esteja um conceito profundo.
Desejais o poder sobre alguma coisa?
Sede mais real que ela.
Começaremos com as substâncias amarelas que caíram sobre
a Terra, veremos se os nossos dados em seu confronto têm um
maior grau de aproximação da realidade que os dogmas daqueles
que negam a sua existência . . . isto é, como produtos provenientes
de algum ponto externo à Terra.
Resistimos no terreno do mero Impressionismo. Não possuímos
exames decisivos nem conceitos básicos. O realismo na arte; o
realismo na ciência . . . passam rapidamente. Em 1 859 a única coisa
a fazer era aceitar o Darwinismo, atualmente muitbs cientistas se
revoltam e procuram algo novo. O que se podia fazer em seu
tempo era aceitá-lo, mas o Darwinismo jamais foi provado:
Os mais adaptados sobrevivem.
O que se pretende dizer com os “mais adaptados” ?
Não os mais fortes, não os mais inteligentes.
26
A debilidade e a estupidez sempre sobrevivem.
Não há outra forma de determinar que determinada coisa é
adaptada se não pelo fato de que sobrevive.
“Adaptabilidade”, portanto, é apenas uma outra palavra para
“sobrevivência”.
O Darwinismo afirma:
Que os sobreviventes sobrevivem.
Ainda que o Darwinismo pareça absolutamente infundado ou
absolutamente irracional a sua coleta de dados conjecturais e sua
tentativa de coerência se aproximam mais da Organização e da
Consistência de tudo quanto conseguiram as experiências embrionárias
que o precederam. (
Bem como, Colombo jamais demonstrou que a Terra é redonda.
A sombra da terra na Lua?
Ninguém jamais a viu completamente. A sombra da Terra é
muito maior que a Lua. Se a periferia da sombra é curva - mas a
Lua é convexa - um objeto de bordos planos projetará uma sombra
curva sobre uma superfície que é convexa.
Todos os outros fatos semelhantes podem ser afrontados do
mesmo modo, Era impossível para Colombo o demonstrar que a
Terra é redonda. Não era preciso: bastava apenas intentar, com um
grau maior de positividade que seus adversários. O que se devia
fazer em 1 492, nada mais, nada menos, era aceitar que a oeste da
Europa existiam outras terras. O que desejo que se aceite, como
algo que é concordante com o espírito desse primeiro quarto de
século XX, a afirmação de que além desta Terra existem outras
terras das quais são provenientes objetos, exatamente como da
América flutuavam objetos até a Europa.
Quanto às substâncias amarelas que caem sobre a Terra, o
esforço feito para excluir a sua origem extraterrestre repousa no
dogma de que toda chuva e neve amarelas recebam sua coloração
do pólen dos pinus terrestres. O Symons’ Meteorological Magazine é
muito rígido a este respeito e considera altamente improvável todas
as outras tentativas e hipóteses feitas por outros.
Apesar disto, o Monthly Weather Review, de maio de 1 887,
refere-se a uma precipitação amarelo ouro, em 27 de fevereiro de
1 877, em Pecloh, Alemanha, em que a matéria corante era composta
por quatro tipos de organismos e não de pólen. Eram coisas pequenas
com forma de setas, grãos de café, cornos e pequenos discos.
Poderíam ser símbolos, Poderíam ser hieróglifos...
Mas isto é fantasia... prossigamos ...
Nos Annales de Chimie, 85 - 288, aparece uma lista de chuvas
27
que se afirma teriam indícios de enxofre. Tenho trinta ou quarenta
outros apontamentos. Entretanto não usarei nenhum. Admitiremos
que cada uma delas foi devida a uma precipitação de pólen. Disse no
início que os nossos métodos saberíam ser os dos teólogos e dos
cientistas, e esses sempre buscam tomar ares de liberalidade. Portanto,
para começar concedo trinta ou quarenta pontos. Sou tão liberal
quanto qualquer um deles - nada me custará minha liberalidade -
tendo em vista a enorme quantidade de dados à nossa disposição.
Ou somente para considerar um exemplo típico deste dogma e
como funciona:
No American Journal of Science, 1-42-196, encontramos
referência de uma substância amarela que caiu, a seco, num navio
em uma noite de junho, no porto de Pictou na Nova Escócia. O
autor analisou a substância e descobriu que dela emanava: “azoto,
amoníaco e um cheiro animal”.
Ora, para começar, um dos nossos princípios Intermediários
é que, relativamente à Homogeneidade, todas as substâncias estão
tão afastadas da certeza que, senão em outro que o chamado sentido
elementar, pode-se encontrar qualquer coisa em qualquer lugar.
Troncos de Mogno nas costas da Groenlândia; insetos do vale nos
cumes do Monte Branco; ateus durante uma cerimônia religiosa;
gelo na índia. Por exemplo, a análise química pode demonstrar que
quase todos os mortos foram envenenados com arsênico, porque não
há nenhum estômago que não contenha ferro, chumbo, ouro e
arsênico'. . . o que naturalmente, em sentido mais lato, não tem
muita importância quando um certo número de pessoas deve ser
justiçado anualmente por homicídio, com finalidade preventiva e se os
investigadores não são realmente capazes de descobrir nada, o que é
preciso é que se tenha a ilusão de seu sucesso e é muito honorável
dar a própria vida pela sociedade em seu conjunto.
O químico que analisou a substância de Pictou mandou uma
amostra ao diretor do Journal. O diretor naturalmente encontrou
pólen na amostra enviada. Não emprestou a mínima significação ao
“azoto, amoníaco, e ao odor animal” e disse que aquela substância
era pólen. Pelo amor de nossos trinta ou quarenta símbolos de
liberalidade ou de pseudo-liberalidade, se não podemos ser verdadeira­
mente liberais, concedamos que o químico do primeiro exame não
tenha reconhecido, provavelmente, um odor animal nem mesmo que
fosse o guardião de um serralho. Mas ainda que adotemos este
procedimento, não há como ignorar completamente este fenômeno:
A queda de matéria orgânica do céu.
Sugerirei, inicialmente, que se adote a atitude de um peixe das
profundezas: como lhe explicaríamos a queda de matéria orgânica?
É muito fácil imaginarmo-nos como uma espécie de peixe de
profundidade.
28
Jour. Franklin Inst., 90-11
Em 14 de fevereiro de 1 870, segundo o senhor Boccardo,
diretor do Instituto Técnico de Gênova e o professor Castellani, caiu
em Gênova, na Itália, uma substância amarela. Mas o microscópio
revelou numerosos glóbulos de cobalto azul e outros corpúsculos
de tons pérola que lembravam o amido. Ver Nature 2 -166.

Comptes Kcndus, 56 - 972:


O senhor Bouis referiu-se a uma substância avermelhada, va­
riando até ao amarelado, que cai sucessivamente e em enormes
quantidades ou em 30 de abril ou em 1 e 2 de imaio na F4rança e na
Espanha e que se carbonizou espalhando cheiro de matéria orgânica
(animal) queimada . . . que não era pólen . . . e que imersa em álcool
deixou um depósito de matéria resinosa.
Esta matéria deve ter caído em centenas de milhares de
toneladas.
“Cheiro de matéria orgânica queimada.”
Ou ainda uma batalha aérea ocorrida no espaço interplanetário
há algumas centenas de anos ... o efeito do tempo a gerar restos
diversos, uniformes quanto ao aspecto ...
Tudo muito absurdo porque, ainda que se tenha feito menção
a esta quantidade prodigiosa de matéria orgânica que caiu do céu,
durante três dias, na França e Espanha, não estamos ainda prontos:
isto é tudo. Bouis disse que aquela substância não era pólen, a
enormidade da precipitação torna o fato aceitável; entretanto o
depósito resinoso sugere a idéia do pólen dos pinus. Faremos ouvir
um grande clamor acerca de uma substância de depósito resinoso
que caiu do céu: depois separaremo-la de cada referência ao pólen.
Um pó amarelo caiu sobre Gerce na Calabria em 14 de março
de 1 813. Parte desta substância foi recolhida pelo senhor Simenini,
professor de .Química em Nápoles: A substância tinha um gosto
insípido de terra e foi descrita como “untuosa”. Escaldada tornou-se
marrom, depois negra e finalmente vermelha. Segundo os Armais of
Philosophy, 11-466, um dos componentes era uma substância amarelo
esverdinhada que, depois de exsicada apresentou-se resinosa:
Mas concomitantemente a esta precipitação:
Foram ouvidos fortes rumores no céu.
Caíram pedras do céu.
Segundo Chladni estes acontecimentos realmente se verificaram
e me parecem - demasiado brutais? - sem possibilidade de associa­
ção a alguma coisa tão leve e delicada quanto a precipitação de pólen.

29
Chuva negra e neve negra . . . chuva negra como um dilúvio de
tinta... flocos de neve negros como pez.
Chuva caída sobre a Irlanda em 14 de maio da 1 849, descrita
em Annals of Scientific Discovery de 1 850 e em Ànnual Register
de 1 849. Caiu numa área de 400 milhas quadradas (100 000 hectares)
tinha cor de tinta, odor fétido e gosto desagradável.
A chuva de Castlecommon, na Irlanda, em 30 de abril de
1 887.... “chuva negra e densa” {Amer. Met. Journ., 4-193)
Uma chuva negra caiu na Irlanda em 8 e 9 de outubro de 1 907
(Symons’Met. Mag. 43 - 2) “Deixou no ar um cheiro absolutamente
característico e desagradável/1
A explicação ortodoxa desta chuva é dada por Nature, de 2 de
março de 1 908 . . . uma nuvem de fuligem proveniente de Galles
do Sul e que atravessava o Canal da Irlanda e toda a Irlanda.
Ainda a chuva negra da Irlanda em março de 1 898: imputada
no Symon’s Met. Mag. 33 - 40 a nuvens de fuligem provenientes
das cidades industriais do norte da Inglaterra e da Escócia do Sul.
Nosso princípio Intermediarista de pseudo-lógica, ou nosso
princípio de Continuidade indica que nada há de particular, de único,
individual; todos os fenômenos se fundem em outros fenômenos:
que, por exemplo, pode-se imaginar que existam imensas espaçonaves
superoceânicas ou interplanetárias que se aproximam da Terra para
descarregar de quando em quando imensas quantidades de fumaça.
Neste momento estamos apenas fazendo uma suposição do gênero
porque, por convenção, iniciamos sempre com modéstia e por tentati­
vas. Mas se assim fosse, seria necessário que existisse algum fenômeno
na Terra com o qual se fundisse aquele outro fenômeno. A fumaça
extraterrestre e a fumaça da cidade se fundiram e se manifestaram
através da precipitação da chuva negra.
Na Continuidade é impossível distinguir os fenômenos nos
seus pontos de fusão, assim pomo-nos a determiná-los em suas
extremidádes. Em certos infusórios é impossível estabelecer a distin­
ção entre animal e vegetal . . . mas entre o hipopótamo e a violeta
sim. Para todas as finalidades práticas esses dois seres são discerníveis.
Ninguém, excetuando-se um Bamum ou um Bailey, ofertaria a
alguém um maço de hipopótamos como sinal de cortesia.
Assim nos afastamos dos grandes centros industriais:
Chuva negra na Suíça, em 20 de janeiro de 1 911. Suíça é
tão distante, e tão incômoda à explicação convencional neste caso,
que Nature, 85 - 451, disse relativamente a esta chuva que em certas
condições meteorológicas a neve pode assumir um aspecto negro que
é muito falaz.
Pode acontecer. Mesmo de noite, se está bastante escuro, a

30
neve pode parecer negra. Isto significa simplesmente negar que uma
chuva negra precipitou-se sobre a Suíça em 20 de janeiro de 1 911:
La Nature, 1 888, 2 - 406.
Em 14 de agosto de 1 888, nas proximidades do Cabo da Boa
Esperança cai uma chuva tão negra que foi descrita como "um agua­
ceiro de tinta”.
Reincidência da Continuidade. A Continuidade aqui domina e
avança. Parecia existir uma pequena esperança que através do método
dos extremos poderiamos fugir de todas as coisas que se fundem de
modo indistinguível em outra coisa. Descobrimos, contrariamente,
que nos afastamos de um ponto de fusão para atingir outro. No
Cabo da Boa Esperança não podemos aceitar racionalmente a
explicação de que vastas nuvens de fumo dos centros industriais se
fundem com a fumaça de origem extraterrestre . . . mas a explicação
dos fumos de vulcão terrestre sim e isto é o que propõe La Nature.
No intelecto humano não existe nenhum padrão de avaliação,
entretanto estamos aceitando, no momento, que aquilo que esteja
mais próximo do positivo prevalecerá. Dizendo mais positivo queremos
nos referir ao mais Organizado. Tudo se funde em seja lá o que for,
mas proporcionalmente à sua complexidade, se unificada, uma coisa
parece forte, real e distinta: inclusive na estética se reconhece que a
diversidade na unicidade é uma beleza superior, ou a aproximação da
Beleza que é uma unidade mais simples; assim os lógicos têm a
sensação de que este encontro de dados diversos constitua uma prova
mais convincente, ou força, do que o oferecido pelos simples exemplos
paralelos: para Herbert Spencer aquilo que é mais diferenciado ê inte­
grado é o mais completamente evoluído. Os nossos adversários se
opõem à origem extraterrestre de todas as chuvas negras. Nosso
método consistirá em apresentar diversos fenômenos de acordo com
o conceito de qualquer outra origem. Consideramos não só a chuva
negra mas a chuva negra e os fenômenos que a acompanham.
Um correspondente de Knowledge, 5 - 190, descreve uma chuva
negra que caiu em Clyde Valley, em l.o de março de 1 884 e uma
outra chuva negra que caiu dois dias depois. Segundo o correspon­
dente uma chuva negra caiu em Clyde Valley em 20 de março de
1 828; novamente em 22 de março de 1 828. Segundo a Nature,
9 - 43, uma chuva negra caiu em Marlsford, na Inglaterra, a 4 de
setembro de 1 873 e mais de 24 horas depois uma outra chuva negra
caiu sobre o mesmo país.

A chuva negra de Slains.


Segundo o Reverendo James Rust (Scottish Showers):
Uma chuva negra em Slains, a 14 de janeiro de 1 826 . . .
outra em Carluke, a 140 milhas de Slains, em l.° de maio de 1 862 ...

31
em Slains a 20 de maio de 1 862 ... em Slains, a 28 de outubro de
1 863.
Mas depois destes dois aguaceiros, grande quantidade de uma
substância descrita como 11 pedra-pomes”, outras vezes como “escória”
vieram dar às praias na costa próxima a Slains. Um químico
opinou afirmando que a substância era escória; não um produto
vulcânico: escórias do trabalho de fusão além disso, temos para a
chuva negra, fato concomitante que é inconciliável com a origem
destes a partir de fábrica. Seja lá o que for, a quantidade desta
substância era tão enorme que, segundo a opinião de Rust, para
produzi-la seria necessário a produção completa de todas as fusões do
mundo. Se se tratava de escória nós aceitamos o fato de que do céu
tenha caído uma enorme quantidade de produto artificial. Se
acreditais que esta ocorrência não é danada pela Ciência, lede
Scottish Showers e vede como foi impossível para o autor considerar
esta matéria como pertinente ao mundo científico.
A primeira e a segunda chuva foram coincidentes com as
erupções normais do Vesúvio.
A terceira e a quarta, segundo Rust, não tiveram nenhuma
correspondência com qualquer atividade vulcânica em toda Terra.
La Science pour tous, 11-26.
Entre outubro de 1 863 e janeiro de 1 866, quatro outras
chuvas negras caíram em Slains, na Escócia. O autor desta notícia
suplementar refere-se, com melhor, ou menos escrupulosa ortodoxia
que aquela do Reverendo Rust, ao fato de que das oito chuvas
negras, cinco coincidiram com erupções do Vesúvio e três com as do
Etna.
O destino de toda explicação consiste em fechar uma porta
para escancarar outra. Devo dizer que também meus conceitos
acerca deste assunto serão considerados irracionais, mas pelo menos
meu partido satisfaz-se em se associar aqui ao absurdo . . . este
escritor e aqueles que o seguem no mesmo rumo, afirmam a possibili­
dade de pensar que 4 descargas de um vulcão longínquo, passando
por cima de grande parte da Europa para precipitar-se e descarregar-se
precisamente sobre uma pequena paróquia do norte ...
Mas ainda outras três cargas de um outro vulcão longínquo
demonstram idêntica inclinação e preferência, por uma pequena
paróquia da Escócia.
A ortodoxia também não se sairia melhor trazendo à baila
os meteoros e seus fragmentos: a precisão e a recorrência seriam
também difíceis de explicar.
Minha opinião é a que se tratava de uma ilha em uma rota
oceânica: poderia receber detritos provenientes de naus de passagem
sete vezes em quatro anos.
32
Outras simultaneidades com a chuva negra:
No Year Book de Timb, 1 851 - 270, há uma notícia de
“uma espécie de rumor, como de motores de automóveis, ouvido
ininterruptamente no ar por uma hora”, em 16 de junho de 1 850,
em Bulwick Recotry, Northampton, na Inglaterra. No dia 19 caiu
uma chuva negra.
Em Nature, 30 - 6, um correspondente fala de intensa obscuri­
dade em Preston, Inglaterra, a 26 de abril de 1 884; página 32,
outro correspondente refere-se a uma outra chuva negra em Crowle,
vizinhanças de Worcester, em 26 de abril: chuva que se repete uma
semana depois, 3 de maio; outra chuva negra acontece no dia 28
de abril nos arredores de Church Shetton tão intensa que o dia
posterior ao acontecido ainda permaneceu escuro. Segundo 4 notícias
de correspondentes de Nature naquele período verificaram-se terre­
motos na Inglaterra.
Ou ainda a chuva negra de 9 de novembro de 1 819 no Canadá.
Desta feita os ortodoxos atribuíram as precipitações negras à fumaça
dos incêndios de florestas ao sul do Rio Ohio . . .
Zurcher, Meteors, pág. 238:
Esta chuva negra foi acompanhada por “abalos semelhantes
àqueles de um terremoto”.
Edinburg Philosophical Journal, 2-381:
O terremoto principiara precisamente no momento culminante
da escuridão e da queda da chuva negra.
Chuvas vermelhas.
Ortodoxia:
Areia suspensa pelo siroco do Saara até a Europa.
Especialmente nas regiões sísmicas da Europa, ocorreram
muitas precipitações de substâncias vermelhas, habitualmente, mas
nem sempre, caídas com a chuva. Em muitas ocasiões estas subs­
tâncias foram absolutamente identificadas como areia do Saara.
Quando, pela primeira vez, me ocupei desta questão, encontrei as­
sertiva sobre assertiva, tão positivas neste sentido que, se não fosse
Intermediarista, não mais teria perquirido. Amostras recolhidas
em Gênova depois de uma chuva ... amostras de areia suspensa
do Saara... “não há dúvidas,” disseram alguns autores: a mesma
cor, a mesma fração de quartzo, e as mesmas partículas de diato-
máceas mescladas em ela: Depois a análise química: nenhuma pa­
lavra de desacordo que valhia a pena lembrar.
Nosso meio de definição intermediarista será que, com as
devidas exclusões, tomando por base o método científico ou teoló­

33
gico, qualquer coisa pode ser identificada cóm qualquer outra coisa,
se todas as coisas são simplesmente expressões diferentes de uma
unicidade comum.
Para muitas mentes a expressão “absolutamente identificado”
dá lugar a paz e satisfação. O absoluto, ou sua ilusão . . . à busca
universal. Se os químicos identificaram a substância caída na Europa
çpmo areia dos desertos africanos, suspensas por um vórtice de ar na
África, é bastante clara a irritação que se verificará naquelas mentes
conventuais que se estribam no conceito de um pequeno mundo,
isolado e confortável, livre do contato com a maldade cósmica,
seguro contra a astúcia estelar, protegido das invasões e saques
estelares. Infelizmente uma análise química, que para muitos parece
definitiva e autorizada, não é mais absoluta que a identificação de uma
criança ou a descrição feita por um idiota ...
Retiro uma parte do que disse: reconheço que a aproximação
é melhor . . .
Mas é baseada na ilusão, porque não é clareza, nem homogenei­
dade, nem estabilidade, apenas diferentes estados entre estas e a
indefinição, a heterogeneidade e a instabilidade. Elementos químicos?
Parece aceitável que Ramsey e outros tenham-nos estabelecido. Os
elementos químicos são apenas uma outra ilusão acerca do positivo,
como o definido, o homogêneo e o estável. Se se tratassem de elemen­
tos verdadeiros, então poderia existir efetivamente uma ciência
química verdadeira.
Em 12 e 13 de novembro de 1 902 verificou-se a maior precipi­
tação de matéria da história da Austrália. Em 14 de novembro “chove
lodo” na Tasmânia. Naturalmente o acontecido foi atribuído à tromba
de ar australiana, mas segundo o Monthly Weather Report, 32 - 365,
tratava-se de uma escuridão que se estendia até as Filipinas e talvez
até Hong-Kong. Talvez este fenômeno não tenha nenhuma relação
particular com a ainda maior precipitação da matéria verificada na
Europa em fevereiro de 1 903.
Por diversos dias, o sul da Inglaterra foi reduzido a um terreno
baldio ... de uma outra parte.
Se desejais ouvir a opinião de um químico, ainda que seja só
a opinião de um químico, lede o relatório da reunião da Royal
Chemical Society, de 2 de abril de 1 903. O senhor E. G. Clayton
analisou a substância que caíra do céu e que havia recolhido. As
explicações do tipo Saara foram aplicadas sobretudo nas precipita­
ções ocorrentes no sul da Europa. Em regiões mais distantes os
convencionais sentiam-se um pouco canhestros: por exemplo, o
diretor do Monthly Weather Review, 29 - 121, referindo-se a uma
chuva vermelha que caiu nas costas de Terranova, no princípio de
1 890, disse: “Seria realmente notável se se tratasse de areia do
Saara”. Clayton afirmou que a matéria examinada por ele nada
34
mais era que “simples poeira transportada pelo vento das estradas
e caminhos de Wessex”. Esta opinião é tipicamente científica ... ou
teológica ... ou feminina . . . isto é, funcionam perfeitamente
excetuando-se aquilo que não levam em consideração.. A coisa mais
caritativa que posso pensar - posto que adoçar nossa feiúra com
ocasionais traços de bondade serve para nos dar melhor aparência -
é que Clayton não tenha ouvido falar da espetacular magnitude desta
precipitação . . . que, por exemplo, cobriu, no dia 19, todas as
Canárias. Acredito, pessoalmente, que em 1 903 passamos através
dos restos de um mundo pulverizado. . . resultado de antiga luta
interplanetária e que agora flutuava no espaço como nuvem de
poeira vermelha e frente à qual, como toda outra opinião, acreditar
que a causa era a poeira de Wessex se transforma em provincianismo.
Pensar quer dizer conceber de modo incompleto, porque tudo
aquilo que se pensa refere-se apenas ao local. Nós metafísicos, natural­
mente gostamos de pensar em pensar o impensável.
Quanto ás opiniões e afirmações de outros químicos, têm
sempre um ar tão respeitável, devo informar que em Nature,
68 - 54, uma análise indica a existência de água e de 9,08% de
matéria orgânica. É interessante notar a magnitude da fração. A
substância foi identificada como areia do Saara.
A enormidade desta precipitação.
Em Nature, 8 - 65, afirma-se que também ocorreu na Irlanda.
O Saara, naturalmente .. . porque em 19 de fevereiro, tempestades
de areia no Saara . .. sem considerar que naquela grande região sem­
pre há uma tempestade de areia em algum lugar. Entretanto, desta
feita, parece racional pensar que a poeira fosse proveniente da
África, passando pelas Canárias.
A grande dificuldade contra a qual deve lutar a autoridade é
outra autoridade. Quando uma infalibilidade se, encontra com uma
pontificação ...
Explicam.
Nature, 5 de março de 1 903.
Uma outra análise . .. 36% de matéria orgânica.
Esta discordância é deselegante, assim em Nature, 68 - 109,
um dos químicos em discórdia explica que sua análise falava da
chuva lodosa, enquanto a outra dos sedimentos da chuva . ..
Estamos prontos a aceitar desculpas de quem é superior,
ainda que me pergunte se seríamos tão danados como fomos, se
mantivéssemos um estado de ânimo cortês e tolerante nos confrontos
das potências que condenam . . . mas o preço a ser pago é excessiva­
mente alto em termos de boas maneiras e nossa má vontade é, além
disso, muito grande ...
35
Nature, 68 - 223:
Outro químico. Sustenta que se tratava de 23,49% de água e
matéria orgânica.
“Identificou” esta matéria como areia de um deserto africano,
mas só depois de haver deduzido a matéria orgânica ...
Mas também eu e mesmo vós podemos ser identificados como
areia africana depois de terem nos retirado tudo que não for areia ...
Porque não podemos aceitar que esta tenha sido uma precipi­
tação de areia proveniente do Saara, omitindo a objeção óbvia que
na maior parte do Saara a areia não é vermelha, mas habitualmente
descrita como “de uma alvura ofuscante” ...
O disparate desta afirmativa: uma tromba de ar pode transpor-
tá-la, porque neste caso não seria apenas uma tromba de ar imaginária
ou precariamente identificada, mas o maior cataclisma atmosférico
da história da Terra:
Jour. Roy. Met. Soc., 30 - 56:
Até 27 de fevereiro, esta precipitação prosseguia na Bélgica,
Holanda, Alemanha e Áustria: em alguns casos não se tratava de
areia, pu seja, quase toda a matéria era orgânica; um navio informou
acerca de uma precipitação no Oceano Atlântico, a meio caminho
entre Southampton e Barbados. Calcula-se que, apenas na Inglaterra,
tenham sido precipitadas 10 000 000 de toneladas de matéria.
Caiu na Suíça, (Symons’ Met. Mag. março de 1 903). Caiu na Rús­
sia (Bull. Com. Geolog., 22 - 48). Uma grande quantidade de ma­
téria não apenas havia caído vários meses antes na Austrália, mas
continuava caindo naquele mesmo período (Victorian Naturalist,
junho de 1 903) - em enormes quantidades - lodo vermelho - cin-
qüenta toneladas por milha quadrada (1 milha = 250 hectares).
A explicação de Wessex ...
Ou melhor, toda explicação é uma explicação tipo Wessex;
com o fito de explicar e interpretar o macro em termos do micro ...
mas nada pode ser explicado, porque com a palavra Verdade queremos
dizer o Universal, e ainda que pudéssemos pensar em bases universais,
não seria útil em termos de uma pesquisa cósmica . . . que não é a
Verdade, mas o individual que é verdadeiro . . . não se trata de
universalizar o particular, mas particularizar o universal ... ou de
dar a uma nuvem cósmica uma interpretação absoluta em termos de
pequenas estradas e sendeiros poeirentos de Wessex ... Não chego a
conceber que se possa fazer isto, refiro-me apenas a uma maior
aproximação:
Nosso conceito Intermediário afirma que devido à continuidade
de todas as “coisas”, que não são coisas â parte, decisivas ou reais,
todas as pseudo-coisas fazem parte do fio comum, ou ainda somente

36
expressões, graus ou aspectos diversos do fio comum: assim uma
amostra tomada em algum lugar de seja lá o que for deve corresponder
a outra amostra tomada em qualquer outro lugar de seja lá o que for.
Que, com apuro e cuidado na seleção e desprezo a qualquer
outra coisa, ou ainda com método científico e teológico, a substância
que caiu em fevereiro de 1 903 podia ser identificada com qualquer
outra parte ou aspecto de qualquer coisa que se possa conceber ...
Com a areia do Saara, com um barril de açúcar, ou com o pó
de vosso tetravô.
Diversas amostras foram descritas e enumeradas-no Journal of
the Royal Society, 30 - 57 ... e veremos que minha opinião que um
químico poderia identificar qualquer uma dessas amostras como
provenientes de um lugar qualquer é temerária ou não.
“Semelhante a pó de tijolo”, em um lugar,; “cor de couro ou
marrom claro”, em outros; “cor de chocolate, sedosa ao tato e leve­
mente iridescente”; “cinza”; “cor de ferrugem”; “gotas de chuva
avermelhada e areia cinza”; “cinza sujo”; “completamente vermelha”;
“marrom amarelado, com um toque de vermelho”; “cor amarelo-
argila intenso”.
Em Nature há a descrição de uma determinada coloração amare­
lada em um ponto, avermelhada em outro e salmão ainda em outro.
Ou o que seria da verdadeira ciência se fosse qualquer coisa
que pretendesse agir de modo científico.
Ou a ciência química é como a sociologia, que já nasce com
preconceitos, porque apenas ver significa ver preconceituosamente,
como “demonstrar” que todos os habitantes de Nova Iorque são
provenientes da África.
Muito simples. Amostragem coletada de apenas uma parte da
cidade. Todas as demais transcuradas.
Não se trata de ciência, mas apenas de ciência de Wessex.
Estamos convencidos de que a aproximação deve ser maior:
a metafísica é o pior dos males; o espírito científico é o de pesquisa
cósmica.
Acreditamos que numa verdadeira existência, um quase sistema
de fábulas como a ciência química não poderia enganar ninguém; mas
que numa “existência” que se esforça para se tornar real, esta
representa seu esforço e continua a impor a sua pseudo-positividade
até que surja uma melhor aproximação da realidade;
Que a química é tão respeitável quanto a predição da fortuna ...
Ou não ...
Que, embora represente uma melhor aproximação da realidade
que a alquimia, por exemplo, e que tenha mesmo posto à parte a
37
alquimia, ainda esteja num ponto intermediário entre 0 mito e a
positividade.
A tentativa de alcançar a realidade ou estabelecer um fato real
e não modificado, representa a afirmação:
Todas as chuvas vermelhas são tingidas pelas areias provenientes
do Deserto do Saara.
Minhas convicções impositivistas são que:
Algumas das chuvas vermelhas foram tingidas por areias
provenientes do Saara;
Alguma das areias é de procedência extraterrestre;
Outras areias são provenientes de outros mundos ou de seus
desertos ... ou ainda de regiões aéreas muito indefinidas ou amorfas
para serem consideradas como “mundos” ou planetas ...
Nenhum presumível turbilhão pode explicar a centena de
milhões de toneladas de matéria que caiu sobre a Austrália, o
Oceano Pacífico, o Oceano Atlântico e a Europa em 1 902 e 1 903. ..
se um turbilhão pudesse ter feitQ isso, não seria meramente presu­
mível.
Mas lancemos fora uma parte de nosso caráter absoluto
aceitando o fato de que foram precipitações de substância vermelha
distinta da areia.
Consideramos cada ciência com a expressão da tentativa de
ser real. Mas ser real significa localizar o universal... ou ampliar uma
certa coisa tanto quanto todas as coisas ... um resultado tão positivo
que não consigo conceber. A resistência principal a esse esforço é a
recusa do resto do universo a ser danado, excluído, posto à parte,
a receber o tratamento pela Ciência Cristã, qualquer outra coisa que
aquilo que está sendo perseguido por esta tentativa. Ainda que todos
os fenômenos conduzam ao Absoluto ... ou sejam rendidos a este ou
incorporados em tentativas mais altas, o simples fato de serem
fenonêmicos ou de possuírem uma aparência na Intermediaridade
significa expressar relações.
Um rio.
Água que exprime a relação gravitacional entre diferentes
níveis.
A água do rio.
Expressões de relações químicas entre o hidrogênio e o
oxigênio . . . que não são finais.
Uma cidade.
Manifestação de relações comerciais e sociais.
Como uma montanha poderia existir sem base num corpo
maior?
38
Ou o negociante sobreviver sem fregueses?
A principal resistência encontrada pela Ciência em sua tentativa
positivista é o de suas relações com outros fenômenos, ou pelo fato
de exprimir em primeiro lugar aquelas relações. Ou pelo fato de que
a Ciência possa ter uma aparência, ou que sobreviva na Intermediari-
dade, como algo puro, isolado e decididamente diferente, não como
um rio, uma cidade, uma montanha ou um negócio.
Esta é a tentativa que na escala Intermediária fazem as partes
para serem o todo ... o que não pode ser realizado em nosso quase-
estado, se aceitamos o fato de que nesse quase-estado a coexistência
de duas ou mais universalidades ou inteiros seja impossível. . . outra
aproximação que, comumente, pode ser pensável...
Os cientistas e seus sonhos de "ciência pura”.
Os artistas e seu sonho da "arte pela arte”.
Acreditamos que se pudessem quase consegui-lo, teriam alcan­
çado a quase-realidade: seriam instantaneamente admitidos na verda­
deira existência. Tais pensadores são bons positivistas, mas péssimos
em termos econômicos e sociológicos, se, naquele sentido, nada
possui justificação para existir, a menos que sirva ou funcione para
um conjunto mais abrangente ou exprima as suas relações. Assim a
Ciência funciona para a sociedade e a serve em geral e geralmente não
recebe nenhuma retribuição da sociedade, a menos que mude de
rumo, se dissipe ou prostitua. Parece que com a palavra prostituição
se quer dizer utilidade.
Chuvas vermelhas foram ocorrentes na Idade Média quando
foram chamadas "chuvas de sangue”. Estas chuvas aterrorizaram
muitas pessoas e foram tão fastidiosas para as grandes populações que
a Ciência, em suas relações sociológicas, tentou, pelo método da
senhora Eddy, afastar o mal, afirmando ...
Que as "chuvas de sangue” não existem;
Que as aludidas chuvas são simplesmente água colorida pela
areia do deserto do Saara.
Estou convencido que tais asseverações, sejam ou não fictícias,
seja ou não o Saara um deserto de uma "alvura ofuscante”, pro­
duziram bons efeitos, em termos sociológicos, ainda que tenha ha­
vido uma prostituição no sentido positivista, esta foi perfeitamente
justificada em sentido sociológico.
Prossigamos: estamos no século vinte, a maior parte dos
homens tornou-se adulta, tanto que os soporíferos do passado não
são mais necessários;
Se se precipitasse sobre Nova Iorque um dilúvio de sangue, os
negócios continuariam habitualmente.

39
Começaníos çom chuvas que havíamos aceitado fossem consti­
tuídas, muito provavelmente, pela inclusão de areia. Em meu ainda
imaturo heretismo . . . e com a palavra heresia, ou progresso, quero
dizer, a grosso modo, um retorno, ainda que com muitas modificações,
às superstições do passado, ao sentimento de considerável estranheza
na idéia de chuvas de sangue. Neste momento, minha ingênua propos­
ta de conservador é supor que foram as chuvas vermelhas que sugeri­
ram imperiosamente a idéia do sangue ou de matéria orgânica fina­
mente pulverizada. ..
Restos de desastres interplanetários.
Batalhas aéreas.
Provisões de espaçonaves caídas no trânsito interplanetá­
rio.
Houve uma chuva vermelha na região do Mediterrâneo, em 6 de
março de 1 888. Doze dias depois, nova incidência. Qualquer que se­
ja esta substância, revelou, ao ser queimada, cheiro forte e persistente
de matéria orgânica (£ Astronomie, 1 888 - 205).
Mas . . . infinita heterogeneidade ... ou fragmentos de muitos
e diversos tipos de cargas aéreas . . . chuvas incolores sem tintura de
areia ou matéria orgânica.
Annals of Philosophy, 16 - 226.
2 de novembro de 1 819. . . semana anterior â chuva negra e
terremoto do Canadá ... em Blakenberg, Hçlanda, precipita-se chuva
vermelha. Relativamente à areia, dois químicos de Bruges concentra­
ram 144 onças (cerca de 400 gramas) de chuva até reduzi-la a 4 on­
ças (cerca de 10 gramas). . . .“não houve nenhum precipitado”. Mas,
a cor era tão intensa que se se tratasse de areia, esta teria se deposita­
do, ainda que se diluísse a substância em lugar de concentrá-la: Expe­
riências foram realizadas e através do emprego de vários reagentes
obtiveram-se precipitados, todos diferentes da areia. Os químicos con­
cluíram que a água de chuva continha cloridrato de cobalto ... o
que não é muito esclarecedor: e que poderia ser dito de muitas subs­
tâncias transportadas por navios no Oceano Atlântico. Seja lá o que
fosse, nos Annales de Chimie, 2-12-432, afirma-se que sua cor era
vermelho-violeta. Para várias reações químicas consultar o Quart.
Jour. Roy. Inst., 9-202 e oEdin. Phü. Jour., 2-381.
Algo cai com a poeira que se diz de origem meteorítica, em 9,
10 e 11 de março de 1 872: descrita no Chemical News, 25-300,
como “substância particular”, composta por mínio vermelho, carbo:
nato de cálcio e material orgânico.
Granizo laranja, em 14 de março de 1 873, na Toscana (No­
tes and Queries, 9-5-16).
Chuva de uma substância de cor lavanda, em Oudon na França,
19 de dezembro de 1 903. (Bull. Soc. Met. de France, 1 904-124).
40
La Nature, 1 885-2-351:
Segundo o Prof. Schwedoff caíram na Rússia, a 14 de junho de
1 880, granizos vermelhos, azuis e ainda cinzentos.
Nature, 34-123:
Um correspondente informa que lhe foi relatado por um mora­
dor de um vilarejo da Venezuela que, em 17 de abril de 1 886, veri­
ficaram-se precipitações de granizos azuis, brancos e vermelhos; o
informante era um “simples e honesto campesino” que dificilmente
poderia ter ouvido dizer do fenômeno verificado na Rússia.
Nature, 5 de julho de 1 877, cita um correspondente romano do
Times de Londres, que lhe enviou a tradução de um jornal italiano:
chuva vermelha havia caído sobre a Itália a 23 de junho de 1 877
contendo “partículas microscópicas de areia”.
Ou, segundo nossa opinião qualquer outra estória teria sido um
mal, em termos sociológicos, na Itália de 1 877. Mas o correponden-
te inglês num país em que a aterrorizante chuva vermelhas são inco-
muns, não sente esta necessidade e escreve: “Não acho satisfatória a
afirmação de que a chuva em questão fosse composta de água e areia”.
Observava que as gotas dessa chuva deixavam marcas coisa que
“água arenosa não pode deixar”. Observa ainda que procedendo-
se á evaporação da água não se encontrou areia residual.
LAnnée Scientifique, 1 888-75:
Em 13 de dezembro de 1 887, caiu em Cochin(?), na China,
uma substância Semelhante ao sangue, um tanto coagulada.
Annales de Chimie, 85-266:
Matéria vermelha densa e viscosa caiu em Ulm em 1 812.
Temos um dado com um fator apenas configurado, dado recor­
rente e repetido ao longo de todo este livro. Dado que convida a uma
especulação tão revolucionária que deverá ser reforçada muitas e
muitas vezes antes de que possamos aceitá-lo livremente.
Year Book of Facts,l 861-273:
Citação de uma carta do professor Campini ao professor
Matteucci:
“Em 28 de dezembro de 1 860, por volta de sete horas da ma­
nhã, na parte noroeste de Siena, durante duas horas caiu copiosa-
mente uma chuva avermelhada.
Segundo aguaceiro caiu no dia 11.
Três dias depois tornou a cair chuva vermelha.
No dia seguinte novamente choveu vermelho.
Fato ainda mais extraordinário:
Cada aguaceiro ocorreu “exatamente na mesma zona da cida­
de”.
41
IV

PRECIPITAÇÕES DE SUBSTÂNCIAS REPUGNANTES

Nos documentos da Academia Francesa encontramos o relato


de que no dia 17 de março de 1 669, numa região de Châtillon-sur-
Seine houve a queda de uma substância avermelhada que era: “densa,
viscosa e pútrida”.
American Journal of Science, 1-41-404:
Notícia de uma substância particularmente desagradável caindo
do céu em Wilson County dei Tennessee. Q doutor Troost visitou a
região para a coleta de informações. Examinaremos posteriormente
algumas dessas investigações... por ora, esqueçamo-las. Troost infor­
ma que a substância era claramente composta de sangue e porções de
carne espalhada sobre as plantações de tabaco. Diz que provavel­
mente uma tromba de ar alçou um animal ao ar em algum lugar, des­
pedaçou-o e fê-lo precipitar-se decomposto em qualquer outro lugar.
Mas, no volume 44, página 216 do Journal há uma retratação.
A fazenda, sustenta o jornal, é servida pelo trabalho de negros, que
fingiram ter visto o aguaceiro, para explorar a credulidade de seus pa­
trões e que espalharam os restos em decomposição de um porco mor­
to sobre as plantações de tabaco.
Ainda que não aceitemos este dado, vemos a determinação so­
ciologicamente necessária de atribuir todas as precipitações a origens
terrestres. .. . mesmo quando tais precipitações não lhes são atri­
buíveis.
Annual Register, 1 821-687:
A 13 de agosto de 1 819, algo caiu do céu em Amherst, Massa-
chusetts. Esta coisa fora examinada e descrita pelo professor Graves,
ex-professor do Dartmoor College. Objeto que tinha uma camada su­
perior constituída por uma espécie de penugem semelhante a um pa­
no amarfanhado. Removida esta camada foi encontrada uma substân­
cia polposa com cor de couro. Tinha um cheiro repugnante e ao ser
exposta ao ar tornou-se de um vermelho vivo. Afirmou-se que aquele
objeto caiu acompanhado por uma luz brilhante.

42
Verifique, por outro lado, o Edinburgh Philosophical Journal
5-295. Nqs Annales de Chimie, 1 821-67, Arago aceita este dado e for­
nece quatro exemplos de objetos semelhantes ou de substâncias que se
afirma terem caído do céu, duas delas temos registradas em nossos da­
dos acerca de matéria gelatinosa ou viscosa e duas que omito por
considerar os dados excessivamente velhos.
No American Journal of Science, 1-2-335 há a notícia do Gra­
ves, comunicada pelo professor Dewey:
No anoitecer de 13 de agosto de 1 819 foi vista uma luz em
Amherst ... um objeto cadente . .. e ouviu-se o ruído de uma explo­
são.
Na casa dos Dewey esta luz foi refletida na parede de um apo­
sento onde se encontravam vários membros da família Dewey.
Na manhã seguinte, no pátio, que era o único lugar em que po­
deria ter ocorrido a queda para que a luz pudesse ter sido refletida
na noite anterior no aposento, foi encontrada uma substância “disse-
melhante” de tudo observado anteriormente por aqueles que a viram.
“Era um objeto em forma de taça, com o diâmetro de cerca de 8 pole­
gadas (vinte centímètros). Cor de couro intensa e recoberta por uma
espécie de penugem. Retirando esta última, foi encontrada uma subs­
tância polposa, cor de couro, com a consistência do sabão em pasta e
com um “odor repugnante e sufocante”.
Poucos minutos de exposição ao ar transformaram a cor de cou­
ro em “uma cor lívida, semelhante ao sangue venoso”. A coisa absor­
veu rapidamente a umidade do ar e se liquefez. Para algumas das rea­
ções químicas envolvidas e que se queiram saber, consulte-se o Journal.
Há ainda uma outra quase-alma perdida de um dado que deve
ter aqui, segundo me parece, o posto que lhe compete:
O Times de Londres, 19 de abril de 1 836:
Queda de peixes foi verificada nas proximidades de Allahabad,
na índia. Afirmou-se que esses peixes eram da espécie Chalwa, com
um palmo de comprimento e um quilo de peso.
Estavam mortos e dissecados.
Ou permaneceram tanto tempo fora d'água que não possamos
aceitar o fato de que tenham sido sorvidos de um pântano por uma
tromba de ar . . . ainda que tenham sido identificados com tanta segu­
rança como pertencentes a conhecida espécie local. ..
Ou não eram realmente peixes.
Estou inclinado a dizer que não eram peixes, mas sutis objetos
com forma de peixe da mesma substância caída em Amherst . . .
diz-se que seja lá o que fossem tornaram-se intragáveis e que “uma vez
na panela transformaram-se em sangue”.

43
Para os detalhes relativos a este acontecimento, consulte o
Journal of the Asiatic of Bengal, 1 834, 307. A data fornecida pelo
Journal é 16 ou 17 de maio de 1 834.
No American Journal of Science, 1-25-362, encontra-se a inevi­
tável danação do objeto de Amherst:
O professor Edward Hitchcock viveu em Amherst. Diz que um
ano depois foi encontrado "quase no mesmo lugar” um outro objeto
semelhante àquele que se afirmou ter caído em 1 819. Hitchcock foi
convidado pelo professor Graves a examiná-lo. Era idêntico ao pri­
meiro. Correspondia em termos de dimensão, cor e consistência. As
reações químicas foram as mesmas.
Hitchcock o reconheceu em um átimo.
Era um fungo gelatinoso.
Não teve a satisfação de chegar a determinar a espécie exata a
que pertencia, mas predisse que outros fungos similares "poderiam
surgir em 24 horas ..."
Mas antes da noite surgiram outros dois.
Ou somos chegados a uma das mais velhas entre as convenções
dos exclusionistas ... o nostoc (1). Temos muitos dados relativos à
queda de substâncias gelatinosas que foram ditas como caídas do céu:
quase sempre os exclusionistas sustentam que se trata apenas de
nostoc, uma alga, ou sob certos pontos de vista, uma excrescência
fungosa. Uma convenção rivaliza com esta e afirma que trata-se de
"ovas de rã ou de peixe". Estas duas convenções formaram uma forte
combinação. Nos casos em que não era convincente o testemunho de
que a matéria gelatinosa tinha sido vista cair, dizia-se que a substância
era nostoc e que fora encontrada na superfície; quando o testemunho
de que havia caído do céu era inatacável, dizia-se que eram ovas que
tinham sido levadas de um ponto a outro por uma tromba de ar.
Ora, não posso dizer que o nostoc seja sempre esverdinhado,
como não posso dizer que os melros sempre sejam negros, tendo visto
um branco: citaremos um cientista que vira um nostoc cor de carne,
quando o conhecimento de algo deste gênero era conveniente. Quando
relatarmos precipitações gelatinosas que foram observadas, desejarei
fazer notar quão comumente foram descritas como esbranquiçadas
ou cinzentas. Enquanto coletava informações sobre o assunto, apenas
localizei referências a nostoc esverdinhado. É referido como esverdi­
nhado no Webster’s Dictionary . . .” "azul esverdeado" na NewInter-
national Encyclopedia . . de verde intenso a verde oliva ("Science

(1) Nostoc: matéria gelatinosa de origem desconhecida assim batizada por


Ehrenberg.

44
Gossip, 10-114); “verde” (Science Gossip, 7-260); “esverdinhado”
(Notes and Queries, 1-11-219). Parece-me aceitável que se muitos pás­
saros brancos fossem vistos, estes não seriam melros, ainda que exis­
tam melros brancos. E que, embora isto tenha sido afirmado, a subs­
tância cinzenta ou esbranquiçada não era nostoc; e ademais nenhuma
ova é encontrada na estação imprópria á reprodução.
"O fenômeno do Kentucky ”.
Assim foi chamado no seu tempo um acontecimento que agora
atrai sobre si muita atenção. Habitualmente estas coisas danadas são
caladas ou transcuradas . . . suprimidas como as sete chuvas negras
de Slains . . . mas em 3 de março de 1 876 aconteceu algo em Bath
County, em Kentucky, que atraiu muitos jornalistas.
A substância semelhante a carne de vaca que caiu do céu.
Em 3 de maio de 1 876, em Olympian Springs, Bath County,
em Kentucky, caíram do céu, . . .“de um céu límpido” . .. flocos de
uma substância semelhante á carne de vaca. Queremos sublinhar o
fato de que se afirmou que no céu nada mais era visível que aquela
substância que caía. Caía em flocos de tamanho variado; alguns de
duas polegadas quadradas (13 centímetros quadrados), outros de uma,
três ou quatro polegadas quadradas. A precipitação de flocos é interes­
sante mais tarde a consideraremos um sinal de pressão ... de alguma
parte. Chuva intensa, pela terra, árvores, muros, mas sobre um terri­
tório restrito: uma faixa de terra de cerca de 100 jardas de compri­
mento (97 metros) e com a metade disto em largura. Para a primeira
notícia vide Scientific American, 34-197 e o New York Times, 10 de
março de 1 876.
A seguir os exclusionistas:
Algo que se assemelhava a carne de vaca: um floco com dimen­
sões de um envelope quadrado.
Se pensamos na violência com que se bateram os exclusionistas
para excluir a proveniência exterior á terra de poeira de aspecto
absolutamente normal, podemos compreendê-los facilmente neste
caso sensacional. Os jornalistas escreveram seus artigos e foram cita­
dos testemunhos e desta feita não são taxados de gracejos zombetei­
ros: Excluindo-se um cientista, não houve quem negasse que a preci­
pitação tinha ocorrido.
Quanto a mim parece-me que os exclusionistas são ainda mais
enfaticamente conservadores. Não tanto pelo fato de serem inimigos
de todos os dados que sustentam a proveniência externa á Terra de
substâncias que caem do céu, mas porque sejam inimigos de todos
aqueles dados que se afastam de um sistema que não inclui tais fenô­
menos. ..

45
Ou seja o espírito ou a esperança ou a ambição no cosmos (1)
que chamamos de tentativa de positivismo: não para descobrir o novo;
não para aumentar aquilo que é chamado saber, mas para sistemati­
zar.
Scientific American Supplement, 2-426; *
A substância encontrada no Kentucky foi examinada por Leo-
pold Brandeis.
“Temos finalmente uma explicação plausível para esse tão dis­
cutido fenômeno”.
“Foi relativamente fácil identificar a substância e estabelecer-
lhe as origens. A ‘maravilha’ do Kentucky não é nada menos que
nostoc. ”
Afirmou-se ainda que não havia caído, que sempre se encontra­
ra na superfície e que havia entumescido com a chuva, e que, atraindo
a atenção pelo seu volume acrescido, fezera com que observadores
profanos supusessem que caíra com a chuva ...
Que chuva, não sei.
“Dissecada”, eis como foi definida muitas vezes. Este é um
dos detalhes mais importantes. Mas o alívio da precisão ultrajada,
expressado no Supplement é divertido para alguns de nós que, receio,
possam ser um pouco corretos por vezes. E o mesmo espírito do
Exército da Salvação, o saltar de um cientista de terceira categoria
com uma explicação do apêndice vermiforme ou do osso cóccix
que teria sido aceitável para Moisés. Para dar completude à “ex­
plicação plausível”, afirmou-se que o senhor Brandeis tinha iden­
tificado a substância como o nostoc “cor de carne”.
O professor Lawrence Smith, de Kentucky, um dos mais re­
solutos exclusionistas:
New York Times, 12 de março de 1 876:
A substância foi examinada e analisada por Smith, segundo
o qual tudo nessa levava a crer que fosse constituída por òvas “dis­
secadas” de algum réptil, “sem dúvida de rã” ... ou uma coisa ou
outra. Quanto ao adjetivo “dissecadas”, este pode referir-se às con­
dições em que Smith recebeu a substância.
No Scientific American Supplement, 2AT5, o doutor A. Mead
Edwards, presidente da Newark Scientific Association, escreve que,
quando viu a comunicação do senhor Brandeis a sua sensação foi de
que estava restabelecida a normalidade, ou que o problema tinha sido

(1) Fort toma aqui o cosmos em seu sentido lato, isto é, ordem (N.Ts.).

46
resolvido, como se o tivesse feito ele mesmo; conhecendo bem a
Brandeis, havia recorrido àquele mantenedor da respeitabilidade para
que examinasse a substância que havia sido identificada como nostoc.
Mas havia também solicitado a intervenção do doutor Hamilton, que
tinha uma tese, declarava que a substância era tecido pulmonar. O
doutor Edwards escreve que a substância está então completa e mara­
vilhosamente - se a beleza significa completeza - identificada como
nostoc. “Demonstrou-se ainda que era tecido pulmonar.” Escritos de
outras pessoas que não dispunham de amostras e outras amostras
foram identificadas como massas de cartilagens ou fibras musculares.
“Quanto â sua origem não se dispõe de nenhuma teoria.” Todavia
confirma a explicação local . . . que é um negócio muito bizarro:
Tempestade de barrigadas e tripas pesadas, mas muito alto no
céu límpido e translúcido ...
E foram liberadas.
O professor Fassig classifica a substância em sua “Bibliografia”
como ovas de peixe. McAtee (Monthly Weather Review, maio de
1 918) a classifica como material gelatinoso que seria composto, se­
gundo se supõe, por ovas “dissecadas” de peixe ou de algum batrá-
quio.
Ou ainda porque, contra toda aparente adversidade insuperável
contra a novidade, isto é que é chamado progresso.
Nada de positivo sob o aspecto da homogeneidade e da unida­
de:
Se todo o mundo parece conjurar-se contra vós, trata-se apenas
de uma combinação irreal, ou uma intermediaridade entre a unidade
e a fragmentação: Toda resistência se subdivide em partes que se
interpõem resistências. A estratégia mais simples parece ser aquela de
não perder tempo em lutar contra coisa alguma: mas a de colocar
uma contra a outra.
Passamos da substância carniforme para a gelatinosa e aqui
se apresenta uma grande quantidade de exemplos ou de relatos de ca­
sos. Estes dados são tão pouco plausíveis que soam obscenos à ciên­
cia hodierna, mas perceberemos que a ciência antes de se tornar tão
rigorosa, não era tão carola. Chladni e nem Greg não o eram.
Deverei eu mesmo aceitar que substâncias gelatinosas freqüen-
temente caíram do céu ...
Ou que, muito alto, ou muito longe, o céu inteiro é gelatinoso?
Que os meteoros o atravessam e destacam-lhe fragmentos?
Que os fragmentos são trazidos à terra por temporais?
Que o tremeluzir das estrelas é a penetração da luz através de
alguma coisa que treme?

47
Penso que seria absurdo dizer que todo o céu é gelatinoso; mas
parece-me mais aceitável que apenas certas zonas são assim.
Humboldt (“Cosmos”, 1-119) sustenta que todos os nossos
dados a este respeito devem ser “classificados entre as fábulas míti­
cas da mitologia”. Peremptório, e empolado.

A nós se oporão as resistências habituais.

Não nos preocuparemos com ser muito convincentes num senti­


do ou no outro, por velar o dado que será reencontrado ao fim. Signi­
ficará, porém, que algo se encontrou em posição estacionária por
alguns dias sobre uma pequena área de uma pequena região da Ingla­
terra; esta era a coisa revolucionária a que aludimos anteriormente:
que a substância fosse “nostoc”, ovas, ou qualquer tipo de substân­
cia larvária, não tem muita importância. Permaneceu suspensa no céu
por alguns dias, podemos cotejá-la a Moisés, como cronistas inconve­
nientes ... ou que fato dado, quereriamos dizer do que se conta de
Moisés? Temos tantos relatos de substâncias gelatinosas que caíram
com os meteoritos que, entre os dois fenômenos devemos aceitar
uma conexão ... ou que pelo menos tenham os meteoritos atravessa­
do aquela vasta zona gelatinosa trazendo à Terra parte daquela
substância:
Comptes Rendus, 23-542:
Em Vilna, na Lituânia, a 4 de abril de 1 846, caíram, durante
um temporal uma massa de substância do tamanho de uma noz, que
foi descrita na época tanto como gelatinosa como resinosa. Não tinha
nenhum odor até que foi enterrada; então difundiu um odor adocica­
do muito intenso. Foi dita semelhante á gelatina, mas muito mais
consistente: mas após imersão durante 24 horas na água, entumesceu
e assumiu um aspecto completamente gelatinoso . ..
Era cinzenta...
Afirmou-se que em 1 841 e em 1 846 uma substância similar
caíra na Ásia Menor.
Em Notes and Queries, 8-6-190, há a notícia de que em primei­
ro de agosto de 1 894, caíram em Bath, Inglaterra, milhares de medu­
sas do tamanho de um shilling. Acredito que não se possa aceitar o fa­
to de que fossem medusas: parece-me que desta vez ovas de rã caíram
do céu que poderíam ter sido transportadas por um turbilhão aéreo,
porque no mesmo período houve uma chuva de rãzinhas em Wigan,
Inglaterra.
Nature, 87-10:
“4 de junho de 1 911, Eton Bucks, Inglaterra, o terreno estava
recoberto por massa gelatinosa, formada por grãos do tamanho de

48
ervilha, após intenso aguaceiro. Desta feita não foi invocado o nostoc;
afirmou-se, contrariamente, que eram numerosas ovas de “uma espécie
de Chironomus, donde pouco depois surgiram larvas”.
Estou inclinado, então, a pensar que os objetos que caíram em
Bath, não eram nem medusas nem ovas de rã, mas algo do tipo lar-
val. ..
Era isto o que ocorria em Bath, Inglaterra, 23 anos antes.
0 Times de Londres'de 24 de abril de 1 871 Tempestade de
gotas glutinosas, que não eram nem medusas nem ovas de rã; algo di­
ferente.
Nas proximidades da estação ferroviária de Bath: "Muitos se
transformaram rapidamente em crisálidas vermiformes com cerca de
uma polegada de comprimento. A notícia deste acontecimento em
Zoologist, 2-6-2686 é mais afim ao acontecimento de Eton: minúscu­
las formas que foram taxadas de infusórios com menos de uma pole­
gada de comprimento ...
Trans, Ent. Soc. of London, 1 871, proc.:
Este fenômeno foi estudado pelo reverendo L. Jenyns de Bath.
A sua descrição fala de diminutos vermes envoltos em fina película
e procura dar uma explicação á seleção. Eis o mistério: O que poderia
tê-los reunido em tão grande número? Temos indicações de muitas
outras precipitações, na maior parte destas, o grande mistério reside
na seleção. Uma tromba de ar parece algo muito distinto de uma
força seletiva. A seletividade das coisas que caem dos céus tem sido
evitada como a peste no caso dos danados. Jenyns imagina um grande
lago que tenha secado e concentrado em pequena zona: então uma
tromba de ar espalhou tudo . ..
Mas alguns dias depois caíram no mesmo lugar outros desses
objetos.
Que tal precisão de pontaria não seja atribuível à tromba de
ar parece-me mera questão de bom senso:
Pode não parecer bom senso que estas coisas tenham permane­
cido suspensas durante alguns dias sobre a cidade de Bath ...
As sete chuvas negras de Slains;
As quatro chuvas vermelhas de Siena.
Interessante luz sobre a mecânica da ortodoxia é lançada pela
referência que faz Jenyns à segunda precipitação e por ignorá-la na
sua explicação.
R. P. Greg, um dos mais notáveis compiladores de fenômenos
meteoríticos anota (Phil. Mag. 4-8-463) precipitações de substâncias
viscosas nos anos de 1 652, 1 686, 1 718, 1 796, 1 811, 1 819 e
1 844. Fornece ainda datas anteriores, mas também eu ponho em prá­

49
tica a exclusão. No Report of the British Association, 1 860-63,
Greg alude a um meteoro que parecia ter passado nas proximidades
do solo entre Barsdorf e Friburg na Alemanha: no dia seguinte foi
encontrada uma massa gelatinosa sobre a neve ...
Estação inadequada para ovas e nostoc.
O comentário de Greg neste caso é: “ curioso, se verdadeiro”.
Mas relata sem modificações a queda de um meteorito nas proximida­
des de Gotha na Alemanha, em 6 de setembro de 1 835, “que deixou
no solo uma massa gelatinosa”. Afirmou-se que esta substância caiu
a apenas três pés (noventa‘e nove centímetros) de um observador.
No Report of the British Association, 1 855-94, segundo uma carta
de Greg dirigida ao professor Baden-Powell, na noite de 8 de outubro
de 1 844, nas cercanias de Coblentz um alemão conhecido de Greg
e uma outra pessoa viram um corpo luminoso cair. Voltaram na ma­
nhã seguinte e descobriram uma massa gelatinosa de cor acinzentada:
Segundo ò relato de Chladni (Annals of Philosophy, n. s. 12-94)
em maio de 1 652 caiu uma massa viscosa com um meteorito lumino­
so entre Siena e Roma, encontrou-se matéria viscosa após a queda de
uma bola de fogo em Lusatia, março de 1 796; precipitação de subs­
tância gelatinosa após a explosão de um meteorito nas circunvizi-
nhanças de Heildelberg em julho de 1 811: No Edinburgh Philosophi-
cal Journal, 1-234 afirma-se que a substância que caiu em Lusatia era
da “cor e do cheiro do verniz escuro queimado”. No Amer. Jour.
Sei., 1-26-133 afirmou-se que a substância gelatinosa caiu com uma
bola de fogo sobre a ilha de Lethy, na índia, em 1 718.
No Amer. Jour. Sei., 1-2-396, em muitas observações relativas
ao meteoro de novembro de 1 833, são relatadas precipitações de
substâncias gelatinosas:
Segundo os serviços do jornal foram encontrados “montículos
de gelatina” pela terra, em Rahway, New Jersey. A substância era
branca e assemelhava-se â clara coagulada de um ovo:
O senhor H. H. Garland, de Nelson County, Virginia, encontrou
uma substância gelatinosa com o diâmetro de uma moeda de 25
cêntimos.
Segundo comunicação de A. C. Twinningao professor Almstead,
uma senhora de West Poínt, estado de New York, viu massa com
dimensão de uma xícara de chá que se assemelhava a amido cozido.
Segundo um jornal de Neward, New Jersey, foi encontrada
uma substância gelatinosa semelhante a sabão em pasta. “Tinha pouca
elasticidade e submetida ao calor, evaporava com a mesma velocidade
que a água.”
Parece incrível que um cientista tivesse tanta bravura e hetero-
doxia a ponto de aceitar que estas coisas tivessem caído do céu; o
professor Olmstead que havia recolhido estas almas perdidas, disse:
50
“O fato de que os supostos depósitos fossem uniformemente
descritos como substâncias gelatinosas reforça a presunção favorável
à suposição que tivessem verdadeiramente a origem descrita/’
Nas publicações científicas contemporâneas foi prestada consi­
derável atenção á série de documentos de Olmstead acerca dos meteo­
ros de novembro. Não se encontrará entretanto nenhuma referência à
parte que se ocupa da substância gelatinosa.

51
V

OUTROS ELEMENTOS DE INTERMEDIARIDADE

Não tentarei fornecer uma grande correlação entre os dados.


Um positivista que com sua mentalidade matemática tem a ilusão
de que, num estado intermediário duas vezes dois perfaçam quatro,
entretanto, se aceitamos a continuidade, não podemos aceitar que
existam, em algum lugar, duas coisas para começar, procuraríamos
uma periodicidade em nossos dados. É tão óbvio para mim que a ma­
temática ou o regular, seja atributo do Universal, que não tenho gran­
de inclinação a procurá-la no particular.
Entretanto, em nosso sistema solar, “no seu conjunto”, há uma
considerável aproximação á regularidade; ou seja, a matemática é
quase localizada de tal modo que, por exemplo, os eclipses podem ser
previstos com uma aproximação bastante elevada, ainda que existam
apuntes que murchariam um pouco a vanglória dos astrônomos a
este respeito ... ou pelo menos o faria se isso fosse possível. Um
astrônomo é mal pago, não recebe os aplausos da plebe e permanece
consideravelmente isolado: vive daquilo pelo que se inflou; desestufai
um urso e este não mais poderá hibernar. Este sistema solar é seme­
lhante a qualquer outro fenômeno que possa ser considerado “em seu
conjunto” ... os negócios de uma quarteira sentem os reflexos dos
negócios da cidade de que faz parte; a cidade é influenciada pela
metrópole, a metrópole pelo estado e o estado pela nação, a nação
pelas outras nações; todas as nações pelas coridições climáticas, pela
situação solar; o sol pela situação planetária geral, o sistema solar
“em seu conjunto” por outros sistemas solares, ficando assim explica­
da a impossibilidade de encontrar os fenômenos de completude no
quarteirão de uma cidade: Segundo nossa opinião, esse é o espírito da
religião cósmica. Objetivamente falando o estado não é realizável no
quarteirão de uma cidade. Mas se um positivista pudesse chegar a
crer tê-la encontrado, de uma forma absoluta, esta seria a realização
subjetiva daquilo que é objetivamente irrealizável. Naturalmente não
traçamos linha bem definida entre objetivo e subjetivo . . . todos os
fenômenos chamados coisas ou pessoas são subjetivos segundo um ne­
xo omninclusivo e os pensamentos interiores daqueles comumente

52
chamados "pessoas” são sub-subjetivos. É como se a Intermediaridade
tivesse se esforçado para estabelecer a Regularidade neste sistema
solar sem consegui-lo: e então tivesse gerado a mentalidade dos astrô­
nomos e, por aquela expressão secundária, tivesse se esforçado para
convencer-se de que o fracasso era um sucesso.
Tabulei todos os dados deste livro e alguns outros - através do
sistema de fichamento - e algumas aproximações então em evidência,
foram autênticas revelações para mim: entretanto, este é simplesmente
o método dos teólogos e dos cientistas ... ou pior ainda, dos estatís­
ticos.
Por exemplo, através do método estatístico poderia ter demons­
trado que uma chuva negra caiu "regularmente” cada sete meses em
algum lugar da Terra. Para fazer isto deveria incluir as vermelhas e
amarelas, mas por convenção, escolherei apenas as partículas negras
das chuvas vermelhas e amarelas excluindo tudo mais. Pois se aqui e
ali devesse acontecer uma chuva negra com uma semana de anteci­
pação ou um mês de atraso . . . ter íamos uma "aceleração ou um
"retardo”. Este procedimento é suposto legítimo na elaboração da
periodicidade dos cometas. Se as chuvas negras, ou vermelhas, ou
amarelas com partículas negras, não se verificassem nas proximida­
des de determinada data, então diriamos - não lemos Darwin em vão
- “que os dados disponíveis são incompletos”. Se outras chuvas negras
interferissem, ou ainda cinzentas ou marrons, encontraríamos ainda
uma peridiocidade para essas.
Tive que notar, entretanto, o ano de 1 819, por exemplo. Não
me referirei a todos eles neste livro, mas tenho dados de 31 aconteci­
mentos extraordinários que se verificaram no ano de 1 883. Alguém
deve escrever um livro acerca dos fenômenos verificados neste único
ano . . . isto é, admitindo-se que os livros devam ser escritos. O ano de
1 849 é notável pelas suas precipitações extraordinárias,
* tão distan­
ciadas uma da outra que uma explicação de tipo local parece inade­
quada . . . não apenas ocorreu uma chuva negra na Irlanda em maio de
1 849, mas uma chuva vermelha na Sicília e uma chuva vermelha em
Gales. Afirma-se ainda (Year Book de Timb, 1850-241) que em
18 ou 20 de abril de 1 849, pastores que se encontravam nas proxi­
midades do monte Ararat, encontraram uma substância que não era
do lugar, disseminada numa área que media 8 a 10 milhas de circun­
ferência (12 a 16 quilômetros). Teria presumivelmente caído ali.
Já encaramos o argumento da Ciência e sua tentativa de lograr
a positividade e sua resistência na necessidade de relações de utilida­
de. É muito fácil perceber que a maior parte da ciência teórica do
século XIX era apenas uma reação contra o dogma teológico e nada
tem a haver com a verdade, tanto quanto uma onda que retrocede de
uma praia. Ou quanto o teria um chiclete tirado de mim, de vós, ou
por uma comissão para um metro, se quisesse demonstrar de modo
científico a duração da terra por algumas centenas de milhões de
anos.
53
Todas as “coisas” não são coisas, mas só relações, ou expressões
de relações: mas todas relações estão se esforçando para serem não-
coligadas, ou ainda renderam-se e subordinaram-se a tentativas mais
elevadas. Eis um aspecto positivista a esta reação que é também
apenas uma relação e que representa a tentativa de assimilar todos os
fenômenos a uma explicação materialista ou de formular um sistema
oninclusivo sob base materialista. Se tal tentativa pudesse vir a ser
realizada isso significaria conseguir atingir a realidade; mas essa tenta­
tiva pode ser feita somente negligenciando-se os fenômenos psíqui­
cos ... ou ainda se a ciência se entregar no fim ao psíquico, não seria
mais legítimo explicar o imaterial em termos de imaterial. A nossa
convicção pessoal é que o material e o imaterial são de uma unicidade
que se funda, por exemplo, num pensamento que é contínuo à ação
física: e que a unicidade não pode ser explicada, porque o processo
de explicação é interpretação de alguma coisa em termos de alguma
outra coisa que se prendeu ào fundamento: mas na Continuidade
não há nada que seja fundamental de alguma outra coisa ... a menos
que pensamos que a ilusão edificada sobre a ilusão seja menos real
no seu pseudo-fundamento.
Em 1 829 (Year Book de Timb, 1 848-235) cai na Pérsia uma
substância que as pessoas declararam jamais ter visto antes. Não ti­
nham idéia do que se tratava, mas notaram que as ovelhas o comiam.
Triturando-a, reduzindo-a a pó e fazendo-se pão se disse que era bas­
tante passável, apesar de insípido.
Esta foi uma ocasião em que a ciência não negligenciou. O tal
“maná” se situava sob uma base razoável, ou era assimilada e ligada
ao sistema que havia suplantado o velho sistema menos quase-real.
Foi dito que provavelmente o “maná” caía nos tempos antigos -
como caía ainda - mas que não era nenhuma influência direta e que
era um líquen originário da Ásia Menor ... No American Almanac,
1 833-71, foi dito que essa substância - “desconhecida aos habitantes
da região” - foi “imediatamente reconhecida” pelos cientistas que a
examinaram: e que “também as análises químicas a identificarão a
um líquen”.
Isso caía nos tempos em que a Análise Química era considerada
uma divindade. Então os seus adeptos sofreram um choque súbito
e ilusões. Não era próprio a uma análise química expressar-se desse
modo em botânica . . . mas era a Análise Química que se.espressava.
Parece-me que a ignorância dos habitantes contrastando com o saber
local dos cientistas estrangeiros, foi exagerada: se há alguma coisa
comestível no raio de uma distância razoável coberta por uma tromba
de ar ... os 'habitantes estão cientes disso. Existem dados a respeito
da queda de substâncias na Pérsia e na Turquia asiática. São todas
dogmaticamente chamadas de “maná”; e “maná” é a designação dog­
mática dada a uma espécie de líquen que se encontra nas estepes da
Ásia Menor. A minha posição é que essa explicação foi elaborada na

54
ignorância de outras quedas de substâncias vegetais em outras partes
do mundo: reencontramos a tentativa familiar de explicar o geral
em termos de particular; isto é, se tivéssemos os dados de quedas de
substâncias vegetais, digamos no Canadá ou na índia, não se trataria
de líquens provenientes das estepes da Ásia Menor; e, se bem que
todas as quedas na Turquia asiática e na Pérsia sejam simples e con­
venientemente chamadas de chuvas de “maná”, estas não eram com­
postas duma mesma substância. Num caso se afirma que as partículas
eram como “sementes”. Se bem que em Comptes Rendus da substân­
cia que cai em 1 841 e em 1 846 se diz que era gelatinosa, n.o Bull.
Sei. Nat. de Neuchatel se diz que era algo em pequenos blocos das
dimensões duma noz, que foi triturada sendo reduzida a pó e que
com essa farinha foi feito um pão de aspecto muito atraente, mas
insípido. ' ,
A grande dificuldade está em explicar a seleção nessas que­
das ...
Mas pensemos nos peixes das grandes profundidades e nas
ocasionais quedas de certas substâncias; sacos de grãos, barris de açú­
car, coisas que não foram tiradas de qualquer parte do fundo do
oceano, da tempestade ou de movimentos submarinos, e de deixadas
cair de quaisquer outras partes.
Imagino que alguém pense . .. mas nunca mais caíram grãos em
sacos...
O objeto de Amherst . . a superfície coberta por uma espé­
cie de “pano” ...
Os barris de grãos colocados num barco não afundaram . . .
mas um grupo desses depois de um naufrágio se distanciou do outro;
os grãos afundaram, ou tal aconteceu quando estava cheio de água;
os barris permaneceram à superfície mais tempo ...
Se não há um tráfico aéreo de gêneros similares aos nossos
gêneros que são transportados acima dos oceanos terrestres . . . não
creio que se trata dos peixes de grande profundidade.
Não disponho de outros dados senão o simples exemplo do
objeto de Amherst a respeito dos sacos e barris, mas a minha opinião
é que os sacos e os barris provenientes de um naufrágio num dos
oceanos desta 'terra, no momento em que chegaram ao fundo não
seriam mais reconhecidos como sacos e barris; e que, se podemos dis­
por de dados das quedas de material fibroso que pudesse ser estopa,
papel ou madeira, seriam suficientemente convincentes e grotescos.
A substância de Memel. Primeiro ato:
Proc. Roy. Irish. Acad., 1-379
“No ano de 1 686 alguns operários a sete milhas alemãs (50
quilômetros) de Memel, quando voltavam ao tràbalho depois do almo­

55
ço (em cujo intervalo tinha caído um pouco de neve) encontraram o
seu local de trabalho coberto por uma massa negra como carvão;
e uma pessoa que morava ali perto disse que tinha visto aquilo cair
em flocos com a neve.”
Algumas dessas formações em flocos eram grandes como o pé
de uma mesa.
A massa era úmida e tinha um cheiro desagradável, como se
fosse de algas marinhas, mas uma vez secada, o fedor desapareceu.
“Rasgava-se como papel.”
Explicação clássica:
“Saiu de um lugar e foi para outro”.
Mas o que podia isso ter a ver com uma tromba de ar? Natural­
mente a nossa posição Intermediarista é que se essa tivesse sido a
mais estranha substância concebível proveniente do mais estranho
dos outros mundos em que se pudesse pensar, de qualquer parte
da Terra deveria ser uma substância similar, ou da qual não seria facil­
mente distinguível, ao menos subjetivamente ou tomando base a
nossa descrição. Ou que tudo na cidade de Nova Iorque é apenas um
outro grau ou aspecto de alguma coisa, ou uma combinação de coisas,
dum vilarejo da África Central. O romance é um desafio à vulga­
rização: escreve qualquer coisa que te parece novo: qualquer um
te indicará que por três vezes os malditos gregos já disseram quanto
tempo faz. A Existência é Transitória: a roda do ser; a única ten­
tativa de todas as coisas de assimilar todas as outras coisas, se não
são preparadas ou sobrepostas para qualquer tentativa mais séria.)
Era cósmico que esses cientistas que se prendiam e submetiam ao
Sistema Científico devessem, em compatibilidade com princípios
do sistema, tentar assimilar a substância caída em Memel com al­
gum produto conhecido de origem terrestre. Na reunião da Royal
Irish Academy vem à luz que existe uma substância, de formação
não habitual, que é constituída das mais sutis películas.
Possui o aspecto de feltro verde.
A substância de Memel:
uma massa úmida, folhosa, de cor de carvão.
Mas se despedaça, a substância em flocos, além de rasgar em
fibras.
Um elefante pode ser identificado com um girassol . . . todos
os dois têm pernas longas. Um camelo não pode ser distinguido de
uma noz americana ... se são tomadas em consideração as corcovas.
A pena deste livro é que no fim tudo será nivelado de certa
maneira: seremos incapazes de permanecer perplexos diante de qual­
quer coisa que seja. Saibamos, de início, que a ciência e a imbecilidade

56
são contínuas; isto embora tanta expressão do ponto de fusão fossem
a princípio estupidificantes. Pensemos que a empresa do Professor
Hitchcock identificando o fenômeno de Amherst como um fungo
tenha sido mais notável como vaudeville científica, se o absolvemos
da acusação de seriedade . .. ainda que, num lugar em que fungos eram
tão comuns que antes duma dada tarde comparavam-se dois, apenas
ele, um estrangeiro nesse local funguífero em que se reconhece um
fungo quando se vê algo similar a um fungo ... se omitimos a sua
rápida üquefação, por exemplo. Era só um monólogo: agora temos um
cast de atores de primeira ordem: não apenas são irlandeses, são ir­
landeses reais.
Os irlandeses reais excluíram o “ negro como carvão” e incluí­
ram a fibrosidade: assim essa substância se tomou “papel” que “era
levantado por trombas de ar e depois caía sobre a terrâ”.
Segundo ato:
Disse-se que, segundo Ehrenberg, “o papel meteórico resultou
sendo constituído em parte de matéria vegetal, principalmente co­
nífera.
Terceiro ato:
Reunião dos irlandeses reais: poltronas, mesas, irlandeses:
Foram exibidos flocos de papel.
A composição era príncipalmente conífera.
Esta era uma dupla inclusão: é o método de acordo que tanto
usam os lógicos. Assim nenhum lógico ficaria satisfeito em identificar
uma pequena noz com um camelo porque ambos possuem corcovas:
de fato requerem argumentos auxiliares . . . por exemplo que ambos
possam viver muito tempo sem água.
Ora, não se trata de algo muito irrazoável, se não pelos livres e
fáceis cânones vaudeville que, em todo este livro estamos levando
em consideração pensar que uma substância verde possa ser colocada
num ponto de uma turbina como substância negra; mas tos irlandeses
reais excluem qualquer outra coisa e este era um dado que lhe era
tão acessível quanto a mim:
Segundo Chladni, o que foi visto por uma pessoa não bem
determinada que vivia nas vizinhanças do pântano não foi uma pe­
quena precipitação.
Todavia, uma tremenda queda por uma vasta área do céu.
Muito provavelmente todos os papéis existentes no mundo
não seriam suficientes para fornecer material bastante.
Naquele mesmo momento, substância estava caindo “em grande-
quantidade” na Noruega e na Pomerânia. Ver Kirkwood: Meteoric
Astronomy, pág. 66.

57
“Uma substância parecida com papel carbonizado cai na Norue­
ga e em outras partes da Europa setentrional no dia 3 de janeiro de
1686.”
E uma tromba de ar, com um raio de ação cuja amplidão não se
sabia, creio eu, logicamente especializada naquela substância chamada
de “papel”. Ficou-se sabendo também de quedas de tetos de casas
e partes de árvores. Mas nada se disse dum tornado que se verificou
em janeiro de 1 686 na Europa setentrional. Registrou-se apenas a
queda dessa substância em lugares diversos.
O tempo passou, mas a decisão convencional de excluir todos os
dados a respeito de todas as quedas sobre esta Terra, exceto aquelas
das substâncias da própria Terra e da normal matéria meteórica, se
reforçou.
Annals ofPhilosophy, 16-68;
A substância que cai em janeiro de 1 686 é descrita como “uma
massa de folhas negras que têm o aspecto de papel, mas mais resisten­
te, compacta e esfriável”.
O “papel” não é mencionado e nada se diz das “coníferas”
que parecerão tão convincentes aos irlandeses reais. A composição
vegetal não é tomada em consideração, exatamente como poderia
suceder da parte de alguém que poderia achar conveniente identifi­
car um ramo curvo.
Os meteoritos são solidamente recobertos duma crosta negra,
mais ou menos escamosa. A substância de 1 686 é negra e escamosa.
Se fosse conveniente a “folhosidade” seria semelhante à “escamosi-
dade”. Nesta tentativa de se assimilar ao convencional, se tem dito que
a substância constitui uma massa mineral: que é semelhante às escamas
negras que recobrem os meteoros.
O cientista que fez tal “identificação” foi von Grotthus. Tinha
apelado para a divindade Análise Química. Ou á potência e glória
da humanidade - com a qual estamos sempre tão impressionados -
mas se lhes deve dizer o que queremos nós que digam. Vejamos que,
se bem que nada possua uma identidade própria, qualquer coisa pode
ser “identificada” com qualquer coisa. Nisso não há nada de razoável,
caso não se vá meter o nariz nas suas exclusões. Mas o conflito não
finda aqui. Berzelius examinou a substância. Não chegou a encontrar
o níquel. Naquele tempo a presença do níquel constituía medida
“decisiva” de juízo contra ele e von Grotthus retratou a sua “identifi­
cação”. (Annals and Mag. of. Nat. Hist., 1-3-185).
Essa equalização de eminência permite que se lance a nossa
proposta que de outra forma seria condenada á invisibilidade.
Trata-se dum pecado que ninguém tenha olhado . . . para alguma
coisa escrita nessas folhas de papel.

58
Se não dispomos de uma grandíssima variedade de substâncias
que caíram sobre a Terra, se sobre sua superfície há uma infinita vari­
edade de substâncias portáveis por turbinas de ar, duas quedas de uma
substância tão rara como o tal “papel” seriam notáveis.
Um autor diz no Edinburgh Review, 87-194, que no momento
que escrevia tinha diante de si a porção de uma folha de 200 pés
quadrados (2 000 centímetros quadrados) de uma substância que ti­
nha caído em Carolath, no ano de 1 839 . . . exatamente similar ao
feltro de algodão, do qual é possível extrair a estopa. A divindade
Exame Microscópico havia falado. A substância consistia principal­
mente de conífera.
Jour. Asiatic Soc. ofBengal, 1 847 - pt. 1-193:
Em 16 de março de 1 846 - próximo do período em que houve
uma queda de substância na Ásia Menor - um pó verde oliva cai em
Shangai. Vista ao microscópio resultou ser um agregado de dois tipos
de peles negras e brancas mais ou menos espessas. Foram retidas das
fibras minerais, mas quando queimadas, emanou-se “um comum odor
amoniacal e uma fumaça das peles como que de penas queimadas”.
O autor descreve o fenômeno como uma “nuvem de 3 800 milhas
quadradas (930 000 hectares) de fibras, álcales e areia”. Num escrito
posterior diz que outros examinadores, com microscópios mais poten­
tes, excluíram a possibilidade que se tratasse de peles; e que a substân­
cia consistia principalmente em conífera.
Que pathos! Que perseverança obtusa e sem fantasia mas cora­
josa da parte dos cientistas: tudo o que é aparentemente descoberto
é destinado a ser submetido aos microscópios e telescópios mais po­
tentes; com os métodos e meios de pesquisa mais refinados e preci­
sos .. . os novos enunciados saem irresistivelmente à superfície e são
acolhidos como a Verdade absoluta; há sempre ilusão da palavra deci­
siva; e bem pouco do espírito Intermediarista . ..
O novo que destruiu o velho será também este destruído por
sua vez; e também este será considerado como algo de mítico. . .
Mas se os fantasmas aparecem, para isso são necessários esqua­
dros fantasmas.
Annual Register, 1 821-681:
Substâncias semelhantes a seda.
Segundo o relato do senhor Lainé, cônsul francês em Pernambu­
co, tratou-se duma chuva de uma substância parecida com seda em
l.° de outubro de 1 821. A quantidade era enorme, como se fosse
toda uma carga perdida entre Marte e Júpiter que tivesse vagado à
deriva talvez há séculos, enquanto o tecido originário se desintegrava
lentamente. Nos Annales de Chimie, 2-15-427 é dito que as amostras
dessa substância foram mandadas para a França por Lainé e demons­

59
traram ter alguma semelhança com filamentos de seda, que em certos
períodos do ano, o vento leva rapidamente até Paris.
Nos Annals of Philosophy, n. s. 12-93 é mencionada uma subs­
tância fibrosa semelhante a seda azul que caiu perto de Naumberg em
23 de março de 1 655. Segundo Chladni (Annales de Chimie, 2-31-
264), a quantidade foi enorme. Antes da data o autor põe um ponto
de interrogação.
Uma das vantagens da Intermediaridade é que na unicidade da
quasecidade não pode existir metáforas complicadas. Tudo que é acei­
tável relativamente a qualquer coisa, é num certo grau ou aspecto,
aceitável relativamente a cada coisa. Assim não é impróprio falar,
por exemplo, de qualquer coisa que é dura como rocha e que navega
numa velocidade e tanto. Os irlandeses são bravos monistas: natural­
mente partiram de suas mais agudas percepções. Assim é o livro que
estamos escrevendo, ou é uma procissão ou é um museu, com a Sala
dos Horrores salientando-se. Uma correlação também horrível se
verifica no Scientific American. 1 859-178. O que nos interessa é que
um correspondente viu substância parecida com seda cair do céu -
havia uma aurora boreal naquele período - e ele atribuiu a substân­
cia á aurora.
Como no fim do tempo de Darwin, a explicação clássica foi
dada sustentando que todas as substâncias semelhantes a seda que
caem do céu são teias de aranha. Em 1 832, a bordo do Beagle, na
embocadura do Rio da Prata, a 60 milhas da terra, Darwin viu um
enorme número de aranhas, da espécie usualmente conhecida como
aranha “flutuante”, pequenos aeronautas que emitem pequenos fila­
mentos que o vento transporta.
É difícil afirmar que as substâncias semelhantes a seda que caí­
ram sobre a Terra sejam teias de aranha. A minha convicção é que as
teias de aranha são o ponto de fusão; que se tratou de quedas de subs­
tâncias de origem externa, e também filamentos ou teias de aranha, de
aranhas originárias da Terra; e que em alguns casos é impossível dis­
tinguir uma substância da outra. Naturalmente a nossa afirmação é
quanto às substâncias sedosas se fundará em outras afirmações rela­
tivas a outras substâncias.
O simples fato de induzir à aceitação disso poderia conceder
valor a este livro por suas primeiras tentativas de exploração.
Em All the Year Round, 8-254, é descrita uma queda que acon­
teceu no dia 21 de setembro de 1 741, na Inglaterra nas cidades de
Bradly, Selborne e Alresford e numa zona triangular incluída nessas
três cidades. A substância é descrita como “teia de aranha” mas esta
cai em formação de flocos ou em “flocos ou fragmentos de cerca de
2,5 centímetros de largura e 12,5 ou 15 centímetros de compri­
mento.” Por outro lado esses flocos eram duma substância relativa­
mente pesada . . . “que caía numa velocidade notável”. A quantidade-

60
foi extraordinária ... o lado menor do triângulo tinha oito milhas
(cerca de 12 quilômetros). No Wernerian Nat. Hist. Soc. Trans.,
5-386, é dito que foram duas quedas - com algumas horas de interva­
lo entre uma e outra - um dado que enfim está se tornando familiar,
um dado que não pode mesmo ser esquecido. Foi dito que a segunda
queda durou das nove da manhã até a noite.
Mas eis a hipnose do clássico ... já que o que chamamos de
inteligência é apenas a expressão de equilíbrio e quando são feitas
adequações mentais, a inteligência cessa ... ou naturalmente, a
inteligência é apenas a confissão da ignorância. Se dispomos da inteli­
gência em relação a um argumento, trata-se de qualquer coisa que se
está ainda aprendendo - sabendo-se que aquilo que se aprende é sem­
pre feito mecanicamente - em termos de quase, naturalmente, porque
nada se pode aprender em termos definitivos.
Foi decidido assim que essa substância era teia de aranha. Isso
era uma adequação. Mas para mim não é apenas uma adequação;
porque receio que terei inteligência nessa matéria. Se chego a uma
adequação quanto a esse argumento então em relação a esse argumen­
to não serei capaz de ter outros pensamentos que não sejam pensa­
mentos de routine. Nada decidi ainda em sentido absoluto, entretanto
posso indicar:
Que tal substância foi em quantidade tão enorme que quando
caiu atraiu a grande atenção . . .
Que igualmente teria atraído uma grande atenção quando fosse
atraída no alto . . .
Que não há nenhuma testemunha na Inglaterra ou algures que
tenha visto toneladas de “teias de aranha” elevar-se para o alto em
setembro de 1 741.
Uma ulterior confissão de inteligência da minha parte:
Que, se é contestado, pois, o lugar de origem pode ter sido
muito distante, mas é sempre terrestre .. .
E então eis que se descobre um outro argumento de incrível
precisão no berçário . . . relacionado a uma área em questão de horas,
uma área triangular ... das nove da manhã até a noite; novamente
na mesma área triangular.
Estes são os pontos da explicação clássica omitida. Não se fala
que foi visto cair aranhas, mas uma boa conclusão é que se bem que
essa substância tenha caído em flocos de consideráveis dimensões
e peso, era viscosa: os cães que mexeram nela sobre a grama se mostra­
ram com os olhos cobertos. Tal circunstância sugere imperiosamente
a idéia das teias de aranha ...
A menos que possamos aceitar que nas regiões aéreas, existis­
sem vastas zonas viscosas e gelatinosas; e que as coisas que a atravessa­
61
ram não permaneceram manchadas. Ou talvez esclareceremos a confu­
são das descrições da matéria que cai em 1 840 e em 1 841, na Ásia
Menor, descrita como gelatinosa numa publicação e como cereal na
outra ... um cereal que tinha passado por uma região gelatinosa. Que
a substância semelhante a papel de Memel possa ter sofrido uma expe­
riência similar e algo que pode ser indicado pelo fato de Ehrenberg
ter descoberto nela matéria gelatinosa a qual deu o nome de “nostoc”
(Annals andMag. of. Nat. Hist. 1-3-185.)
Scientific American, 45-337
Queda duma substância descrita como “teia de aranha” na se­
gunda metade de outubro de 1 881 em Milwaukee, Wisconsin e em
outras cidades: outras cidades chamadas Green Bay, Vesburge, Fort
Howardt Sheboygan e Ozaukee. As aranhas aeronautas são conhecidas
com o nome de aranhas “flutuantes” devido à extrema ligeireza dos
filamentos que se movimentam ao vento. Da substância caída em
Wisconsin foi dito:
“Em todos os casos as teias de aranha eram resistentes e bran-
quíssimas”.
O diretor disse:
“Coisa bastante curiosa é que em todos os relatos que vi não
há nenhuma menção à presença das aranhas”.
Assim é a nossa tentativa de separar um possível produto
externo do seu ponto de fusão terrestre: então nossa alegria do pes­
quisador que crê ter descoberto algo:
A Monthly Weather Review, 26-566, cita o Montgomery Adver-
tiser:
No dia 21 de novembro de 1 898 uma grande quantidade de
substâncias semelhantes a teia de aranha cai em Montgomery (Alaba-
ma), em filamentos e às vezes em fragmentos longos e largos. Segundo
o autor da notícia não se tratava de teia de aranha, mas de alguma
coisa parecida com asbesto; e além disso era fosforescente.
O diretor da revista afirma que não vê nenhuma razão para que
se duvide que essas massas fossem compostas de teias de aranha.
La Nature, 1 883-342:
Um correspondente escreve que manda uma amostra de uma
substância que diz que caiu em Montussan (Gironda) no dia 16 de
outubro de 1 883. Segundo uma testemunha, citada pelo correspon­
dente, caíra uma nuvem acompanhada de chuva e vento violento. Tal
nuvem era composta duma substância lanosa em massa do tamanho
dum punho que se precipitou sobre a terra. Odiretor (Tissandier)
diz que essa substância é branca, mas que é o resíduo de algo que foi
queimado. Era fibrosa. O senhor Tissandier se mostra perplexo dizen­
do que não conseguiu identificar essa substância. Cremos de fato que

62
qualquer coisa pode ser ‘ ‘identificada” com qualquer coisa. Ele só
soube dizer que a nuvem em questão devia ter sido um extraordinário
aglomerado.
A nnual R egister:
Em março de 1 832, nos campos de Kourianof na Rússia, caiu
uma substância combustível amarelada que cobriu com sua espessura
dois centímetros por uma área de 600 a 700 pés quadrados (60 a
70 metros quadrados). Era uma substância resinosa e amarelada:
assim nos inclinamos a pensar na explicação convencional segundo a
qual se trataria de bolas provenientes de pinheiros . . . mas quando
retalhada, demonstrou ter a tenacidade do algodão. Se jogada na água,
mostrava a consistência da resina. ‘‘Essa resina tinha a cor do ‘âmbar,
era elástica, como borracha indiana, e tinha o odor de petróleo mistu­
rado com cera.”
Assim é em geral o nosso conceito de cuidados . . . e o nosso
conceito de cargas de viver:
No Philosophical Transactions, 19-224, há um extrato de uma
carta do Sr. Robert Vans, de Kilkenny, Irlanda, datada de 15 de
novembro de 1 695: diz que “nos últimos tempos” nos condados
de Limerick e Tipperary tinha havido chuvas duma matéria parecida
com manteiga e com graxa ... dotada dum “fedor intenso”.
Segue o extrato de uma carta do vigário de Cloyne acerca
dum “estranhíssimo fenômeno” que foi observado em Munster e
em Leinster: este diz que por boa parte da primavera dè 1 695 caiu
uma substância que os cidadãos chamavam de “manteiga” . . . “mór­
bida e de cor amarelo-escuro” . . . e que os animais comiam “com
indiferença” nos campos nos quais essa substância se encontrava.
“Cai em pedaços do tamnho da ponta de uma seta.” E tinha
um “forte odor desagradável”. Foi chamada de “Chuva fedorenta”.
Na carta do Sr. Vans se diz que aquela “manteiga” era dotada
de propriedades medicinais e “foi recolhida em vários recipientes
pelos habitantes dessa zona”.
E ...
Em todos os volumes seguintes do Philosophical Transactions
não há nenhuma menção desse objeto extraordinário. Ostracismo.
O destino de tal dado constitui um bom exemplo de danação. não
por negação nem por meio de explicações cômodas, mas simples­
mente não tomando-o em consideração. Essa queda está em relação
de Chladni e é mencionada em outras publicações, mas partindo da
ausência e da menção apenas formal, percebemos que houve excomu­
nhão tal como nos casos precedentes. Esse dado foi sepultado vivo.
Era inconciliável com o moderno sistema de dogmas exatamente
como o eram nos casos precedentes os extratos geológicos e o apêndi­
ce vermiforme .. .

63
Se, de modo intermitente, ou “por boa parte da primavera”,
essa substância caiu em duas províncias irlandesas e em nenhum outro
lugar, temos mais do que antes, a sensação que acima de nós existe
uma região estacionária, ou uma região que recebe produtos e nos
quais as forças gravitacionais e meteorológicas da Terra são relativa­
mente inertes ... se considerável parte dessa substância se mantém
suspensa por muitas semanas antes de cair definitivamente. Supo­
nhamos que em 1 685, o senhor Vans e o vigário de Cloyne soubessem
descrever aquilo que viram tão bem como se fossem vistos em 1 885:
todavia tal coisa significa ir muito diretamente e será necessário dispor
de muitos exemplos mais modernos antes de poder aceitar tal fato.
Quanto a outras quedas ou a outra queda no Amer. Jour. Sei,
1-28-361, foi dito que no dia 11 de abril de 1 832 - cerca de um
mês após a queda da substância de Kourianof - cai uma substância
dum amarelo vinho, transparente, mórbida, com um odor de óleo
com ranço. O senhor Herman, o químico que a examinou, chamou-a
de “óleo do céu”. Para a análise e as reações químicàs, ver o Journal,
L 'Endinburgh Philosophical Journal, 13-368, que define como “unto-
sa” a substância que cai nas cercanias de Rotterdam em 1 832. Em
Comptes Rendus, 13-215, há um relato a respeito duma matéria
oleosa e avermelhada que cai em Gênova em fevereiro de 1 841.
Qualquer coisa pode ter sido . . .
No conjunto, a maior parte das nossas dificuldades são proble­
mas que deveremos deixar aos futuros estudiosos de super-geografia,
é o que creio eu. Um indivíduo na América deve deixar Long Island.
Se fôssemos pensar em viagens entre Júpiter, Marte e Vénus e em
superconstruções que fossem vítimas por naufrágio, pensaríamos
logo no combustível tanto quanto em suas cargas. Naturalmente o
dado mais convincente seria aquele de ver cair do céu carvão: não po-
deria ser outra coisa, se podemos suspeitar que já há séculos nos ou­
tros mundos foi descoberto o motor à explosão ... mas como eu disse,
devemos deixar algo aos nossos discípulos . . . não acreditando que
essas substâncias oleosas ou semelhantes à manteiga fossem combustí­
veis. Nós nos limitaremos simplesmente a observar que no Scientific
American, 23-323, há o relato de uma chuva de granizo que caiu na
metade de abril de 1 871, no Mississipi, no qual esteve presente uma
substância descrita como trementina.
Qualquer coisa que tinha o gosto de água com ranço no granizo
caído em l.° de junho na França, perto de Nimes, em 1 842, foi
identificada como ácido nítrico (Jour. de Pharmacie, 1 845-273).
Granizo e cinzas na Irlanda em 1 755 (Sei. Amer. 5-168).
Em Elizabeth, em Nova Jersey, cai em 9 de junho de 1 874
uma chuva de granizo na qual havia uma substância que o professor
Leeds do Instituto Stevens avaliou ser carbonato de soda (Sei. Amer.,
30-262).

64
Estamos nos afastando da linha de nosso livro, mas mais tarde
será um ponto muito importante o fato que tantas quedas extraordi­
nárias se tenham verificado com granizo. Ou ainda ... se se tratava de
substâncias que tenham tido origem em qualquer outra parte da super­
fície terrestre . . . tenham tido também o granizo em sua origem?
A nossa opinião aqui dependerá do número dos exemplos. É bastante
razoável que algumas das coisas que caem sobre a terra devam coinci­
dir com a chuva de granizo.
Quanto às substâncias vegetais em quantidade tão grande que
sugeriu que se tratasse de perda de carga temos uma nota no Intellec-
tual Observer, 3-468: em l.° de maio de 1 863 cai em Perpignanuma
chuva que 11 trouxe consigo uma substância vermelha que ao ser exami­
nada mostrou ser uma farinha vermelha misturada com areia fina”.
Essa substância cai em vários pontos ao longo do Mediterrâneo.
No Philosophical Transactions, 16-281, há um relato a respeito
dum aparente cereal que se disse ter caído em Wiltshire em 1 686 . ..
dizendo-se que parte do “grão” cai “junto com o granizo” . . ., mas
quem escrevia no Transactions disse ter examinado os grãos e estes
não eram senão os da Gaultheria procumbens nascida entre as fissuras
de onde lhes tiravam as sementes os passarinhos. Mas se os passarinhos
continuavam ainda a tirar as sementes e o vento a soprar, não vejo
por que o fenômeno não tenha se repetido em mais de duzentos anos
que transcorreram até agora.
Ou a matéria vermelha na praia de Siena, na Itália, em maio de
1 830; que Arago declarou tratar-se de matéria vegetal (Arago, Oeu-
vres, 12-468).
Alguém deveria recolher os dados das quedas sobre Siena.
Na Monthly Weather Review, 29-465, um correspondente escre­
ve que em Pawpaw, em Michigan, em 16 de fevereiro de 1 901, num
dia quase calmo em que o moinho de vento trabalhava, cai um pó
branco que parecia matéria vegetal. O diretor da revista conclui que
não se trata duma queda difusa devida a um tufão, porque não foi no­
ticiada na outra zona.
Ranço, putrefação, decomposição . . . uma nota escrita mais de
uma vez. No sentido positivo, naturalmente nada significa nada,
ou ainda cada significado é contínuo aos outros significados; ou ainda
todas as provas de culpabilidade, por exemplo, são outro tanto provas
de inocência . . . mas essa condição parece desejar dizer que existem
coisas que atuam há muito tempo entre as estrelas. Advém um terrível
desastre no tempo de Júlio César; os seus restos chegam à terra até
o tempo de vigário de Cloyne: deixemos a ulteriores pesquisas a dis­
cussão sobre a ação bactérica e a decomposição e se as bactérias po­
dem sobreviver no que chamamos espaço e do qual não conhecemos
nada ...

65
ChemicalNews, 35-183:
O Dr. A. T. Machattie, F. C. S. (2), escreve que no dia 24 de
fevereiro de 1 868, durante um violento temporal, cai com a neve em
Londres, Ontário, uma substancia de cor escura estimada em cerca
de 500 toneladas ao longo duma faixa de 50 milhas (80 quilômetros)
por 10 (16 quilômetros). Foi examinada ao microscópio de Machattie
que a achou constituída principalmente por matéria vegetal “já
muito adiantada na decomposição”. A substância foi examinada
pelo Dr. James Adams de Glasgow, o qual expressa sua opinião
que se tratava de restos de cereais. Machattie faz notar que o solo
do Canadá tinha permanecido gelado por vários meses antes dessa
queda e que então neste caso é preciso pensar numa origem mais
do que normalmente remota. Machattie acha que tenha tido origem
no sul. “Mas em todo o caso”, diz, “esta é apenas uma conjetura”.
Amer. Jour. Sei., 1 841-40:
No dia 24 de março de 1 840 . . . durante um temporal . . .
verificou-se uma queda de grãos em Rajkit, na índia. Tal coisa foi
comunicada ao coronel Sykes da British Association.
Os nativos ficaram grandemente impressionados . . . porque
se tratava dum tipo de grão totalmenta desconhecido a eles.
Sempre surge um cientista que não sabe mais do que os nativos
das coisas que estes realmente conhecem melhor, e se dá o fato
deste não ter se verificado em absoluto no caso citado:
“O grão foi mostrado a alguns botânicos que não o reconhece­
ram imediatamente, mas pensaram que se tratava de spartium ou
vicia. ”

(2) Fellow of the ChemicalSociety/Membro da Sociedade de Química (N.Ts.).

66
VI

CHUMBO, PRATA, DIAMANTES E VIDRO

Aparentemente parecem malditos, mas não o são: agora estão


entre os acolhidos . . . isto é quando são encontrados em massas
metálicas ou rochosas que a Ciência reconheceu por meteoritos.
Veremos que a oposição se volta para as substâncias que não são assim
mescladas ou incorporadas.
0 “amadou”.
Entre os dados malditos me parece que o pau-ferro fica bem
entre os danados. No Report of the British Association, 1 878-376,
é mencionada uma substância de cor marrom-chocolate claro que
caía com os meteoritos. Não existem dados particulares; não
se consegue descobrir outra menção em nenhuma outra parte. Nessa
publicação inglesa, a expressão “pau-ferro” não é usada; a substância
é chamada “amadou”. Imagino que se esse dado tivesse sido admitido
em quaisquer revistas francesas, teria sido evitada a palavra “amadou”
e se usaria a expressão “pau-ferro”.
Ou ainda a unicidade da totalidade: trabalhos científicos e
registros anagráficos: em Goldstein que não consegue colocar-se
como Goldstein, cóloca-se como Jackson.
Enxofre, areia e sal.
As quedas de enxofre do céu se tornaram particularmente
repulsivas à moderna ortodoxia - sobretudo por causa de sua asso­
ciação com as superstições e aos princípios da ortodoxia anterior -
estórias de demônios: exalações sulfurosas. Vários escritores disseram
que haviam provado tal sensação. Assim também os reacionários
científicos que combateram raivosaménte o que os precedia porque
era precedente: e alguns outros cientistas, os quais, por puro exclu-
sivismo foram tomados de escárnio negando as quedas de enxofre.
Dispõe-se de semelhantes apontamentos a respeito do odor sulfúreo
dos meteoritos e muitos apontamentos sobre a fosforescência das
coisas que provêm do externo. Um dia fui examinar as velhas estórias
de demônios que. andam sulfurosamente pela Terra, com a intenção

67
de sustentar que temos muitos visitantes indesejáveis provenientes
de outros mundos; ou que uma indicação de origem externa aponta a
presença de enxofre. Penso em um dia estudar a demonologia, mas no
momento não estamos tão adiantados a ponto de poder ir tão avante.
Para um circunstanciado relato sobre uma massa de enxofre do
tamanho aproximado dum punho humano, que cai em Pultusk na
Polônia no dia 30 de janeiro de 1 868 sobre uma estrada em que o
fenômeno foi visto por uma multidão de cidadãos, ver o Rept. Brit.
Assoe., 1 874-272.
A força dos exclusionistas reside no fato que entre suas filas
estão misturados tanto modernos quanto arcaicos sistematizadores.
As quedas de areia e pedra calcária se põem tanto para os teólogos
quanto para os cientistas. Areia e pedra calcária dão a idéia de outros
mundos sobre os quais se verificam processos similares aos processos
geológicos; mas a pedra calcária, como substância fossilífera, é de
modo particular considerada entre os excluídos.
Em Science, 9 de março de 1 888, registrou-se a queda dum
bloco de pedra calcária perto de Middleburg, na Flórida. Esta foi
exibida na Exposição Subtropical de Jacksonville. Quem escreve no
Science nega que tenha caído do céu. O seu raciocínio é o seguinte:
Não há pedra calcária no céu;
Daí essa pedra não caiu do céu.
Não se poderia encontrar um melhor raciocínio, porque vemos
que uma premissa final fundamental . . . universal verdadeira . . .
incluiría todas as coisas: e que então não se deixaria nada em torno
do que raciocinar ... o que significa que todos os raciocínios devem
ser baseados em “alguma coisa” que não é universal, ou num fantasma
intermédio aos dois extremos da nulidade e totalidade, ou ainda de
negatividade e positividade.
La Nature, 1 890-127:
Caiu em 6 de junho de 1 890 pedra calcária em Pel-et-Der
(L’Aube) na França. Identificado como pedra calcária do Château-
Landon. Mas o que caiu com o granizo não pôde ser identificado
em Château-Landon. Uma coincidência, talvez.
Na página 70 do Science Gossip, 1 887, o diretor fala duma
grande pedra que teriam comunicado ter caído em Little Lever, na
Inglaterra e da qual lhe foi enviado uma amostra. Era areia. Daí
não tinha caído, porém encontrava-se sempre na terra. Mas na página
140 do Science Gossip, 1 887, há um relato de “um grande fragmento
de pedra calcária plano, impregnado de água e poroso” que foi encon­
trado na madeira duma faia adulta. A mim parece que deva ter caído
incandescente para entrar no tronco em alta velocidade. Mas nunca
ouvi falar de nada que tenha caído em estado incandescente.

68
A madeira em torno do grande fragmento de areia era negra,
como se fosse carbonizada.
O Dr. Farrington, por exemplo, nos seus livros não fala de pedra
de arenito. Do mesmo modo, a British Association, embora relutante­
mente, é menos exclusiva: Report de 1 860, página 197: substância
das dimensões dum ovo de pata caiu em Ralphoe na Irlanda a 9 de
junho de 1 860 . . . dado discutível. Não é dito com segurança se
a substância era arenito, mas “assemelhava-se” ao friável arenito.
Quedas de sal foram fartamente verificadas. Estas foram evita­
das pelos autores científicos, por causa do dogma segundo o qual
só a água e não substâncias mantidas em solução, podem sair por
evaporação. Do mesmo modo, quedas de água salgada receberam devi­
da atenção da parte de Dalton e outros e foram atribuídas a turbi­
lhões de vento marítimos. Isso é razoavelmente contestado - quase
razoavelmente - no caso de lugares não distantes do mar ...
Mas a queda de sal que se verificou sobre as montanhas da
Suíça ...
Pudemos prever que teria sido possível descobrir tal dado em
qualquer parte. E que também algo foi explicado em termos locais
na costa da Inglaterra . . . mas o fenômeno também ocorreu sobre
as montanhas da Suíça.
No dia 20 de agosto de 1 870 caíram na Suíça, durante um
temporal, grandes cristais de sal. A explicação ortodoxa é um cri­
me: como que se os dados tivessem que ter impressões digitais. Foi
dito G4s. Rec. Sei., 1 872) que esses fragmentos de sal “atraves-
raram o Mediterrâneo provindo de alguma parte da África”.
Ou ainda a hipótese do convencional . . . admitido que seja
fácil. Um lê uma semelhante afirmação e reconhecido que se suave,
breve e convencional, raramente a coloca em discussão . . .
ou a reputa “muito estranha” e é esquecida. Um tem a impressão
das lições de geografia: o Mediterrâneo não é maior que oito centí­
metros no mapa; a Suíça é somente mais alguns centímetros. Essas
notáveis massas de sal são descritas no Amer. Jour. Sei., 3-3-230,
como “cristais cúbicos e essencialmente imperfeitos de sal comum”.
E quanto à coutemporaneidade em relação ao granizo . . . isto pode
ser chamado em um ou dez ou vinte casos de coincidência.
No Times de Londres de 25 de dezembro de 1 883:
Tradução dum jornal turco; uma substância que cai em Scutari
a 2 de dezembro de 1 883; descrita como uma substância desconhe­
cida, em partículas - ou flocos? - semelhantes a neve. “Descobriu-
se que era ligeiramente salgada e que se dissolvia imediatamente na
água.”

69
Miscelânea:
“A l.° de novembro de 1 857 cai uma matéria negra filamento-
sa em Charleston na Carolina do Sul (Amer. Jour. Sei., 2-31-459).
Quedas de uma pequena massa esfriável das dimensões que iam
da de uma ervilha a de uma noz, em Lobau, no dia 18 de janeiro de
1 835 (Rept. Brit. Assoe., 1 860-85).
Objetos que caíram em Peshawar, na índia em junho de 1 893,
durante uma tempestade: uma substância que parecia nitro cristali­
zado e que tinha o gosto de açúcar (Nature, 13 de julho de 1 893).
Imagino que às vezes os peixes de grandes profundidades batem
o nariz contra a madeira carbonizada. Se as regiões estão nas rotas
de Cunard e de White Star, é muito provável que vivessem a bater
contra o tal lugar. Não proponho nenhuma investigação: são peixes
de grandes profundidades.
Ou a escória de Slains. Foi dito que se tratava de produto de
fornalha. O Rev. James Rust declarou que era como se tivessem
espancado o seu nariz.
Quanto ao que foi assinalado em Chicago no dia 9 de abril
de 1 879, declarando-se que as escórias tinham caído do céu, o pro­
fessor E. S. Bastian (Amer. Jour. Sei., 3-18-78) diz que as escórias
“eram sempre encontradas sobre o solo”. Eram escórias de forna­
lha. “Um exame químico das amostras demonstrou que não
possuíam nenhuma das características dos verdadeiros meteo­
ritos.”
E de novo ainda a ilusão universal; a esperança e o desespero
de uma tentativa de positivismo; a saber, que possam ser os verdadei­
ros critérios ou as características distintas no que concerne a qual­
quer coisa. Se qualquer pessoa pode definir - não simplesmente ima­
ginar poder definir, como Bastian - as verdadeiras características
de qualquer coisa, ou assim localizar a verdade em qualquer parte,
ela terá descoberto para si que está trabalhando exaustivamente o
cosmo. Como Elias, verá instantaneamente transportado para o
Absoluto Positivo. A minha convicção é que, num momento de
superconcentração, Elias se aproximou de tal modo do ser que como
profeta verdadeiro que foi transportado ao céu, ou para o Absoluto
Positivo, com tal velocidade que deixou diante de si uma pista incan­
descente. Prosseguindo, descobriremos que “os verdadeiros exames
do material meteórico” que no passado foram considerados absolu­
tos, dissolvem-se numa nebulosidade quase completa. Bastian fornece
explicações mecânicas, ou em base nos termos das sólidas refle­
xões feitas no confronto de todas as comunicações de queda de subs­
tâncias: sustenta que próximo ao ponto em que foram encontradas as
escórias, os fios fusiformes foram vistos cair junto às escórias . . .
as quais sempre foram achadas na terra desde o início. Mas segundo o

70
New York Times de 14 de abril de 1 879, haviam caído dois bushel
(setenta litros) dessa matéria.
Qualquer coisa que se disse ter caído em Darmstadt a 7 de
junho de 1840, relacionada simplesmente como “escórias” por
Greg (Rep. Brit. Assoe. 1 867416).
Philosophical Magazine, 4-10-381:
Em 1 855, uma grande pedra foi encontrada no cerne duma
árvore em Battersea Fields.
Às vezes foram encontradas nas árvores projéteis de canhão;
não parece que haja nisso algo a ser discutido; mas parece que possa
ser objeto de discussão alguns talhes numa árvore para se esconder
um projétil de canhão que se poderia levar à cama e se esconder de­
baixo da almofada com a mesma facilidade. Assim como no caso da
pedra de Battersea Fields. O que se pode dizer senão que caiu a gran­
de velocidade e infiltrou numa árvore? Aqui se trata de discussões que
não tem fim . ..
Porque aos pés da árvore foram encontrados fragmentos de
escórias como se fossem destacados da pedra.
Disponho de nove outros casos.
Escórias, madeira carbonizada e cinza e não acreditarão, como
também eu não acredito, que provenham das formações de vastas
super construções aéreas. Vejamos o que se mostra aceitável.
Quanto às cinzas, as dificuldades são grandes, porque conhe­
cemos muitas quedas de cinzas de origem terrestre ... de vulcões e
de incêndios em florestas.
Em algumas das nossas afirmações eu me senti um pouco
radical...
Imagino que um dos motivos principais é demonstrar que na
quase existência, não há nada fora do absurdo ... ou qualquer coisa
intermediária entre a absoluta absurdidade e a racionalidade absolu­
ta ... e que o novo é o obviamente absurdo: que passa a fazer parte
do sistema e se torna artificiosamente absurdo. Ou que todo o progres­
so vai do ultrajoso ao acadêmico e o santificado, para depois voltar
ao ultrajoso . . . modificado por uma tendência de aproximação sem­
pre mais alta em direção ao absurdo. Às vezes me sinto um pouco
menos inspirado em relação aos outros, mas creio que já estamos
habituados á unicidade da totalidade; ou ao fato que os métodos da
ciência para conservar o seu sistema sejam ultrajosos quanto às tenta­
tivas dos danados de vencer. No Annual Record of Science, 1 875-
241, é citado pelo professor Daubrée: as cinzas que caíram sobre
Azzorre provinham do incêndio de Chicago .. .
Bull. Soc. Astron. de France, 22-245:

71
Sinal duma substancia branca, parecida com cinza, que cai em
Annonay, na França em 27 de março de 1 908: é chamado simples­
mente de fenômeno curioso; não há nenhuma tentativa de buscar
uma origem terrestre.
As formações em flocos que podem indicar uma passagem
através duma região de pressão, são comuns; mas as formações esfé­
ricas . . . como se as coisas fossem redondas em prosseguimento
sobre áreas planas de quaisquer partes . . . são ainda mais comuns:
Nature de 10 de janeiro de 1 884, citada por um jornal de
Kimberley:
Por volta do fim de novembro de 1 883, uma densa chuva de
matéria semelhante a cinza cai em Queenstown na África do Sul. A
matéria tinha caído sob forma de bola de bilhar, que eram macias e
polpudas, mas que uma vez dissecadas esmigalhavam-se ao tato. A
chuva se restringiu a uma única faixa de terra. Seria simplesmente
absurdo querer atribuir tal substância ao vulcão Krakatoa . . .
Mas com a queda foram ouvidos fortes rumores ...
Mas omitiremos vários apontamentos a respeito das cinzas:
se das cinzas pudéssemos chegar aos peixes de profundidade, isto não
querería dizer que era proveniente dos vapores da navegação.
Os dados sobre quedas de madeira carbonizada se tornaram
especialmente danados pelo Sr. Symons, o meteorologista do qual
mais tarde indagaremos algo ...
Notícia duma queda em Vitória, na Austrália, no dia 14 de
abril de 1 875 (Rept. Brit. Assoe., 1 875-242). . . onde se diz de
maneira relutante que todos haviam visto cair uma matéria e no dia
seguinte se encontrou algo que parecia cinza.
Nos Proc. of the London Roy. Soc., 19-22, há um relato acerca
de cinzas que caíram sobre a ponte no dia 9 de janeiro de 1 873.
No Amer. Jour. Sei., 2-24-449, é dito que o diretor tinha recebido
uma amostra das cinzas que se disse que haviam caído durante um
temporal sobre uma fábrica perto de Ottawa, em Illinois, no dia 17
de janeiro de 1 857.
Porém depois de tudo, madeira carbonizada, cinzas, escórias
ou lava são todas coisas ambíguas, quanto a isso deve-se pronunciar
o sumo sacerdote dos danados ... o carvão que caiu do céu.
Ou ainda o carvão coque:
A pessoa que parece ter visto a lenha carbonizada acreditou
também ter visto algo parecido com coque, dizem.
Nature, 36-119.
Alguma coisa que “parecia exatamente coque” cai durante um
temporal em Orne, França, no dia 24 de abril de 1 887.

72
Ou o carvão de madeira:
O Dr. Angus Smith diz, no Lit. and Phil. Soc. of Manchester
Memoirs, 2-9-146 que por volta de 1 827 - como para a maior parte
dos Principies de Littel e para a Origem de Darwin tal relato se baseia
no sentido de dizer que - alguma coisa caiu do céu nas imediações
de Allport na Inglaterra. O objeto era luminoso e caiu provocando
uma fragorosa detonação no campo. Um fragmento que foi visto por
Smith também é por ele descrito assim: “tinha o aspecto de um peda­
ço comum de carvão de madeira”. Não obstante o senso de normali­
dade que é transmitido lendo-se isso, isto é alterado por uma série
de dados a respeito das diferenças: a substância era tão estranhamente
pesada que parecia que havia ferro internamente; por outro lado,
havia também um “aspergimento de enxofre”. 0 professor Baden
Powell declarou que tal material era “totalmente diverso de qualquer
outro meteorito”. Greg, na sua relação (Rept. Brit. Assoe., 1 860-
73), a chama de “uma substância mais do que duvidosa” . . . mas
de novo não há nenhuma dúvida de autenticidade. Greg afirma que é
semelhante ao carvão de madeira compacto com partículas incorpo­
radas de enxofre e de pirita de ferro.
Novamente o senso de segurança:
Baden Powell afirma: “contém também carvão de lenha que
poderia ter se originado da matéria entre a qual caiu”.
Isso é um reflexo comum para todos os exclusionistas: que
as substâncias não “verdadeiramente meteóricas” não caíram do
céu, mas foram recolhidas por coisas “verdadeiramente meteóricas”,
naturalmente sobre a superfície, no momento do seu impacto com
a terra.
Balanço das certezas e seu declínio:
Segundo Smith, essa substância não era simplesmente revestida
de carvão de madeira; a sua análise deu 43,59 por cento de carvão.
A nossa idéia é que o carvão caiu do céu passando através de
substâncias resinosas e betuminosas que foram fundidas de modo a
não se poder distinguir umas das outras.
Foi dito que caíram substâncias resinosas em Kaba, na Hun­
gria, no dia 15 de abril de 1 887 (Rept. Brit. Assoe., 1 860-94).
Uma substância resinosa que cai depois da passagem de um
projétil de fogo? Aconteceu em Neuhaus, na Boêmia, no dia 17 de
dezembro de 1 824 (Rept. Brit. Assoe., 1 860-70).
Queda de uma substância amarronzada durante um temporal,
perto de Luchon no dia 28 de julho de 1 885; tratou-se de uma maté­
ria carbonácea muito esfriável; quando foi queimada emanou um
odor resinoso (Comptes Rendus, 103-837).
Quanto à substância que cai nos dias 17, 18 e 19 de fevereiro

73
em Gênova, na Itália, diz-se também que era resinosa; Arago susten­
ta (Oeuvres, 12-469) que foi uma substância betuminosa mista ou
areia.
Queda - durante um temporal - de uma “substância” betumi­
nosa e ardente” sobre a proa dum navio inglês, o Albearle, perto do
Cabo Cod em julho de 1 681 (Edin, New Phil. Jour., 26-86); uma
queda de matéria betuminosa em Cristiânia, Noruega, no dia 13 de
junho de 1 822, que Greg relaciona entre as dúvidas; quedas de
matéria betuminosa na Alemanha, no dia. 8 de março de 1 789, re­
lacionada por Greg Lockyer (The Meteoric Hypothesis, pág. 24).
É sustentado que a substância que cai perto do Cabo da Boa Espe­
rança no dia 13 de outubro de 1 838 - cerca de cinco pés cúbicos
(0,14 metros cúbicos): uma substância tão mole que se podia cortar
com uma faca - “após se ter lançado mão de todos os ensaios para
o caso, deixando ela um resíduo do qual emanava um odor betu­
minoso”.
E essa conclusão de Lockyer - encontrável em todos os livros
que li - é no que diz respeito ao papel, o que de melhor podemos
desejar como prova que o carvão tenha caído do céu. O Dr. Farring-
ton, à parte uma breve menção, ignora todo o argumento das quedas
de matérias carbonáceas. Em todos os seus livros que li se aproxima,
ao pé da letra, o mais possível a admitir que se tenha encontrado a
matéria carbonácea nos meteoritos “em quantidade muito pequena”
. . . e suspeito que se possa danar outrem só perdendo a própria al­
ma ... ou quase-alma, naturalmente.
Sd. Amer., 35-120:
A substância que cai perto do Cabo da Boa Esperança “asse-
melhava-se mais do que qualquer outra coisa a um pedaço de an-
tracita”.
Creio que se trata dum erro: a semelhança é com carvão betu­
minoso . . . mas é dos periódicos que devemos extrair os nossos da­
dos. Para autores de livros sobre meteoros dizer que o carvão caiu
do céu seria igualmente uma perversidade - indicando nós o afasta­
mento dos caracteres duma espécie estabelecida (quase estabelecida
naturalmente - quanto o sabia para algo na tentação de subir numa
árvore para capturar um passarinho. Coisas domésticas num
corte: e quando lhes parecem selvagem as coisas provenientes de
florestas externas a essas. Ou ainda o homeopata . . . mas procurare­
mos dados sobre o carvão.
E se aprendermos repetidamente que massas de litancita caí­
ram sobre a terra; se em nenhum caso foi afirmado que as massas
não caíram, mas que sempre foram encontradas na terra; se dispomos
de muitos casos como este, desta vez nos oporemos estrenuamente
ao reflexo mecânico de crer que essas massas tenham sido trazidas
por uma tromba de ar de um lugar para outro, porque achamos

74
verdadeiramente muito difícil aceitar que as trombas de ar possam
ter tal preferência ou se especializaram em substâncias particulares.
Entre os autores de livros, o único que faz mais de uma menção é
Sir. Robert Bali. Este representa uma ortodoxia ainda mais antiga,
ou ainda é um exclusionista do velho tipo, que ainda se opõe contra
os meteoritos. Cita vários casos de matéria carbonácea, mas em total
desconsideração pela racionalidade sustenta que a matéria terrestre
pode ter se levantado por turbilhões de ar para ser depois descarrega­
da em qualquer parte. Se tivesse fornecido uma relação completa,
teria sido convidado a explicar a especial afinidade dos turbilhões
para um tipo especial de carvão. Mas não fornece uma relação com­
pleta. Temos à disposição tudo que é encontrável e veremos que con­
tra esse câncer estamos escrevendo, a receita do homeopata não
tem valor. Um outro exclusionista era o professor Lawrence Smith.
O seu psicotropismo devia responder a todas as relações de matéria
carbonácea que caía do céu, sustentando que essa matéria danada
se depositava sobre determinadas coisas nos momentos do impacto
com a terra. A maior parte dos nossos dados são anteriores a ele ou
contemporâneos, ou lhe eram acessíveis quanto o são a nós. Na
sua tentativa de positivismo é simplesmente - e maravilhosamente -
negligenciado que, segundo Berthelot, Berzelius, Cloez, Wohler e
outros, essas massas não são simplesmente revestidas de matéria
carbonácea ou completamente permeadas. Como qualquer um pode
excluir qualquer coisa resolutamente, dogmaticamente, maravilhosa­
mente e secamente se maravilharia muito se não fosse por nossa
opinião que só o pensar significa incluir e excluir; e que o excluir
das coisas que têm o mesmo direito de serem consideradas daquelas
que esfão inclusas o ter uma opinião com base num argumento signi­
fica ser um Lawrence Smith ... já que não é nenhum argumento bem
definido.
O Dr. Walter Flight (Eclectic Magazine, 89-71) diz da substân­
cia que cai no dia 15 de março de 1 806 perto de Alais na França,
que essa “emite uma substância levemente betuminosa” quando é
rescaldada, tendo passado pelas observações de. Berzelius e de uma
comissão designada pela Academia da França. Desta vez não encon­
tramos a relutância expressa por palavras como “similar” ou “seme­
lhante”. Foi dito que tal substância constitui “um tipo de carvão
terrestre”.
E quanto ás “diminutas quantidades” foi dito que a substância
que cai perto do Cabo da Boa Esperança contém um pouco mais
de um quarto de matéria orgânica, que, imersa no álcool, produz
uma reação da matéria amarela e resinosa. Outros exemplos trazidos
por Flight são os seguintes:
Matéria carbonácea que cai em 1 840 no Tennessee; em Cran-
bourne, na Austrália, em 1 861; em Montauban, na França, no dia
14 de maio de 1 864 (vinte massas, algumas das quais das dimensões

75
de uma cabeça humana, de uma substância que “assemelhava-se a
lignite terrestre opaca); em Goalpara, na índia, por volta de 1 867
(cerca de 8% de hidrocarburo); em Omans na França, no dia 11 de
junho de 1 868; substância com “um ingrediente orgânico e combus­
tível, em Hessle, na Suécia, a 1.° de janeiro de 1 860.
Knowledge, 4-134:
Segundo o Sr. Daubrée, a substância que caíra na República
Argentina “assemelhava-se a certos tipos de lignite e carvão de turfa”.
No Comptes Rendus, 96-1 764, comentou-se que essa massa cai a 30
de junho de 1 880, na província de Entre Rios na Argentina: que é
“similar” a carvão marrom e que é semelhante a todas as outras mas­
sas carbonáceas que caíram do céu.
Àíguma coisa cai em Grazac, na França, no dia 10 de agosto
de 1 885: quando foi queimada emanou um odor betuminoso (Comp­
tes Rendus, 104-1 771).
Substância carbonácea cai em Rajpunta, na índia, no dia 22 de
janeiro de 1911: muito fria: solúvel a 50 por cento de água (Records
Geol. Survey of índia, 44-pt. - 41).
Uma substância carbonácea combustível cai junto com areia
em Nápoles, no dia 14 de março de 1 818 (Amer. Jour. Sei., 1-1-309).
Sei. Amer. Sup., 29-11 798:
A 9 de junho de 1 889, uma substância muito fria de cor verde
bem escura quase negra, cai em Mighei na Rússia. Tal substância
continha 5% de matéria orgânica, que uma vez pulverizada e diluída
em álcool deixou depois da evaporação uma resina de cor amarela
brilhante. Nessa massa havia 2 por cento de um mineral desconhecido.
Madeira carbonizada, cinza, escórias, carvão coque, carvão de
madeira antracita.
E as coisas contra as quais às vezes esbatem os peixes de grande
profundidade.
Relutâncias e camuflagens ou máscaras retiradas de tais pala­
vras como “similar” e “semelhante” . . . ou ainda que as condições
da Intermediaridade proibem que as bruscas transições . . . mas que
o espírito que anima toda a Intermediaridade é alcançar bruscas
transições . . . porque se qualquer coisa pudesse ao fim escapar à sua
origem e ao seu ambiente, esta seria uma coisa real. .. qualquer coisa
que não se funda indistinguivelmente com aquilo que a circunda.
Assim, cada tentativa de originalidade, cada tentativa de inventar
qualquer coisa que seja algo mais do que uma extensão ou uma modi­
ficação do precedente é o positivismo ... ou ainda se alguém pudes­
se inventar um engenho para eliminar moscas, decididamente dife­
rente e sem quaisquer referências a todos os outros aparelhos . ..
alcançaria o céu, ou o Absoluto Positivo . . . deixando diante de si
uma tal pista incandescente que um século se diria que foi tão célere

76
como uma carruagem flamejante e um outro rápido como um
raio...
Estou recolhendo notas sobre pessoas que se dizem já terem
sido atingidas por um raio. Penso que foi obtida uma grande aproxi­
mação do positivismo - mudança instantânea - deixando aos ombros
um resíduo de negativismo, dando exatamente o efeito do golpe dum
raio. Um dia escreverei a estória de Mary Celeste - “como se deve”,
tal como diria o Scientific American Supplement - ou ainda a miste­
riosa aventura dum capitão do mar, da sua família e de toda sua tripu­
lação.
Positivistas sobre a estrada da Brusca transição, creio que
Manet fosse notável . . . mas que a sua aproximação fosse mantida
sob sua intensa relatividade com o público ... ou que insultar e
desconfiar seja tão imperativo quanto rasgar e placar. Naturalmente
Manet começou em continuidade a Coubert e os outros, e depois
entre eles e Manet houve mútuas influências . . . mas o espírito da
brusca diferença é o espírito do positivismo, e a posição de Manet
era contra o ditado segundo o qual todas as luzes e as sombras deves­
sem fundir-se harmoniosamente umas com as outras e se prepararem
uma pela outra. Assim um biólogo como De Vries representa o posi­
tivismo ou a interrupção da Continuidade, procurando conceber a
evolução pela mutação . . . contra o dogma das indistinguíveis grada­
ções para “variações diminutas”. Copérnico concebeu a heliocentrici-
dade. A continuidade se coloca contra ele. Não lhe foi permitido
rompê-la bruscamente e com o passado. É-lhe permitido publicar
o seu trabalho, mas apenas como “interessante hipótese”.
A Continuidade . . . isto é, tudo aquilo que chamamos de
evolução ou progresso é a tentativa de evadir-se de tudo ...
E que o nosso sistema solar foi a tentativa dos planetas de esca­
par a um jogo patriarcal para estabelecer como entidade individual e
que, tendo falhado tal objetivo, estes se movem em órbitas quase
regulares que são expressões de relações com o sol e entre si, sendo
já todas tomadas, e sendo agora quase-incorporadas numa aproxima­
ção mais alta do sistema:
A Intermediaridade no seu aspecto mineralógico do positivis­
mo ... ou ainda o Ferro que procurou fugir para longe do Enxofre e
do Oxigênio e ser verdadeiro Ferro homogêneo . . . e falhou na tenta­
tiva, enquanto o ferro como puro elemento existe só nos livros de
química;
A Intermediaridade no aspecto biológico do positivismo . . .
ou ainda as coisas fantásticas e grotescas, selvagens e monstruosas
que foram concebidas, ás vezes na frenética tentativa de afastar-se
bruscamente de todos os tipos precedentes . . . mas falhando, por
exemplo, no esboço da girafa e na caricatura de um antílope . . .

77
Todas as coisas interrompem uma relação apenas para estabele­
cer quaisquer outras relações ...
Todas as coisas cortam um cordão umbelical apenas para se
agarrarem a um seio.
Este é o lote dos exclusivistas para manter o lote tradicional -
ou para impedir uma brusca transição do quase-estabelecido - de mo­
do que, depois de mais de um século que são admitidos os meteoritos,
nenhuma outra admissão foi feita, com exceção das poeiras cósmicas,
dados que Nordenskiold tornou quase mais reais que os dados da
oposição.
Assim Proctor, por exemplo, combate como absurdidade a
opinião de Sr. W. H. Thompson segundo a qual sobre a Terra tinham
chegado organismos entre os quais os meteoritos . ..
“Posso considerá-lo somente uma burla/’ (Knowledge, 1-302).
Ou ainda que não há outra coisa senão gracejo ... ou qualquer
coisa de intermediária entre a burla e a tragédia;
A nossa não é uma existência, mas uma enunciação;
Momo se imagina pelo delito dos deuses, expresso com tanto
sucesso que alguns de nós parecem quase vivos . . . como os perso­
nagens dos quais está escrevendo um autor; os quais se afastam consi­
deravelmente de seus negócios de romances ...
Que Momo nos imagina e as nossas artes e as nossas ciências
e as nossas religiões, e aqui se narra ou pinta como sátira da verda­
deira existência dos deuses.
Pois que, com tantos dados sobre carvão que caiu do céu aces­
síveis como são agora, e com a afirmação científica que o carvão é
um fóssil, como se pudesse ser uma tal rixa, numa verdadeira exis­
tência, com o que nós nos referimos a uma existência constante, ou
a um estado no qual há verdadeira inteligência ou uma forma de
pensamento que não funde indistinguivelmente com a idiotia, como
aquela descoberta há cerca de quarenta anos quando o Dr. Hahn
anunciou haver descoberto fósseis nos meteoritos?
Acessíveis a quem quer que seja em qualquer tempo :
Philosophical Magazine, 4-17-425:
A substância que cai em Kaba na Hungria, no dia 15 de abril
de 1 857 continha matéria orgânica “análoga à cera fóssil”.
Ou a pedra calcária:
Do bloco de pedra calcária do qual dizem ter caído em Middle-
burg na Flórida, se diz (Science, 11-118) que, se bem que fosse visto
qualquer coisa cair num “velho campo cultivado”, os testemunhos
que se chegou a recolher exprimem que alguma coisa que “se encon­
trava sempre em qualquer campo”. O autor que narra isso, com a
78
sólida imaginação de exclusão conhecida como estupidez, mas injusta­
mente porque não existe alguma verdadeira estupidez, cré poder
pensar que uma massa de consideráveis dimensões pode permanecer
durante um ano num campo cultivado, sem nunca ter visto antes
e sem que tenha interferido jamais no arado. E escreve seriamente e
sem hesitações quando afirma que a massa pesava 200 libras (90
kg). A minha convicção que, fundada na minha experiência de obser­
vador, é que uma massa de 250 quilos poderia permanecer também
vinte anos numa saleta sem ser praticamente observada . . . mas não
certamente num velho campo cultivado em que alguém teria que lidar
com o arado . ..
O Dr. Hahn disse ter encontrado fósseis nos meteoritos. Há
uma descrição de corais, das esponjas, das conchas, todos micros­
cópicos, os quais foram fotografados por ele e aparecem em Popular
Science, 20-83.
Hahn era um cientista famoso. Após esse fato muitos mudaram
de opinião a respeito dele.
Quem quer pode teorizar sobre os outros mundos e sobre as
condições nestes que são similares às nossas: se seus conceitos são
apresentados claramente como fantasias, ou também somente como
“interessantes hipóteses” não desencadeará a fúria dos beatos.
Mas o Dr. Hahn disse claramente haver encontrado fósseis em
meteoritos bem especificados: e por outro lado publicou as fotogra­
fias. Seu livro se acha na New York Public Library. Nas reproduções
cada traço daquelas pequenas conchas é ligeiramente assinalado. Se
não são conchas não são também coisas sob o banco das ostras. As
estrias são muito claras: vê-se os eixos onde se unem os biyalves.
O professor Lawrence Smith (Knowledge, 1-258):
“O Dr. Hahn é uma espécie de semi-debilóide cuja imaginação
cavalga a rédeas soltas.”
Conservação da Continuidade.
Depois o Dr. Weinland examinou as amostras do Dr. Hahn.
Expressa sua opinião que se trate realmente de fósseis e não cris­
tais de enstatita, como o afirmava Smith que não mais os tinha visto.
A danação por negação e a danação por indiferença.
Após a publicação das descobertas de Weinland ... o silêncio.

79
VII

AS COISAS VIVENTES QUE CAÍRAM SOBRE A TERRA

As tentativas de preservar o sistema.


É verdade que as rãs e os sapos, por exemplo, jamais caíram do
céu, mas . . . “sempre são encontrados sobre a terra”; ou ainda e se
caíram . .. foi “de um lugar para outro”.
Se perto da Europa houvesse um lugar particularmente tomado
por brejos, como existem lugares particularmente arenosos, a expli­
cação científica seria naturalmente que todas as rãs que caem do céu
europeu provêm daquele centro de batráquios.
Logo para começar me agradaria enfatizar algo que me é permi­
tido ver porque sou ainda primitivo ou inteligente ou num estado
de imperfeita colocação:
É o caso de não haver nenhuma relação encontravel de uma
queda de girinos do céu.
Quanto ao “que sempre esteve lá”:
Ver Leisure Hours, 3-779 para relatos sobre rãs e sapos que
disseram terem visto cair do céu. O autor diz que todos os observa­
dores estavam enganados: e que as rãs ou sapos devem ter caído das
árvores ou de outros pontos.
Um enorme número de pequenos sapos, de um ou dois meses,
foram vistos cair de uma grande nuvem densa que surgiu de improviso
num céu que estava sem nuvens, em agosto de 1 804, perto de To-
louse, na França, estando numa carta do professor Pontus ao senhor
Arago (Comptes Rendus, 3-54).
Muitos exemplos de rãs que foram vistas caindo do céu (Notes
and Queries, 8-6-104).
Scientific American, 12 de julho de 1873.
“Foi referido que em recente e violento temporal em Kansas
City, no Missouri, teve como resultado uma chuva de rãs que escure­
ceu a área e cobriu o solo por uma vasta área.”

80
Quanto ao "serem encontrados sempre lá”:
No dia 30 de julho de 1 838 foram encontradas rãs em Lon­
dres depois de um intenso temporal (Notes and Queries, 8-7-437);
Pequenos sapos foram encontrados no deserto depois duma
chuva (Notes and Queries, 8-8-493).
Logo para começar não nego - decididamente - a explica­
ção convencional do “em cima e embaixo”. Creio que realmente
possam se verificar casos do gênero. Omito muitas notas que se
referem aos indistinguíveis. No Times de Londres de 4 de julho de
1 883, há um relato de uma chuva de pequenos ramos, folhas e pe­
quenos sapos durante um temporal sobre as fraldas dos Apeninos.
Podia se tratar muito bem dos resultados de um turbilhão de ar.
Acrescendo, entretanto, que tenho notas a respeito de duas outras
quedas de sapos minúsculos em 1 883 na França e uma no Taiti;
e mais de peixe na Escócia. Mas no fenômeno dos Apeninos, a mixór­
dia me parece típica de turbilhões de ar. Os outros exemplos me
parecem típicos de . . . algo similar á migração? A sua própria grande
quantidade e sua homogeneidade. Nestes anais dos danados surge
repetidamente o dado da seleção. Mas um turbilhão é reputado uma
condição de caos, ou quase caos: não uma negatividade final, natural­
mente . ..
Monthly Weather Review, julho de 1 881:
“Um pequeno pântano na pista de uma nuvem ficou inteira­
mente seco, e a água foi transportada para os campos vizinhos junto
com uma grande quantidade de lodo fofo que ficou espalhado pelo
terreno num raio de meia milha (800 metros)”.
É tão fácil dizer que as rãs caídas do céu foram o resultado
dum turbilhão de ar; mas eis aqui as circunstâncias do secamento:
na imaginação do exclusivista não há a mínima consideração do
lodo e dos detritos que se encontram no fundo de um pântano, da
vegetação em torno, dos detritos sobre as praias ... mas apenas a pre­
cisa escolha das rãs. De todos os casos a minha disposição que foram
atribuídos à queda de rãs ou sapos devido a turbilhões de ar, apenas
um identifica e situa com precisão o turbilhão e por outro lado,
como já foi dito antes, um lago que sobe seria tão notável quanto
rãs que descem. Turbilhões de ar, leiamos sempre... mas onde e
quais turbilhões? Parece-me que se alguém tivesse perdido um pânta­
no se ouviría falar de tal coisa. NoSymons’MeteorologicalMagazine,
32-106, uma queda de rãs perto de Birmingham, na Inglaterra, no dia
30 de junho de 1 892 é atribuída a um específico turbilhão de ar ...
mas não há nem sequer uma palavra a respeito do pântano específico
que tivesse contribuído para isso. E alguma coisa que impressionou
a minha atenção é que essas rãs são descritas como quase brancas.
Receio que não haja caminho de salvação para nós: devemos

81
renunciar à civilidade nesta Terra ... para outros mundos.
Lugares com rãs brancas.
Em muitas ocasiões dispomos de dados de coisas desconhecidas,
que caíram de algum lugar. Mas algo que não deve ser esquecido é
que se coisas viventes caíram vivas sobre a Terra - apesar de tudo
que pensamos da velocidade acelerada dos corpos que caem - e
terem propagado porque o exótico se torna comum e que do mais
estranho dos lugares se esperasse o familiar. Ou se punhados de rãs
chegaram até aqui - de alguma outra parte - toda coisa viva sobre
esta Terra pode outrora ter vindo de alguma outra parte.
Creio que disponho de uma outra nota a respeito dum tufão
específico.
Annals andMag. ofNat. Hist., 1-3-185:
Após um dos maiores furacões da história da Irlanda, alguns
peixes foram encontrados “numa distância de 15 jardas da beira do
lago”.
Disponho duma outra informação e esta é boa para os exclusi­
vistas:
Queda de peixe em Paris: disse-se que uma região vizinha perma­
neceu normal (Living Age, 52-186). A data não é fornecida mas eu
a vi gravada numa outra parte.
A mais conhecida queda de peixe do céu é a que ocorreu em
Mountain Ash, no vale de Aberdare, Glamorganshire, em 11 de
fevereiro de 1 859.
O editor do Zoologist, 2-677, tendo publicado uma reportagem
sobre uma queda de peixes, escreve: “Continuamente recebo relatos
semelhantes a respeito de rãs e peixes”. Mas em todos os volumes
do Zoologist, somente pude encontrar duas reportagens dessas quedas.
Não há nada a concluir a não ser que grandes quantidades de dados
foram perdidos porque a ortodoxia não olhava tais relatos favoravel­
mente. O Monthly Weather Review registra várias quedas de peixes
nos Estados Unidos; entretanto, relatos desses acontecimentos não
são encontrados em quaisquer outras publicações americanas. Toda­
via, o modo como Zoologist tratou da queda ocorrida em Mountain
Ash é correto. Primeiramente aparece na edição de 1 859-6 493 uma
carta do Rev. John Griffith, vigário de Aberdare, afirmando que a
queda realmente tinha ocorrido, principalmente sobre a propriedade
do Sr. Nixon, de Mountain Ash. Na página 6 540, o Dr. Gray, do
British Museum, não muito exclusivista, escreve que alguns desses
peixes, que lhe foram mandados vivos, eram “peixes pequenos muito
jovens”. Diz: “ Ao ler o caso o que me parece mais provável é que
se trate de uma brincadeira: que um dos empregados do Sr. Nixon
tenha atirado muita água de lá para cá, o que fez com que se pensas­
se que estavam caindo peixes do céu”... enquanto que, na verdade, a
82
água tinha sido tirada de um riacho, oom um balde.
Esses peixes - ainda vivos - foram exibidos nõ Jardim Zooló­
gico de Regenfs Park. O diretor declarou que um deles era um lainbari
e os outros peixes menores ainda.
Afirma que a explicação do Dr. Gray sem dúvida é correta.
Mas na página 6 564 o editor do Zoologist publica uma carta
de um outro correspondente, que se desculpa por se opor “a uma au­
toridade tão eminente como o Dr. Gray,” porém que conseguiu
alguns daqueles peixes com algumas pessoas que moravam à uma
considerável distância, ou a uma distancia considerável da ação do tal
empregado engraçadinho do Sr. Nixon.
Conforme o Annual Register, 1 859-14, os peixes caíram como
numa chuva.
Se esses peixes não estavam sobre o solo no primeiro lugar,
baseamos nossas objeções ao remoinho de vento em dois dados:
- Não caíram na distribuição que se poderia atribuir à descarga
de um remoinho de vento, mas numa pequena faixa de terra: de cerca
de 80 jardas de comprimento e 12 de largura.
- O outro dado sugere mais uma vez o que a princípio parece
inacreditável, sugestão de uma origem estacionária sobre nossas
cabeças.
Dez minutos mais tarde ocorreu “uma outra queda de peixes
sobre essa mesma estreita faixa de terra.
Mesmo argumentando que um remoinho de ar possa atuar
axialmente, sua descarga se efetua tangencialmente. De qualquer parte
que os peixes tenham vindo não parece cogitável que alguns pudessem
ter caído e outros pudessem ter rodopiado mesmo que fosse por
um décimo de minuto, caindo então diretamente antes da queda dos
primeiros. Devido a tais circunstâncias meléficas, a melhor coisa a
fazer teve que ser rir de tudo isso e dizer que alguérh transportou
água e a lançou a um certo lugar em que lambaris “muito jovens”
tinham sido fisgados.
No London Times, de 2 de março de 1 859, está uma carta
do Sr. Aaron Roberts, cura de St. Peter, Carmathon. Segundo essa
carta^ os peixes tinham cerca de quatro polegadas de comprimento,
mas havia algum problema quanto à espécie. Eu, por mim, penso que
eram lambaris. Algumas pessoas, pensando que se tratasse de peixes
do mar, colocaram-nos na água salgada, segundo o Sr. Roberts. ”0
efeito foi morte quase instantânea”. “ Alguns foram colocados em água
fresca. Estes pareceram se sentir melhor.” Quanto à distribuição restri­
ta, fomos informados que os peixes caíram “dentro e fora da pro­
priedade do Sr. Nixon”. Não houve nenhuma observação na ocasião
segundo a qual os peixes teriam caído em alguma outra parte das
imediações, além do lugar específico mencionado.

83
No London Times de 10 de março de 1 859, o vigário Griffith
escreve o seguinte:
Os telhados de algumas casas ficaram cobertos deles.”
Nesta carta é dito que os peixes maiores tinham cinco pole
*
gadas de comprimento e que estes não sobreviveram à queda.
Report of British Association, 1 859-158:
“A evidência da queda de peixes nessa ocasião foi muito conclu­
dente. Um espécime dos peixes foi exibido e se descobriu que se
tratava do Gasterosteus leirus.
Gasterosteus é um peixe pequenino muito conhecido.
E acho que temos o sentido da total perdição, mesmo quando
fomos danados com a explicação segundo a qual alguém jogou muita
água com peixes em certo riacho para brincar com uma outra pessoa.
O único problema é que esses peixes tinham quatro ou cinco polega­
das de comprimento, alguns deles cobrindo telhados de casa e outros
permanecendo dez minutos no ar. À guisa de contraste apresentamos
nossa própria opinião:
O fundo de um imenso açude teria cedido.
Tenho muitíssimas notas sobre quedas de peixes, apesar da
dificuldade que existe para que tais registros sejam publicados, mas
tomo os exemplos que se relacionam especialmente com o que acei­
tamos na Super-Geografià, ou aos Princípios de Super-Geografia:
ou dados sobre coisas que permaneceram no ar mais tempo do que
um remoinho de vento podería fazer com que permanecessem; e a
respeito do fato de terem caído numa distribuição mais estreita do
que aquela atribuída a um remoinho de vento; e além disso o fato
da queda ter se verificado durante um considerável espaço de tempo
sobre uma mesma área restrita de terra.
Estes três fatores indicam um lugar não muito distante, uma
região de inércia em relação á gravitação terrestre, e é claro, entre­
tanto, numa região que pelo fluxo e variação de todas as coisas, deve
às vezes ser suscetível... mas, vejo que nossa heresia vai se bifurcar ...
Numa amistosa posição tomada diante da crucificação que con­
seguirei para mim, acho ...
Mas tão impressionados estamos com o dado que tenha havido
muitas reportagens acerca de pequenas rãs que caíram do céu, não
se encontra nenhuma reportagem sobre uma queda de girinos.
À parte dos nossos três fatores indicativos, uma extraordinária
observação é a queda de coisas vivas sem ter acarretado danos a elas.
Os devotos de São Isac explicam que caíram sobre grama espessa e
assim sobreviveram: Sir James Emerson Tenant, em sua História do
Ceilão, narra uma queda de peixes sobre a relva, pelo que pareciam

84
ilesos. Algo mais independente dos nossos três interesses principais
é um fenômeno que parece o que poderiamos chamar duma série al­
ternada de quedas de peixes, não importa qual seja a significação disso.
Meerut, índia, julho, 1824 (Living Age, 52-186); Fifeshire,
Escócia, verãç de 1 824 (Wernerian Nat. Hist. Soc. Trans., 5-575);
Moradabad, índia, julho de 1 826 (Living Age, 52-186); Ross-shire,
Eioócia, 1 828 (Living Age, 52-186); Moradabad, índia, 20 de julho
de ’1 829 (Lin. Soc. Trans. 16-764); Pertshire, Escócia (Living Age,
51-186); Argyleshire, Escócia, 1 830, 9 de março de 1 830 (Recrea-
tive Science, 3-339); Feridpoor, índia, 19 de fevereiro de 1830
(Jour. Asiatic. Soc. ofBengal, 2-650).
Um psicotropismo que surge aqui - desprezando-se a signifi­
cação da série - ou o mecânico reflexo repulsivo destituído de inte­
ligência - é que os peixes da índia não caíram do céu; foram encon­
trados sobre o solo depois de chuvas torrenciais, porque as águas
inundaram tudo e mais tarde abaixaram.
Na região da Inércia que pensamos que podemos conceber,
ou uma zona que é para a gravitação da Terra muito análoga á zona
neutra na atração de um magneto, aceitamos que existem corpos de
água e também espaços abertos - fundos de represas ocos - represas
muito interessantes que não possuem nenhuma Terra no seu fundo
- amplas gotas de água flutuam no que é chamado de espaço -
peixes e dilúvios se precipitando ...
Mas também outras áreas, nas quais peixes - seja como for que
ali chegaram: uma questão que considerarei - permanecem e secam,
ou mesmo entram em putrefação, e então caindo às vezes sob o efeito
do deslocamento atmosférico.
Após uma “ tremenda inundação causada pelas chuvas, uma das
mais intensas quedas foi registrada'' (Ali the Year Round, 8-255)
em Rajkote, índia, no dia 25 de julho de 1 850; "o chão foi encontra­
do literalmente coberto de peixes".
A palavra "encontrado" é agradável às objeções dos convencio-
nalistas e sua idéia duma corrente extremamente forte - mas, de acor­
do com o Dr. Buist, alguns desses peixes foram "encontrados" no alto
de celeiros.
Ferrei (A Popular Treatise, pág. 414) fala duma queda de
peixes vivos - alguns deles tendo sido colocados num tanque, onde
sobreviveram - o que ocorreu na índia, a cerca de 20 milhas ao sul
de Calcutá, em 20 de setembro de 1 839. Uma testemunha de tal
queda declara:
"A coisa mais estranha, o que me impressionou enormemente,
foi que os peixes não caíam desordenadamente ou aqui e ali, mas
sim numa linhá reta." Veja Living Age, 52-186.
Amer. Jour. Sei, 1-32-199:

85
De acordo com uma testemunha que compareceu na frente
dum magistrado, ocorrera uma queda de peixes à 19 de fevereiro
de 1 830 perto de Feridpoor, na índia. Eram peixes de vários tama­
nhos - alguns inteiros e frescos e outros “mutilados e em estado de
putrefação”. Nossa resposta aos que diriam que no clima da índia
não levaria muito tempo para peixes entrarem em putrefação é que
nas alturas em pleno ar o clima da índia não é tórrido. Uma outra
peculiaridade dessa queda é a de alguns peixes serem maiores que
outros. Ou para aqueles que se mantém firmes na idéia de segregação
de um remoinho de vento, nós salientaríamos que alguns desses peixes
eram duas vezes mais pesados que os outros.
No Journal of theAsiatic Society ofBengal, 2-650, testemunhas
depuseram:
“Alguns dos peixes eram frescos, mas outros estavam podres
e sem cabeças.”
“Entre os que eu peguei; cinco eram frescos e o resto fedia e
não tinha cabeça.”
Eles nos lembram da observação de Sua Graça algumas páginas
atrás.
Segundo o Dr. Buist, alguns desses peixes pesavam uma libra
e meia cada um e outros três libras.
Uma queda de peixes em Futtepoor, índia, em 16 de maio de
1833:
“Estavam todos mortos e secos”. (Dr. Buist, Living Age, 52-
186).
A índia é distante e 1 830 foi há muito tempo atrás.
Nature, setembro de 1 918-46:
Um correspondente escreve do Dove Marine Laboratory, Cutter-
coats, Inglaterra, que em Hindon, um subúrbio de Sunderland, no dia
24 de agosto de 1 918, centenas de pequenos peixes, identificados
como enguias da areia, caíram ...
Mais uma vez uma área reduzida: cerca de 60 por 30 jardas.
A queda ocorreu durante uma pesada chuva que foi acompa­
nhada por trovões - ou indicações de abalos à distância - mas não
havia nenhum relâmpago visível. O mar fica perto de Hindon, mas
caso se tente pensar nesses peixes descrevendo uma trajetória num
remoinho de vento vindo do oceano, que seja considerado o seguinte
dado:
De acordo com testemunhas, a queda sobre essa pequena
área durou dez minutos.
Não me ocorre indício mais claro duma queda direta de uma
fonte estacionária.
86
E ...
“Os peixes estavam todos mortos, e realmente tesos e duros
quando tocados após a ocorrência.”
Partindo de tudo isso só posso dizer que apenas começamos a
juntar dados sobre coisas que caem duma fonte estacionaria acima
de nossas cabeças: teremos que encarar o assunto a partir de várias
abordagens antes de que nossa aceitação, a qual leva em conta uma
crença, possa emergir dos amaldiçoados.
Não sei quanto o cavalo e a estrebaria vão nos ajudar a emer­
gir: mas, se nunca nada realmente subiu da superfície da Terra e per­
maneceu lá em cima - só podería tratar-se daquelas coisas danadas.
Monthly Weather Review, maio de 1878:
Num furacão em Wisconsin no dia 23 de maio de 1 878 “uma
estrebaria e um cavalo foram carregados para longe, e nem a estreba­
ria, nem o cavalo, ou mesmo qualquer parte deles foram encontra­
dos deste então”.
Depois disso, o que se apresenta como um pouco forte no pro­
gresso de nossas considerações, descobriremos pouco de bizarro ou
de não assimilável na tartaruga que caiu numa cidadezinha em
Mississippi:
Monthly Weather Review, maio de 1 894:
A 11 de maio de 1 894, em Vicksburg no Mississippi, caiu um
pequeno pedaço de alabastro; em Boviha, a oito milhas de Vicksburg,
caiu uma tartaruga.
Caíram numa chuva de granizo.
Essa notícia foi amplamente compilada na época: como por
exemplo em Nature, num dos volumes de 1 894, pág. 4$0, e no Jour.
Roy~. Met. Soc., 20-273. Quanto à discussão - nem uma palavra.
Ora, para a Ciência e seu prolongamento no Presbiterianismo dados
como este são danados ao nascerem. O Weather Review não batizou
ou tentou salvar esse bebê - mas pelo contrário nunca mais vi uma
única palavra a respeito em toda a literatura de meteorologia que caiu
em minhas mãos depois, exceto uma menção ou duas. O editor
da revista diz:
“Um exame do mapa atmosférico mostra que essas chuvas
de granizo ocorrem no lado sul de uma região de ventos frios do norte,
e não constituíram senão uma pequena parte de uma série de chuvas
semelhantes; aparentemente remoinhos de ventos locais carregaram
objetos pesados dessa parte da superfície da Terra para o alto, na
região das nuvens.
De todas as coisas incríveis que temos que encarar atribuo o
primeiro lugar à idéia de um remoinho de vento penetrando numa
certa região e escrupulosamente escolhendo uma tartaruga e um peda­
87
ço de alabastro. Desta vez, a outra coisa mecânica “lá no primeiro
lugar” não pode levantar em resposta ao seu estímulo: resiste-se afir­
mando que tais objetos estavam cobertos de gelo - no mês de maio
num Estado do sul. Se fosse realmente o caso de um remoinho de
vento, deveria ter havido uma seleção muito limitada: não há ne­
nhum registro da queda de outros objetos. Mas não há nenhuma
tentativa de especificar o remoinho de vento na tal revista.
Essas duas coisas estranhamente vinculadas foram notavel­
mente separadas.
Caíram separadas por oito milhas.
Daí - como se houvesse raciocínio efetivo - deviam estar
altas para cair com tal divergência, ou uma das duas coisas devia
ter sido carregada em parte horizontalmente oito milhas mais dis­
tante do que a outra. Mas qualquer suposição apresenta-se mais pode­
rosa do que a do remoinho de vento, ou se baseia numa perturbação
específica e muito considerável, do que não há nenhum registro -
no mês de maio de 1 894.
Todavia - como se eu realmente fosse razoável - sinto real­
mente que tenho que aceitar que essa tartaruga tenha se erguido da
superfície da Terra, em alguma parte perto de Vicksburg - porque
essa espécie de tartaruga é comum nos Estados do sul.
Então penso num furacão que assolou o Estado do Mississippi
semanas ou meses antes de 11 de maio de 1 894.
Não - o fato é que não procuro por isso - e o encontro ine­
vitavelmente.
Ou coisas podem subir tão alto em furacões que permanecem
lá no alto indefinidamente - podendo entretanto, depois de algum
tempo serem abaladas e lançadas para baixo por tempestades. Sempre
observamos a ocorrência de estranhas quedas nas tempestades. Daí a
possibilidade da tartaruga e pedaço de alabastro terem origens comple­
tamente diferentes - provirem de mundos diferentes, talvez - e terem
entrado numa região de suspensão sobre a Terra - vagarem próximas
uma coisa da outra durante muito tempo e finalmente se precipita­
rem dado o efeito da atmosfera com o granizo - já que o granizo,
mesmo quando em pedras grandes é um fenômeno de suspensão de
longa duração: é totalmente inadmissível que os maiores dentre eles
pudessem se tornar tão grandes apenas caindo das nuvens.
E sempre a observação de desagrado, de putrefação, o ser
impressionante - a longa duração. Outras indicações de longa dura­
ção.
Penso numa região em alguma parte acima da superfície da Ter­
ra em que a gravidade não opera e não é governada pelo quadrado
da distância - do mesmo modo que o magnetismo se omite a uma

88
distância muito pequena do magneto. Teoricamente, a atração dum
magneto deveria decrescer com o quadrado da distância, mas desco-
briu-se que a queda é quase abrupta em pouca distância.
Penso que coisas se ergueram da superfície da Terra para tal
região, permanecendo lá até que fossem sacudidas e arremessadas
para baixo pelas tempestades ...
O Mar dos Super-Sargaços.
Naves perdidas, velhas cargas de destruições interplanetárias;
coisas arremessadas ao que é chamado espaço pelas convulsões dos
outros planetas, coisas dos tempos dos Alexandres, Césares e Napo-
leões de Marte, Júpiter e Netuno; coisas erguidas pelos ciclones da
Terra: cavalos e estrebarias, elefantes e moscas, moas e pterodátilos;
tudo entretanto tendendo a desintegrar-se em Iodos ou poeiras de
aparência homogênea, vermelhos, negros ou amarelos - peças de
tesouro para os paleontólogos e para os arqueólogos - acumulação de
séculos - ciclones de Egito, Grécia e Assíria - peixes extremamente
secos, ali há pouco tempo: outros já ali há tanto tempo que apodre­
ceram ...
Mas a onipresença da Heterogeneidade - ou peixes vivos tam­
bém - represas de água fresca: oceanos de água salgada.
Como em relação á Lei da Gravidade, prefiro assumir uma
simples idéia:
A ortodoxia aceita a correlação e a equivalência de forças:
A Gravidade é uma dessas forças.
Todas as outras forças têm fenômenos de repulsão e inércia,
não importa a distância, tanto quanto de atração.
Mas a Gravitação Newtoniana admite apenas a tração.
Daí a Gravidade Newtoniana só pode ser um terço aceitável
mesmo para o ortodoxo, ou há uma negação da correlação e equiva­
lência de forças.
Ou ainda de forma mais simples:
Eis os dados.
Faça o que quiser deles.
Em nossa revolta Intermediarista contra as explicações homo­
gêneas ou positivas, ou nossa aceitação de que o todo suficiente não
pode ser menos que universalidade, além do que, entretanto, não
havería nada para ser suficiente, nossa expressão de Mar dos Super-
Sargaços, embora harmonize com os dados de peixes que caem como
se de uma fonte estacionária - e, é claro, com outros dados, também-
é inadequada para dar conta de duas peculiaridades das quedas das
rãs:

89
Nunca houve a reportagem da queda de girinos;
Nunca houve a reportagem sobre a queda de rãs totalmente
adultas.
Sempre rãs de alguns meses.
Tal coisa parece positiva, entretanto se houver essas reporta­
gens, estão em alguma parte fora do alcance de minha leitura.
Mas seria mais provável que caíssem girinos do céu do que
rãs, pequenas ou grandes, se tais quedas fossem atribuídas a remoi­
nhos de vento; e mais provável caírem do Mar dos Super-Sargaços, se,
embora muito a título de ensaio e provisoriamente, aceitássemos o
Mar dos Super-Sargaços.
Antes de tomarmos uma expressão especial em relação á queda
de formas de vida imaturas e em larva, e pensarmos na necessidade
de conceber algum outro fator além da mera estacionarídade ou sus­
pensão, ou ainda estagnação, há outros dados que são semelhantes
aos dados de quedas de peixes.
Science Gossip, 1 886-238:
Pequenos caramujos de uma espécie da terra haviam caído
perto de Redruth, Cornwall, no dia 8 de julho de 1 886, “durante
uma tremenda tempestade”: as estradas e os campos ficaram cheios
deles, e eram colhidos com os chapéus: nada tinha caído antes, segun­
do o autor do relato - diziam que os caramujos eram “inteiramente
diferentes de todos que tinham visto anteriormente no distrito”.
Mas na pág. 282 temos uma ortodoxia melhor. Um outro
correspondente escreve que ouviu falar da suposta queda de caramu­
jos; que tinha suposto que todas essas estórias haviam tido o destino
das estórias das bruxas; e para o seu espanto, tinha lido um relato
dessa estória absurda num jornal local de “grande e merecida reputa­
ção”.
“Pensei que deveria por uma vez traçar a origem de um desses
contos fabulosos.”
O que aceitamos é que a justiça pode estar numa situação inter­
mediária, em que possa haver aproximação apenas da justiça ou da in­
justiça; que ser justo é não ter absolutamente nenhuma opinião; que
ser honesto é ser desinteressado; que investigar é admitir o preconcei­
to; que ninguém nunca investigou alguma coisa, mas sempre se procu­
rou positivamente aprovar ou desaprovar algo que tinha sido conce­
bido ou suspeitado, de antemão.
“Como suspeitei,” diz esse correspondente, “descobri que os
caramujos eram de uma familiar espécie da terra” - que tinham esta­
do sobre o solo “em primeiro lugar”.
Ele descobriu que os caramujos haviam aparecido depois da

90
chuva; que “assustadas pessoas rústicas tinham concluído á sua moda
que haviam caído”.
Ele conheceu uma pessoa que disse que vira os caramujos caí­
rem.
“Foi um equívoco dele” - declara o investigador.
Na Philosophical Magazine, 58-310, há um relato sobre cara­
mujos que dizem terem caído em Bristol num campo de trés acres,
em grande quantidade. Disse que os caramujos “podiam ser
considerados duma espécie local”. Na página 457, um outro
correspondente, diz que os números tinham sido exagerados e
que em sua opinião eles já estavam sobre o solo antes. Mas
de qualquer forma admite que houve algo de incomum segundo
sua observação e menciona “a curiosa aparência cor de anil do
céu na ocasião”.
Nature, 47-278:
Isto, de acordo com Das Wetter, de dezembro de 1 892, no dia
9 de agosto de 1 892, uma nuvem amarela surgiu sobre Paderborn,
Alemanha. Dessa nuvem caiu uma chuva torrencial, na qual havia
muitos mexilhões. Não há nenhuma menção sobre o que tinha havido
sobre o solo antes nem sobre um remoinho de vento.
Dizem que caíram lagartos sobre as calçadas de Montreal,
Canadá, no dia 28 de dezembro de 1 857 (Notes and Queries, 8-6-
104).
No Scientific American, 3-112, um correspondente escreve de
South Granville, Nova Iorque, que durante uma chuva torrencial, em
3 de julho de 1 860, ouviu um som peculiar aos seus pés, e olhando
para baixo viu uma cobra deitada como se ferida devido a uma queda.
Em seguida mostrou-se viva. Era uma cobra cinza, de cerca de 33
centímetros de comprimento.
Esses dados têm algum significado ou alguma falta de significa­
do ou o grau de danação que se preferir: porém, quanto à queda
que sucedeu em Memphis, Tennessee, ocorrem significações acentua­
das. Nosso quase-raciocínio a respeito desse assunto se aplica a todas
as segregações tão consideradas.
Monthly Weather Review, 15 de janeiro de 1 877:
Em Memphis, a 15 de janeiro de 1 877, mais ou menos loca­
lizadas em áreas estritas ou “num espaço de dois quarteirões”, e após
uma violenta tempestade na qual a chuva “caía torrencialmente”,
foram encontradas cobras. Rastejavam sobre as calçadas, em quin­
tais, e nas ruas em massas compactas... “mas nenhuma foi achada
sobre os telhados ou sobre qualquer outra elevação acima do chão”
e “nenhuma foi vista ao cair”.

91
Caso se prefira acreditar que as cobras já estavam lá, ou já estar
vam sobre o chão no primeiro lugar e que foi apenas porque algo
aconteceu que chamou especial atenção para elas, nas ruas de Mem-
phis em 15 de janeiro de 1 877 - muito bem, foi então o senso
comum que esteve contra nós desde o início.
Não se disse se as cobras eram duma espécie conhecida ou
não, mas que “quando vistas pela primeira vez, eram marrom-escuras,
quase negras.’’ Blacksnakes * suponho.
Se aceitamos que tais cobras realmente caíram, mesmo que não
tenham sido vistas por todas as pessoas que estavam caminhando sob
uma violenta tempestade e não estavam rastejando esparsas ou em
emaranhados anteriormente;
Se tentarmos aceitar que essas cobras haviam se erguido de algu­
ma outra parte da superfície da Terra num remoinho de vento;
Se tentarmos aceitar que um remoinho de vento pudesse se­
gregá-las ...
Aceitamos a segregação de outros objetos erguidos em tal
remoinho de vento.
Então, perto do local de origem, teria havido uma queda de
objetos mais pesados que tinham sido arremessados com as cobras -
pedras, trilhos de cercas, galhos de árvores. Pode-se dizer que as
cobras ocuparam a gradação seguinte e foram as próximas a cair.
Ainda mais distantemente teriam sido separadas de objetos mais leves:
folhas, gravetos, tufos de grama.
No Monthly Weather Review não há nenhuma menção de ou­
tras quedas que se dizia tinham ocorrido em alguma parte em janeiro
de 1 877.
Mais uma vez é nossa a objeção contra tal seletividade por parte
de remoinho de vento. É concebível que um remoinho de vento pu­
desse varrer um viveiro de cobras que hibernavam, com pedras, terra
e uma infinidade de outras coisas, arremessando dúzias de serpen­
tes - nãó sei quantas existem exatamente num viveiro - centenas
talvez - mas, de acordo com o relato dessa ocorrência no New York
Times, havia milhares delas - vivas, de trinta e três centímetros a
quarenta e cinco centímetros de comprimento. O Scientific American,
36-86, registra a queda, e diz que havia milhares delas. A usual expli­
cação do remoinho de vento é dada - “mas em que localidade as
cobras existem em tal abundância é ainda um mistério”.
Este aspecto concernente à enormidade dos números me sugere
um fenômeno de natureza migratória - embora as cobras dos Estados
Unidos não migrem no mês de janeiro.
* Cobras não venenosas escuras dos Estados Unidos. Blacksnakes constitui
uma designação genérica da Coluber Constrictor e da Coluber Alleghanien-
sis (N. Ts.).
92
No caso de quedas de insetos alados do céu, noções de enxa-
meamentos pareceríam suficientemente explicativas; entretanto,
nos casos de formigas existem algumas circunstâncias peculiares.
L 'Astronomie, 1 889-353:
Queda de peixes no dia 13 de junho de 1 889 na Holanda;
formigas a l.° de agosto de 1 889 em Estrasburgo; pequenos sapos
no dia 2 de agosto de 1 889 em Savoy.
Queda de formigas em Cambridge, na Inglaterra, no verão de
1874 - “algumas não tinham asas.’;' (Scientific American, 30-193).
Enorme queda de formigas em Nancy, na França, a 21 de julho de
1 887 - “muitas delas eram sem asas”. {Nature, 36-349). Queda de
formigas enormes e desconhecidas, em Manitoba em junho de 1 895
(Sei. Amer., 72-385).
Entretanto, expressamo-nos da seguinte forma:
Essas formas larvais desprovidas de asas, em número tão imenso
que a migração de alguma parte exterior à Terra é sugerida, caíram
do céu.
Tais “migrações” - se podemos admitir tal coisa - ocorreram >
numa época de hibernação e sepultamento no remoto solo das larvas
nas latitudes norte do planeta; existe um significado no que se refere
à repetição dessas quedas no fim de janeiro - e não acreditamos na
seleção de larvas efetuada por remoinhos de vento, completada pela
escolha dos últimos dias de janeiro.
Admito que existam “vermes de neve” na Terra - qualquer
que tenha sido sua origem. No Proc. Acad Nat. Sei. of Philadelphia,
1 899-125, há uma descrição de vermes amarelos e vermes negros que
foram encontrados juntos nas geleiras do Alasca. É quase positivo
não haver nenhuma outra forma de vida de inseto nessas geleiras,
e não havia nenhuma vegetação para manter essa vida de insetos,
exceto organismos microscópicos. Todavia, a descrição dessa prová­
vel espécie polimórfica se ajusta a uma descrição de larvas que se
disse terem caído na Suíça e menos cabalmente se ajusta a uma outra
descrição. Não há oposição aqui se nossos dados sobre quedas são
claros. As rãs dos brejos comuns se parecem com as rãs que se disse
que caíram do céu - exceto as rãs branquicentas de Birmingham.
Entretanto, todas as quedas de larvas não ocorreram positivamente
no final de janeiro.
London Times, de 14 de abril de 1 837:
Na paróquia de Bramford Speke, Devonshire, um grande nú­
mero de vermes negros, de cerca de 1,8 centímetro de comprimento,
tinham caído numa tempestade de neve.
No Timbs’ Year Book, 1 877-26, se afirma que no inverno de
1 876, em Christiania, na Noruega, foram encontrados vermes se

93
arrastando sobre o solo. O acontecimento foi considerado um grande
mistério porque os vermes não poderíam provir do solo, já que o solo
estava gelado na ocasião, e porque foram vistos em outras partes da
Noruega também.
Um número imenso de insetos negros numa tempestade de
neve, em 1 827, em Pakroff, Rússia (Scientific American, 30-193).
Queda juntamente com neve em Orenburgo, Rússia, no dia 14
de dezembro de 1 830, de uma grande quantidade de insetos pequenos
e negros, que se disse que eram mosquitos mas também se disse que
se moviam como pulgas (American Jour. Sei., 1-22-375).
Grande número de vermes foram encontrados núma tempestade
de neve, sobre uma superfície de neve de quatro polegadas de espes­
sura, perto de Sangerfield, Nova Iorque, no dia 18 de novembro de
1 850 (Scientific American, 6-96). O autor do artigo acha que os ver­
mes haviam sido trazidos á superfície pela chuva, que tinha caído
anteriormente.
Scientific American, 21 de fevereiro de 1 891 :
“Um fenômeno enigmático foi notado freqüentemente em
algumas partes do Valley Bend District, Condado de Randolph,
Va., neste inverno. A crosta de neve foi coberta duas ou três vezes
por vermes que parecem vermes comuns. De onde vieram, a menos
que tenham caído com a neve, não se pode explicar.” No Scientific
American de 7 de março de 1 891, o editor diz que vermes semelhan­
tes foram vistos sobre a neve perto de Utica, N. Y., nos condados de
Oneida e Herkimer; que alguns dos vermes foram mandados ao Depar­
tamento de Agricultura de Washington. Novamente, duas espécies,
ou polimorfismo. Segundo o Professor Riley, não se tratava de poli-
morfismo, “mas duas espécies distintas” - que, devido aos nossos
dados, duvidamos. Um tipo era maior do que o outro: diferenças
de cor não foram distintamente estabelecidas. Um é chamado de
larva do besouro comum e o outro “parece ser uma variedade do
verme bronzeado”. Nenhuma tentativa para se explicar a ocorrência
na neve.
Queda de grandes quantidades de larvas de besouros perto de
Mortagne, França, em maio de 1 858. As larvas eram inanimadas como
se de frio (AnnalesSociêté Entomolbgique de France, 1 858).
Trans. Ent. Soo. of London, 1 871-183, registra nevada de
larvas, “na Silésia em 1 806; “aparecimento de muitas larvas sobre
a neve,” na Saxônia em 1 811; “larvas achadas vivas na neve,” em
1 828; larvas e neve que “caíram juntas, em Eifel no dia 30 de janeiro
de 1 847; “queda de insetos”, no dia 24 de janeiro de 1 849, na
Lituânia; larvas avaliadas em trezentas mil sobre a neve da Suíça,
em 1 856. O compilador afirma que muitas dessas larvas vivem
no subsolo ou nas raízes das árvores; que remoinhos de vento
arrancaram as árvores e carregaram as larvas - não concebendo-as
94
presas a massas de terra gelada tudo tão impecavelmente destacável
como correntes em alguma coisa. Na Kevue et Magasin de Zoologie,
1 849-72, há um relato da queda na Lituânia a 24 de janeiro de
1 849 de larvas negras num enorme número.
Pensou-se que as larvas eram de besouros, mas foram descritas
como “lagartas” e não foram vistas caindo, porém foram encontradas
arrastando-se sobre a neve, depois de uma tempestade de neve, em
Warsaw, no dia 20 de janeiro de 1 850 (All the Year Round, 8-253).
Flammarion (The Atmosphere) fala de uma queda de larvas que
^correu a 30 de janeiro de 1 869 numa tempestade de neve no Upper
Savoy: “Não podiam ter sido arremessadas das vizinhanças pois
durante o dia anterior a temperatura tinha sido muito baixa”; disse-se
tratar-se duma espécie comum ao sul da França. Em Science pour
14-183, afirma-se que com essas larvas havia insetos desenvol­
vidos.
LAstronomie, 1 890-313:
Nos últimos dias de janeiro de 1 890 caiu durante uma grande
tempestade um incalculável número de larvas na Suíça: algumas negras
e algumas amarelas; um número tão grande que bandos de pássaros
foram atraídos.
Consideramos esta umas das mais claras expressões a favor de
origens externas e contrária à explicação do remoinho de vento. Se
um exclusivista afirma que em janeiro larvas foram retiradas do solo
gelado em número incalculável, pensa numa tremenda força - descon­
siderando suas características: então se a origem e a precipitação não
estejam muito separadas, o que se torna uma infinidade de outros
destroços, não concebendo tempo para segregação?
Caso pense numa enorme trasladação - todo o caminho do sul
da França ao Upper Savoy, pode pensar então numa esmerada seleção
por causa de diferenças de gravidade específica - mas em tal seleção,
as larvas seriam separadas de insetos desenvolvidos.
Como em relação às diferenças na gravidade específica ... as
larvas amarelas que caíram na Suíça em janeiro de 1 890 eram trés
vezes maiores que as larvas negras que caíram com elas. Em relatos
dessa ocorrência, não se nega a queda.
Ou que um remoinho de vento jamais as tenha ajuntado, man­
tendo-as juntas e precipitando-as, somente elas juntas ...
Que elas vieram de Genesistrine.
Não há como escapar disso. Seremos perseguidos por isso.
Pegue ou largue...
Genesistrine.
A idéia é que existe alhures um local de origem da vida relati­

95
vamente à Terra. Se é o planeta Genesistrine, ou a lua, ou uma vasta
região amorfa superjacente à Terra, ou uma ilha no Mar dos Super-
Sargaços - isto talvez devesse ser reservado para as pesquisas de outros
super - ou extra - geógrafos. Que os primeiros organismos unicelu-
lares possam ter aqui chegado procedendo de Genesistrine - ou que
o homem ou seres antropomórficos possam ter surgido aqui antes
das amebas: que em Genesistrine, possa haver uma evolução expressá-
vel em termos biológicos convencionais, mas que a evolução na Terra
foi - como a evolução no Japão moderno - induzida por influências
externas; que a evolução, no seu conjunto, na Terra, foi um processo
de população por imigração ou por bombardeamento. Algumas notas
que tenho acerca disso tratam de homens e animais cobertos por
barro ou pedra, como se tivessem sido arremessados para cá, como
projéteis. Faço aqui uma omissão porque me parece melhor considerar
todo o fenômeno um tropismo - um geotropismo - provavelmente
atávico, ou como se fosse o fruto dum vestígio, ou algo ainda contí­
nuo muito tempo depois da expiração da necessidade; que outrora,
todos os tipos de coisas aqui chegaram procedendo de Genesistrine,
apesar de agora apenas alguns tipos de escaravelhos e coisas assim,
a longos intervalos, sentirem a inspiração.
Não há nenhum caso de girinos que tenham caído sobre a
Terra. Parece razoável que um remoinho de vento pudesse varrer
um brejo, com rãs e tudo o mais, e jogar as rãs em algum outro lugar:
mas então seria mais razoável que um remoinho de vento pudesse
varrer um brejo, com girinos e tudo o mais ... porque girinos são mais
numerosos em sua estação do que as rãs o são na sua: mas a estação
dos girinos é no começo da primavera ou numa época mais tempes­
tuosa. Pensando em termos de causalidade - como se houvessem cau­
sas reais - nossa idéia é que se X provavelmente causará Y, mas é
mais provável que cause Z, mas não causa Z, X não é a causa de Y.
Nisto baseamos nossa opinião de que pequenas rãs que caíram sobre a
Terra não são produtos de remoinhos de vento; que provieram do
exterior, ou de Genesistrine.
Penso em Genesistrine em termos de mecânica biológica: não
que em algum lugar haja pessoas que colhem escaravelhos nos fins
de janeiro, ou pelos fins de janeiro e rãs em julho e agosto e bombar­
deiam a Terra, ou pessoas que atravessam regiões do norte, apanhando
e selecionando aves em todo outono e então lançando-os para o sul.
Mas em geotropismo atávico ou que é fruto de vestígios em
Genesistrine - ou um milhão de larvas começam a se arrastar e um
milhão de pequenas rãs começam a saltar — não sabendo mais disso
do que aquilo que sabemos quando nos arrastamos para o trabalho
de manhã e nos afastamos aos saltos à noite.
Eu por mim diria que Genesistrine é uma região do Mar dos Su­
per-Sargaços, e que partes do Mar dos Super-Sargaços possuem ritmos
de suscetibilidade em relação á atração da Terra.

96
VIII

RELATOS DE MAR DOS SUPER-SARGAÇOS

Admito que, quando há tempestades, os mais danados dos ex­


cluídos, as coisas excomungadas - coisas que são uma lepra para
aquele cheio de fé - trazidas para baixo - do Mar dos Super-Sargaços
- ou do que por conveniência chamamos de Super Mar de Sargaços -
o qual não foi admitido inteiramente ainda.
Que as coisas vieram abaixo por meio de tempestades, como
se das profundezas do oceano. Para que possamos ter certeza temos
que afirmar que é ortodoxia dizer que tempestades têm algum efeito
debaixo das ondas do aceano - mas, é claro, ter uma opinião a respei­
to disse já é ser ignorante de tal coisa, ou não considerar uma contradi­
ção, ou algo mais que mudou uma opinião.
Symonsf Meteorological Magazine, 47-180:
Ao longo da costa da Nova Zelândia, em região não submetida
à ação vulcânica submarina, peixes de grandes profundidades sempre
são trazidos pelas tempestades.
Ferro e pedras que caem do céu: e perturbações atmosféri­
cas:
“Não há absolutamente nenhuma conexão entre os dois fenô­
menos.” (Symons).
A crença ortodoxa é que objetos movendo-se na velocidade
planetária seriam, ao entrar na atmosfera da Terra, virtualmente não
afetados por tufões: poderia se pensar também numa bala. O único
problema com o raciocínio ortodoxo é a preocupação usual - seu
fantasma dominante - sua fundamentação num mito - dados que eu
tenho e mais ainda terei, de coisas no céu que não possuem velocidade
independente.
Há tantas tempestades e tantos meteoros e meteoritos que
seria extraordinário se não houvesse ocorrências. Entretanto, tantas
dessas concorrências são relacionadas pelo Prof. Baden-Powell (Rep.
Brit. Assoe., 1 850-54) que acaba se percebendo.

97
NefaRept. Brit. Assoe., 1 860 ... outros exemplos.
A famosa queda de pedras em Siena, na Itália, em 1 794 -
“numa violenta tempestade”.
Veja Greg’s Catalogues ... muitos exemplos. Um que se salien­
ta é - “bola de fogo resplandecente e a luz brilhante num tufão na
Inglaterra a 2 de setembro de 1 786”. O dado notável aqui é que
esse fenômeno foi visível por quarenta minutos. É cerca de oitocentas
vezes a duração que os ortodoxos atribuem a meteoros e meteoritos.
Veja oAnnual Register... muitos exemplos.
Em Nature, 25 de outubro de 1 877 e no London Times de
outubro de 1 787, noticia-se que alguma coisa caiu no dia 14 de ou­
tubro de 1 877, descrita como uma “imensa bola de fogo verde”.
Esse fenômeno foi descrito por outro correspondente, ejn Nature,
17-10, e um relato disso feito por um outro correspondente foi
entregue a Nature por W. F. Denning.
Há tantos exemplos que alguns de nós se revoltarão contra
a insistência dos crédulos segundo os quais é apenas coincidência, e
aceitar que há conexão do tipo chamado causai. Se é difícil pensar
em pedras e massas metálicas desviadas de seus cursos por tem­
pestades, se se movem á alta velocidade, pensamos em baixa veloci­
dade, ou em coisas que não têm nenhuma velocidade, vagando a pou­
cas milhas acima da Terra, deslocadas por tempestades e caindo
resplandecentemente.
Mas a resistência é tão grande aqui e a “coincidência” tão
insistente que prefeririamos apresentar mais alguns exemplos:
Aerólito numa tempestade em St. Leonards-on-Sea, Inglaterra,
no dia 17 de setembro de 1 885 - nenhum traço dele foi encontrado
(Annual Register, 1 885); meteorito cai a l.° de março de 1 886, e
é descrito no Monthly Weather Review, de março de 1 886; meteo­
rito numa tempestade perto da costa da Grécia, no dia 19 de novem­
bro de 1 899 (Nature, 61-111); queda de meteorito numa tempestade
a 7 de julho de 1 883 perto de Lachine, Quebec (Monthly Weather
Review, julho de 1 883: o mesmo fenômeno é observado em Nature,
28-319; meteorito num remoinho de vento, Suécia, 24 de setembro
de 1 883 (Nature. 29-15).
London Roy. Soc. Proc., 6-276:
Uma nuvem triangular que apareceu numa tempestade em 17
de dezembro de 1 852; um núcleo vermelho, de cerca da metade
do diâmetro aparente da lua e uma longa cauda; visível durante 13
minutos; explosão do núcleo.
Todavia, no Science Gossip, n.s. 6-65, disse-se que embora
meteoritos tivessem caído em tempestades, não se supunha haver
nenhuma ligação entre os dois fenômenos, exceto no caso do ignoran­
te camponês.
98
Mas alguns de nós, camponeses, examinamos o Report of British
Association, de 1 852. Na página 239, o Dr. Buist, que nunca tinha
ouvido falar do Mar dos Super-Sargaços, diz que apesar de ser difícil
traçar uma ligação entre os dois fenômenos, três aerólitos haviam caí­
do em cinco meses, na índia, durante tempestades, em 1 851 (pode
ter sido 1 852). Para relatos de testemunhas, ver página 229 do
Report.
Ou ... estamos a caminho dos relatos sobre “pedras de trovão”.
Parece-me que aqui de modo surpreendente nasce a aceita­
ção geral segundo a qual a nossa é apenas uma existência intermediá­
ria, na qual não há nada fundamental ou nada final que possamos
tomar como padrão positivo para julgar.
Camponeses acreditam em meteoritos.
Cientistas excluem os meteoritos.
Camponeses acreditam em “pedras de trovão”.
Cientistas excluem “pedras de trovão.”.
É inútil argumentar que camponeses estão nos campos e
cientistas fechados em laboratórios e salas de conferência. Não pode­
mos tomar por base real que como em relação a fenômenos com os
quais eles estão mais familiarizados, é mais provável que os campo­
neses estejam com a razão do que os cientistas: uma porção de falá­
cias biológicas e meteorológicas de camponeses se levanta contra
nós.
Deveria dizer que nossa “existência” é como uma ponte -
exceto pelo fato da comparação ser em termos estatísticos - mas
como a Brooklyn Bridge, sobre a qual multidões de escaravelhos estão
procurando um alicerce - vindo para uma viga que parece firme e
definitiva - mas a viga é construída sobre suportes. Um suporte que
parece definitivo. Mas é construído sobre estruturas sob a superfí­
cie. Nada definitivo pode ser encontrado em toda a ponte porque a
própria ponte não é uma coisa definitiva em si, mas uma relação entre
Manhattan e Brooklyn. Se nossa “existência” é uma relação entre o
Positivo Absoluto e o Negativo Absoluto, não há esperança para a
questão da finalidade nela: tudo nela deve ser relativo, se o “todo”
não é um todo, mas é, ele próprio, uma relação.
Na atitude de Aceitação, nossa pseudo-base é:
Células de um embrião estão na era reptiliana do embrião;
Algumas células sentem estímulos para assumir novas aparên­
cias.
Se for o desígnio do todo que a próxima era seja mamaliana,
essas células que se tornam mamalianas serão sustentadas contra
resistência, por inércia, de todo o resto e serão relativamente corre­
tas, embora não definitivamente corretas, porque elas, também, no

99
devido tempo terão que dar lugar a caracteres de outras eras de mais
elevado desenvolvimento.
Se estamos à beira duma nova era, na qual o Exclusivismo será
superado, convém que não nos chamem de ingênuos camponeses.
Na nossa maneira crua, bucólica, ultrajamos agora o senso co­
mum e pensamos que esse ultraje será algum dia um lugar comum:
Objetos manufaturados de pedra e ferro caíram do céu.
Que foram trazidos para baixo de um estado de suspensão,
numa região de inércia, para a atração terrestre através de pertur­
bações atmosféricas.
A “pedra de trovão” é usualmente "um pedaço bem moldado
e belamente polido de pedra verde”, diz um escritor na Comhill
Magazine, 50-517. Não é: provavelmente trata-se de qualquer tipo
de pedra, mas chamamos atenção para a perícia com a qual algumas
delas foram confeccionadas. É claro que o tal escritor diz que é tudo
superstição. De outra forma, ele seria um de nós: puros e simples
filhos do solo.
A danação convencional é que implementos de pedra, já sobre
o chão - ”sobre o chão já em primeiro lugar” - são encontrados
onde se viu relampejar: tal coisa é suposta por perplexos homens rús­
ticos, ou pela inteligência de uma ordem inferior. Dizem terem caído
no raio ou com o raio.
No desenrolar deste livro, classificamos boa parte da ciência
como má ficção. Quando a ficção é má, barata, inferior? Se a coin­
cidência é explorada demais. Este é um meio de decidir. Mas no
caso dos escritores raramente se exagera nas coincidências: encontra­
mos o excesso no assunto à vontade. Um escritor como o tal da
Comhill Magazine nos fala vagamente de crenças de camponeses.
O método de formação massificante neste caso é nosso.
É concebível que um raio possa atingir o chão onde houvesse
um objeto moldado anteriormente: de novo, de novo e de novo:
raio atingindo o chão perto dum objeto moldado na China; raio
atingindo o chão perto dum objeto moldado na Escócia; raio atin­
gindo o chão perto dum objeto moldado na África Central; coin­
cidência na França; coincidência em Java; coincidência na América
do Sul...
Ficamos muito gratos, mas notamos uma tendência ao exaus­
tivo. Entretanto, este é o psicotropismo da ciência no que concerne
a todas as “pedras de trovão” que disse terem caído luminosamente.
Como no caso da pedra verde, na ilha da Jamaica, onde a
opinião é geral sustentando que fragmentos duma pedra verde dura
caem do céu — “durante as chuvas”. (Jour Inst. Jamaica, 2-4). Em
outra ocasião investigaremos esta localização de objetos dum materi­

100
al específico. “Eles eram de pedra não encontrada em qualquer
outra parte da Jamaica.” (Notes and Queries, 2-8-24).
Com a minha própria tendência a excluir, ou com a atitude
de um camponês ou selvagem que pensa que não deve ser classificado
entre os outros camponeses ou selvagens, não me impressiono muito
com o que os nativos acham. Seria difícil dizer por que. Se a palavra
de um Lorde Kelvín não tem mais peso em relação a assuntos cientí­
ficos do que a de um Touro Sentado, a menos que esteja de acordo
com a opinião convencional - acho que deve ser porque os selvagens
não têm boas maneiras na mesa. Entretanto, meu esnobismo, no qúe
se refere a isso, afrouxa-se um pouco diante da crença difundida por
selvagens e camponeses. E a noção de “pedra de trovão” é tão ampla
quanto a própria geografia.
Os nativos da Birmânia, da China, do Japão, de acordo com
Blinkenberg (Thunder Weapons, pág. 100) - não, é claro, que Biin-
kenberg tenha aceitado uma única palavra deles - acreditam que
caíram do céu objetos de pedra talhada, porque acreditam ter visto
estes objetos caindo do céu. Neste país os objetos são chamados
“raios”. Chamados “pedra do trovão” na Morávia, na Holanda, na
Bélgica, na França, no Camboja, em Sumatra e na Sibéria. Chamadas
“pedras da Tempestade” em Lausitz, “setas celestes” na Croácia;
“acha de trovão” na Inglaterra e Escócia; “pedra do relâmpago”
na Espanha e Portugal; “acha celeste” na Grécia; “pedra do raio”
no Brasil; “dentes do trovão” em Amboina.
Esta crença é tão difusa quanto aquela nos fantasmas e bruxas,
negadas apenas pelos supersticiosos.
Quanto às crenças dos índios da América do Norte, uma lista
delas é oferecida por Tyler. (Primitive Culture, 2-237). Relativamente
aos índios da América do Sul... ” Diz-se que caíram do céu machados
de peàtà' (Jour Amer. Folk Lore, 17-203).
Se também vos revoltais contra a sequela de coincidências,
mas acreditais que nossa interpretação das “pedras do trovão” seja
um pouco forte ou pesada para vossa assimilação, recomendamo-vos
as explicações de um certo Tallius escrita em 1 649:
“Os naturalistas sustentam que sejam estas geradas no céu
por uma exalação do fulgor conglobado em uma nuvem de seu humor
circunfuso.”
Evidentemente o artigo do Comhill Magazine não tem a mínima
intenção de pesquisar efetivamente o acontecimento, mas sim a de
ridicularizar a idéia de que objetos de pedra lavrada pudessem ter
caído do céu. Um autor do Amer. Jour. Sei., 1-21-325 leu aquele
artigo e disse que achava deveras notável “que um homem de poten­
cial intelectual normal tenha escrito um artigo para demonstrar que
os raios não existem”.

101
Confesso que estamos lisonjeados com isso.
E ainda:
“É apenas necessário sugerir ao leitor inteligente que as pedras
do trovão são um mito.”
Uso impróprio de uma palavra: admitimos que apenas nós seja­
mos inteligentes relativamente a este assunto, se com a palavra inteli­
gência queremos dizer o estudo do desequilíbrio e que qualquer
outra forma de intelecção é apenas um reflexo mecânico - é claro
que a inteligência também é mecânica, mas de forma menos tranqüila
e restrita: menos mecânica - e que ao se tomar uma de nossas idéias
mas firme e radical, passamos do estado de inteligência aos reflexos
condicionados. É estranho que a inteligência seja reputada crível.
Talvez no sentido de que esta seja uma atividade mental que busca
descobrir algo, mas é contrariamente uma confissão de ignorância.
As abelhas, os teólogos, os cientistas dogmáticos são os aristocratas
do intelecto. Todos nós, pelo contrário, somos ainda plebeus não ain­
da laureados no Nirvana ou no instintivo e no refinado em oposição
ao inteligente e ao inculto. Blinkenberg oferece muitos exemplos
relativos à superstição da “pedra do trovão” que floresce apenas
onde a mente se encontra num estado deplorável ... isto é, univer­
salmente. Málaca, Sumatra e Java - os nativos afirmam que os macha­
dos de pedra são encontrados freqüentemente sob as árvores atingi­
das pelo raio. Blinkenberg não discute isso, mas sustenta que se trata
de uma coincidência, naturalmente os machados de pedra encon-
travam-se na terra desde o começo - e que os nativos tinham chegado
à conclusão de que estas pedras lavradas tinham caído com o raio.
Na África. Central afirma-se que, freqüentemente, nas árvores atingi­
das pelo raio - ou por aquilo que se assemelhava a um raio - foram
encontrados objetos de pedra bem alisados em forma de cunha, des­
critos como “machados ou achas”. Os nativos, assim como o povo
de Memphis, no Tennessee, quando viram as serpentes depois de um
temporal, chegaram à conclusão de que as “achas” não haviam estado
cravadas desde sempre nas árvores. Livingstone (Last Journal 83-89-
442-448) disse não haver mais sentido no fato dos nativos africanos
usarem objetos de pedra. Um autor sustenta, em Report of the Smith-
sonianInstitution, 1 887-308, que não havia ali nenhum ...
Que os nativos sustentam terem caído durante os temporais.
Quanto à luminosidade, minha mísera opinião é de que os
corpos que caem através da atmosfera terrestre, se não tem tempera­
tura uniforme durante o aquecimento, caem freqüentemente com
uma luz brilhante que parece oriunda de lâmpadas. Este argumento
me parece importante; retomá-lo-emos posteriormente e com outros
dados.
Na Prússia foram encontradas duas lâminas de pedra nos tron­
cos de duas árvores, uma localizava-se sob a casca da árvore. (Blin-

102
kenberg: Thunder Weapons, pág. 100).
O descobridor tirou a conclusão.
Estória, narrada por Blinkenberg, de uma mulher que vivia nas
proximidades de Kulsbjaergene, na Suécia, que encontrou lasca de
sílex proximamente a um velho salgueiro ... “próximo à sua casa”,
e isto indica uma zóna familiar. O salgueiro tinha sido rachado por
alguma coisa.
Também ela chegou a uma conclusão semelhante.
Uma vaca foi morta por um raio, ou por alguma coisa que se
assemelhava a um raio (Ilha de Sark, proximidades de Guemsey).
O campônio proprietário da vaca cavou a terra naquele ponto e
encontrou uma pequena “acha” de jade. Blinkenberg diz que o ho­
mem concluiu que aquele era o objeto luminoso que havia caído e
matado sua vaca.
Reliquary, 1 867-208.
Uma acha de sílex encontrada por um agricultor após uma
tempestade - descrita como uma “terrível tempestade” - perto de
uma estaca de cerca divisória que havia sido despedaçada por alguma
coisa. Direi que a vizinhança de uma estaca pode ser considerada como
um lugar familiar.
Quando chegou ou supôs a conclusão com um processo mais
lento, o agricultor pensou que o objeto de sílex havia caído durante a
tempestade.
Neste caso temos um mísero cientista conosco. É impossível
conseguir uma diferença decisiva entre a ortodoxia e a heresia: em
algum ponto deve ocorrer uma fusão entre uma e outra ou uma
sobreposição. Acerca de um assunto como este, tudo parece um pou­
co chocante. Na maior parte das obras que tratam de meteoritos,
menciona-se o cheiro de enxofre dos objetos que caem do céu. Sir
John Evans (Stone Implements, pág. 57) sustenta - com uma extra­
ordinária coesão de raciocínio, comò se não fosse suficiente pensar
uma coisa deste gênero com a força normal do raciocínio - que o
objeto de sílex “demonstrou ser o próprio raio, pelo seu cheiro
característico quando se despedaçou”.
Se isso basta como demonstração, o assunto está encerrado.
Se demonstrarmos que caiu do céu um único objeto em pedra traba­
lhada não mais necessitamos acumular outros dados. Entretanto já
havíamos assumido a posição de que nada estabelece um único fato,
que a disputa da Grécia antiga não apresenta hoje uma solução melhor
do que as apresentadas a milhares de anos .... tudo porque, em senti­
do positivo, nada há a resolver, demonstrar ou estabelecer. O nosso
objeto deve ser quase real, mais real que o dos nossos adversários.
A amplidão é um aspecto do Universal. Temos amplas bases. Segundo
nossa perspectiva, o gordo é mais vizinho á religiosidade do magro.

103
Coma, beba e aproxime-se do Absoluto Positivo. Guardai-vos da
negatividade, com o que referimo-nos à indigestão.
A grande maioria das "pedras do trovão” é descrita como
“achas”, mas Meunier (Nature, 1 892-381) refere-se a uma delas em
sua posse; que se diz caída em Ghardia, na Algéria e em "profundo”
contraste (com forma de pera) com os contornos regulares dos meteo­
ritos normais. A explicação convencional que tenha sido formada
por uma gota de matéria fundida proveniente de um corpo maior
me parece mais razoável; mas com menor conformidade observo sua
precipitação^ durante um temporal, dado que faz enrubescer de raiva
ao meteorólogo ortodoxo, ou o faz arquear as sobrancelhas quando
se o diz.
Meunier refere-se a uma outra "pedra do trovão” que se diz
caída no Norte da África. Mesmo Meunier é um pouco modesto
aqui: cita um soldado profissional que assevera que objetos desse tipo
caem com grande freqüência nos desertos africanos.
Miscelânea, agora.
Diz-se que caíram "pedras do trovão” em Londres, em abril de
1 876, com peso de cerca de 8 libras (3,6 quilos). Não foram forneci­
das especificações quanto á forma. (Year Book de Timb, 1 877-246).
Afirma-se que tenham caído "pedras do trovão” em Cardiff,
a 26 de setembro de 1 916 (Times de Londres, 28 de setembro de
1 916). Segundo o Nature, 98-95, trata-se apenas de uma coinci­
dência; apenas um relâmpago foi observado.
Pedra caída durante um temporal nas proximidades de St.
Albans, na Inglaterra: tendo sido recebida pelo Britsh Museum, envia­
da pelo Museu de St. Albans, foi dada como "não verdadeiramente
material meteorítico”. (Nature, 80-34).
Times de Londres, 26 de abril de 1 876.
A 20 de abril de 1 876, nas proximidades de Wolverhampton,
caiu uma massa de ferro meteorítico durante imenso aguaceiro. Uma
notícia desse fenômeno se encontra em Nature, 14-272, sob os cuida­
dos de H. S. Masklyne que o considera autêntico. Veja também
Nature, 13-531.
Para três outros casos veja o Scientific American, 47-194,
52-83, 68-325.
Quanto à forma de cunha maior que a facilmente se poderia
definir como acha.
Nature, 30-300:
A 27 de maio de 1 884 caiu em Tysnas, na Noruega, um meteo­
rito, a erva desapareceu do local em que deveria ter caído o objeto;
dois dias depois foi encontrada nas proximidades “uma pedra muito

104
estranha”. Sua descrição diz que “por forma e dimensão era muito
semelhante a um quarto do queijo Stilton.”
Estamos convencidos que muitos objetos e diversas substâncias
são lançadas à terra por perturbações atmosféricas por aquilo que
chamamos - apenas por comodidade, e até que não tenhamos novos
dados - o Mar dos Super-Sargaços; entretanto nosso interesse prind- *
pal reside nos objetos que foram elaborados por instrumentos seme­
lhantes àqueles por artesãos humanos.
A descrição das “pedras do trovão” da Birmânia (Proc. Asiatic
Soc. of Bengal, 1 869-183): dizia-se que aquelas pedras eram de um
tipo completamente diverso daquelas encontradas na Birmânia;
chamadas “raios” pelos nativos. Creio que expressões como “de um
tipo completamente diverso daquelas encontradas na Birmânia” são
muito significativas: mas também creio que se se tivesse dito algo
mais preciso, haveríam conseqüéncias desagradáveis para alguns
autores do século XIX.
Outra notícia sobre as “pedras do trovão” na Birmânia encon­
tra-se nos Proc. Soc. Anticu. of London, 2-3-97. Uma dessas descrita
como uma “acha” foi exibida pelo capitão Duff, o qual escreveu
que não havia nos arredores nenhuma pedra daquele tipo.
Naturalmente pode não ser muito convincente afirmar que a
partir do momento em que uma pedra difere das outras circuns-
tantes, essa seja de origem estranha ... receamos por outra que se
trate de uma espécie de plágio: isto aprendemos com os geólogos que
com este raciocínio demonstram a origem estranha das massas erran­
tes. Receio que ás vezes sejamos um pouco grosseiros e científicos.
Porém é a minha convicção que a grande parte da literatura
científica vai de bom grado na onda. Não é comum ter a deplorável
sensibilidade de Sr. John Evans. Exatamente como uma grande parte
dos significados de Voltaire seguia as normas, suspeitamos que o
capitão Duff preferiu esconder o jogo do que correr o risco de se vol­
tar contra um professor Lawrence Smith que o chama “semi-psicóti-
co”. Qualquer que tenha sido a intenção do capitão Duff e ainda que
sorrisse como um Voltaire ao escrever, Duff diz tratar-se de “uma pe­
dra muito mole, que a tornava inútil como arma, seja de ataque, seja
de defesa”.
Notícia de um correspondente de Nature 34-53, de um malaio
de “considerável nível social ” - e algo a dizer quanto aos nossos
dados é que mesmo na qualidade de danados, andam freqüente­
mente em excelsa companhia, o qual tinha conhecimento de uma
árvore que, um mês antes havia sido abatida por alguma coisa durante
o temporal. Este procurou entre as raízes da árvore e encontrou “uma
pedra de trovão”. Não se disse se chegou à conclusão de que havia
caído: é provável que tal tipo de investigação seja feito com maior
calma nos países tropicais. Temo também que sua forma de racio­
105
cínio não fosse muito original: também foram descobertos os frag­
mentos do meteorito da fornalha de Bath, aceitos pela ortodoxia.
Faremos agora uma experiência insólita. Leremos alguns relatos
de circunstâncias extraordinárias que foram estudadas por ele, mas
cujos fenômenos ocupavam uma posição que se aproximava mais
da verdadeira pesquisa que do total descaso. Leiamos repetidamente
ocorrências extraordinárias ... nenhuma discussão, nunca é feito um
comentário, apenas a menção de tempos em tempos ... isolamento
e danação.
0 extraordinário e a rapidez com que é silenciado.
Isolamento e danação, ou ainda o obscurecimento daquilo que
se desvela.
Lemos acerca de um homem que, por causa dos caracóis, viajou
a uma notável distância para certificar-se de algo que havia suspeitado
antecipadamente; e lembramos Hitchcock que poderia destruir
Ahmherst com um toque de batuta de sua sabedoria botânica e que
foi procurar dois fungos desconhecidos e lemos acerca de Gray e de
seus milhares de peixes em um único curso de água ... mas estes exem­
plos são exceções; mais freqüentemente nenhuma “pesquisa” é feita.
Temos presentemente um bom número de eventos acerca dos quais
se tem feito “indagações”. Das coisas que foram ditas caídas do
céu, fazemos, de acordo com o método científico usual, duas distin­
ções: as substâncias e os objetos misturados, e os objetos simétricos
atribuíveis a seres semelhantes aos seres humanos, que se subdividem
em ... cones, esferas e discos.
Jour. Roy. Met. Soc., 14-207:
A 2 de julho de 1 866, um correspondente de um jornal londri­
no escreveu que algo havia caído do céu durante um temporal a 30
de junho de 1 866 em Notting Hill. O senhor G. T. Symons dos
Simons’ Meteorological Magazine pesquisou com a mesma mentalida­
de despreconceituosa e aberta de todas as outras pesquisas ante­
riores.
Sustenta que o objeto era apenas um pedaço de carvão; e que
no dia anterior as proximidades da casa do correspondente local esta­
vam cheias de carvão. Com a extraordinária sabedoria do forasteiro
em terra estranha que já havíamos notado anteriormente, o senhor
Symons quis que o carvão dado como caído do céu e o descarregado
mais prosaicamente no dia anterior eram idênticos. Outras pessoas
da região, incapazes de fazer esta identificação simples, compraram
do correspondente fragmentos do objeto que teria caído do céu.
Quanto à credulidade, não que eu lhe restrinja os limites ... mas
quando se trata de dispender dinheiro pela credulidade ... oh, claro,
não são critérios pelos quais se possa julgar, ... mas entretanto ...
O perigo da eficiência é que essa se fundirá no escesso. Com
uma convicção que me parece superabundante, o senhor Symons
106
coloca em cena mais um personagem de sua pequena comédia:
Segundo a sua reconstrução tudo foi decorrência de um arti­
fício de um estudante dê química que havia enchido uma cápsula
com explosivo e que “durante o temporal havia atirado o cartucho
sobre a estrada, criando assim um raio artificial”.
Nem mesmo Shakespeare com toda a sua insignificância artís­
tica serviu-se do Rei Lear para tornar mais completo o Hamlet.
Esteja lidando com algo que não tenha significado especial ou
não, acho que este temporal de 30 de junho de 1 866 foi caracterís­
tico. No Times de Londres de 12 de julho de 1 866 disse-se que
“durante o temporal, o céu permaneceu claro em alguns pontos ao
mesmo tempo em que caíam granizo e chuva”. Isto poderia ter maior
significado se considerássemos como extraterrestres a algum dos
granizos, especialmente se caíam de um céu sem nuvens. Uma simples
hipótese, que não vale muito: poderíam ser precipitações de substân­
cias extraterrestres as que ocorreram em 30 de junho de 1 866 sobre
Londres.
Afirma-se que caíram substâncias vítreas durante um temporal
em Kilburn, a 5 de julho de 1 877:
Segundo o Kilburn Times de 7 de julho de 1 877, citado por
Symons, durante o temporal uma estrada tinha sido “literalmente
coberta” por uma massa de escória, estimada em cerca de 2 bushel
(cerca de 70 litros) cujas dimensãos variavam de uma noz à da mão
humana ...“podem-se ver pedações desta escória nos escritórios do
Kilburn Times".
Se estas escórias, ou lenha carbonizada, eram refugos de um
estabelecimento fabril, dos quais às vezes são expelidos ou caem sobre
a terra carvão coque, antracita e cinzas, ou melhor, provêm do Mar
dos Super-Sargaços, do qual se verificam perdas por causa das tem-,
pestades, é intermediário aceitar que devam fundir-se, a partir de
alguma origem, com os fenômenos locais na reqião em aue se verifi­
cam as precipitações. Se de uma nuvem devesse cair, em plena Broad-
way, uma estufa incandescente, alguém descobriría que, na hora em
que se verificou o fenômeno, passava um caminhão de mudanças,
e que os transportadores quiseram se livrar da estufa, ou qualquer
coisa deste gênero ... e que, na realidade, não estava incandescente,
mas apenas pintada de vermelho, ao invés de preto, por algum propri­
etário distraído. Confrontando com algumas das explicações científi­
cas que até agora encontramos, creio que esta seja ainda consideravel­
mente moderada.
O senhor Symons descobriu que naquela mesma estrada - su­
blinhou o fato de que se tratava de uma estrada curta - havia uma
garagem de locomotiva. Posso imaginá-lo andando por todos os lugares
em Notting Hill a pesquisar as cantinas e bares, até que não encontrou

107
nenhuma com um depósito de carvão, tocando campainhas, acordan­
do quarteirões inteiros, gritando às janelas do segundo andar, cer­
cando as pessoas pelas estradas, cada vez mais receoso de uma horren­
da e malcheirosa maquinação de algum estudante de química. Após
o desempenho de toda sua eficiência em Notting Hill, esperaremos
ouvir que foi à garagem das locomotivas para perguntar ao encarre­
gado:
“Diz-se que na tarde de 5 de julho, pelas quatro e dez, caíram
escórias na vossa estrada de ferro. Por gentileza, podería mostrar-me
os seus registros e dizer-me aonde se encontrava a locomotiva às
quatro e dez?”
Pois diz o senhor Symons:
“Creio que muito provavelmente, foram provocadas pela loco­
motiva.”
A 20 de junho de 1 880, foi assinalado que uma “pedra de
trovão” havia atingido a casa de número 180 de Oakley Street, em
Chelsea, caindo na rua, através da janela da cozinha.
O senhor Symons efetua suas investigações.
E descreve a “pedra de trovão” como um “aglomerado de tijolo,
cinzas, carvão não queimado, e madeira carbonizada”.
Disse que, na sua opinião, um relâmpago havia penetrado no
calçamento, e havia fundido alguns tijolos.
Não se acha notável o fato de que o raio não tenha feito voar
a janela, e que apenas desse a impressão de ter recebido o golpe de
um corpo pesado que havia caído do alto. Se admitirmos que pôr
o pé na estrada para investigar a fundo é uma exigência um tanto
rigorosa para um homem talvez um tanto corpulento, imponente e
com tendências à obesidade, a única irracionalidade que encontramos
no que diz - julgando com base na nossa atual visão das coisas - é
a seguinte:
“Imagino que ninguém quererá sugerir-me que os tijolos sejam
fabricados na atmosfera.”
A nós, isto parece um tanto irracional, porque é tanto permeado
com o espírito positivista dos tempos precedentes, quando ocorria
que a maior incredulidade e risibilidade devesse confundir-se com o
“lógico”... como diría o Sei. Am. Sup. O absurdo é sempre interpretá-
vel em termos de “lógico”, com o qual deve ser contínuo - ou então
- massas de argila que caíram do céu e que, pelo tremendo calor
gerado por sua velocidade, foram cozidas... e tomaram-se cerâmica.
Começamos a suspeitar que Symons se tenha exaurido em
Notting Hill. Eis aí uma advertência para os fanáticos pela eficiência.
Depois, há o caso dos três corpos de matéria terrestre, encontra­
dos num caminho muito freqüentado em Reading, a 3 de julho de
108
1 883, depois de um temporal. Há tantos casos de matéria terrestre
caída do céu que parecería extraordinário encontrar resistência a
aceitar isto, se já não estivéssemos tão habituados aos absolutos
cânones da ortodoxia ... que em nossa metafísica, representam
um bem pela tentativa que representam, mas um mal, pela sua insufi­
ciência. Se reputasse necessário, poderia listar cento e cincoenta
casos de matéria terrestre que se diz ter caído do céu. É característico
seu antagonismo contra as perturbações atmosféricas associâdas às
precipitações de coisas do céu. que obceca e hipnotiza o incrível
Symons. Este senhor Symons, especialíssimo, refuta a substância
de Reading porque não era “verdadeiro material meteorítico”. É
extraordinário - ou não é absolutamente extraordinário, mas uni­
versal - mas se não se segue algo como padrão de medida ou opinião,
não pode haver opinião alguma: mas se seguimos um referencial,
em alguns casos de aplicação, este resulta absurdo. Os meteoritos
carbonáceos, que não são questionados pela ortodoxia - se bem que
evitados, como já vimos, são compostos ainda mais evidentemente
de material não meteorítico tanto quanto esta substância de Reading.
Symons sustenta que estas três massas “já se encontravam desde o
início no solo”.
Sejam estes dados dignos ou não de consideração, penso que a
lembrança evocada por este especioso senhor Symons seja digna de
encontrar lugar no museu que estamos escrevendo. Ele se opõe a
idéia de encontrar origem externa qualquer “pelo nosso bom nome
de ingleses”. Ele é um patriota, mas creio que estes estrangeiros teriam
tido bem pouca probabilidade de encontrarem hospitalidade junto a
ele “desde o início”.
Em seguida, temos o “fragmento de ferro” (de diâmetro de 2
polegadas, 5 cm) que se disse ter caído durante um temporal em
Brixton, a 17 de agosto de 1 887. Symons diz: “No momento, não
me arrisco a investigar”.
Havia se saído muito melhor em Notting Hill: neste último caso,
nota-se um nítido declínio de sua parte.
No Times de Londres, de l.° de fevereiro de 1 888 diz-se que
“após um violento temporal” havia sido encontrado um objeto de
ferro arredondado num jardim de Brixton, a 17 de agosto de 1 887. O
objeto foi analisado por um químico, que não conseguiu identificá-
lo como verdadeiro material meteorítico. Seja ou não produto de
elaboração humana, este objeto é descrito como esferóide achatado
nos pólos, de diâmetro maior de cerca de 2 polegadas (5 cm). Vem
indicado o nome e o endereço do químico: Sr. James Morgan: Ebbw
Vale.
Um jardim ... lugar familiar ... imagino que, segundo a opinião
do senhor Symons este objeto simétrico já se “encontrava no solo
desde o começo”, ainda que deixe de dizê-lo. Mas percebemos que

109
descreve esse objeto com a expressão “pedaço de ferro" que não dá
certamente a idéia do esferóide nem da simetria. E nossa opinião que
tenha sido usada por fins aproximativos a palavra "pedaço" porque -
melhor referindo-se à sua amorfosidade - o dado seguinte perma­
nece mais isolado e sem coligação. Se o senhor Symons tivesse dito
que este era um outro caso de um objeto redondo caindo do céu,
os seus leitores teriam sido alertados para a semelhança. Entretanto,
contrariamente, distrai os leitores descrevendo o caso como se não
houvessem precedentes.
“Uma bala de canhão feita de ferro ...”
Esta foi encontrada depois de um temporal em cima de um
monte de estrume, em Sussex.
Entretanto Symons sustém bastante razoavelmente, segundo
pensa, que, se a bala de canhão sempre tivesse se encontrado num
monte de estrume, poder-se-ia ter verificado de que um relâmpago
tivesse sido atraído e que, se observado, por mentalidades incultas
ou abaixo da média, teria podido lançar-se, assacar, ou atribuir,
com menor celeridade, a concisão de que o objeto de ferro teria real­
mente caído com o raio.
Tudo certo... se os campônios não conhecessem bem sua terra...
e se não conhecessem os seus montes de estrume tão bem quanto o
senhor Symons conhece sua escrivaninha ...
A seguir caso de um homem, mulher e três filhos, em Casterton,
em Westmoreland, que durante üm temporal estavam guardando o
seu rebanho quando “estimaram", como se expressa Symons, ter visto
uma pedra cair do céu, matar uma ovelha e fincar-se no terreno.
Escavaram.
Encontraram um pedaço de pedra.
Symons:
Coincidência. Sempre esteve naquele lugar.
Este objeto foi exibido pelo senhor C. Carus. Wilson numa
reunião da Royal Meteorological Society. No Journal foi inserido na
relação de outros objetos apresentados e descrito como uma Lousa
de “arenito”. Como “arenito” é descrito por Symons.
Ora uma porção arredondada de arenito pode ser encontrada
na terra em quase todo lugar -como sempre se o encontrou - mas se­
gundo nosso mais ou menos recomendável hábito de meter o nariz
em toda parte, achamos que esse objeto tinha composição mais
complexa e com materiais menos comuns. Folheando o Knowledge
de 9 de outubro de 1 885, lemos que essa "pedra do trovão” esta­
va na posse do senhor Carus-Wilson o qual conta a estória do teste­
munho e de sua família ... da ovelha morta, de algo que havia se
enterrado no solo, da escavação e finalmente da obtenção. O se­

110
nhor C. Carus-Wilson descreve o objeto como uma placa de quart-
zito duro e ferruginoso, das dimensões aproximadas de um coco e
pesando cerca de 12 libras (5,5kg). Estejamos ou não procurando um
significado, este objeto dá a idéia não apenas de uma simetria mas
também de uma estrutura: tinha um invólucro externo, separado
de um núcleo independente. O senhor Carus-Wilson atribui essa
separação a um esfriamento desigual da massa.
Acredito que nos escritos dos homens de ciência a descrição
inexata não é intencional: e que também são inocentes nas suas
intenções quanto o são as pessoas hipnotizadas. Uma tal vítima
da convicção ignora uma pedra que se disse ter caído do céu. Surgem
na mente, mecanicamente, impressões de massas globulares, ou nó-
dulos, de arenito que pode ser encontrado em quase toda parte.
Assimila os sinais dessa queda com suas impressões dos objetos que
sempre foram encontrados sobre a terra desde os primórdios. Para
um intermediarista, os fenômenos da intelecção são apenas os fenô­
menos do processo universal localizado na mente humana. O processo
chamado "explicação” é apenas um processo local da assimilação
universal. É similar ao materialismo: mas o intermediarista sustém
que a interpretação do imaterial, como é chamado, em termos do
material, não é mais razoável que a interpretação do "material” em
termos do "imaterial”: e que na quase-existéncia não existe nem o
material nem o imaterial, mas apenas aproximações num sentido
ou noutro. Mas eis a quase-razão hipnótica: que as massas globula­
res de arenito sejam comuns. Corra ou salte, ou que os tipos mal-chei­
rosos e de baixa extração sejam, apenas eles, atléticos, a sua impres­
são, por assimilação, é que este objeto particular seja uma placa de
arenito. Ou ainda a mentalidade humana; os seus habitantes são a
comodidade. Pode ser que o artigo de Symons tenha sido escrito antes
que o objeto tenha sido exibido aos membros da Associação com a
benevolência com que, por amor da variedade, dirigimos para aqui
e ali nossas picadelas, estamos dispostos a aceitar o fato de que ele
tenha "investigado” acerca de alguma coisa de que não tenha jamais
visto. Mas quem quer que tenha observado esse objeto distraiu-se:
disse que era "arenito”.
Desculpam o-lo.
Na verdade, por assim dizer, não somos tão danados quanto o
éramos anteriormente.

Ninguém desculpa os deuses e ao mesmo tempo sente-se pros­


trado diante deles.
Se esta fosse uma existência verdadeira e todos fôssemos pessoas
reais, com deuses verdadeiros pelos quais pudéssemos julgar, temo que
teríamos que ser um pouco severos com esses senhores Symons.
Estando assim colocada a questão, a seriedade some rapidamente.

111
Apenas um detalhe, pelo menos divergente na alusão genérica
a "um homem" que com sua família, não designada por nome, havia
“acreditado ter visto cair uma pedra”. O “homem” era o reverendo
W. Carus-Wilson que era bastante notável em seu tempo.
O caso seguinte foi relatado por W.B.Tripp, F.R.M.S. (Fellow
of the Royal Microscopical Society): durante um temporal um agri­
cultor vira a terra diante dele ser arada por um objeto luminoso.
Cavou.
Uma acha de bronze.
Acredito que uma expedição ao Pólo Norte não seria tão urgen­
te quanto um grupo representativo de cientistas que procurassem o
tal agricultor por todo um estado, estudando o acontecido. Estando
as coisas nesse pé, ... um agricultor não designado por nome ... um
lugar genérico ... nenhuma data ... o fato deve permanecer danado.
Outro dado para o nosso museu - um comentário em Nature
acerca destes objetos: é que estes são “de caráter divertido, mostran­
do claramente que são de origem terrestre, não celeste”. Porque a
origem celeste, ou a parte daquela que faz parte apenas da Inter-
mediaridade, não deve ser divertida quanto à origem terrestre, escapa
à nossa capacidade de raciocínio que como já havíamos estabelecido
não são ordinárias. Naturalmente não há nada de divertido nas esferas
e nos cones ... de outro modo Arquimedes e Euclides teriam sido
humoristas. O fato é que estas coisas são descritas de modo derrisó-
rio. Se quiserdes, um pequeno dado acerca da estandardização da opi­
nião ortodoxa.
Amer. Met. Jour., 4-589:
“Tem um caráter divertido, mostrando claramente que tem um
caráter terrestre, não celeste.”
Estamos seguros, não positivamente, é claro, que tentamos ser
tão acomodativos e doces com o senhor Symons quanto o permitiu
o seu modo de fazer, obviamente científico. Naturalmente pode
acontecer que inconscientemente sejamos preconceituosos contra
ele, classificando-o instintivamente na categoria dos Santo Agostinho,
dos Darwin, dos São Jerônimo e dos Lyell. Relativamente às “pedras
do trovão” creio que pesquisei acerca deles apenas para preservar
acima de tudo “o bom nome dos ingleses” ou com o espírito da
Royal Krakatoa Committee, ou aproximadamente como a Academia
Francesa pesquisou os meteoritos. Segundo um autor de Knowledge,
5-418, o Comitê para Krakatoa nem sequer tentou descobrir o que
havia provocado os efeitos atmosféricos de 1 883, mas apenas tentou
demonstrar... que a causa era Krakatoa.
No conjunto, acredito que a seguinte citação deve ser esclare­

112
cedora para todos os que estão convictos de que se pesquisou estes
eventos não para confirmar uma opinião antecipadamente estabele­
cida:
Na abertura do seu documento, Symons disse que havia em­
preendido sua investigação acerca da existência da “pedra do trovão”
ou “raio” como ele a chama... com a certeza de que não se tratava
de algo consistente, uma vez que “os raios não existem”.
Temos um outro caso em que foi reportada a queda de “uma
bala de canhão”. Isto suscitou a investigação de Symons, mas não
é mencionado por ele ... Acerca disso comumente foram feitas inves­
tigações. Nos Proc. Roy. Soc. Edin., 3-147, há a notícia de uma
“pedra do trovão” que caiu provavelmente em Hampshire, em setem­
bro de 1 852. Tratava-se de uma bala de canhão de ferro, ou de
“um grande pedaço de pirita ferrosa ou ainda de bissulfeto de fer­
ro”. Ninguém a viu cair. Tinha sido notada, pela primeira vez, na
aléia de um jardim durante um temporal. Não havia nenhuma certeza
a respeito, porque “não tinha características de nenhum meteorito
conhecido”.
No Times de Londres, em 16 de setembro de 1 852, apareceu
uma carta do senhor George E. Bailey, químico de Andover, em
Huntshire. Este sustenta que durante um violento temporal na primei­
ra semana de setembro de 1 852, este objeto de ferro caiu no jardim
do senhor Robert Dowling de Andover numa aléia, “a não menos
de seis jardas (cinco metros) da casa”. “Imediatamente” depois
do temporal foi recolhido pela senhora Dowling. Tinha as dimensões
de uma bola de cricket e pesava quatro libras (1 800 gramas). Nin­
guém a teria visto cair. No Times de 15 de setembro de 1 852 há a
notícia relativa a esse temporal que foi de uma violência insólita.
Alguns outros dados relativos a uma bola de quartzo precipitada
sobre Westmoreland. Mas são coisas poucas. Embora poucas parecem
os fantasmas dos danados. Freqüentemente os fantasmas, quando se
multiplicam, adquirem aquela característica denominada substanciali-
dade ... se a coisa mais sólida concebida na quase-realidade é apenas
um caráter fantástico concentrado. Não se trata apenas do fato da
ocorrência de outros relatos de quartzo precipitado do céu, há um ou­
tro ponto de contato. O objeto redondo de quartzo de Westmoreland
quebrado e separado de seu núcleo independentemente, seria um
objeto de quartzo redondo e côncavo. A minha pseudoposição é que
dois relatos de similares acontecimentos extraordinários, um na
Inglaterra e um no Canadá, são interessantes.
Proc. Canadian Institute, 3-7-8:
A l.° de dezembro de 1 888, durante a reunião ào Instituto,
J. A. Livingstone, um dos membros, exibiu um objeto globular de

113
quartzo que asseverou ter caído do céu. Estava rachado e era côncavo.
Mas os outros membros do Instituto convieram que o objeto
era espúrio porque não era composto por “autêntico material meteo­
rítico”.
Data e local não são mencionados, temos apenas a suposição
avançada de que se tratasse de um geóide que estava no solo desde
o princípio. Seu revestimento cristalino era semelhante ao de um
geóide.
O quartzo se encontra no “Index” nos confrontos da Ciência.
Um monge que lesse Darwin não pecaria mais que um cientista que
admitisse que, excetuando-se o caso de um processo de “em cima e
embaixo”, o quartzo pode ter caído do céu ... Mas na Continuidade:
o quartzo não informou se fazia parte ou tinha sido incorporado num
meteorito batizado ... como na Igreja de Sta. Catarina no México,
creio. Esta é uma distinção epicúrea como todas aquelas que
foram feitas pelos geólogos. Flassig fala acerca de um calhau de
quartzo encontrado num grão de granizo (Bibliography, parte
2-355). “Em cima e embaixo”, naturalmente. Um outro
relato fala de um objeto de quartzo caído no outono de 1 880
em Schroon Lake, no estado de Nova Iorque... declarado um erro de
Scientific American 43-272, porque não era de tipo conhecido. Em
l.° de maio de 1899, aproximadamente, os jornais publicaram
um artigo relativo a um meteorito “branco níveo” que havia caído
em Vincennes, Indiana. O diretor do Monthly Weather Review (abril
de 1 899) solicita ao observador local, em Vincennes, a efetivação
de investigações. O diretor disse que aquilo era apenas um fragmento
de um grão de quartzo. Sustentava que quem quer que tivesse uma ins­
trução pelo menos elementar deveria precaver-se muito ao escrever
que o quartzo havia caído do céu.
Notes and Queries, 2-8-92:
No Museu da Antiguidade de Leyden, existe um disco de
quartzo: 6 centímetros por 5 mm por cerca de 5 cm.; afirma-se que
teria caído do céu sobre uma plantação das índias Ocidentais Holan­
desas depois de uma explosão meteorítica.
Tijolos.
Parece que o nosso escrever assemelha-se a uma morsa. Re-
comendo-o a todos aqueles que encontraram um novo pecado. De
início nossos dados eram tão espantosos ou ridículos a ponto de
serem odiados ou considerados com desprezo á primeira vista. Depois
talvez tenha aparecido a compaixão? Creio que agora podemos nos
permitir a inclusão dos tijolos.
A idéia da argila cozida não necessita de aperfeiçoamentos, mas
penso que lhe falta distinção. Com a nossa mente revoltada ante os
navios de cimento recentemente construídos e pensando já nos

114
naufrágios que poderão ocorrer a alguns deles e ao novo material que
os peixes das profundidades virão a conhecer ...
O objeto que caiu em Richland na Carolina do Sul ... amarelo
acinzentado ... parecia um pedaço de tijolo (Amer. Jour. Sei, 2-34-
298).
Pedaços de “tijolo cozido” que se diz terem caído durante uma
saraivada em Pádua, em agosto de 1 834 (Edin. New Phü. Jour.
19-87); o autor forneceu uma explicação que deu a oportunidade a
outra convenção: ou seja, os fragmentos de tijolos foram arrancados
dos edifícios pelos pedaços de gelo. Mas eis um fato concomitante
que se mostrará desagradável a todos aqueles que estiverem inclinados
a sorrir diante da idéia por ora já demasiado indigesta de tijolos cozi­
dos caindo do céu. Trata-se do fato de que em alguns dos pedaços
de gelo, cerca de 2%, que se encontraram com os fragmentos de tijolo
havia também um pó acinzentado.
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, 335-365:
Padre Secchi explica que um calhau dado por ter caído durante
um temporal em Supino, na Itália, em setembro de 1 875, na verdade
havia sido deslocado de um teto.
Nature, 33-153:
Referiu-se que um calhau de dimensões respeitáveis e de forma
claramente artificial havia caído em Nápoles em novembro de 1 885.
O calhau foi examinado por dois professores de Nápoles que aceita­
ram o fato como verossímil, se bem que inexplicável. Ambos recebe­
ram a visita do Dr. H. Johnstone-Lavis, correspondente de Nature,
cujas investigações convenceram de que o objeto era uma: "uma
pedra de calçada”.
Para nós iniciados, ou de perspectivas mais amplas, não é abso­
lutamente incrível pensar que hajam calçadas em outros mundos ...
mas suspeito que essa indicação seja mais de origem tática.
Esse objeto de pedra lavrada ou pedra de calçadas pensou
Johnstone-Lavis que fosse feita com a lava do Vesúvio: muito prova­
velmente com a lava da erupção de 1 631, proveniente da caverna
La Scala. Condenamos aquele “muito provavelmente” por ser um
positivismo deletério. E quanto ás “pessoas de uma certa posição”
as quais haviam aceito a suposição que esta coisa tivesse caído do
céu . . . “agora as constrangi a admitir seu engano” - diz Johnstone-
Lavis ... ou então, trata-se do único estrangeiro em Nápoles que co­
nhece a lava da La Scala melhor que os locais.
Explicação:
O objeto ou foi expelido ou foi lançado de um teto.
Quanto á tentativa de associar o evento com um teto especí­
fico ... nada se disse acerca disso ... E o fato de que Johnstone-Lavis

115
tenha chamado “pedra de calçada” a uma pedra lavrada exatamente
como Symons chamou “bala de canhão” a um objeto esférico apre­
senta uma incongruência que o desacredita: calçadas e fenômenos
celestes.
É tão fácil dizer que as cinzas ou pedras com forma de cunha
encontradas sobre a terra sempre tenham estado ali, e que só por uma
coincidência que o relâmpago caiu nas proximidades ... mas a credibi­
lidade das coincidências diminui segundo a raiz quadrada de seu volu­
me, parece-me. Mas as achas ou objetos cuneiformes que foram
encontrados nas árvores são mais hostis à ortodoxia. Por exemplo,
Arago admite que estas descobertas se verificaram, mas sustenta que
se pedras cuneiformes foram encontradas nos troncos das árvores
igualmente foram encontrados sapos nos troncos das árvores ...
talvez porque os sapos aí se precipitaram?
Não está mal para uma pessoa hipnotizada.
Naturalmente, segundo nossa convicção, os irlandeses são o
Povo Escolhido, isto porque estão caracteristicamente em melhor
acordo com a essência subjacente da quase-existência. Arago responde
a uma pergunta fazendo outra pergunta. Este é o último modo que
uma pergunta pode ser respondida no nosso tipo de existência irlan­
dês.
Q doutor Bodding discute com os nativos de Santal Parganas,
na índia, que sustentavam que pedras talhadas e trabalhadas haviam
caído do céu, algumas das quais haviam se cravado nos troncos das
árvores. Bodding, com sua noção ortodoxa acerca da velocidade da
queda dos corpos e não dispondo, imagino, de apuntes que eu tenho
acerca de grandes fragmentos de granizo que, por exemplo, caíram
com uma velocidade surpreendentemente baixa, sustenta que seja
lá o que for que tivesse caído do céu teria se “fragmentado em áto­
mos”. Aceita o fato de que tenham sido encontrados nos troncos
das árvores objetos de pedra trabalhada, mas explica:
Os Santali derrubam árvores frequentemente, mas que não
as abatem do modo habitual porque seria muito barulhento: preferem
inserir cunhas de pedra e as fazem entrar a marteladas ali onde foram
encontradas, as cunhas não representavam prova contra a sua que
apresentava machados.
Ou talvez um homem de ciência não possa ser furioso e racio­
nal ao mesmo tempo.
Ou talvez um ladrão, por exemplo, seja liberado, ainda que
surpreendido com a mão em bolso alheio, porque usa luvas: pelo
fato de que nenhum tribunal do país considera uma mão enluvada
com o mesmo rigor que uma mão nua.
Isso não é mais que a intermediaridade entre o racional e o ab­
surdo e que este estado das nossas reflexões é perceptível no caso em

116
que se voltam para coisas não familiares.
Bodding recolhe 50 destas pedras consideradas como caídas
do céu, durante muitos anos. Diz que os Santali são um povo altamen­
te evoluído e que há séculos não usam utensílios de pedra ... exceto
nesta nefanda e tão útil ocasião.
Todas as explicações são localizações. Desbotam-se diante do
universal. É difícil suster que as chuvas negras na Inglaterra não te­
nham se originado do fumo das fábricas ... é menos difícil sustentar
que as chuvas negras da África do Sul não tenham essa origem. Não
insistimos muito acerca da absurdidade da explicação de Bodding
porque se alguma coisa é absurda, ou melhor, tem um certo grau
ou aspecto de absurdidade e jamais tivemos a experiência de um esta­
do qualquer em que as coisas não se encontrem num ponto indeter­
minado entre a absurdidade absoluta e a racionalidade infinita. Pensa­
mos que a elaborada explicação de Bodding não se aplica aos objetos
de pedra talhada que se encontraram nos troncos das árvores dos ou­
tros países: nós a aceitamos em geral, mas uma explicação local é
inadequada.
Relativamente ás "pedras do trovão” que não se afirmou terem
caído acompanhadas por fenômenos luminosos nem que tenham sido
encontradas inseridas nos troncos, os fiéis hipnotizadores dizem que
os campônios estupefatos embatucaram frente a pedras postas á super­
fície pela chuva e chegaram á conclusão que aquelas coisas tinham caí­
do do céu. Mas os camponeses chegaram, em sua simplicidade, a
encontrar muitos objetos pré-históricos: raspadores, vasilhame, facas,
martelos e entretanto não temos registro de caso algum em que um
camponês tenha achado uma vasilha antiga e tenha afirmado que
caiu do céu uma marmita.
Neste momento, acredito que aqueles objetos cuneiformes tra­
balhados com meios similares aos do artesanato humano tenham
caído comumente do céu. Forçosamente são mensagens acerca deste.
Acredito que tenham sido designados como "achas” para caírem
no descrédito: posto que mais um termo é familiar e maior será a
incongruência com o vago conceito do vasto, longínquo e tremendo
desconhecido.
Em Notes and Queries, 2-8-92, um autor diz possuir uma "pedra
do trovão” que teria trazido da Jamaica. A descrição refere-se a um
objeto cuneiforme e não a uma "acha”.
"Não mostra traços de ter sido fixada a um cabo.”
De dez "pedras do trovão” representadas em diversas páginas
do livro de Blinkenberg, nove não apresentam o menor traço de te­
rem sido fixadas em cabos: apenas uma é perfurada.
Mas num relato do Dr. C. Leemans, Diretor do Museu da Anti­
guidade de Leyden, os objetos que os japoneses afirmam terem caído

117
do céu, são chamados durante todo o texto da obra por “cunhas”.
No Archeologic Journal, 11-118, num artigo relativo às “pedras do
trovão” de Java, estes objetos são designados por “cunhas” e não
“achas”.
Acreditamos que os campônios e os selvagens chamam “achas”
aos objetos caídos do céu: e que os homens de ciência, quando é
útil para suas finalidades, arriscam-se a resistir às tentações da pro-
lixidade e do pedantismo e adotam a simplicidade; e que sabem ser
inteligíveis quando o desejam.
Tudo isso faz com que caiamos numa confusão pior, segundo
me parece, que aquela em que estávamos antes de emergir tão satis­
fatoriamente da angústia da ... manteiga, do sangue, da tinta, do
papel, da madeira e da seda. Havemo-nos agora com balas de ca­
nhão, machados e discos ... se uma “pedra de calçada” é um dis­
co ... de qualquer modo é sempre uma pedra chata.
Um grande número de cientistas é composto por excelentes
impressionistas: ridicularizam a impertinência de alguns particula­
res. Se tivesse sido um tipo sujo e grosseiro, creio que Bodding não
teria sabido explicar com tanta simplicidade e elegância ao surgi­
mento das cunhas de pedra nos troncos das árvores. Mas para um
realista, a estória teria sido mais ou menos esta:
Um homem que necessitara de uma árvore, numa terra de sel­
vas, onde, por razões desconhecidas, cada qual é muito zeloso de suas
árvores, pensou que se martelasse cunhas de pedra faria menos ruído
que se abatesse os troncos com um machado: assim, ele e seus descen­
dentes, durante um período de muitos anos, abateram as árvores com
cunhas e escaparam a uma condenação porque o ministério público
não poderia jamais pensar que a lâmina de um machado seja uma
cunha.
Esta estória é como qualquer outra tentativa de positivismo ...
esplêndida e completa enquanto não olhamos para aquilo que exclui
ou transcura; em conseqüência do que se torna grosseira e incomple­
ta ... mas não de mandira absoluta, porque o é provavelmente em seus
fundamentos. Talvez, porventura, algum Santal mentalmente retarda­
do tenha efetivamente feito algo do gênero. A história foi contada
a Bodding: e este, tão-somente com método científico, fez de uma
aberração, um dogma.
Ou talvez devéssemos sublinhar um pouco este assunto, afi­
nal de contas. São tão cabeludos e atraentes estes cientistas do 19.°
século. Compreendemos o zelo de um Touro Sentado quando pensa­
mos em seus escalpos. Devemos nos pronunciar nossa própria opinião
sobre este argumento, que tanto confunde. Temos os enunciados.
Seja lá o que for o escalpe que tenha, na unicidade da totalidade,
a probabilidade de vir a ser escalpelado, seria verdadeira descorte­
sia no confronto com um inimigo, usar uma peruca.

118
Balas de canhão e cunhas, o que posso dizer?
Bombardeamento da Terra ...
Tentativas de comunicação ...
Ou então, visitantes da Terra, há muitíssimo tempo ... explo­
radores provenientes da Lua ... que levaram consigo, como curiosi­
dades, talvez, utensílios dos habitantes pré-históricos da Terra ...
um naufrágio ... uma carga destes objetos permaneceram durante
séculos suspensos no Mar dos Super-Sargaços ... e que caíram ou
foram impulsionados pelas tempestades ...
Mas, pela força das descrições, não podemos aceitar que aquelas
“pedras de trovão” tenham sido forjadas por maníacos, ou que sejam
machados pré-históricos ...
Quanto á tentativa de comunicação com a Terra por meio de
objetos cuneiformes, especialmente adaptados para atravessar aquelas
vastas áreas gelatinosas que envolvem a Terra ...
Nos Proc. Roy. Irish. Acad. 9-337, há o relato de uma cunha
de pedra que caiu do céu perto de Cashel, em Tipperary, a 2 de agos­
to de 1 865. O fenômeno não é posto em discussão, mas a ortodoxia
prefere não definir este objeto como em forma de um enxó, tampou­
co cuneiforme, porém “piramidal”. Para mais dados sobre pedras
piramidais dadas como caídas do céu, ver o Rept. Brit. Assoe. 1 861-
34. Um caiu em Segowoli, na índia, a 6 de março de 1 853. Sobre o
objeto que caiu em Cashel, disse o doutor Haughton, nos Proceedings:
“Nesta pedra se pode observar uma característica singular, que nunca
se notou em outras: ... os bordos arredondados da pirâmide são
profundamente marcados sobre a crosta negra com linhas perfeitas,
como se tivessem sido traçadas com uma régua”. Haughton exprime
a idéia de que estes sinais possam ser provocados por “uma excepcio­
nal tensão durante o resfriamento”. Deve realmente tratar-se de uma
tensão especialíssima, se em todos os aerólitos não-cuneiformes nunca
se observou um fenômeno deste gênero. Este se confunde com um ou
dois exemplos conhecidos, desde o tempo do dr. Haughton, de aparen­
te estratificação nos meteoritos. A estratificação nos aerolitos, toda­
via, é negada pelos fiéis.
Começo a suspeitar de alguma outra coisa.
Está para chegar a bomba.
Se alguém devesse estudar a pedra de Cashel, como Champollion
estudou a pedra de Rosetta, poderia, ou melhor, conseguiría inevita­
velmente descobrir um significado naquelas linhas.
Igualmente começo a suspeitar de alguma outra coisa: outra
coisa de mais sutil e esotérico que não os caracteres incisos nas pedras
caídas do céu, na tentativa de entrar em comunicação. A idéia que
outros mundos estejam tentando se comunicar com este está hoje

119
difundida: a minha idéia, no entanto, é que isto de forma alguma seja
uma tentativa ... mas um resultado conseguido há já alguns séculos.
Gostaria muito de emitir um comunicado de uma “pedra do tro­
vão” que tenha caído, digamos, em New Hampshire ...
E a seguir as pistas de qualquer pessoa que viesse examinar
esta pedra ... investigar seus coptatos ... não perdê-la de vista ...
E depois emitir um comunicado que uma “pedra de trovão”
havia caído, digamos, em Estocolmo ...
Poder-se-ia encontrar de novo em Estocolmo, uma das pessoas
que havia se apresentado em New Hampshire? Mas ... e se não per­
tencesse a nenhuma associação antropológica, geológica, ou meteo­
rológica ... mas, isto sim, a uma sociedade secreta ...
É só o esboço de uma idéia.
Das três formas de objeto simétrico que têm, ou não caído
do céu, parece que o disco seja o mais notável. Até agora, a nosso
ver, não nos saímos muito bem - ou talvez, muito mal mesmo
- mas as “pedras de calçada” podem ser de uma grande variedade
de formas, e qualquer coisa que se diga que tenha caído em qualquer
tempo e em qualquer lugar nas índias Ocidentais Holandesas, foi
profundamente incorporado àquilo que se preferiría ignorar.
Agora, trataremos de assunto que destaca-se dentre todas as
castas de danados:
Comptes Rendus, 1 887-182:
A 20 de junho de 1 887, durante um “violento temporal” -
dois meses antes da observação da queda de um objeto simétrico de
ferro caído em Brixton - uma pequena pedra havia caído do céu em
Tarbes, na França: diâmetro, 13 mm, espessura, 5 mm; peso, 2 g.
Assinalada à Academia da França pelo sr. Sudre, professor da Escola
Normal de Tarbes.
Desta vez, a velha e cômoda solução “encontrava-se lá anterior­
mente” encontrou obstáculo temível ... a pedra estava recoberta de
gelo.
Aquele objeto estava entalhado e conformado segundo recursos
humanos e a mentalidade humana. Era um disco de pedra lavrada ...
“três regulier”. “II a été assuremente travaillé.”
Aqui não se faz a menor menção a turbilhões atmosféricos assi­
nalados: nada se diz de outros objetos ou detritos que tenham caído
naquela data, ou nas vizinhanças, na França. O objeto havia caído
sozinho. Mas, mecanicamente, como qualquer parte de uma máqui­
na, que reage pelo impulso dado, nos Comptes Rendus comparece
a explicação de que esta pedra havia sido erguida pelo vento, tendo
caído depois.

120
Pode ter ocorrido que em todo o século XIX nunca se tenha
verificado uma ocorrência mais importante do que esta. E reportado
em La Nature, 1 887 e em L Année Scientifique, 1 877. É mencio­
nado em um dos números estivais de Nature, de 1 887. Fassig registra
notícia a respeito no Annuaire de Soc. Met., 1 877.
Nenhuma palavra de discussão $
Nem sinal de qualquer descoberta posterior à investigação.
Dizemos:
Que importa que explicações possamos fornecer, ou a Academia
da França, ou o Exército da Salvação?
Um disco de pedra lavrada caiu do céu, a 20 de junho de 1 887
perto de Tarbes, na França.

121
IX

A MINHA PSEUDO-CONCLUSÀO

Fomos danados por gigantes profundamente adormecidos ou


por grandes princípios científicos e abstrações que não chegaram a
se realizar: as prostitutazinhas que impuseram seus caprichos; os palha­
ços', com cursos d'águas dos quais fingem retirar milhares de peixes
de respeitáveis dimensões, anatematizaram-nos por termos rido sem
o menor respeito, porque como é inteligível a todos os palhaços, a
palhaçada que subjaz representa simplesmente o desejo de ser levado
a sério; pálida ignorância de cátedra atrás do microscópio com os quais
não chegam sequer a distinguir a carne do nostoc ou as ovas de peixe
das de rã, que impuseram a sua desbotada arrogância. Somos danados
como cadáveres, esqueletos e múmias, que se contorcem e caminham
cambaleando surgindo da pseudo-vida que deriva da conveniência.
Ou talvez haja apenas hipnose. Os malditos são aqueles que
admitem serem malditos.
Se somos mais quase-reais, somos razões citadas em juízo
diante de um júri de fantasmas oníricos.
De todos os meteoritos nos museus, bem poucos foram vistos
cair. É considerada razão suficiente para sua admissão que para esses
dados não se possa dar outra explicação que a de terem caído do
céu ... como se na bruma da incerteza que circunda todas as coisas,
ou que é a essência de tudo, ou na fusão de cada coisa com qualquer
outra, pudesse existir qualquer coisa de que se pudesse prestar contas
de um só modo. O cientista e o teólogo pensam que se alguma coisa
admite ser observada de um só modo, eles a notam desse modo ...
isto é, a lógica seria lógica, se as condições que impõe, mas sobre as
quais, naturalmente, não insiste, pudessem ser encontradas em qual­
quer ponto da quase-existência. Pelo nosso modo de viver, a lógica,
a ciência, a arte e a religião são, em nossa "existência” premonições
de um próximo “despertar”, como a primeira percepção embaçada
do ambiente que o circunda na mente de um sonhador.
Qualquer pedaço de metal velho que corresponde aos requisitos
do “verdadeiro material meteorítico” é colocado nos museus. Pode

122
parecer inacreditável que os diretores da atualidade tenham ainda
esta ilusão, mas acreditamos que as datas de nascimentos de pessoas
tenham muito a haver com a modernidade de seu pensamento. Lendo
o catálogo de Fletcher, por exemplo, observamos que afirma que al­
guns dos meteoritos mais famosos foram 1 ‘encontrados quando se
drenava um campo”, “encontrados quando se construía uma estra­
da”, ... “postos a lume pelo arado” é uma expressão que se encontra
dúzias de vezes. Alguém enquanto pescava no lago Okeechobee,
puxou suas redes e encontrou um objeto. Nenhum meteorito jamais
havia sido visto caindo nas vizinhanças. Mas o National Museum dos
Estados Unidos o aceita.
Se tivéssemos aceitado apenas um dos dados do “material não
realmente meteorítico” - um caso de matéria “carbônica” - é muito
difícil pronunciar a palavra “carbono” ... vejamos que nesta inclusão-
exclusão, como em qualquer outro meio de formação da opinião,
falsas inclusões e exclusões foram levadas a cabo por diretores de
museu.
É uma espécie de “ultra-pathos”, de cósmica tristeza, nesta
universal procura de metro comum e na convenção de que alguém
tenha recebido uma revelação por inspiração ou análise, e no obstina­
do enraizamento a uma mísera mistificação de uma coisa muito tempo
depois que foi provada a sua insuficiência ... ou na renovada esperan­
ça e procura do insólito que pode ser verdadeiro, ou de alguma coisa
particular que possa também ser universal. É como se “o verdadeiro
material meteorítico” fosse uma “pedra secular” para alguns homens
de ciência. Tolhem-se, mas nem assim podem manter à distância os
braços que se estendem convidando-os para se achegarem.
A única declaração aparentemente conclusiva ou substancial
para se retrair, é fruto da desonestidade, da ignorância, ou
da inércia. Todas as ciências fecham-se em si mesmas; e cada vez
mais, até que por este processo sejam consumidas, oú até que se ve­
rifique uma reação mecânica: depois se movem, por assim dizer,
adiante. Depois, tornam-se dogmáticas e tomam por bases posições
que eram apenas, descobrem, pontos de exaustão. Destarte, a quí­
mica se dividiu e subdividiu até chegar ao átomo, e então, na essencial
insegurança de todas as quase-construções edificou um sistema que,
para aquele que esteja obcecado pela própria hipnose de ser insensí­
vel á hipnose do químico, é de modo bastante perceptível uma anemia
intelectual construída por somação de fraquezas infinitesimais.
Em Science, n. s., 31-298, E. D. Hovey, do American Museum
of Natural History, afirma ou confessa que freqüentemente lhe foram
enviados objetos de material calcário fóssil ou escórias vulcânicas.
Afirma que esses objetos sempre foram acompanhados por certifica­
dos que tinham sido vistos precipitando-se em prados, estradas ou em
frente às casas.

123
Objetos excluídos. Não são compostos por material verdadeira­
mente meteorítico. Estavam na terra desde o começo. Apenas uma
coincidência que tenha caído um raio, ou que um verdadeiro meteo­
rito, resultado impossível, tenha caído na vizinhança desses objetos
de escória ou calcário.
O senhor Hovey sustenta que a lista poderia alongar-se indefi­
nidamente. Esta é uma sugestão tentadora que dá a idéia de um negó­
cio muito interessante ...
Afirma:
“Mas não vale a pena/’
Parece-me conveniente saber que coisas estranhas, danadas e
incomunicáveis, foram enviadas aos museus por pessoas que senti­
ram-se convictas de realmente ter visto o que poderiam ter visto, com
tamanha intensidade que se expuseram ao ridículo, empacotaram,
foram á agência postal e escreveram cartas. Tenho a impressão que
sobre a porta dos museus em que entram estas coisas se deveria
escrever:
“Deixai toda esperança.”
Se um certo senhor Symons dá um exemplo de carvão ou de
escória ou madeira carbonizada que se diz tenha caído do céu, não
nos mantemos em nossa impressão - excetuando-se a associação com
os meteoritos “carbônicos” - que o carvão cai sobre a terra; ás vezes,
das super-construções que queimam carvão, em alguma parte no céu.
Em Comptes Rendus, 91-107, o senhor Daubrée conta a mesma
estória. Acreditamos que outros diretores poderiam contar a mesma
coisa. Agora a fantasmagoria de nossa impressão toma corpo propor­
cionalmente á sua multiplicidade. Daubrée afirma que freqüentemente
estranhos objetos danados são enviados aos museus franceses acompa­
nhados de declarações de que haviam sido vistos caírem do céu. Parti­
cularmente, naquilo que nos interessa, indica o carvão e as escórias.
Excluídos:
Sepultos sem nome e sem data no depósito de lixo da Ciência.
Não digo que os dados dos danados devam ter os mesmos
direitos que os dados reconhecidos pela ciência. Justiça seja feita. Isto
faria parte do Absoluto Positivo e apesar de este ser o ideal dela, ou
uma transgressão dessa, ser a própria essência da quase-existência em
que apenas ter o aspecto do ser significa exprimir uma preponde­
rância de forças num ou noutro sentido ... ou seja, desequilíbrio,
inconsistência ou injustiça.
Temos convicção de que a morte do exclusionismo seja um
fenômeno do século XX enterrando nossos conceitos por serem pouco
refinados e fedorentos. Mas em nossa expressão, limitamo-nos á uni-
cidade da quasicidade com os mesmos métodos pelos quais se afir­
124
mou a ortodoxia e mantém até hoje a sua elegante e aformoseada
absurdidade. De qualquer modo, ainda que estejamos inspirados por
uma especial e sutil essência - ou imponderável, còmo o creio -
que invade totalmente o décimo nono século, não temos condições
de oferecer convictamente um fato como definitivo. Não temos,
ademais, freqüentemente a ilusão de sermos menos supersticiosos e
crédulos que qualquer outro lógico, selvagem, campônio e diretor
de museu.
Uma demonstração ortodoxa, em termos da qual dizemos
heresias, é que se as coisas encontradas no carvão pudessem ser con-
juntadas a ele apenas caindo ... então caíram.
Assim, no Manchester Lit. and. Phü. Soc. Mems., 2-9-306,
sustenta-se que certas pedras arredondadas são “aerólitos fósseis”
e que caíram do céu, há séculos, quando o carvão estava mole, porque
o carvão havia se alojado a toda volta do corpo sem que se apresen­
tasse nenhum sinal de entrada.
Proc. Soc. of Antiq. ofScotland, 1-1-121:
Num bloco de carvão proveniente de uma mina da Escócia,
foi encontrado um instrumento de ferro ...
“O interesse relativo a esta singular descoberta é decorrente do
fato de que o objeto tenha sido encontrado no núcleo de um bloco
de carvão a sete pés (2,1 m) de profundidade.”
Se aceitamos o fato de que este objeto de ferro tenha sido
feito por um artesão acima dos meios e das capacidades dos homens
primitivos que possam ter vivido na Escócia no período em que se
estava formando o carvão ...
”0 instrumento foi considerado como possuindo uma concep­
ção moderna.”
Nossa afirmativa tem mais realidade, ou uma maior aproximação
da realidade do que todas as tentativas de explicação que aparece­
ram nos Proceedings:
Que em tempos modernos alguém possa ter sondado os filões
de carvão e que a ponta de sua sonda tenha se cravado no bloco de
carvão em que havia penetrado.
Por que essa pessoa deve ter abandonado o carvão tão facil­
mente acessível eu não sei. O importante é que não existia nenhum
sinal de sondagem: e que este instrumento se encontrava num bloco
de carvão que se aglomerava em redor do objeto tanto que sua presen­
ça não foi sequer suspeitada até que foi rompido o bloco de carvão.
Não cheguei a encontrar alusões a este fato danado em qual­
quer outra publicação. Naturalmente existe uma outra alternativa:
o objeto poderia não ter caído do céu; se na época da formação car-
bonífera na Escócia os nativos desta terra não estavam em condições

125
de construir tal instrumento de metal, esse poderia ter sido deixado
aqui por visitantes doutro mundo.
Numa extraordinária aproximação da correção e da justiça,
que aqui é permitida, porque somos tão desejosos de tornar aceitável
que nada pode ser demonstrado quanto o estamos de sustentar nossa
expressão, notamos:
Que em Notes and Queries 11-1-408, há a notícia de um antigo
selo de cobre, das dimensões de um Penny (o diâmetro dessa moeda
é 3 cm) encontrado em um bloco de gesso a uma profundidade de
5 a 6 pés (1,5 a 1,8 m) nas proximidades de Bredenstone na Ingla­
terra. Àfirma-se que o desenho do selo representava um monge ajoe­
lhado frente a uma virgem com o menino e que estava escrito na
margem: “St. Jordanis Monachi Spaldingie”.
Não sei nada. Parece atraente ... mas indesejável para nós.
Uma porqueira de uma coisa ultra-fedorenta no Scientific
American, 7-298, que nós mesmos condenamos, se, pela unicidade
da totalidade, a danação deve ser a coisa que dana. Trata-se de um
artigo de jornal que diz que por volta de IP de julho de 1 851 uma
potente explosão ocorrida nas imediações de Dochester, em Massa-
chussetts, arrancou de um jazigo de rocha compacta um recipiente
com forma de sino feito em metal desconhecido; nele desenhos flo­
rais marchetados de prata: “trabalho de algum hábil artesão”. A
opinião do Scientific American é de que o objeto tenha sido feito por
Tubal Cain, que foi o primeiro habitante de Dorchester. Ainda que eu
acredite que isto seja um pouco arbitrário, não estou disposto a
afrontar furiosamente toda opinião científica.
Nature, 35-36:
Um bloco de metal foi encontrado no carvão na Áustria, em
1 885. Atualmente se encontra no museu de Salsburgo.
Desta feita temos outra proposição. Habitualmente nosso
enfoque intermediarista do positivismo provincial é este: a Ciência,
na sua tentativa de positivismo, assume como metro de juízo algo
como o “verdadeiro material meteorítico”, mas também a matéria
carbônica, excetuando-se sua relativamente baixa freqüência, é um
metro entretanto verdadeiro para julgar; a matéria carbônica se funde
numa tal variedade de substâncias orgânicas que todos os padrões
de avaliação são reduzidos á indiscernibilidade: se, então, não há
nenhum metro verdadeiro para julgar contra nós, não há nenhuma
verdadeira resistência às nossas afirmativas. ... e isto depende do fato
ou pelo menos que disponhamos de um dado sobre qualquer coisa
assim como “verdadeiro material meteorítico”, que a ortodoxia não
pode aceitar que tenha caído do céu.
Nesse ponto, estamos suficientemente entrosados. A nossa
atenção se concentra num objeto geométrico entalhado (que, encon­

126
trado numa camada muito antiga, assinala uma data precedente à
da vida humana, exceto, talvez, uma de suas formas extremamente
primitivas) como um produto indígena desfta terra: mas estamos igual­
mente interessados no dilema assim causado aos fidelíssimos.
Trata-se de “verdadeiro material meteorítico”. Em L Astrono­
mie, 1 887-114, afirma-se que, se bem que seja assim geométrico, as
suas particularidades tão características dos meteoros excluem a
hipótese que se trate de obra humana.
Quanto à camada ... carvão da era Terciária.
Composição ... ferro, carbono e pequena quantidade de ní­
quel.
Tem aquela superfície esburacada que os fidelíssimos conside­
ram característica meteorítica.
Para um relato completo sobre este assunto, ver Comptes Ren­
dus 103-702. Os cientistas que o examinaram não conseguiram chegar
a um acordo. As opiniões se bifurcaram: depois, veio a ser sugerido
um compromisso: mas o compromisso é produto obtido pela descon­
sideração de dados:
Tratava-se de verdadeiro material meteorítico, e não era tra­
balhado pelo homem;
Não se tratava de verdadeiro material meteorítico, mas de ferro
terrestre, que havia sido lavrado pelo homem;
Tratava-se efetivamente de material meteorítico, caído do céu;
mas trabalhado pelo homem depois de sua caída.
Os dados, que principalmente não deveriam ser descuidados
de nenhuma destas três explicações são: o “verdadeiro material mete­
orítico” e os sinais sobre a superfície dos meteoros; a forma geométri­
ca; a sua presença numa camada antiga; o material, duro como aço;
a ausência, na Terra, de homens capazes de trabalhar um material
duro assim como o aço. Afirma-se que, mesmo se composto de “ver­
dadeiro material meteorítico”, este objeto é praticamente um objeto
de aço.
Santo Agostinho, com toda sua ortodoxia, nunca se encontrou
em piores dificuldades do que as que encontram agora os fidelíssi­
mos. Descuidando-se devidamente de um dado ou dois, a nossa idéia
de que se tratava de um objeto de aço, caído sobre a terra do céu,
no período Terciário, não é imposta a ninguém. Oferecemos a nossa,
como simples expressão sintética. Por exemplo, em Science Gossip,
1 887-58, o objeto é descrito como um meteorito: neste relato, nada
há de alarmante, mas, se bem que relate tudo, a forma geométrica
não é nem mesmo citada.
É um cubo. À sua volta, uma profunda incisão. Das suas faces,
duas - opostas - são arredondadas.
Se bem que esteja convencido que a nossa proposta possa
apenas aproximar em parte a verdade, pela amplitude de suas conclu­
sões, e pois que, em quatro tentativas, parece representar a única aná­
lise completa, e pode ser anulada ou grandemente modificada por
aqueles dados que também nós, de certa forma, transcuramos, o úni­
co contra-argumento que se poderia cogitar, a demonstração de que
este objeto é uma massa de pirita de ferro, a qual, por vezes, assume
forma geométrica. Mas a análise não cita sequer traços de enxofre.
Naturalmente, o nosso ponto fraco, ou “impositivismo” está no
fato de que, se alguém quisesse encontrar enxofre, o encontraria,
... segundo o nosso intermediarismo, e então haveria enxofre em al­
gum de seus pontos, probabilisticamente.
Assim, são ou não são encontradas na Terra coisas que são
caídas do céu ou foram deixadas em seu seio por extraterrestres
que visitaram a Terra ...
Um artigo no Times (Londres) 22 de junho de 1 844: Alguns
operários que cavavam rochas nas proximidades de Tweed, a cerca
de um quarto de milha (400 m) de Rutherford Mills, descobriram
um fio de ouro encastoado na pedra, a uma profundidade de 8 pés
(2,5 m): um pedaço desse fio de ouro foi enviado aos escritórios
do Kelso Chronicle.
Uma coisa graciosa; por pouco mal-cheirosas; mais freqüente­
mente danável.
O Times de Londres, de 24 de dezembro de 1 851:
Hiram de Witt, de Springfield em Massachussetts, quando volta­
va da Califórnia trouxe consigo um pedaço de quartzo aurífero
do tamanho de um punho humano. Esse caiu acidentalmente e se
rompeu ... no interior - um prego. Um prego de ferro, das dimensões
de um prego de seis centésimos, levemente corroído. “Completamente
reto e com a cabeça perfeita.”
Ou ainda, na Califórnia, há séculos atrás, quando o quartzo
aurífero ainda estava em formação ... um supercarpinteiro a milhões
de milhas de altura deixou cair um prego.
Para quem não é intermediarista, parece inacreditável que este
dado, não só entre os danados, mas da mais baixa espécie de danados,
ou seja da casta jornalística dos danados, pudesse ser fundido num
outro danado apenas pela indiferenciação e sustentado por aquela
que é “a mais alta autoridade científica” ...
Comunicação de Sir David Brewster (Rept. Brit. Assoe., 1 845-
51):
Um prego fora encontrado num bloco de pedra proveniente de
Kingoodie Quarry, na Inglaterra do Norte. O blocô em que fora en­
contrado o prego tinha a espessura de nove polegadas (22,5 cm)

128
mas não se sabia de que parte da mina era proveniente ... excetuando-
se o fato de que não poderia ser proveniente da superfície. A mina
estava em atividade há cerca de vinte anos. Consistia de estratos
alternados de pedra dura e argila morênica, na superfície do bloco
de pedra. O resto do prego até a uma polegada (2,5 cm) se encontrava
na superfície da pedra ... a polegada restante estava cravada na própria
rocha.
Ainda que sua casta seja importante, faz parte, profundamente,
dos danados ... aproximadamente como um brâmane é considera­
do por um batista.
* O seu caso foi exposto honestamente, Brewster
refere todas as circunstâncias a seu respeito ... mas nada foi discuti­
do a seu respeito na reunião da British Association: não foi apresen­
tada nenhuma explicação ...
A coisa não poderia ser anulada de melhor forma ... .
Mas o anulamento que encontramos é tanto contrário à ortodo­
xia como contra nossa idéia de que a inclusão no quartzo ou no are­
nito seja índice de antiguidade ... ou então dever-se-ia revisar os dog­
mas válidos acerca do quartzo e do arenito e acerca da idade indicada
para esses, se fossem aceitos os dados contrários. Naturalmente
poderia ser contestada seja da parte dos ortodoxos, seja de nossa
parte, heréticos, que a oposição é apenas um artigo de jornal. Por
uma estranha combinação encontramos nossas duas almas perdidas
que tentaram emergir saídas da perdição de um único golpe:
Pop. Sei. News, 1 88441:
No Carson Appeal, tinham sido encontrados numa mina cris­
tais de quartzo que só poderiam ter levado quinze anos para se forma­
rem : no ponto em que fora construído um moinho - quando o moi­
nho foi derrubado foi encontrado arenito que tinha levado doze anos
para endurecer; no arenito encontrou-se um pedaço de madeira
“com um prego cravado”.
Annals of Scientific Discovery, 1 853-71:
Na reunião da British Association, em 1 853, Sir David Brewster
anunciara que deveria trazer frente á assembléia um objeto “de natu­
reza tão inacreditável para tornar absolutamente provável aquela
afirmação”.
Tinha sido encontrada uma lente de cristal na casa do Tesouro
de Nínive.
Em muitos dos templos e das casas do tesouro das antigas
civilizações desta terra foram conservadas coisas que caíram do
céu ... ou seja ... meteoritos.
Temos novamente um brâmane. Esta coisa foi sepultada viva
no coração do absoluto: encontra-se no British Museum.

129
Carpenter, em The Microscope and Its Revelations mostra
dois esboços dela. Carpenter sustenta que é impossível aceitar o fato
de que os antigos tenham construído lentes óticas. Não lhe ocorreu
pensar ... que alguém a milhões de milhas de altura ... que observa­
va em seu telescópio ... tenha deixado cair as lentes ...
Isto não cheira nem fede para Carpenter: sustenta que o objeto
deve ter sido um ornamento.
Segundo Brewster, não se tratava de um ornamento, mas de
“uma verdadeira lente ótica”.
Neste caso, entre as ruínas de uma velha civilização desta
Terra, foi encontrada uma coisa maldita que não podia ser aceita co­
mo produzida por qualquer das civilizações autóctones desta Terra.

130
X
A ILUSÃO DA HOMOGENEIDADE

Os primeiros exploradores confundiram a Flórida com a Terra


Nova. Mas a confusão foi pior anteriormente. Esta originou-se da inge­
nuidade. Os exploradores ainda mais antigos pensavam que toda a
Terra para o Oeste fosse uma única terra, a índia: o dar-se conta
de que existiam outras terras além da índia, foi um processo lento.
Não creio que atualmente cheguem a esta Terra coisas provenientes
de qualquer outro mundo em particular. Esta era minha idéia quando
comecei a recolher dados. Ou então, como é lugar comum na observa­
ção, toda intelecção começa com a ilusão da homogeneidade. Este
é um dos dados de Spencer: vemos a homogeneidade em todas as coi­
sas distantes ou com as quais temos escassa familiaridade. O progresso
do relativamente homogêneo ao relativamente heterogêneo é a filoso­
fia de Spencer, assim chamada, como todo o mais. Não que em
realidade tenha sido uma descoberta do próprio Spencer, mas foi
assimilada de von Baer, o qual, por sua vez, dava continuidade à
precedente especulação evolutiva. A nossa idéia é que tudo se move
para progredir para o homogêneo, ou procuram localizar a Homoge­
neidade. A Homogeneidade é um aspecto do Universal, o qual é um
estado que não se confunde com nada mais. Consideramos a homo­
geneidade como um aspecto da positividade, mas, é nossa -convicção
que as infinitas frustrações das tentativas de “positivizar” manifestam-
se na infinita heterogeneidade: assim, se bem que as coisas que podem
localizar facilmente a homogeneidade, encontram-se numa hetero­
geneidade tão grande que equivale a uma dispersão infinita ou indis­
tinguível.
Assim todos os conceitos são pequenas tentativas de positi­
vidade mas cedo deverão ceder ao compromisso, á modificação,
à anulação, para fundarem-se na indistinguibilidade ... a menos
que, aqui e ali, na história do mundo tenha surgido um super-
dogmático, que, apenas por um infinitésimo de tempo, esteve em
condições de bater-se contra a heterogeneidade ou a modificação,
ou a dúvida, ou “ouvir a razão”, ou a perda da identidade - em

131
cujo caso há uma translação instantânea ao céu, ou para o Absoluto
Positivo.
O estranho em Spencer é que ele nunca reconheceu que “homo­
geneidade”, “integração”; e “determináncia” são todas palavras para
o mesmo estado, ou seja, o estado a que chamo “positividade”. O
que definimos como um erro seu é o fato de haver considerado a
“homogeneidade” negativa.
Comecei com o conceito de qualquer outro mundo do qual
caíram sobre a Terra objetos e substâncias; um mundo que tinha,
ou que, em menor grau, tem um interesse tutelar em nossa Terra,
e que agora procura comunicar-se com ela ... modificando-se , por
causa dos dados que se acumularão mais adiante, na opinião que
qualquer outro mundo não esteja procurando mas há séculos já
esteja em comunicação com uma seita, quiçá, ou sociedade secreta,
ou certos elementos esotéricos dos habitantes desta Terra.
Perco uma grande parte do poder hipnótico, por não poder
concentrar a atenção em qualquer outro mundo.
Como já admiti precedentemente, sou inteligente, o que não
se pode dizer dos ortodoxos. Não tenho a aristocrática indiferença
de um diretor de museu de Nova Iorque, ou de um bruxo esquimó.
Devo dispersar-me no reconhecimento de uma gama de outros
mundos: algumas das dimensões da Lua, uma destas, pelo menos, de
dimensões tremendas: retomaremos o argumento mais tarde: Vastas
regiões aéreas, amorfas para as quais palavras assim como “mundos”
e “planetas” parecem inaplicáveis. E construções artificiais que chamei
“superconstruções”: uma destas das dimensões de Brooklin, “grosso
modo”'. E uma ou mais destas com a forma de roda, com uma super­
fície de umas duas milhas quadradas (1 milha quadrada = 259 ha).
Creio que nas primeiras páginas deste livro, antes de vos liber­
tardes, ou abraçardes tudo o que seguiu, a vossa indignação ou não
assimilibilidade se teria exprimido pela afirmação que, se assim fosse,
òs astrônomos haveríam notado estes outros mundos, estas regiões
e estas vastas construções geométricas. Tivestes aquela idéia: e vos
aferrastes a ela.
Mas a atitude de aferrar-se significa dizer “já chega” ao insa­
ciável. Na pontuação cósmica, não há pontos estatísticos: a ilusão
dos pontos é uma visão incompleta de dois pontos e vírgula.
Não podemos nos fixar ao conceito que se fossem estes fenôme­
nos astronômicos, os teríamos assinalado. Por causa da nossa experiên­
cia com a repressão e a indiferença, suspeitamos - antes de enfrentar
o argumento a fundo - que os astrônomos os tenham visto; que os
tenham visto os navegantes e os meteorologistas; que os viram muitas
vezes cientistas isolados e observatórios especializados ...

132
Suspeitamos, em suma, que o Sistema tenha suprimido os dados.
Quanto á Lei da Gravitação e às fórmulas dos astrônomos, recor­
demos que estas fórmulas funcionavam tão bem nos tempos de
Laplace quanto agora. Mas agora, foram notadas centenas de corpos
celestes que então não eram conhecidos. E também mais uma cente­
na de mundos dos nossos não fará diferença. Laplace tinha conheci­
mento de apenas trinta corpos no sistema solar; agora, reconhecem-se
cerca de seiscentos... (1)
O que significam as descobertas da geologia e da biologia, para
um teólogo?
Por algum tempo ainda, as suas fórmulas continuam a funcionar
igualmente bem.
Se a Lei da Gravitação pudesse ser considerada como afirmação
verídica, poderia oferecer uma resistência real ao nosso pensar. Mas
se diz apenas que a gravitação é a gravitação. Naturalmente, para uní
intermediarista, nada pode ser definido senão com seus próprios ter­
mos ... mas por fim, os ortodoxos, no que me parecem ser as inatas
premonições da realidade, não fundadas na experiência, estão de acor­
do que, definir algo com seus próprios termos não é uma verdadeira
definição. Diz-se que com a palavra “gravitação” se compreende
a atração de todos os corpos com uma força proporcional à massa
e inversamente proporcional ao quadrado da distância. A massa quer
dizer uma interação que mantém juntas as partículas finais, se é que
existem partículas finais, sobrevindo então em só termo desta ex­
pressão, ou seja, a massa é atração. Mas a distância é apenas uma
extensão da massa, a menos que alguém sustente a existência do vazio
absoluto entre os planetas, posição contra a qual poderemos elencar
inúmeráveis dados. Mas não há nenhum modo possível de exprimir
que a gravitação seja qualquer coisa diversa da atração. Assim, nada
há que a nós possa se opor se não um fantasma deste gênero ... isto
é, que a gravitação é a gravitação de todas as gravitações proporcio­
nais à gravitação e inversamente proporcionais ao quadrado da gravita­
ção. Numa quase-existência nada mais sensato do que isto se pode
dizer em relação a qualquer assim chamado “argumento” ... senão
que se tratam de aproximações mais próximas da sensatez absoluta.
Nem tampouco parece haver a sensação de que, com o Sistema
contra nós, encontramos aqui uma certa resistência. De qualquer
modo, já tivemos precedentementè esta sensação: penso que o Dr.
Gray e o Prof. Hitchcock modificaram um tanto a nossa confiança
nõs confrontos da indistinguibilidade. Quanto á perfeição do Siste­
ma que se quase-opõe a nós e á infabilidade da sua matemática (como
se pudesse se tratar da verdadeira matemática em um estado de apa­
rência onde dois mais dois não perfazem quatro) repetiu-se até a
náusea a sua reivindicação nos confrontos da descoberta de Netuno.
(1) É necessário ter em mente que a primeira edição deste livro é de 1919.

133
Temo que a rota que estamos seguindo terminará num novo
começo. Começamos humildemente, admitindo que fazemos parte
dos danados ...
Mas nossa sobrancelha ...
Apenas um leve arqueamento, ainda que de uma só, cada vez
que ouvimos falar da “triunfal descoberta de Netuno” ... esta “gran­
diosa conquista da astronomia teórica”, como a chamam os livros-
texto.
O grande perigo é que andamos a estudar meticulosamente os
mapas.
Os livros-texto omitem:
Que a órbita de Netuno em lugar de estar de acordo com os
cálculos de Adams e Leverrier era bastante distinta ... e que Lever­
rier disse que não se tratava do planeta de seus cálculos. (NT- No
cálculo desses dois senhores insinuava-se o erro da presença de Plutão
que só foi descoberto em 13/2/30).
Mais tarde preferiu silenciar a respeito.
Os livros-texto omitem:
Que em 1 846 todos aqueles que estavam em condições de
distinguir um seno de um co-seno meteram-se a senar e a co-senar em
busca de um planeta além de Urano.
Dois deles adivinharam com justeza.
Para alguns, depois da renúncia de Leverrier nos confrontos
de Netuno, a palavra “adivinharam” pode parecer discutível ... mas,
segundo o professor Peirce de Harvard, os cálculos de Adams e Lever­
rier poderíam ser aplicados também a posições defasadas em muitos
graus relativamente á de Netuno.
Para a demonstração de Peirce de que a descoberta de Netuno
foi apenas um “afortunado acidente” ver os Proc. Amer. Acad.
Science, 1-65.
Para referências ver “Evolution of the Worlds”, de Lowell.
Ou ainda consideremos os cometas: eis outra nebulosa resistên­
cia oposta a nossos conceitos. Relativamente aos eclipses tenho anota­
ções relativas a um bom número desses que não ocorreram, no instan­
te preestabelecido, ainda que com erro de poucos segundos ... e uma
deliciosa alça perdida, profundamente sepulta, mas sepulta nos ultra-
respeitáveis registros da Royal Astronomical Society, acerca de um
eclipse que não chegou a ocorrer totalmente. Que delicioso e ultra-
garantido objeto de perdição é mais interessante e chocarreiro para
ser exaurido com uma simples nota: retomaremo-lo posteriormente.
Em toda a história da astronomia todo cometa que apareceu
no momento preestabelecido - não que haja aqui, essencialmente,

134
algo mais abstruso que havería em prever o giro do carteiro amanhã -
é propagandeado em altos brados. É do mesmo modo que os crédulos
criam a fama dos ledores da sorte. Quanto aos cometas que não
surgiram ... foram omitidos ou explicados. Ou ainda o cometa de
Encke. Voltou sempre mais lentamente. Mas os astrônomos consegui­
ram uma explicação. Tinham certeza quase absoluta: explicaram.
Elaboraram, formularam e “demonstraram” os motivos pelos quais
o cometa estava voltando sempre mais lentamente ... e a seguir
aquele maldito começou a mover-se cada vez mais velozmente.
O cometa de Halley.
Astronomia ... “a ciência perfeita, como a chamamos, nós,
astrônomos”. (Jacobi)
Penso que se numa verdadeira existência, um astrônomo não
fosse capaz de distinguir uma longitude de outra, seria enviado para
esse nosso purgatório até que conseguisse fazê-lo.
Halley foi enviado ao Cabo da Boa Esperança para determinar
a longitude. Errou por alguns graus. Situou aquele nobre promontório
romano da África numa posição mais meridional que teria descon­
fiado o relógio de qualquer cafre.
Sempre ouvimos falar do cometa de Halley. Pode ser que tenha
se movimentado segundo o previsto. Mas a menos que não tenhamos
controlado corretamente os documentos atuais, não ouvimos mais
falar dele ... Leônidas, por exemplo. Os Leônidas foram previstos
com os mesmos métodos usados para o cometa de Halley. Novembro
de 1 898... nenhum Leônida. Explicação. Tinham sido perturbados.
Apareceríam em novembro de 1 899 ... novembro de 1 900 ... ne­
nhum Leônida.
Meu conceito da precisão astronômica:
Quem não seria um atirador infalível se só fossem contados os
tiros que acertassem na mosca?
Quanto ao cometa de Halley em 1 910 ... todos juram tê-lo
visto. Foram constrangidos a perguntarem-se: de outro modo seriam
acusados de não terem nenhum interesse pelas grandes coisas inspi-
radoras às quais não mais teriam dado atenção.
Considere-se isto:
Que não há jamais um momento em que não haja um cometa
no céu. Que não há praticamente um ano em que não sejam desco­
bertos novos cometas, tão numorosos são. Pulgas fosforescentes sobre
um enorme cão negro ... a imaginação popular não consegue
perceber quanto esse nosso sistema solar está infestado de pulgas.
Se um cometa não tem a órbita prevista pelos astrônomos ...
então esta foi perturbada. Se - como no caso do cometa de Halley -
ocorre um atraso, por vezes de um ano ... foi perturbada. Quando um

135
trem tem uma hora de atraso, temos péssima opinião acerca das predi-
ções dos horários ferroviários. Quando um cometa tem um ano de
atraso, tudo que pedimos é ... que seja explicado. Sentimos falar da
prosopopéia e da arrogância dos astrônomos. Creio que não quisessem
impor-se a nós mas que quisessem recompensar-se. Para muitos de nós
os sacerdotes não têm mais a função de fingir uma aparente relação
com a Perfeição, a Infalibilidade ... o Absoluto Positivo. Os astrô­
nomos se adiantaram para preencher um vazio - uma quase-fantas-
magoria - mas, segundo nossos conceitos, com uma maior aproxima­
ção á substancialidade do que as sutilizas que os haviam precedido.
Eu mesmo direi que tudo isto que chamamos progresso não é tanto
uma resposta a um "impulso” quanto uma resposta a um hiato ...
ou seja, se houver desejo de cultivar-se algo num ponto, faça-se tabula
rasa nesse ponto. Assim devo aceitar que as assertivas decididas dos
astrônomos são necessárias, doutro modo não mais seriam tolerados
os erros, as escapatórias e os travestimentos dos astrônomos - e que
concida então uma tal latitude em que possam mover-se, não puderam
cometer erros de modo tão desastroso. Imaginem se o cometa de
Halley não fosse cúmplice ...
No início de 1 910 aparece um cometa muito mais importante
do que aquela anêmica luminosidade que se atribui a Halley. Era tão
brilhante que foi visível mesmo de dia. Os astrônomos estavam salvos
de qualquer modo. Se este outro cometa não tivesse tido a órbita
predita ... tratar-se-ia de uma perturbação. Se em Coney Island
alguém fizer a previsão de que será, encontrado um tipo especial de
seixo na praia, não vejo por que deveria ficar coberto de vergonha
se for encontrado um outro tipo de seixo ... porque a coisa que se
afirmou ter sido vista em 1 910 nada tinha a haver com a descrição
sensacionalista dada pelos astrônomos antecipadamente, tanto quanto
um seixo desbotado tem a haver com uma pedrinha cor de tijolo.
Predigo que quarta-feira próxima um chinês gordo, com roupas
de gala, atravessará a 42.a Avenida da Broadway às nove da noite.
Isso não acontece e, em lugar dele um japonês tuberculoso, com uni­
forme de marinheiro, atravessa a 35.a Avenida da Broadway ao meio-
dia. Bem, um japonês é um chinês perturbado e as roupas são sempre
roupas.
Lembro as terríveis predições feitas pelos honestos e crédulos
astrônomos em 1 909, os quais deveriam estar auto-hipnotizados,
caso contrário não poderíam nos hipnotizar. Escreveram-se testa­
mentos. Afirmava-se que a vida humana poderia ser extirpada da face
do planeta. Na quase-existência que é essencialmente irlandesa não
havia razão alguma para que não se ditassem testamentos. Os menos
excitados entre nós esperavam pelo menos esplêndidos fogos de
artifício.
Devo admitir que se afirmou que em Nova Iorque foi vista uma
luz no céu.
136 ‘
Esta foi tão terrível quanto um fósforo aceso sendo esfregado
nos fundilhos mantido a meio quilômetro de distância.
Não aconteceu no horário.
Ainda que tenha ouvido dizer que foi vista no céu uma nebulo­
sidade fraca que eu, porém, não cheguei a ver, se bem que soubesse
tudo que me foi dito que deveria saber, a luminosidade apareceu
vários dias depois que se disse que deveria aparecer.
Belo bando de imbecis hipnotizados éramos: disseram para
olhar para o céu e nós o fizemos ... como um bando de vira-latas
hipnotizados por um pernil.
O efeito
Quase todos então afirmaram ter visto o cometa de Halley
e que tinha sido um belíssimo espetáculo.
É interessante observar que estamos, aparentemente, procuran­
do desacreditar os astrônomos porque eles se nos opõem ... não
acho que seja isto. Aqui encontramo-nos na casta dos brâmanes no
inferno dos batistas. Quase todos os nossos dados, em algumas dessas
observações de astrônomos, dos quais poucos são astrônomos amado­
res. É o Sistema que se opõe a nós. É o Sistema que está suprimindo
os astrônomos. Acredito que os acompanhamos nas suas prisões.
A nossa não é malignidade ... é senso positivo. É cavalaria ... num cer­
to sentido. Infelizes astrônomos que observam além das altas torres
em que estão aprisionados ... surgimos no horizonte.
Mas como disse, os nossos dados não se referem a qualquer
outro mundo especial. Dou grande importância àquilo que um selva­
gem numa ilha do oceano pode vagamente pensar nas suas reflexões ...
não espero nenhuma outra terra, mas em complexos de continentes
e em seus fenômenos: cidade, indústrias da cidade, meios de comuni­
cação ...
Ora, todos os outros selvagens têm conhecimento de naus
que percorrem rotas regulares, passando em intervalos regulares frente
a essa ilha. A tendência desta mente seria a expressão da tendência
universal para o positivismo ... ou a Completude ... ou ainda a con­
vicção de que estas naus regulares constituem a totalidade das naus.
Ora, penso num selvagem determinado que acredita que não seja
precisamente isso ... porque é muito arredio, falto de imaginação e
imune aos belos ideais dos outros, e não está piedosamente inclinado,
como os outros, a inclinar-se diante de pedaços de madeira que incu­
tem respeito; e emprega desonestamente seu tempo refletindo, en­
quanto os outros estão, patrioticamente, caçando bruxas. Assim ou­
tros selvagens mais nobres e elevados têm consciência das poucas
naus regulares: sabem quando esperá-las, codificaram sua periodici­
dade, sabem quando as naus passaram e se afastarão dos pontos

137
usuais ... explicando que todas as digressões são devidas a condições
atmosféricas.
Imbatíveis nas explicações.
Não podemos ler um livro sobre selvagens sem observar o quan­
to são resolutos nas explicações.
Dirão que todo esse mecanismo está fundado na mútua atra­
ção dos navios ... deduzindo isso da queda de um macaco de uma
árvore ... ou, que existem demônios a movimentar os navios ...
ou qualquer outra coisa do gênero.
Tempestades.
Detritos não provenientes daqueles navios, atirados às ondas.
Esquecidos.
Como se pode pensar em alguma coisa e ainda em outra coisa?
Encontro-me na condição mental de um selvagem que pode
encontrar num rio, lançadas pela tempestade, partes flutuantes, algo
de leve e estivai originário da índia e um capote de peles da Rússia,
um piano e um pangaio que tenha sido talhado por mãos mais rústi­
cas que a sua ... ou ainda toda a ciência, ainda que se aproxime
sempre mais amplamente, é tentativa de conceber a índia em termos
de uma ilha oceânica e a Rússia em termos de uma índia assim inter­
pretada. Ainda que eu esteja tentando pensar a Rússia e a índia em
termos de escala mundial, não chego a pensar que aquilo, ou a univer­
salização do local, seja um fim cósmico. O mais alto idealista é o posi­
tivista que busca localizar o universal e está de acordo com o fim
cósmico: um superdogmático selvagem local poderá sustentar, sem a
menor dúvida, que o piano trazido à praia é o tronco de uma pal­
meira que foi mordido por um peixe cão que ali deixou seus den­
tes.
Aqui tememos pela alma do Dr. Gray, porque não dedicou
toda sua vida à única afirmação que, possível ou impossível que seja,
milhares de peixes foram lançados em um único rio.
Assim, desafortunadamente para mim se a salvação é desejável,
guardo-me a toda volta, em todas direções, mas de um modo amorfo,
indefinido e heterogêneo. Se falo em conceber um outro mundo que
está nesse momento em comunicação secreta com certos habitantes
esotéricos da Terra, falo também em conceber outros mundos ainda
que estão tentando comunicar-se com todos os habitantes da Terra.
Adapto meus conceitos aos dados que encontro. Isso deveria ser o
justo, o lógico, e o científico a ser feito; mas não é uma forma de
aproximar a forma, o sistema, a organização. Penso em conceber ou­
tros mundos e vastas construções que passam nas proximidades, no
raio de poucos quilômetros, sem o menor desejo de entrar em con­
tato, exatamente como os navios inabituais que passam frente a mui­

138
tas ilhas sem prestar atenção particular a alguma. Acredito que exis­
tem dados acerca de uma enorme construção que freqüentemente
chegou até a Terra, afundou em algum oceano, permaneceu submersa
durante algum tempo, e depois foi embora. ... por quê? Não tenho
a mínima idéia. Que explicação poderia dar um esquimó de uma nave
que manda uma sonda à superfície para buscar carvão, que se encon­
tra em grande quantidade em algumas praias árticas, ainda que seja
de uso desconhecido para os nativos, para depois zarpar novamente
sem prestar nenhuma atenção aos aborígenes?
Uma grande dificuldade em tentar entender aquelas enormes
construções que não mostram o menor interesse pela nossa presença:
0 conceito em que devíamos estar interessados.
Estou convencido de que, ainda que sejamos habitualmente
evitados, provavelmente por razões morais, a Terra foi visitada algu­
mas vezes por exploradores. Creio que a idéia de que tenham vindo
visitantes extraterrestres á China, naquele período em que definimos
como histórico, será apenas de extraordinária absurdidade quando
chegarmos a esse dado.
Estou convencido de que alguns dos outros mundos têm condi­
ções muito similares às nossas. E penso que outras sejam muito diver­
sas ... que os visitantes provenientes destes não poderíam viver aqui...
sem aparelhos especiais.
Como poderíam esses seres respirar nosso ar rarefeito se prove­
nientes de uma atmosfera gelatinosa? ...
Máscaras.
As máscaras que foram encontradas em antigos depósitos.
A maior parte dessas são de pedra e afirma-se que seriam objetos
rituais dos selvagens ...
Mas a máscara que foi encontrada em Sullivan County, Missou-
ri, em 1 879 (American Antiquarian, 3-336).
Feita em ferro e prata.

139
XI
UM DOS DADOS MAIS DANADOS ENTRE TODAS
NOSSAS SATURNAIS DE MALDITOS

Porque é útil arrancar-se do dorso uma excomunhão dizendo


simplesmente que fomos danados por coisas mais negras de nós e
que os danados são aqueles que admitem sê-lo. A inércia e a hipnose
são demasiado fortes para nós. Nós dizemos isto: seguimos nossa
estrada até o fim admitindo que somos danados. Somente sendo mais
quase reais que podemos fazer tábula-rasa das quase-coisas que se
nos opõem. Naturalmente, no conjunto, temos uma considerável
amorficidade, mas neste instante estamos pensando naquele que
se aceita “individualmente”. A amplidão é um aspecto da Universa­
lidade ou da Realidade. Se as nossas sínteses descuidam menos dados
que as sínteses opostas - que freqüentemente não são sínteses, mas
simples considerações acerca de um evento particular - as coisas
sinteticamente ainda menos amplas desvanecem-se diante de nós. A
harmonia é um aspecto do Universal, com o que queremos referir-nos
ao Real. Se nos aproximamos mais intensamente da harmonia entre
uma expressão e todos os fatos disponíveis acerca de um evento, os
autocontraditórios tomam-se nebulosos. A solidez é um dos aspectos
da realidade. Acumulamos dados sobre dados e esses passam e repas­
sam ainda: coisas que aumentam sempre mais quanto mais à frente se
anda, sustentando-se e confundindo-se uma com outra.
E contudo, para os regimentos que ainda devem passar, prepa­
ram-se a hipnose e a inércia...
Um dos mais malditos entre nossos dados:
No Scientific American de 10 de setembro de 1 910, Charles
F. Holder escreve:
“Há muitos anos atrás, uma estranha pedra semelhante a um
meteorito caiu no Vale do Yaqui, no México, e de uma extremida­
de a outra do país correu a estória de que havia caído sobre a terra
uma pedra que trazia gravadas inscrições humanas.”
O que deixa realmente perplexo é a afirmação do senhor Holder
de que a pedra tenha realmente caído. Parece-me que ele quis dizer

140
que ela tenha caído do flanco da montanha rolando até o vale ...
mas veremos que se trata de uma pedra tão elaborada que é muito
improvável que fosse desconhecida por aqueles habitantes do vale,
se se fosse encontrada engastada na montanha sua complementar.
Pode ter sido um descuido: o intento pode ter sido o de dizer que
uma sensacional estória acerca de uma estranha pedra que se dizia
ter caído, etc.
Esta pedra foi estudada pelo major Frederick Bumham do
Exército Inglês. Bumham voltou a examiná-la acompanhado pelo
senhor Holder com o fito de decifrar as inscrições, se possível.
Aquela pedra era uma rocha bruta, ígnea, o seu eixo maior
media cerca de oito pés (2,4 m) e na face voltada para o oriente, que
tinha um ângulo de 45.°, existiam inscrições muito profundas.
Holder afirma ter reconhecido símbolos maias nas inscrições.
Seu método era o usual, mediante o qual se “identifica” qualquer
coisa usando qualquer outra coisa: isto é, aceitando tudo o que torna
cômodo e deixando de lado o resto. Sustenta ter demonstrado que a
maior parte dos símbolos, são maias. Um dos nossos pseudo-princí-
pios intermediários é que qualquer método para demonstrar alguma
coisa, vale para demonstrar qualquer outra. Pelo método do senhor
Holder podemos demonstrar que somos maias ... se isto fosse uma
fonte de orgulho para nós. Um dos caracteres inscritos sobre a pedra
é um círculo dentro de outro círculo ... Um caráter semelhante foi
encontrado por Holder num manuscrito maia. São dois 6. 6 que po­
dem ser encontrados nos manuscritos maias. Um duplo cilindro. São
pontos e linhas. Bem, agora, esquecemos pouco a pouco os círculos,
um dentro do outro, e duplo cilindro e sublinhamos o fato de que
neste livro aparecem os 6 e que existem um saco de pontos, que seri­
am ainda mais numerosos se fosse usual escrever o pronome pessoal
“I” (eu, em inglês) com “i” minúsculo em lugar de maiúsculo e tam­
bém os tracinhos, bem, eis então a demonstração: somos maias.
Imagino que haja a tendência de ter a impressão que tenhamos
tomado em falso o precioso trabalho arqueológico e que o senhor
Holder tenha estabelecido uma verdadeira identificação.
Escreve:
“Submeti a fotografia ao Field Museum, ao Smithsonian Insti-
tute e a um ou dois outros e para minha grande surpresa, a resposta
foi de que não possibilitavam a decifração.”
Nossa opinião não catalogada, dada a preponderância de três
ou quatro grupos de especialistas dos museus contra uma pessoa
só, é que se diz que tenha caído do céu uma pedra trazendo inscrições
que não são assimiláveis a nenhuma língua conhecida na Terra. Outro
pobre fragmento excluído que pertence a essa categoria é indicado
no Scientific American 48-261: tratava de um objeto ou meteorito

141
que caiu a 16 de fevereiro de 1 883, nas imediações de Brescia na
Itália e fez-se circular a falsa notícia que em um dos fragmentos estava
impresso o perfil de uma mão. Isto foi tudo que consegui a respeito
disso. Intermediariamente, acredito que, no decurso da história do
homem ocorreram notáveis aproximações, mas jamais um verdadeiro
engano: e que isto não pode acontecer na intermediaridade, onde
cada coisa se confunde ou tem pseudo-base em outra e instantanea--
mente transferida para o Absoluto Negativo. Assim acredito que,
ainda que o negócio seja bruscamente truncado ali, havia algo em que
basear-se naquela sinalização e que existiam sinais insólitos sobre o
objeto. Naturalmente isto não significa dizer que existiam no objeto,
como conclusão, caracteres cuneiformes em forma de dedos.
No conjunto, acredito que em algumas de nossas afirmações
precedentes tenhamos sido muito eficientes, se a experiência do se­
nhor Symons é típica, haja vista quão vagos nos tornamos aqui. Nes­
te momento estamos muito interessados nas numerosas coisas que
foram encontradas especialmente nos Estados Unidos, os quais falam
de uma civilização, ou de muitas civilizações, que não são originá­
rias desta terra. Uma das dificuldades reside em decidir se caíram do
cêu ou se foram abandonados por visitantes oriundos de outros mun­
dos. Acreditamos que tenham ocorrido acidentes aéreos e que tenham
caído aqui embaixo moedas e que os habitantes da terra as encontra­
ram ou as tenham visto cair e que tenham cunhado as moedas por
imitação: pode ser que as moedas tenham sido atiradas cá embaixo
por algum ser tutelar que tenha tido a intenção de fazer progredir a
humanidade do estágio de troca para o de câmbio. Se as moedas
devessem ser identificadas como moedas romanas, teríamos tido enfim
uma tal experiência de “identificação” que saberiamos reconhecer
um fantasma quando o víssemos ... mas ainda assim, como poderiam
ter chegado moedas romanas à América do Norte - muito no interior
da América do Norte - ou sepultas sob o acúmulo secular de terra -
a menos que tenham caído ... de onde vieram os primeiros romanos?
Ignatius Donnelly, no A tlantis, forneceu uma lista de objetos que foram
encontrados em túmulos de terra de data precedente a qualquer
influência européia na América: artigos torneados, como se deuses
comerciantes, provenientes de algum lugar, fornecessem fornituras
aos selvagens ... afirma-se que sinais de torno estão presentes e que
isto é livre de todo engano. Afirma-se que estão: naturalmente não
podemos aceitar que algo não seja passível de gngano. Em Rept.
Smithson. Inst., 1 881-619, já a notícia de Charles C. Jones acerca
de duas cruzes de prata encontradas na Geórgia. Trata-se de cruzes
finamente trabalhadas, altamente ornamentadas, mas não são cruci­
fixos convencionais: todos os braços são de igual comprimento. O
senhor Jones é um bom positivista ... convencido que De Sota tenha-
se firmado exatamente no “ponto preciso” em que foram encontra­
das estas cruzes. Mas o espírito da negatividade que se aninha em to­
das as coisas dadas como “precisas” se encontra no fato que sobre

142
uma destas cruzes há uma inscrição que não tem nenhum significado
em espanhol, nem em nenhuma outra língua conhecida na Terra:
“IYNKICIDU”, segundo o Sr. Jones, o qual pensa que este
seja um nome de som aborígene, ainda que diga que tenha pensado
nos longínquos Incas: e que o doador espanhol tenha gravado sobre
a cruz o nome de um índio ao qual havia sido presenteada. Mas se
formos observar as inscrições, veremos que as letras que deveríam ser o
“C” e o “D”, estão voltadas em direção errada, e que a letra “K”
não só está escrita no sentido contrário, como também de cabeça para
baixo.
É difícil aceitar que as notáveis e extensas minas de cobre na
região do Lago Superior tenham sido obra dos aborígenes america­
nos. Não obstante, na surpreendente extensão destas minas nunca se
encontrou nada que indicasse que esta região fosse habitada por
residentes fixos. "... não foi encontrado nenhum sinal de habita­
ção, sequer um esqueleto; sequer um osso”. Os índios não têm nenhu­
ma tradição que se relacione com as minas; (Amer. Antiquarian,
25-258). Creio que tenhamos tido visitantes: e que estes tenham vin­
do procurar cobre, por exemplo. E quanto aos outros vestígios de en­
tão ... então nos chocamos com a freqüência de um ponto de fusão
que antes não aparecia comumente:
A fraude.
Cabelos chamados cabelos verdadeiros ... e depois vêm a ser
perucas. Dentes tidos como verdadeiros ... e depois são dentaduras.
Dinheiro oficial ... dinheiro falso. É o veneno da pesquisa psíquica.
Se há fenômenos psíquicos, devem ser fenômenos psíquicos fraudu­
lentos. A minha versão pessoal é que: nada indica nenhuma determi­
nação decisiva, porque, em sentido decisivo, nada há que deva ser
indicado. Tudo o que é chamado verdadeiro deve fundir-se indis-
tintamente em algo que é chamado falso. Ambos são expressões
de uma mesma coisa e são contínuos. Os objetos antigos falsos são
comuns, mas não são menos comuns os quadros falsos.
W. S. Forest, Historical Sketches of Norfolk, Virgínia:
A setembro de 1 833, enquanto alguns operários estavam exe­
cutando sondagens perto de Norfolk, procurando água, foi assinalada
na superfície uma moeda a uma profundidade de cerca de 10 m.
Tinha as dimensões de um xelim inglês, mas era oval ... um discozi-
nho oval, se não uma moeda. O desenho era claro e representava
“um guerreiro ou um caçador com outros personagens, claramente
de origem romana”.
O sistema de excluâão provavelmente diría ... homens esca­
vando um buraco, nenhum controle, um desses deixa cair uma
moeda, enquanto onde podería ter procurado uma moeda tão
insólita, notável até pela forma ... deixou-se perder. E eis que a

143
moeda volta a lume ... com as expressões de espanto por parte do
maldoso que a deixou cair. De qualquer modo os antiquários perde­
ram esta moeda. Não chegaram a encontrar o menor vestígio dela.
Outra moeda. E ainda um pequeno estudo acerca da gênese
de um profeta.
No American Antiquarian, 16-313, aparece um artigo de um
correspondente do Detroit News, acerca de uma moeda de cobre com
as dimensões de uma moeda de dois cêntimos, que se afirma ter sido
encontrada em um túmulo em Michigan. O diretor limita-se a dizer
que não confirma a descoberta. Acerca dessa base frágil, afirma-se
no número seguinte do Antiquarian:
“Como havíamos previsto, a moeda revelou ser um engodo.”
Pode-se imaginar a vergonha de Elias, ou de qualquer outro
dos velhos profetas mais quase reais.
Ou ainda todas as coisas são submetidas a juízo pelo único tipo
de jurisprudência que temos na quase-existência:
Inocentes até que sejam condenados ... mas culpados.
O raciocínio do diretor é um raciocínio fantasma como o meu,
ou como o de São Paulo ou de Darwin. A moeda foi condenada por­
que proveio da mesma região em que, alguns anos antes, tinham chega­
do louças que foram definidas como falsas. As louças foram condena­
das porque eram condenáveis.
Scientific American, 17 de junho de 1 882:
Um agricultor em Cass County, Illinois, havia recolhido em sua
fazenda uma moeda de bronze que foi enviada ao professor F. F.
Hilder de St. Louis, que a identificou como sendo uma moeda de
Antíoco IV. Afirmou-se que a inscrição era feita em grego antigo
e que traduzida dizia: “Rei Antíoco Epifanos, o Vitorioso”. Parecia
tudo muito preciso e convincente mas esperam-se outras traduções.
No American Pioneer, 2-169, são apresentadas duas faces de
uma moeda de cobre, de características muito similares àquelas apre­
sentadas sobre a pedra de Grave Creek ... da qual nos ocuparemos
brevemente, tendo em vista as traduções. Afirmou-se que esta moeda
foi encontrada em Connecticut em 1 843.
Records of the Past, 12-182:
Em princípios de 1 913 assinalou-se a descoberta de uma moeda
dada por romana em túmulos de Illinois. Foi enviada ao Dr. Emerson
do Institute de Chicago. A sua opinião foi de que a moeda fosse uma
“rara cunhagem de Domício Domiciano, Imperador do Egito”. Quan­
to á sua descoberta em um túmulo de terra em Illinois, Emerson decli­
na toda responsabilidade. Mas o que me espanta é que um burlador
não tenha se sentido satisfeito com uma moeda romana vulgar. Procu­

144
rou uma moeda rara, Deus sabe onde, tendo em vista que jamais foi
dada como retirada de qualquer coleção. Examinei suficientemente
as revistas de numismática para saber que o vaivém de toda moeda
rara para a posse de qualquer um é conhecido por todos os coleciona­
dores. Parece-me que não há outra saída senão afirmar que esta é
outra “identificação”.
Proc. Amer. Phil. Soc., 12-224:
Em julho de 1 871, recebera-se uma carta do senhor Jacob W.
M. Moffit, de Chillocothe, Illinois, que incluía fotografias de uma
moeda que dizia ter encontrado na superfície enquanto fazia sonda­
gens a 120 pés (40 m) de profundidade.
Naturalmente, segundo os padrões científicos habituais uma
tal profundidade tem uma significação extraordinária. Paleontólogos,
geólogos e arqueólogos consideram razoável sustentar a antiguidade
de coisas sepultas em tão grande profundidade. Limitamo-nos a acei­
tar: a profundidade é apenas um pseudo-padrão para nós; um terremo­
to poderia fazer afundar a 120 m mesmo uma moeda de cunhagem
recentíssima.
Segundo o autor que escreve nos Proceedings, a moeda possui
espessura uniforme e não tinha sido forjada a marteladas pelos selva­
gens, mas ... “objetos fabricados por máquinas”.
Mas segundo o professor Leslie, essa é um amuleto astrológico.
“Sobre a moeda podem ser vistos os signos de Peixes e de Leão.”
Ou ainda, não observando os detalhes adequados, podem ser
encontrados os signos de sua avó, ou da Cruz, ou dos maias, em
qualquer coisa proveniente de Chillicothe ou de um grande magazine
de liquidações. Tudo que se assemelha a um gato, a um peixinho
vermelho assemelha-se aos símbolos de Leão e. de Peixes, mas com
as devidas supressões e distorções, não existe nada que não possa ser
tomado semelhante a um peixe vermelho ou a um gato. Chego a
temer que estejamos nos tornando irritantes a esse respeito. Sermos
danados por gigantes adormecidos e por interessantes meretrizes
e bufões de fama é pelo menos suportável para nossa vaidade; mas,
achamos que os antropólogos fazem parte da divisão malfadada do
divino, ou de um arcaico jardim da infância da intelectualidade e é
muito pouco lisonjeiro descobrir uma congregação de crianças mofa­
das, sentadas a cuspir sentenças contra nós.
Leslie acha arbitrário - tanto quanto o seria a afirmação de que
a Ponte de Brooklyn se encontra onde está porque ali foi colocada
por um brincalhão - a suposição de que “à moeda tenha sido coloca­
da ali para fazer uma brincadeira de mal gosto, ainda que não por
parte do atual proprietário e sustenta que é de fabricação moderna,
do século dezesseis, provavelmente de origem hispano-americana ou
fr anco -americana. ’ ’

145
Esta é uma tentativa nua e crua de tentar assimilar que pode ou
não ter caído do céu com fenômenos extraídos do sistema antropo­
lógico: com os primeiros exploradores franceses ou espanhóis. Ainda
que seja ridículo em sentido positivo fornecer razões, é mais aceitá­
vel fornecer razões mais quase-reais que as razões opostas, natural-
mente, em seu favor, observamos que Leslie atenua suas idéias. Mas
o que deixa passar despercebidamente é de não permitir outra possi­
bilidade que a origem francesa ou espanhola para esta moeda. Uma
lenda a indica como intermediária entre o árabe e o fenício sem ser
nem uma coisa ou outra. O professor Winchell (Sparks from a Geo-
logist’s Hammer, p. 170) relativamente aos rústicos desenhos sobre a
moeda, que estava em sua posse, desenhos de um animal e de um
guerreiro, ou de um gato e um peixe vermelho, segundo a conveni­
ência, sustenta que não foram rtem impressos nem gravados mecani­
camente, mas “parecia que haviam sido corroídos com ácido”. Este
é um método desconhecido da numismática terrestre. Quanto á
rusticidade de seu desenho, sobre esta moeda, e a algo mais - ou seja,
que, se bem que o “guerreiro” realmente lá esteja, ou um gato, ao
invés de peixinho vermelho, devemos assinalar que o seu cocar é
característico dos índios americanos - isto pode, naturalmente, ser
explicado, mas por medo de ser trasladado instantaneamente para o
Absoluto Positivo, que também podería não ser desejável, preferimos
que sejam apenas pontos fracos ou negatividades em nossas afirma­
ções.
Dados mais que três vezes malditos:
Tábuas de pedra com inscrições em cima dos dez mandamentos,
em hebraico, foram, ao que parece, encontradas, nos Estados Unidos.
Emblemas maçônicos parecem ter sido encontrados em túmulos
dos Estados Unidos.
Encontramo-nos nas linhas limítrofes de tudo quanto esta­
mos dispostos a aceitar e estamos amorfos quanto à incerteza e fusões
de seu contorno. Por convenção, ou, quiçá, sem nenhuma razão verda­
deira para fazer isto, excluímos estas coisas, e depois, muito embora
grosseira, arbitrária e irracionalmente, se bem que nosso esforço
seja sempre aquele de se aproximar de modo a afastar-se destes estados
negativos, de Kepler, Newton e Darwin ao fazerem suas opções, sem
o que nem chegariam a existir, porque se vê agora que nada disso é
ilusão - aceitamos que outras coisas com coisas escritas tenham sido
encontradas nos túmulos dos Estados Unidos. Naturalmente, fazemos
todo o possível para que a escolha não apareça assim tão grosseirona,
arbitrária e irracional. Portanto, se aceitamos que coisas de origem
antiga com coisas escritas em cima foram descobertas nos Estados
Unidos, e que isso não pode ser atribuído a nenhuma raça indígena
do hemisfério ocidental, e que a escrita não seja em nenhuma língua
que já tenha sido falada no hemisfério oriental ... não resta nada a

146
fazer senão nos transformarmos em não-Euclideanos e procurar
conceber um “terceiro hemisfério” ou aceitar que tenha ocorrido
uma interpenetração entre o hemisfério ocidental e qualquer outro
mundo.
Mas há uma peculiaridade relativamente a estes objetos com
inscrições. Essas me recordam os apuntes deixados por Sir John
Franklin no Ártico, mas também as tentativas feitas por expedições
de socorro para entrar em contato com a expedição Franklin. Os
exploradores perdidos esconderam seus apontamentos ... ou melhor,
foram escondidos, de modo que ficassem plenamente visíveis nos
túmulos. As expedições de socorro lançaram ao ar balões, dos quais
encheram a área de mensagens. Temos também dados acerca de
coisas escondidas e de coisas que foram deixadas cair do ar.
Ou uma Expedição Dispersa ... de qualquer lugar.
Exploradores oriundos de qualquer lugar, e sua incapacidade
de voltar ... então, uma longa, sentimental e persistente tentativa,
no mesmo espírito da nossa expedição de socorro ártico ... se não
para estabelecer um contato ...
E se houvesse sucesso?
Pensamos no caso da índia - onde milhões de nativos são
governados por um pequeno grupo de esoteristas - somente porque
estes recebem ajuda de algum lugar ou ... da Inglaterra.
Em 1 838, o Sr. A. B. Tomlinson, proprietário do grande tú­
mulo de Grave Creek, no oeste da Virgínia, fez escavações no túmulo.
E disse que encontrou na presença de testemunhas uma pequena pedra
chata oval - ou um disco - na qual encontravam-se inscrições alfabé­
ticas.
O coronel Whittelsey, um especialista nesta área, sustenta que
a pedra é enfim “universalmente considerada uma fraude pelos arqueó­
logos” e que segundo ele, o senhor Tomlinson havia sido enganado.
Averbury, Prehistoric Times, p. 271:
“Não digo nada a respeito porque este assunto foi objeto de
muitas discussões, mas em geral é considerado uma embrulhada.
Essa apresenta caracteres hebraicos, mas o falsificador copiou a forma
moderna em lugar das arcaicas, das letras.”
Como eu já disse, aqui nos sentimos tão irritados sob a opressão
dos antropólogos, quanto os escravos do sul nos confrontos da superi­
oridade por parte dos “pobres esfarrapados brancos”. Quando final­
mente invertemos nossas posições destinaremos o posto mais inferior
para os antropólogos. Um doutor Gray pelo menos vê um peixe antes
de indicar-lhe uma origem miraculosa. Portanto deveremos postar o
Lord Averbury bem abaixo dele se aceitamos que a pedra de Grave
Creek seja geralmente considerada uma fraude por parte das eminen

147
tes autoridades que não a distinguem de nenhum outro produto ou
pela indiferença deliberada ou pela ignorância ou pela fadiga. Esta
pedra pertence a uma classe de fenômenos que são projetados do Sis­
tema. Não querem ser assimilados pelo Sistemà, Deixemos que um
objeto desta classe chegue ao conhecimento de uriijsBstematizador da
importância de um Averbury e o simples fato de ouvi-lo falar já repre­
senta um estímulo para a reação convencional como o é um corpo
dotado de carga elétrica nas experiências com eletroscópio ou um
copo de cerveja para um provador. Faz parte dos ideais da Ciência
distinguir um objeto de um outro antes de exprimir uma opinião qual­
quer, mas este não é o espírito da mecânica universal:
Uma coisa é atrativa ou repulsiva e é seguida por sua reação
convencional.
Por que não é a pedra de Grave Creek que traz incisos caracte­
res hebraicos modernos, antigos ou qualquer outra coisa: mas é uma
pedra proveniente de Newark, Ohio, da qual se conta que um falsário
cometeu o erro de usar caracteres hebraicos modernos misturados aos
antigos. Veremos que a inscrição sobre a pedra de Grave Creek não
é em hebraico.
Ou seja, todas as coisas são presumidas inocentes, mas são
consideradas culpadas ... a menos que não se deixem assimilar.
O coronel Whittelsey (Western Reserve Historical Tracts, 33)
afirma que a pedra de Grave Creek foi considerada falsa por parte
de Wilson, Squire e Davis. Depois ocorreu o Congresso dos Arque­
ólogos de Nancy, na França em 1 885. É duro para Whittelsey admitir
que neste Congresso que parece importante a pedra foi tomada em
alta consideração. Isto nos recorda Symons e o “homem” que “pen­
sou” ter visto algo. A posição um tanto “incômoda” de Whittelsey,
é que o descobridor da pedra “impôs de tal forma o seu ponto de
vista” ao congresso, que a pedra foi considerada autêntica.
A pedra também foi examinada por Schoolcraft. Também ele
se pronunciou pela autenticidade.
Ou então, há um único processo, e o movimento oscilante é
apenas um de seus aspectos. Três ou quatro grandes entendidos de
uma parte, contra nós. Encontramos quatro ou cinco a nosso lado.
E tudo o que definimos lógica e racionalmente se redsz simplesmente
a uma diferença de peso.
Então poucos filólogos se pronunciaram a favor de sua genui-
nidade. Nenhum deles traduziu a inscrição. Naturalmente, como
dissemos, faz parte de nosso método - ou do método da ortodoxia -
o modo pelo qual todas as conclusões vêm a ser reunidas - ter do
nosso lado, sempre que seja possível, alguma autoridade terrivelmente
eminente ou extraordinariamente gorducha — neste caso, todavia,
experimentamos uma ligeira apreensão em sermos surpresos numa
companhia tão excelentemente obesa, mas um tanto negativa.
148
t 5
J -}• 9'9 9» á>-
Tradução do sr. Jombard:
“As ordens são leis; resplendes em impetuoso impulso como
rápida cabrit^”
Maurice Sçhwab;
“O chefe da Imigração que atingiu este lugar (ou esta ilha)
fixou para sempre estes caracteres.”
Oppert: .
“A tumba de um assassinado. Que Deus, para vingá-lo, possa
atingir seu assassino, cortando-lhe a mão da existência.”
Prefiro a primeira. Dá-me uma impressão tão vivida quanto
brilho metálico ou algo do gênero de uma urgência assustadora.
Naturalmente, a terceira é mais dramática ... mas são todas muito
boas. São perturbações recíprocas, imagino.
No Tract n.° 44, Whittelsey retorna ao assunto, relatando a
conclusão do Major de Helward ao Congresso de Luxemburgo em
1 877:
“Se eu e o professor Read chegamos a concluir que estes sinais
não fazem parte da língua rúnica, fenícia, cananita, hebraica, líbia
ou de qualquer outra língua alfabética, a sua importância teria sido
grandemente exagerada.”
Claro para uma criança, claro para qualquer criança que não
esteja desesperadamente submetida ao sistema:
Que exatamente nisto reside a importância deste objeto.
Afirma-se que a finalidade de uma ciência seja descobrir o
riovo ... mas que se uma coisa não faz parte do velho, “não é impor­
tante”.
“Não vale a pena tomá-la em consideração.” (Hovey)
Então surge a acha coberta de inscrições, ou a cunha, que foi
relatada pelo Dr. John C. Evans, em contato com o American Ethno-
logical Society, como surgindo pela ação de um arado nas proximida­
des de Pemberton, em New Jersey, em 1 859. Os caracteres gravados
nesta acha, cunha, são espantosamente semelhantes aos caracteres
encontrados na pedra de Grave Creek. Por outro lado, relegando a
segundo plano um detalhe aqui, outro lá, parecem pegadas deixadas
nas neves por alguém que alçou os cotovelos, ou como a vossa, a
minha, caligrafia quando pensamos que haja uma certa distinção na
ilegibilidade. O método do descuido: uma coisa é qualquer coisa.
O doutor Abbot descreve esse objeto no Report of the Smithso-
nian Instituíe, 1 875, 260.
Disse para não acreditar em nada, absolutamente.
Todo progresso vai do absurdo ao normal. Ou ainda, a quase-

149
existência gira entre a violência e o acalanto. Foi muito interessante
para mim examinar vários periódicos de longa fama e notar contro­
vérsias entre as tentativas dos positivistas e os enunciados intermedia-
ristas. Audazes e maldosos intrusos na teoria, malfeitores das inten­
ções desonrosas ... os alarmes da Ciência, as suas tentativas de preser­
var aquilo que lhe é mais caro que a própria existência - a submis­
são - e uma fidelidade do tipo daquele da senhora Micawber (NT -
Personagem do David Copperfield). São tantos estes malfeitores ou
comediantes vagabundos que são odiados, destruídos, combatidos,
abraçados, convencionalizados. Não há um fato mais terrível e ridí­
culo que aquele da presença de pegadas humanas na rocha, quando se
ouve pela primeira vez falar daquele palhaço ou canastrão ora elevado
à preeminência de dado digno de respeito. Provocou-se a perplexidade
daqueles cujos interesses não são científicos que devem presenciar
tais litígios por tais tolices; mas a sensação de um sistematizador nas
análises de um tal intruso é a mesma que teria qualquer um que visse
um vagabundo entrar em nossa casa para sentar à nossa mesa e susten­
tasse que aquele é seu lugar de direito. Sabemos o que pode fazer
a hipnose: deixemos que insista com toda força que aquele é seu
posto e finalmente poderá suspeitar que tenha realmente razão e que
possua uma percepção mais alta daquilo que é justo. Os proibicio-
nistas elaboraram mui habilmente este conceito.
Assim sucedeu relativamente à dissenção ocorrida com a pedra
de Grave Creek ... exceto pelo momento e pela quantidade, e o pró­
prio fator que temos em tanta consideração, isto é, a potência da
massa de dados. Existem outros relatos acerca de pedras gravadas,
e depois, meio século após, alguns túmulos - ou esconderijos como
os chamamos, foram abertos pelo reverendo Gass, nas proximidades
da cidade de Davenport (American Antiquarian, 15-73). Encontra­
ram-se tabuinhas de pedra semelhantes. Numa destas são claramente
distinguíveis as letras “TFTOWNS”. Neste caso não ouvimos falar
de fraude ... tempo, acumulação, potência da massa de dados. A
tentativa de assimilar este dado é feita por:
Que a tabuinha era provavelmente de origem mórmon.
Por quê?
Porque em Nendon, Illinois, fora encontrado um pedaço de
latão em que existiam caracteres similares.
Por que isto?
Porque esta fora encontrada “na vizinhança de uma casa ocupa­
da durante algum tempo por um mórmon”.
Numa verdadeira existência, um verdadeiro meteorologista, sus­
peitando que resíduos de lenha carbonizada fossem oriundos de uma
locomotiva, teria interrogado a um foguista.
As tabuinhas de Davenport ... não se sabe de nenhuma notí­

150
cia de que algum estudioso tenha pensado em solicitar esclarecimentos
a algum mórmon.
Foram encontradas outras tabuinhas. Numa dessas, aparecem
três vezes ‘F’ duplos e ‘8’ duplos e a cifra ou letra lO’ sete vezes.
"Com estes caracteres familiares temos outros que se assemelham a
antigos alfabetos: fenício e caldaico.”
Pode ocorrer, quem sabe, que a descoberta da Austrália, por
exemplo, se demonstre menos importante que a descoberta e o signi­
ficado destas tabuinhas ...
Mas onde se podería ler a respeito delas em alguma das publica­
ções subseqüentes? Que estudioso tentou compreendê-las e compreen­
der a sua presença, e as indicações da antiguidade em uma terra de
que se disse ter sido habitada apenas por selvagens incultos?
Estas coisas foram exumadas apenas para serem sepultadas de
qualquer outro modo.
Uma outra tabuinha foi encontrada em Davenport pelo senhor
Charles Harrison, presidente da American Antiquarian Society.
"... nesta tabuinha se encontra um oito e outros hieróglifos”. Ainda
desta feita não fala de fraude. Acredito que teria sido pouco espor­
tivo sequer invocá-la. Aceitai qualquer «coisa. Depois externai a opi­
nião que quiserdes. Qualquer coisa assimilável com apenas uma expli­
cação, deve possuir relações assimiláveis, até um certo ponto, com
todas as outras explicações, se todas as explicações são constante­
mente contínuas. Os mórmons voltam à baila mas a tentativa é fraca
e desesperada ... "porque as circunstâncias gerais tornam difícil
explicar a presença dessas tabuinhas”.
No conjunto, a nossa resistência fantasma é uma simples atri­
buição aos mórmons sem procurar uma base para a atribuição. Pensa­
mos nas mensagens que choveram sobre esta terra e nas mensagens
escondidas nos túmulos sobre a terra. A semelhança com a situação
de Franklin é notabilíssima. É concebível que existam ainda esconde­
rijos não descobertos deixados por Franklin na esperança de que as
expedições de busca e socorro pudessem encontrá-las. Ora, atribuir
tais objetos aos esquimós seria tão incongruente quanto atribuir as
tabuinhas e as pedras gravadas aos aborígenes da América. Uma vez
ou outra levarei em conta o fato de que os túmulos de forma estranha
na terra foram construídos por exploradores provenientes de Qual­
quer Lugar que não mais podiam voltar, assim projetados para atrair
a atenção de qualquer outro mundo e que um grande túmulo em for­
ma de espada tenha sido descoberto na lua ... mas por agora pensa­
mos nos objetos com inscrições e ás suas duas possíveis significações.
Pequena e bizarra alma perdida, salva por um dos obituários do
American Journal of Science:
Uma notícia enviada por um correspondente ao Prof. Silli-

151
man, acerca de algo que havia sido encontrado num bloco de mármo­
re, em novembro de 1 829, proveniente de uma caverna nas proximi­
dades de Philadelphia (Am. J. Sei., 1-19-361). O bloco tinha sido
talhado em placa e com esse processo, afirmou-se, que surgiu uma
incisão na pedra, de cerca de uma polegada e meia por cinco oitavos
de polegada (4,2 por 1,5 cm). Uma incisão geométrica: nessa apare­
ciam duas letras altas bem claras como um “IU”; a única diferença
era que os ângulos do “U” não eram arredondados, mas em ângulo
reto. O artigo dizia que esse bloco era proveniente de uma profundi­
dade de setenta ou oitenta pés (21 ou 24 m) ... ou seja, se o dado
é aceitável, que estas letras foram inscritas há muitíssimo tempo
atrás. Para algumas pessoas, não satisfeitas com a simplicidade do
inacreditável que deve ser aceito, pode parecer grotesco pensar que
uma inscrição na areia possa ser recoberta por toneladas de areia e
endurecer-se até tornar-se pedra sem ser apagada ... mas as famosas
marcas encontradas ao pé do Nicaragua foram encontradas numa
caverna sob onze estratos de rocha sólida. Não houve nenhuma dis­
cussão acerca deste dado. Tiramo-lo fora apenas para arejá-lo um pou­
co.
Quanto ás pedras cobertas de inscrições que podem ter sido
lançadas sobre a Europa, se não podemos aceitar que tenham sido
gravadas pelos aborígenes europeus, muitas foram encontradas nas
cavernas ... para onde foram levadas por curiosidade ou para ornamen­
tação, pelos homens pré-históricos, acredito. Quanto às dimensões
e formas da pedra de Grave Creek ou disco que seja: “ chato, oval,
com cerca de duas polegadas (5 cm)”. (Sollas). Caracteres pintados:
encontrados pela primeira vez pelo senhor Piette, na caverna de Mas
d’Azil, Ariége. Segundo Sollas, marcadas com linhas vermelhas e
negras em diversas direções. “Mas em não poucas, encontraram-se
caracteres mais complexos, que em alguns casos imitam as letras
maiúsculas do alfabeto latino.” Num caso, as letras “FEI” são as
mais simples possíveis sem serem acompanhadas por nenhum outro
sinal que as modifiquem. Segundo Sollas (Ancient Hunters, pág. 95)
Cartailhac confirmou as observações e Boule encontrou outros exem­
plos. “Esses fornecem um dos mais obscuros problemas dos tempos
pré-históricos.” (Sollas).
Quanto aos esconderijos em geral, digo que são feitos com dois
objetivos: o de evidenciar e o de ocultar;-ou seja, que documentos
importantes são escondidos ou protegidos em construções muito
visíveis; pelo menos neste sentido foram construídos os túmulos de
pedra no Ártico.
Trans. N. Y. Acad. ofSciences, 11-27:
O senhor J. H. Hooper, de Bradley County, no Tennessee,
depois de ter encontrado uma pedra curiosa nos bosques de sua fa­
zenda, decidiu investigar. Escavou. Descobriu um muro. Neste muro

152
encontravam-se muitos caracteres alfabéticos. “872 caracteres foram
examinados, muitos desses são duplicatas e outros são imitações de
formas de animais, da lua e outros objetos. As imitações casuais dos
alfabetos orientais são numerosas.
A parte que me parece significativa.
Que essas letras tenham sido ocultadas sob uma camada de ci­
mento.
E ainda, em nossa heterogeneidade, ou indisponibilidade, ou
incapacidade de concentração nos seus interesses particulares, acei­
taremos - ou não - que, ainda que possa ter estado terra uma Colo-
nia Perdida ou uma Expedição Perdida, proveniente de qualquer parte
e visitantes extraterrestres que não puderam retornar, também aqui
estiveram outros visitantes extraterrestres que voltaram ... em perfeita
analogia com a Expedição de Franklin e os voos de Peary no Ártico ...
E um desastre que aconteceu com um de seu grupo ...
O botim que cai para fora de bordo ...
Os selos chineses na Irlanda.
Não as coisas de grandes olhos ansiosos encontradas no gelo,
às quais se ensina a manter em equilíbrio coisas sobre a ponta do
nariz ... mas selos com coisas escritas, com as quais fazer impressão.
Proc. Roy. Irish. Acad., 1 381:
Li um documento do senhor J. Hubard Smith, o qual descrevia
cerca de uma dúzia de selos chineses encontrados na Irlanda. Todos
são similares: cada um deles apresentava um cubo com um animal
em cima. “Afirma-se que os caracteres presentes pertencem a um
grupo muito antigo de caracteres chineses.”
Os três pontos que fizeram deste dado um leproso e um excluí­
do.
... Mas apenas nos sentido de uma total indiferença, posto
que não tenho notícia de que tenham sido discutidos em alguma par­
te:
Concordância entre os geólogos de que não tenha havido no
passado distante relações entre a china e a Irlanda;
Que nanhum outro objeto, proveniente da China Antiga -
praticamente, creio - foi encontrado na Irlanda.
A grande distância em que foram encontrados esses selos um
relativamente ao outro.
Segundo as pesquisas de Smith - se realmente pesquisou e não
se limitou a coletar indicações - muitos outros selos chineses foram
encontrados na Irlanda e, com uma exceção, apenas na Irlanda.
Em 1 852 foram ali encontrados cerca de 60. De todas as descober­

153
tas arqueológicas ocorridas na Irlanda, “nenhuma está envolvida em
mistério maior”. (Chamber’s Journal, 16-364). Segundo o autor
do Chambers’ Journal um destes selos foi encontrado num antiquá-
rio de Londres. Interrogado acerca da origem, o comerciante respon­
deu que o objeto viera da Irlanda.
Se neste caso, não se recorre instintivamente á nossa posição
não há nenhuma explicação ortodoxa para vossa preferência. Além
do fato estupidificante de que tenham sido esparramados em toda a
parte, por campos e florestas o que fez calar a todos aqueles qúe ten­
tavam dar explicações. Nos Proceedings of the Royal Irish Academy,
10-171, o doutor Frazer afirma que “parecem ter sido disseminados
em todo o país num modo estranho para o qual não temos condições
de oferecer uma resolução”.
A luta pela expressão de um conceito que não pertencia à
era de Frazer:
“A invariável estória da sua descoberta é aquela que poderi­
amos esperar se tivessem caído de algum lugar acidentalmente ... ”
Três foram encontrados em Tipperary, seis em Cork, três em
Down; quatro em Waterford; todos os outros ... um ou dois por
condado.
Mas um desses sinetes chineses foi encontrado no leito do rio
Boyne, nas vizinhanças de Clonard, em Meath, onde os operários
estavam retirando pedrisco.
Este, se não outro, tinha sido deixado cair lá dentro.

154
XII
ASTRONOMIA

Um guarda noturno que guarda meia dúzia de lâmpadas onde


a estrada foi construída no ar ...
Lâmpadas a gás e a querosene e elétricas no quarteirão: fósforos
que se acendem, fogo nas estufas, labaredas, casas que queimam em
algum lugar, faróis de automóveis, luminosos ...
O guardião e seu pequeno sistema.
Ética.
E algumas mocinhas e o caro velho professor de um seminário
universitário muito “escolhido”.
Drogas e divórcio e violência carnal, doenças venéreas, embria­
guez, homicídio ...
Excluídos.
O afetado e o preciso, ou o exato, o homogêneo, o singular,
o puritano, o matemático, o puro, o perfeito. Podemos ter ilusões
acerca deste estado ... apenas esquecendo suas infinitas negações.
Uma gota de leite imersa num ácido que a devora. O positivo opri­
mido pelo negativo. E isso acontece na intermediaridade onde “ser”
apenas positivo significa gerar uma correspondente e igual negativi-
dade. Segundo nossos conceitos, isso, na quase-existência, é uma
premonitória, ou pré-natal, consciência que precede ao despertar da
verdadeira existência.
Mas esta consciência da realidade representa a maior resistên­
cia aos esforços de compreender ou tornai real ... porque dá a sensa­
ção que a realidade tenha sido obtida. O nosso antagonismo não se
volta contra a Ciência, mas contra o comportamento das Ciências que
finalmente chegaram a ser estabelecidas; ou á fé em lugar da aceitação;
á insuficiência que, como vimos repetidamente, reduz-se à vacuidade
e á puerilidade dos dogmas científicos e dos seus padrões de medida.
Ou seja, se diversas pessoas partem para Chicago e chegam a Buffalo

155
e uma dessas acredita que Buffalo é Chicago, aquela representará um
empecilho para o progresso das demais.
Assim também acontece com a astronomia e seu pequeno sis­
tema aparentemente exato ...
Mas temos dados acerca de mundos esféricos e de mundos
fusiformes, de mundo com forma de rota, de mundos com formas
semelhantes a foices titânicas, mundos coligados por um mar de fila­
mentos, mundos solitários e ordens de mundos, mundos enormes e
mundos minúsculos; alguns destes constituídos com o mesmo material
que a Terra e outros que são superestruturas geométricas feitas com
ferro è aço...
E não temos precipitações celestes de cinzas e madeira carboni­
zada tão-somente, nem apenas de fuligem e substâncias betuminosas
que sugerem a idéia de combustível ... mas também de massas
de ferro que caíram sobre a terra.
Resíduos, pedaços e fragmentos de imensas construções de
ferro ...
Ou de aço. Cedo ou tarde deveremos dizer que caíram fragmen­
tos de aço do céu. Fragmentos não de ferro, mas de aço caíram do
céu ...
Mas o que aprenderia um peixe de profundidade, ainda que se
devesse cair e bater-lhe contra o nariz uma chapa de aço de uma nave
naufragada acima dele?
A nossa imersão num mar de convencionalidade de densidade
quase impenetrável.
Por vezes sou um selvagem que encontrou algo na praia de
sua ilha. Por vezes sou um peixe de profundidade com o nariz dolo­
rido.
O maior dos mistérios:
Por que não vêm até aqui, ou não mandam para cá os objetos,
abertamente?
Naturalmente não havería nisto nada de misterioso se não levás­
semos tão a sério o conceito de ... sermos forçosamente interessantes.
Provavelmente foi por razões morais que se mantiveram e mantém ao
largo ... mas ainda assim, devem ser depravadas entre si, também.
Ou ainda por razões físicas:
Quando consideramos particularmente este aspecto, uma das
nossas idéias dominantes, ou crença, é que a aproximação de nosso
mundo de um outro, seria catastrófica; que os mundos navegáveis
evitam a vizinhança; e que os outros que são sobreviventes tenham se
organizado numa distância protetora, ou em órbitas que se aproximam
regularmente, ainda que jamais no ponto geralmente imaginado.

156
Mas eis a persistência da idéia de que devemos ser interessantes.
Insetos e germens e coisas do gênero são interessantes para nós;
alguns desses são muito interessantes.
Os perigos da aproximação ... todavia os nossos navios que não
ousam aventurar-se a atracar numa costa rochosa enviam barcos a
remo pelos rios.
Por que não devem ser estabelecidas relações diplomáticas entre
Estados Unidos e Cyclorea, que em nossa astronomia avançada é o
nome de um mundo notável com o formado de roda ou uma super-
estrutura? Por que não são enviados diretamente para cá missionários
para extirpar nossas bárbaras proibições e outros tabus e preparar o
caminho para um florescente comércio de ultras-bíblias e super-
whiskey, obtendo verdadeira fortuna vendendo super-refinações de
refugo sobre as quais nos lançaremos assim como se arremessa um
chefe africano sobre um chapéu de seda velho proveniente de Nova
Iorque ou Londres?
A resposta que me ocorre é tão simples que me parece imediata­
mente aceitável, se aceitamos que o óbvio é a solução de todos os pro­
blemas, ou se a maior parte de nossa perplexidade consiste em elabo­
rar laboriosa e dolorosamente aquilo que é sem resposta, para depois
procurar a resposta ... usando convencionalmente palavras como-
"óbvio” e “solução”.
Ou ainda:
Faríamos isso, se pudéssemos, nós, porcos instruídos e sofisti­
cados, ocos e estúpidos?
Penso que somos propriedade de outrem.
Direi que pertencemos a alguma coisa:
Que certa feita esta terra era uma Terra de Ninguém e que
outros mundos a exploraram e a colonizaram e combateram entre si
para obter a posse, mas que atualmente é possuída por alguma coisa:
Que algo possui esta terra ... e todos os outros receberam um
aviso para se manterem à distância.
Ninguém, nos nossos tempos, talvez porque estou pensando
em apuntes que tenho em minha posse, jamais apareceu nesta terra
proveniente de qualquer outro lugar, com a mesma evidência com que
Colombo desembarcou em San Salvador, ou como Hudson subiu o
seu rio. Mas nas notícias de visitas clandestinas a esta terra, em tempos
recentes, ou nos casos de emissários, talvez, de outros mundos, ou
viajantes que tenham mostrado todas as intenções de fugir e evitar
isto aqui, temos dados que são tão convincentes quanto os que dispo­
mos acerca do petróleo ou superestruturas aéreas que queimam
carvão.

157
Mas neste vastíssimo assunto, eu também deverei executar
um vastíssimo trabalho de corte e desconsideração. Não vejo exata­
mente como poderia tratar totalmente do assunto do possível uso da
humanidade por outro tipo de existência, ou ainda da lisonjeira idéia
de que poderiamos valer alguma coisa.
Porcos, ocos e estúpidos.
Primeiro é preciso descobrir que somos possuídos.
Depois descobrir por que.
Acredito que, finalmente, sejamos úteis ... e que entre os recla­
mantes em luta, foi feito um acordo ou então que qualquer coisa
tinha direitos legais sobre nós, obtidos com a força ou pagando com
o equivalente dos colares de vidro aos nossos primeiros e mais primi­
tivos proprietários, depois de ter advertido a todos os outros para
que se afastassem - e que tudo isso é sabido há séculos por certos
habitantes da terra, de uma seita ou ordem, por membros que se
escondem de nós, ou que são superescravos ou controladores que nos
dirigem segundo instruções recebidas... de seja lá onde for., pela
nossa misteriosa utilidade.
Mas sustento que, no passado, antes que fosse estabelecida a
propriedade, os habitantes de uma coorte de outros mundos desceram
aqui, saltaram lá, flutuaram, velejaram, voaram, guiaram, caminharam
cá embaixo, por seja qual for o motivo, quer tenham sido atirados,
lançados, quer sozinhos ou em grupos enormes, que fizeram visi­
tas ocasionais ou periódicas para caçar, para comerciar, para sortir
seus haréns, para cavar minas, que não foram capazes de permanecer
aqui, que fundaram colônias, que foram perdidas, gente ou coisas mui­
to evoluídas, e gente, ou sejá lá o que fossem, premi ti va: brancos,
negros, amarelos. ..
Tenho um dado muito convincente de que os antigos bretões
eram azuis.
Naturalmente os antropólogos convencionais dizem que esses
simplesmente se pintavam de azul, mas segundo nossa antropologia
avançada, esses eram realmente azuis.. .
Annals of Philosophy, 14-51:
Indicação referente a menino azul nascido na Inglaterra.
E o atavismo.
Gigantes e fadas. Aceitamo-los naturalmente. Ou ainda, se nos
jactamos de sermos tão terrivelmente avançados, não sei como pode­
riamos suster nossa presunção sem voltar muito para trás. A ciência de
hoje... a superstição de amanhã. A ciência de amanhã... a superstição
de hoje.
Notícia de uma acha de pedra, 17 polegadas (42,5 cm) de com­

158
primento, largura da extremidade mais ampla 9 polegadas (22,4 cm)
(Proc. Soc. ofAntiqs. ofScotland, 1-9-184).
Amer. Antiquarian, 18-60:
Acha de cobre em um túmulo em Ohio, comprimento: 22 pole­
gadas (55 centímetros);peso: 38 libras (17 quilos).
Amer. Antropologist, ns. 8-229.
Acha de pedra encontrada em Birchwood, em Wisconsin, ex­
posta na coleção da Missouri Historical Society - encontrada com a
“extremidade pontiaguda espetada no solo” ... embora não pudesse
ter caído ali: comprimento 28 polegadas (70 centímetros), largura 14
(35 cm), espessura 11 (27,5 cm), peso 300 libras (135 quilos).
Ou ainda marcas de pé no arenito, proximidades de Carson, em
Nevada... cada uma com comprimento de 18 a 20 polegadas (45 a 50
cm) (Amer. Jour. Sei., 3-26-139).
Estas pegadas são muito claras e nítidas: são reproduzidas no
Journal... mas essas se assemelham ao Sistema, como o mel azedo aos
outros sistemas: assim o professor Marsh, um leal e pouco escrupo-
loso sistematizador sustém:
“As dimensões dessas pegadas e especialmente a distância entre
elas, entre a esquerda e a direita, são uma prova decisiva de que não
foram deixadas por homens como se aceitou até agora.”
Também aqui, estes são os exclusores. Estranguladores de Miner­
va. Desesperados pela indiferença. Acima de todos, ou abaixo de to­
dos, os antropólogos. Acode-me à mente um novo insulto... alguém
me ofende: eu desejo exprimir-lhe meu desprezo quase obsoluto por
ele... chama-o de antropólogo sistematizador. Mas sendo tão simples
de ler, uma coisa do gênero não causa tanta impressão como vé-la dire­
tamente: se alguém quiser ver estas marcas, aceitando as dificuldades
de chegar a fazê-lo, tais como são reportadas no Journal, sentir-se-á de
acordo com Marsh ou terá a impressão de que o querer negar o que
disse significará ter uma mentalidade tão profundamente escravizada
ao sistema como podería o humilde intelecto ser de um monge medie­
val. O raciocínio deste fantasma representativo daquilo que é esco­
lhido, ou das imagens espectrais que se põe a julgar ou condenar
aqueles de nós entre os mais quase-reais é:
Que não podem jamais ter existido gigantes na Terra, porque as
pegadas gigantescas são mais gigantescas que as marcas feitas por
homens que não são gigantes.
Encaramos os gigantes como ocasionais visitantes da Terra. Natu­
ralmente... Stonhenge é um exemplo. Pode ocorrer, que, com o passar
do tempo, sejamos forçados a admitir que são os restos de muitas
grandiosas habitações de gigantes nesta Terra e que seu aparecimento

159
por aqui foi mais que casual... mas os seus ossqs... ou aincja, a ausência
de seus ossos... S
Só que, não importa quanto a minha disposição póssa ser alegre
e pouco suspeitosa, quando vou ao American Museum óf Natural His-
tory, sinto surgir um cinismo obscuro quando chego aos fósseis... aos
velhos ossos que foram encontrados na Terra... ossos gigantescos...
que foram reconstruídos nos arcabouços terríveis mas “aceitáveis” dos
dinossauros... eis que desaparece minha alegria...
Foi um dodo. * *
Em um dos planos sob os fósseis construíram um dodo. Franca­
mente é uma simulação: assim é etiquetado... mas foi reconstruído tão
habilmente e de um modo tão convincente...
As fadas.
“As cruzes das fadas”.
Harper’s Weekly, 50-715
Nas proximidades do ponto em que o Blue Ridge desemboca no
Allegheny Mountains, ao norte de Patrick County, Virgínia, foram
encontradas pequenas cruzes de pedra.
Uma raça de seres minúsculos.
Crucificavam as baratas.
Seres esquisitos... mas eis a crueldade da esquisitice. Em seu
tamanho diminuto eram seres humanos. Crucificavam.
As “cruzes de fada” de que fala o Harpefs Weekly tem um peso
que varia entre 7 e 28 gramas, mas no Scientific American, 79-395,
afirmar-se que algumas dessas não são maiores que a cabeça de um
alfinete.
Foram localizadas em dois outros estados, mas todas as da
Virgínia foram encontradas precisamente na e ao longo da Bull
Mountain.
Vêm à mente os sinetes chineses na Irlanda.
Acredito que tenham caído ali.
Algumas são cruzes romanas, outras cruzes de St o. André, outras
ainda cruzes de Malta. Desta feita são apartados os contados com
antropólogos mas temos os geólogos, temo que o respeito pela nossa
mais refinada ou mais quase-real sensibilidade não será muito grande.
Os geólogos foram chamados para explicar as “cruzes das fadas”. O
seu modo de responder foi o conhecido tropismo científico... “Os geó­
logos disseram que eram de cristal”, o autor do artigo em Harper’s
Weekly evidencia que esta “imposição” ou anestésico, se a ciência
teórica é apenas uma pequena tentativa de mitigar a dor daquilo que
não é explicado, não chega a explicar a distribuição localizada daque­

160
les objetos... o que me faz pensar na agregação e na separação no fun­
do do mar; se objetos semelhantes devessem escapar de uma nave
naufragada em grande número, mas em momentos diversos.
Mas algumas são cruzes romanas, outras cruzes de Sto. André,
outras cruzes de Malta.
É concebível que possa ser um mineral que tenha uma diversida­
de de formas geométricas, restrita ao mesmo tempo a uma espécie de
forma em cruz, forque os flocos de neve, por exemplo, são diferentes,
mas são restritas, todos, à forma hexagonal, mas os geólogos culposa-
mente a sangue-frio como os astrônomos, os químicos e todos os ou­
tros peixes das profuiididades - se bem que menos profundamente
entre os pseudo-salvos que os miseráveis antropólogos — transcura-
ram este dado, que era importantíssimo omitir:
• Que as “cruzes de fadas” não são feitas, todas, de um mesmo
material.
É a mesma velha diferença, ou ainda é o mesmo velho tropismo
ou processo de assimilação. Os cristais têm forma geométrica. Os cris­
tais estão incluídos no Sistema. Então também as “cruzes de fada” são
cristais. Mas que minerais diferentes devam, em diferentes regiões, ter
sido inspirados a assumir diferentes formas da cruz... é o tipo de
oposição que chamamos de menos quase-reais de nossas posições.
Chegamos a coisas “malditas” que estão entre as perdidas mas
pela “salvação” das quais os missionários científicos deram o salto
mortal.
Os “sílex pigmeus”.
Não podem absolutamente ser negados.
Perdidos e conhecidíssimos.
Os “sílex pigmeus” são minúsculos equipos pré-históricos. Al­
guns deles tem dimensões de um quarto de polegada (0,6 cm). Ingla­
terra, índia, França, África do Sul - foram encontrados em muitas
partes do mundo - tenham ou não caído naquelas regiões.
Estão acima do rebotalho dos malditos: não foram negados e
não foram esquecidos, existe literatura abundante acerca deste assun­
to. Uma tentativa de racionalizar, de assimilar ou reconduzir ao âmbi­
to científico foi estabelecida através da idéia dé que fossem brin­
quedos de crianças pré-históricas. Parece-me razoável. Mas natural­
mente, com a palavra razoável queremos nos referir àquilo para o que
não foi descoberto o igualmente razoável, porém oposto... exceto que
modificamos isto dizendo que, se bem que não haja definitivamente
nada de razoável, alguns fenômenos aproximam-se mais da Racionali­
dade que outros. Contra a idéia dos brinquedos, a maior aproximação
está no fato de que onde foram encontrados os “sílex pigmeus” todos
os sílex são anões... pelo menos é o que acontece na índia, onde,

161
quando no mesmo lugar em que foram encontrados os “sílex pig­
meus” foram encontrados instrumentos maiores, estes encontravam-se
em outros estratos (Wilson).
O dado que, no momento, me leva a aceitar que estes seixos
tenham sido trabalhados por seres da dimensão de um picles, é um
ponto evidenciado pelo professor Wilson (Rept. National Museum)
(1992-455):
Não apenas os seixos são minúsculos, mas também os entalhes
são minúsculos.
A luta mental de um habitante do século XIX para expressar
uma idéia que não pertence à sua época:
Em Science Gossip, 1896-36, R.A. Galty diz:
“Os entalhes são tão finos que para distinguir o trabalho é pre­
ciso usar uma lente de aumento.”
Creio que isto seria absolutamente convincente se houvesse al­
go - uma coisa qualquer - que indicasse que minúsculos seres, do
tamanho de um picles ou de um pepino, tenham feito esses objetos,
ou que selvagens comuns o tivesse feito servindo-se de lentes de au­
mento.
A idéia que queremos desenvolver, ou perpetrar, pertence mais
intensamente às idéias malditas ou progressistas. Alma perdida, o ad­
mite, ou vanglorio, mas muito adequada. Ou ainda, convencional
como sempre, nosso método é científico, o método da assimilação.
E de fato assimila se pensarmos nos habitantes de Elvera...
A propósito, esqueci-me de identificar o nome do mundo dos
gigantes: Monstrator.
Um mundo fusiforme... com 100 000 milhas de comprimento
(160000 km) em seu eixo maior .... outros detalhes mostrados mais
á frente.
Mas nossa inspiração inicialmente é bastante adequada, se pensa­
mos que os -habitantes de Elvera tenham vindo até aqui apenas em visi­
ta : chegando em densas hordas como nuvens de morcegos em busca de
caça... direi de início: abelhas provavelmente... ou mais provavelmente
ainda, ou inevitavelmente, para converter os pagãos que... se horrori­
zam ao pensar que algum deles pudesse comer mais de um favo por
vez temerosos pela alma de seres que tomavam mais de uma gota de
álcool por vez ... ordens de pequenos missionários decididos a fazer
prevalecer a justiça e que decidiam o que era justo em termos de sua
pequenez.
Devem ter sido os missionários.
Somente o ser é o ato de converter ou assimilar qualquer outro.
A idéia agora é que minúsculas criaturas vieram até aqui de seu

162
pequeno planeta que podería ser Eros, embora eu o chame de Elvera,
passaram rapidamente do esquisito ao enorme... uma bocarra de um
animal terrestre de pequenas dimensões... meia dúzia desses seres apa­
nhados e digeridos. Algo cai em um filete d’água e é transportado por
uma potente corrente...
Aqui nada há senão o convencional. De Darwin, citamos:
“Os dados geológicos são incompletos.”
Os seus sílex sobreviveram, mas quanto a seus corpos frágeis...
mais vale procriar arabescos nas geleiras pré-históricas. Um pequeno
golpe de ar e um Elvereano transportado a centenas de metros... o cor­
po nunca mais sendo encontrado por seus companheiros. E esses
choraram o amigo. O sentimento convencional que se conhece: cho­
raram. Deve ter acontecido um funeral: não há como fugir aos fune­
rais. Assim adoto uma esplicação que adoto de um antropólogo: sepul-
tamento simulado. Claro, os Élverianos só voltariam a esta terra mui­
tos anos depois - uma outra dolorosa ocorrência - um pequeno mau­
soléu para todos os sepultamentos simulados.
Times de Londres, 10 de julho de 1836.
Nos primeiros dias de julho de 1836, alguns rapazes estavam
procurando tocas de coelho na formação rochosa das proximidades
de Edimburg conhecida como Arthufs Seat. No flanco de um pro­
montório encontraram finas lascas de ardósia que retiraram da terra.
Uma pequena caverna.
Dezessete pequenos caixões.
Comprimento três ou quatro polegadas (7,5 - lOcm).
Nos caixões encontravam-se figuras de madeira em miniatura.
Estavam vestidas com diferentes modelos e tecidos. Duas filas com
oito ataúdes e uma terceira com apenas um.
O mistério é que neste caso há um mistério em particular:
Os caixões tinham sido depositados individualmente, na peque­
na caverna, com intervalo de muitos anos entre um e outro. Na primei­
ra fila os caixões estavam muito desgastados e os invólucros estavam
apodrecidos... Na segunda fila o efeito do tempo não era tão visível e
o caixão da terceira parecia ser muito recente.
Em Proceedings of the Society of Antiquariam of Scotland 3-
12-460, há uma notícia completa desta descoberta. Três dos caixões e
três das figuras eram apresentados.
Assim então, Elvera, com suas florestas outeirais e suas micros­
cópicas cascas de ostra - e se os Elvereanos não são muito adianta­
dos, tomam banho - com suas esponjas grandes como cabeças de al­
finete...

163
Ou então aconteceram catástrofes... e os fragmentos de Elvera
foram arrojados à terra.
Em Popular Science, 20-83, Francis Bingham, escrevendo a res­
peito dos corais, dos espongiários, das conchas e crinóides que o dou­
tor Hahn assevera ter encontrado nos meteoritos, sustenta, julgando
pela foto, que a sua “notável peculiaridade” está em seu tamanho
“extremamente pequeno”. As dimensões dos corais, por exemplo,
são de um vigésimo das dos corais terrestres. “Representam de certo
modo um mundo animal pigmeu.” assevera Bingham.
Os habitantes de Môstrator e de Elvera eram primitivos, creio, no
momento de suas visitas ocasionais à terra, se bem que naturalmente
numa quase-existência, qualquer coisa que nós, semifantasmas chama­
mos prova de qualquer coisa possa ser uma prova boa de qualquer ou­
tra coisa. Lógicos, pesquisadores, juizes, mulheres suspeitas e membros
da Royal Astronomic Society reconhecem esta indeterminação, mas
têm a ilusão que pela concordância, possa se encontrar uma prova
real ou final. Este método é bastante bom para uma “existência” que
é só semi-real, mas é também o método de raciocínio através do qual
foram queimados os bruxos e os fantasmas causaram medo. Não dese­
jarei ser tão retrógrado a ponto de negar os bruxos e fantasmas tal e
qual se encontram nas crenças populares. Mas as suas estórias são
coadjuvadas por estupefacientes elaborações de detalhes e por notí­
cias bem diferentes entre si.
Então, se um gigante deixou impressas no solo as bordas de seus
pés descalços, isto não quer dizer que era um primitivo... um bestalhão
de uma civilização que seguia a Kneipp. Assim, se Stonehenge é uma
grande construção, mas apenas rusticamente geométrica, a desatenção
prestada aos detalhes por parte de seus construtores significa tudo que
quiser - anões ambiciosos ou gigantes - e se gigantes, significa que
eram pouco mais que homens das cavernas, ou que eram arquitetos
pós-impressionistas de uma civilização muito evoluída.
Se se tratam de outros mundos, são mundos tutelares... ou ain­
da, isto significa que Kepler não poderia absolutamente estar engana­
do : a sua idéia de um anjo encarregado de girar e guiar cada planeta
através de uma determinada órbita poderá não ser muito aceitável,
mas podemos aceitá-la abstratamente ou como uma relação de tipo
tutelar.
O ser só significa ser tutelar.
Nosso posicionamento geral é:
Que “tudo” na Intermediaridade não é uma coisa, mas apenas
um esforço para tornar-se qualquer coisa - fugindo à continuidade
ou fundindo-se com todos os outros fenômenos - é a tentativa de
fugir á própria essência de suma existência relativa para tornar-se abso­
luta... se não se rende a isso, ou se se torna parte de uma tentativa
superior:
164
Que para chegar a este processo devem ser considerados dois as­
pectos:
A atração, isto é, o espírito de cada coisa de assimilar todas as
outras coisas - se não se rendeu ou subordinou - ou se não foi assi­
milado - por qualquer outra tentativa superior de sistematização, or­
ganização, eritificação, harmonia, equilíbrio...
E a repulsão, ou seja, a tentativa de cada coisa de excluir ou
transcurar aquilo que não é assimilável.
A universalidade do processo.
Qualquer coisa é concebível:
Uma árvore. Faz todo o possível para assimilar substâncias do
solo e do ar e ainda a luz do Sol, para transformá-las em substância da
árvore: contrariamente expulsa ou exclui ou transcura aquilo que não
pode assimilar.
Uma vaca leiteira que pasta, um porco que refocila, um tigre na
tocaia: planetas que procuram, ou atuam, de forma a capturar come­
tas; matanças e a religião, cristã, e um gato com a cabeça enfiada den­
tro da lata de lixo; nações que combatem para ganhar outro território,
as ciências que correlacionam os dados que são capazes de relacionar,
magnatas que organizam trustes, uma bela mulher à tarde... todos são
bloqueados em algum ponto por aquilo que não é assimilável. A bela
mulher e a lagosta na rede. Se não come a casca e todo o resto ela re­
presenta a falência universal para a positivização; a desordem que não
transfere para si, transferirá para o Absoluto Negativo.
A Ciência e alguns de nossos dados maldidos que tém a casca
tão dura.
Fala-se de um tutor como algo distinto de si. Também se fala de
uma árvore, de um salto, de um barril de carne de porco, ou das Mon­
tanhas Rochosas. Fala-se dos missionários como se fossem decidida­
mente diferentes, ou tivessem uma identidade própria, ou fossem uma
espécie em si. Para a Intermediaridade, cada coisa parece ter uma iden­
tidade e apenas uma tentativa de identidade e cada espécie tem conti­
nuidade com todas as outras espécies, ou ainda, tudo aquilo que é
chamado particular é apenas uma ênfase sobre qualquer aspecto do
geral. Se são gatos, são apenas uma ênfase dà felinidade universal.
Nada existe que não faça parte daquilo de que os missionários, ou ser
tutelar, é um aspecto particular. Cada conversação é um conflito de
missionários, que buscam tornar-se notícia, para assimilar ou tomar
outro símile a si. Se não se verificam progressos, seguir-se-á uma
mútua repulsão.
Se no passado, outros mundos tiveram relações com esta Terra,
ocorreram tentativas de positivação; para extender-se sobre esta terra
através de colônias, para converter, ou assimilar, os aborígenes da
Terra.
165
Ou ainda os mundos-mãe e suas colônias cá embaixo...
Super-Romanismus...
Ou o lugar de origem dos primeiros romanos.
Vale tanto quanto a estória de Rômulo e Remo.
Super-israelimus...
Ou, muito embora os modernos raciocínios acerca do assunto,
um tempo em que havia supergenitores ou tutelares para os antigos
orientais.
Azúlia, de onde vieram os bretões azuis, cujos descendentes que
se diluíram gradativamente, como se estivessem numa banheira em que
uma torneira fora aberta, foram então oprimidos por subtutores ou
assimiladores.
Mundos que foram durante algum tempo mundos tutores, antes
que essa terra se tomasse propriedade de apenas um desses, as suas
tentativas de converter ou assimilar... mas aos quais, pouco depois,
seguiu-se o estado que conjunta todas as coisas através de sua frustra­
ção missionária... rejeição de todos os estômagos de aceitarem algo,
repulsão,por parte de toda a sociedade de alguma unidade;soveteiras
que fazem uma escolha e expelem as pedras...
Repulsão. A cólera do missionário desprezado. Não outra cólera.
Toda repulsão é uma reação ou não assimilável.
Eis a cólera da Azúlia...
Porque os povos desta terra não quiseram assimilar-se com seus
colonos naquela parte do mundo que hoje é chamada Inglaterra.
Não sei de cólera mais quase justa, racional ou lógica na história
da terra... se não for outro tipo de cólera.
A cólera da Azúlia, porque os outros povos da terra não quise­
ram tornar-se azuis para contentá-la.
A história é uma parte da ilusão humana que apresenta interesse.
Temos condições de aguilhoarmos a história. Nos fortins vitrificados
de algumas partes da Europa, encontramos dados que os Hume e os
Gibbon ignoraram.
Os fortes vitrificados circundam a Inglaterra, mas não pertencem
à Inglaterra.
Os fortes vitrificados da Escócia, da Irlanda, da Bretanha e da
Boêmia.
Ou seja, durante um certo tempo, Azúlia, com descargas elétri­
cas, procurou eliminar da Terra os povos que lhe resistiam.
A imensa massa azul de Azúlia aparece no céu. As nuvens tor-
nam-se verdes. O solo ficou informe e violáceo pelas vibrações de cóle­

166
ra que emanavam da Azúlia. Os povos brancos, amarelos ou castanhos
da Escócia, da Irlanda, da Bretanha, e da Boêmia fugiram para as coli­
nas e construíram fortificações. Numa verdadeira existência, o alto das
colinas seria o último lugar que os fugitivos escolheríam para refúgio,
posto que era o ponto mais acessível para um inimigo áereo. Mas aqui,
na quase-existência, estamos habituados a correr para o alto das coli­
nas em tempo de perigo, corremos para lá mesmo quando o perigo
maior surge precisamente sobre a colina. É muito comum na
existência procurar fugir através de uma corrida que aproxime do per­
seguidor.
Construíram fortes, ou já os possuíam sobre as colinas.
Algo expeliu eletricidade sobre eles.
As pedras desses fortes existem até hoje vitrificadas, ou fundidas
ou transformadas em vidro.
Os arqueólogos saltaram de uma conclusão a outra, como para a
“rápida cabra montesa” como lemos mais acima, para explicar estes
fortes vitrificados, atendo-se rigidamente ao princípio de que, se suas
conclusões não fossem conformes aos dogmas do Sistema, como o do
Exclusionismo, teriam sido excomungados.
Assim os arqueólogos, no seu terror medieval da excomunhão
procuraram explicar os fortins vitrificados em termos da experiência
terrestre. Reencontramos na sua insuficiência a mesnía velha assimila-
bilidade de tudo aquilo que pode ser assimilado e eliminação daquilo
que não é assimilável, fornecendo a explicação convencional de que
os fortes foram construídos por povos pré-históricos que acenderam
enormes fogueiras - freqüentemente a longas distâncias dos depósi­
tos naturais de madeira - para fundir -externamente e cimentar con­
juntamente as pedras de sua construção. Mas aqui novamente e sempre
a negatividade, mesmo em sua interioridade uma ciência jamais pode
ser homogênea, unificada ou harmoniosa. Inclusive a senhorita Russel,
no Journal of the B.A.A., ressaltou que raramente as pedras vitrifica-
ram-se individualmente.
Se prestamos um pouco de atejnção a este argumento, antes de
começar a escrever a respeito, ele que é um modo de ser mais quase-
real que os opositores até agora encontrados, notamos:
Que as pedras desses fortins foram vitrificadas não em relação à
sua cimentação e que são cimentadas cá e lá por atrito, como se tives­
sem sido atingidas por cargas particulares ou como se estas cargas lhes
tivessem sido arremessadas.
E pensar no relâmpago?
Em certa época algo fundiu por atrito as pedras dos fortes no
cimo das colinas da Escócia, Irlanda, Bretanha e Boêmia.
O relâmpago escolhe objetos isolados e conspícuos.

167
Mas alguns dos fortes vitrificados não se encontram em cima das
colinas: alguns são pouco visíveis: também as suas paredes são vitrifi-
cadas.
Algo, em certa época, provocou um efeito similar ao do raio,
sobre os fortes, que em sua maior parte encontram-se sobre colinas, na
Escócia, Irlanda, Bretanha e Boêmia.
Mas sobre as colinas de todas as outras partes do mundo encon­
tram-se restos de fortes que não são vitrificados.
Apenas um crime em sentido local, e esse é o de não tomarem-se
azuis, se os deuses são azuis, mas em senso universal, o único crime é o
de não tornar verdes os próprios deuses, se sois verdes.

168
XIII
OS POLTERGEIST

Um dos mais extraordinários fenômenos, ou supostos fenôme­


nos, da pesquisa psíquica, ou suposta pesquisa... se nà quase-existéncia
nunca jamais houve verdadeira pesquisa, mas só aproximações à pes­
quisa que fundam, ou são contínuas, com o preconceito e a conve­
niência...
4‘O arremesso de pedras.”
Isso é atribuído aos poltergeist, que são espíritos maliciosos....
Os poltergeist não são assimiláveis no nosso atual quase-sistema,
que é uma tentativa de correlacionar dados negados ou esqueci­
dos como fenômenos de força extratelúrica expressa em termos físi­
cos. Portanto considero os “poltergeist” perversos, falsos, incoerentes
ou absurdos.r. Todos esses nomes que damos aos diversos graus do não-
assimilável, ou de tudo que resiste a toda tentativa de ser organizado,
harmonizado ou sistematizado, ou, por outra, positivizar-se... nomes
que damos ao que consideramos o estado negativo. Não me importa
negar o “poltergeist”, porque suspeito que mais tarde, quando sere­
mos mais iluminados, ou quando tivemos ampliado o alcance das coi­
sas em que estivermos dispostos a crer, ou teremos um aumento da­
quela ignorância que veio a ser chamada “saber”, os “poltergeist”
poderão ser assimiláveis. E então serão tão razoáveis quanto as árvores.
Com a palavra razoabilidaãe pretendo referir-me ao que se assimila
com uma força dominante, óu um sistema, ou um corpo de pensamen­
to mais amplo - que é, naturalmente, por sua vez, hipnose e ilusão
- qué se desenvolva, todavia, segundo a nossa convicção, em aproxi­
mações sempre maiores para a realidade. Os “poltergeist” são, por ora,
perversos, ou absurdos, para mim, proporcionalmente à sua atual
não-assimilabilidade, conjugada, por outro lado, ao fator de sua pos­
sível assimilibilidade futura.
Tiremos de foco os “poltergeist”, porque nenhum dos nossos
dados, de modo a se tornarem indistintos, com outros dados, ou su­
postos, a eles concernentes:
Caso de seixos que foram atirados ou caíram sobre uma peque­
na área, de uma fonte invisível e não individuaíizável.
169
No Times de Londres, de 27 de abril de 1872:
“Das 4 da tarde da quinta-feira, às onze e meia da noite do
mesmo dia, as casas, de números 56 e 58 de Reverdy Road, em Ber-
mondsey, foram golpeadas repetidamente por pedras e outros objetos
provenientes de origem invisível. Duas crianças resultaram feridas,
todas as janelas se estilhaçaram, e muitos móveis destruídos. Se bem
que bom número de policiais se tivesse distribuído ao redor do quar­
teirão, não conseguiram determinar a direção de onde eram lançadas
as pedras."
A locução “outros objetos" cria-nos uma dificuldade. Mas se
esta expressão estiver indicando latinhas e sapatos velhos, e se aceita­
mos que a direção não pôde ser determinada porque ninguém pensou
em olhar para cima... bem, quer dizer que finalmente perdemos boa
parte de nosso provincianismo.
No Times de Londres, de setembro de 1841:
Na casa da sra. Charton, em Sutton Courthouse, Sutton Lane,
em Chiswick, as janelas foram despedaçadas "por obra de um agente
invisível". Toda tentativa de identificar o intruso falhou. O palácio
era isolado e circundado de altos muros. Por perto, não havia nenhum
outro edifício.
Foi chamada a polícia. Dois agentes, coadjuvados por membros
da família, vistoriaram a casa, mas as janelas continuaram a se despe­
daçar, "tanto defronte quanto dentro da casa".
Ou as ilhas flutuantes que de hábito ficam estacionárias no Mar
dos Super-Sargaços; e as perturbações atmosféricas que as assolam por
vezes, arremessando à terra, sobre áreas limitadas, objetos provenien­
tes de fontes temporariamente estacionárias.
O Mar dos Super-Sargaços e as praias de suas ilhas flutuantes de
onde, penso, ou ao menos aceito, caíram seixos:
Wolverhampton, Inglaterra, junho de 1860... um violento tem­
poral... precipitações de tantas pedrinhas negras que tiveram que ser
removidas com pás {La Sei. Pour. Tous, 5-264); um grande número de
pedras negras caídas em Birmingham {Rept. Brit, Assoe., 1864-37);
pedras descritas como “calhaus comuns lavados pela água" caídos em
Palestina, Texas, a 6 de julho de 1888... "calhaus de uma espécie nova
que não se encontrava nas proximidades de Palestine" (W.H.Perry,
Sargento do Corpo de Sinaleiros, Monthly Weather Review, julho de
1888); precipitações de um grande número de seixos em forma e
estrutura particulares, desconhecidos nas vizinhanças, em Hillsboro,
Illinois, a 18 de maio de 1883, durante um tomado" {Monthly Wea­
ther Review, maio de 1883).
Calhaus de praias aéreas e calhaus terrestres se fundem, enquan­
to produtos de ciclones totalmente neste caso, tal que, se bem que seja

170
interessante atentar nas formas particulares que tinham as coisas caí­
das do céu, parece melhor prestar-lhe pouca atenção e descobrir os
fenômenos do Mar dos Super-Sargaços afastados do ponto de fusão:
Para esta condição, temos três interpretações:
Calhaus que caíram onde não ocorreu nenhum ciclone ao qual
se lhes possa atribuir.
Calhaus que caíram com o granizo tão grande que não é crível
que se tenha formado na atmosfera terrestre.
Calhaus que caíram e, um tempo depois, foram seguidos por
outros calhaus no mesmo local, como se caíssem de fonte aérea esta­
cionária. Em setembro de 1898 apareceu um artigo num jornal de
Nova Iorque no qual se falava de um raio - ou alguma espécie de
luminosidade? - que na Jamaica havia atingido uma árvore: perto
desta, encontraram-se pequenas pedras. Foi dito que estes não eram
fragmentos pontiagudos, como seria o resultado da fragmentação de
um meteorito pedregoso: eram como que "lavados pela água”.
Na forçosa imprecisão de um continente, a explicação “numa
parte, ora noutra” é sempre boa, e nunca é esgotada, ao menos, quan­
do os casos não são recolhidos em massa como neste livro: mas, neste
caso, na região relativamente reduzida na Jamaica, não foi notado ne­
nhum ciclone, se bem que possa ser sugerida a explicação de que
“sempre tenham estado lá”.
Monthly Weather Review, agosto, 1898-363:
O meteorólogo do governo fez suas investigações: havia referên­
cia de uma árvore que havia , sido abatida por um raio e que, perto
dela foram encontrados pequenos calhaus desgastados pela água: mas
que calhaus semelhantes podiam ser encontrados em qualquer lugar
da Jamaica.
Monthly Weather Review, setembro, 1915-446:
O professor Fassig fornece um relatório de uma precipitação de
granizo que se verificou em Maryland, a 22 de junho de 1915: pedaços
tão grandes como bolas de beisebol “muito pouco comuns”.
“Uma observação interessante, mas não confirmada, refere que
pequenas pedras foram encontradas no centro de um dos maiores pe­
daços de granizo recolhidos em Anápolis. O jovem que referiu o fato
ofereceu-se a mostrar o calhau, mas depois, acabou não mostrando.”
Nota ao pé da página:
“Depois de ter escrito este artigo, o autor comunica ter recebido
algumas das pedras.”
Quando um jovem “apresenta” pedrinhas, este fato é convin­
cente quase como qualquer outra coisa que se tenha ouvido, mesmo se

171
não é mais convincente do fato de apresentar “sanduíches de presun­
to”, depois de ter-se referido a ter visto caírem do céu “sanduíches de
presunto”. Se esta “relutância” é admitida por nós, vamos correlacio­
nada com um fato referido por um observador do Weather Bureau, o
Escritório Meteorológico, o qual confirma que - tenham as pedras
permanecido no ar muito ou pouco tempo - alguns dos pedaços de
granizo que caíram com eles eram compostos de vinte a vinte e cinco
estratos alterados de puro gelo e gelo de neve. Em termos ortodoxos,
sustento que um pedaço de granizo de dimensões medianas cai das nu­
vens com velocidade suficiente para escaldá-lo, de modo que não se
podería acumular sóbre si nem mesmo um estrato de gelo, e concluo
que efetivamente não caiu, mas que rolou de qualquer lugar, a lenta
velocidade, por um tempo bastante longo.
O Mar dos Super-Sargaços.
Temos agora um dado banal que é familiar sob dois aspectos:
Pequenos objetos simétricos de metal que caíram em Orenburg,
na Rússia, em setembro de 1824 (Phil. Mag. 4-8463).
Agora penso no disco de Tarbes, mas quando me deparei com
esse dado pela primeira vez fiquei impressionado apenas pela repeti­
ção, porque os objetos de Orenburg são descritos como cristal de peri­
ta ou sulfato de ferro. Não tinha nenhuma idéia de objetos metálicos
que pudessem ser delineados ou modelados de modo distinto da crista­
lização, até que não cheguei à notícia de Arago a esse respeito (Oeu-
vres, 11-644). Aqui a análise indica 70% de óxido vermelho de ferro e
enxofre e perda por combustão de 5%. Parece-me aceitável que do
ferro que contém consideravelmente menos que 5% de enxofre não
seja pirita de ferro... pois nesse mesmo ponto, quatro meses depois,
caíram outros pequenos objetos de ferro enferrujado, delineados de
outro modo. Arago expressa seu estupor frente a este fenômeno de re­
corrência, que é tão familiar a nós.
No conjunto acredito que se escancaram frente a nós aberturas
para espetáculos de heresia frente aos quais, eu, por exemplo, devo fe­
char os olhos. Sempre tive simpatia pelos dogmáticos e exclusiohistas;
isto é claro na nossa primeira linha de abertura: que o assemelhar ser
significa excluir falsamente, arbitrariamente e dogmaticamente. O fato
é que os exclusionistas que se encontravam no décimo nono século
sãò malvados no vigésimo. Temos constantemente a impressão de uma
fusão da infinidade, mas aproxime este livro a forma, ou nossos dados
aproximem a organização, ou aproximemos a inteligibilidade, devemos
sempre lembrar o passado para que não andemos a perdermo-nos na
infinidade. O que fazemos de qualquer modo, é tornar vagos nossos
contornos, ou seja, a diferença entre aquilo que incluímos e aquilo
que excluímos.
O ponto crucial, e o limite além do qual não podemos avançar
em demasia é que:
172
A aceitação de que haja uma região que chamamos Mar dos
Super-Sargaços... não ainda totalmente aceita, mas que é uma posição
provisória que recebeu vários dados a seu favor...
Mas faz parte desta Terra e gira acima e com esta terra...
Ou jaz simplesmente acima da Terra, sem girar?
Ou ainda esta terra não gira e não é redonda e nem mesmo arre­
dondada, mas é contínua com o resto de seu sistema, de tal modo que
se alguém pudesse livrar-se de todas as tradições dos geógrafos pudesse
caminhar e caminhar e chegar até a Marte e depois descobrir que Mar­
te é contínuo com Júpiter?
Imagino que um dia estes pontos de interrogação soarão como
absurdidade... a coisa será tão óbvia...
Porque para mim é muito difícil conceber pequenos objetos
metálicos suspensos durante quatro meses acima de uma pequena ci­
dade russa, girando, destacados, com a rotação da terra...
Pode ser que alguma coisa tivesse apontado contra aquela cidade
e depois tenha disparado um outro golpe.
Estas são especulações que me parecem más relativamente a es­
tes primeiros anos do século XX...
Atualmente, aceito que esta Terra seja - não redonda, natural­
mente, isto é muito antiquado - mas arredondada, ou que, pelo me­
nos, tenha uma forma própria e que gire sobre seu eixo numa órbita
em torno ao sol. Aceito apenas estes velhos conceitos tradicionais...
E que acima desta se encontrem regiões de suspensão que giram
com ela: de onde caem objetos em conseqüência de perturbações de
vários tipos, seguidos sempre por outros objetos sempre no mesmo
ponto:
Monthly WeatherReview, maio, 1884-134:
Relatório do Observatório do Serviço Segnali, em Bismarck,
Dakota:
Às nove horas da noite de 22 de maio de 1884, ouviram-se
rumores penetrantes por toda cidade provocados pela queda de peda­
ços de rocha que chocavam-se contra as janelas.
Não há nénhuma indicação relativa à queda de pedras em qual­
quer óutro lugar.
Este é um dos dados ultra-danados. Todos os diretores de publi­
cações científicas lêem o Monthly Weather Review e freqüentemente
copiam trechos dele. O barulho provocado pela queda de pedras de
Bismarck que se chocaram contra as janelas, poderá ser uma língua
que talvez os aviadores interpretem, mas foi um rumor inteiramente
circundado por silêncio. Deste dado ultra-danado não foi possível en­
contrar traços em nenhuma outra publicação.
173
As dimensões de algumas pedras de granizo preocuparam muitos
meteorologistas... mas não os meteorologistas de manual. Não conhe­
ço nenhuma ocupação mais tranqüila de que a de escrever livros-tex­
to... ainda que escrever para o War Cry do Exército da Salvação possa
ser igualmente aventuroso. Na sonolenta tranqüilidade de um livro-tex-
to lemos tranqüila e insipidamente acerca de partículas de pó çm tor­
no das quais a chuva gelada forma pedras de granizo que aumentam de
dimensão por acréscimo... apesar de que nos jornais meteorológicos
leiamos freqüentemente acerca de bolhas de ar que forma o núcleo de
pedras de granizo...
Mas pensemos nas dimensões destas coisas. Imerjamos u’a bilha
em água gelada. Imerjamo-la, reimerjamo-la e continuemos a imergi-la.
Se formos constantes, dentro em pouco teremos um objeto das di­
mensões de uma bola de beisebol... mas creio que nesse lapso de
tempo um objeto teria caído da lua. Os granizos de Maryland são insó­
litos, mas freqüentemente foram encontradas até uma dúzia de estra­
tos. Ferrei fornece um exemplo de treze estratos. Estas considerações
induziram o professor Schwedoff a suster que algumas pedras de gra­
nizo não são e não podem ser geradas na atmosfera terrestre... e que
provêm de qualquer outro lugar... ora, numa existência relativa, nada
pode ser em si atrativo ou repulsivo: os seus efeitos são função das
suas associações ou implicações. Muitos de nossos dados foram retira­
dos de fontes científicas muito conservadoras e apenas quando foram
descobertas as suas discordáncias ou incompatibüidades com o Siste­
ma, que foi pronunciada a excomunhão contra eles.
A memória do professor Schwedoff foi lida frente àBritishAs-
sociation (Rept. o/1882, p. 453).
A implicação e a repulsão da implicação para os poucos e tran-
qüüos exclusionistas de 1882, ainda que sustentemos que funciona­
vam bem e eficazmente relativamente a 1882...
Há água - oceanos ou lagos, ou tanques, ou rios - há água dis­
tante, mas não muito distante, da atmosfera e da gravidade desta Ter­
ra...
A parte dolorosa...
Que o pequeno tranqüilo sistema de 1882 seria privado de sua
tranqüilidade...
Uma nova e completa ciência e apreender:
A Ciência da Super-Geografia...
E a Ciência é uma tartaruga que sustenta que a sua casca encerra
todas as coisas.
Assim é para os membros da British Association. Para alguns
desses as idéias de Schwedoff eram como pacotes nas costas de uma
tartaruga que nega o ambiente; para outros a sua heresia era semelhan­

174
te à de se oferecer carne crua sanguinolenta a cordeirinhos de leite.
Alguns desses baliram como ovelhas, outros retraíram-se como tarta­
rugas. Estamos acostumados a crucificar, mas desta feita colocamos
em ridículo; ou ainda, na perda de vigor de todo progresso, o prego
transformou-se numa risada etérea.
Sir William Thomson ridicularizou essa heresia, com a fantasma-
goria de sua era:
Isto é, que todos os corpos, como o granizo, se distantes da at­
mosfera terrestre devem mover-se com velocidade planetária - o que
seria absolutamente razoável se os pronunciamentos de Santo Isaac
fossem mais que artigos de fé (NTS. - Apesar de quase desnecessário
lembrar, aqui o autor se refere a Isaac Newton) - e que uma pedra
de granizo que cai através da atmosfera da Terra à velocidade pla­
netária executaria treze mil vezes o trabalho suficiente para elevar
de um grau centenas de pedras de granizo; está mais que fundido...
supervolatilizado...
Então estes balidos do pedantismo - ainda que insistamos em
afirmar que relativamente a 1882, esses balidos devem ser considera­
dos com o mesmo respeito com que se consideravam os marionetes
que mantinham ocupadas e silenciosas as criancinhas - é à sobre­
vivência de marionetes na maturidade que nos opomos - e estes
pios e ingênuos que acreditavam que 13000 vezes qualquer coisa
pudesse ter - na quase-existência - uma resultante exata e calculável
enquanto que - na quase-existência - não há nada que possa, exceto
pela ilusão ou conveniência, ser chamada unidade - cujas orações a
Santo Isaac requerem uma fé cega nas fórmulas acerca da queda
dos corpos.
Contra os dados que se acumularam no seu tempo acerca de me­
teoritos de queda lenta; os “tépidos como leite” admitidos finalmente
por Farrington e Merrill, há pelo menos um meteorito gelado não
negado em parte alguma pela atual ortodoxia, dado acessível a Thom­
son, como o é agora para nós, porque foi uma ocorrência que se veri­
ficou em 1860. Feijões, agulhas, pregos e um magneto. As agulhas e os
pregos aderem e são sistematizáveis tendo como referência um magne­
to, mas se feijões também vêm a aderir, não são çonciliáveis com o sis­
tema e são excluídos. Um membro do Exército da Salvação poderia
excutar repetidamente dados que parecem também memoráveis para
um evolucionista. Parece notável que não o influenciem... masdesco-
bre-se que não é capaz de lembrar-se deles. É inacreditável que Sir
William Thomson não tenha jamais ouvido falar dos meteoritos frios
de queda lenta, mas trata-se simplesmente do fato que não possuía a
força de lembrar-se de dados que não se conciliavam com seu sistema.
E novamente o senhor Symons. Symons deve ter sido o homem
que fez mais pela ciência meteorológica de seu tempo que qualquer
outro homem; por esta razão, deverá ter feito mais que qualquer outro

175
homem de seu tempo para manter a Metereologia estacionária. Em
Nature, 41-135, afirma que as idéias de Schwedoff são “ muito estram-
bóticas”.
Creio que agora é muito mais divertida a nossa suposição que,
não muito acima da superfície terrestre, haja uma região que seria o
assunto de uma ciência inteiramente nova - a supergeografia - com
a qual nos tomaremos imortais no ressentimento dos escolares do
futuro...
Pedras e fragmentos de meteoros e coisas provenientes de Marte,
Júpiter e Azúlia: cunhas, mensagens retardadas, balas de canhão, tijo­
los, pregos, antracita, coque, fuligem e velhas cargas estragadas... coi­
sas que se enterram no gelo em certas regiões e outras que são lançadas
em outras regiões muito quentes para se deteriorarem... ou, na super­
geografia encontram-se todos os climas da geografia. Deverei aceitar
que, flutuando no céu desta terra, são freqüentes os campos de gelo
tais quais os do Oceano Ártico... massas de água nas quais há peixes e
rãs... extensões de terra cobertas de lagartas...
Aviadores do futuro. Voando cada vez mais alto. Depois saem e
caminham. Pesca-se bem: a isca está á mão. Encontram mensagens de
um outro mundo... e no breve espaço de três semanas, já aparece um
florescente mercado de mensagens falsas. Algum dia escreverei um
guia do Mar dos Super-Sargaços para os aviadores, mas, por ora, a
demanda não seria grande.
Agora temos algo mais na nossa afirmação sobre o granizo como
acontecimento concomitante, ou seja, mais dados sobre coisas que
caíram do céu com o granizo.

Em geral, a afirmação é de que:


Estas coisas podem ter sido erguidas de qualquer outra parte da
terra, por ciclones, ou podem múito bem nunca terem caído, e terem
sempre estado lá, sobre a terra... mas os pedaços de granizo encontra­
dos com ela foram erguidos de qualquer outra parte da superfície ter­
restre ou sempre estiveram sobre a terra, em algum ponto?
Como disse antes, esta afirmação é privada de sentido relativa­
mente a qualquer caso; é razoável pensar em qualquer coincidência
entre a queda de granizo e a queda de outras coisas: mas, a partir do
momento em que dispomos de muitíssimos casos, começamos a sus­
peitar que isto que estamos escrevendo não é tanto um livro, quanto
um hospício para coincidências exageradas. E se não é concebível que
grandes pedaços de granizo e pedaços de gelo se formam na atmosfera
terrestre, devendo ser provenientes de regiões externas, então deve­
ríam provir de regiões externas também outras coisas internas ou que
acompanhavam grandes pedaços de gelo... o que causa uma certa preo­
cupação : poderemos nos ver tansladados instantaneamente no Absolu­
to Positivo.

176
Cosmos, 13-120, cita um jornal da Virgínia, segundo o qual pei­
xes com o comprimento de um pé (30 cm) dados como peixes - ga­
to haviam caído com o granizo, em Norfolk, Virgínia, em 1853.
Gelo do céu.

Fragmentos vegetais, não só no núcleo, mas também congelados


na superficie.de grandes pedaços de granizo em Toulouse, na França, a
28 de julho de 1874 (La Science Pour Tous, 1874-270).
Descrição de um temporal em Pontiac, no Canadá, a 11 de julho
de 1864, durante o qual se disse que caiu não só granizo, mas também
pedaços de gelo, com o diâmetro de uma a mais de duas polegadas (de
2,5 a mais de 5 cm) (Canadian Naturalist, 2-1-308):
“Mas o mais extraordinário é que um respeitável agricultor, de
veracidade inconteste, sustenta ter recolhido um pedaço de granizo ou
de gelo, no centro do qual se encontrava uma pequena rã verde.”
Temporal em Dubuque, lowa, a 16 de junho de 1882, durante o
qual caíram pedaços de granizo e pedaços de gelo (Monthly Weather
Review, junho de 1882).
“O chefe da filial da Novelty Iron Works desta cidade afirma
que dois grandes pedaços de granizo, por ele derretidos, continham
pererecas vivas.” Mas os fragmentos de gelo que caíram nesta ocasião
tinham uma particularidade que indica - porquanto seja uma indica­
ção das mais bizarras - que permaneceram longamente imóveis ou
flutuantes alhures. Logo retomaremos este assunto.
Living Age, 52,186:
A 30 de junho de 1841, caíram em Boston peixes, um dos quais
tinha o comprimento de dez polegadas (25 cm); oito dias depois pei­
xes e gelo caíram em Derby.
No Year Book de Timb, 1842-275, é dito que os peixes caíram
em enorme quantidade em Derby, de meia polegada a duas polegadas
de comprimento (de 1,8 a 5 cm), e alguns, consideravelmente grandes.
No Athenaeum, 1841-542, copiado do Patriot de Sheffield, diz-se que
um dos peixes pesava três onças (85 g). Num mesmo relato diz-se que
com os peixes, caíram muitas pererecas e “fragmentos de gelo semifun-
dido”. Foi comentado que os peixes e as rãs foram erguidos de qual­
quer outra parte da terra da qual veio o gelo, no mês de julho...interes­
sante o fato de que o gelo foi descrito como “semifundido”. No Times
de Londres de 15 de julho de 1841, está escrito que os peixes eram es-
pinélios; e que caíram misturados a rãs e gelo, muitos dos quais ha­
viam sobrevivido à queda. Notemos também que em Dumferline, três
meses depois (7 de outubro de 1841) caíram muitos peixes com mes­
mo comprimento, durante um temporal (Times de Londres, 12 de
outubro de 1841).

177
Os pedaços de granizo não são tão importantes. A questão da es-
tratificaçáo parece significativa, mas levamos em maior consideração a
queda de pedaços de gelo do céu, como possíveis dados por Mar dos
Super-Sargaços.
Pedaços de gelo, de circunferência de um pé (30 cm) em Derby-
shire, na Inglaterra, a 12 de maio de 1811 (Annual Register, 1811-54)
uma massa cubóide, de diâmetro de 6 polegadas (15 cm) caída em Bir-
mingham 26 dias depois (Thomson, Introductionto Meteorology, p.
179); dimensões como aquelas das largartas, em Bungalore, índia, a 22
de maio de 1851 (Rept. Brit. Assoe. 1855-35); massas de gelo de uma
libra e meia cada uma (680 g), no Nèw Hampshire, a 13 de agosto de
1851 (Lummis, Meteorology, p. 129); massas de gelo, do tamanho du­
ma cabeça humana durante o tomado Delphos (Ferrei, Popular Treati-
se, p. 428); massas do tamanho de u’a mão humana que mataram mi­
lhares de ovelhas, no Texas, a 3 de maio de 1877 (Monthly Weather
*
Review, maio de 1877); pedaços de gelo de tamanho suficiente para
não poderem ser segurados com a mão”, durante um tornado no Colo­
rado, a 24 de junho dé 1877 (Monthly Weather Review, junho de
1877); pedaços de gelo de quatro polegadas e meia de comprimento
(11,8 cm), em Richmond, Inglaterra, a 2 de agosto de 1879 (Symon’s
Met. Mag., 14-100); massa de gelo de 21 polegadas de circunferência
(52,3 cm) caída com o granizo no lowa, em junho de 1881 (Monthly
Weather Review, agosto de 1882); um pedaço de gelo do tamanho
dum tijolo, pesando duas libras (900 g) em Chicago, a 12 de julho de
1883 (Monthly Weather Review, julho de 1885); pedaços de gelo de
uma libra e meia de peso cada um (680 g), na índia, em maio de 1888
(Nature, 3742); um pedaço de gelo de quatro libras de peso (1,8 kg)r
no Texas, a 6 de dezembro de 1893 (Sc. Am., 68-58); pedaços de gelo
pesando uma libra (450 g) a 4 dê novembro de 1901, durante um
tomado em Victoria (Meteorology of Australia, p. 34).
Naturalmente, é nossa convicção que estas massas não só acom­
panham o tomado, mas foram trazidas à terra pelo próprio tornado.
Flammarion, The Atmosfere, p. 34:
Um bloco de gelo de quatro libras e meia de peso (2 kg) cai em
Cazorta, na Espanha, a 15 de junho de 1829; um bloco de gelo de on­
ze libras (5 kg) em Cette, na França, em outubro de 1844; u’a massa
de gelo de 3 pés de comprimento (60 cm) cai durante um temporal na
Hungria, a 8 de maio de 1802.
Scientific American, 47-119:
Segundo o Salina Journal, u’a massa de gelo de cerca de 80 li­
bras de peso (36 kg) caiu do céu nas proximidades de Salina, no Kan-
sas, em agosto de 1882. Diz-se que tornou-se seu proprietário o senhor
W.J. Hagler, o mercador de Santa Fé que a encontrou na porta de sua
loja.

178
O Times de Londres de 7 de abril de 1860:
A 16 de março de 1860, durante uma nevada em Upper Wasdale
caíram blocos de gelo tão grandes que de longe se assemelhavam a um
rebanho de ovelhas. " ' , " í
r 1851,32r. t L,
yma massa de gelo das dimensões de uma jarda cúbica (0,7 m3)
caiu em Candeish, na índia, em 1828. Sobre estes dados, ainda que
segundo sei, muitíssimos desses já foram reunidos no passado, caiu um
silêncio da parte do mundo científico que pode ser considerado insóli­
to. O nosso Mar dos Super-Sargaços poderá ainda não ser uma conclu­
são inevitável, mas a chegada de gelo proveniente de regiões externas
parece verdadeiramente ser... acredito que aqui deva existir, ainda que
frouxamente, úm ponto de fusão. Isso reside na idéia que estas massas
de gelo sejam apenas pedras de granizo congeladas. Temos dados con­
tra essa idéia, como acontece em todos nossos casos, mas a explicação
foi oferecida e parece-me que em alguns casos pode ser aplicada. No
Bull. Soc. Astro, de France, 20-245, fala-se de um bloco de gelo das
dimensões de um jarro que caiu na Tunísia e que tratava-se apenas
de uma grande quantidade de pedras de granizo congelada.
: : Times de Londres, 04 de agosto de 1857 :
Um bloco de gelo, descrito como “gelo puro”, com peso de 25
libras (12 quilos) foi encontrado nos campos do senhor Wamer, de
Cricklewood. Houvera um temporal no dia anterior. Como em alguns
de nossos outros casos, ninguém vira cair o objeto dõ céu.
Foi’encontrado depois do temporal, é tudo quanto se pode di­
zer. * . . . .. ,
Carta do capitão Blakiston, respondendo á nota do General
Sabine, á Royal Society (Roy. Soc. Proc. de Londres, 10-468).
14 de janeiro de 1860, durante um temporal, pedaços de gelo
caíram sobre o navio do capitão Blakiston... não granizo. “Não se tra­
tava de granizo, mas pedaços de forma irregular de gelo sólido de dife­
rentes dimensões, até aproximadamente o tamanho de meio tijolo.’7
Segundo o Advertiser-Scotsman, citado pelo Edinburgh New
Philosophical Magazine, 47-371, u’a massa irregular de gelo caiu em
Ord, na Escócia, em agosto de 1849, após um “extraordinário fragor
de trovões”. Escreveu-se que se tratava de gelo puro, homogêneo, ex­
ceto numa pequena parte que se assemelhava a granizo congelado,
vc A massa tinha uma circunferência de cerca de 20 pés (6,5 m).
A ocorrência é assim relatada no Times de Londres de 14 de
agosto de 1849: durante a noite de 13 de agosto de 1849 após violen­
ta trovoada, u’a massa de gelo com circunferência de cerca de 20 pés
(6 m) caiu sobre a propriedade do senhor Monffat de Balvullich, no

179
Rosshire. Afirmou-se que esse objeto caíra só, sem precipitação de
granizo.
No conjunto, ainda que este não seja um ponto muito forte para
o Mar dos Super-Sargaços, creio que este seja um dos nossos melhores
exemplos de origem externa. Que grandes blocos de gelo possam for­
mar-se com a umidade da atmosfera terrestre é tão provável quanto a
formação de blocos de pedra com a poeira levantada por um tornado.
Naturalmente, se chega água e gelo na Terra de fontes externas, pensa­
mos no mínimo em microorganismos aí contidos e além disso, com os
nossos dados, em rãs e peixes e ainda a tudo que se possa imaginar que
tenha origem exterior. É muito importante para nós aceitar que te­
nham caído do céu grandes blocos de gelo, mas o que desejamos aci­
ma de tudo - pelo nosso interesse nos seus tesouros arqueológicos e
paleontológicos - é parar de andar às apalpadelas e aceitar completa­
mente o Mar dos Super-Sargaços no nosso mais avançado redil dos
fenômenos aceitos pelo século XX.
Em Report of the British Association, 1855-37, afirmou-se que
em Poorhundur, na índia, a 11 de dezembro de 1854, caíram do céu
pedaços chatos de gelo, muitos dos quais pesavam algumas libras,
cada um, acredito. São descritos como “pedrisco grosso de gelo”.
Consideramos vastos campos de gelo nas regiões Super-Árticas,
ou estratos, do Mar dos Super-Sargaços. Quando são rompidos, os
seus fragmentos tomam a forma de pedrisco grosso. Em nossa concep­
ção existem campos de gelo aéreos afastados de nossa terra, estes se
rompem, os fragmentos esbarram uns contra outros, girando entre o
vapor de composições diversas em razões diversas, formando lenta­
mente granizo estratificado... mas existem campos de gelo vizinhos á
Terra, que se quebram em pedaços chatos de gelo, como aqueles que
cobrem lagos e rios quando é rompido o gelo que cobre um rio ou um
lago e por vezes precipitam-se sobre a terra neste aspecto familiar:
plano.
Symons’Met. Mag., 43-154:
Um correspondente informa que em Breamer, a 2 de julho de
1908, o céu estava limpo e brilhava o sol quando caíram pedaços de
gelo... provenientes de algum lugar. O sol brilhava, mas nas alturas
acontecia alguma coisa, ouviram-se trovões.
Até não ter visto uma fotografia no Scientific American de 21
de fevereiro de 1914, imaginava que esses campos de gelo estivessem
a uma distância de pelo menos dez ou vinte milhas (de 16 a 32 km) da
terra e fossem invisíveis para os observadores terrestres, excetuando-se
aqueles vislumbres relatados por astrônomos e meteorólogos. A foto­
grafia publicada no Scientific American representa um agregado que se
reputava composto por nuvens, presumivelmente não muito alto
e com detalhes muito claros. O autor afirma que aquilo lhe parecia
J‘um campo de gelo moído”. Na parte de baixo aparecia a fotografia de
180
um campo de gelo normal que flutua sobre a água comum. A seme­
lhança entre as duas fotos é terrível... apesar de que me parece impos­
sível que a primeira das duas fotos pudesse representar verdadeiramen­
te um campo de gelo aéreo, ou que a força da gravidade pudesse dei­
xar de agir a apenas u’a milha (1,6 km) ou pouco mais que isso, da
atmosfera terrestre...
A menos que se considere:
O excepcional: o fluir e a estranheza de todas as coisas.
Ou ainda pensar que normalmente a gravidade terrestre se ex-
tenda para o exterior até, digamos, dez ou quinze milhas (16 a 24
km)... mas que a gravidade deva ser rítmica.
Naturalmente, na pseudo-forma dos astrônomos, a gravidade
como quantidade fixa é essencial. Aceitai a gravidade como força va­
riável e os astrônomos se esvaziarão com um silvo perceptível, para
reduzir-se á mesma condição flácida dos economistas, dos biólogos,
dos meteorologistas e de todas as outras divindades mais humildes
que, por sua própria concordância, oferecem apenas incertas aproxi­
mações.
Encaminhamos todos aqueles aos quais não agrada ouvir o silvo
da arrogância que se esvai, aos capítulos de Herbert Spencer acerca do
ritmo de todos os fenômenos.
Se tudo o mais... luz das estrelas, calor do sol, ventos e marés,
formas, cores e dimensões dos animais; oferta ou procura ou preços;
opiniões políticas, reações químicas, doutrinas religiosas, intensidade
magnética e tiquetaquear de relógios, a chegada e o fim das estações...
se tudo mais é variável, aceitamos que o conceito de gravidade fixa e
imutável seja apenas uma outra tentativa de positivismo, destinada a
desaparecer, como todas as ilusões de realidade na quase-existência.
Assim faz parte da intermediaridade aceitar que, ainda que a gravi-
tação possa se aproximar mais da invariabilidade que os ventos, essa se
encontra num ponto impreciso entre os Absolutos da Estabilidade e
da Instabilidade. Que, então, não estamos muito impressionados
com a oposição dos físicos e dos astrônomos, temendo, um pou­
co tristemente, que a sua linguagem seja composta por sílabas de
esvaziamento.
Eis então um campo de gelo no céu e também o fato de que pos­
sam se avizinhar até serem vistos nos detalhes, embora usualmente es­
tejam tão distantes que possam apenas ser vislumbrados. Para descri­
ção daquilo que chamo “vislumbre” veja o Pop. Sei. News de fevereiro
de 1884... o céu, em geral, estava estranhamente límpido, mas nas
proximidades do horizonte “havia um embaçamento branco e leve­
mente coagulado, dum esplendor ofuscante”.
Aceitamos que talvez os campos de gelo passem entre o Sol e a
Terra; que muitos estratos de gelo, ou campos de gelo muito espesso,

181
ou campos sobrepostos, obscurecem o Sol... que em algumas ocasiões
o solo foi obscurecido por campos de gelo: -. e
■ Flammarion, The Atmosphere, pg. 394: - s - r
A 28 de junho de 1839 uma profunda obscuridade caiu sobre a
cidade de Bruxelas;
Caíram fragmentos de gelo de até uma polegada de comprimen­
to (2,5 cm).
Trevas intensas em Aitkin, Minnesota, 02 de abril de 1889; assi­
nalou -se a queda de areia e “pedaços de gelo compacto” (Science,
19/04/1889). ■ — \
No Symons’ Meteorological Magazine foram desenhados pedaços
de gelo com a superfície lisa mas com contornos retalhados que caíram
em Manassas, Virgínia, em 10 de agosto de 1897. Tinham õ aspecto
de fragmentos triturados de uma superfície lisa de gelo, com cerca dé
2 polegadas (5 cm) por uma (2,5 cm) de espessura. Em 3-116
afirma-se que em Rouen, a 5 de julho de 1853, caíram pedaços dé gelo
de forma irregular, com as dimensões de uma mão, qüe pelo seu aspec­
to pareciam ter sido arrancados de um enorme bloco de gelo. Este,
penso, tratava-se de um iceberg aéreo. Na terrível obtusidade, ou quase
absoluta estupidez do século XIX, ninguém teve a idéia de procurar
vestígios de ursos polares ou focas nestes fragmentos.
Naturalmente, vendo-os como os queremos ver, podendo reco­
lher estes dados apenas porque estão de acordo com conceitos pré-
constituídos, não estamos sendo tão respeitosos com as nossas idéias
como o somos relativamente a uma impressão similar imposta a um
observádor que não tenha nenhuma teoria ou convicção a sustentar.
Geralmente são nossos preconceitos que vêem e indagam, mas isto não
deve ser tomado como um dado absoluto.
Monthly Weather Review, julho de 1894:
Foi registrado pelo Weather Bureau (Estação Meteorologica) de
Portland, no Oregon, um tornado a 3 de junho de 1894.
Do céu caíram fragmentos de gelo.
As suas dimensões em média situavam-se entre três e quatro po­
legadas (de 19 a 25 cm quadrados) com a espessura de uma polegada
(2,5 cm) aproximadamente. Em comprimento e largura tinham a su­
perfície lisa requerida pela nossa posição; e segundo o autor do Re-
view, “dava a impressão de um vasto campo de gelo suspenso na at­
mosfera e que imprevistamente fragmentara-se em pedaços tão grandes
quanto a palma de u’a mão.”
Este dado, que faz parte profundamente daqueles que nós cos-
tumávamos chamar “danados”, prima por não poder aceitar mais os
juízos, ou a seca e cortante condenação por parte das crianças, tartaru­

182
gas e ovelhas, foi copiado mas sem comentários - no Scientific
American, 71-371. f

A nossa teologia é algo deste gênero:


Naturalmente deveremos ser danados... mas aqui negamos a ser
julgados por crianças, tartarugas e ovelhas.
Chegamos agora a alguns dados notáveis de um setor muito difí­
cil da supergeografia. Os vastos campos de gelo aéreos. É uma lição
pàra mim quanto ao engano do imaginável. A maior parte de nossa
oposição está na clareza com que o convencional, mas impossível, tor-
na-se o imaginável e então se opõe às modificações. Depois que se tor­
nou para mim o convencional, concebi claramente vastas extensões de
gelo, a algumas milhas de altura da Terra... donde o resplendor do Sol
e o gelo parcialmente fundido - lembremo-nos do gelo caído em
Derby - e a água que goteja em forma de gelo pela superfície infe­
rior da extensão gelada. Alçando o olhar pareceu-me visualizar clara­
mente estes gelos pendentes como estalactites de branca calcita de
uma caverna de teto plano. Ou ainda, alcei o olhar para a parte infe­
rior de um bloco de gelo aéreo e pareceu-me ver uma ondulação seme­
lhante àquela observada por vezes numa gema de ovo. Mas se deves­
sem formar-se estalactites de gelo na parte inferior de uma extensão de
gelo aéreo, isto se verificaria com a queda de gelinho sobre a Terra,
uma pedra de gelo é expressão da gravidade... e se a água que se funde
do gelo devesse cair sobre a Terra, por que não cairia o próprio gelo an­
tes que houvesse tempo de se formar um gelinho? Naturalmente, na
quase-existéncia, onde cada coisa é um paradoxo pode-se sustentar
que a pedra de gelo cai, mas o gelo não, porque o gelo é mais pesado...
relativamente à massa. Este conceito acredito que pertença a um curso
mais avançado que aquele que estamos seguindo neste momento.
Nossa idéia acerca de gelinhos.
Existe um vasto campo de gelo aéreo — insensível à gravidade
terrestre devido ao fluxo e às variações universais, uma de suas partes
encurva-se em direção à Terra e é suscetível à gravidade - graças à
sua coesão com a massa principal, esta parte não se destaca, mas a
água que se funde cai e forma as pedras de gelo - pois, devido a per­
turbações várias, esta parte por vezes cai sob a forma de fragmentos
que são compostos principalmente por pequenas pedras de gelo.
Do gelo caído sobre Dubuque, lowa, a 16 de junho de 1882, em
alguns casos albergando rãs vivas, afirmou-se [Monthly Weather Re-
view, junho de 1882) que havia pedaços de uma a dezesseis polegadas
de circunferência (2,5 a 42,5 cm), o maior dos quais pesava uma libra
e trés quartos (80Ò g) e alguns deles eram pedras de gelo de meia pole­
gada (1,2 cm) de Comprimento. Sublinhamos o fato de que esses obje­
tos não eram granizo.

183
O único ponto de fusão é o de granizo com protuberância, ou
granizo grande com protuberância induzida pela cristalização; mas este
não é um ponto de fusão com fenômenos terrestres e tais formações
não são explicáveis pela ortodoxia; ou ainda, é inacreditável que o
granizo possa cristalizar-se - não se formando por acréscimo durante
uma queda de poucos segundos. Para uma notícia desses tipos de
fenômenos, ver Nature, 61-694. Observem-se as dimensões... “algumas
pedras tinham o tamanho de ovos de moscardo”.
Acreditamos que algumas vezes as pedras de gelo tenham sido
precipitadas, como por percussão, ou como se algo tivesse varrido a
superfície inferior de uma barra dè gelo aérea, extirpando-lhe as ondu­
lações.
Monthly Weather Review, juiho de 1889:
Em Oswego, estado de Nova Iorque, a 11 de junho de 1889, du­
rante um temporal caíram, segundo o Leader de Turim, no estado de
Nova Iorque, fragmentos de gelo que se “assemelhavam a fragmentos
de sincelo'’.
Monthly WeatherReview, 29-506:
A 8 de agosto de 1901, com o granizo normal caíram em Floren-
ce Island, no Rio S. Lorenzo, pedaços de gelo “formados como since­
lo, de formas e dimensões de grafites normais que tivessem sido corta­
das em pedaços de 3/8 de polegada (1 cm) de comprimento”.
Eis nossos dados acerca do Mar dos Super-Sargaços e a sua região
Ártica: durante semanas a fio, um campo de gelo pôde permanecer imó­
vel sobre uma parte da superfície terrestre; o Sol influi nisso, mas não
após o meio-dia, direi, uma parte encurvou-se, mas foi mantida pela
coessão com a massa principal - em consequência disso verificou-se
um fato que parece ter sido extraordinário para nós durante algum
tempo - como a precipitação de água de um céu sem nuvens um dia
depois do outro, sobre uma pequena zona da superfície terrestre, à
tarde, quando os raios do sol tiveram todo o tempo necessário para
lograr efeito.
Monthly Weather Review, outubro de 1886:
Segundo o Chronicle de Charlotte de 21 de outubro de 1886,
durante três semanas ocorreu a precipitação de água do céu sobre
Charlotte na Carolina do Norte, localizada num ponto e por volta das
15 horas. Estivesse o céu nublado ou limpo, a água ou chuva caíam
hum pequeno trecho de terra compreendido entre duas árvores e em
nenhuma outra parte.
Esta é a notícia do jornal e tal como está, parece pertencer aos
abismos do não aceito, seja por mim ou por qualquer outra expressão
do Exército da Salvação. A notícia do observador do Serviço de Co­
municações de Charlotte, publicado no Review, prossegue:

184
“Um fenômeno insólido foi observado no dia 21; tendo sido in­
formado que há algumas semanas, precedentes a esta data, a chuva ha­
via continuado a cair diariamente, as 15 horas, num ponto determi­
nado entre duas árvores, num cruzamento entre a nona estrada e a es­
trada D, visitei o local e observei uma precipitação sob forma de gotas
de chuva entre as 4.47 e 4.55 da tarde, enquanto o sol brilhava lumi­
nosamente. No dia 22 tornei a visitar o local e das 4.05 as 4.25 da
tarde, caiu de um céu sem nuvens um leve aguaceiro... Por vezes
a precipitação tem lugar numa área de meio acre (2.000 m2), mas
sempre com o centro entre estas duas árvores e cai apenas naquele
ponto quando é leve.”

18S
c-.nifsq c • <?£ ?://■: e GüSUUi
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X í j VEMOS CONVENCIONALMENTE
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Não apenas pensamos, agimos, falamos e vestimos igualmente,


pela nossa rendição à tentativa social na busca da Entidade, nas quais
somos apenas multicelulares. Vemos aquilo que devemos "devidamen­
te” ver. É ortodoxo dizer a uma criança que um cavalo não é um cava­
lo... mais do que seria dizer a uma alma simples que uma laranja é uma
laranja. É interessante por vezes caminhar ao longo de uma estrada,
olhar as coisas e perguntar-se que aspecto teriam as coisas se não se ti­
vesse aprendido a ver os cavalos, as árvores e as casas, como cavalos,
árvores e casas. Creio que para uma supervista são esforços locais que
se confundem indiscemivelmente uma na outra num nexo onicom-
preensivo.
Creio que seria bastante crível que Monstrator, Elvera e Azúlia
atravessaram muitas vezes os campos de visão dos telescópios e não fo­
ram vistos... porque não se "devia” vê-los; não teria sido respeitável,
não teria sido respeitoso: teria sido um insulto para os velhos ossos o
vé-los; o vê-los teria provocado as más influências dos ossos de Santo
Isaac.
Mas os nossos dados:
Mundos enormes que não têm órbita, ou que vão à derivadas
marés e nas correntes interplanetárias; os dados que temos de sua
aproximação, os tempos modernos, no raio de cinco ou seis milhas
(8 ou 9,5 quilômetros) da Terra.
Mas depois de sua visita ou sua aproximação a outros planetas,
ou a qualquer um dos outros corpos regularizados que estão presos á
tentativa de Entidade deste sistema solar como unidade...
A pergunta à qual não podemos comodamente fugir:
Estes outros mundos, ou superestruturas, foram vistos pelos
astrônomos?
Creio que não seria uma grande aproximação à realidade refugiar-
se na atitude dos astrônomos que observam, forçam os olhos e vêem

186
apenas aquilo queé respeitável e respeitoso de se ven É interessantíssi­
mo dizer que os astrônomos estão hipnotizados e que o astrônomo que
observa a Lua está hipnotizado pela Lua, mas acreditamos que os cor­
pos de que falamos visitam muitas vezes a Lua, ou a atravessam, ou
permanecem temporariamente suspensos nas vizinhanças... e então um
desses deve encontrar-se freqüentemente no raio da hipnose de um
astrônomo.^, r . d. > \
Temos como posição geral
' Que nos oceanos da Terra existem navios regulares, mas que
também existem naus que não percorrem linhas regulares; :
Que, nó superoceano, existem planetas regulares, mas também
mundos que não seguem rotas regulares; \
Que os astrônomos são puristas mercantis que desejam limitar a.
vagabundagem comercial. ; :?
Estamos convencidos de que vastos vagabundos celestes foram
excluídos pelos astrônomos, sobretudo porque sua irresponsabilidade é
uma afronta a tudo que é puro e preciso, ou ainda toda tentativa de
positivismo e depois porque não foram vistos tão freqüentemente. Os
planetas refletem constantemente a luz dó Sol, sobre esta uniformi­
dade foi edificado um sistema que é chamado Astronomia Primária;
mas atualmente o assunto da Astronomia Avançada é composto por
dados de fenômenos celestes que são às vezes luminosos e ás vezes es­
curos e variam como os satélites de Júpter, mas com um raio de ação
mais amplo. De qualquer modo, luminosos ou escuros, foram observa­
dos e relatados tão freqüentemente que a única razão importante de
sua exclusão é que não se adaptam.
Nos corpos escuros que são provavelmente externos ao nosso sis­
tema solar, não tenho, devido ao provincianismo a que ninguém pode
fugir, um grande interesse. Os corpos escuros flutuantes no espaço ex­
terior teriam sido danados há alguns anos atrás, mas agora foram san­
cionados pelo prof. Bamard - e se ele diz que está certo, podeis tran-
qüilamente pensar neles sem ó medo de fazer algo ridículo ou errado
- eis a estreita afinidade que notamos entre o mau é o absurdo - a-
acredito que com a palavra ridículo eu me refira á parte mais frívola
do mal. A companheira obscura de Algol, por exemplo. Ainda que es­
te seja um claro caso de mistura de raças, os puristas ou ainda os posi­
tivistas admitem que é assim. Nos Proceedings of the National Acade-
my of Science, 1915-394, Bamard fala acerca de um “objeto” - cha­
ma-o “objeto” — nas Cefeidas. Acredita que sejam corpos escuros e
opacos no esterior do sistema solar. Mas no Astrophysical Journal,
1916-1, modifica suà posição chamando aos corpos de “nebulosas es­
curas”. Isto não é tão interessante.
Aceitámos que Vénus, por exemplo, seja freqüentemente visi­
tado por outros mundos ou superestruturas, donde provêm cinzas de

187
carvão coque e antracita e que talvez estas coisas tenham refletido a
luz e tenham sido vistas da terra por astrônomos profissionais. Será
perceptível no decurso deste capítulo que os nossos dados são brâma-
nes malditos - como, por hipnose e inércia, continuamos a dizer,
como muitas cientistas do século XIX continuaram a admitir a força
do sistema que os precedera - doutro modo a continuidade seria des­
pedaçada. O que para nós seria uma grande probabilidade de sermos
instantaneamente transladados para o Absoluto Positivo... eh, bem!?
Desejo sublinhar que nossos dados danados são observações de
astrônomos da mais alta estirpe - mas mantidos pelo espírito domi­
nante de sua época - ao qual todas as mentes deveríam ter se equili­
brado para não se transcurar, auscultar e submergir. Às vezes neste livro
parecerá que nossa revolta se dirige contra os dogmatismos e as ponti-
ficações dos cientistas de fama. Este é só um fato por conveniência,
porque me parece necessário personalizar. Se damos uma olhada no
Philosophical Transactions, ou às publicações da Royal Astronomical
Society, vemos que Herschel era inerme, tão inerme quanto qualquer
guarda-estrela amador para constranger a aceitar aquelas suas observa­
ções que não se harmonizavam com o sistema que se estava formando
independentemente de si e de todos os outros astrônomos, como
uma fase no desenvolvimento de um embrião constrange todas as célu­
las a assumir um aspecto que seja conforme ao desenho e ao progresso
preestabelecido e codificado do conjunto.
Visitantes em Vênus:
Evans, Ways of the Planets, pg. 140:
Em 1645 foi vistò nas proximidades de Vênus um corpo bas­
tante grande para poder passar por um satélite. Na primeira metade do
século XVIII uma observação similar foi feita quatro vezes... A última
notícia foi dada em 1767.
Um corpo grande foi visto, sete vezes, segundo Science Gossip,
1886-178, nas vizinhanças de Vênus. Pelo menos um astrônomo, Hou-
zeau, aceitou estas observações e chamou “Neith” àquele mundo ou
planeta, ou superestrutura. Seus pontos de vista são reportados por
Trans. N. Y.Acad. 5-249-“de passagem, mas sem serem confirmados”.
Houzeau ou qualquer um que escreva para uma secção do jornal
dominical... as trevas externas são iguais para os dois. Um novo satélite
neste sistema solar podería ser fastidioso, ainda que as fórmulas de La-
place, que em seu tempo foram consideradas decisivas, poderíam so­
breviver à admissão de cinco ou seiscentos corpos não incluídos naque­
las fórmulas - um satélite para Vênus podería ser fastidioso, mas se­
ria explicado... mas um corpo de grandes dimensões que se aproxima
de uma pedra, que ali permanece um pouco e depois se afasta e que
depois retoma após algum tempo, por assim dizer, ancorando...

188
Azúlia é um belo problema, mas Azúlia não é pior que Neith.
Astrophysical Joumal, 1-127:
Um corpo que reflete luz, ou mancha luminosa nas proximi­
dades de Marte; vista a 25 de novembro de 1894 pelo professor Pi-
ckerng e por outros, segundo o Observatório Lowell, numa parte não
iluminada de Marte - autoluminoso, segundo parecia - conside­
rado uma nuvem mas com uma distância do planeta calculada em cer­
ca de vinte milhas (32 km).
U’a máquina luminosa foi vista mover-se no disco de Mercúrio,
em 1799, por Hardin e Schroeter (Monthly Notices of the R. A. S.,
38-338).
No primeiro Bulletin editado pelo Observatório Lowell em
1903, o professor Lowell descreve um corpo que foi visto na linha de
separação entre a parte obscura e luminosa de Marte, em 20 de maio
de 1903. Em 27 de maio era apenas “suspeitado”. Se estivesse por lá,
ainda, teria se deslocado de cerca de 300 milhas (480 km)... “provavel­
mente uma nuvem de pó”.
Manchas brancas e muito visíveis sobre ó disco de Marte, entre
outubro-novembro de 1911 (Popular Astronomy, vol. 19, n. 10).
Então, um deles aceita seis ou sete observações que concorda­
vam entre si, apesar de não poderem entrar na regularidade, sobre um
mundo, planeta, ou satélite ao qual deu o nome de “Neith”.
Monstrator e Elvera e Azúlia e Super-Romanimus...
Ou ainda a heresia e a ortodoxia e a unidade da quasicidade e
os nossos métodos, meios, e sistemas que são os mesmos. Ou seja, se
damos nomes a coisas que podem não ser, não estaremos isolados na
culpa no registro dos fatos.
Passemos agora a Leverrier e “Vulcano”.
Novamente Leverrier.
Ou ainda para demonstrar a inconsistência da espuma basta es­
petar um alfinete na maior bola. Astronomia e preenchimento e com
preenchimento queremos nos referir à expansão daquilo que se encon­
trava flácido. Ou ainda a ciência da astronomia é uma película fantas­
ma estendida sobre argumentos míticos... mas sempre estaremos con­
vencidos de que essa se aproxima mais da substancialidade do que o
sistema que a precedeu.
O mesmo para Leverrier e o planeta “Vulcano”.
Repetimo-lo e não será muito repeti-lo. Se fazeis parte da massa
que os astrônomos hipnotizaram - sendo eles mesmos hipnotizados,
doutra forma não poderiam ter hipnotizado aos demais - ou seja, a
ordem do hipnotizador não é a força possante que comumente se

189
acredita, mas apenas uma transferência de estado de um hipnotizado
para outro...
Se fazeis parte da massa que os astrônomos hipnotizaram, não
estareis ainda em condição de recordar. Depois de dez páginas, Lever­
rier e o planeta “Vulcano” terão fugido de vossa mente, como os fei­
jões do magneto, ou como dados acerca de meteoritos frios da mente
de um Thomson, - - . . a
Leverrier e o “planeta Vulcano”. sc-
s: E sabei quanto servirá o repeti-lo.
Mas temos a impressão de um erro histórico, como, segundo
pensamos, somente pode ser verificado na quase-existência.
Em 1859, o doutor Lescarbault, astrônomo amador de Orgères,
ha França, anunciou ter visto, em 26 de março daquele ano, um corpo
de dimensões planetárias atravessar frente ao sol. Temos pela frente
algo que para o presente sistema é ímpio como eram os seus argumen­
tos para o sistema que o precedera, como eram as calúnias contra os
milagres do sistema precedente. Entretanto, são poucos os livros-texto
que cuidam de esquecer disto, esquecer esta tragédia completamente. O
método dos artistas do sistema é avançar prudentemente alguns exem­
plos ímpios e livrar-se deles depois. Se fosse desejável para eles negar
que existem montanhas sobre a Terra, apresentariam algumas observa­
ções acerca de pequenas elevações nas vizinhanças de Orange, New Jer-
sey, mas diríam que os campanários (Ver. NPL), se bem que digníssi­
mos sob muitos aspectos, freqüentemente se imiscuíam nas suas obser­
vações. Os livros-texto citam casualmente algumas das “supostas” ob­
servaçõesde “Vulcano” e passam adiante.
Lescarbault escreveu a Leverrier, que se apressou para ir a Or­
gères...
Porque aquele anúncio se assemelhava aos seus cálculos sobre
um planeta entre Mercúrio e o Sol...
Porque este sistema solar nunca atingiu a positividade sob o as­
pecto-da regularidade: ocorrem com Mercúrio, assim como Netuno,
fenômenos que não>se conciliam com as fórmulas, ou seja, movimen­
tos que traem a influência de algo.
Diz-se que Leverrier se “mostrou satisfeito quanto à precisão
substancial da observação referida”. O relatório de sua investigação es­
tá publicado no Monthly Notices, 20-98. Não ficaria bem ameaçar este
pequeno feito ingênuo com as nossas rudes observações, mas é diverti-
damente parte da engénhosidade da era á qual sobreviveram os atuais
dogmas. Lescarbault escreveu a Leverrier. Leverrier corre a Orgères.
Mas cuidou bem de não dizer a Escarbault quem era. Foi diretamente
ao objetivo e “submeteu Lescarbault a um intenso contrainterroga-
tório”... exatamente como alguém que aparecesse na casa de outrem e o

190
colocasse sob tortura, sem que o torturado conheça ò carrasco. E Le­
verrier não revelou sua identidade, até que ficou satisfeito. Imaginou
que Lescarbault tenha expresso seu estupor; Creio que haja algo utó-
pico nisto: afinal, tão dessemelhante da burocrática eficiência da vida
novaiorquina.
Leverrier deu o nome de “Vulcano
* 7 áo objeto a que Lescarbault
se referira. ~ ~ . ... - >.
Com os mesmos recursos com os quais mesmò hoje, os fidelís-
simos crêem que tenham descoberto Netuno, ele já havia anunciado a
provável existência de um corpo intramercurial, ou grupo de corpos.
Dispunha de cinco observações além da de Escarbault, em relação a
alguma coisa que havia sido vista atravessando do Sol. De acordo com
as hipnoses matemáticas de sua época, estudou estas seis passagens. E
destas calculou os elementos que forneceram para “Vulcano” um
período de cerca de 20 dias, ou seja, uma fórmula para a longitude
heliocêntrica em qualquer momento dado.
Mas colocou a data para a melhor observação nó distante ano de
1877. . ■■
Mas também assim, considerando que ainda tinha provavelmente
um bom número de anos de vida, alguém poderia pensar que tivesse
sido afetado por uma pressa um tanto excessiva - isto é, se não se
está muito adiantado no estudo das hipnoses - e que, tendo “desco­
berto” Netuno com um método tão recomendável quanto os bens ex-
cogitados métodos de outra época para identificar as feiticeiras, não
correu riscos do mesmo gênero: e, se teve razão quanto a Netuno, mas
tendo-se enganado quanto a Vulcano, a sua média ainda estaria muito
acima da maioria dos adivinhos os quais não poderíam certamente
pensar em agir na base de cinquenta por cento de êxito... tudo isto é o
raciocínio de um principiante no campo da hipnose.
; A data: ■-.•••.• ‘
' 22 de março de 1877:
O mundo científico estava todo apoiado sobre as patinhas brasei­
ras, e com o nariz voltado para o céu. O acontecimento, afinal, havia
sido expresso de maneira tão honorável. Jamais um papa havia pro­
nunciado algo com maior sentido de finalidade. Contavam-se seis ob­
servações, em que outra coisa se poderia acreditar? O diretor de Natu­
re, uma semana antes do evento previsto, ainda que com cautela, disse
que era difícil explicar como seis observadores, que não se conheciam,
tivessem podido ter dados que puderam ser expressados em fórmulas,
se não houvessem ocorrências coligadas.
Num certo sentido, é neste ponto que se verifica a crise de todo
nosso livro. _ : ,1
As fórmulas estão contra nós.

191
Mas esta fórmula astronômica, sustentada por observações con-
cordantes, tomadas à distância de muitos anos, e calculadas por Lever­
rier, podem, em sentido positivo, podem ser destituídas de significado
da mesma forma que todas as outras quase-coisas que encontramos
até agora.
Os preparativos que fizeram antes de 22 de março de 1877:
Na Inglaterra o Astrônomo Real fez dele o acontecimento de
sua vida: advertiu os observatórios de Madras, Melbourne, Sydney e da
Nova Zelândia e firmou acordos com observatórios no Chile e nos Es­
tados Unidos. O senhor Struve havia preparado observações a partir da
Sibéria e do Japão...
22 de março de 1877...
Não em sentido obsoluto, hipocritamente, pareceu-me uma coi­
sa muito patética. Se alguém devesse duvidar da sinceridade de Lever­
rier acerca deste assunto, observamos que, importe ou não, poucos
meses depois morreu.
Creio que convidamos à dança à Monstrator, ainda que acerca
desse assunto existam tantas coisas a respeito das quais tenhamos que
voltar.
Segundo o Annual Register, 9-120, 9 de agosto de 1762, o se­
nhor de Rostan de Basle, na França, estava medindo a altura do Sol
em Lausane quando viu um enorme corpo fusiforme, do tamanho de
trés índices solares e do comprimento de nove atravessar lentamente o
disco solar “a não mais da metade da velocidade com que se movem as
manchas solares usuais”. Não desaparece até 7 de setembro quando
atinge a borda do Sol. Pela sua forma de fuso, estou inclinado a pensar
que se tratasse de um Super-Zepellin, mas uma outra observação pare­
ce indicar que se tratava de um mundo que, ainda que fosse opaco e
“tivesse eclipsado o Sol” tinha em tomo de si nebulosidade... ou at­
mosfera? Uma penumbra seria normalmente a indicação de u’a man­
cha solar, mas existem observações que mostravam que este objeto se
encontrava e considerável distância do Sol.
É indicado ainda um outro observador, em Paris, que observava
naquele mesmo período, o Sol, mas que não observou o objeto.
Mas o senhor Croste, em Soleil, a cerca de 45 léguas alemãs (250
km) ao norte de Lausanne, viu-o e descreveu-o como sendo fusiforme,
mas sem entrar em concordância relativamente às dimensões. Depois
vem o ponto importante: que ele e Rostan não o viram na mesma par­
te do Sol. Há então uma paralaxe, e, conjugando-se-a á invisibilidade a
partir de Paris, é uma grande paralaxe... ou ainda significa que no de­
curso de um mês de verão do ano de 1762, um grande corpo opaco e
fusiforme atravessou o disco solar, mas a uma grande distância do Sol.
Quem escreveu a respeito no Register disse: “Numa palavra, não co­

192
nhecemos nada a que recorrer, entre os objetos celestes, para explicar
este fenômeno”.
Acredito que não se tratasse de uma pessoa irremediavelmente
drogada pela mania de dar explicações. Coisa extraordinária... teme­
mos que sob outros aspectos deva ter sido uma pessoa com hábitos
não codificados.
Quanto a nós...
Monstrator.
No Monthly Notices of theR.A.S., fevereiro de 1877, Leverrier,
que jamais perde a fé até o último dia, fornece as seis observações,
acerca de um corpo ignorado de dimensões planetárias, por ele calcula­
do:
Fritsche, 10 de outubro de 1802; Stark, 9 de outubro de 1819;
De Cuppis, 30 de outubro de 1839; Side botham, 12 de novembro de
1849; Lescarbault, 26 de março de 1859; Lummis, 20 de março de
1862.
Se não estivéssemos tão habituados à Ciência no seu aspecto
fundamental da indiferença, deixar-nos-íamos mistificar a impres­
sionar, como o diretor de Nature, pela formulação destes dados; uma
concordância entre tantos casos seria inacreditável como coincidência;
mas estamos convictos de que, pondo de parte alguns detalhes, os as­
trônomos e os adivinhos podem formular qualquer explicação - em-
penhar-nos-emos por outro lado a formular periodicidade na turba -
multa da Broadway - digamos que cada manhã de quarta-feira, passa
frente ao Singer Building, às dez e quinze, um homem alto, com
unia perna e um olho negro, que carrega uma seringueira. Naturalmen­
te isto não seria possível, a menos que existisse um homem com e^ssa
periodicidade, mas se em algumas quartas-feiras de manhã passasse
por ali um rapazinho carregando um barril, ou uma negra gorda com o
lixo da semana, então, transcurando, como normalmente alguns deta­
lhes, esta seria uma predição suficientemente precisa para o tipo de
quase-existência em que vivemos.
Quer acusemos, quer pensemos que nossa “acusação” dê exces­
siva importância à atitude em relação a um quase-astrônomo, ou então
seja uma simples ficção num super-sonho, nossa convicção é que Le­
verrier nunca fez as observações...
Mas que tenha escolhido observações manipuláveis...
E que deste tipo são todas as fórmulas...
E que se o próprio Leverrier não estivesse irremediavelmente
hipnotizado, ou se tivesse em si algo mais que uma simples partícula
de realidade, não te ria jamais se deixado enganar por um tal semipro-
cesso: mas estava hipnotizado e transmite ou transfere para os outros
a sua condição aos outros que, a 22 de março de 1877, fez com que
193
uma selva de telescópios se elevasse da terra, tendo atrás de si as for­
mas rígidas e quase inamimadas dos astrônomos...
Mas a Astronomia perdeu prestígio?
Não teria podido. Tinha como respaldo o espírito de 1877. Se
em um embrião, algumas células não vivem à altura de sua época, as
outras sustentarão aquilo que é tido como estabelecido. Apenas quan­
do o embrião entra no estágio dos mamíferos que as células de répteis
transformam-se em células falsas.
Acredito que existem muitas relações igualmente autênticas en­
tre grandes corpos planetários vistos nas proximidades do sol; e que
das quais Leverrier escolheu apenas seis, não dizendo depois que todas
as outras observações referiam-se a outros grandes corpos planetários,
hipnoticamente, ou heroicamente, pondo de parte arbitrariamente
cada um desses porque para formular seja lá o que fosse, precisava fal­
samente excluir. O resultado final o matou, acredito. Não estou incli­
nado a colocá-lo junto com os Gray, os Hitchcock, e os Symons. Não
o estou porque, ainda que não tenha sido esportivo predatar assim
com tanta antecipação, ele fornece uma data e se atém a ela com tal
boa aproximação...
Acredito que Leverrier tenha sido levado para o Absoluto Posi­
tivo.
Aquilo que transcurou:
A observação de Gruthison de 26 de julho de 1819... referia-se
a dois corpos que atravessaram frente ao Sol conjuntamente...
Nature, 14-505:
Um outro astrônomo amador, o senhor Coumbray de Constanti-
nopla, escreveu a Leverrier que, a 8 de março de 1865 havia visto um
ponto negro com contornos bem nítidos atravessar o disco solar. Des-
tacou-se de um grupo de manchas solares nas vizinhanças do bordo do
Sol e levou 48 minutos para atingir a extremidade oposta. Estudando
matematicamente o gráfico enviado por Coumbray, uma passagem cen­
tral teria requerido pouco mais de uma hora. Esta observação foi
denegada por Leverrier, porque sua fórmula requeria cerca do quádru­
plo daquela velocidade. A questão é que estas outras observações são
tão autênticas quanto aquela que Leverrier incluiu e que então, tendo
como base os dados esperáveis de “Vulcano”, deveríam ser outros
“Vulcanos”... trata-se então de uma heróica escolha que representa
uma dúvida, tentando sujeitar um fenômeno transcurando os outros, o
que, pela doutrina ortodoxa, deve tê-la influenciado grandemente, se
todos se encontravam no espaço relativamente restrito entre Mercúrio
e o Sol.
Observação relativamente a um corpo semelhante, a 4 de abril de
1876, em obra do senhor Weber de Berlim. Acerca de sua observação

194
Leverrier recebeu informações através de Wolf, em agosto de 1876
(£ Année Scientifique, 1876,7). Segundo o que se sabe, isto não fez
nenhuma diferença para o grande positivista.
Duas outras observações de Hind e Denning... o Times de Lon­
dres de 3 de novembro de 1871 e de 26 de março de 1873.
Monthly Notices ofR. A. S. 20-100:
Standacher, fevereiro de 1762; Lichtenberg, 19 de novembro de
1762; Hoffman, maio de 1764; Dangos, 18 de janeiro de 1798; Stark,
12 de fevereiro de 1820. Uma observação de Schmidt de 11 de outu­
bro de 1847, é considerada dúbia, mas na página 192, diz-se que esta
dubiedade era devida a um erro de tradução e foram fornecidas duas
outras observações de Schmidt: 14 de outubro de 1849 e 18 de feve­
reiro de 1850... e ainda uma observação de Lofft de 06 de janeiro de
1818. Observação de Steinheibel em Viena, a 27 de abril de 1820
{Monthly Notices, 1862) Haase recolheu as notícias de vinte observa­
ções similares àquela de Lescarbault. A lista foi publicada por Wolf em
1872. Por outro lado, existem outros casos como aqueles de Gruthin-
sen:
Amer. JoumalSci., 2-28-446:
Pastorff afirma ter visto, duas vezes emil836 e uma vez em 1837,
duas manchas redondas de dimensões diferentes moverem-se sobre a
superfície do sol, mudando a sua posição recíproca e seguindo cada
vez uma rota diferente, se não uma órbita diferente; em 1834 foram
vistos corpos similares atravessarem seis vezes o disco solar, corpos que
assemelhavam muitíssimo a Mercúrio durante as suas passagens.
22 de março de 1876...
Mas ressaltar a baixa média de Leverrier - que descobria os pla­
netas numa base de 50% - significa ressaltar o baixo percentual de
realidade das coisas quase-míticas de que é composto todo o sistema.
Não acusamos os livros-texto de omitirem a falência, mas observamos
que aqui está presente o método convencional de adaptação de todos
os embrulhões em dificuldade...
O método de desviar a atenção.
Isto não seria possível numa verdadeira existência, com uma ver­
dadeira mentalidade, mas creio que vá bastante bem para os quase in­
telectos que se deixam hipnotizar pelos livros-texto. Aqui o truque
consiste em cobrir de ouropéis o erro de Leverrier, para atribuir toda
culpa a Lescarbault - que era apenas um amador - dizendo que
tinha visto cousas ilusórias. A atenção do leitor é lançada sobre Lescar­
bault por um relatório do Sr. Lias, diretor da Guarda Costeira Brasi­
leira, o qual, no momento da “pretensa” observação de Lescarbault es­
tava estudando o Sol no Brasil e em lugar de ver apenas as manchas
solares normais, notara que a região do “pretenso trânsito” havia uma
“intensidade uniforme”.
195
Mas, o não significado de todos os enunciados na quase-exis-
tência...
A expressão “intensidade uniforme” revolta-se contra nós mes­
mos, ou ainda alguém encontrará um meio de vencer a terceira lei de
Newton — se toda reação, ou resistência é, ou pode ser, interpretável
como um estímulo em lugar de uma resistência - se isto pudesse ser
feito na mecânica, que seria a possibilidade de assenhorar-se do mundo.
Neste caso particular, “intensidade uniforme” significa que Lescar-
bault não viu nenhuma mancha solar normal, como também significa
que não foi vista nenhuma mancha de nenhum tipo na superfície solar.
Continuando a nossa interpretação da reação como ação auxiliar, o que
sempre pode ser feito através da força mental - interessando-se pelas
possíveis aplicações da força elétrica e do vapor - sublinhamos o fato
de que a invisibilidade no Brasil indica uma paralaxe verdadeira quanto
ao fato de indicar ausência, e no momento em que “Vulcano” estava a
certa distância do Sol, interpretamos a negação como afirmativa... mé­
todo que naturalmente é aquele de qualquer cientista, político, teólo­
go ou conferencista.
Então o livro-texto, sem uma astúcia especial, porque aqui não
há necessidade de astúcia particular, induz o leitor ao desprezo pelo
amador de Orgères e ao esquecimento por Leverrier... e passam então
a outro assunto.
Mas estamos convictos de que:
Estes dados são verdadeiros, como sempre o foram ;
Se qualquer personalidade notável devesse prever um terremoto,
e não ocorresse nenhum terremoto no período previsto, isto desacredi­
taria o profeta, mas os dados sobre os terremotos passados permanece­
ríam válidos como no passado. É muito fácil sorrir frente à ilusão de
um único amador...
A formação de massa.
Fritsche, Stark, De Cuppis, Sidebotham, Lescarbault, Lummis,
Gruthinson, De Vico, Scott, Wray, Russel, Hind, Lowe, Coumbray,
Weber, Standacher, Lichtenberg, Dangos, Hoffman, Schmidt, Lofft,
Steinheiber, Pastorff...
Estas são apenas as observações que se recolhem habitualmente
relativamente a um planeta interior à órbita de Mercúrio. Estes são bas­
tante potentes para impedir deixar perder todo o negócio como o
sonho de um único amador... mas formam simplesmente uma van­
guarda. Doravante começaram a passar e passaram, e continuaram a
passar, outros corpos celestes, alguns escuros, outros que refletem
a luz...
Talvez algum de nós lembre de algum em particular uma vez
terminado o desfile... quiçá.

196
Examinemos apenas uma dessas observações listadas:
Temos a impressão que o descrédito de Leverrier não tenha nada
a haver com a aceitabilidade desses dados.
No Times de Londres de 10 de janeiro de 1860 há a notícia de
Benjamin Scott acerca de sua observação.
No verão de 1847, viu um corpo que lhe parecia do tamanho de
Vênus, atravessar o Sol. Sustenta que, não querendo crer na prova
fornecida pelos seus olhos, havia procurado alguém cujas esperanças e
ambições não tornassem inclinado às ilusões. Assim disse para seu filho
de cinco anos olhar com o telescópio. O menino disse que tinha visto
um “balão zinho” atravessando frente ao Sol. Scott afirma não ter tido
bastante confiança em si mesmo para anunciar publicamente sua im­
portante observação, mas naquele mesmo dia contou o fato ao Dr.
Dick, F. R. A. S.... que citou outros casos. No Times de 12 de janeiro
de 1860, foi publicada uma carta de Richard Abbott, F. R. A. S. que
lembrava a carta enviada a ele por Scott com relação a esta obser­
vação, no tempo em que se verificara.
Imagino que, no início deste capítulo, possa ter surgido a im­
pressão que, andando a revolver velhos documentos, poder-se-ia reco­
lher dados vagos, bastante duvidosos, que poderíam ser distorcidos
naquela que é chamada a prova da existência de mundos ignotos ou
estruturas de dimensões planetárias...
Mas pelo contrário, temos uma profunda autenticidade e moder­
nidade destes dados malditos que estamos tomando em consideração...
E estamos convictos de que é na quase-existência, em que sobre
todas as outras coisas, esperanças, ambições, emoções, motivações, er­
gue-se a tentativa de Positivar; e que devemos tomar em consideração a
tentativa de sistematização que é puro fanatismo, tendo em vista sua
ação de transcurar o não sistematizável, que representou o bem supre­
mo no século XIX, que é u’a monomania, mas monomania heróica que
era quase divina no século XIX...
Mas também estamos convencidos de que este não é o século
XIX.
Como um brâmane duplamente garantido nos confrontos dos
batistas, os objetos de 29 de julho de 1878 causaram alarde e procla­
maram sua existência quase que nula, apenas a indiferença nos con­
frontos da intensidade da monomania pode explicar o fato de terem
sido aceitos pelo sistema.
Ou ainda o eclipse total de 29 de julho de 1878 e os relatos do
Prof. Watson, de Rawlins, em Wyoming, e do professor Swift de Den-
ver, no Colorado, que sustentam terem visto dois objetos brilhantes a
uma considerável distância do Sol.
E isto está de acordo com nossa idéia geral: isto é, que não haja
197
um planeta no interior da órbita de Mercúrio, mas que existam tantos
corpos diversos de grandes dimensões por vezes próximos da Terra, às
vezes próximos do Sol; mundos sem órbita, os quais, do momento em
que não há dados relativos a colisões, são considerados manobrados...
ou ainda superestruturas dirigíveis.
O professor Watson e o professor Swift publicaram as suas obser­
vações.
Depois seguiu-se a indiferença relativamente àquilo que não po­
diam pensar em termos de são e normal exclusão.
Os sistematizadores de manual começaram dizendo que a dificul­
dade dessas observações estava no fato de serem discordantes uma da
outra; aqui há uma notável nota de respeito, particular mente para
Swift, mas dizem que estes dois astrônomos, a cejitenas de milhas de
distância um do outro, devem ter tido, por coincidência, a mesma ilu­
são: as suas observações eram tão diferentes...
O professor Swift (Nature, 19 de setembro de 1878):
A sua observação “aproximava-se estreitamente daquela feita
por Watson”.
Em Observatory, 2-161, Swift diz que suas observações e a de
Watson “confirmavam a coisa”.
O crédulo discorda:
Watson e Swift tomaram as estrelas por outros corpos.
Em Observatory, 2-193, Watson sustenta ter lembrado antes de
mais nada todas as estrelas nas proximidades do Sol até a sétima
grandeza...
Eàinda foi danado...
Como estas exclusões funcionam pode-se ver por Lockyer (TVatu­
re, 20 de agosto de 1878). Este diz: “Não há quase dúvida de que te­
nha sido descoberto por Watson um planeta interior a Mercúrio”.
Isto antes que fosse pronunciada a escomunhão.
Disse:
“Este se adaptaria a uma das órbitas de Leverrier” ...
Não se adaptou.
Em Nature, 21-301, Swift diz:
“Jamais fiz uma observação mais válida nem mais falta de
dúvida.”
Mas foi danado...
Temos dados que não reagiríam diante de requisitos muito rigo­
rosos, mas, se alguém desejasse ter o cuidado e a paciência de ler com

198
quanta paciência e precisão foram feitas estas duas séries de observa­
ções, que procure a detalhada descrição de Swift no American Journ.
Sei. 116-313; e os detalhes técnicos das observações de Watson no
Monthly Notices, 38-525.
Nossa idéia de mundos dirigíveis, os quais, coisa bastante absur­
da, são mais quase reais do que aquela tentativa de grandes planetas
relativamente próximos a esta Terra, que se movem em órbitas, mas
que apenas ocasionalmente são visíveis; e que se aproxima mais da
racionalidade que todo o morticínio perpetrado nos confrontos de
Swift, Watson, Fritsche, Stark e De Cuppis, é tão dolorosa para muitas
mentes, em outro dos momentos de caridade que temos de quando em
quando pelo amor do contraste, que oferecemos uma alternativa:
As coisas vistas no céu por Swift e Watson...
Bem, dois meses antes... o cavalo e a estrebaria...
Prossigamos com outros dados acerca de observações de astrô­
nomos, reconhecendo que esta foi a coisa que lhe deu a vida, que a
sustentou, que a manteve coesa, e que esmigalhou tudo em si que não
fosse uma vida independente. Se não estivessem assim sistematizados,
não poderiam existir com certeza, senão esporadicamente e sem nutri­
ção. Foram sistematizados: não devem desviar-se das condições do sis­
tema; não devem afastar-se do sistema.
Os dois grandes mandamentos:
Não romperás a Continuidade;
Provarás.
Prossigamos com estes dados relegados, alguns dos quais, ou mui­
tos, têm a máxima aceitabilidade. É o Sistema que atrai suas variações,
como esta terra atrai o Matterhorn (NTS - Monte nas proximidades
de Zermatt, na fronteira ítalo-suíça). É o sistema que dá nutrição e
recompensa e que por outro lado, congela a vida com o gelo da indife­
rença. Notemos, por outro lado, que antes que seja pronunciada uma
excomunhão, os jornais ortodoxos registram bastante livremente as
observações não assimiláveis.
Todas as coisas se confundem em qualquer outra coisa.
É a Continuidade.
Então o Sistema se confunde com qualquer outra coisa e esca­
pa quando procuramos focalizar alguns detalhes contra ele.
Lamentamo-nos muito. Mas pelo menos não somos tão obtusos
a ponto de iludirmo-nos achando que sabemos exatamente o que
estamos lamentando. Não falamos aparentemente com segurança do
“Sistema”, mas tudo aquilo que construímos e fazemos sobre os mem­
bros desse mesmo sistema... ou ainda recolhemos as heresias esparsas
pelos ortodoxos. Naturalmente o “Sistema” se cobre de ouropéis, não

199
tendo um verdadeiro contorno. Um Swift se oporá ao “Sistema” e um
•Lockyer o chamará de volta, mas depois um Lockyer virá com uma
“hipótese meteórica” e um Swift representará por sua vez ao “Sistema”.
Este estado é para nós característico de todos os fenômenos da Inter-
mediaridade, ou ainda, não se concebe que alguma coisa seja realmente
alguma coisa, as suas partes podem ao mesmo tempo ser aquilo que se
opõe a elas. Falamos de astrônomos, como se fossem verdadeiros astrô­
nomos, que tivessem perdido sua identidade num Sistema, como se
esse fosse um verdadeiro Sistema, mas frente àquele sistema, este é
simplesmente uma lembrança, ou uma perda de identidade, no Espí­
rito de uma Era.
Corpos que apareceram como corpos escuros e luzes que podem
ter sido reflexos solares sobre objetos, massas ou construções inter­
planetárias.
Luzes que foram vistas sobre a Lua ou nas vizinhanças desta...
Em Philosophical Transactions, 82-27, existe o relato de Hers­
chel relativamente a muitos pontos luminosos que vira na Lua, ou nas
vizinhanças da Lua, durante um eclipse. Porque eram luminosos en­
quanto a própria Lua estava escura, criaram um mar de vociferações...
Álém disso mais tarde aceitaremos, ou não aceitaremos, que muitas
vezes, de noite, tenham sido vistos objetos luminosos na vizinhança
da Terra.
Mas a numerosidade é uma nova perturbação para nossas explora­
ções.
Um novo aspecto acerca dos habitantes ou dos ocupantes do
cosmo...
Hordas de mundos, ou seres - talvez alados - não me espan­
taria se acabassem descobrindo anjos ou seres sobre a máquina... naves
de viajantes celestes...
Em 1783 e em 1787, Herschel refere-se a outras luzes sobre a
Lua ou nas vizinhanças desta, que supôs fossem de origem vulcânica.
As palavras de um Herschel acerca de divergências da ortodoxia
não tiveram mais peso que as de um Lescarbault. Estas observações
encontram-se entre aquelas condenadas ao esquecimento.
Manchas luminosas vistas sobre a Lua em novembro de 1821
(Proc. London Roy. Soc., 2-167).
Para outro exemplo, veja-se Loomis (Treatise on Astronomy,
pg. 174).
Uma luz móvel foi relatada em PhiL Trans., 84-429. Ao redator
pareceu uma estrela que passasse sobre a Lua.” “o que, pensando logo
em seguida, pareceu-lhe impossível”. “Era uma luz fixa e firme sobre a
parte sombria da Lua”. Acredito que a palavra “fixa” seja muito
atraente.
200
No Report of the Brit. Assoe., 1847-18, há uma observação de
Rankin, acerca de pontos luminosos na sombra da lua durante um
eclipse. Ao observador essas assemelharam-se a reflexos de estrelas;
ainda que, no Annual Register, 1821, 687, temos uma luz que não é
referida a uma estrela... porque se move com a Lua,' foi vista por três
noites em seguida - referência oriunda do Cap. Kater. Veja Quart.
Journ. Roy. Inst. 12-133.
Phil. Trans., 112-237:
Informe do Observatório da Cidade do CABO: Mancha branca
foi vista no bordo da Lua, na parte obscura. Foram vistas ainda três
luzes pequenas.
A solicitação da positividade no seu aspecto de unicidade, homo­
geneidade, unitariedade e completude... eu mesmo o sinto nos dados
que estão chegando. Um Leverrier estuda mais de vinte observações. E
sente-se uma inclinação irresistível de pensar que estes são ressumados
num único fenômeno. E uma forma de inclinação cósmica. A maior
parte das observações é tão irreconhecível frente a idéias diversas da­
quelas dos mundos dirigíveis não dotados de órbita, que fecha os olhos
frente a mais de dois terços desses, na escolha sei que lhe podem dar a
ilusão da completude, ou ainda que todos se refiram a um mesmo pla­
neta.
Ou admitimos ter ainda muitos dados acerca de corpos escuros...
sentimo-nos irresistivelmente inclinados a pensar num deles como che­
fe.
Corpos escuros que flutuam ou navegam no espaço interplane­
tário... e eu concebo um deles como o Príncipe dos Corpos Obscuros.
Melanicus.
Uma enorme coisa negra com asas de supermorcego, ou uma
superestrutura negra, provavelmente um dos esporos do Maligno.
O extraordinário ano de 1883.
O Times de Londres de 1883, 17 de dezembro:
Extrato de uma carta de Hicks Pashaw: em 24 de setembro de
1883 no Egito, yira com um binóculo “u’a imensa máquina negra na
parte inferior do Sol”.
U’a máquina solar, portanto.
Uma noite um astrônomo estava perserutando os céus, quando
algo obscureceu uma estrela pôr três segundos e meio. Na vizinhança
foi visto um meteoro, mas sua esteira foi apenas momentaneamente
visível. O doutor Wolf era um astrônomo (Nature, 86, 528).
O dado seguinte é um dos mais extraordinários em nossa posse
esquecendo-se de que não há muito nisso. Um objeto escuro foi visto
pelo professor Heis, mover-se através da Via-láctea por onze graus de
201
arco (Catálogo de Greg. Rept. Brit. Assoe., 1867-426).
Uma das nossas quase-razões para aceitar que os mundos sem ór­
bita sejam dirigíveis é a quase absoluta falta de dados acerca de coli­
sões:
Naturalmente, mesmo que desprezando a gravidade, pudessem,
sem a intervenção humana, regular sua posição recíproca como acon­
tece para os vértices nos anéis de fumaça... sistema muito similar ao
humano, de qualquer modo. Mas em Knowledge, fevereiro de 1894,
aparecem duas fotografias do cometa de Brooks que são mostradas
como prova de uma aparente' colisão com um objeto escuro, em
outubro de 1893. A nossa opinião é de que “tenha se chocado contra
alguma coisa”. A do prof. Bamard é de que “entrou numa substância
densa que a estraçalhou”. Quanto a mim, creio que se chocou simples­
mente contra um campo de gelo.
Melanicus.
Sobre asas de um supermorcego este medita sobre a Terra e ou­
tros mundos, sempre trazendo algo desses, adeja suspenso em asas, ou
apêndices semelhantes a asas, ou planos que medem centenas de mi­
lhas de uma extremidade a outra... uma coisa supermalvada que des­
fruta. Com a palavra Maligno intento dizer aquilo que se torna útil.
Obscurece uma estrela. Dá um empurrão num cometa. Acredito
que seja um imenso vampiro negro pensativo.
Science, 31 de julho de 1896:.
Segundo a notícia de um jornal, o senhor W.R. Brooks, diretor
do Observatório Smith, viu um objeto escuro e redondo passar lenta­
mente frente à lua, horizontalmente. Segundo Brooks, tratava-se de um
meteoro escuro. Em Science de 14 de setembro de 1896, um corres­
pondente escreve que, segundo ele, poderia ser um pássaro. Não vemos
nenhuma objeção no ponto de fusão entre meteoros e pássaros se te­
mos observações de longa duração e calculamos dimensões distantes
centenas de milhas. Quanto ao corpo visto por Brooks, há uma nota
do astrônomo holandês Muller, no Scientific American, 75-251, que
a 4 de abril de 1892 observou um fenômeno análogo. Em Science Gos-
sip, nQs. 3-135, existem outros detalhes relativos ao objeto de Brooks
- o diâmetro aparente era de cerca de trinta avos daquela da Lua e
tinha atravessado o disco lunar em três ou quatro segundos. O autor,
em Science Gossip, diz que a 27 de junho de 1896, a uma da manhã
estava observando a Lua com um telescópio acromático de duas pole­
gadas (cinco centímetros), com 44 aumentos, quando um longo obje­
to negro passou diante dele de oeste para este e a passagem demorou
3 ou 4 segundos. Achou que o objeto era um pássaro... porém nesse
não foi visível nenhum movimento similar ao bater de asas.
Em Astronomische Nachrichten, n9 3477, o doutor Brendel de
Griefswald, na Pomerânia, escreve que o diretor do Escritório Postal,

202
Ziegler, e outras testemunhas observaram um corpo com diâmetro de
cerca de 6 pés (1,8 metro) atravessar o disco solar. A duração indica
algo distante da Terra e também distante do Sol. Esta coisa foi obser­
vada um quarto de hora antes que atingisse o sol. O tempo decorrido
durante a travessia do sol foi de uma hora aproximadamente. Depois
de ter passado diante do Sol, foi visível ainda por uma hora.
Penso que se trata de um enorme vampiro negro que por vezes
se põe a refletir acerca da Terra e de outros mundos.
Comunicação do doutor F.B. Harris (Popular Astronomy, 20-
398).
Noite de 27 de janeiro de 1912, Harris viu, sobre a Lua, “um
objeto intensamente negro”. Calculou que tivesse 50 milhas de com­
primento e 50 de largura (400 km por 80). “O objeto assemelhava-se
absolutamente a um corvo.” As nuvens interromperam a seguir a ob­
servação.
O dr. Harris escreve:
“Não posso deixar de pensar que aconteceu um fenômeno mui­
to interessante e curioso ”...

203
XV
UM QUEBRA-CABEÇAS

Este será um capítulo breve, e o pior de todos. Creio ser especu­


lativo. É um desvio do nosso pseudo-padrão de comparação. Creio que
signifique que o capítulo precedente era escrito de modo eficiente que
agora, seguindo o ritmo de todas as quase-coisas que não podem ser
reais, se são ritmos, pois que um ritmo é uma aparição que se trans­
forma no próprio oposto para depois voltar a si mesma - concluímos
não termos nos enganado. Um breve capítulo, e creio que o preenche­
remos com outros tantos pontos de Intermediariedade.
É nossa convicção que, fora do Absoluto Negativo, seja gerado
o Absoluto Positivo, formando-se ou conservando-se entrementes, um
terceiro estado, isto é, nosso quase-estado, aparentando, em suma, que
estejamos procurando conceber a Universalidade construindo-a a par­
tir da Nulidade. Considerem-no também, se estiverem dispostos a cor­
rer o risco de se consumir com tal velocidade, a ponto de deixarem de
dentro de si uma brasa incandescente, arriscando-se a serem felizes
eternamente, enquanto que provavelmente, não o desejassem inicial­
mente... explicarei eu mesmo este ponto e procurarei ser inteligível,
considerando o Positivo Absoluto sob o aspecto da Realidade ao invés
de sob a Universalidade, relembrando que com as palavras Realidade e
Universalidade, compreendemos o mesmo estado, que não se confun­
de com nada mais, por não ser nenhuma outra coisa diferente. Assim,
minha idéia é que - além da Irrealidade, ao invés da Nulidade - a
Realidade, ao invés da Universalidade, esteja constituindo através de
nosso quase-estado, uma Realidade mais ampla. Desta mesma forma,
mas em termos relativos, naturalmente, todas as imaginações que se
materializam em máquinas ou estátuas, edifícios, dólares, pinturas ou
livros de papel e tinta, são apenas graus intermediários entre a reali­
dade e a irrealidade... em termos relativos. Parecería portanto, que
a Intermediaridade é uma relação entre o Absoluto Positivo e o Abso­
luto Negativo. Mas o absoluto é o que não tem relações... naturalmen­
te, isto equivale a confessar que não podemos cogitá-lo, pensando em
atribuir um limite ao que é limitado. Dentro do melhor que temos, e

204
encorajados pela reflexão de que não podemos fazer pior do que fize­
ram os metafísicos no passado, aceitamos que o absoluto não possa ser
o que tem relações. Destarte, portanto, o nosso quase-estado não é
uma verdadeira relação, se nada do que contém é real. Parece concebí­
vel que o Absoluto Positivo possa, por intermédio da Intermediarie-
dade, ter uma quase-relação, ou ser quase-coligada, ou então ser sem
relações, em termos finais, ou pelo menos, não ocorrer que tenha rela­
ções, em termos finais.
Quanto ao livre arbítrio e a Intermediariedade... vale a mesma
resposta que para todo o resto. Com a expressão livre arbítrio quere­
mos nos referir à Independência - ou, aquilo que não se confunde
com nada mais - assim na Intermediariedade não se terá nem uma
vontade livre nem uma vontade escravizada - mas uma aproximação
diversa de qualquer sujeito em relação a um ou outro dos extremos. O
modo comum de exprimir esta posição a mim parece exatamente o
mais aceitável, se na Intermediariedade se encontrar apenas o para­
doxo: isto é, que somos livres para fazermos o que devemos fazer.
Estou convencido, de que não fazemos alarde daquilo que é ab­
surdo. Penso que nossa sensação seja aquela que nas primeiras tenta­
tivas feitas por apalpadelas não há meio de saber, depois, o que será
aceitável. Creio que se um dos primeiros biólogos tivesse ouvido falar
de pássaros que crescem nas árvores, teriam registrado que ouviram
falar de pássaros que crescem nas árvores e deixariam para os próxi­
mos biólogos o trabalho de reavaliar os dados. A única coisa que pro­
curamos mitigar, mas que é altamente inevitável, é o fato de termos
nossos dados misturados, como aqueles de Long Island e Flórida na
mente dos primeiros exploradores americanos. Acredito que todo este
livro seja como um mapa da América do Norte em que o rio Hudson é
indicado como uma passagem para a Sibéria. Pensamos em Monstrator
e em Melanicus e num mundo que está em comunicação com esta Ter­
ra; e se assim é, com os esoteristas desta Terra. Se aquele mundo é
Monstrator e Monstrator é Melanicus... isto é toda uma outra questão.
Seria muito grosseiro resolver tudo agora e não deixar nada para os
nossos discípulos.
As marcas de taça.
Impressionamo-nos muito com esse fenômeno.
Parecem-me símbolos de comunicação.
Mas não me parecem meios de comunicação entre habitantes da
terra e outros pertencentes à terra.
Acredito que uma força externa qualquer tenha há muito tempo
imprimido símbolos sobre as rochas da terra.
Não acredito que estes signos, como taças, sejam comunica­
ções gravadas por habitantes diversos desta Terra, porque me parece

205
altamente inaceitável que habitantes da China, da Escócia e da Améri­
ca tenham todos concebido um mesmo sistema.
As taças são filas de impressões na rocha, em forma de taça.
Por vezes têm anéis em tomo, outras vezes um semicírculo. Grã-
Bretanha, América, França, Algéria, Circássia, Palestina, praticamente
em toda parte .. . exceto no extremo norte, creio. Na China estão
impressas nas regiões altas. Num promontório próximo ao lago de
Como, há uma confusão desses símbolos. Na Itália, Espanha e índia
encontram-se em número enorme.
Concedemos que uma força, digamos a energia elétrica, possa
marcar à distância uma substância como a pedra, como o selênio
à distância de centenas de milhas pode ser impresso por telefotogra-
fias ... mas tenho duas idéias ...
Os Exploradores Perdidos provenientes de algum lugar, e a tenta­
tiva de alguém de comunicar-se com eles: então eis uma inundação fre­
nética de mensagens sobre a Terra, na esperança de que alguma dessas
vá impressionar as rochas nas imediações dos exploradores perdidos...
Ou ainda em algum ponto da Terra se encontra uma determina­
da superfície rochosa, um receptor, ou uma construção polar, ou a
encosta de uma colina cônica, sobre a qual por séculos e séculos che­
garam mensagens de algum outro mundo, entretanto, mensagens
que por vezes erram a direção e vão impressionar substâncias por vezes
a milhares de milhas de distância do receptor.
Forças que atuam na história da Terra deixaram nas rochas da
Palestina, da Inglaterra, da índia e da China escritas, que serão um dia
decifradas, acerca das instruções endereçadas a certos grupos esoté­
ricos ... ordens dos Maçons ... os Jesuítas ...
Sublinho a formação linear das marcas em taça:
O prof. Douglas (Saturday Review, 24 de novembro de 1 883):
“Qualquer que tenha sido a motivação, os autores das marcas
mostraram uma decidida predileção a dispor suas esculturas em filas
regularmente espaçadas.”
Que as taças fossem uma forma arcaica de escritura, foi uma
sugestão feita há muitos anos por Canon Greenwell. Mas, o maior
sustentáculo de nossas opiniões, são ás observações de Rivett-Carnâc
(Jour. Roy. Asiatic Soc., 1 903-515):
Ou seja, que o sistema Braille dos pontos em relevo seja uma
disposição invertida das marcas em taça e que por outro lado tenha­
mos forte correlação com o alfabeto Morse. Mas nenhum arqueólo­
go doméstico e inserido no sistema pode fazer mais que indicar casu­
almente a semelhança, e muito simplesmente limitar-se a sugerir que
a fila de marcas tem o aspecto de mensagens, porque - na China,
Suíça, Algéria, América - se são mensagens, parece que não há meio

206
de não atribuir uma origem a elas ... se são mensagens, aceito a
hipótese da origem externa, posto que toda a superfície da Terra lhes
seria acessível.
Ressaltemos outras coisas:
Que as filas de taças foram frequentemente comparadas com
as marcas de pés.
Mas nessa semelhança é preciso esquecer sua disposição line­
ar ... naturalmente por vezes são misturadas em todos os sentidos,
mas a disposição em fila única é muito comum. É estranho que devam
tão frequentemente ser comparadas com marcas de pés: creio que
se tratem de casos excepcionais, mas a menos que se trate de coisas
que saltitem sobre um pé só, ou de um gato que caminha sobre uma
estreita paliçada, não consigo pensar em nada que deixe uma pegada
atrás da outra ... exceto um policial, no posto policial, que caminha
sobre uma linha traçada com cal.
Na Pedra da Bruxa, proximidades de Rathox, na Escócia, exis­
tem vinte e quatro marcas de taça, que variam de dimensões de um
diâmetro de uma polegada e meia a três (4 a sete e meio cm) dispostas
aproximadamente em linha reta. A explicação local é que se tratem
de pegadas de cachorro. (Proc. Soc. Antiq. Scotland. 2-4-79). Pegadas
semelhantes são estranhamente dispostas em redor da Pedra da Bruxa...
como mensagem telegráfica freneticamente trànsmitida, ou como
mensagens repetidas infinitamente na tentativa de estabelecer um
contato.
Em Inverness-shire, as marcas em taça são chamadas 1 ‘pegadas
de fadas”. Na igreja de Valna, Noruega, e na de São Pedro em Amble-
teuse, existem sinais similares e que são chamados pegadas de cavalo.
As rochas de Clare na Irlanda trazem estas marcas que se afirma terem
sido feitas por uma vaca mítica (Folklore, 21-184).
Temos agora um fantasma de coisa que não gostaria que fosse
interpretada como oferecimento de um dado: ilustra simplesmente o
que quero dizer com o conceito dos símbolos, como as taças ou pega­
das, que, se semelhantes às do cavalo e da vaca, são o inverso ou o
negativo das taças - símbolos que são recebidos regularmente na terra,
sobre encostas de montanhas cônicas, penso - mas que frequentemen­
te chegam em lugares errados ... com grande perplexidade das pessoas
que acordando de manhã encontraram-nas onde apenas havia rocha
nua.
Um velho relato - pior ainda, um velho relato chinês - fala
de um pátio num palácio e dos habitantes do palácio que um dia
acordaram encontrando o pátio marcado por marcas semelhantes
ás causadas por um boi e imaginaram que tivesse sido o diabo que
as tivesse imprimido (Notes and Queries, 9-6-225).

207
XVI
ANJOS

Alas e alas de anjos.


Conjuntados como as nuvens de almas, ou os bufos ou as exala­
ções das almas que tão frequentemente compunha Doré.
Pode ser que a Via-láctea seja a composição de anjos absolutos,
rígidos, congelados, estáticos. Temos dados relativos a pequenas
Vias-lácteas que se movem rapidamente; ou dados acerca de alas de
anjos, não absolutos e ainda dinâmicos. Acredito, pessoalmente, que
as estrelas fixas sejam verdadeiramente fixas e que os pequenos movi­
mentos que se dizem verificados nessas são apenas ilusões. Creio que
as estrelas fixas sejam absolutas e os pequenos movimentos que se
dizem ter localizado nessas sejam apenas ilusões. Creio que as estre­
las fixas sejam absolutas. Seu tremular é apenas interpretação de um
estado intermediário em si. Acredito que pouco após a morte de
Leverrier tenha sido descoberta uma nova estrela fixa ... sobre a qual,
se o Dr. Gray tivesse simplesmente mantido a sua opinião acerca de
milhares de peixes num curso d'água, e tivesse escrito, proferido con­
ferências, e debates nas esquinas, para convencer o mundo que, absur­
da ou não, a sua explicação era única possível... se não tivesse pensa­
do em outra coisa, se fosse seu último pensamente à noite e o primeiro
pela manhã, quando de seu anúncio fúnebre, uma outra “nova” seria
noticiada no Monthly Notices.
Creio que as Vias-lácteas de ordem inferior ou dinâmicas te­
nham sido freqüentemente vistas pelos astrônomos. Naturalmente po­
de ocorrer que os fenômenos que agora consideramos não sejam de
fato anjos. Estamos simplesmente tateando o terreno circundante,
procurando descobrir o que é aceitável. Alguns de nossos dados mos­
tram bandos de rotundos e prazerosos turistas pelo espaço interpla­
netário ... mas também dados sobre turistas altos, magros, è esfaima-
dos. Creio que lá fora, no espaço interplanetário, hajam super-tamer-
lões chefiando invasores celestes, que se atiram a saquear as civiliza­
ções do passado, despojando-as de tudo até os ossos, templos e monu­
mentos, para as quais os historiadores pósteros inventaram estórias

208
exclusionistas. Mas se há algo que tem direito legal para nós, podendo
fazer valer seu direito de propriedade, recebeu aviso para afastar-se.
É o sistema de todas as explorações. Diria que agora estamos em vias
de aculturação: temos consciência disso, mas temos a impertinência
de tudo atribuir tão-somente aos nossos próprios instintos mais
nobres e elevados.
Contra estes conceitos está mesmo a noção de finalidade que se
opõe a quase todo progresso. É por isso que consideramos a aceitação
como um estado melhor do que a fé cega. Contra nós está a firme
crença que, quanto aos fenômenos interplanetários tudo tenha sido
praticamente descoberto. Noção de finalidade e ilusão de homogenei­
dade. Mas, o que é chamado progresso é uma violação da noção de
vacuidade.
Uma gota d'água. Outrora, a água era considerada tão homogê­
nea que era vista como elemento em si. Depois veio o microscópio
e não só o que se supunha na condição de elemento sé mostrou com­
pletamente diferente, mas na sua vida protoplásmica encontram-se
novas formas de seres.
Ou ainda o ano de 1 491 e a Europa propensa a ver o Ocidente,
isto é, o Oceano, com a sensação de aquela tranqüila linha sobre o
horizonte fosse inalterável, e que os deuses da regularidade não haviam
permitido àquele liso horizonte ser perturbado por costas ou macula­
do por ilhas. Enfim, seria desagradável contemplar algo do gênero -
o .Ocidente amplo e liso tão nitidamente delineado contra o céu -
maculado por ilhas ... teria sido uma lepra geográfica.
Mas no ocidente aparentemente vazio existiam costas e ilhas
e índios e bisontes; lagos, montanhas e rios ...
Alguém alça os olhos aos céus; eis a relativa homogeneidade de
tudo aquilo que é inexplorado: pensa-se apenas num pequeno número
de fenômenos. Mas sou constrangido a pensar que existem infinitas
modalidades em que se desenvolve a existência interplanetária: coisas
tão diferentes dos planetas e dos cometas e dos meteoros como o são
os índios dos bisões e dos coiotes: uma supergeografía - ou celesto-
grafia - das vastas regiões pantanosas, mas também Super-Niágafa e
Ultra-Mississippi; e uma super-sociologia ... viajantes, turistas e inva­
sores; caçados e caçadores; os supermercadores, os superpiratas e os
superevangélicos.
O sentido da homogeneidade, ou ainda a nossa ilusão positivis­
ta do desconhecido ... e o destino de todo o positivismo.
Astronomia e academia.
Ética e abstrato.
A tentativa universal de formular ou regularizar ... uma tentati­
va que somente pode ser feita descuidando ou negando.

209
Ou então, tudo desprezará ou negará o que, ao final, agredirá
e destruirá...
Até que venha o dia em que uma determinada coisa se impuser
ao Infinito dizendo:
"‘Chegarás até aqui: esta é a linha absoluta de demarcação.”
A afirmação final:
“Existo, apenas EU.”
No Monthly Notices of the R. A. S. 11-48, há uma carta do
reverendo W. Read:
A 14 de setembro de 1 851, ás 9:30 da manhã, viu uma fileira
de corpos luminosos passando pelo campo de seu próprio telescópio,
alguns lentamente, outros em velocidade. Estes ocupavam uma zona
da amplitude de alguns graus. A direção da maior parte deles era
de leste para o oeste, mas alguns se moviam do norte para o sul.
Estavam em enorme quantidade e foram observados durante seis
horas.
Nota do diretor:
“Não poderíam estas aparições serem atribuídas a um estado
anormal dos nervos ópticos do observador?”
No Monthly Notices 12-38, Read responde ser há 28 anos
um diligente observador com instrumentos de ordem superior ...
“mas nunca até agora, assistí a um espetáculo desse gênero”. Quanto a
ilusões ópticas, afirma que dois outros membros de sua família viram
estes objetos.
O diretor retirou sua hipótese.
Saibamos pelo que esperar. Podemos predizer o passado de mo­
do quase absoluto, numa existência que é essencialmente irlandesa,
isto é, guardando algo deste gênero, escrito em 1851, sabemos o que
esperar mais tarde dos Exclusionistas. Se Read viu uma migração de
milhões de anjos insatisfeitos, estes devem se confundir, ao menos sub­
jetivamente, com fenômenos terrestres comuns... desprezando natural-
ménte a provável familiaridade, quase terrena, de Read com fenôme­
nos terrestres comuns.
Monthly Notices, 12-183:
Carta do reverendo W. R. Dawes:
Também ele havia visto objetos semelhantes no mês de setem­
bro ... e nada mais eram do que sementes que flutuavam na atmosfera.
No Report of the British Association, 1 852-235, há uma comu­
nicação de Read ao prof. Baden-Powell:
Os objetos que haviam sido vistos por ele e por Dawes não eram
semelhantes. Ele nega ter visto sementes flutuarem na atmosfera.

210
Havia algum vento, mas este vinha do mar, onde não era provável
que poderíam ter tido origem tais sementes. Os objetos que havia
visto eram redondos e de contornos bem nítidos, sem nenhuma das
características da pelugem do cardo. Depois, cita uma carta de C. B.
Chalmers, F.R.A.S. (Fellow of the Royal Astronomical Society) o
qual havia observado uma fila ou procissão ou migração, semelhan­
te, exceção feita pelo fato de que alguns dos corpos eram mais alon­
gados - ou magros e esfaimados - do que arredondados.
Poder-se-ia esticar a discussão por sessenta e cinco anos. E não
teria impressionado a ninguém ... de uma certa importância. O super-
motivo principal, ou a dominante de sua era, a do Exclusionismo e o
conceito das sementes no ar se assimila, feitas as devidas exclusões,
com aquela dominante.
Ou então consideramos os espetáculos faustosos aqui na terra
e as coisas olhadas do alto ... e as Cruzadas foram apenas nuvens de
pó, o brilho do sol sobre as armaduras apenas partículas de mica nas
nuvens de pó. Penso que Read tenha visto uma Cruzada, mas que
também era justo dizer que, no ano de 1 851, se tratava apenas de
sementes ao vento, quer o vento soprasse ou não do mar. Penso em
coisas que brilhavam com seu zelo religioso, misturadas, como qual­
quer outra coisa da intermediaridade, a negros malfeitores e seres
marrons ou cinzentos de mesquinhas ambições pessoais. Pode ter
sido um Ricardo Coração de Leão indo tomar satisfações a Jove.
Era razoável, em 1 851, dizer que era a semente de uma couve.
O prof. Coffin, da Marinha dos Estados Unidos (Jour. Frank.
Inst. 88-151):
Durante o eclipse de agosto de 1 869, havia notado a passagem
pelo campo de seu telescópio de tais flocos luminosos semelhantes
a flores de cardo que adejavam à luz do Sol. Mas o telescópio apresen­
tava uma focalização que indicava que tais objetos deveríam estar a
uma tão grande distância da terra que, de um modo ou de outro as
dificuldades da ortodoxia permanecem um tanto quanto grandes,
seja lá o que pensemos ...
Tinham contornos “bem nítidos”, disse Coffin.
Henry Waldner (Nature, 5-304):
A 27 de abril de 1 863, tinha visto um grande número de peque­
nos corpos passarem de oeste para o leste. Havia avisado o Dr. Wolf,
do Observatório de Zurique, o qual “estava convencido ele mesmo
daquele estranho fenômeno”. Wolf havia dito que corpos semelhantes
foram vistos pelo sr. Capocci do Observatório de Capodimonte, em
Nápoles, a 11 de maio de 1 845.
As formas eram muito diversas ... ou eram aspectos de uma
mesma forma?
A alguns desses, haviam apêndices adicionados.
Falou-se que alguns tinham a forma de estrelas com apêndices
transparentes.
Pessoalmente, creio que se trate de um Maomé e da sua Égira.
Ou quiçá se tratasse de seu harém. Que tremenda sensação:
flutuar no espaço com algumas dezenas de milhões de mulheres. Se
bem que parecería que temos uma notável vantagem, pois que a esta­
ção das sementes não é em abril ... mas temos sempre um retorno
á terra, um arrastamento no lodo de parte daqueles seres sinceros ou
obtusos de um passado recente. Tenhamos a mesma estupidez - uma
estupidez necessária e funcional que faz atribuir a um acontecimento
cotidiano algo tão raro que um astrônomo observou-o apenas uma
vez entre 1 845 e 1 863.
Ou a hipótese assimilativa do Sr. Waldner que sustenta ter
visto simplesmente cristais de gelo.
Que não tenham sido os véus fugidios de um super-harém ou
planos de sustentação de material sutilíssimo, o fato é que tivemos
a impressão de coisas em forma de estrela com apêndices transparen­
tes que foram vistas no céu.
Alinhamentos de pequenos corpos - desta vez negros - foram
vistos pelos astrônomos Herrick, Buys-Ballot e de Cuppis (LAnnée
Scientifique, 1 860-25); uma enorme quantidade de corpos foram vis­
tos por Lamey cruzando o disco lunar (L Année Scientifique, 1 874-
62); um outro caso de corpos escuros; prodigiosa quantidade de cor­
pos escuros e esféricos é observada por Messier, a 17 de junho de
1 777 (Arago, Oeuvres, 9-38); considerável número de corpos lumino­
sos que pareciam distanciar-se do Sol em direções diversas vistos em
Havana durante um eclipse ■ solar a 15 de março de 1 836 pelo
professor Auber (Poey);,Poey cita um caso análogo de 3 de agosto
de 1 886. A opinião de Lotard é que se tratavam de pássaros (L'As­
tronomie, 1 886-391); um grande número de pequenos corpos atraves­
sa o disco solar, alguns rapidamente, outros lentamente; a maioria de
forma esférica, outros aparentemente triangulares e alguns com uma
estrutura mais complicada; vistos pelo sr. Trouvelet o qual jamais
havia visto sementes, insetos, pássaros, ou seja lá o que for que se asse­
melhassem a estas formas (LAnnée Scientifique, 1 885-8); relatório
do Observatório do Rio de Janeiro sobre numerosos corpos que atra­
vessaram o disco solar, alguns luminosos, outros obscuros, de uma
certa data de dezembro de 1 875 a 22 de janeiro de 1 876 (La Natu­
re, 1 876-384).
Naturalmente, a uma certa distância, qualquer forma tem a pos­
sibilidade de aparecer esférica ou arredondada: mas observemos que
foram registradas formas aparentemente mais complexas. Em L Astro­
nomie, n.° 1 886-7 está publicada a observação do Sr. Briguiere feito

212
em Marselha a 5 e 25 de abril de 1 883 sobre o cruzamento do disco
solar por corpos de forma irregular. Alguns desses se moviam como
em formação.
Carta do Sir. Robert Inglis ao Coronel Sabine (Rept. Brit.
Assoe., 1 849-17).
A 8 de agosto de 1 849 às três da tarde em Gais na Suíça,
Inglis havia visto milhares e milhares de objetos brancos brilhantes
como flocos de neve num céu sem nuvens. Se bem que o espetáculo
durasse cerca de 25 minutos, nenhum desses aparentes flocos de
neve foi visto cair. Inglis diz que seu empregado teve "impressão”
de ter visto sobre eles ... seja lá o que for ... perfis semelhantes
a asas. Na página 18 do Report, Sir John Herschel disse que em
1 845 sua atenção foi atraída por objetos de consideráveis dimensões,
suspensos no ar aparentemente não muito distantes. Observou-os com
um telescópio e afirmou que eram massas de feno de diâmetro não
inferior a uma jarda ou duas (0,91 m a 1,8 m). Mas são os detalhes
o qúe me interessa: Afirma que se bem que fosse necessário um ciclo­
ne para sustentar essa massa, o ar circundante estava calmo., "Não
há dúvida que havia vento intenso naquele lugar, mas sem sibilar.”
Nenhuma dessas massas caiu dentro do seu raio de observação e nem
chegou a ouvir dizer que tivesse caído alguma. Afastar-se de qualquer
campo e descobrir mais alguma coisa a respeito, não se pode dizer que
seja o esperável por parte de um homem de ciência, mas faz, precisa­
mente, parte de nossas suposições que uma coisa tão simples faça
parte - para o Espírito de uma Época - daquilo que não se deve fa­
zer. Se aquelas coisas não fossem massas de feno e Herschel se afastas­
se um pouco e descobrisse e referisse ter visto estranhos objetos sus­
pensos no ar ... aquele relato, de 1 846, estaria sendo cortado tanto
quanto uma cauda de embrião ainda no período de gástrula. Afastan­
do-me e olhando para trás ... porque deixei de fazer esta ou aquela
coisinha que teria custado tão pouco e teria tido tanta importância?
Porque não pertencia àquele tempo do meu desenvolvimento pessoal.
Nature, 22-64:
Em Kattenau, na Alemanha, cerca de meia hora antes da aurora
do 22 de março de 1 888, “um número enorme de corpos luminosos
elevou-se do horizonte e migrou horizontalmente de este para oeste”.
Pela descrição conclui-se que passaram em determinada zona ou faixa.
"Resplendiam com uma luz notavelmente brilhante.”
Então lançaram um laço nos nossos dados para baixá-los á terra.
Mas são laços que não prendem. Não podemos nos livrar, mas pode­
mos sair dele tranqüilamente ou então agarrar-lhe a cabeça. Alguns
de nós têm a impressão de uma Ciência que estava tranqüilamente
sentada a julgar; agora alguns de nós têm a sensação que um grande
número de nossos dados foram submetidos a linchamento. Se aconte­
ce no outono uma Cruzada de Marte para Júpiter ... trata-se de

213
“sementes”. Se é observada da Terra uma Cruzada ou uma invasão
de bárbaros, vândalos celestes ... trata-se de “cristais de gelo”. Se
temos dados acerca de uma raça de seres aéreos, muito embora sem
um habitat concreto, vista por alguém na índia ... trata-se de “gafa­
nhotos”.
Este detalhe foi descuidado:
Que os gafanhotos voam alto, congelam e caem aos milhares.
Nature, 47-581:
Gafanhotos foram vistos sobre montanhas da índia, a uma altu­
ra de 12 750 pés (4 250m) ... “em enxames e morrendo aos milha­
res”.
Mas voando alto ou baixo, ninguém nunca se perguntou o que
acontecia no ar, quando os gafanhotos passam, caem elementos dis­
persos. Estudei este assunto de modo muito minucioso ... não é um
mistério que quando os gafanhotos voem por cima de algum lugar ...
caiam constantemente elementos dispersos?
Monthly Notices, 30-135:
“Um fenômeno insólito observado pelo tenente Herschel,
17 e 18 de outubro de 1870, enquanto observava o sol em Bangalores,
índia.”
Herschel havia observado sombras escuras que cruzavam o sol...
mas distantes do Sol haviam imagens móveis e luminosas. Durante dois
dias aqueles corpos continuaram a passar num fluxo ininterrupto,
variando de dimensões e velocidade.
O tenente tenta dar explicações, como veremos, mas afirma:
“O voo ininterrupto por dois dias inteiros de tantos animais
que não deixam empós de si elementos dispersos nas regiões superiores
do ar é, por assim dizer, uma maravilha no campo da história natural,
se não da astronomia.”
Experimentou diversas posições focais e ... viu asas, ainda
que fossem planos de sustentação. Disse que viu naqueles objetos
asas ou apêndices etéreos.
Depois viu algo tão bizarro que, em pleno século XIX, escreveu:
“Não há nenhuma dúvida, eram uma espécie de gafanhotos ou
moscas.”
Um desses permaneceu para trás.
Ficou suspenso.
Depois caiu.
O diretor sustenta que “inúmeros gafanhotos caíram naquela
região da índia.”

214
Temos agora um caso que é extraordinário sob diversos aspec­
tos ... super-vigüantes ou super-predatores; anjos, maltrapilhos, emi­
grantes, aeronautas, ou elefantes aéreos, ou bisontes, ou dinossauros,
exceto que eu sustento que a coisa tinha asas ou planos de sustenta­
ção. Uma dessas coisas fora fotografada. Pode ser que na história da
fotografia jamais tenha sido tirada uma fotografia mais extraordinária
que esta.
L Astronomie, 1885-347:
A 12 de agosto de 1883, o Observatório de Zacatecas, no México,
a 2500 m acima do nível do mar, um grande número de pequenos cor­
pos luminosos foi visto ingressando no disco solar. O Sr. Bonilla tele­
grafou aos Observatórios da Cidade do México e de Puebla. Mas rece­
beu resposta de que os corpos não eram visíveis. Devido à paralaxe,
Bonilla, situou os corpos como “relativamente vizinhos da Terra”.
Mas quando descobrimos o que ele queria dizer com “relativamente
próximo à Terra” — se tratasse de pássaros, ou insetos, ou hostes de
um super-Tamerlão, ou o exército de um Ricardo Coração de Leão
celeste - nossas heresias exultam. Estimou, na verdade, “uma distân­
cia inferior àquela da Lua”.
Um destes corpos foi fotografado. Ver L Astronomie, 1885-349.
A fotografia mostra um corpo alongado circundado por estruturas
indefinidas ou uma folha de asas ou aerofólios em movimento.
L Astronomie, 1887-66:
O sr. Ricco, do Observatório de Palermo, escreve que a 30 de
novembro de 1880, às 8,30 da manhã, estava observando o Sol, quando
viu cruzando lentamente frente ao disco solar corpos dispostos em
duas longas filas paralelas e outra paralela mais curta. Os corpos lhe
pareceram dotados de asas. Mas eram tão grandes que chegou a pensar
em grandes pássaros. Pensou nos grous.
Consultou os ornitólogos e soube que a formação em linhas para­
lelas era compatível com a formação de voo dos grous. Isto ocorreu em
1880: quem quer que viva atualmente em Nova Iorque, por exemplo,?-
lhe diria que também é uma formação usual dos aeroplanos. Mas pelos
dados acerca da distância focal e dos ângulos subtensos, estes seres ou
objetos deveríam estar bem alto.
Ricco afirma que é mais que sabido que os condores podem voar
a 3 ou 4 milhas (4,8 ou 6,4 quilômetros) de altitude. Sustenta que é
mais que sabido que os grous voam tão alto que se perdem de vista.
Nossa opinião, em termos convencionais, é de que não existe
um pássaro desta terra que não congele numa altura superior a 4
milhas (6,4 km) e que se os condores voam a três ou quatro milhas de
altura é porque são pássaros especialmente dotados para estas alti­
tudes.

215
O sr. Ricco acredita que esses objetos ou seres ou grous deves-
sem estar a uma altura de pelo menos cinco milhas < j meia (oito
quilômetros e meio).

216
XVII
A ENORME COISA NEGRA QUE SE ASSEMELHAVA A
UM CORVO DE TREMENDAS DIMENSÕES NA
ESPREITA.

Admitindo que ainda tenha um leitor, quero fazer com que note
- ou fazê-lo notar, se tenho ainda tanta popularidade - quão escuro
é aquele dado negro e afastado à distância de apenas dois capítulos.
A pergunta:
Era uma coisa ou apenas a sombra de alguma coisa?
A aceitação entre ambos os sentidos requer não apenas uma
simples revisão mas ainda uma verdadeira revolução na ciência da
astronomia. Mas vejamos a obscuridade deste dado de apenas dois
capítulos atrás. O disco de pedra gravada de Tarbes e a chuva que cai
cada tarde por vinte... se não me engano trata-se de vinte três ou vinte
quatro dias! - numa pequena zona. Somos todos Thomsons, com
cérebros de superfície lisa e escorregadia ainda que se coberta de sul­
cos, ou ainda toda intelecção é associativa - e lembramos aquilo que
se associa à dominante - passamos alguns capítulos e eis uma im­
pressão que não escorregou do nosso liso e escorregadio cérebro:
aquela de Leverrier e do planeta “Vulcano”. Existem duas maneiras
pelas quais podemos evocar dados írreconcilíáveis - se esses podem
ser correlacionados num sistema mais quase-real do que o sistema
donde são deslocados - e isto é feito pela repetição, repetição,
repetição...
Uma enorme coisa negra empoleirada sobre a Lua.
Este dado é tão importante para nós porque reforça, num outro
campo, a nossa opinião de que corpos escuros de dimensões plane­
tárias atravessam este sistema solar.
Nossa posição:
Que as coisas foram vistas;
E que também suas sombras foram vistas.
Uma enorme coisa negra empoleirada na Lua. Por enquanto é
um caso único. Com a expressão “caso único” queremos dizer
transcurável.

217
Em Popular Science, 34-158, Serviss fala acerca de uma sombra
vista em 1788 por Schroeter nos Alpes Lunares. Inicialmente viu uma
luz. Depois, quando aquela zona foi iluminada, apareceu uma sombra
redonda onde estava a luz.
Acreditoque:
Tenha visto um objeto luminoso nas vizinhanças da Lua;
que aquela parte da lua foi iluminada e o objeto desapareceu de vista,
mas que sua sombra ficou visível embaixo.
Serviss dá uma explicação, naturalmente, doutro modo não seria
o Prof. Serviss. É uma pequena luta na aproximação relativa da reali­
dade. Serviss acredita que aquilo que Schroeter viu fosse a sombra "re­
donda” de uma montanha... na região iluminada. Supõe que Schroeter
não tenha tornado a olhar para ver se a sombra podería ser atribuída a
u’a montanha. É este o ponto crucial, logicamente u’a montanha po­
dería projetar uma sombra redonda, e isto significa, destacada, na par­
te iluminada da Lua. Serviss podería, naturalmente, explicar porque
desde o começo ele descarta a idéia da luz... como se sempre estivesse
lá, “desde o princípio”. Se não pudesse ainda dar uma explicação, se­
ria um amador.
Temos um outro dado. Creio que seja mais extraordinário...
Uma enorme coisa negra empoleirada sobre a Lua como um
corvo.
Mas apenas porque é mais rico de detalhes, e porque dá provas,
o reputo mais extraordinário...
Uma enorme coisa negra, negra como um corvo, apoiada sobre a
Lua.
O senhor H.C. Russel que habitualmente era ortodoxo, tanto
quanto qualquer outro, acredito - pelo menos fazia seguir a seu
nome a sigla “F.R.A.S.” (NTs - Fellow of the Royal Astronomical
Society) - notifica em Obsérvatory, 2-374, uma das estórias mais
malvadas e absurdas das que exumamos até agora:
Na companhia de um outro astrônomo, certo G.D. Hirst, encon-
trava-se nas Blue Mountains, proximidades de Sidney, Nova Galles do
Sul, e o sr. Hirst observava a Lua...
Viu sobre a Lua aquilo que Russell definiu como “um daqueles
fatos notáveis dos quais precisaremos registrar a observação, ainda que
se no momento não se pode oferecer nenhuma explicação”.
Pode ser. Isto é feito muito raramente. Nossa opinião acerca da
evolução por dominantes sucessivas e seus dados correlatos, lhe é con­
trária. Por outro lado, afirmamos que cada época exprime algumas ob­
servações que não estão de acordo com esta, mas que são anunciadoras
e preparadoras do espírito das épocas subsequentes. Isso é feito muito
raramente. Fustigado pelo flagelo fantasma da época que estamos atra­
218
vessando, o mundo dos astrônomos encontra-se num estado de terro­
rismo, ainda que se de um tipo particularmente atenuado, moderni­
zado e desvitalizado. Deixa que um astrônomo observe qualquer coisa
que não faz parte das visões normais do céu ou algo que é “indevido”
ver... a sua dignidade estará em perigo. Alguém que faça parte do gru­
po dos fustigados reclusos num recinto poderá apunhalá-lo pelas cos­
tas com um sorriso zombeteiro. Pensar-se-á nele de um modo muito
pouco gentil.
Com uma dureza que é insólita neste mundo de etérea sensibili­
dade, a respeito da observação de Hirst, Russel afirma:
“Descobriu uma ampla parte coberta por uma sombra escura,
tão escura quanto a sombra da Terra durante um eclipse da Lua.”
Mas eis o ponto culminante da rigidez, ou da impropriedade, ou
da maldade, do absurdo ou da explicação:
“Não se podia quase resistir à impressão de que se tratava de
uma sombra, e entretanto não podia ser a sombra de nenhum corpo
conhecido.”
Richard Proctor era um homem de certa liberalidade. Dentro em
pouco teremos uma carta que a certa época «definimos; como delirante
- não sabíamos que poderiamos ler uma coisa do gênero, pela primei­
ra vez, sem risadas de incredulidade - da qual o senhor Proctor per­
mitiu a publicação em Knowledge. Mas considerar um mundo escuro,
desconhecido, que possa projetar uma sombra sobre uma ampla região
da Lua, e ainda estendendo-se para além das bordas da Lua, uma som­
bra tão profunda quanto a sombra da Terra...
Era demais para a cortesia de Proctor.
Não li o que disse a respeito mas me parece que foi algo um tan­
to vulgar. Russel afirma que Proctor 4‘usou livremente” seu nome em
Echo,àe 14 de março de 1879, ridicularizando aquela observação que
havia sido feita tanto por Russel quanto por Hirst. Se Proctor não o
tivesse feito algum outro o faria... mas pelo menos deve-se notar que o
ataque foi publicado por um jornal. Não foi feita nenhuma discussão
acerca desta ocorrência notável, não indícios de nenhuma possibili­
dade de resposta por parte de Russel.
Na resposta observa uma considerável dose de intermediaridade.
No longínquo ano de 1879, teria sido um belíssimo positivismo, se
Russel tivesse dito...
“Havia uma sombra na Lua. Era projetada totalmente por um
corpo desconhecido.”
Segundo nossa religião, se tivesse dedicado todo seu tempo a
sustentar esta sua única posição, naturaljnente rompendo çom todas
amizades, todos liames com seus colegas astrônomos, ter-se-ia verifi­
cado sua apoteose, grandemente ajudada por meios bastante conhe­

219
cidos pela quase-existência quando seus compromissos e suas respostas
evasivas de fenômenos que são em parte isto e em parte aquilo de­
frontam-se com aquilo que é definido e não se sujeita a compromissos.
Isto seria impossível numa verdadeira existência, mas Russel, perten­
cente à quase-existência, sustenta ter resistido àquela convicção e
de ter dito que “não se podia quase resistir” e que a maior parte de
seu ressentimento era contra a opinião do Sr. Proctor que ele não ti­
vesse resistido. Parece-me boa indicação se a apoteose é desejável.
Aqui o ponto na Intermediaridade é:
Não que a adaptação às condições da quase-existência signifique
obter sucesso na quase-existência, mas perder a própria alma...
Mas perder a possibilidade de conseguir uma alma, autonomia
ou entidade.
Um ponto indignador citado por Proctor merece particular aten­
ção a esta altura:
“Isto que acontece na Lua, pode a qualquer momento acontecer
na Terra.”
Ou ainda:
Este é o ensinamento desta parte da Astronomia Avançada:
Que Russel e Hirst viram o sol eclipsado relativamente à Lua por
um enorme corpo escuro;
Que muitas vezes se verificaram eclipses relativamente a esta
Terra por parte de enormes corpos escuros;
Que existem muitos eclipses que não foram reconhecidos como
tais pelos jardins da infância científicos.
Aqui há um ponto de fusão, naturalmente. Prestemo-lhe rapida­
mente atenção... isto é, que aquilo que Hirst e Russel viram poderia
ser realmente uma sombra, mas o único significado é que o Sol tinha
sido eclipsado relativamente à Lua por uma espécie de embaçamento
cósmico, ou por um enxame de meteoros agrupados na vizinhança ou
por emanações deixadas por um cometa. Estou convicto de que a in­
definição da sombra é uma função da indefinição da causa e uma som­
bra densa quanto a sombra da Terra é projetada por um corpo mais
denso que o embaçamento ou um enxame de meteoros. A informação
parece-me bastante precisa a este respeito... “escura como a sombra da
terra durante um eclipse da Lua”.
Se bem que no seu confronto não possamos sempre ser tão
pacientes quanto deveriamos, estamos convencidos que os primeiros
astrônomos cumpriram bem esse tipo de atividade: por exemplo, acal­
mando o medo acerca desta Terra. Por vezes poderia parecer que toda
a ciência seja para nós igual a um prato quentè para os especuladores
da bolsa e os anti-socialistas... não científica mas insuficiente. Estamos

220
convencidos de que o Mal é o estado negativo, com o que queremos
dizer um estado mal regulado, discordante, bruto, desorganizado,
inconsistente, injusto e assim por diante... como é determinado na
Intermediaridade, não verdadeiros padrões de medida, mas apenas
maiores aproximações à regulação, à harmonia, beleza, organização,
consistência, justiça e assim por diante. O Mal é virtude vivida longa­
mente, ou ainda uma virtude incipiente que ainda não se impôs, ou
qualquer outro fenômeno que não está em acordo aparente, harmonia
e consistência com uma dominante. Os astrônomos trabalharam cora­
josamente no passado, foram um bem para a sua atividade: os grandes
interesses são pensados por eles com simpatia. É um mal para o comér­
cio quando travas intensas caem sobre uma imaginária comunidade e
amedronta tanto as pessoas que chega a induzi-las a não mais comprar
seus produtos. Mas se um obscurecimento pode ser previsto e depois
se verifica - pode parecer um pouco extraordinário - apenas uma
sombra, ninguém que deva comprar um par de sapatos correrá aterro­
rizado para casa, e esconda seu dinheiro.
Geralmente aceitamos que os astrônomos tenham quase sistema­
tizado os dados relativos ao eclipse... ou talvez tenham incluído alguns
e descuidado de outros.
Trabalharam bem.
Funcionaram.
Mas agora são negativos, ou seja, fora da harmonia...
Se estamos em harmonia com uma nova dominante, ou com o
espírito de uma nova era, em que o Exclusionismo deve ser revertido,
se temos dados que são muito obscuros quanto à origem, que conven­
cem acerca da intervenção de corpos enormes, habitualmente invisí­
veis, tanto quanto a predição de um eclipse normal...
Elevam-se olhos para o céu.
Parece incrível que, digamos, à distância da Lua, possa existir
um corpo sólido, mas invisível, das dimensões, digamos, da Lua.
Observa-se a Lua num momento em que apenas meia-lua é visí­
vel. A tendência é construir mentalmente a parte que falta, mas a parte
não iluminada tem um aspecto vazio, tanto quanto o resto do céu tem
a mesma cor azul do resto do céu. Há uma vasta zona de substância
sólida diante de nossos olhos, que no entanto é indiscernível do céu.
Em algumas de nossas lições acerca da beleza da modéstia e da
humildade escolhemos a nossa arrogância básica... a cauda de um pa­
vão, os cornos de cervo, os dólares de um capitalista... os eclipses de
um astrônomo. Ainda que não tenha nenhuma vontade de fazê-lo, po­
dería indicar uma centena de casos em que a ocorrência de um eclipse
predito se deu com “céu coberto” ou ainda “condições atmosféricas
desfavoráveis”. Em nossa Super-Irlanda o desfavorável foi interpretado

221
como favorável. Há pouco tempo, quando estávamos perdidos, porque
não tínhamos reconhecido nossa própria dorpinante, quando fazíamos
parte ainda dos rejeitados e éramos mais malvados, provavelmente, que
agora - porque havíamos notado que nosso comportamento admitia
cada vez maior tolerância - se os astrônomos não são culpáveis, mas
apenas correlatos a uma dominante - indicamos que um eclipse
havia sido predito, mas não se verificara. Ora, sem nenhum sentimento
particular, além do reconhecimento do destino de todas as tentativas
de positivismo, apresentaremos aquele caso, notando que, ainda que
se tratasse de uma verdadeira maldade contra a ortodoxia, foi á pró­
pria ortodoxia que registrou a não-ocorrência.
Monthly Notices of the R.A.S., 8-132:
“Aparições notáveis durante o eclipse total da Lua de 19 de
março de 1848”;
Num extrato de carta do sr. Forster de Bruges, diz-se que, segun­
do as observações do autor, no momento do eclipse total previsto, a
Lua resplandecia com o triplo da intensidade da meia iluminação de
um disco lunar eclipsado e que o Cônsul britânico em Ghent, que não
sabia do eclipse previsto, escreveu pedindo explicações acerca dü cor
“vermelho-sangue” da Lua.
Isto não é muito satisfatório para aquelas que eram nossas mal-
dades. Mas eis a seguir uma carta de um outro astrônomo, Walkey, que
tinha feito observações em Clyst St. Lawrence: em lugar de ter um
eclipse, a Lua era - escrito em cursivo - “maravilhosamente ilumi­
nada”... “manchada por um vermelho-sangue”... “com uma Lua tão
perfeitamente iluminada como se não tivesse ocorrido nenhum eclip­
se”.
Observo que Chambers, na sua obra acerca de eclipses, reproduz
inteiramente a carta de Forster, mas não menciona a carta de Walkey.
Em Monthly Notices não se fez nenhuma tentativa de dar expli­
cações acerca da maior distância da Lua e da sombra da Terra que não
a atinge, o que, se não fosse previsto, traria tantas perturbações quanto
um eclipse não verificado. E não se pode mesmo refugiar na afirmação
que, durante um eclipse, jamais a lua permanece totalmente escura:
“com uma Lua tão perfeitamente iluminada como se não houvesse
nenhum eclipse”. Afirmou-se que naquele período ocorrera uma au­
rora boreal que podería ter causado aquele efeito, sem entretanto dis­
por de nenhum dado que se tivesse verificado algum dia um tal fenô­
meno devido a aurora.
Mas passemos a casos singulares... consideremos uma observação
de Scott no Antártico. A força desse dado repousa sobre minha con­
vicção baseada sobre um estudo especial deste ponto, que um eclipse
de nove décimos da totalidade tem grande efeito, mesmo se o céu está
nublado.

222
Scott (Voyage of the Discovery, vol. 11, pg. 215):
“Pode ocorrer que se verifique um eclipse do Sol a 21 de setem­
bro de 1903, como indicava o almanaque, mas a nenhum de nós se
pediria que se jurasse acerca da veracidade desse fato.”
O eclipse se verificara para nove décimos da totalidade. O céu
estava coberto.
Assim não se verifica apenas o caso que haja muitos eclipses não
reconhecidos como tais pelos astrônomos, mas também que a Interme-
diaridade ou imposivismo irrompa durante os eclipses aparentemente
regulares.
Os nossos dados acerca de eclipses irregulares verificados relati­
vamente a esta terra e precisamente aqueles que são convencional­
mente e oficialmente reconhecidos:
Notes and Queries apresenta numerosas alusões a intensas obscu­
ridades verificadas nesta terra, exatamente como se verificam os eclip­
ses, mas não indica nenhum corpo conhecido como eclipsante. Natu­
ralmente não há a mais leve menção a que possa se tratar de eclipses.
Estou convencido de que no século dezenove quem quer que tivesse
expressado um tal pensamento, teria imediatamente provado a cólera
de uma Dominante, e que a Ciência Materialista era um deus gelado,
que exclui, como obra do demônio, todas as posições que são contra
aquilo que é uniforme, aparentemente, regular, periódico; que desa­
fiá-lo teria provocado uma onda de ridículo, o afastamento dos edi­
tores, o desprezo dos amigos e dos familiares, justificados motivos de
divórcio e quem tivesse ousado lançar o desafio teria provado aquilo
que os incrédulos nas relíquias dos santos provaram num período an­
terior; o que provaram certas virgens que descuidaram o manter um
certo fogo aceso, numa época ainda anterior... e estou convencido de
que se, apesar de tudo isto, tivesse continuado a insistir na sua posi­
ção... no Monthly Notices haveria a notícia do aparecimento de mais
uma estrela fixa. No conjunto o ponto importante do Positivismo é
que mediante as Dominantes e as suas relações a quase-existência luta
para atingir o estado positivo, fixando-se em torno de um núcleo, ou
dominante, os membros enquadrados no sistema de uma religião, de
uma ciência, de uma sociedade... mas que os indivíduos que não se
rendem e não imergem podem por sua conta aproximar-se grande­
mente da positividade... àquilo que é fixo, real e absoluto.
Em Notes and Queries, 2-4-139, há uma nota acerca de uma
obscuridade verificada na Holanda, no meio de um dia cheio de Sol,
tão intensa e atemorizadora que muitas pessoas tomadas de pânico
perderam a vida precipitando-se nos canais.
Gen tleman ’s Magazine, 33-414:
A 19 de agosto de 1763 verificou-se em Londres uma obscuri­
dade “mais profunda do que a do grande eclipse de 1748”.
223
Apesar disso, habitualmente preferimos não voltar tão atrás para
obter dados. Para uma lista de “dias escuros" ocorridos na história,
consulte-se Humboldt, Cosmos, 1-120.
Monthly Weather Review, março de 1886-79;
Segundo La Crosse Daily Republican de 20 de março de 1886,
as trevas desceram inopinadamente sobre a cidade de Oshkosh, em
Wisconsin, às trés da tarde de 19 de março. Em 5 minutos tomaram-se.
tão profundas quanto as da meia-noite.
Consternação.
Creio que alguns de nós exageramos provavelmente a nossa supe­
rioridade e o absurdo medo da Idade Média...
Oshkosh.
Gente nas ruas que corre em todas as direções... cavalos em fuga...
mulheres e crianças que se refugiam em bares... mas há um pequeno
toque de modernidade, apesar de tudo, em lugar das imagens e relí­
quias dos santos são postos os contadores de gás.
Esta obscuridade, que durou de oito a dez minutos, ocorreu du­
rante um dia que estava “claro mas nublado”. Passou de oeste para
leste e a luz voltou; depois foram vistos sinais da cidade a oeste de
Oshkosh - também lá se verificara o fenômeno. Uma “vaga de obs­
curidade” total passara de oeste para leste.
No Monthly Weather Review foram apresentados outros casos
mas, quanto a estes, temos a sensação de sermos bem eclipsados, tam­
bém nós, pela explicação convencional de que o corpo eclipsante fosse
um conjunto muito denso de nuvens. Mas alguns desses casos são inte­
ressantes... trevas intensas em Menphis no Tennessee, por cerca de
quinze minutos as 10 da manhã de 2 de dezembro de 1904... “afirma-
se que em alguns quarteirões espalhou-se o pânico e as pessoas se puse­
ram a gritar e rezar acreditando que tivesse chegado o fim do mundo”.
(M.W.R. - 32-522). Em Louisville, em Kentucky, a 7 de março de
1911, as 8 da manhã; durante cerca de uma hora choveu moderada­
mente e depois havia começado a cair granizo. “As trevas intensas e
o aspecto em geral aterrorizador do temporal promovera o pânico
pela cidade.” (M.W.R., 39-345).
De qualquer modo, o ponto de fusão entre possíveis eclipses por
parte dos corpos escuros desconhecidos e fenômenos terrestres co­
muns é formidável.
Quanto às trevas que desceram sobre vastas regiões, trata-se con­
vencionalmente de... fumaça proveniente de incêndios florestais. No
U.S. Forest Service Bulletin, n.õ 117, F.G. Plummer fornece uma rela­
ção de dezoito obscuridades que se verificaram nos Estados Unidos e
Canadá. Plummer é um dos primitivos, mas direi que seu dogmatismo
já é sacudido pelas vibrações da nova Dominante. A sua dificuldade,

224
que chega a indicar, mas que teria deixado de dizer se houvesse escrito
um decênio ou mais no passado, está na profundidade de alguns desses
obscurecimentos. Sustenta que a fumaça, simplesmente, não pode ex­
plicar os “dias tão escuros que incutem tanto medo”. Assim, concebeu
vórtices no ar que concentram a fumaça proveniente dos incêndios das
florestas. Depois, com a inconsistência e a falta de concordância de
todos quase-intelectos que buscam a consistência e a harmonia, ilustra
a vastidão de algumas dessas obscuridades. Naturalmente o senhor
Plummer não refletiu realmente sobre este assunto, mas tem a impres­
são que pode se aproximar mais do verdadeiro pensamento falando
menos de concentrações e arregimentando a seguir dados acerca de
uma enorme zona, ou ainda seguindo o procedimento oposto à con­
centração... porque, dos seus dezenove casos, nove cobrem toda Nova
Inglaterra. Na quase-existência cada coisa gera seu oposto ou faz parte
dele. Cada tentativa de paz prepara a estrada para a guerra, todas as
tentativas de justiça resultam de uma injustiça sob qualquer outro as­
pecto. Assim, a tentativa do sr. Plummer de ordenar seus dados, com
a explicação de que as trevas são provocadas pela fumaça oriunda dos
incêndios florestais, tem como conseqüência uma tal confusão que ter­
mina por dizer que estas trevas, em pleno dia foram verificadas “fre-
qüentemente com pouco ou nenhum turbilhonamento do ar nas vizi­
nhanças da superfície da Terra”... e sem o menor vestígio de fuma­
ça... exceptuando-se o fato de que sempre há uma floresta em chamas
em algum lugar.
Entretanto, dos dezoito casos, o único que procurarei contestar
é o relativo às profundas trevas dò Canadá e na parte norte dos Esta­
dos Unidos, verificadas a 19 de novembro de 1819, que já havíamos
considerado.
Ocorrências simultâneas.
Luzes no céu.
Precipitação de uma substância negra.
Sacudidelas semelhantes às de um terremoto.
Neste momento o único caso de floresta incendiada disponível
era o que acontecia ao sul do rio Ohio. Tanto quanto sei, as cinzas
provenientes de um enorme incêndio ao sul de Ohio poderiam tam­
bém cair em Montreal, Canadá e não me parece impossível crer, atra­
vés de alguma reflexão, a sua luz possa ser vista de Montreal, mas o
terremoto não é assimilável ao incêndio de uma floresta. Por outro la­
do, pouco atrás, sustentamos que as trevas profundas, as precipitações
de matéria do céu e os terremotos são fenômenos que se verificam
quando outros mundos se aproximam do nosso. Esta posição é de uma
tal lógica, em contraste com a inclusão de alguns fatores e a
eliminação de outros, que nós a chamaremos uma aproximação mais
alta à realidade... ou universalidade.

225
Trevas em Wimbledon, na Inglaterra, a 17 de abril de 1904 (Sy-
mons’ Met. Mag., 39,69). Provenientes de uma região sem fumaça,
nem chuva, nem trovão; duraram dez minutos e estava muito escuro
até para “sair para fora”.
Quando se fala de trevas na Grã-Bretanha, pensa-se na neve...
mas em Nature, 25-289, existem algumas observações do major J.
Herschel acerca de um obscurecimento verificado a 22 de janeiro de
1882, em Londres, ãs 10,30 h da manhã, tão intenso que se podia ou­
vir uma pessoa falando do outro lado da rua, mas não vê-la. “Claro
que não se podia falar de névoa.”
Annual Register, 1857-132:
Notícia de Charles A. Murray, plenipotenciário inglês na Pérsia,
acerca de trevas, a 20 de maio de 1857, em Bagdad... “trevas muito in­
tensas de que as habitualmente presentes á meia-noite, quando não são
visíveis nem Lua nem estrelas...” “Depois de algum tempo as trevas
foram substituídas por um palor lívido e avermelhado, tal como eu
jamais vira em parte alguma do mundo/'
“Toda cidade, presa do pânico.”
“Cai uma grande quantidade de areia vermelha.”
A presença de areia sugere uma explicação convencional, de que
o simum carregado de areia terrestre obscurecera o Sol, mas o sr. Mur­
ray, que sustenta conhecer o simum, afirma que “não se tratava de
simum”.
Trata-se então de ocultar este acontecimento concomitante às
trevas. Tudo muito complicado e tremendo, e o modo pelo qual o tra­
tamos poderá ser apenas impressionista. Mas agora, empregaremos
alguns rudimentos de Sismologia Avançada... ou ainda, considera­
remos os quatro principais fenômenos de um outro mundo que se
aproxima do nosso.
Se uma grande massa de uma substância, ou uma superestrutura,
devesse entrar na atmosfera terrestre, estou convicto de que esta pare­
cería segundo a velocidade, luminpsa ou com o aspecto de uma nu­
vem com núcleo luminoso. Mais tarde, falaremos acerca da luminosi­
dade. - Diferente daquela luminosidade devida á incandescência -
que se descobre nos objetos que caem do céu ou entram na atmosfera
terrestre. Ora, sustentamos que os mundos muitas vezes se aproximam
muito da Terra e que os objetos menores... das dimènsões duma gave-
la, ou de algumas dúzias de arranha-céus, uns sobre os outros, freqüen-
temente precipitam-se através da atmosfera terrestre, e são de hábito
camuflados por nuvens, porque estavam envolvidos por nuvens...
Ou algo proveniente do frio intenso do espaço interplanetário,
isto é, de qualquer uma de suas partes; na verdade, suspeitamos que
outras regiões sejam tropicais... a umidade da atmosfera terrestre se

226
condensaria então sob forma de nuvem em torno dele. EmNature 20-
121, há uma notícia do sr. S.W. Clifton, aduaneiro de Freemantle, na
Austrália Ocidental, enviando o Observatório de Melbourne... num dia
claro, aparecera uma pequena nuvem negra, que não se movia muito ra­
pidamente, e que envolvia uma bola de fogo nas dimensões aparentes da
Lua... ou seja, algo que tinha a velocidade dum meteoro comum, não
teria condições de acumular vapor ao seu redor, coisa que contrariamen­
te podería fazer um objeto mais lento com a velocidade de um trem...
As nuvens dos tornados são tão comumente descritas como se
fossem objetos sólidos, que eu agora aceito que por vezes o sejam:
creio que alguns dos mencionados tornados sejam objetos que se preci­
pitam através da atmosfera terrestre e que não apenas criam pertur­
bações com sua aspiração, mas esmagam com sua massa todas as coisas
que encontram no seu caminho, elevando-se, caindo, e finalmente
parando, e demonstrando então que a gravidade não é aquela força
que acreditam os primitivos, se um objeto que se move á velocidade
relativamente baixa não é atraído pela Terra ou se o é, apenas momen­
taneamente, ricocheteia depois, para longe.
Em Reports of the Character of 600 Tornadoes, de Finley, são
dadas descrições mui sugestivas:
“Uma nuvem ricocheteou sobre a terra, como uma bola...”
Ou seja, não se tratava de um fenômeno meteorológico, mas
.algo mui similar a uma enorme bola que se movimentava por ricochetes
esmagando e espalhando e carregando tudo aquilo que se encontrava
em seu raio de ação...
“Uma nuvem caminhava por ricochetes, tocando a terra a cada
800 ou 1000 jardas (setecentos e vinte a 9Ó0 m).
Eis aqui um outro dado interessante tomado por mim de algum
lugar: ofereço-o como um dado no campo da superbioíogia, que
entretanto, pertence a um filão da Ciência Avançada da qual não me
ocuparei, prendendo-me exclusivamente a coisas que chamaremos
genericamente “objetos”.
“O tornado sobrevêm, contorcendo-se, saltando, girando como
uma grossa serpente verde, que espargia uma vintena de raios lumi­
nosos.”
Se bem que seja interessante, acredito que também seja sensa­
cional. Pode ser que imensas serpentes verdes por vezes rocem esta
Terra, dando rápidos botes a tudo o que encontram, mas, como disse,
isto é um fenômeno superbiológico. Finley apresenta dezenas de nu-
vens-tomado que me parecem objetos sólidos envoltos por nuvens
do que nuvens propriamente ditas. Ele assinala que, no tornado de
Americus, na Geórgia, a 18 de julho de 1881, “da nuvem foi emitido
um estranho vapor sulfúreo”. Em muitos casos os objetos ou as pedras
meteoríticas provenientes dó exterior da Terra têm um cheiro de en-

227
xofre. Porque o efeito de um vento deva ser sulfúreo não se sabe ainda
claramente. Que um objeto enorme proveniente de regiões externas
deva ser sulfúreo, há concordância com muitos dados. Este fenômeno
é descrito na Monthly Weather Review, julho de 1881, como “um
estranho vapor sulfúreo... que queimou e fez passar mal todos aqueles
que se aproximaram o suficiente para respirá-lo”.
A explicação convencional-dos tomados como efeitos do vento
- o que não negamos de modo algum - é tão impregnada nos Esta­
dos Unidos, que é melhor procurar em qualquer outra parte notícias
acerca de um objeto que tenha cruzado a atmosfera da Terra, elevan­
do-se, caindo, em desprezo à gravidade terrestre.
Nature, 7-112:
Segundo correspondente do Birmingham Morning News as pes­
soas que habitavam nos arredores de King’s Sutton, Bambury, viram,
por volta de uma hora de 7 de dezembro de 1872, atravessar o ar algo
semelhante a um feixe de feno. Era acompanhado por fogo como um
meteoro^ por fumaça densa e fazia um ruído semelhante ao de um
trem. “Às vezes estava voando alto, e por vezes próximo à terra.” O
efeito foi similar àquele de um tomado: foram derrubados árvores e
muros. Agora já é muito tarde para tentar verificar a estória, mas
fornece-se uma lista de pessoas que tiveram suas propriedades danifi­
cadas... Foi dito que a coisa desapareceu “de repente”.
Estes são os objetos menores, que podem ser trens descarrilhados
ou grandes serpentes verdes, tanto quanto sei... Mas a nossa posição
relativamente á aproximação de corpos enormes, obscuros da Terra,
éque...
Provavelmente seriam luminosos e se envolveram em nuvens ou,
ainda, te riam as suas nuvens particulares...
Mas vibrariam e influenciariam esta terra com seus tremores...
Depois, havería uma precipitação de matéria de um mundo simi­
lar, ou sairía matéria da terra para o mundo vizinho, ou ainda, entre
ambos, cairía e subiría matéria numa troca... um processo conhecido
na Sismologia Avançada como metástase celeste.
A menos que - se se trata de matéria de qualquer outro mundo
- seria como se alguém pusesse na cabeça que negamos a gravidade,
apenas porque não podemos aceitar os dogmas ortodoxos - a menos
que, dizíamos, se se trata de matéria de qualquer outro mundo, que
enche o céu genericamente num hemisfério, ou localmente, e é ati­
rada sobre a terra, é crível que todo mundo deva cair, e não apenas os
objetos da superfície.
Objetos no fundo de um navio. De tempos em tempos, caem
ao fundo do oceano. Mas a nave, não.
Ou então, como ocorria relativamente ao gotejamento das re­

228
giões de gelo aéreas, acreditamos que apenas uma parte do mundo
vizinho sucumba, a menos que seja capturada em suspensão, pela gravi­
dade terrestre, e que dali caem os objetos superficiais...
Explicar, afirmar, ou aceitar, que importa, nossa diretriz é:
Eis os dados.
Preparai-vos.
Que importam os meus conceitos?
Eis aqui os dados.
Seja lá qual for vossa opinião, ou a minha, estamos todos con­
fundidos. Deve demorar ainda bastante tempo antes que estejamos em
condições de distinguir a Flórida de Long Island. Assim temos dados
relativos a peixes que caíram no nosso doravante estabelecido a respei­
tado Mar dos Super-Sargaços - que havíamos quase esquecido que
pudesse ser tão respeitável - mas temos dados acerca de peixes que
caíram durante os terremotos. Aceitamos que tenham sido precipitados
cá para baixo de lagos ou de outros mundos que sofreram terremotos,
por parte desta Terra, quando estava a apenas poucas milhas de distân­
cia, quando qualquer outro mundo fazia a Terra tremer por sua vez.
Num certo sentido, ou em seus princípios, o nosso argumento
é bastante ortodoxo. Basta admitir a vizinhança de outros mundos
- o que entretanto não é questão de admissão, mas questão de dados
- para imaginar convencionalmente que suas superfícies tenham tre­
mido e que um lago cheio de peixes tenha sido esvaziado, e vertido cá
para baixo. O lago cheio de peixes poderá parecer hostil a alguém, mas
a precipitação de areia e pedra é esquecida. Pessoas mais científicas ou
hipnotizados mais fiéis do que nós aceitaram sem dor esta argumen­
tação relativamente á Lua. Por exemplo, Perry examinou mais de
15000 casos de terremotos, e correlacionou-os com a vizinhança dá
Lua, ou melhor, atribui-os intensamente à atração da Lua quando se
encontra o mais vizinha possível da Terra. Há também um documento
acerca deste assunto, nos Proc. Roy. Soc. ofComwall, 1845. Ou ainda,
teoricamente, quando a Lua se encontra no ponto mais próximo da
Terra, provoca um terremoto, ao mesmo tempo em que o sofre ... mas
não cai sobre a Terra. Quanto ás chuvas de matéria que possam ter
chegado da Lua nestas ocasiões... podemos examinar nos velhos docu­
mentos aquilo que mais agrade. E é isto que faremos agora.
Nossas expressões são apenas de aceitação...

Os nossos dados:
Tomaremos quatro classes de fenômenos que precederam ou
acompanharam os terremotos.

229
Nuvens insólitas, trevas profundas, aparições luminosas no céu e
precipitações de substâncias e objetos, comumente chamados meteo­
ritos ou não.
Nenhum desses acontecimentos se adequa aos princípios da Sis­
mologia primitiva ou primária, e cada um destes é um dado de um cor­
po que sofreu terremoto que passa nas proximidades da Terra, ou que
está suspenso sobre ela. Para os primitivos, não há nenhuma razão no
mundo que justifique que uma convulsão na superfície da Terra deva
ser acompanhada por aparições insólitas no céu, por trevas, ou pela
queda de objetos e substâncias do céu. Quanto aos fenômenos deste
gênero, ou às tempestades que precedem os terremotos, a irreconcilia-
bilidade é ainda maior.
Perry fez sua compilação antes de 1860. Nossos dados em sua
maioria são tirados da lista compilada há tanto tempo. Nos anos recen­
temente passados, foram publicados alguns, seguros, que não faziam
mal a ninguém... ao menos em forma ambiciosa e voluminosa. A férrea
mão do “Sistema” - como nós chamamos, quer exista ou não - está
bem firme sobre as ciências de hoje. O mais extraordinário aspecto que
conheço de nossa quase-existência é que tudo que parece ter uma iden­
tidade tem também uma outra aparência de todo o resto. Nesta unici-
dade da tonalidade, ou continuidade, há a mão tensa que estrangula; o
amor paternal sufocante; o amor é inseparável dos fenômenos do ódio.
Apenas trata-se da Continuidade... nesta quase-existência. Nature, ao
menos nas rubricas de seus correspondentes, arrisca-se agora a fugir
deste estrangulamento protetor, e zMonthly Weather Review é agora
um rico campo de observação heterodoxa; mas examinando outros
periódicos consagrados pelo tempo, notei que seus lampejos de quase-
individualidade começam a esmaecer desde 1860 e notei a tentativa de
reassumir identidade numa tentativa mais elevada de organização. Al­
gumas destas que exprimiram seu esforço na escala intermediarística
de localizar o universal, ou localizar a si mesmas, sua alma, identidade
ou entidade, ou positividade e realidade - resistiram até 1880; poden­
do-se encontrar traços até 1890... exprimindo o processo universal,
exceto que aqui e ali na história mundial possam ter ocorrido tenta­
tivas surgidas de aproximações à positividade da parte de “indivíduos”
que vieram a ser indivíduos e juntaram-se a entidade própria ou alma -
detiveram-se, submeteram-se e tornaram-se parte de uma tentativa de
organização para individualizar ou sistematizar numa coisa completa
ou então de localizar o universal ou os atributos do universal. Depois
da morte de Ricardo Proctor, de quem nunca seria demasiado subli­
nhar a falta de liberalidade, todos os volumes seguintes de Knowledge
raramente albergaram qualquer coisa fora do convencional. Observe-se
o grande número de vezes que são citados o American Journal of
Science e o Report of the British 'Association-, notai que depois de,
digamos, 1885, esses são escassamente mencionados nestas páginas
inspiradas mas ilícitas... como continuamos a dizer, por hipnose e
inércia.
230
1880 aproximadamente.
Válvula e eliminação.
Mas a coerção não podería ser assim tão eficaz, e muitos dos
excomungados continuaram infiltrando-se e, finalmente hoje, alguns
dos enforcados continuam a respirar debilmente.
Alguns dos nossos dados foram localizados com dificuldade.
Poderiamos contar estórias de grandes fadigas e infrutuosas pesqui­
sas que suscitariam, ainda que imperceptivelmente a compreensão
de um Symons. Mas nesta questão de concomitância de terremotos
com fenômenos aéreos, que não são associáveis aos terremotos, se
provocados internamente, mais do que o seria uma chuva de areia
sobre rapazinhos com dor de barriga por terem comido mel azedo,
a abundância das provas é tão grande, que poderiamos passar os dados
em revista, dum modo esquemático, começando pelo catálogo de
Roberto Mallet (Rept. Brit. Assoe., 1 852), omitindo alguns casos
extraordinários que se verificaram antes do século XVIII.
Terremoto “precedido” por uma violenta tempestade, na Ingla­
terra, a 8 de janeiro de 1 704 ... “precedido” por um brilhante meteo­
ro na Suíça, a 4 de novembro de 1 704 ... “uma nuvem luminosa que
se movia a alta velocidade apareceu além do horizonte”, Florença,
9 de dezembro de 1 731... névoa no ar através da qual se viu uma luz
fraca; algumas semanas antes do tremor, foram vistos glóbulos de
luz no ar, Suábia, 22 de maio de 1 732 ... chuva de terra em Carpen-
tras, na França, 18 de outubro de 1 731... uma nuvem negra em
Londres, 19 de março de 1 750 ... violenta tempestade e estranha
estrela octogonal em Slavanga, na Noruega, 15 de abril de 1 752 ...
bolas de fogo provocadas por um raio no céu, em Augermannland,
em 1 752 ... numerosos meteoritos, em Lisboa, em 15 de outubro
de 1 755 ... “terríveis tempestades” uma depois da outra ... “grani­
zo’^ “meteoritos brilhantes” um caso depois do outro ... “um globo
imenso” na Suíça, a 2 de novembro de 1 761 ... uma nuvem oblonga,
sulfúrea, na Alemanha, em abril de 1 767 ... uma extraordinária massa
de vapor em Bolonha, abril de 1 780 ... céu obscurecido por névoa
escura, em Granada, a 7 de agosto de 1 804 ... “estranhos ululares
no ar e grandes manchas obscurecendo o Sol”, em Palermo, na Itália,
15 de abril de 1 817 ... “luminoso meteoro que se movia na mesma
direção do terremoto”, em Nápoles, 22 de novembro de 1 821 ...
bola de fogo aparece no céu, dimensões aparentes da Lua, em Thurin-
gerwald, 29 de novembro de 1 831.
E a menos que não estejais polarizados pela Nova Dominante
que está invocando o reconhecimento da multiplicidade das coisas
externas, que com uma Dominante que surgindo, nova, na Europa
de 1 492, invocava o reconhecimento da existência de terras alheias
á Europa ... a menos que não tenhais tido este contato com o novo,
não tendes nenhuma afinidade com estes dados, feijões que caem de

231
um magneto, dados irreconciliáveis que fogem da mente de um
Thomson...
Ou ainda, o meu conceito de que não pensamos de fato na reali­
dade ; que nos traçamos correlações em torno dos supermagnetos que
eu chamo de Dominantes ... uma Dominante espiritual numa época,
e eis então que
* surgem monastérios, e seus símbolos são a prece e a
cruz; uma Dominante Materialista, e eis que surgem laboratórios e
microscópios e telescópios e os cadinhos ... e somos apenas limalha
de ferro relativa a uma série de magnetos que tomaram o lugar dos
precedentes.
Com isenção de ânimo de minha e de vossa parte - exceto que
um dia algum de nós poderá não mais ser um intermediarista, mas
sustentar contra todo o universo que outrora foram gerados milhares
de peixes, com uma tromba d’água — temos psico-valéncia por estes
dados, se somos obedientes escravos da Nova Dominante e uma repul­
são por estes se somos simples seres correlatos à Velha Dominante.
Sou um ser equânime e sem identidade, relativamente à Nova Domi­
nante: vejo aquilo de devo ver. O único adoçante à pílula que posso
oferecer, na minha tentativa de aliciar discípulos, é que o Novo, um
dia, sairá de moda; e as novas correlações zombarão frente ás velhas.
Finalmente, há um certo alívio nisto ... e não estou totalmente segu­
ro que seja desejável terminar como estrela fixa.
Como correlação à Nova Dominante, estou muito impressionado
por alguns destes dados - o objeto luminoso que se movia na mesma
direção do terremoto - parece-me aceitável que um terremoto ocorra
após a passagem desta coisa na vizinhança da superfície terrestre. O
rastro observado no céu - ou ainda simplesmente a estria visível de
um outro mundo - e os objetos ou meteoritos que caíram. O terremo­
to de Carpentras, na França, e o fato de que sobre Carpentras estava
um mundo menor mais violentamente agitado pelos terremotos, e que
então, deste, caísse terra.
Mas acima de tudo, prefiro os super-lobos que foram vistos
atravessar o Sol durante o terremoto de Palermo.
Uivaram.
O amor dos mundos. A atração que sentem um pelo outro.
Procuraram aproximar-se e ulularam quando se encontraram.
O ulular dos planetas.
Descobri uma nova ininteligibilidade.
Outros fenômenos.
No Edinburgh New Philosophical Journal devo ressaltar que
até 1 841, dias de estrangulamento menos eficiente, Sir David Milne
relata os fenômenos de terremotos ocorridos na Grã-Bretanha; escolho
deles alguns, que, segundo me parece, indicam a existência de outros

232
mundos na vizinhança da superfície desta Terra.
Violenta tempestade antes do terremoto em 1 703 ... Uma bola
de fogo “precedendo” ao terremoto em 1 750 ... uma grande bola
de fogo vista no dia seguinte a um terremoto em 1 755 ... “um insó­
lito fenômeno no ar; um grande corpo luminoso dobrado em meia-lua
estendendo-se no céu” em 1 816 ... uma enorme bola de fogo em
1 750 ... chuva negra e neve negra, em 1 755 ... numerosos casos de
lançamento para o alto - ou de atração para o alto? - durante os
terremotos ... “precedidos por uma nuvem muito negra e baixa”
em i 795 ... precipitação de poeira negra, precedendo em seis horas
a um terremoto, em 1 837.
Alguns destes casos parecem realmente dignos de atenção ...
um mundo menor: completamente compelido pela força atrativa
desta Terra, substância negra é capturada e só depois de seis horas,
quando se aproximou ainda mais, é que a Terra foi perturbada. Rela­
tivamente ao extraordinário espetáculo, de uma coisa, mundo, ou
superestrutura, que foi vista no céu em 1 816, não conseguimos ainda
saber mais nada. Creio que a nossa opinião seja aproximativamente
exata; isto é, que este acontecimento tenha tido uma tremenda
importância, dizemos mais que as passagens de Vênus, acerca do que
escreveram-se centenas de artigos ... que não encontrei outros traços,
ainda que não tenha procurado com aquele cuidado particular com
que procurei novos dados ... e que todas as observações excetuando-se
aquelas do todo genérico, relativamente a esta ocorrência, foram supri­
midas.
No conjunto, que temos uma considerável concordância entre
os dados das enormes massas que não caem sobre a Terra, mas das
quais se precipitam substâncias e os dados dos campos de gelo dos
quais pode não cair gelo, mas gotejar água. Estou para introduzir
uma modificação: que, a uma certa distância da Terra, a gravidade
tenha mais eficácia do que imaginamos, se bem que tenha menos do
que os dogmáticos supõem e “demonstram”. Estou sempre mais incli­
nado a aceitar uma Zona Neutra ... e que a Terra, com os outros
magnetos, tenham uma Zona Neutra, em que se encontra o Mar dos
Super-Sargaços em que podem ser atracados outros mundos, se bem
que as partes que se elevam para fora desta zona estejam sujeitas á
atração terrestre ...
Mas prefiro:
Eis aqui os dados.
Tenho aqui agora um dos dados correlatos mais interessantes.
Acredito ter falado nele anteriormente, mas, seja ou não desproposi­
tado, tiraremo-lo da manga. Proponho-o como um caso de eclipse, por
parte de um enorme corpo obscuro, que foi visto e mencionado por
um astrônomo. O astrônomo é o sr. Lias: o fenômeno foi observado
por ele em Pernambuco, a 11 de abril de 1 860.
233.
Comptes Rendus, 50-1 197:
Cerca de meio-dia. Céu límpido — repentinamente a luz do
Sol diminui; a escuridão aumentou, e para ilustrar a sua intensidade,
afirmou-se que o planeta Vénus estava muito brilhante. Mas Vénus
naquele período era dificilmente visível. A observação que queima
incenso em tomo da Nova Dominante, é:
Que em volta do Sol havia uma coroa.
Que existem muitos outros casos que indicam a vizinhança de
outros mundos durante os terremotos. Indico alguns ... terremoto e
um objeto no céu definido como “um grande meteoro luminoso”.
(Quar. Jour. Roy. Inst., 5-132); corpo luminoso no céu, terremoto e
chuva de areia na Itália, 12 e 13 de fevereiro de 1 870, La Science
Pour Tous, 15-159; muitos relatos sobre objeto luminoso no céu e
terremoto em Connecticut, 27 de fevereiro de 1 883, Monthly Wea-
ther Review, fevereiro de 1 883; objeto luminoso no céu, ou meteoro,
chuva de pedra do céu e terremoto na Itália, 20 de janeiro de 1 891
L’Âstronomie, 1 891-154; terremoto e prodigioso número de cor­
pos luminosos, ou globos, no ar, em Bolonha, na França, a 7 de
junho de 1 779, Sèstier La Foudre, 1-169; terremoto em Manilha,
em 1 863 e uma “curiosa visão luminosa no céu” (Ponton, Earth-
quakes, pág. 124).
O mais notável aparecimento de peixes durante um terremoto
é o de Riobamba. Humboldt desenhou um desses peixes e este tem
um aspecto extraordinário. Durante este tremendo terremoto, caí­
ram milhares ao solo. Humboldt sustém que foram projetados da su­
perfície por uma fonte subterrânea. Eu não tenho uma opinião, e
tenho dados que me induzem a não fornecer uma, mas seria tão dis­
cutível como um caso quanto outro, e assim, é mais simples consi­
derar um caso evidente de peixes caindo do céu durante um terre­
moto. Não sei bem, nem mesmo eu, se é •correto pensar que caiu de
algum outro mundo um grande lago cheio de peixes; ou ainda que te­
nha sido atraído para nossa terra um lago do Mar dos Super-Sargaços
desviado pela atração entre dois mundos contrastantes ...
Eis aqui os dados \La Science Pour Tous, 6-191:
16 de fevereiro de 1 861. Terremoto em Singapura; a seguir,
terrível chuva... ou tanta água quanta seria contida num lago de
respeitáveis dimensões. Durante três dias esta chuva ou esta água preci-
pitou-se em torrentes. Nas poças encontradas no solo depois do
dilúvio, foi descoberto um número enorme de peixes. Ressalte eu ou
não demasiadamente que tipo de dilúvio foi aquele, diz que a água
foi tão terrível que não conseguia ver além de três passos de distân­
cia. O autor afirma ter visto apenas água caindo do céu. Os nativos
disseram que os peixes tinham caído do céu. Três dias depois, as poças
secaram, e os peixes morreram, mas, inicialmente - uma expressão
que nos causa uma profunda antipatia - os peixes estavam íntegros
234
e vivos. A seguir, há material muito adequado para um dos nossos
pequenos estudos acerca de fenômenos de esclusão. Aqui um psico-
tropismo é aquele de tomar mecanicamente uma caneta na mão e
pôr-se mecanicamente a escrever que os peixes encontrados depois de
uma intensa chuva eram provenientes de transbordamentos fluviais. O
autor da notícia escreve que alguns dos peixes foram encontrados no
seu curral, que era circundado por um alto muro ... sem prestar
a mínima atenção a esse particular, um correspondente (La Science
Pour Tous, 6-317) explica que com aquela intensa chuva havia trans­
bordado um curso d'água que havia transportado os peixes consigo.
Por outra, o ptimeiro autor nos diz que aqueles peixes caídos em Sin­
gapura eram de uma espécie muito abundante nas vizinhanças da
cidade. Assim, pessoalmente, penso que todo um lago cheio desses
peixes tenha caído lá do Mar dos Super-Sargaços, nas circunstâncias
que havíamos imaginado. Porém, se o aparecimento de estranhos pei­
xes depois de um terremoto é mais agradável à vista, ou aos narizes
da Nova Dominante, oferecemos fielmente e piamente algum incen­
so. Um relatório do acontecimento de Singapura foilido pelo sr. de
Castelnau, frente à Academia da França. De Castelnau recordou que
em ocasião precedente, submetera à atenção da Academia a circuns­
tância que uma nova espécie de peixe aparecera no Cabo da Boa
Esperança depois de um terremoto.
Parece-me justo, e servirá para abrilhantar a nova ortodoxia,
propor agora um caso em que não só se verificaram terremotos e chu­
vas de pedras ou meteoros, ou terremotos e eclipses ou visões lumi­
nosas no céu, mas no qual foram combinados todos os fenômenos,
um ou mais dos quais, quando acompanhando um terremoto, pelo que
indicamos segundo nosso critério, a vizinhança de outro mundo.
Desta vez é indicada uma duração mais longa que nos outros casos.
No Canadian Instituí Proceedings, 2-7-198, há um resumo
pelo vice-comissário Dhurmsalla sobre o extraordinário meteorito de
Dhurmsalla revestido de gelo. Mas a combinação de acontecimentos
por ele referidos é ainda mais extraordinária:
Ao fim de poucos meses, depois da queda do meteorito, houve
uma chuva de peixes vivos em Benares, uma precipitação de substân­
cia vermelha em Furrukabad, a observação de uma mancha escura
sobre o disco solar, um terremoto, “um escurecimento antinatural
de certa duração”, e uma visão luminosa no céu semelhante a uma
aurora boreal...
Mas há mais:
Somos apresentados a uma nova ordem de fenômenos :
Os visitantes.
O vice-comissário escreve que pela noite, depois da queda do
meteoro de Dhurmsalla ou de uma massa de pedra coberta de gelo,

235
viu luzes. Algumas não estavam muito alto. Apareciam, desapareciam
e reapareciam. Li muitos relatórios sobre Dhurmsalla - 28 de julho
de 1 860 — mas em nenhum outro lugar ouvi falar deste novo dado
correlato, que no século XIX parecería tão despropositado quanto um
aeroplano ... Invenção á qual a nosso ver não seria permitida no sé­
culo XIX, se bem que o fossem as primeiras tentativas tímidas. O
autor diz que estas luzes tinham o aspecto de grandes bolas de fogo,
mas:
“Estou seguro que não se tratavam de bolas de fogo, lanternas,
ou faróis, ou qualquer coisa desse gênero, mas que eram autênticas
luzes no céu.”
É uma argumentação que merece um tratamento especial -
abusados que entraram num terreno pertencente a outrem - talvez
alguém que perdeu um pedregulho e ele e seus amigos foram procu­
rá-lo, á noite ... Ou agentes secretos ou emissários que tinham um
encontro com esoteristas perto de Dhurmsalla ... Coisas ou seres
que subiram para explorações a quem não agradou ficar lá em cima
muito tempo ...
Em certo sentido é sugerido um outro estranho acontecimen­
to durante um terremoto. A antiga tradição chinesa ... as marcas sobre
a terra parecidas com pegadas de animais. Pensamos - num baixo
grau de aceitação - num outro mundo que possa estar em comuni­
cação secreta com certos esoteristas misturados aos habitantes da Ter­
ra e em mensagens em símbolos semelhantes a pegadas de animais
que são enviados para um destinatário ou uma colina, em particular,
na Terra ... que ás vezes são perdidas.
Este outro mundo se avizinha do nosso - ocorrem terremotos -
mas se aproveita da proximidade para enviar uma mensagem ... a
mensagem designada a um receptor na índia, por exemplo, ou na
Europa Central, desvia e acaba na Inglaterra ... Assim como depois
de um terremoto se encontram sobre uma praia de Cornualha, pegadas
semelhantes àquelas da tradição chinesa ...
Phil. Trans.. 50-500
Depois do terremoto de 15 de julho de 1 757, sobre a areia
de Penzance, na Cornualha, por uma área de mais de 100 jardas
quadradas (100 m2), foram encontradas pegadas semelhantes às
de animais, mas não eram em meia-lua. Temos a impressão de uma
semelhança rpas notamos desta vez uma arbitrária exclusão de nossa
parte. Parece que as marcas descritas como “pequenos cones com
pequenas concavidades de igual diâmetro” que se assemelhariam às
marcas das pegadas, se os cascos imprimissem círculos completos.
Outros pontos esquecidos são as pequenas manchas negras em cima
dos cones, como se desses tivesse esguichado alguma coisa, quiçá,
gasosa e que de uma dessas formações advinha um jato d'água da es­
pessura de um pulso humano. Naturalmente, durante os terremotos
236
é natural o surgimento de nascentes... mas suspeitamos que o Absolu­
to Negativo aqui esteja constrangindo a inserir este dado e suas per­
turbações.
Eis ainda uma outra posição em que o Absoluto Negativo
parece trabalhar contra nós. Ainda que na super-química tenhamos
introduzido o princípio da celeste-metástase, não tínhamos dados
válidos para a troca de substâncias durante as aproximações. Os
dados eram relativos às precipitações e não à movimentação para
o alto. Naturalmente os impulsos para o alto são comuns durante
os terremotos, mas não possuo nenhum fato acerca de uma árvore,
ou um peixe, ou tijolos ou de um homem que tenha sido arremes­
sado para o alto e lá tenha permanecido sem jamais cair. Nosso caso
clássico do cavalo e da estrebaria no caso de uma tromba d'água.
Afirma-se que durante um terremoto na Calábria, as pedras do
calçamento foram atiradas para o ar.
O autor não especifica se tornaram a cair, mas algo me diz que
foi assim.
Os cadáveres de Riobamba.
Humboldt relata que, durante o terremoto de Riobamba,
“os corpos foram arrancados da tumba” e que “o movimento verti­
cal foi tão forte que os corpos foram projetados a diversas centenas
de pés de altura”.
Explico.
Explico que no epicentro de um terremoto, algo saiu para o
céu e continua a sair, os pensadores dos observatórios mais próximos
teriam provavelmente voltado a atuar na pesquisa de outros assuntos.
O dique de Lisboa.
Dizem que afundou.
Uma enorme quantidade de pessoas buscou refúgio no dique.
A cidade de Lisboa estava envolta pela mais densa treva. O dique
e todas as pessoas que estavam sobre ele somem. Afundam-se ...
não voltou à superfície nem sequer um cadáver, um só fragmento
de roupa, um único fragmento do dique, nem mesmo um pedaço de
madeira.

237
XVIII
A NOVA DOMINANTE

O Desenvolvimento, ou Progresso ou Evolução é a tentativa de


positivar e é um mecanismo através do qual se passa para uma exis­
tência positiva - isto que chamamos existência é o útero do infinito
e a sua função é apenas incubatória - e que finalmente todas as tenta­
tivas são esmagadas por aquilo que foi falsamente excluído Subjeti­
vamente, esta destruição é ajudada pelo nosso senso das limitações
falsas e angústia. Então os pintores clássicos e acadêmicos elaboraram
pinturas positivistas e expressaram o único ideal de que são capazes
de ter consciência, ainda que tão frequentemente tenhamos ouvido
falar de “ideais” em lugar de manifestações diferentes, cientificamen­
te, teologicamente, politicamente do ideal Único. Buscam satisfazer,
no seu aspecto artístico, o desejo cósmico de unidade e completude,
por vezes chamado harmonia ou beleza sob certos aspectos. Com o
descuido buscaram completude. Mas o efeitos de luz que descuidavam,
e o seu modo de ater-se exclusivamente a temas estandardizados,
causaram a revolta dos Impressionistas. Assim também os Puritanos
procuram criar um sistema e esquecem das necessidades físicas, os
vícios e o relaxamento e foram significativamente colocados em
péssimas condições quando sua estreiteza mental tornou-se clamorosa
e intolerável. Todas as coisas lutam para alcançar a positividade, por
si mesmas, ou pelos quase-sistemas de que fazem parte. A formalidade
e o matemático, o regular e o uniforme são aspectos do estado positi­
vo - mas o Positivo é o Universal - assim todas as tentativas de posi­
tividade que parecem satisfazer sob o aspecto da formalidade e da
regularidade, cedo ou tarde se desqualificam sob o aspecto da ampli­
dão ou generalidade. Eis uma revolta contra a ciência de hoje, porque
os enunciados que foram considerados como verdades finais por
parte de uma geração passada são vistas, finalmente, como insufici­
entes. Toda afirmação que se opõe ás nossas opiniões, mais tarde veri­
ficou-se que éra uma composição semelhante àquela de qualquer
pintura acadêmica: algo é arbitrariamente excluído das relações
com o ambiente, ou isolado dos dados que o perturbam e é circunda­
do por exclusões. Nossa tentativa foi a de aceitar aquilo que é incluí­

238
do, mas também de colocar aquilo que foi excluído num contexto
mais amplo. Aceitamos, entretanto, que para cada uma das nossas
afirmativas, existem em qualquer lugar, pontos irreconhecíveis ...
e que a afirmação final incluiría todas as coisas. Entretanto, deste tipo
são as conversas dos anjos. A afirmação final não é pronunciável na
quase-existência, em que pensar significa incluir, mas também excluir,
ou seja, não ser final. Se admitimos que para cada opinião por nós
expressada deve ser em algum lugar, algo de ir reconcilia vel, somos
Intermediaristas e não positivistas; tampouco positivistas mais eleva­
dos. Naturalmente pode ocorrer que um dia estabeleçamos-um sistema
e sejamos dogmáticos e então recusaremos pensar em qualquer coisa
de que poderemos ser acusados de querer transcurar e crer firmemente
pelo contrário em lugar de simplesmente aceitar; depois, sé pudésse­
mos ter um sistema mais amplo, que não admitisse nenhum irrecon-
ciliável, seríamos positivistas em mais alto grau. Enquanto não faze­
mos mais que aceitar, não somos positivistas em mais alto grau, mas
nossa sensação é que a Nova Dominante, ainda que a consideremos
apenas uma forma de escravidão, será o núcleo de um positivismo
mais elevado e será p meio de elevar no infinito novo enxame de
estrelas fixas, até que, como instrumento de recrutamento, também
será exaurido e cederá o lugar a qualquer outro meio para gerar o
absoluto. É nossa opinião que todos os astrônomos da atualidade
perderam o seu ânimo, ou melhor, toda a possibilidade de alcançar a
Entidade, mas que Copérnico, Galileu e Newton e provavelmente
também Leverrier, também sejam estrelas fixas. Um dia procurarei
identificá-las. Em tudo isto acredito que somos como Moisés. Indica­
mos a Terra Prometida, mas a menos que não sejamos curados de nos­
sa Intermediaridade, não seremos jamais assinalados pelo Monthly
Notices.
Segundo nossa opinião, as Dominantes, na sua sucessão, afastam
as Dominantes precedentes, não só porque são mais quase positivas,
mas também porque as velhas Dominantes, como meio de recrutamen­
to, exauriram-se. Afirmamos que A Nova Dominante, com Inclu­
sões maiores, se manifesta atualmente no mundo todo e que o velho
Exclusionismo está cedendo em todos os frontes. Na física, o exclu­
sionismo está cedendo frente às suas próprias pesquisas acerca do rá­
dio, por exemplo, e nas suas especulações sobre os elétrons ou pelas
suas fusões com a metafísica e pelo abandono que durou muitos anos,
a homens como Gurney, Crookes, Wallace, Flammarion, Lodge,
nos confrontos dos fenômenos um tempo descuidados... não mais
chamados de “espiritualismo”, mas “pesquisas psíquicas”, então.
A Biologia está no caos; os darwinistas convencionais misturaram-se
com os mutacionistas, os ortogenistas e os sequazes de Wisemann
os quais tomam no darwinismo uma de suas pseudo-bases, e ainda,
não obstante, procuram reconciliar as suas heresias com a ortodoxia.
Os pintores são metafísicos e psicólogos. O degringolar do exclusionis­
mo na China, no Japão e nos Estados Unidos, surpeendeu a história.
239
A ciência da astronomia está em tal depressão que, se bem que Picke-
ring, por exemplo, tenha efetuado pesquisas sobre um planeta além
de Netuno, e Lowell tenha procurado fazer aceitar idéias heréticas
sobre as estrias de Marte, a atenção agora está minuciosamente foca­
lizada em detalhes exoticamente técnicos, como, por exemplo, as
variações da sombra do quarto satélite de Júpiter. Creio que, em geral,
uma super-minuciosidade indica uma decadência.
Penso que a fortaleza do Inclusionismo esteja na aeronáutica.
Penso que a força da Velha Dominante, quando era nova, tenha sido
a invenção do telescópio. Ou que coincidindo com o decaimento do
Exclusionismo surja o meio de descobrir que hajam vastos campos
aéreos de gelo e lagos flutuantes, cheios de rãs e peixes, ou não, dos
quais provenham pedras trabalhadas e substâncias negras e grandes
quantidades de vegetais e de carne, que poderia inclusive ser carne de
dragão ... se existem rotas comerciais interplanetárias e imensas zonas
devastadas por Super-Tamerlões... ou se, por vezes, há visitantes que
vêm a esta terra os quais poderíam ser seguidos, capturados e interro­
gados.

240
XIX
CHUVAS DE PÁSSAROS

Procurei dados laboriosamente para uma tese sobre os pássaros


mas a pesquisa não foi muito quase-satisfatória. Penso talvez que
devesse deixar bem clara nossa laboriosidade, porque uma acusação
que se verá levantar contra o estabelecimento da Aceitação é que al­
guém que se limita a aceitar, deve antes ser um tipo moleirão, de pou­
cos interesses e escassa operosidade. Não me parece justificado: somos
muito laboriosos. Sugiro a alguns de nossos discípulos darem uma
olhada ao que se refere às mensagens de pombos-correio, naturalmente
atribuídas a proprietários terrestres, mas que se dizem ser indecifrá­
veis. Eis o que farei, mas serei egoísta. Esta é uma outra parte do
Intermediarismo que será lançada fora do firmamento: o Positivismo
é o egoísmo absoluto. Mas vamos focalizar os tempos da Expedição
Polar de André. Pombos que normalmente não teriam tido nenhuma
publicidade, tiveram naquele tempo a honra da crônica histórica.
No Zoologist, 3-18-21, é relatado o caso de um pássaro (fra-
fercula) que havia caído ao solo com a cabeça fraturada. Interes­
sante, mas simplesmente especulação ... mas contra que objeto sólido,
nas alturas, conseguiu se chocar aquele pássaro?
Uma tremenda chuva vermelha na França em 16 e 17 de outu­
bro de 1 846; houve um intenso temporal naquele período, e se supõe
que a chuva estivesse tinta de vermelho com matéria aspirada da
superfície terrestre antes de cair. (Comptes Rendus, 23-832).
* Mas
nas Comptes Rendus, 24-625, a descrição desta chuva vermelha é
diversa da impressão comum de água vermelha, arenosa ou lodosa.
Diz-se que esta chuva era tão acentuadamente vermelha e tão parecida
com sangue que muitas pessoas na França ficaram aterrorizadas.
Foram relatadas duas análises (Comptes Rendus, 24-812). Um quími­
co nota uma grande quantidade de corpúsculos - mais ou menos simi­
lares a corpúsculos hemáticos - naquela matéria. Outro químico
afirma que há 35% de matéria orgânica. Pode ocorrer que um dra­
gão interplanetário tenha sido morto em qualquer lugar, ou que este
fluido vermelho, no qual haviam muitos corpúsculos, seja provenien­

241
te de algo não muito agradável de se observar, nas dimensões das
Montanhas Catskill, quem sabe ... mas o dado efetivo é que com aque­
la substância, caíram em Lion, Grenoble, e outros lugares, cotovias,
codornas, patos, e faisões, alguns dos quais, vivos.
Tenho anotações concernentes a outros pássaros caídos do céu,
mas estes não são acompanhados da chuva vermelha que torna tão
peculiar a queda de pássaros na França, se se aceita que a substância
vermelha seja de origem extraterrestre. As outras anotações concer­
nem a pássaros que caíram do céu, em meio a tempestades, ou pássa­
ros, exaustos porém vivos, caídos não longe de regiões perturbadas
por tempestades. Mas agora veremos um caso para o qual não me
arrisco a encontrar nenhum paralelo: a queda de pássaros mortos,
num céu límpido distante de qualquer tempestade á qual poderiam ser
atribuídos ... absolutamente afastados de qualquer tempestade ...
Meu pensar é que no verão de 1 896, algo, algum ser, avizinhou-
se da Terra o mais que pôde para uma expedição de caça; e que no
verão de 1 896 uma expedição de supercientistas tenha passado por
sobre a Terra e tenha lançado uma rede de arrasto ... e o que teriam
pescado, sulcando o ar, supondo que a rede não tenha chegado a
tocar a superfície da Terra?
No Monthly Weather Review, maio de 1 917, W. L. McAtee
cita na correspondência de Baton Rouge, no Philadelphia Times:
No verão de 1 896, nas estradas de Baton Rouge, na Luisiânia,
e com um “céu límpido”, caíram centenas de peixes mortos. Eram
patos selvagens, tordos, pombos, e “muitos pássaros de estranha plu­
magem”, alguns dos quais se assemelhavam a canários.
De hábito, não é necessário olhar de muito longe para localizar
precisamente uma tempestade. Mas o melhor que se conseguiu fazer
nestas circunstâncias, foi dizer:
Que “havia caído uma tempestade sobre o litoral da Flórida”.
E a menos que haja uma repulsa psico-química para a explica­
ção, o leitor provará um estupor apenas momentâneo frente ao fato
que os pássaros mortos por uma tempestade na Flórida devam cair
no tranqüilo céu da Luisiânia, e graças ao seu intelecto lubrificado
como a plumagem de um pato selvagem, pode engolir o fato.
Cérebros lúcidos e untados. Afinal de contas, podem também
ser úteis: outros tipos de seres os têm em alta consideração como lu­
brificante; dão-lhe cáça por isto: uma expedição de caça sobre a
Terra ... e eis os jornais a relatarem um tornado.
Pode-se ter aceito que, num céu calmo, ou no qual não havia
nuvens em movimento, ou quaisquer sinais de vento, ou com uma
tempestade na Flórida, centenas de pássaros tenham caído na Luisi­
ânia, posso conceber convencionalmente que objetos mais pesados

24?
tenham caído no Alabama, digamos, e objetos ainda mais pesados
tenham caído mais perto do ponto de origem, na Flórida.
As fontes de informação do Weather Bureau (Escritório de
Meteorologia do governo norte-americano) estão esparsas por todos os
lugares.
Não existem traços sequer de precipitações do gênero.
Assim, se pensarmos numa rede lançada em algures ...
Ou se pensamos no que aprendi dentre os mais científicos dos
estudiosos dos fenômenos psíquicos:
O leitor principia suas leituras com um certo preconceito contra
a telepatia e todos os outros gêneros de fenômenos psíquicos. Os
autores negam a comunhão espiritual e defendem que os dados apa­
rentes são dados de “simples telepatia”. Fabulosos exemplos de evi­
dente clarividência... “simples telepatia”. Pouco depois, o leitor des­
cobre que também ele apenas concorda com a telepatia, apenas ...
o que, de princípio, lhe era completamente inadmissível.
Destarte, talvez, em 1 896, uma super-rede riscou a atmosfera
desta Terra, recolhendo todos os pássaros, dentro de seu raio de ação,
com malhas que depois se romperam ...
Ou quem sabe se os pássaros de Baton Rouge se originaram
simplesmente do Mar dos Super-Sargaços...
Quanto a isto, forneçamos mais uma explicação. Pensamos ter
sistematizado definitivamente esse assunto, mas nada está definitiva­
mente sistematizado em sentido real, se, no sentido real, nada há na
quasicidade.
Imagino que tenha ocorrido uma tempestade alhures, na Flórida,
talvez, e muitos pássaros foram aspirados no céu, do Mar dos Super-
Sargaços. Este tem regiões frias e regiões tropicais... cogitamos que
aves de espécies diversas tenham sido aspiradas, para mais alto, numa
região gelada, onde, aninhàndo-se uns contra os outros, para esquen­
tar-se, acabaram morrendo. Depois, mais tarde, foram tirados de lá...
um meteoro, um barco, uma bicicleta, um dragão, não sei o que possa
ter sobrevindo... mas algo os deslocou de lá.
Folhas e feno.
As folhas das árvores, sendo levadas para lá por ciclones, perma­
necendo por lá durante anos, ou então poucos meses, para depois
recaírem nesta terra num período fora de estação para as folhas secas...
peixes transportados lá para cima, dos quais alguns morrem e secam,
outros vivem em poças d’água as quais parecem abundantes lá em cima
e que por vezes caem, em dilúvios improvisados.
Os astrônomos não pensariam em nós com ternura, e nós não
fizemos nada para gáudio dos meteorologistas - mas somos mente­

243
captos e desmiolados Intermediaristas - algumas vezes tentamos tra­
zer pelos aeronautas, coisas extraordinárias de lá de cima: coisas para
fazer com que os diretores dos museus renunciassem a qualquer espe­
rança de se tornarem algum dia estrelas fixas: coisas deixadas lá em
cima por turbilhões de ar desde os tempos dos faraós, ou: talvez Elias
não tenha ido para o céu em qualquer coisa semelhante a uma carrua­
gem, e depois de tudo, talvez não seja absolutamente Vega, e pode ser
abandonada em qualquer lugar uma rota ou qualquer que tenha sido o
meio com o qual tenha ido para o céu. Pensamos mesquinhamente que
se poderia receber um alto preço, mas é necessário vender depressa,
pois logo haverá aos milhares aquilo que hoje é rara preciosidade...
Oferecemos semanalmente uma deixa para os aeronautas.
No Scientific American, 33-197, há o relato de uma precipitação
de feno do céu. Dadas as circunstâncias, estamos inclinados a pensar
que este feno tenha saído da terra por um turbilhão de ar, alcançado o
Mar dos Super-Sargaços, e por lá tenha permanecido muito tempo
antes de cair. Um ponto interessante desta afirmação é apenas a atri­
buição a um turbilhão local ou coincidente, e à sua identificação... e
depois vêm os dados que tomam inaceitável a hipótese do turbilhão
local...
A 27 de julho de 1875, pequenas massas de feno úmido caíram
em Monkstoen, na Irlanda. No Dublin Daily Express, o dr. J. W. Moore
forneceu uma explicação: - ao sul de Monkstown foi localizado um
turbilhão que era coincidente. Mas, segundo o Scientific American,
uma precipitação semelhante foi verificada perto de Wrexham, na
Inglaterra, dois dias antes.
Em novembro de 1918, fazia estudos sobre objetos leves lança­
dos ao ar. Era o dia do armistício. Imagino que deveria estar emotiva-
mente mais ocupado, todavia, tomei notas sobre pedaços de papel jo­
gados ao ar pela janela de edifícios altos. Certos pedaços permanece­
ram juntos um pouco. Às vezes, por alguns minutos.
Cosmos, 3-4-574:
A 10 de abril de 1869, na Áustria (Indre-et-Loire), caíram do
céu um grande número de folhas de carvalho... totalmente espalhadas.
Era um dia muito tranqüilo. Havia tão pouco vento que as folhas
caíram quase verticalmente.
A precipitação durou cerca de dez minutos.
Flammarion, em The Atmosphere, pg. 412, fala acerca desse
fato: deve encontrar uma tempestade.
Encontra um vento imprevisto... mas ocorrera a 3 de abril.
Dois pontos inacreditáveis de Flammarion são:... que as folhas
pudessem permanecer no ar durante uma semana, que pudessem per­
manecer unidas no ar durante uma semana.

244
Pensai em alguma de vossas observações de papel atirado por um
avião.
Nosso único ponto inacreditável.
Que estas fojhas tenham sido levadas para o ar seis meses antes,
quando eram comuns no solo permaneceram suspensas, natural­
mente não no ar, mas numa região gravitacionalmente inerte e precipi­
taram-se finalmente devido às perturbações causadas pelas chuvas
de abril.
Não tenho nenhuma indicação de folhas que tenham caído do
céu em outubro ou novembro, estação em que se podería esperar que
as folhas mortas fossem levantadas de um lugar e atiradas em outro.
Sublinho o fato de que isto se verificou em abril.
La Nature, 1889-94.
A 19 de abril de 1889 caíram do céu folhas secas de diversos
tipos, carvalho, olmo, etc. Também o dia estava tranqüilo. Precipitação
muito abundante. Observaram-se folhas caindo por quinze minutos,
mas a julgar pela quantidade por terra, a opinião do autor é de que
tivessem caído por meia hora. Penso que o geiser de cadáveres de
Riobamba para o céu deve ter sido um espetáculo interessante. Mas
também esta catarata de folhas secas é um estudo em ritmo de mortos.
Neste dado, o que nos parece mais aceitável é o mesmo ponto que
ressalta o autor em La Nature. A falta de vento. Afirma que a super­
fície do Loire estava “absolutamente lisa”. O rio, até onde podia ver,
estava coberto de folhas.
LAstronomie, 1894-194:
A 7 de abril de 1894 caíram folhas secas em Clairwaux e Outre-
Aube, na França. A precipitação foi descrita como prodigiosa. Meia
hora. Depois, no dia 11, verificou-se precipitação de folhas secas em
Pontcarré.
É exatamente nesta recorrência que encontramos uma parte da
nossa oposição ás explicações convencionais. O diretor (Flammarion)
dá uma explicação. Diz que as folhas foram transportadas para o alto
por um ciclone que consumira toda sua força e que as folhas mais
pesadas tinham então começado a cair primeiro. Pensamos que isto era
correto para 1894 e estava bastante bem para 1894. Mas nestes tem­
pos, mais rigorosos, queremos saber como é possível para um vento
que não era capaz de sustentar algumas folhas no ar conseguiu susten­
tar outras por quatro dias.
Os fatores neste enunciado são a estação errada, não para as
folhas secas, mas para o número prodigioso de folhas secas, a queda
direta, a falta de vento, o mês de abril e o ponto de queda na França.
O fator ponto de queda é interessante. Não possuo sequer uma refe­
rência acerca de precipitação de folhas do céu, exceto esta. Se a expli­
245
cação convencional, ou “o velho correlativo” fosse aceitável, parece
que eventos similares em outras regiões devam ter sido tão freqüentes
quanto na França: A indicação é que possam existir flutuações quase-
permanentes no Mar dos Super-Sargaços, ou uma pronunciada predi­
leção pela França...
Inspiração.
Que possa existir um mundo na vizinhança, complementar a
este mundo em que haja outono, quando aqui é primavera.
Deixemos que se ocupe disso algum discípulo.
Mas se pode haver alguma inclinação pela França, então isto
significa que talvez permaneçam em suspensão as folhas que pairam
no alto em qualquer outro lugar. Ocupei-me da Super-Geografia e tor-
nar-me-ei culpado da elaboração de um mapa; penso, atualmente, que
o Mar dos Super-Sargaços seja uma cintura oblíqua com ramificações
de troca sobre a Grã-Bretanha, França, Itália, até chegar à índia. Rela­
tivamente aos Estados Unidos não tenha idéias muito claras, mas pen­
so particularmente nos estados do sul.
A preponderância de nossos dados indica a existência de regiões
frias no alto. Apesar disso, verificaram-se tantas incidências de subs­
tâncias putrefatas e outros similares que se toma aceitável a idéia da
existência de regiões supertropicais. Temos ainda um dado acerca do
Mar dos Super-Sargaços. Parece-me agora que os nossos requisitos de
sustentação, reforço e concordância nos confrontos das aceitações têm
sido tão rigorosos e até mais que aqueles aceitos pela fé cega; pelo
menos para a aceitação plena. Em razão da simples aceitação, nós, em
qualquer livro subseqüente poderemos negar o Mar dos Super-Sargaços
e descobrir que nossos dados se referiam contrariamente a qualquer
outro mundo complementar, ou à Lua, e temos dados abundantes
para aceitar que a Lua não esteja a mais de vinte ou trinta milhas de
distância (32 a 48 km). Entretanto, o Mar dos Super-Sargaços fun­
ciona suficientemente bem para que possamos recolher dados qué se
oponham ao Exclusionismo. Eis nosso principal objetivo: oposição ao
Exclusionismo.
Ou ainda nossa concordância com os procèssos cósmicos. O
ponto culminante de nossa enunciação em geral acerca do Mar dos
Super-Sargaços. Coincidentemente aparece algo que pode revolucioná-
la posteriormente.
Notes and Queries, 8-12-228:
Na província de Macerata, Itália (verão de 1897(?) ) o céu foi
coberto por um imenso número de nuvens cor de sangue. Meia hora
depois - temporal e queda de miríades de sementes. Foram identifi­
cados como sendo de uma árvore que se encontra apenas na África
Central e nas Antilhas.

246
Se - em termos de raciocínio convencional - estas sementes
foram levadas para o alto, para o ar, teriam sido transportadas de uma
região fria. Mas acreditamos que estas sementes permaneceram, por
um tempo considerável, numa região quente e por um tempo superior
ao atribuível á suspensão no ar; pela força do vento:
“ Afirmou -se que um grande número destas sementes encon-
trava-se no primeiro estágio de germinação.”

247
XX
A NOVA DOMINANTE

O inclusionismo.
Neste temos um pseudo-padrão de medida.
Temos um dado e lhe damos uma interpretação segundo nosso
pseudo-padrão de medida. No momento não temos as ilusões do Abso-
lutismo que podem ter trazido alguns positivistas do século XIX do
céu. Somos intermediaristas... mas sentimos a astuciosa suspeita de
que um dia poderemos nos transformar em positivistas mais elevados,
dogmáticos e não liberais. No momento, não é nossa pergunta se al­
guma coisa é razoável ou absurda, porque reconhecemos que com a
palavra racionalidade e absurdidade desejamos referir-nos aos acordo
e desacordo com certos padrões de medida - que deve ser uma ilu­
são - ainda que não de modo absoluto, naturalmente - e que deve­
rá ser um dia destronada por uma quase-ilusão mais evoluída. No pas­
sado os cientistas seguiram o posicionamento positivista... isto é ra­
cional ou irracional? Analisemos e descobriremos que estes se vincula­
vam a um padrão de medida como o newtonismo, o daltonismo, o
darwinismo ou o lyellismo. Mas estes, por sua vez, escreveram, fala­
ram e pensaram como se pudessem referir-se à verdadeira racionali­
dade ou verdadeira irracionalidade.
Então o nosso pseudo-padrão de medida é o Inclusionismo, e se
um dado é correlato a uma visão mais amplamente inclusiva relativa­
mente a esta Terra e àquilo que lhe é exterior e às relações com o exte­
rior, a sua hamonia com o Inclusionismo o admite. Este era o processo
e esses eram os requisitos para serem admitidos no tempo da Velha
Dominante; diferimos pela Intermediaridade subjacente, ou consciên­
cia, se bem que sejamos mais quase-reais, nós e nossos padrões de
medida somos apenas quase...
Ou ainda que todas as coisas - no nosso estado intermediário
- são fantasmas de uma supermente num estado onírico... mas que
luta para acordar para a realidade.
Ainda que sob alguns aspectos nossa Intermediaridade seja insa­
tisfatória, nossa sensação abscôndita é...

248
Que numa mente que sonha, o despertar é mais acelerado... se os
fantasmas daquela mente sabem que são apenas fantasmas de sonho.
Naturalmente também esses são quase, ou ainda, em sentido relativo,
têm uma essência daquilo que é chamado realidade. São derivados da
experiência ou das relações sensoriais, ainda que sejam grotescas dis-
torsões. Parece aceitável que u’a mesa vista em vigília seja mais quase-
real que u’a mesa vista em sonho, que persegue alguém com quinze ou
vinte pernas.
Então, agora, no século XX, com u’a mudança de termos, e mu­
dança da consciência subjacente, nosso encaminhamento para a nova
Dominante é o mesmo que a dos cientistas do século XIX relativa­
mente à Velha Dominante. Não insistimos em dizer que nossos dados e
nossas interpretações serão, para os habitantes do século XIX, escan­
dalosas, falsas, risíveis e ignorantes no mesmo grau em que seus dados
e interpretações se correlacionam. Se é assim, são aceitáveis, quiçá ape­
nas por pouco tempo, ou como núcleos, ou palco ou esboços prelimi­
nares, ou tentativas cegas. Mais tarde, naturalmente, quando tivermos
esfriado e endurecido e irradiarmos no espaço a maior parte de nossa
atual mobilidade, que se exprime na modéstia e na plasticidade, não
aceitaremos mais o palco, ou tentativas às cegas, mas pensaremos em
enunciar fatos absolutos. Um ponto que da Intermediaridade se opõe
às mais correntes especulações acerca da evolução. Habitualmente pen->
sa-se o espiritual como algo stiperior ao material - mas em nossa
aceitação, a quase-existência é um meio através do qual o absoluta­
mente imaterial se materializa absolutamente, e se do intermediário,
é um estado em que nada é totalmente material ou imaterial, e todos
os objetos, substâncias e pensamentos, ocupam algum grau de aproxi­
mação num sentido ou outro. A solidificação final daquilo que é eté-
rio representa para nós a meta da ambição cósmica. O positivismo é o
puritanismo. O Quente é o Mal. O Bem final é o Frio Absoluto. Um
inverno ártico é muito belo, mas acredito que um interesse pelos ma­
cacos que se moviam sobre as copas explica nossa Intermediaridade.
Visitantes.
Aqui a nossa confusão, para a qual estamos procurando introdu­
zir uma quase-ordem e tão grande quanto tem sido todo este livro, ain­
da que não tenhamos a ilusão de homogeneidade do positivista: Um
positivista recolhería friamente os outros dados. Penso em quanto ti­
pos diferentes de visitantes há nesta terra, quantos não estão em Nova
Iorque, numa prisão, numa igreja... algumas pessoas, por exemplo, vão
à igreja para roubar o próximo.
Acredito que um mundo ou uma superestrutura - isto é, um
mundo, se deste caíram peixes e substâncias vermelhas - tenha pas­
sado sobre a índia no verão de 1860. Depois, algo cai em Dhurmsalla,
a 7 de julho de 1860, proveniente de algum lugar. Seja lá o que tenha
sido, alude-se a “isso” com tanta persistência, sempre como se fosse

249
um “meteorito” e olhando-se no que eu disse precedentemente, notar-
se-á que também emprego essa convenção... Mas no Times de Londres,
de 16 de dezembro de 1860, Syed Abdulah, Professor de Industâni na
Uniservity College de Londres, escreve dizendo ter perguntado a um
amigo de Dhurmsalla acerca das pedras que haviam caído naquele lu­
gar. Eis a resposta:
”... de diversas formas e tamanhos muitas das quais assemelha­
vam-se com as balas de canhão normais recém-disparadas por razão
da guerra.”
Estes são novos dados a serem acrescidos àqueles que já possuí­
mos acerca de objetos esféricos caídos sobre a terra. Observamos que
se tratam de objetos esféricos de pedra.
E na tarde do mesmo dia, algo... mirando Dhurmsalla - enviou
objetos que poderíam ser signos decifráveis e foram vistas luzes no
céu...
Mas imaginemos um certo número de coisas, ou seres, ou seja lá
o que forem, que buscavam subir, mas não conseguiram, como viajan­
tes em balão que, a certa altura, tentam subir ainda mais e não conse­
guem.
Excetuando-se os bravos positivistas e para aqueles que tém u'a
mentalidade homogênea esta especulação não interfere com o con­
ceito de qualquer outro mundo que está em comunicação direta com
certos esoteristas da terra, através de um alfabeto simbólico que se
estampam sobre rochas como os símbolos das telefòtografias no
selênio.
Creio que por vezes, em circunstâncias favoráveis, tenham des­
cido emissários sobre a Terra... convenções secretas...
Naturalmente parecerá estranho...
Mas, reuniões secretas... emissários... esoteristas na Europa antes
da eclosão da Guerra...
E aqueles que sustentavam que esses fenômenos podiam ocorrer.
Todavia, como para a maior parte dos nossos dados, penso em super-
seres que passaram por aqui sem ter pela Terra um interesse maior do
que teriam os passageiros de uma nave pelo fundo do mar... ou ainda,
os passageiros teriam um interesse muito intenso, mas as circunstân­
cias do horário e das exigências comerciais impedem que pesquisem o
fundo do mar.
Depois, por outro lado, poderiamos ter dados acerca de tenta­
tivas supercientífícas de pesquisar do alto os fenômenos da Terra...
quiçá seres tão distantes de nós, que. não haja o menor sentido em se
pensar na existência de alguma coisa, em algum lugar, que afirma pos­
suir direitos legais sobre a Terra:

250
No conjunto somos bons intermediaristas, mas não sabemos ser
hábeis hipnotizadores.
Mas eis outra fonte de fusão dos nossos dados:
Tendo em vista os princípios gerais da Continuidade, se super-
naves ou superveículos atravessaram a atmosfera da Terra, devem
existir pontos comuns entre esses e os fenômenos terrestres; as obser­
vações sobre esses devem fundir-se com as observações acerca de nu­
vens, os balões e os meteoros. Começaremos com dados que nós mes­
mos não temos condições de distinguir e assim abriremos a estrada
através dos pontos de fusão para chegar aos extremos.
Em Observatory, 35-168, afirma-se que segundo um jornal os
residentes em Warmley, Inglaterra, a 6 de março de 1912, ficaram
muito excitados devido a algo que foi julgado como sendo “um avião
esplendidamente iluminado em voo sobre o país”. A máquina se des­
locava evidentemente em tremenda velocidade, era proveniente de
Bath e viajava para Gloucester. O diretor afirma que era uma grande
bola de fogo com cabeça tripla. “Realmente tremenda!” Diz: “Mas
hoje estamos prontos para tudo”.
Isto é satisfatório. Não gostaria de relatar astuciosamente e de­
pois sair pela tangente com os nossos dados na mão. Este livro, se não
outro, está pronto a ler...
Nature, 27 de outubro de 1898:
Um correspondente afirma ter visto no céu de County Wicklow,
na Irlanda, por volta das seis da tarde, um objeto que se assemelhava
à Lua quando é visível em 3/4 de sua superfície. Observamos a forma
que se aproxima da triangular e que se definia a cor amarelo ouro.
Deslocava-se lentamente e depois de cinco minutos desapareceu atrás
de u’a montanha.
O diretor opina dizendo que se tratava de um balão que havia
escapado do ancoradouro.
Em Nature, 11 de agosto de 1898, há um artigo tomado do nú­
mero de julho do Canadian Weather Review pelo meteorólogo F. F.
Payne: este tinha visto no céu canadense um objeto grande com forma
de pera que se deslocava rapidamente. Inicialmente supôs que o objeto
fosse um balão, “porque os seus contornos estavam claramente defi­
nidos”. Mas no momento em que se constatou que não se podia ver
nenhum cesto, conclui que deveria tratar-se de massa de nuvens. De­
pois de seis minutos o objeto tornou-se mais esfumado - talvez devi­
do ao aumento da distância - “a massa tornou-se menos densa e
finalmente desapareceu”. Quanto á formação cicíônica... “não era visí­
vel nenhum movimento de rotação.”
Nature, 58-294:
A 8 de julho de 1898, um correspondente viu no céu de Kiel um

251
objeto tingido de vermelho pelo que já havia se posto. O objeto era
tão grande quanto um arco-íris e se encontrava a doze graus de altura.
“Manteve seu esplendor original durante cerca de cinco minutos, de­
pois empalideceu rapidamente e permaneceu novamente quase esta­
cionário, até desaparecer definitivamente cerca de oito minutos
depois que eu o vi pela primeira vez."
Numa existência intermediária, nós quase-pessoas não temos
nada com que julgar, porque cada coisa é ao mesmo tempo seu opos­
to. Se cem dólares por semana representa um padrão de vida luxuoso
para algumas pessoas, para outras significa a pobreza. Temos o exem­
plo de três objetos vistos no céu no espaço de três meses e estas ocor­
rências concomitantes parecem-me um padrão através do qual julgar.
A ciência foi edificada sobre concomitâncias: bem como a maior parte
dos erros e dos fanatismos. Sinto o positivismo de um Leverrier, ou
pelo menos me sinto instintivamente atraído pela idéia de que todas as
três observações referiram-se ao mesmo objeto. Contudo não me lanço
a fazer cálculos a predizer a próxima passagem. Eis aqui uma nova oca­
sião para tornar-se uma estrela fixa... mas, por hábito,... bem-
Um ponto na Intermediaridade:
Que o intermediarista seja um ser flácido, provavelmente - que
foge dos compromissos.
Nosso propósito.
O nosso estado é um estado em parte positivo e em parte nega­
tivo, ou melhor, um estado em que nada é definitivamente positivo
ou negativo ...
Mas se o positivismo vos atrai, procedei assim e vereis: estareis
em harmonia com o esforço cósmico, mas a Continuidade se vos
oporá. Apenas ter um aspecto na quasicidade significa ser proporcio­
nalmente positivo, mas além de um certo grau de tentativa positivis­
ta, a Continuidade surgirá para rechaçar-vos. O sucesso - como é
chamado - ainda que na Intermediaridade haja apenas falência -
sucesso - será vosso, na Intermediaridade, proporcionalmente ao mo­
do com que estareis em acordo com seu estado, ou com o positivis­
mo misturado ao compromisso e à retirada. Ser muito positivo signifi­
ca ser um Napoleão Bonaparte contra o qual, cedo ou tarde, se coali-
*
zará o resto da civilização. Para a obtenção de dadòs interessantes
vede os jornais com as notícias acerca do destino de um tal de Dowie
de Chicago.
A Intermediaridade, então, é o reconhecimento de nosso estado,
que o nosso, estado é apenas um qüase-estado; não é um obstáculo
para aquele que deseja ser positivo, é o reconhecimento de que não
pode ser positivo e permanecer num que é positivo-negativo. Ou
seja, significa que um grande positivista, isolado, sem um sistema que
o sustenha, será crucificado ou morrerá de fome, ou será lançado á

252
prisão e condenado á morte ... porque esses são os requisitos necessá­
rios antes do translado para o Absoluto Positivo.
Então, ainda que eu seja positivo-negativo, sinto atração pelo
pólo positivo do nosso estado intermediário e tento correlacionar
esses três dados, para vê-lo dum modo homogêneo, para pensar que
se referem a um único objeto.
Nos jornais aeronáuticos e no Times de Londres não há nenhu­
ma menção a balões que tenham rompido suas amarras no verão ou
no outono de 1 898. No New York Times não se fala de viagens
em balões no Canadá ou nos Estados Unidos no verão de 1898:
Times de Londres, 29 de setembro de 1 885:
Recorte do Royal Gazette, de Bermudas, datado de 8 de setem­
bro de 1 885, enviado ao Times pelo general Lefroy:
A 27 de agosto de 1 885, pelas 8,30 da manhã, a sra. Adelina
D. Bassett viu “um estranho objeto entre as nuvens proveniente do
norte”. A mulher chamou a atenção da sra. L. Lowell para o objeto
e ambas permaneceram alarmadas. Entretanto continuaram a obser­
var o objeto durante um certo tempo. Este se aproximou. Era trian­
gular e tinha as dimensões aproximadas da vela mestra de nau piloto,
com o cordame preso ao fundo. Enquanto sobre a terra firme, dava
a impressão de querer descer, mas quando chegou sobre o mar come­
çou a subir, subir, até que sumiu de vista entre as nuvens.
Tendo em vista a tendência a subir, não me sinto muito conven­
cido pela idéia de que se tratasse de um balão que tivesse escapado
do atracadouro e parcialmente esvaziado. Apesar disso, o general
Lefroy, correlacionando-se com o Exclusionismo procura dar uma
explicação terrestre para a ocorrência. Sustenta que aquilo poderia
ser um balão que tivesse escapado do atracadouro na França ou na
Inglaterra ... ou ainda o único objeto aéreo de origem terrestre,
que ainda hoje, depois de trinta e cinco anos, acredita-se ter atravessa­
do o Atlântico. Explica a forma triangular pelo esvaziamento... "um
saco informe, apenas em condições de flutuar no ar”. Acho que este
esvaziamento não está em acordo com as nossas observações acerca
de sua velocidade de ascensão.
No Times de l.° de outubro de 1 885, Charles Harding, da
Royal Meteorological Society, diz que se tratava de um balão prove­
niente da Europa que teria sido avistado e referido por muitos navios.
Fosse um valente inglês como o general ou não, mostra lembrar-se
dos Estados Unidos ... admitindo que aquela coisa podia ser também
um balão semivazio que teria fugido do atracadouro nos Estados
Unidos.
O general Lefroy escreve em Nature a respeito (Nature, 33-99)
dizendo que - qualquer que tenha sido sua sensibilidade — as colunas
do Times não eram “realmente adequadas” para discussões do gênero.

253
Se no passado tivessem existido mais pessoas como o general Lefroy
disporíamos de mais coisas que simples fragmentos de dados que na
maioria dos casos são muito esmiuçados para estudar. Ele deu-se ao
trabalho de escrever a um seu amigo, W. H. Gosling das Bermudas,
que era também uma pessoa extraordinária. Este, por sua vez, inco­
modou-se o suficiente para entrevistar a sra. Basset e a sra. Lowell.
As descrições feitas foram diferentes:
Um objeto donde pendiam redes ...
Um balão murcho donde pendiam redes ...
Uma super-xávega?
Um objeto que pescava com redes de arrasto acima de nós?
Os pássaros de Baton Rouge.
Gosling escreve que a idéia do cordame e do cesto originou-se
com a senhora Basset que não vira tais coisas. Gosling mencionou um
balão que havia escapado de Paris em julho. E fala de um balão que
caíra a 17 de setembro em Chicago, isto é, três semanas depois do
objeto ter sido visto nas Bermudas.
Trata-se de uma incredulidade contra outra, com as exclusões
e as convenções normativas de uma das duas Dominantes que pre-
pondera na mente de cada leitor. É claro que esse não pode pensar
por sua conta mais do que eu o possa fazer.
Infiro
Acredito que somos pescados. Pode ser que em algum lugar
existam super-epicuristas que se tenham em grande conta. Torna-
me mais alegre saber que ainda podemos ser de alguma utilidade.
Creio que muitas vezes tenham sido baixadas redes que foram substi­
tuídas por turbilhões de ar e trombas marinhas. Algumas notícias
de aparentes estruturas nos turbilhões de ar e nas trombas marinhas
são realmente assustadoras. E tenho dados que não posso examinar
neste livro ... os desaparecimentos misteriosos. Creio que estives­
sem pescando. Mas esta é uma pequena observação colateral, refere-se
aos intrusos, não é empregado o argumento que vez por outra retoma­
rei ... isto é, o uso que faz de nós qualquer outro aspecto da existên­
cia que tem direitos legais sobre nós.
Balões:
Afatare, 33-137:
“Nosso correspondente de Paris escreve que relativamente ao
balão que se diz tenha sido avistado nas Bermudas, em setembro,
nenhuma ascensão que possa explicá-lo ocorreu na França.”
Fim de agosto, não setembro. No Times de Londres não há
nenhuma notícia acerca de ascensões de balões na Grã-Bretanha, no
verão de 1 885, mas menciona duas ascensões na França. Ambos

254
balões haviam escapado. Em Aéronaute, agosto de 1 885, afirma-se
que estes balões foram soltos no ar durante a festa de 14 de julho ...
44 dias antes das observações nas Bermudas. Os aeronautas eram Go-
wer e Eloy. O balão de Gower foi encontrado flutuando no oceano,
mas o balão de Eloy não foi encontrado. A 17 de julho fora avistado
por um capitão de mar: estava ainda no ar e cheio.
Mas este balão de Eloy, era um balão pequeno de feira, adequa­
do para pequenas ascensões durante as festividades. Em La Nature,
1 885-2-131, afirma-se que era um balão muito pequeno, sem condi­
ções de ficar muito tempo no ar.
Relativamente a ascensões verificadas nesse período nos Estados
Unidos encontrei apenas uma notícia: ascensão em Connecticut, a
29 de julho de 1 885. No momento de lançar este balão, os aeronautas
haviam tirado o “cordão de ascensão”, “virando-o do avesso”. (New
York Times, 10 de agosto de 1 885).
Para o Intermediarista a acusação de “antropomorfismo” é
sem sentido. Não há nisso nada que seja único ou absolutamente dife­
rente. Seremos materialistas se exprimirmos o material em termos do
imaterial não fosse tão racional quanto exprimir o material em termos
do imaterial. Unicidade da totalidade na quasicidade. Empenhar-me-
ei em escrever a fórmula de qualquer romance em termos psico-
químicos, ou em traçar seu gráfico em termos psico-mecânicos; ou
a escrever em termos românticos as circunstâncias e a seqüência
de qualquer reação química, elétrica ou magnética; ou exprimir qual­
quer evento histórico em termos algébricos ... ou ver Boole ou Jevons
para situações econômicas expressas algebricamente.
Penso nas Dominantes como penso nas pessoas - não quero
pensar que sejam pessoas reais, nem tampouco dizer que sejamos nós
as pessoas reais...
Ou a Velha Dominante, super-zelosa, e a supressão de sua parte
de todas aquelas coisas e pensamentos que punham em perigo a sua
supremacia. Lendo as discussões sobre documentos científicos das
diversas agremiações, freqüentemente notei como, quando se aproxi­
mam de teses proibidas ou irreconciliáveis, as discussões sempre foram
desviadas - como se propositalmente - a mando de qualquer entidade
diretiva. Naturalmente me refiro só ao Espírito de todo Progresso.
Assim, em quase todos os embriões, as células que tendem a se diversi­
ficar dos aspectos de sua era, são constrangidas a diversificarem-se.
Em Nature, 90-169, Charles Tilden Smith escreve que em
Chisbury, em Wilshire, na Inglaterra, a 8 de abril de 1912 viu qualquer
coisa no céu ...
.. diferente de tudo que se podería ter visto precedentemente”.
“Se bem que estude os céus há muitos anos nada vi de semelhan­
te.”

255
Ele viu duas manchas escuras estacionárias sobre as nuvens.
A parte extraordinária.
Eram estacionárias sobre nuvens que se deslocavam rapidamen­
te.
Em forma de catavento, ou triangulares, e variavam de dimensões
mantendo a mesma posição sobre nuvens diversas enquanto sobrepu­
nham-se umas às outras. Smith observou essas manchas escuras por
mais de meia hora.
A sua impressão quanto à que apareceu primeiro:
Que “na verdade se tratava de uma densa sombra projetada
sobre um sutil véu de nuvens por um objeto invisível distante ao oeste,
que interceptava os raios do Sol”.
Na página 244 deste volume de Nature há uma carta de um
outro correspondente quanto ao fato de que, sombras semelhantes
são projetadas sobre as nuvens das montanhas, e que sem dúvida o
sr. Smith tinha razão quando atribuiu o fenômeno a “algum objeto
invisível que interceptava os raios do Sol”. Mas a Velha Dominante era
uma Dominante ciumenta e eis toda a cólera da Velha Dominante
contra um dado tão irreconciliável como os grandes objetos opacos
no céu que projetam sombras sobre as nuvens. Se bem que as Domi­
nantes são freqüentemente suaves, isto é, não são absolutistas e o
modo pelo qual a atenção foi desviada deste assunto representa um
interessante estudo do engano quase-divino. Na página 268 o meteo-
rólogo Charles J. P. Cave escreve que a 5 e 8 de abril em Ditcham
Park, Petersfield, observou espetáculo semelhante enquanto observava
alguns balões de prova ... Mas descreve algo que não se parece a uma
sombra sobre as nuvens, mas uma nuvem estacionária ... parece infe­
rir que as sombras de Chisbury podem ter sido apenas sombras de
balões de prova. Na pág. 322, um outro correspondente escreve acerca
de sombras projetadas por montanhas, na pág. 348 alguém leva adian­
te a polêmica, discutindo esta terceira carta: depois, alguém examina
a terceira carta do ponto de vista matemático; e eis que aí está a
correção de um erro nesta demonstração matemática ... creio que
seja aquilo que penso que é.
Mas aqui o mistério é :
Que as duas manchas escuras de Chisbury não poderiam ter sido
projetadas por balões de prova estacionários que se encontravam a
Oeste, ou que se encontravam entre as nuvens e o Sol nascente. Se
um objeto estacionário se encontrava no alto, a oeste de Chisbury,
interceptando os raios do Sol, a sombra do objeto estacionário não
parecería ser estacionária, mas sim subindo segundo a ascensão do
Sol.
Deve pensar em algo que não concorda com algum outro dado:

256
Um corpo luminoso no céu que não o Sol, devido a qualquer
princípio desconhecido, ou condição atmosférica tem a sua luz que
se estende a partir de baixo até as nuvens, apenas, donde tenderíam
dois objetos triangulares, como o que tinha sido visto nas Bermudas,
e é a sua luz que não chega até a Terra que se deve a sombra, pela
intercepção dos dois objetos, objetos que foram elevados e abaixados
pelo alto, e então, devido àquela luz, as suas sombras mudam de
dimensões.
Se a minha caminhada às apalpadelas não encontra uma presa,
e se em meia hora um balão estacionário projetará uma sombra esta­
cionária ao solo, deveremos pensar em dois objetos triangulares que
mantiveram cuidadosamente as suas posições numa linha entre o
Sol e as nuvens e que ao mesmo tempo, aproximaram-se e afastaram-
se da nuvens. Seja lá do que se trate, foi o suficiente para levar o devo­
to a fazer o sinal da cruz ou seja lá o que for que façam os devotos
da Velha Dominante na presença de um novo dado.
Acreditamos que estas duas sombras de Chisbury parecessem
a partir da Lua, coisas enormes, negras como corvos, empoleiradas
sobre a Terra. Acreditamos que duas luminosidades triangulares, e
portanto, duas manchas triangulares, semelhantes a enormes coisas
negras, empoleiradas como corvos sobre a Lua e semelhantes às coisas
triangulares de Chisbury foram vistas sobre ou acima da Lua.
Outras aparições.
Scientific American, 46-49:
Duas aparições luminosas triangulares referidas por diversos
observadores de Lebanon, Connecticut, a 3 de junho de 1 882, na
extremidade superior da Lua. Sumiram e 3 minutos depois aparece­
ram na extremidade inferior duas manchas escuras triangulares, que
pareciam incisões. Aproximaram-se uma da outra, encontraram-se
e instantaneamente desapareceram.
Temos aqui como ponto de fusão, o fato de que foram vistas
de quando em quando, incisões no bordo da Lua, que acreditaram ser
secções oblíquas de crateras (Monthly Notices, RAS 37-432) mas
essas aparições de 3 de julho de 1 882 eram enormes, sobre a Lua e ...
“pareciam cortar ou anular quase um quarto- de sua superfície”.
Monthly Weather Review, 41-599.
Descrição de uma sombra no céu, de qualquer corpo invisível,
a 8 de abril de 1 913, em Fort Worth, Texas. Supõe-se que tenha sido
projetada por uma nuvem invisível. Esta sombra deslocava-se com o
declinar do Sol.
Rept. Brit. Assoe. 1 854-410:
Notícia de dois observadores relativamente a um pequeno obje­
to mas claramente triangular, visível no céu em trés noites. Foi obser­

257
vado por duas estações não muito distantes entre si, mas a paralaxe
foi considerável. Seja lá o que for, estava, sem mais, relativamente
próximo da Terra.
Direi que relativamente aos fenômenos luminosos nos encon­
tramos numa grande confusão relativamente a algumas discórdias
que delapidam a ortodoxia relativamente a isto. Geralmente, em senti­
do intermediário, consideramos que:
A luz não é realmente e necessariamente luz - tanto mais que
uma coisa não é alguma coisa realmente e necessariamente, alguma
coisa - mas apenas uma interpretação de um tipo de energia, como
creio dever chamá-la. Ao nível do mar, a atmosfera terrestre interpre­
ta a luz do Sol como sendo Vermelha, laranja, ou amarela. Nos cimos
das montanhas, o Sol é azul. Nas montanhas mais altas, o zênite é
negro. A ortodoxia admite que no espaço interplanetário, onde não
existe ar, não há luz. Então o Sol e os cometas são negros, mas a
atmosfera da Terra, ou melhor, as suas partículas de pó, interpretam
radiações destes objetos negros como luz.
Alcemos o olhar para a Lua.
A Lua negra tem um palor tão argênteo.
Tenho cerca de 50 apuntes acerca da existência de uma atmos-J
fera lunar; apesar disso a maioria dos astrônomos sustenta que a Lua
não tem atmosfera. Devem fazé-lo: de outro modo a teoria dos eclip­
ses não funcionaria. Por isso, discutindo em termos convencionais,
a Lua é negra. É estupefaciente ... exploradores na Lua que tateiam
cambaleando nas trevas intensas ... nós com telescópios bastante po­
tentes podemos vê-los cambalear e tatear numa luz cegante.
Ou ainda, devido á familiaridade, torna-se óbvio como o velho
sistema deve ter parecido absurdo frente ao sistema precedente.
No conjunto então, é concebível que existam fenômenos de
energia que são interpretáveis como luz cá embaixo das nuvens, mas
não nos mais altos estratos de ar, onde existem interpretações que
são o oposto das interpretações familiares a nós.
Tenho agora alguns apontamentos sobre uma ocorrência que dá
a idéia de uma energia não interpretada como luz pelo ar, mas inter­
pretada ou refletida, como luz pelo solo. Penso em algo que tenha
permanecido suspenso por uma semana sobre Londres; emanação
que não foi interpretada como luz até que chegasse ao solo.
Lancet, l.° de junho de 1 867:
Toda noite, por uma semana, apareceu uma luz em Wobum
Squadre, em Londres, sobre a grama de um pequeno parque, cercado
por uma sebe. Todas as vezes havia grande aglomeração e foi reque­
rida a intervenção da polícia “para, especialmente, manter a ordem e
fazer com que as pessoas circulassem”. O diretor do Lancet esteve

258
no local e disse nada ter visto além de uma mancha luminosa que caía
sobre uma árvore no ângulo nordeste da sebe. Parece-me um fato bas­
tante interessante.
Neste diretor encontramos um digno companheiro para o
senhor Symons e para o Dr. Gray. Sugere que a luz podería vir de uma
lâmpada de rua - não disse que chegou por si mesmo àquela origem,
mas recomenda que a polícia faça indagações a respeito das lâmpadas
de rua do quarteirão.
Eu não diría que uma luz comum como a proveniente de uma
lâmpada de rua não possa atrair, excitar e enganar um número muito
grande de pessoas durante uma semana ... mas aceito a idéia de que
qualquer policial em serviço chamado para um trabalho extraordiná­
rio não teria tido a necessidade do conselho de ninguém para estabe­
lecer desde o começo um ponto deste gênero.
E aceito que algo tenha permanecido suspenso no céu durante
uma semana sobre uma praça de Londres.

259
XXI
RODAS LUMINOSAS

Knowledge, 28 de dezembro de 1 883:


“No momento em que vi aparecerem tantos fenômenos meteo­
rológicos em vossa excelente revista Knowledge, tenho tentado encon­
trar uma explicação para o seguinte fenômeno que verifiquei a bordo
do vapor Patha, da British índia Company, enquanto atravessava o
Golfo Pérsico. Numa noite escura de maio de 1 880, por volta das
11,30 da noite apareceu repentinamente de cada lado do navio uma
enorme roda luminosa girando, cujos raios pareciam roçar as amura­
das. Os raios deveriam medir 200 ou 300 jardas (180 ou 270 metros)
e se assemelhavam a chicotes de bétula que são empregadas nos
colégios femininos. Cada roda comportava dezesseis raios aproxima­
damente e ainda que as rodas devessem ter um diâmetro de 500 ou
600 jardas (450 ou 540 m), os raios eram visíveis em todas as direções.
O fulgor fosforescente assemelhava flutuar na superfície marinha,
nenhuma luz era vista no ar acima d'água. O aspecto dos raios poderia
ser quase exatamente representado por alguém em pé sobre uma barca
e fazendo girar ao redor uma lanterna com um movimento horizontal
sobre a superfície das ondas. Posso recordar, por outro lado, que esse
fenômeno foi observado pelo capitão A vem do Patna e pelo senhor
Manning, terceiro oficial.
Lee Fore Brace.
P. S. - As rodas seguiram o navio ao longo de sua rota por cerca
de vinte minutos. LBF.”
. Knowledge, 11 de janeiro de 1 884:
Carta de “A. Mc. D.”:
“Aquele ‘Lee Fore Brace’, ‘que faz aparecerem tantos fenôme­
nos meteorológicos em vossa excelente revista’, deveria ter assinado ‘O
Moderno Ezequiel’, porque a sua visão de rodas é tão fantástica quan­
to a daquele profeta”. — O autor da carta considera então as medidas
fornecidas e calcula a velocidade sobre a circunferência da rota (cír­
culo máximo) em cerca de 166 jardas por segundo (quase 149 metros

260
por segundo), velocidade que considera evidentemente incrível.
Continuando: “Dado o pseudônimo que usa poder-se-ia deduzir
que o vosso correspondente tem o hábito de ‘navegar sem rumo’.
Pede depois permissão para sugerir sua própria explicação. Isto é
que antes das onze e meia da noite haviam ocorrido numerosas avarias
no cordame do mastro principal, e que foram dados tantos nós, que
qualquer raio de luz teria assumido movimento rotatório ...
Em Knowledge, 25 de janeiro de 1 884, o sr. “Brace”, responde
e assina “K. W. Robertson”:
“Não creio que A. Mc. D. o faça com maldade, mas creio que
seja pelo menos injusto afirmar que um homem está embriagado só
porque vê alguma coisa fora do normal. Se há algo de que me jacto
é o poder dizer que em toda minha.vida, nunca concedi a mim mesmo
beber nada mais forte que a água.” Depois deste curioso motivo de
orgulho, ele continua dizendo que não quis ser preciso, mas apenas dar
suas impressões acerca das dimensões e velocidade. E conclui com
amabilidade: “Não há ofensa, onde não creio que tenha havido malí­
cia”.
A esta carta, o sr. Proctor acrescenta uma pequena nota, descul­
pando-se pela publicação da carta de A. Mc. D., ocorrida por erro.
Mas depois, o próprio sr. Proctor escreve uma outra carta desagradá­
vel, sobre uma outra pessoa ... de resto, o que se podería esperar que
acontecesse na quase-existência?
A explicação óbvia deste fenômeno é que, sobre a superfície
do mar do Golfo Pérsico, existia uma enorme roda luminosa e que a
luz proveniente de seus raios submersos é que foi vista pelo sr. Robert­
son como oriunda do alto. Parece-me claro que esta luz era projetada
por um foco submarino. Mas à primeira vista, não é muito claro como
enormes rodas luminosas, cada uma das dimensões de um país, se te­
nham encontrado sob a superfície do Golfo Pérsico; e também pode ha­
ver alguma perplexidade quanto ao que estariam fazendo lá embaixo.
Um peixe das profundezas e sua adaptação a um meio denso ...
Ou seja, que ao menos em algumas regiões aéreas há um meio
denso até ser gelatinoso ...
Um peixe das profundezas trazido à superfície do oceano:
num meio relativamente tênue, se desintegra ...
Superconstruções adaptadas a um meio denso no espaço inter­
planetário ... por vezes, submetidas a esforços de diversas naturezas,
é impelida à tênue atmosfera terrestre ...
Mais tarde teremos dados para defender isto: que as coisas que
entram pela atmosfera terrestre se desintegram e resplendem com
uma luz que não é a luz da incandescência, resplendem com uma luz
brilhante, ainda que fria ...

261
Enormes superestruturas com forma de roda ... entram na
atmosfera terrestre e ameaçadas pela desintegração, mergulham, como
último recurso, no oceano, ou seja, num meio mais denso.
Naturalmente, os requisitos que temos na nossa frente, agora,
são:
Não apenas dados, de enormes superestruturas que tenham ali­
viado os seus tormentos no oceano, mas dados de rodas enormes que
tenham sido vistas no ar ou quando entravam no oceano, ou saíam do
oceano e continuavam as suas viagens.
Muito genericamente, ocupar-nos-emos dos enormes objetos
flamejantes que ou mergulharam no oceano ou surgiram dele. Nossa
opinião é que se a desintegração pode intensificar-se na incandes-
cência, além da desintegração e sua provável incandescência, as coisas
que entram na atmosfera terrestre tém uma luz fria que, ao contrário
da luz proveniente da matéria fundida não seria apagada instantanea­
mente pela água. Parece-me também aceitável que uma roda girante, à
distância tenha o aspecto dum globo e que uma roda girante, vista
relativamente de perto, assemelhe-se sob alguns aspectos a uma roda.
Pontos comuns entre os raios esféricos e os meteoritos não repre­
sentam dificuldade para nós: nossos dados referem-se a corpos enor­
mes...
Então daremos uma explicação... e que importa?
Nosso comportamento em todo este livro:
São dados extraordinários que não seriam jamais exumados e
reunidos a menos que...
Eis os dados:
O primeiro concerne a algo que foi visto certa feita penetrar o
oceano. Informação proveniente de uma publicação, puritana Science
que ofereceu pouco material e que como a maior parte dos puritanos
não se dá muito a chinfrinadas. Como quer que tenha sido, tive a
impressão de enormidade e de u’a massa muitas vezes maior do que
aquela de todos os meteoros de todos os museus juntos: e de relativa
lentidão, ou seja, como longo aviso prévio antes de sua aproximação.
O artigo em Science 5-242 é fundamentado num informe enviado ao
Escritório Hidrográfico em Washington da filial de São Francisco:
À meia noite de 24 de fevereiro de 1885, a 37° de latitude nor­
te 170° de longitude leste, isto é, um ponto impreciso entre Yoko-
hama e Victoria, o capitão do bergantim Innerwich foi despertado
pelo seu imediato que havia visto algo insólido no céu. Isto deve ter
tomado algum tempo. O capitão saiu à ponte e viu o céu inflamado de
vermelho. “De súbito, uma enorme massa de fogo surgiu sobre o
bergantim ofuscando completamente os espectadores.” A massa flame­
jante caiu no mar. As suas dimensões podem ser avaliadas pelo volume
de água que ergueu ao ar e que se disse ter se dirigido contra a nau

262
com rumor definido como “ensurdecedor”. O bergantin foi atingido
em cheio e sobre ela “passou um mar de espuma ululando”. “O mes­
tre, um velho e provecto marinheiro, declarou que aquele terrível es­
petáculo estava além de qualquer descrição.”
Em Nature, 37-187, e L Astronomie, 1887-76, é dito que um
objeto descrito como “enorme bola de fogo” foi visto surgir do mar
perto do cabo Race. Foi dito que se elevou a 50 pés (cerca de 17 m)
de altura, e depois se aproximou da nau para depois girar e afastar-se
permanecendo visível por 5 minutos. A suposição de Nature é que se
tratava de um “raio esférico”, mas Flammarion em Thunder and ligh-
tining, pág. 68, diz que era enorme. No Meteorological Joumal ameri­
cano, 6-443, há pormenores quanto a um vapor inglês, o Siberian, que
a 12 de novembro de 1887 avistou um objeto que se movia “contra o
vento” antes de desaparecer. O capitão Moore afirmou já ter assistido
antes àqueles fenômenos perto do mesmo local.
Report of the British Association, 1886-30:
A 18 de junho de 1845 segundo Malta Times, foram vistos sair
do mar três corpos luminosos a cerca de meia milha (800 m) do ber-
gantim Victoria, que se encontrava a cerca de 900 milhas (mais de
1400 km) de Adalia, na Ásia Menor (369 40’ 56”, latitude norte e
139 44’ 36” longitude leste). Permaneceram visíveis durante cerca de
dez minutos.
Sobre este acontecimento não mais se fizeram indagações, mas
ajuntaram-se-lhe outros relatos, como de comum acordo que pareciam
mais serem outras observações sobre o mesmo espetáculo sensacional,
e que foram publicados pelo prof. Baden-Powell. Uma é ujna carta de
um correspondente de Mount Lebanon. Este descreve apenas dois cor­
pos luminosos. Suas dimensões pareciam ser cinco vezes a da Lua: cada
um deles era dotado de apêndices, ou eram unidos a partes que são
descritas semelhantes a “velas ou bandeirolas”, e pareciam “grandes
bandeiras agitadas por vento ligeiro”. O ponto importante hão é só a
estrutura mas a duração. A duração dos meteoros é de alguns segun­
dos: uma duração de quinze segundos já é notável, mas creio haver
casos em que se chegou a meio minuto. Este objeto, se é que era único,
foi visível de Mount Lebanon durante cerca de uma hora. Circuns­
tância interessante é que os apêndices não pareciam com o rastro de
um meteoro que brilha com luz própria “mas pareciam resplender com
a luz emitida pelo corpo principal”.
A cerca de 900 milhas (1400 km) a oeste da posição do Victoria
estava a cidade de Adalia na Ásia Menor. Pela hora da observação refe­
rida pelo capitão do Victoria estava em Adalia o Rev. F. Hawlett, Fel-
low of the Royal Astronomical Society, também ele observou esse
espetáculo e enviou um relatório ao prof. Baden-Powell. Segundo seu
ponto de vista tratava-se de um corpo que apareceu e depois desapa­
receu. Calcula sua duração entre 20 minutos e meia hora.

263
No Report of the British Association, 1860-82, o fenômeno foi
assinalado na Síria e em Malta como composto por dois grandes
corpos “quase unidos”.
Rept. Brit. Assoe. 1860-77:
Em Cherbourg na França, a 12 de janeiro de 1836, foi avistado
um corpo luminoso cujas dimensões aparentes eram de dois terços da
Lua. Parecia girar em torno de um eixo. Em seu centro parecia haver
uma cavidade obscura.
Para outros relatos, todos indefinidos, mas transformáveis em
dados de objetos celestes, em forma de roda, ver Nature, 22-617; ou
Times de Londres de 15 de outubro de 1858; Nature, 21-255; Mon­
thly Weather Review, 1883-264.
LAstronomie, 1894-157:
Na manhã de 20 de dezembro de 1893, muitas pessoas obser­
varam uma visão no céu da Virgínia, da Carolina do Norte e da Caro-
lina do Sul. Um corpo luminoso passou por sobre a sua cabeça de oeste
para leste, até que a cerca de 15 graus do horizonte oriental pareceu
permanecer imóvel por quinze ou vinte minutos. Segundo algumas
descrições tinha as dimensões de u’a mesa. A alguns observadores pare­
ceu uma enorme roda. A luz era de um branco brilhante. Não se tra­
tava de uma ilusão de óptica, é claro... de fato, ouviu-se o ruído de sua.
passagem no ar. Depois de ter permanecido estacionário, ou pelo me­
nos aparentando imobilidade, por quinze ou vinte minutos, desapa­
receu, ou explodiu. Não se ouviu entretanto o ruído de nenhuma
explosão.
Enormes construções em forma de roda.
Estas são particularmente adequadas para rolar através de um
meio gelatinoso de um planeta para outro. As vezes, por um erro de
cálculo, ou devido a tensões de vários gêneros entram na atmosfera
terrestre, correm o risco de explodir e devem imergir no mar. Perma­
necem um pouco no mar, girando com relativa tranquilidade, até que
se recompõem e então emergem por vezes nas proximidades de navios.
Os marinheiros contam aquilo que vêem: seus relatos são ensaibrados
nos obitórios da ciência. Digo que geralmente a rota destas estruturas
localizam-se por latitudes que não se afastam muito daquelas do Golfo
Pérsico.
Journal of the Royal Meteorological Society, 28-29:
A 4 de abril de 1901, por volta de 8,30, no Golfo Pérsico, o
Capitão Hoseason, do vapor Kilwa, segundo memória lida diante da
Associação do Capitão Hoseason, estava navegando num mar em que
não havia nenhuma fosforescência... “não havia nenhuma fosfores-
cência na água”.
Creio que devo repeti-lo:

264
“... não havia nenhuma fosforescência na água.”
Repentinamente apareceram enormes feixes de luz... que o capi­
tão chama “onda de luz”. Da superfície do mar, um feixe para o
alto. Mas era apenas uma luz fraca e num período de quinze minutos
se extinguiu: depois de ter aparecido repentinamente, apagou-se gra­
dualmente. Os feixes giravam a uma velocidade de cerca de 60 milhas
por hora (96 km/h).
As medusas fosforescentes se correlacionam com a Velha Domi­
nante; em uma das mais heróicas composições de exclusões da nossa
experiência, durante a discussão da relação do capitão Hoseason, con-
vencionou-se que o fenômeno era provavelmente devido às pulsações
de longas filas de medusas.
Nature, 21-410:
Reprodução de uma carta de R. E. Harris, comandante do vapor
Shahjehan da A.H.N.Co. enviada ao jornal Englishman de Calcutta,
21 de junho de 1880:
A 5 de junho de 1880, ao longo da costa de Malabar, às dez da
noite, enquanto o mar estava tranqüilo e o céu límpido, tinha avistado
algo de estranho a tudo que tinha visto até então em seu navio e tinha
visto algo que descreve como ondas de luz brilhante com espaço vazio
no interior. Sobre a água flutuavam manchas de uma substância que
não fora identificada. Pensando em termos de explicação convencional
de toda a fosforescência marinha, o capitão inicialmente sentiu dúvi­
das relativamente àquela substância. Entretanto, segundo ele, não for­
necia nenhuma iluminação, mas, como o resto do mar, estava sendo
iluminada por tremendos feixes de luz. Fosse a descarga densa e
oleosa de um motor de uma estrutura submersa ou não, creio que
deverei aceitar a concomitância entre uma coisa e outra, luz e subs­
tância, devido a outro apunte. “Enquanto uma onda sucedia a outra,
assistiu-se a um dos mais grandiosos e brilhantes, e solenes, espetá­
culos que jamais se podería imaginar.”
Jour. Roy. Met. Soe., 32-380:
Estrato de uma carta do Sr. Douglas Carnegie, de Blackheath,
na Inglaterra. Data imprecisa, no ano de 1906...
“Durante esta última viagem, assistimos a um estranho e extra­
ordinário espetáculo elétrico.” No Golfo de Oman, viu um banco de
fosforescência claramente imóvel; mas a cerca de 20 jardas (18 m)
“raios de luz brilhante começaram a varrer a proa do navio a uma
velocidade situada entre 60 e 20 milhas por hora. Estas placas de luz
distavam cerca de 20 pés (7 m) uma da outra e eram absolutamente
regulares”. Quanto á fosforescência... “recolheu um pouco d’água e
examinou-a com o microscópio, mas não conseguiu distinguir nada de
anormal". Os raios de luz provinham de alguma coisa submarina...
“Inicialmente percorreram os flancos no navio e observou-se que a
265
passagem do navio não perturbava os feixes de luz, destacaram-se do
flanco oposto do navio, como se tivessem atravessado o barco.”
O Golfo de Oman encontra-se na embocadura do Golfo Pérsico.
Jour. Roy. Met. Soc., 33-294:
Extrato de uma carta do Sr. S.C. Patterson, segundo oficial do
vapor Delta da P & O; uma cena que o Journal continua definindo
como fosforescente:
Estreito de Malacca, duas horas da manhã, 14 de março de
1907:
”...raios que pareciam mover-se em tomo de um centro - como
js raios de uma roda - e que pareciam ter 300 m de comprimento”.
O fenômeno durou meia hora, durante o qual o navio percorrera seis
ou sete milhas (9,6 a 11,2 quilômetros). De repente, parou.
L’Astronomie, 1891-312:
Um correspondente que em outubro de 1891, no Mar da China
tinha visto feixes ou lâminas luminosos que tinham o aspecto de raios
de um refletor e que se moviam como tais.
Nature, 20-291:
Relatório ao Almirantado pelo capitão Evans, Hidrógrado da
Marinha Britânica:
O comandante J.E.Pringle, daH. M. S. Vulture, afirmou que em
15 de maio de 1879, a 269 26’ de latitude norte e 539 11’ de longi­
tude vsul, no Golfo Pérsico, tinha observado ondas luminosas ou pulsa­
ções na água que se moviam em grande velocidade. Desta feita temos
um dàdo preciso acerca de sua origem submarina. Afirma-se que estas
ondas luminosas passaram sob o Vulture. “Olhando para o leste, obser­
vava-se uma espécie de roda girante com o centro naquela posição e
cujos raios estavam iluminados; olhando para o oeste aparecia outra
roda em rotação, mas em sentido oposto.” E finalmente quanto àimer­
são... estas ondas de luz estendiam-se pela superfície a partir de debai­
xo d’água. A opinião do comandante Pringle é que os raios consti­
tuíam uma única roda e a duplicação se devesse a apenas uma ilusão.
Acredita que os raios tivessem cerca de 25 pés (8 m) de amplitude e o
espaço vazio cerca de 100 (33 m). Velocidade - cerca de 84 milhas
horárias (135 km/h) Duração: cerca de 35 minutos^ A hora: 9,40 da
noite. Antes e depois desta ocorrência o navio havia passado por man­
chas de substância flutuante descrita como “ovas oleosas de peixe”.
Na página 428 de Nature, E.L. Moss diz que em abril de 1875,
enquanto se encontrava a bordo de H.M.S. Bulldog, algumas milhas ao
norte de Vera Cruz, tinha visto uma série de rápidas linhas luminosas.
Tinha apanhado um pouco de água e tinha descoberto, nela, animais
microscópicos, que entretanto, não explicariam o fenômeno da forma­
ção geométrica e da alta velocidade. Se se refere a Vera Cruz, no Méxi­
co, este é o único caso que temos distante das águas orientais.
266
Scientific American; 106-51.
No National Meteorological Annual, publicado pelo Instituto
Meteorológico Dinamarquês, há uma relação acerca de um "fenômeno
singular” que foi observado pelo capitão Gabe do vapor Bintang da
Danish East Asiatic Co. Às 3 da manhã de 10 de junho de 1909, en­
quanto atravessava o Estreito de Malacca, o capitão Gabe viu uma
enorme roda de luz girante apoiada na água... "longos braços se espa­
lhavam a partir de um centro em tomo do qual parecia girar todo o
sistema”. Tão enorme era a visão que só era possível ver metade dela
por vez, Uma vez que o centro se encontrava nas proximidades do
horizonte. Este espetáculo durou quase um quarto de hora. Não fo­
mos claros até aqui no importante ponto que os movimentos à frente
desta roda não eram conformes, isto é, síncronos, com os movimentos
do navio e os monstros da exclusão, ou melhor, os lugares comuns da
exclusão, poderiam tentar assimilá-lo com as luzes de um navio. Desta
vez afirmaram que a enorme roda movia-se para a frente diminuindo
de luminosidade e, por outro lado, de velocidade de rotação, parando
finalmente quando o centro estava localizado frente à nave... eu expli­
caria isto dizendo que a fonte da luz tinha começado a imergir sempre
mais e a diminuir a velocidade porque a resistência aumentava sempre.
O Instituto Meteorológico Dinamarquês refere ainda um outro
caso:
Enquanto se encontrava no sul do Mar.da China, à meia-noite de
12 de agosto de 1910, o capitão Breyer, do vapor holandês Valentijn
viu uma rotação de luzes. "Parecia uma roda horizontal que girava
rapidamente.” Desta feita afirmou-se que o fenômeno ocorria na su­
perfície do mar. "O fenômeno foi observado pelo capitão, mas o se­
gundo oficial e o terceiro e o chefe das máquinas, e a todos, chegou
uma sensação de mal-estar.”
Em geral se a posição que assumimos não é imediatamente acei­
tável, recomendamos àqueles gue se opõem a nós que considerem a
ubiquação - com uma única exceção - deste fenômeno, no Oceano
Índico e águas adjacentes, ou no Golfo Pérsico de uma parte e no Mar
da China de outra. Ainda que sejamos Intermediaristas, a atração de
uma’tentativa de Positivismo, sob o aspecto da Completude, é irresis­
tível. Afirmamos que somente sob alguns aspectos as rodas flame­
jantes suspensas no ar tinham o aspecto de rodas flamejantes, mas se
aceitamos isto, deveremos ter observações sobre um número enorme
de rodas chamejantes, não interpretáveis como ilusões de óptica, mas
como enormes coisas concretas que romperam a resistência da matéria
e foram vistas afundando no oceano.
Athenaeum, 1848-833:
Na reunião da British Association de 1848, Sir. W.S. Harris disse
ter registrado uma notícia que lhe havia sido enviada acerca de um na­
vio na direção do qual tinham ido girando "duas rodas de fogo, que os
267
marinheiros descreveram como semelhantes a pás de moinho, compos­
tas de fogo”. “Quando estavam próximas ouviu-se um terrível chiado,
os mastros principais estiveram em vias de quebrar, tremendo”. Afir­
mou-se que um forte cheiro de enxofre se fez sentir.

268
XXII
NUVEM OU ... ?

Journal of the RoyalMeteorological Society, 1 -157:


Extrato do livro de bordo do bergantim Lady of the Lake, sob
responsabilidade do capitãoF. W. Banner:
Comunicado por R.H. Scott, F.R.S.
A 22 de março de 1870, a 59 47' de latitude norte e 279 52’ de
longitude oeste, os marinheiros do Lady of the Lake observaram no céu
um objeto enorme, ou uma nuvem e comunicaram o fato ao capitão.
Segundo o capitão Banner tratava-se de uma nuvem de forma
circular, com um semicírculo interior dividido em quatro partes, tinha
uma cauda divisória que começava no centro do círculo e se estendia
até o exterior para depois tomar a curvar-se no sentido oposto.
Complexidade, estabilidade e geometricidade da forma :e uma
escassa verossimilhança com uma nuvem que mantém tal diversidade
de características para não falar de seu aspecto de forma orgânica.
A coisa viajou de um ponto de cerca de 209 sobre o horizonte a
um ponto de cerca de 809 acima. Depois rumou para o nordeste,-
depois de ter manobrado rumo ao sul-sudeste.
Tinha cor cinza escuro, ou cor de nuvem.
“Estava muito mais baixa que as outras nuvens.”
E eis o dado que destoa:
Seja lá o que fosse, deslocava-se contra o vento.
“Ergueu-se contra o vento, obliquamente, e finalmente rumou
para o próprio meio da corrente de ar.”
Esta forma foi visível durante meia hora. Quando desapareceu
finalmente, não foi porque tivesse se desintegrado como uma nuvemr
mas sim porque foi velada pela escuridão da noite.

269
O capitão Banner traçou o seguinte esquema:

270
XXIII
MINERAIS NO CÉU

Ós livros-texto dizem que os meteoritos de Dhurmsalla fojam


coletados “de repente” ou “em meia hora”. Dando um pouco de
tempo a eles, os convencionalistas puderam suster que as pedras esta­
vam quentes no momento de sua queda, mas que o estado de intenso
frio exterior vencera o estado de fusão de sua superfície.
Segundo o vice-comissãrio de Dhurmsalla, estas pedras tinham
sido coletadas imediatamente por collies de passagem.
Estas pedras estavam tão geladas que endureceram os dedos dos
que as coletaram. Mas caíram acompanhadas por uma luz intensa. Foi
descrita como “uma labareda com cerca de dois pés de profundidade
por nove de comprimento (0,60 x 2,7 m). É claro que esta luz não é
a mesma que ocorre no caso de matéria fundida.
Neste capítulo nós somos intermediários e... insatisfatórios. Para
o intermediarista há apenas uma resposta para toda pergunta:
Às vezes sim e às vezes não.
Uma outra forma desta “solução intermediarista” de todos os
problemas é:
Sim e não.
Tudo aquilo que é, também não é.
Um positivista procura formular tudo: esta também é a atitude
de um intermediarista, mas com menor rigor; aceita, mas também ne­
ga, pode parecer que aceite sob um aspecto e negue sob outro, mas
nenhum terço, nenhuma linha de demarcação pode ser estabelecida
entre dois aspectos de uma coisa qualquer. O intermediarista aceita
aquilo que parece correlacionar-se com qualquer coisa que aceitou
como dominante. O positivista, contrariamente, se correlaciona com,
uma fé cega.
Quanto aos meteoritos de Dhurmsalla, nossa opinião é reforçada
pelo fato de que as coisas que entram na atmosfera terrestre esplende,

271
por vezes com um brilho que não é luz das coisas incandescentes... ou
damos esta eplicação, ou oferecemos uma afirmação relativamente às
“pedras do trovão”, ou pedras trabalhadas que caíram luminosamente
sobre a terra, deixando fulgores atrás de si que lembravam os relâm­
pagos. ... mas aceitamos que algumas das coisas que entraram na at­
mosfera se desintegraram com a intensidade da chama e da matéria
fundida... mas outras, acreditamos, entram na atmosfera terrestre e
caem sem deixar rastros luminosos, exatamente como os peixes de
profundidade trazidos à superfície do oceano. Qualquer que seja o
ponto sobre o qual nos encontramos de acordo, temos a indicação de
que num ponto impreciso, sobre nós, existe um meio mais denso da
atmosfera terrestre. Acredito que nosso ponto forte seja o fato de que
essa não seja a crença popular...
Ou ainda o ritmo de tpdos os fenômenos:
Nesta terra o ar é denso ao nível do mar e se torna cada vez me­
nos denso'à medida que se sobe... e descendo cada vez mais denso.
Aqui surge um bom número de questões fastidiosas:
Nosso comportamento
Eis aqui os dados:
Certas vezes caem chuvas luminosas (Nature, 9 de março de
1882; Nature, 25-437). Esta luz não é a da incandescéncia, mas nin­
guém pode dizer que esta chuva rara e ocasional provenha do exterior
da Terra. Notamos simplesmente a luz fria dos corpos celestes. Para a
chuva, neve e poeira luminosa, ver Harwig, Aerial World, p. 319.
Relativamente às nuvens luminosas, temos observações e opiniões
quase definitivas: Assinalam um ponto de transição entre a Velha e a
Nova Dominantes. Nós já havíamos observado o ponto de transição na
teoria do Prof. Schwedòff acerca da origem externa de algumas preci­
pitações de granizo - e as implicações que a uma geração anterior
pareciam coisas obsurdas - “cambaio” era a palavra - ou que nas
regiões interplanetárias existem massas d’água... que tém ou não peixes
e rãs em seu interior. Ora nossa opinião é que as nuvens por vezes
sejam provenientes de regiões exteriores, depois de terem se originado
em lagos, e oceanos supergeográficos dos quais, para o momento, não
buscaremos traçar um mapa - mas limitamo-nos a sugerir que o
façam os aviadores — e indicamos que o damos liberalmente e não
pretendemos imitar Cristóvão Colombo por nossa conta - de carregar
consigo roupas de banho, ou melhor, escafandros de profundidade.
Então que, portanto, algumas nuvens são originárias de oceanos
interplanetários, ou o Mar dos Super-Sargaços — e resplendem no
momento de entrar na atmosfera da Terra, isto se continuamos a
aceitar a idéia do Mar dos Super-Sargaços. Em Himmel und Erde,
fevereiro de 1889, há um fenômeno de transição de cerca de trinta
anos, o Sr. O. Jesse, nas suas observações acerca de nuvens luminosas,
nota a sua grande altitude e um pouco cambaiamente ou sensatamente

272
sugere que algumas destas possam provir das regiões externas da terra.
Creio que ele quer se referir simplesmente a outros planetas... Mas
num sentido ou noutro, é sempre uma idéia cambaia e de bom senso.
Geralmente acho que o isolamento da Terra é facilmente expli­
cável com grande facilidade, esta é um pouco isolada por circunstân­
cias semelhantes ás circunstâncias que explicam o isolamento do fun­
do do oceano, só que a analogia é um pouco tola. Definir-se como
peixe de profundidade foi cômodo, mas na quase-existênda, não há
nenhuma comodidade que não termine por se tornar incômoda, pois,
se no ar devessem existir regiões mais densas, estas regiões deveriam
ser consideradas como análogas às regiões oceânicas do fundo do mar
e as coisas que existem sobre a terra seriam análogas àquelas que se
elevam para um meio menos denso - e explodem - às vezes com
aspecto incandescente, como os peixes de profundidade trazidos à
superfíde. No conjunto existem condições de inospitabilidade. Sus­
peito que em seus abismos os peixes de profundidade não sejam lumi­
nosos. Se o são, o darwinismo é um simples jesuitismo na tentativa de
correladoná-los. Uma tal coisa toma de tal forma a atenção que todas
as vantagens parecerão mais que equivalentes. O darwinismo é antes
de mais nada uma doutrina que esconde: que por vezes temos uma
afirmação descarada... se aceita. Os peixes na caverna do Mammuth
não tém necessidade de luz para enxergar. Podemos afirmar que os
peixes de profundidade tornam-se luminosos quando entram num
meio menos denso mas, no American Museum of Natural History, en­
contramos nestes modelos orgãos particulares para a luminosidade.
Naturalmente lembramos aquele “dodo” terrivelmente convincente e
algumas das nossas sofisticadas particularidades de que encontramos
traços nele... de qualquer modo o brilho é considerado um fenômeno
devido á passagem de um meio mais denso para outro menos denso.
Uma notícia do Sr. Acharius, em Transactions of the Swedish
Academy of Sciences, 1808-215 traduzido por North American Re-
view, 3-319.
Acharius, tendo ouvido falar de “um fenômeno extraordinário e
provavelmente até agora jamais observado”, ocorrido nos arredores da
cidade de Skeninge, na Suécia, fez investigações:
A 16 de maio de 1808, por volta das 4 da tarde, o sol repentina­
mente assumiu uma coloração vermelho tijolo, opaca. No mesmo
momento no horizonte ocidental apareceu um grande número de cor­
pos redondos de coloração marrom escuro e das dimensões de um
prato. Procissão interminável que durou duas horas. De quando em
quando algum caía ao solo. Quando se examinava o ponto da queda,
encontrava-se uma película que rapidamente secava e desvanecia.
Freqüentemente, quando se aproximavam do solo, estes objetos pare­
ciam congregar-se ou eram vistos conjuntados em grupos jamais supe­
riores a oito e, sob o sol dava para perceber que tinham caudas com

273
trés ou quatro fathom (5,5 a 7,3 m) de comprimento. Uma vez afas­
tadas da luz solar, as caudas eram invisíveis. Qualquer que fosse sua
substância, foi descrita como gelatinosa “semelhante a sabão ou
gelatina”.
Exponho aqui este dado por diversas razões. Seria ótimo, para
concluir condignamente nossa resenha, a presença de hordas de peque­
nos corpos que, segundo nossa opinião, não eram sementes, nem
pássaros, nem cristais de gelo; mas a tendência seria saltar para a
homogênea conclusão de que todos nossos dados naquele contexto se
referiam a este único tipo de fenômeno, enquanto nós concebemos
uma infinita heterogeneidadê de formas externas; cruzados, multidão,
emigrantes, turistas, dragões e coisas semelhantes a placas gelatinosas.
Óu seja, significa que todas as coisas que se encontram sobre a Terra
se encontram em branco, não são necessariamente ovelhas, presbite­
rianos, gangster ou fuçãdores/este dado é importante, para nós, como
indicação de destruição da atmosfera terrestre... dos perigos sofridos
por aqueles que adentram à atmosfera terrestre.
Creio que foram vistos milhares de objetos caírem do céu e que
tenham explodido de modo muito luminoso e tenham sido chamados
“raios em forma de bala”.
“Quanto ao que possam ser os raios em forma de bala, come­
çamos a fazer, agora, suposições inteligentes.” (Monthly Weather
Review, 34-17.) .
Em geral quando encontramos a expressão “raios em forma de
bala” parece-me que devemos prestar pouca atenção e atermo-nos
simplesmente a hipóteses que sejam pelo menos inteligentes e que
obstruem a estrada como fantasmas. Notamos que relativamente a
algumas de nossas afirmações acerca da inteligência deveriamos ter
indicado mais claramente que estas referiam-se ao inteligente em opo­
sição ao instintivo. No Monthly WeatherReview, 33-409, há a notícia
relativa a um “raio em forma de bala” que aingiu uma árvore incen-
diando-a como apenas um objeto cadente podería fazê-lo. Algumas
vezes reuni exemplos de “raios em forma de bala” para exprimir
a opinião de que esses são casos de objetos caídos do céu com lumino­
sidade e que explodiram de modo terrível... A velha ortodoxia é tão
confusa relativamente a esses fenômenos que muitos cientistas ou
negaram os “raios em forma de bala” ou consideraram-nos muito
dúbios. Refiro-me à lista do Dr. Sestier relativa a cento e cinqüenta
casos que considerava autênticos.
Segundo o capitão C.D. Sweet, do bergantim holandês J.P.A., a
19 de março de 1887, a 379 39’ de latitude norte e 579 00’ de longi­
tude oeste, havia encontrado uma violentíssima tempestade e tinha
visto dois objetos no ar acima do navio. Um era luminoso e podería
ser explicado de muitos modos, mas o outro era escuro. Um, ou talvez
ambos, caiu no mar com um estrondo provocando ondas enormes.

274
Acreditamos que estes objetos tenham entrado na atmosfera terrestre,
depois de terem arrebentado um campo de gelo... “imediatamente
depois começaram a cair fragmentos de gelo”.
Um dos fenômenos mais espantosos entre os de “raios em forma
de bala” é a ocorrência de muitos meteoritos: violenta explosão fora
de todas as proporções relativamente às dimensões e velocidade. Acei­
tamos que os meteoritos gelados de Dhurmsalla possam ter caído
em baixa velocidade, mas o estrondo que se lhes seguiu foi tremendo.
A substância frágil que caiu no Cabo da Boa Esperança era
carvão, mas não estava queimado, isto é, tinha caído em velocidade
insuficiente para ^cender-se. A tremenda detonação que se lhe seguiu
foi ouvida, entretanto, há mais de setenta milhas (112 km).
Certas pedras de granizo foram formadas em um meio denso e
desintegraram-se violentamente na atmosfera relativamente rarefeita
da Terra.
Nature, 88-350:
Grandes pedras de granizo foram observadas pela University of
Missouri, a 11 de novembro de 1911, explodiram com detonações
semelhantes a disparos de pistola. O autor afirma ter notado um
episódio similar oito anos antes em Lexongton, no Kentucky. Pedras
de granizo que pareciam ter se formado em um méio mais denso;
quando se fundiram sob a água liberaram bolhas maiores que seu es­
paço de ar interior (Monthly Weather Review).
Acreditamos que muitos objetos tenham caído do céu, mas que
muitos tenham se desintegrado violentamente. Esta opinião se coorde­
nará com dados ainda não apresentados, mas, por outro lado, nós nos
facilitamos o caminho para nossas afirmações relativas às superestru-
turas, se lembramos aqui que jamais caíram do céu traves, pilares ou
elementos claramente trabalhados em metal devido aos incidentes que
poderíam ter se verificado. Entretanto, para o que se refere à compo­
sição não temos esta escapatória, é nossa opinião que tenham sido
referidos casos de queda de metais trabalhados do céu.
O meteorito de Rutherfor, na Carolina do Norte, é composto
por material artificial; é u’a massa de gusa de primeira fusão. Mas
afirmou-se que era falso (Amer. Jour. Sei., 2-34-298).
O objeto que se disse ter caído em Marblehead, em 1858, em
Massachussets, foi descrito no Amer. Jour. Sei., 2-34-135, como um
“produto de fornalha, obtido pela fusão de cobre ou materiais ferro-
sos contendo cobre”. Foi dado como falso.
Segundo Ehrenberg, a substância que o capitão Callam declarou
ter caído sobre seu navio, nas cercanias de Java, “oferecia uma seme­
lhança total com o resíduo resultante da combustão de um fio de aço
em uma vasilha de oxigênio”. (Zurcher, Mêteors, pg. 239). O Nature,

275
de 21 de novembro de 1878 publica a notícia que, segundo o Yuma
Sentinel, fora encontrado no deserto de Mohave um meteorito que se
“assemelha ao aço”. Em Nature de 15 de fevereiro de 1894 lemos que
um dos meteoros trazidos por Peary para os Estados Unidos de a
Groenlândia é de aço temperado.
Acredita-se que o ferro meteorítico tenha caído na água ou na
neve resfriando-se e endurecendo-se rapidamente. Isto porém não
explica a sua composição. A 5 de novembro de 1898, Nature publica
um artigo acerca de u’a memória do professor Berwerth de Viena,
acerca da “estreita conexão entre o ferro meteorítico e o aço das
aciarias”.
Durante a reunião de 24 de novembro de 1906 do Essex Field
Club, foi apresentado um pedaço de metal que se disse ter caído do
céu, a 9 de outubro de 1906 em Braintree. Segundo o Essex Natura-
list, o doutor Fletcher, do British Museum, declarara que se tratava
de ferro fundido artificialmente... “então o mistério de sua ‘queda’
permanece sem solução”.

276
XXIV
OBJETOS LUMINOSOS

Ergueremos um boato de silêncio. Se um só caso de algo é trans-


curado por um sistema... nosso comportamento geral é considerar que
um simples caso é um monstrinho sem força. Naturalmente, nosso
modo de referir-se a muitos casos não é um verdadeiro método. Na
continuidade, todas as coisas devem ter uma semelhança com outras
coisas. Qualquer coisa tem a quase-identidade que lhe apetece. Há
pouco tempo atrás, a conscrição era assimilada com a mesma facili­
dade pela autocracia e pela democracia. Notai a necessidade de uma
Dominante a que se referir. Não há quase ninguém que diga que a
conscrição é necessária; mas todos dizem que é necessária a conscrição
que se correlaciona com a democracia que é tomada como funda­
mento ou qualquer coisa fundàmentalmente desejada. Naturalmente,
entre a autocracia e a democracia, apenas pode ser traçada uma falsa
linha demarcatória. Então, não posso conceber nenhum assunto sobre
o qual se deva localizar um tal poderio de um único caso, se se pode
fazer entrar por um golpe de sorte tudo aquilo que alguém desejar.
Entretanto, tentaremos ser mais quase-reais que os darwinistas que es­
condem a sua coloração darwinista e depois se descobrem procla­
mando claramente sua posição darwinista. Creio que os darwinistas
teriam feito melhor se tivessem vindo como nós, sub-repticiamente,
como peixes das profundezas... e desaparecer mais tarde, imagino.
Seria estupidificante ou transcurável ler todos os casos que são rela­
tados sobre coisas vistas no céu, e pensar que todas foram legadas ao
desprezo. Acredito que não é possível, ou pelo menos, não é muito
fácil, transcurar o seu conjunto e acredito ainda, que se tivéssemos
tentado reuni-las anteriormente, a Velha Dominante teria cassado
nossa máquina de escrever.
“Um extraordinário e singular fenômeno em Gales do Norte, a
26 de agosto de 1894, um disco do qual se projetava um corpo cor
de laranja que se assemelhava a uma “cadeira” alongada, referido pelo
almirante Ommanney (Nature, 50-524); um disco do qual se proje­

277
tava uma forma de gancho, na índia, em 1838; foi feito um esboço;
um disco das dimensões da Lua, mas mais luminoso que ela, visível
por cerca de 20 minutos, conforme indicação de G. Pettit, no catá­
logo do Prof. Baden Powell (Rept. Brit. Assoe., 1849); uma forma de
gancho muito brilhante vista no céu por Polland, no condado de
Trumbull, no Ohio (EUA), durante a chuva de meteoros de 1833,
visível por mais de uma hora; um grande corpo luminoso quase esta­
cionário “durante um certo período” em forma de uma pequena mesa
quadrada: Cascata do Niágara, 13 de novembro de 1883 (Amer. Jour.
Sei., 1-25-391) algo descrito como uma branca nuvem brilhante, du­
rante a noite de 3 de novembro de 1886, em Hamar, na Noruega, fo­
ram emitidos por esta coisa, brilhantes raios de luz, que se dispersavam
no espaço, e que mantiveram até o fim, a sua forma original (Nature,
16 de dezembro de 1886-158); uma coisa com núcleo oval e raios de
luz com bandas e linhas escuras de estrutura mui sugestiva, Nova Zelân­
dia, 4 de maio de 1888 (Nature, 42-402); um objeto luminoso tão gran­
de quanto a Lua cheia, visível por uma hora e meia, no Chile, a 5 de
novembro de 1883 (Comptes Rendus, 103-682); objeto luminoso nas
vizinhanças do Sol, a 21 de dezembro de 1882 (Knowledge, 3-13);
luz que parecia uma grande chama no mar, ao largo de Ryook Phyoo,
a 2 de dezembro de 1845 (London Roy. Soe. Proc. 5-627); coisa
semelhante a gigantesca tromba, suspensa verticalmente e oscilando
levemente, visível por cinco ou seis minutos, com comprimento de
aproximadamente 425 pés (= 1 km) em Oaxaca, no México, a 6 de
julho de 1874 (Sei. Am. Sup. 6-2365); dois corpos luminosos, aparen­
temente unidos, visíveis por 5 ou 6 minutos, a 3 de junho de 1898
(Nature, 1898-1-127); passagem de uma coisa com rabo sobre o disco
lunar, tempo de trânsito: meio minuto, 26 de setembro de 1870
(Times de Londres, 30 de setembro de 1870); um objeto, 4 ou 5 vezes
maior que a Lua, atravessa lentamente o céu, a l.° de novembro de
1885, nas vizinhanças de Adrianópolis (L Astronomie, 1886-309); um
grande corpo vermelho, que se move lentamente, visível por 15 minu­
tos, referido por Coggia, Marselha, l.° de agosto de 1871 (Chem. News,
24-193); detalhes sobre esta observação e sobre uma similar por
Guillemin, e outros casos por De Fonville (Comptes Rendus, 73-297);
coisa enorme estacionária duas vezes em 7 minutos, Oxford, 19 de
novembro de 1847, mencionada por Lowe (Rec. Sei. 1-136); objeto
acinzentado parecendo medir 3 pés e meio de comprimento (1,05 m)
avizinhando-se rapidamente da Terra em Saarbruck, 19 de abril de
1826, ruídos semelhante ao trovão; objeto que se abre como lençol
(Am. Jour. Sei., 1-26-133; Quar. Jour. Roy. Inst., 24-488); relato de
um astrônomo, N. S. Drayton, acerca de um objeto cuja duração lhe
pareceu extraordinária, 3/4 de minuto, Jersey City, 6 de julho de 1882
(Sei. Amer. 47-53); objeto semelhante a um cometa, mas com um
movimento próprio de 10° por hora; assinalado por Purine e Glancy,
do Observatório de Córdoba, na Argentina, a 14 de março de 1916
(SeiAmer., 115-493); algo semelhante a um sinal luminoso, referido

27fi
por Glaisher, a 4 de outubro de 1844, tão brilhante quanto Júpiter
"emanava um rápido lampejamento de ondas luminosas”. {YearBook
ofFacts, 1845-278).
Creio que com o objeto conhecido como o “cometa” de Eddie
.apareça a última inclinação que ainda resta de cometer o erro comum
de personificar. É uma das ilusões mais profundamênte verificadas
nos positivistas que as pessoas sejam realmente pessoas. Somos fre-
qüentemente apontados como culpados por perpetrar ataques de bilis,
a machucaduras e queda em ridículo contra os astrônomos, como se
esses fossem pessoas ou unidade final, indivíduos ou seres auto-sufi­
cientes... em lugar de partes indeterminadas. Mas contanto que perma­
neçamos na quase-existência poderemos destruir uma ilusão apenas
através de uma outra ilusão, se bem que a outra ilusão possa se aproxi­
mar a um maior grau de realidade. Então não personificamos mais,
mas... superpersonificamos. Ora, aceitamos completamente nossa posi­
ção de que o Progresso é uma Autocracia de Dominantes Sucessivas -
que não são finais - mas que se aproximam da individualidade, ou
auto-essência, mais do que os tropismos humanos que se correla­
cionam com esse.
Eddie assinalou um objeto celeste do Observatório de Grahams-
town na África do Sul. Em 1890. A Nova Dominante, então, era ape­
nas uma herdeira presumível, ou herdeira aparente, mas não óbvia. A
coisa assinalada por Eddie podería muitíssimo bem ter sido assinalada
por um guarda noturno que tivesse erguido os olhos para o céu através
de um cano de esgoto desmontado.
Não se correlacionava.
Não foi inserida no Monthly Notices. Pessoalmente penso que
se o diretor tivesse tentado editá-la... teria havido um terremoto ou
um misterioso incêndio na casa editora
Os Dominantes são ciumentos.
Em Nature, trata-se presumivelmente de um vassalo do novo
deus se bem que naturalmente renda uma obrigatória homenagem ao
velho, está assinalado um corpo semelhante a um cometa observado a
27 de outubro de 1890 em Grahamstown, por Eddie. Isto pode tam­
bém ter tido o aspecto de um cometa, mas se deslocou de 100° en­
quanto era visível, cem graus em 45 minutos. Ver Nature, 43-89,90.
Em Nature, 44-519, o prof. Copeland descreve um espetáculo
semelhante que lhe apareceu a 10 de setembro de 1891. Dreyer afirma
que {Nature, 44-541) que havia visto aquele objeto no Observatório
de Ármagh. Torna-o semelhante ao objeto avistado por Eddie. Foi
visto a 11 de setembro de 1891 pelo doutor Alexander Graham Bell
na Nova Escócia.
Mas a Velha Dominante era um deus zeloso.

279
Assim foram diversas observações de algo que foi visto em
novembro de 1883. Estas observações eram filistinas em 1889. No
Amer. Met. Jour., 1-110, um correspondente assinala ter visto um
objeto semelhante a üm cometa, com duas caudas, uma em cima e
outra embaixo, a 10 ou 12 de novembro de 1883. Muito provavel­
mente, este fenômeno deveria ser colocado entre as nossas indicações
relativas aos siluros, ou melhor, corpos com forma de siluro que foram
vistos no céu - ou entre os dados sobre dirigíveis oú Super-Zeppelins
- mas as nossas tentativas de classificação estão bem longe de serem
rigorosas... e são simples tentativas tateantes. No Scientific American,
50-40, um correspondente escreve de Humacao, Porto Rico, e diz que
a 21 de novembro de 1883 ele e algumas outras pessoas - pessoas,
por assim dizer - assistiram a um espetáculo majestoso, como o de
um cometa. Foi visível por trés noites sucessivas, depois, desapareceu.
O diretor afirma não ter condições de dar nenhuma explicação.
Se foi aceita, esta coisa deve ter estado muito próxima da Terra. Se
fosse um cometa, teriá sido vista de toda parte, e a notícia teria pas­
sado pelos fios dos telégrafos de todo o mundo, afirma o diretor. Na
pág. 97 deste volume do Scientific American, um correspondente
escreve afirmando ter visto em Sulphur Springs, no Ohio, “uma mara­
vilha no céu” na mesma hora, aproximadamente. Um objeto em forma
de torpedo, ou qualquer coisa com o núcleo na extremidade do qual
havia um rabo. De novo o diretor afirma que não pôde dar nenhuma
explicação e que o objeto não era um cometa. Associa-o com as condi­
ções atmosféricas gerais de 1883. Mas recordaremos que um objeto
semelhante foi visto em novembro de 1882 na Inglaterra e na Holanda.
No Scientific American, 40-294, foi publicada uma carta de Henry
Harrison de Jersey City, copiada pelo New York Tribune - na noite
de 13 de abril de 1879, o sr. Harrison estava observando no céu o
cometa de Brorsen, quando viu um objeto que se movia tão rapida­
mente que não podería ser um cometa. Chamou um amigo para que
também olhasse e a observação foi confirmada. Às duas da manhã, o
objeto ainda era visível. No Scientific American Supplement, 7 - 2885,
Harrison renuncia ao sensacionalismo, que ele parece reputar absoluta­
mente inútil, e fornece particulares técnicos; e sustenta que o objeto
foi visto pelo sr. J. Spencer Devoe de Manhattanville.

280
XXV
OBJETOS EM FORMA DE TORPEDO

“Uma formação com a forma de dirigível”, assinalada por


Huttington, na Virgínia ocidental (Sei. Amer., 115-241). Um objeto
luminoso observado a 19 de julho de 1916 por volta de 11 horas da
noite: examinado por meio de um “binóculo de campo razoavel­
mente potente” aparecia com o comprimento de dois graus e meio de
largura. Obscureceu-se gradativamente, desapareceu, reapareceu e de­
pois, desapareceu definitivamente. Uma outra pessoa - como disse­
mos, seria muito descômodo ater-se à nossa interpretação intermedia-
rística - uma outra pessoa, dizíamos, que tinha observado este fenô­
meno sugeriu ao autor da indicação que talvez fosse um dirigível, mas
o autor sustenta que atrás do objeto mesmo as estrelas mais fracas
ainda eram visíveis. Isto, na verdade, parece um ponto desfavorável à
nossa concepção de um dirigível que veio visitar esta Terra - não
fosse pela indefinição de todas as coisas no estado de aparência que
não é final - ou seja, sugerimos que atrás de algumas partes daquele
objeto, ou coisa, ou construção, podiaip ser vistas estrelas pouco lumi­
nosas. Aqui surge uma pequena discussão. O prof. H.M. Russell acre­
dita que o fenômeno fosse devido a uma nuvem destacada durante
uma aurora boreal. Na pág. 369 deste volume do Scientific Ameri-
can, um outro relator sugere que se tratasse de um alto-forno... esque­
cendo o fato que, se houvessem altos-fomos em Huttington, ou nas
proximidades, seus reflexos seriam coisa comum.
Temos agora diversas observações sobre corpos de forma cilín­
drica que apareceram na atmosfera terrestre: cilindros mas com ambas
as extremidades com as pontas como torpedos. Alguns dos relatórios
não são muito particularizados, mas deixando perderem-se os frag­
mentos das descrições, a minha opinião é que no momento de entrar
na atmosfera terrestre, esses batéis foram tão abalados que, se não fos­
sem divididos seria verificada a sua desintegração e que, antes de dei­
xar a Terra, deixaram cair ou numa tentativa de comunicação, ou sim­
plesmente por necessidade, objetos que quase imediatamente se desin­
tegraram ou explodiram com viblência. Em linhas gerais, não pensa­

281
mos que tenham lançado explosivos propositadamente, mas foram
desligados e caíram partes que depois explodiram com os chamados
“raios esféricos”. Tanto quanto sabemos no momento, poderíam tam­
bém ter sido objetos de pedra ou metal com inscrições gravadas. Em
qualquer caso, a avaliação de suas dimensões não tem valor, mas ao in­
vés disto, são mais aceitáveis as relações das dimensões. Álgo que se
disse ter o comprimento de 6 pés (1,8 m) podería também ter tido um
comprimento de 600 pés (180 m), mas a forma não é tão sujeita às
ilusões provocadas pela distância.
Nature, 40-415:
A 5 de agosto de 1889, durante um violento temporal, um obje­
to que apareceu com o comprimento de cerca de 15 polegadas (38
cm) e com a largura de 5 (12,5 cm) caiu muito lentamente, perto de
East Twickenham, na Inglaterra. Explodiu e não se encontrou ne­
nhuma substância vestigial.
L Année Scientifique, 1864-54:
A 10 de outubro de 1864, Leverrier enviara â Academia três car­
tas de testemunhas que haviam descoberto no céu um objeto luminoso
com extremidades afuseladas.
Em Thunder and Lightning, na pág. 87, Flammarion afirma que
a 20 de agosto de 1880, durante um temporal bastante violento, o sr.
A. Trécul, da Academia Francesa, viu um corpo branco-amarelado
muito brilhante, de comprimento aparente de 35 a 40 cm e largura de
25 cm. Com a forma de torpedo. Ou então um corpo cilíndrico “com
as extremidades ligeiramente cônicas”. Este deixou cair algo e desapa­
receu entre as nuvens. Algo foi desligado, caiu verticalmente, como
um objeto pesado e deixou uma esteira luminosa. A cena deste espe­
táculo deve ter sido muito distante do ponto em que se encontràvá o
observador. Não se ouviu nenhum ruído. Quanto ao relato de Trécul,
ver o Comptes Rendus, 103-849.
Monthly Weather Review, 1907-310:
A 2 de julho de 1907, na cidade de Burlington, em Vermont, es­
cutou-se por toda a cidade uma terrível explosão. Uma bola luminosa,
ou um objeto luminoso, foi visto cair do céu... ou de algo em forma de
torpedo, ou de uma construção no céu. Ninguém havia visto cair de
um corpo maior que estava no céu esta coisa que explodiu... mas se
aceitarmos que ao mesmo tempo houvesse no céu um corpo muito
maior...
A minha opinião é que um dirigível no céu, ou uma construção
que apresentava todos os sinais de estar a desintegrar-se teve apenas
tempo de largar alguma coisa qualquer - para logo em seguida lan­
çar-se para o céu e colocar-se a salvo.
A seguinte história é contada na Review pelo bispo John S. Mi-
chaud:

282
“Eu estava na esquina de Church Street com a College Street,
bem defronte ao Howard Bank, que olhava para o oeste e estava discu­
tindo com o ex-governador Woodbury e o Sr. A.A. Bluell, quando sem
o menor aviso, fumos originados por aquela se assemelhavam a uma
terrível e insólita explosão, èvidentemente muito próxima. Elevando
olhar e voltando-se para o oeste, ao longo de College Street, obser­
varam um corpo com forma de torpedo, cerca de 300 pés de distância
(90 m) claramente estacionário e suspenso no ar a cerca de cinco
metros (1,5 m) da extremidade dos edifícios. As suas dimensões eram
de 6 pés de comprimento (1,8 m) por 8 polegadas (20 cm) de diâme­
tro; o invólucro, ou o revestimento, de aspecto escuro tinha línguas de
fogo que espirravam para fora aqui e ali e tinham uma cor vermelho
cobre incandescente. Se bem que imóvel quando foi localizado, este
objeto começa pouco a pouco a mover-sè lentamente e desaparece
na direção sul, acima da empresa “Dolan Brothers”. Enquanto o
invólucro se movia pareceu romper-se e destes pontos surgiram chamas
de um vermelho intenso.”
O bispo Michaud tenta correlacionar isto com as observações
meteorológicas.
Devido a esta vizinhança, este é talvez o mais notável dos feitos
de correlação, mas a correlação que entra em cena é extraordinária
tendo em vista a grande quantidade de observações que foram regis­
tradas a respeito. Acredito que a 17 de novembro de 1882, um enorme
dirigível atravessou a Inglaterra, mas pela natureza definida - indefi­
nida de quase todas as coisas quase-reais, algumas observações a seu
respeito podem correlacionar-se com qualquer coisa que se deseje.
E.W.Maunder, convidado pelos diretores de Observatory para
escrever um artigo acerca de suas reminiscências pelo 5009 número
de sua revista, fornece uma notável (Observatory, 39-214). Refere-se a
algo que ele define como “um estranho visitante celeste”. Maunder,
durante a noite de 17 de novembro de 1882 se encontrava no Observa­
tório Real de Greenwich. Aurora sem características de particular in­
teresse. Na metade da aurora aparece um grande disco circular de luz
esverdinhada que atravessou o céu com movimento uniforme. Mas o
aspecto circular era evidentemente o efeito de uma visão de esguelha.
A coisa passou acima da Lua e por alguns observadores foi descrita
como “em forma de charuto”, “semelhante a um torpedo”, “um fu­
so”, “uma lançadeira”. A idéia da visão de esguelha não é minha, é
Maunder quem o diz. “Se esta ocorrência se verificasse um terço de
século depois, não há dúvida de que todos teriam escolhido o mesmo
padrão de comparação... teria sido exatamente semelhante a um
Zeppelin.” O fenômeno durou aproximadamente dois minutos. Afir­
mou-se que a cor fora exatamente igual á da aurora boreal. Apesar dis­
so Maunder afirma que aquela coisa não tinha nenhuma relação com
os fenômenos da aurora. “Era evidentemente um objeto bem defini­
do.” Seu movimento era muito rápido para ser uma nuvem mas “nada

283
podería ser mais distinto de um meteoro”. Em Philosophical Maga­
zine, 5-15-318, J. Rand. Capron, num artigo relativamente longo refe­
re-se sempre a este fenômeno chamando-o “raio aurorai”, mas apre­
senta muitas outras observações relativas à sua “forma de torpedo” e
uma observação acerca de um “núcleo escuro”, uma série de observa­
ções para nada esclarecedor, estimativas acerca de sua altura que vão
de 40 a 200 milhas (de 64 a 320 km) e observações na Holanda e na
Bélgica. Afirmou-se que segundo as observações espectroscópicas de
Capron, o fenômeno era simplesmente um raio de luz da aurora. Em
Observatory, 6-192, há uma notícia contemporânea à de Maunder.
Fornece aproximadamente medidas aparentes de vinte e sete graus
para o comprimento e tres e meio para a largura. Dá a seguir outras
observações que parecem indicar uma estrutura... “uma notável man­
cha escura no centro”.
Em Nature, 27-84, Capron diz que devido à luz lunar tinha che­
gado a muito pouco com o uso do espectroscópio.
Cor branca, mas aurora rosada [Nature, 27-87).
Estrelas luminosas vistas através do objeto, mas não no.zênite
onde estava tudo opaco. Esta é a única afirmação relativamente á sua
transparência (Nature, 27-87). Muito rápido para uma nuvem, mas
muito lento para ser um meteoro (Nature, 27-86). “A superfície asse-
melhava-se a mancha (Nature, 27-87). “Deforma bem definida, seme­
lhante a um torpedo” (Nature, 27-100). “Provavelmente um objeto
meteorítico” (Dr. Groneman, Nature, 27-296). Demonstração técnica
que se tratava de uma nuvem meteorítica por parte do Dr. Groneman
(Nature, 28-105). Ver aindaNature, 27-315, 338, 365, 388, 412, 434.
“Não há quase dúvida de que se tenha tratado de um fenômeno
elétrico” (Proctor, Knowledge, 2-419).
No Times de Londres de 20 de novembro de 1882, o diretor
afirma que recebeu um grande número de cartas acerca deste fenô­
meno. Publica duas. Um correspondente o descreve como “bem defi­
nido e com forma de peixe... extraordinário e alarmante”. O outro o
descreve como “uma massa grandiosamente luminosa de forma mais
ou menos semelhante a de um torpedo”.

284
XXVI
LUZES MÓVEIS

Notes and Queries, 5-3-305:


Indicação acerca de oito luzes que foram vistas em Galles,
acima de uma zona de cerca de 8 milhas (13 quilômetros), cada
uma das quais mantinha a sua própria posição, seja em grupo moven­
do-se horizontalmente, verticalmente ou em ziguezague. Pareciam
luzes elétricas... desapareciam, reapareciam, enfraqueciam, depois tor­
navam a brilhar como nunca. “A seguir, vimos trés ou quatro por vez,
em quatro ou cinco ocasiões”.
Times de Londres de 5 de outubro de 1 877:
“De quando em quando a costa ocidental de Galles parece ser
palco de luzes misteriosas ... e temos agora uma declaração de Towyn
de que na última semana foram vistas luzes de várias cores movimen­
tando-se acima do estuário do Rio Dysinni na direção do mar. Ge­
ralmente se deslocam na direção norte, mas por vezes movimentam-
se ao longo da costa e deslizam milha após milha na direção de Aber-
dovey, para depois desaparecer inopinadamente.
L’Année Scientifique, 1 877-45
Luzes que aparecem no céu acima de Vence, na França, a 23
de março de 1 877, descritas como bolas de fogo de luminosidade
ofuscante; compostas por uma nuvem de cerca de um grau de diâ­
metro e moviam-se com relativa lentidão. Permaneceram visíveis
por mais de uma hora deslocando-se rumo ao norte. Afirmou-se que
tinham sido vistos em Vence há oito ou dez anos antes, luzes simi­
lares ou objetos, no céu.
Times de Londres, 19 de setembro de 1 848:
Em Inverness, na Escócia, foram vistas.no céu duas grandes
luzes brilhantes que pareciam estrelas; por vezes estacionárias, mas
de quando em quando deslocavam-se em alta velocidade.
LAnnée Scientifique, 1 888-66:
Observada nas proximidades de St. Petersburg, noite de 20 de

285
julho de 1 880, uma grande luz esférica e duas menores que se moviam
ao longo de um precipício: visíveis por três minutos; desapareceram
sem ruído.
Nature,^ATò\
Em Yloilo, a 30 de setembro de 1 880, fora visto um objeto
luminoso das dimensões da Lua cheia. Isso “flutuava” lentamente para
o norte seguido por outros objetos nas proximidades dele.
“As Falsas Luzes de Durham.”
De quando em quando nos jornais ingleses da metade do sécu­
lo XIX fala-se de luzes que foram vistas no céu, mas como se não esti­
vessem muito distantes da Terra, o mais freqüentemente sobre a costa
de Durham. Foram tomadas por faróis pelos navegantes. Os inciden­
tes verificaram-se em série. Os pescadores foram acusados de prepa­
rarem luzes falsas para aproveitarem-se depois dos náufragos. Os
pescadores responderam que tinham afundado principalmente navios
velhos cujo maior valor era o seguro.
Em 1 886 (Times de Londres de 9 de junho de 1 866) a agita­
ção popular foi intensa. Houve investigações. Foram recolhidos teste­
munhos frente a uma comissão presidida pelo almirante Collinson.
Uma testemunha descreveu a luz que a havia enganado como “consi­
deravelmente elevada acima da Terra”. Não se chegou a nenhuma
conclusão e as luzes foram chamadas “as luzes misteriosas”. Mas seja
lá o que puderam ter sido as “falsas luzes de Durham” a investigação
não conseguiu esclarecer nada. Em 1867 a Comissão Piloto de Tyne
retomou a coisa. A opinião do prefeito de Tyne foi de que se tratava
de... “um negócio misterioso”.
Em Report of the British Association, 1 877-152, fala-se de
“notável morosidade”. Foram visíveis durante aproximadamente três
minutos. “Notável” não parece bastante forte, habitualmente fala-
se “notável” para uma duração de três segundos. Estes meteoros
tinham ainda uma outra particularidade, não deixavam rastro. Foram
descritos como “um grupo de olhos selvagens, e se moviam com a mes­
ma velocidade e a mesma graça”.
Jour. Roy. Astro. Soc. of Canada, novembro e dezembro de
1 913.
Segundo muitas observações colhidas pelo prof. Chard de
Toronto, durante a noite de 9 de fevereiro de 1 913 ocorreu um espe­
táculo que foi visto no Canadá, nos Éstados Unidos, no mar e nas
Bermudas. Foi visto um corpo luminoso com um grande rabo. O
corpo cresceu rapidamente. “Os que presenciaram tinham opiniões
contraditórias acerca do fato de que o corpo fosse único ou com
três ou quatro partes com uma cauda presa a cada parte.” O grupo,
ou estrutura complexa, movia-se com “particular e majestosa deci­
são”. “Desapareceu à distância e um outro grupo surgiu de seu ponto

286
de origem e moveu-se para a frente, na mesma velocidade decidida,
em grupos de dois, três ou quatro.” Desapareceram e então surgiu um
terceiro grupo ou estrutura.
Alguns observadores compararam este espetáculo a uma frota
de navios aéreos e outros a couraçados escoltados por cruzadores e
caça-torpedeiros.
Segundo um autor:
“Provavelmente 30 ou 32 corpos e o que espantava era que se
moviam em grupos de dois, de três ou de quatro, um ao lado do
outro, e tão perfeito era o alinhamento que se podería pensar numa
frota aérea durante um severo exercíòio.”
Nature, 25 de maio de 1 893:
Uma carta do capitão Charles J. Norcock do H.M.S. Caroline:
A 24 de fevereiro de 1 893, ás dez da noite, entre Shangai e o
Japão, o oficial de guarda tinha-se referido á presença de algumas
“luzes insólitas”.
Estas se encontravam entre o navio e uma montanha. A mon­
tanha tinha cerca de 6 000 pés de altura (1 800 m). As luzes pare­
ciam globulares. Por vezes se moviam aglomeradas e por outras dis-
punham-se segundo uma linha irregular. Movimentaram-se depois,
“rumo ao norte” até que desapareceram de vista. Duração: duas
horas.
Durante a noite seguinte as luzes reapareceram.
Mas nesse momento foram eclipsadas por uma ilha. Depois
deslocaram-se para o norte, à mesma velocidade e na mesma direção
do Caroline. Mas eram luzes que projetavam reflexos; havia um palor
no horizonte sob essas luzes. Um telescópio forneceu apenas uns pou­
cos detalhes: que eram rosadas e que pareciam desprender uma fumaça
pouco espessa. Desta feita a duração do fenômeno foi de sete horas
e meia.
Depois o capitão Norcock afirma que, na mesma região, e
aproximadamente na mesma hora, tinha visto as luzes também o Capi­
tão Castle do H.M.S. Leander. Este tinha alterado a rota e se dirigi­
do para as luzes. As luzes tinham fugido. Ou pelo menos elevaram-se
no céu.
Monthly WeatherReview, março de 1 904-115:
Relato aos cuidados do tentente Frank H. Schofield, da Mari­
nha dos Estados Unidos, do U.S.S. Supply acerca de observação de
três membros de sua tripulação:
24 de fevereiro de 1 904. Três objetos luminosos de tamanhos
diversos, o maior dos quais tinha uma área aparente que equivalia
a cerca de seis sóis. Quando o primeiro foi avistado, não estavam

287
muito altos. Encontravam-se sob as nuvens cuja altura era estimada
em uma milha (1 600 m).
Fugiram, escaparam, ou voltaram as costas.
Subiram na direção das nuvens sob as quais tinham sido ini­
cialmente avistadas.
Movimentavam-se em uníssono.
Mas tinham medidas diferentes e reações diversas frente a todas
as forças da Terra e do ar.
Monthly WeatherReview, agosto de 1 898-358:
Duas cartas de C. N. Crotsenburg, Crow Agency, em Montana:
No verão de 1 896, quando quem escrevia era um empregado
postal ferroviário - isto é, um experto nos fenômenos ferroviários -
quando seu trem prosseguia “para- o nortè” provindo de Trenton,
no Missouri, havia visto com um amigo, através das trevas de uma
intensa chuva, uma luz que parecia redonda e cor rosa opaco, com o
.diâmetro aparente de um pé (30 cm). Parecia flutuar a menos de
cem pés da terra, mas pouco depois elevou-se às alturas ou “a meio
termo entre o horizonte e o zénite”. O vento bastante forte, provinha
do este, mas a luz prosseguiu para o norte.
Sua velocidade era variávèl. Por vezes parecia ultrapassar “con­
sideravelmente” ao trem, outras vezes parecia ficar atrás. Os dois
empregados postais puderam divisá-la até que atingiram a cidade de
Linville, em lowa. Antes da estação daquela cidade, a luz desapare­
ceu e não mais foi vista. Durante todo este tempo chovera, mas pou­
cos relâmpagos ocorreram e o sr. Crotsenburg oferece a explicação
que se tratassem de “raios esféricos”.
O diretor de Review não está de acordo. Acredita que ã luz
possa ter sido um reflexo da chuva, ou da neblina, ou folhas das
árvores luzindo pela chuva e pelo farol do trem ... mas” não luzes.
No número de dezembro de Review há uma carta de Eward
M. Boggs que afirma que a luz era um reflexo talvez proveniente do
brilho - tratava-se de apenas uma luz desta feita - da caldeira da loco­
motiva nos fios molhados do telégrafo, uma forma luminosa que não
era estriada por fios mas sim conglobada numa forma arredondada
que aprecia oscilar com a ondulação dos fios e parecia mudar a distân­
cia horizontal segundo as variações dos ângulos de reflexão, e que
parecia ultrapassar ou ser ultrapassada pelo trem, quando havia uma
curva.
Tudo isto é típico de um quase-raciocínio. Isso inclui e assimila
diversos dados, mas exclui aquilo que lhe é pernicioso.
Isto é, racionalmente, que os fios de telégrafo chegavam até e
ultrapassavam Linville.

288
O senhor Crotsenburg pensa nos “raios esféricos” que, ainda que
representem um ponto dolente para a maior parte das especulações,
são habitualmente considerados um correlativo com o velho sistema
de pensamento, mas o fato de ter se apercebido que aqui há “alguma
outra coisa” torna-se manifesto quando afirma ter algo a dizer que é
“tão estranho que não falaria jamais nem mesmo com meus amigos,
se não fosse confirmado por outra pessoa ... tão irreal que eu hesitei
falar, temendo que se tratasse de um terrível logro de minha imagi­
nação”.

289
XXVII
CHUVA DE SANGUE

Enorme e negra, a coisa estava empoleirada como um corvo,


na Lua.
Redonda e lisa. Balas de canhão. Coisas que caíram do céu
sobre a terra.
Chuvas de sangue.
Chuvas de sangue.
Chuvas de sangue.
Seja lá o que tenha sido, algo similar a pó de tijolo vermelho
ou a uma substância vermelha dissecada, caiu em Piemonte, na Itá­
lia, a 27 de outubro de 1 814 (Electric Magazine, 68-437). Poeira
vermelha caiu na Suíça, no inverno de 1 867 (Pop. Sei. Rev., 10-
112)...
Algo, distante da terra, tinha perdido sangue ... um super-
dragão que tinha se chocado com um cometa ...
Ou^ainda existem oceanos de sangue em algum ponto do céu ...
uma substância que seca e cai sob forma de pó ... ou flutua durante
séculos sob forma de pó ... isto é, há uma vasta região que um dia
será conhecida com o nome de Deserto de Sangue pelos aviadores.
Estamos nos aprofundando na Supergeografia neste momento, mas
Oceano de Sangue ou Deserto de Sangue, a Itália é, neste momento,
a mais vizinha dele.
Acredito que haviam corpúsculos nas substâncias que se precipi­
taram sobre a Suíça, mas tudo que pôde ser publicado em 1 867
foi que nesta substância havia uma alta proporção de “matéria orgâ­
nica de várias formas”.
Em 1 821 em Giessien, na Alemanha, segundo o Report of the
British Association, 5-2, caiu uma chuva cor vermelho-pêssego. Nesta
chuva havia flocos cor de jacinto. Falou-se que aquela substância
fosse orgânica e disseram-nos que se tratava de pireno (1).

(1) Hidrocarboneto obtido por destilação do alcatrão da hulha, em altas


temperaturas. (N.Ts.)
290
Mas um caso assim que foi contado na íntegra foi a de uma úni­
ca chuva vermelha de composição corpuscular ... ou melhor, tratava-
se de neve vermelha. Caiu a 12 de março de 1 876 nas vizinhanças
de Crystal Palace, em Londres (YearBook of Facts, 1876-89;Natúre,
13-414). Quanto à “neve vermelha” das regiões polares e montanho­
sas, não representa para nós um obstáculo, porque aquela “neve”
jamais foi vista cair do céu; é um produto de microorganismos ou de
um “protococo” que se difunda sobre a neve que está no chão.
Desta feita não se fala de “areia do Sahara”. Matéria vermelha caída
em Londres a 2 de março, 1 876, afirmou-se que era composta por
corpúsculos ...
Naturalmente:
Assemelhavam-se a “células vegetais”.
Uma observação:
Nove dias antes havia caído a substância vermelho-carne, ou seja
lá o que for - em Bath County em Kentucky.
Acredito que um superegoísta, enorme, mas talvez nem tanto
quanto acreditava, tenha recusado a sair da frente de um cometa.
Resumamos, por máximas, nossas idéias supergeográficas:
Regiões gelatinosas, regiões sulfurosas, regiões gélidas e tropi­
cais; uma região que foi Fonte de Vida relativamente à terra; regiões
em que há uma densidade muito grande e tão grande que as coisas
originárias delas explodem ao entrar na tênue atmosfera terrestre.
Demos um dado acerca de pedras de granizo explosivas. Agora
temos um sustentáculo à prova que se tenham formado em um meio
muito mais denso que o ar da terra ao nível do mar. Em Popular
Science News, 22-38, há uma notícia acerca do gelo que foi formado,
sob grande pressão, no laboratório da University of Virgínia. Tendo
sido exposto ao contato do ar normal, o gelo explodiu.
E novamente substância similar a carne que caiu no Kentucky,
formação em flocos. Eis aqui um fenômeno familiar: isto sugere um
aplastamento devido à pressão. Mas a dedução extraordinária é que ...
a pressão não é uniforme sobre todos os lados. Em Annual Record
of Science, 1 873-350, afirmou-se que em 1 873 depois de um tremen­
do temporal na. Louisiana, foram encontradas a uma distância de qua­
renta milhas (64 km) ao longo das margens do rio Mississippi um
enorme número de escamas de peixe, recolhidas com balde em um
ponto apenas, escamas enormes que se pensou que eram de lepidós-
teo, um peixe que pesa de cinco a cinqüenta libras (de 2,2 a 22 kg).
Parece-me impossível que se possa aceitar esta identificação; pensa-se
antes numa substância que tenha sido comprimida em flocos ou esca­
mas. E pedras de granizo com amplas margens de gelo dispostas em
tomo a elas ... apesar disso estas pedras de granizo assemelham-se
antes a coisas que permaneceram imóveis e que tenham sido mantidas
291
num campo de gelo fino. Em Illustrated London News, 34-546,
existem desenhos de pedras de granizo com estas margens como se
tivessem sido mantidas em folhas de gelo.
Um dia faremos uma afirmação que para nossa evoluída primi -
tividade representará uma grande alegria:
Isto é, que os demônios visitaram a terra; demônios estranhos,
seres quase humanos, com cavanhaque ponteagudo, excelentes canto­
res, com sapatos pequenos ... mas comumente com exalações sulfu-
rosas. Estou impressionado com a presença freqüente da sulfurosidade
nos objetos provenientes do céu. Precipitação de pedaços de gelo,
ocorrida em Orkney, a 24 de julho de 1 &tà(Trans. Roy. Soc. Edin.
9-187). Tinham um forte odor sulfúreo. E o carvão coque - ou pelo
menos a substância que se assemelhava ao coque - que caiu em
Mortrée, na França, a 24 de abril de 1887, com ela caiu uma substân­
cia sulfurosa. As enormes coisas redondas qúe se elevaram do oceano
nas vizinhanças do Victoria. Aceitemos ou não que se tratassem
de superestruturas provenientes de uma atmosfera mais densa que,
encontrando-se em perigo de desintegração, tenham mergulhado no
oceano para evitá-la e depois tenham saído e retomado sua viagem pa­
ra Júpiter ou Urano ... falou-se que estas deixavam atrás de si “um
cheiro de enxofre”. De qualquer modo, este dado acerca de sua
vizinhança é contra a explicação convencional de que estas coisas
não tenham saído do oceano, mas sim que tenham estado muito
longe, acima do horizonte, dando destarte uma ilusão de vizinhança.
E as coisas que foram vistas no céu em julho de 1 898; tenho
um outro apunte. Em Nature, 58-224, um correspondente escreve que
em Sedberg a l.° de julho de 1 898, tinha visto no céu um objeto
vermelho, ou segundo suas palavras, algo que se assimilava à parte
vermelha de um arco-íris, com cerca de 10° de comprimento. Mas
o céu naquele instante estava escuro. O sol havia se posto e estava
caindo uma chuva intensa.
Eis, para todo este livro, o dado mais impressionante;
As precipitações sucessivas.
Isto é, numa pequena região caíram coisas do céu, e posterior­
mente, caíram novamente sobre a mesma porção restrita, então não
são o produto de uma tromba de ar que, ainda que seja estacionária
segundo o próprio eixo, descarrega-se tangencialmente ...
Assim para as rãs que caíram em Wigan. Tratei de averiguar
o assunto. A seguir caíram mais rãs.
Relativamente aos nossos dados acerca de substâncias gelatino­
sas que afirma-se que tenham caído do céu sobre a terra juntamente
com os meteoritos, acreditamos que os meteoritos tenham dilacerado
os tremulantes mares protoplasmáticos de Genesistrina - contra os
quais colocamos em guarda os aviadores se não querem correr o risco

292
de morrer sufocados numa reserva de vida ou de se encontrarem
empastados como uva-passa num doce de creme - e que os meteori­
tos tenham destacado massa gelatinosa ou protoplásmica que tenham
caído com eles.
Ora, o elemento de positividade de nosso quadro clama pelo
aspecto da completude. Lagos supergeográficos com peixes no inte­
rior. Meteoritos que mergulham através destes lagos direto para a
terra. A positividade de nossa composição deve exprimir-se pelo me­
nos num caso de meteoritos que tenham trazido consigo um saco de
peixes...
Nature, 3-512:
Nas margens de um rio no Peru, a 4 de fevereiro de 1 871,
caiu um meteorito. “Naquele ponto se encontraram alguns peixes
mortos de diversas espécies.” A tentativa de correlacionar este dado
levou a dizer que “os peixes foram tirados para fora d'água do rio e
arremessados contra as pedras”.
Que isto seja ou não-imaginável, depende do grau de hipnose
de cada um.
Nature, 4-169:
Os peixes tinham caído entre os fragmentos de um meteorito.
Popular Science Review, 4-126:
Um dia o sr. Le Gould, um cientista australiano, estava viajando
no Queensland quando viu uma árvore que tinha sido despedaçada
próxima ao solo. No ponto em que a árvore tinha sido despedaçada
havia um grande amassamento. Próximo havia um objeto que se “asse­
melhava a um projétil de dez polegadas” (25 cm).
Muitas páginas antes havia um caso a ser esquecido, creio.
A pequena pedra com inscrições que caíra em Tarbes representa, se­
gundo me parece, o mais impressionante dos nossos novos correlati-
vos. Como poderemos recordar, estava envolta em gelo. Imaginai o
peneirar e peneirar e separar então metade dos dados deste livro ...
imaginai que sobreviva apenas um único dado. Segundo me parece,
chamar a atenção sobre a pedra de Tarbes seria já fazer bastante por
seja lá o que for que esteja buscando o espírito deste livro. Apesar
disto, parece-me que um dado que a precedeu tenha sido tratado mui­
to superficialmente.
O disco de quartzo que se afirmou ter caído depois de uma
explosão meteorítica:
Foi dito que caíra na Plantação de Bleijendal, na Guiana Ho­
landesa; enviado ao Museu de Leyden pelo sr. Van Sypesteyn, aju­
dante do governador da Guiana Holandesa (Notes and Queries, 2-8-92).
E os fragmentos que caíram de campos de gelo super geográfi­
cos; pedaços planos de gelo com pedras de gelo por cima. Acredito
293
que não tenhamos ressaltado suficientemente que, se estas estruturas
não eram pequenos pedaços de gelo, mas protuberâncias cristalinas,
estas formas cristalinas indicam que permaneceram longamente
suspensas e são tão notáveis quanto os pequenos pedaços de gelo.
Em Popular Science News, 24-34, afirma-se que em 1 869, nas proxi­
midades de Tiflis, caíram grandes pedras de gelo com longas protube­
râncias. “O ponto mais notável relativamente às pedras de granizo
é que, a julgar pelo que sabemos no momento, deve ter decorrido um
tempo muito longo para sua formação.” Segundo o GeologicalMagazi­
ne, 7-27, esta precipitação se verificou a 27 de maio de 1 869.0 autor
do artigo no Geological Magazine sustenta que de todas teorias de que
havia ouvido falar, nenhuma podería iluminá-lo relativamente a este
acontecimento. ... “estas formas cristalinas devem ter permanecido
suspensas durante muito tempo para desenvolverem-se desta forma”...
Novamente este fenômeno:
Quatorze dias depois, quase no mesmo lugar caíram outras
pedras de granizo semelhantes.
Rios de sangue que sulcam os mares de albumina, ou uma
substância semelhante àquela d,o ovo na incubação da qual a Terra
é um centro local de desenvolvimento ... e então existem super-
artérias de sangue em Genesistrina; os pores do sol são a sua afirma­
ção; por vezes avermelham os céus com luzes nórdicas; reservas de
super-embriões donde se projetam formas de vida ...
Ou seja, todo nosso sistema solar é uma coisa viva e as chuvas
de sangue sobre a Terra são as suas hemorragias internas ...
E no céu vivem seres enormes, assim como vivem seres enormes
nos oceanos....
Ou ainda, uma coisa particular: um tempo particular: um lugar
particular. Uma coisa que tem as dimensões da ponte de Brooklin.
Vive no espaço externo... algo tão grande quanto o Central Park a
mata...
E essa sangra.
Pensamos nos campos de gelo acima da Terra; que não caem
sobre a Terra, mas donde cai água...
Popular Science News, 35-104:
Segundo o prof. Luigi Palazzo, chefe do Serviço Meteorológico
Italiano, a 15 de maio de 1890, em Messignadi na Calábria, caiu algu­
ma coisa do céu que tinha cor de sangue fresco.
A substância foi examinada nos laboratórios do Ministério da
Saúde em Roma.
E conclui-se que era sangue.
“A explicação mais provável deste terrível fenômeno é que pás­

294
saros migratórios (codornas ou andorinhas) foram atingidos por uma
tromba de ar e despedaçados.’1
Então a substância foi identificada como sangue de pássaros...
O que importa é o que disseram os microscopistas de Roma -
ou aquilo que deveríam dizer - e que importância há se sublinhamos
que não há nenhuma prova de que havia uma tromba de ar naquele
momento... e que uma tal substância seria atomizada num vento vio­
lento... e que não foi visto nenhum pássaro caindo do céu... e nem
mesmo foram vistos no céu... e que não se chegou a ver nem mesmo
uma pena de pássaro?
Um único dado:
A chuva de sangue do céu...
Mas, mais tarde, no mesmo lugar, o sangue chove de novo do
céu.

295
XXVIII
PEGADAS

Notes and Queries, 7-8-508:


Um correspondente que tinha estado em Devonshire, escreve
para ter informações a respeito de uma estória que tinha ouvido por
ali a respeito de uma ocorrência que tinha se verificado trinta e cinco
anos antes.
Isto é, todo o sul de Devonshire tinha acordado uma manhã e
tinha encontrado no solo recoberto de neve, pegadas de que jamais se
tinha ouvido falar, “pegadas de pés com artelhos” ou de “forma in-
classificável” - que se alternavam em enormes, porém regulares inter­
valos com aquilo que parecia traços da ponta de um bastão... mas era
notável o método com que estavam esparsas as pegadas sobre uma
estupefaciente extensão de terreno, como se os obstáculos como as
sebes, os muros e as casas fossem aparentemente superadas...
Havia uma intensa agitação, os vestígios foram seguidos por
caçadores e cães até que chegaram diante de uma floresta, da qual os
lebréis recuaram, ladrando aterrorizados, tanto que nenhum havia ou­
sado aventurar-se na floresta.
Notes and Queries, 7-9-18:
Todo o fato era bem lembrado por um correspondente: um te­
xugo tinha deixado suas pegadas sobre a neve, como foi estabelecido e
toda a agitação “foi totalmente cortada no espaço de um só dia”.
Notes and Queries, 7-9-70:
Há anos que um correspondente conservava um molde de pega­
das que sua mãe havia feito e que se encontrou sobre a neve de seu jar­
dim em Exmmouth: eram marcas de pés munidos de cascos... mas fo­
ram deixadas por um bípede.
Notes and Queries, 7-9-253:
O fato era bem recordado também por um outro correspon­
dente, o qual descreve a agitação e o sobressalto que se tinha apossado
de “certas classes”. Afirma que um canguru tinha fugido de um cer­

296
cado... “ e suas pegadas tão características e distanciadas uma da outra
difundiram o pânico entre as pessoas que acreditaram que por ali an­
dava o demônio”.
Apresentamos uma história, e agora vamos contá-la com base
nas fontes contemporâneas. Apresentamos os relatos subseqüentes an­
tes de maneira muito vaga para se ter uma impressão do efeito corre-
lativo que o tempo produz mediante as adições, as eliminações e as
distorções. Por exemplo, o fato de que a agitação “foi totalmente
cortada no espaço de um só dia”. Se tivesse descoberto que a agitação
tivesse desaparecido num tempo tão breve, estaria inclinado a aceitar
que nada extraordinário havia acontecido.
Mas descobri que a agitação havia durado por semanas e- sema­
nas.
Reconheço que esta é coisa muito apropriada para distrair a
atenção de um correlato.
Todos os fenômenos são “explicados” nos termos da Dominante
daquela época. Eis porque renunciamos à tentativa de dar uma verda­
deira explicação e nos contentamos de apresentar propostas. Demô­
nios que poderíam deixar pegadas sobre a neve dos correlativos da ter­
ceira Dominante andando retrogradamente frente à nossa época. En­
tão era uma adaptação segundo os correlativos do século XIX, ou tro-
pismos humanos, dizer que as pegadas sobre a neve tinham sinais de
artelhos. Vemos que o prof. Owen afirmou isto... apesar de Darvrín
não pensar desta maneira. Mas me refiro a duas de suas representações
que podem ser vistas na New York Public Library. Em nenhuma das
duas não há a menor impressão de pegadas com artelhos. Não se trata
de um prof. Owen que explica; trata-se de um professor Owen que
correlaciona.
Uma outra adequação nas notícias posteriores é aquela que con­
duz este dado não correlacionados à Velha Dominante para o campo
familiar dos contos de fada e ao descrédito pela assimilação com
aquilo que é por convenção fictício... assim, por exemplo, os ladridos
dos cães aterrorizados, e a floresta semelhante a uma floresta encan­
tada em que ninguém ousava aventurar-se. Foram organizados grupos
de caçadores, mas nas notícias contemporâneas não apareceram os
cães aterrorizados que ladravam.
A estória do canguru parece ser uma adaptação à necessidade de
um animal que pudesse saltar à distância, porque haviam sido encon­
tradas pegadas na neve sobre os telhados das casas. Mas o espaço de
neve coberto por pegadas era tão grande que depois de algum tempo
deve ter se ajuntado um segundo canguru ao primeiro.
Mas as marcas ocorriam em fila simples.
Acredito que para poder pisotear toda a neve do Devonshire
seria necessário mais de um milhar de cangurus com uma perna só e
cada um dos quais munido de uma ferradura...

297
O Times de Londres de 16 de fevereiro de 1855...
“Considerável sensação provocou nas cidades de Topsham, Lym-
phstone, Exmout, Teignmouth, e Dawlish nò Devonshire, a descoberta
de um número enorme de pegadas de pés de estranhíssima e misteriosa
descrição.”
A estória se refere a uma inacreditável quantidade de pegadas
na neve, na manhã de 8 de fevereiro de 1855, pelos habitantes de mui­
tas cidades e das regiões entre as cidades. Esta grande área foi natural­
mente trancurada por Owen e outros correlatores. As marcas se encon­
travam em inúmeros lugares diversos: nos jardins circundados por altos
muros, em cima dos tetos das casas, bem como no campo aberto. Em
Lymphstone não havia quase nenhum jardim que não estivesse marca­
do... Tivemos exclusões heróicas, mas creio que a exclusão tivesse
encaminhamento titânico. Como as pegadas se desenvolviam por fila
simples, afirmou-se que eram “mais semelhantes àquelas de um bípede
que de um quadrúpede” como se um bípede colocasse um pé exata­
mente à frente do outro - a menos que não salte - mas então deve­
mos pensar num milhar de bípedes, se não em milhares destes.
Afirmou-se que as pegadas estavam “normalmente a 8 polegadas
uma da outra”.
“A marca do pé assemelhava-se muito à de um casco de mulae
media de uma polegada e meia a duas polegadas e meia de largura.”
Ou ainda as marcas eram de um cone com base incompleta ou
em meia-lua.
O diâmetro era igual aos cascos de um jovem poldro; muito
pequeno para ser comparado aos cascos de u’a mula.
“No domingo seguinte o reverendo Musgrave alude no seu ser­
mão a este assunto e sugere a possibilidade de que as marcas fossem as
de um canguru, mas isso não deveria ser exato, posto que foram en­
contradas em. ambas as jnargens do Este. No momento este fato per­
manece sendo um mistério e muitas pessoas supersticiosas da cidade
mencionada tem realmente medo de sair de casa à noite.”
O Este é um lago com duas milhas de comprimento (3,2 km).
Times de Londres de 6 de março de 1855:
“O interesse por este acontecimento não acabou de todo, ainda
agora estão em curso muitas indagações acerca da origem destas pega­
das que provocaram tanta consternação na manhã de 8 de fevereiro.
Além das circunstâncias já mencionadas no Times de algum tempo
atrás, podemos acrescer que em Dawlish um grande número de pes­
soas armadas com fuzis e outras armas deu uma batida para, se possí­
vel, descobrir e matar o animal que se ocupou, segundo eles, em
multiplicar tantas pegadas. Como se poderia esperar, os caçadores vol­
taram como haviam partido. Foram estabelecidas muitas hipóteses

298
relativamente às pegadas. Alguns afirmaram que se tratavam de pega­
das de canguru, enquanto outros que se tratavam de patas e artelhos
de grandes pássaros levados até a costa pelo vento. Mais de uma vez
circulou a notícia de que te ria sido capturado um animal fugido de
uma jaula, mas no presente, a coisa continua envolta no mesmo mis­
tério inicial.”
Em Illustrated London News é dedicado algum espaço à ocor­
rência. No número de 24 de fevereiro de 1855 há a reprodução de
um esboço das pegadas.
Eu as chamo cones de base incompleta.
Excluindo-se o fato que são um pouco longas assemelham-se
às marcas de cascos de cavalos... ou melhor, de potro.
Mas dispostas em fila única.
Há a afirmativa de que as pegadas desenhadas guardavam entre
si a distância de 8 polegadas uma da outra e que a distância era
invariável e regular “em cada paróquia”. Foram citadas ainda outras
cidades além daquelas já mencionadas no Times. O autor que havia
passado um inverno no Canadá e tinha familiaridade com as pegadas
na neve afirma jamais ter visto “uma pegada mais claramente impres­
sa”. E, por outro lado, sublinha o ponto que havia sido transcurado
por Owen e outros correlatores... isto é, que “não se conhece nenhum
animal que caminhe deixando pegadas impressas ao longo de uma
linha, nem mesmo o homem”. Com esta inclusão mais ampla, o autor
conclui conosco que aqueles sinos não eram marcas de pé. Pode ser
que sua observação subseqüente atinja o ponto crucial de todo
negócio.
Isto é, que qualquer que tenha sido a coisa que produziu aqueles
sinais, tinha eliminado a neve, em lugar de calcá-la.
Segundo suas observações, parecia que a neve “tinha sido mar­
cada com ferro em brasa”.
Illustrated London News, 3 de março de 1855-214:
Owen, a quem um amigo havia enviado desenhos das pegadas,
escreve que eram sinais de artelhos e afirma que a “pista” havia sido
deixada por um “texugo”.
Seis outras testemunhas enviaram cartas a este número do News.
Uma das que se fala, mas que não foi publicada, fala de um cisne
perdido. Encontra-se sempre esta visão homogênea... “um” texugo...
“um” cisne... “uma” pista. Deveria ter listado outras cidades além das
que designa o Times.
É reproduzida uma carta do sr. Musgrave. Também ele envia
um desenho das pegadas. Também ele fala de uma única fila. Apre­
senta quatro pegadas das quais a terceira sai um pouco do alinha­
mento.
299
Não há nenhum sinal de artelhos.
As pegadas parecem as marcas dos cascos um pouco alongados
de um jovem potro, mas não são tão delineadas como aquelas do
desenho de 24 de fevereiro, como se tivessem sido desenhadas depois
que o vento as tivesse alterado ou depois que começaram a gelar.
Medidas feitas ao longo de uma milha e meia (2400 m) de distância
mostraram o mesmo espaçamento entre as pegadas... “exatamente
oito polegadas e meia” (21,8 cm).
Estudemos agora, brevemente, a psicologia e gênese de uma
tentativa de correlação. Musgrave diz: “Acho que é muito oportuno
falar de um 'canguru' em relação ao acontecido.” Afirma que não
acredita pessoalmente na estória do canguru, mas que está contente
que “se fale em cangurus” porque é a opinião que contrasta com
“aquela perigosa, degradante e falsa impressão de que tenha sido o
demônio”.
“Minha palavra foi dita no momento oportuno e causou bem.”
Seja ou não jesuítico, ainda que tenhamos nos deixado freqüen-
temente longe deste comportamento por puro amor à controvérsia,
este é o nosso ponto de vista relativamente a cada correlação do
passado que foi considerada neste livro... relativamente á Dominante
da própria era.
Um outro correspondente escreve que, ainda que os signos
parecesseiji em todos os casos marcas de cascos, haviam traços indis­
tintos de‘artelhos e que tinha sido uma lontra que deixara aquelas
pegadas. Depois deste, muitas outras testemunhas escreveram para o
News. A correspondência foi tamanha que no número de 10 de março
não te pode oferecer apenas uma; mas sim uma escolha. Soluções
como: a de “um” rato saltador e a hipótese de “um” sapo saltador,
depois alguém se sai com a idéia de “uma” lebre que tivesse corrido
com as patas tão próximas que causara a impressão de uma única
linha.
Times de Londres de 14 de março de 1840:
“Entre as altas montanhas daquela região elevada onde se encon­
tram, vizinhas, Glenorchy, Glenlyon, e Glenochay, durante este inver­
no e o precedente foram encontrados algumas vezes os traços de um
animal aparentemente desconhecido até então na Escócia. A pegada,
em todos os aspectos, era uma cópia exata da de um poldro de consi­
deráveis dimensões, com a única diferença talvez, que a sua parecia
um pouco mais longa e menos arredondada, mas como ninguém até
agora teve a sorte de ver tal animal, nada mais se pode dizer relativa­
mente à sua forma e ás suas dimensões; somente, pela profundidade
com que se afundou a marca em a neve, pode-se perceber que talvez se
tratasse de um animal de consideráveis dimensões. Observou-se por
outro lado, que sua andadura não é semelhante â da maioria dos

300
quadrúpedes, mas é semelhante, antes, ao saltitamento de um cavalo
que começa a corcovear quando é fustigado ou perseguido. Suas
pegadas não foram encontradas numa só localidade, mas em toda
uma zona de pelo menos doze milhas (19 quilômetros).
Em Illustrated London News, de 17 de março de 1855, um
correspondente de Heildelberg escreve, “baseando-se na autoridade
de um médico polaco” que em Piashowagora (Colina de areia), uma
pequena altura nos confins da Galícia, mas na Polônia russa, pode-se
ver cada ano pegadas semelhantes sobre a neve e por vezes também
na areia daquela colina e que “essas são atribuídas pelos habitantes a
influências sobrenaturais”.

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