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ROBERT CHARROUX
O LIVRO DOS
SEGREDOS TRAÍDOS
Tradução
de
JOAQUIM FERNANDES DA CONCEIÇÃO
LIVRARIA BERTRAND
APARTADO 37 - AMADORA
Título original
LE LIVRE DES SECRETS TRAHIS
APÓCRIFOS E HISTÓRIAS
FANTÁSTICAS.................................................................................................................98
O OUTRO MUNDO DO
GRAAL...................................................................................................................................103
O CASTELO DO SENHOR DO
MUNDO......................................................................................................................111
O GRUPO
TULE..............................................................................................................................................................117
A VISÃO DE
EZEQUIEL...............................................................................................................................................130
A
CABALA......................................................................................................................................................................136
O LIVRO DO MAGO
SCOT...........................................................................................................................................143
BRUXOS E
MATEMÁTICOS........................................................................................................................................151
O SÉTIMO SELO DO
APOCALIPSE............................................................................................................................162
O MISTERIOSO
DESCONHECIDO..............................................................................................................................169
A CENTRAL DO SEGREDO
AMARELO.....................................................................................................................181
PREFÁCIO
A humanidade arrisca-se a desaparecer sem saber de onde vem e se o seu destino foi dirigido
por mestres desconhecidos e desviado do seu curso natural.
Ela ignora se antepassados superiores, em tempos muito remotos, edificaram grandes civiliza-
ções desconhecidas dos nossos dias e tentaram, como nós, a conquista do cosmo.
Mistérios que nos fascinam e nos perturbam pela sua impenetrabilidade solicitam sempre a nos-
sa curiosidade: a eclosão mágica da arquitetura egípcia, os enigmas da mitologia grega, da Hiperbó-
rea, da Atlântida, da construção das pirâmides, das «torres de homens voadores» de Zimbabué e do
Peru, da levitação, da Cabala, do Graal e das antigas sociedades secretas.
Tendo, talvez, o pressentimento de viver o fim de uma era, os homens inquietos querem arran-
car os antolhos e pôr em causa tudo o que lhes tem sido imposto.
Nesta linha, e à margem da história oficial, vamos, sob forma hipotética, propor novas explica-
ções da história visível e invisível, prolongando-as através de introspecções naquilo que é costume
chamar-se «universos paralelos»: outro mundo, antitempo, antiuniverso, não com a palavra agressi-
va do orador, seguro da sua causa, mas com a humildade do investigador obstinado mas consciente
de poder avançar alguns passos.
Um erro enorme falseou a compreensão da nossa gênese e a história e a pré-história foram a
que se quis que elas fossem.
Imaginem um fino traço numa linha de quinhentos milhões de quilômetros de comprimento ou
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um grão de poeira no Saara; tal se assemelha, em valor concreto, ao que representam as nossas eras
históricas e pré-históricas no conceito espaço-tempo.
Será razoável acreditar que a nossa civilização se tenha limitado a esse traço minúsculo ou te-
nha sido somente esse ínfimo grão de areia?
As nossas tradições ancestrais, de obscuras e tenazes intuições, sugerem-nos a hipótese de um
destino grandioso que o homem teria alcançado nos ciclos de civilizações desaparecidas, mas a
ciência oficial diz NÃO a tudo o que quer ressurgir dos abismos profundos do passado.
Uma só verdade parece, pois, subsistir: a do Mistério, na qual é preciso acreditar como a única
realidade válida e indestrutível.
Um dos maiores gênios de todos os tempos, o físico Albert Einstein, talvez o homem mais apto
a compreender todas as coisas, deu-nos a «chave de ouro» do conhecimento e do maravilhoso hu-
mano:
«O mais belo sentimento que se pode experimentar», escreve ele, «é o do sentido do mistério. É
a fonte de toda a verdadeira arte, de toda a verdadeira ciência. Aquele que nunca experimentou essa
emoção, que não possui o dom de se maravilhar e de se deslumbrar, mais lhe valeria estar morto: os
seus olhos estão fechados.»
Neste estado de espírito, Jean Cocteau teve a audácia de encorajar o nosso primeiro livro, His-
tória Desconhecida dos Homens desde Há Cem Mil Anos1, onde avançamos hipóteses bastante au-
dazes.
O grande poeta, crente como Einstein, honrou-nos com uma longa carta que terminava com es-
tas linhas:
1 Editado em Portugal pela Livraria Bertrand. (N. do E.)
7
«Deveríamos conservar e consultar este livro, que, além do mais, nos mostra o seu cunho pes-
soal… (e meditar) na humildade do conjunto de provas, que rodeiam o terrível e longo disparate hu-
mano e das descobertas que se sucedem por tão pobres caminhos.
Você explicou-me o número de estrofes do réquiem que eu interpretava erradamente, pois os
seus textos ultrapassam a exegese e mostram-nos com clareza tudo o que nos parecia distorcido.
Seu JEAN COCTEAU.»
Com as nossas desculpas a Jean Cocteau, o nosso livro não representa senão um murmúrio de-
sajeitado, indigno da sua maravilhosa solicitude, pois que a verdade mais próxima se nos apresenta
após os estudos dos apócrifos e dos textos antigos das grandes civilizações perdidas. A VERDADE
DO OCIDENTE.
O mundo nasceu no Ocidente; a luz vem do oeste; eis a chave mágica que, verdadeiramente,
pensamos irá entreabrir a porta do Misterioso Desconhecido.
8
PRIMI-HISTORIA
Entendemos por primi-história o período da vida da humanidade anterior à proto-história, paralela à pré-
história,
mas diferente no sentido em que ela pressupõe a existência de civilizações avançadas.
CAPÍTULO I
AS CIDADES SUBMERSAS
A TERRA DESTRUÍDA
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A Bíblia fala-nos do Dilúvio, e as tábuas de argila da Babilônia dá-nos dele uma versão idênti-
ca e mais antiga: é esta a história escrita, no sentido literal da palavra, e que se considera, geralmen-
te, como o primeiro testemunho da nossa civilização.
Este postulado procede, segundo nós, de um erro milenário dos Hebreus e dos cristãos, para
quem, na Tora e na Bíblia, estão contidos os cânones da verdade. «Não mudar uma linha… uma pa-
lavra… um iod…», indicam os textos hebraicos!
É óbvio que o mundo deve muito aos Hebreus, bem como aos Hindus, aos Egípcios e aos Gre-
gos; certamente que a Bíblia é um documento precioso, mas Adão e Eva não eram nem semitas,
nem hindus, nem egípcios, nem gregos. De fato, tal concepção não se preocupou demasiado com as
descobertas feitas de há um século a esta parte de sociedades pré-históricas muito evoluídas, as
quais, o que é lamentável, foram ignoradas pelos escribas do Gênese.
Depois da eliminação dos pseudo-hominídeos — australopiteco, sinantropo, pitecantropo, ho-
mem de Fontéchevade. homem de Piltdow, que representam, quer fraudes notórias quer extravagân-
cias —, parece que o primeiro homem conhecido é o Cro-Magnon, um puro perigordino com cerca
de quarenta mil anos.
Permanecendo sempre na linha da pré-história, a civilização é pictoperigordiana porque não se
pode negar a qualidade de civilizados aos desenhadores que gravaram os livros de pedra da bibliote-
ca pré-histórica de Lussac-les-Chateaux (Vienne) e aos pintores perigordinos das grutas de Montig-
nac-Lascaux (Dordogne).
Todavia, os arqueólogos, ou por sectarismo religioso ou por falta de convicção e de combativi-
dade, recusam imaginar uma verdadeira civilização de Cro-Magnon ou do Neandertal, com cidades,
comércio, indústrias, artes, etc.
Se se entende por civilização a expressão de uma sociedade análoga à nossa, então, sem dúvida,
devemos manter o Cro-Magnon nos limites originais.
Mas não será abusivo acreditar que a primeira civilização humana foi mediterrânica ou oriental,
ou até terrestre?
A nossa história remonta a muito antes das tábuas de argila dos Sumérios, uma vez que as tradi-
ções orais e a geologia nos trazem o eco longínquo de acontecimentos exteriores ao mundo dos An-
tigos, difíceis de datar, mas cuja autenticidade é certa.
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entre a França e a Inglaterra: aqui está uma certeza histórica anterior aos Sumérios.
Sempre por ordem cronológica as escritas pré-históricas e alfabetiformes de GlozeI (Allier),
Newton (Escócia), Alvão (Portugal), Bautzen (Saxe), Costil (Romênia) precedem as tábuas da Ba-
bilônia em vários milênios e sugerem a existência de povos cultos, herdeiros das mais antigas civili-
zações desaparecidas.
Teimosamente, os arqueólogos isolam-se no racionalismo estreito: o ferro não existe para lá de
três mil e quinhentos anos no passado… Sendo assim, o bronze precedeu o ferro (o que é altamente
insensato, visto que apenas se tem em conta os limites da conservação da matéria); não existem ruí-
nas mais antigas que os zigurates (torres em andares) da Babilônia… Deste modo, o mundo civiliza-
do nasceu na Suméria!
Pois bem: acho que não!
As tradições chinesas asseguram que a civilização terrestre é anterior em várias centenas de mi-
lhares de anos à nossa época.
O naturalista Buffon pensa que, em certas regiões do globo, granito, pórfiros, jaspes, quartzos
são atirados em blocos, segundo uma linha de queda, contra outros corpos fósseis, totalmente estra-
nhos à Terra.
O célebre matemático Laplace1 escreve:
Grandes povos, cujos nomes são pouco conhecidos da história, desapareceram do solo que ha-
bitaram; a sua língua e mesmo as suas cidades foram aniquiladas; nada resta dos monumentos, da
sua ciência e da sua indústria senão uma tradição confusa e algumas ruínas de origem incerta.
Alexandre Humboldt, criador da geografia botânica, assegurava que um grande cataclismo ti-
nha submerso a maior parte do território que era habitado.
É incontestável, diz Arago, que as inundações não explicam os efeitos observados pelos geólo-
gos. O grande físico acreditava numa imensa convulsão na superfície terrestre causada por uma ca-
tástrofe cósmica.
Há inúmeras provas tradicionais ou monumentais que nos fazem saber que, antes desta confla-
gração geral, a Terra havia tido uma civilização universal da qual só restam vestígios, afirmou, em
1785, Jean Sylvain Bailly. astrônomo real, membro da Academia das Ciências. Partindo destas re-
velações de homens ilustres, o escritor A. d’Espiard de Colonge tinha resumido assim o problema:
Tudo parecia estar acumulado e sem ordem sobre a superfície terrestre. Dir-se-ia que um outro
mundo caiu sobre a Terra, misturando-se aí e transformando tudo em ruínas.
Presentemente, geólogos, etnólogos, arqueólogos e cientistas de todas as disciplinas estão de
acordo ao reconhecer que vários grandes sismos e dilúvios varreram a Terra e destruíram a sua po-
pulação em épocas aproximadamente determinadas: 4000, 10.000. 16.000 anos antes da nossa era.
Tudo faria crer na autenticidade de civilizações desaparecidas se os pré-historiadores não tives-
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sem semeado a dúvida nos espíritos com as suas eras do paleolítico, do neolítico e do homem em-
brutecido, descendente direto do macaco. E impossível, nestas condições — se os orangotangos ou
os antropoides são nossos antepassados —, admitir que eles pudessem conhecer a televisão, a radia-
tividade e a viagem no espaço!
Mas, alguns anos depois, duas descobertas repõem tudo em questão e destroem as teorias dos
pré-historiadores da «velha guarda»:
— É pouco provável que o homem descenda do macaco:
— O paleolítico e o neolítico são invenções, erros monumentais que se sustentam em interpre-
tações abusivas, como o demonstraremos2.
Por outro lado, tais provas continuam a existir: cidades foram soterradas, continentes engolidos
por dilúvios e cataclismos cósmicos, civilizações desconhecidas precederam a nossa.
Buffon, Laplace, Arago. Humboldt e centenas de outros cientistas acreditavam nisto: e você,
porque não?
nunca utilizaram facas, machados ou utensílios de sílex, salvo alguns análogos aos nossos atuais
«mendigos». Se a humanidade passada ti -
vesse utilizado o sílex de maneira corrente, dever-se-ia encontrar milhares e milhares de exemplares. Ora
não se encontra praticamente
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nada. Ou seja, apenas algumas centenas de milhares de machados (utensílio principal) que justificam a
existência de dez a vinte habitantes
do globo em cada geração. Nem mais um!
3 O rei Salomão enviou expedições a Ofir, que se julga ser o Zimbabué (Rodésia do Sul), para arranjar o
ouro necessário à construção
do Templo. Mas sabe-se que o rendimento foi escasso: quatrocentos e vinte talentos de ouro fino por uma
destas expedições, o que corres -
pondia a catorze milhões de dólares em 1941. Na realidade, Salomão era um pobre rei que teve de se
juntar a Hiram para construir o Templo.
A afirmação de M. de Colonge não é, pois, desprovida de lógica.
conjunto constitui um trabalho tão titânico que nem a Grécia de Péricles nem a Grécia moderna tê-
lo-iam empreendido e levado a bom termo.
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SOB A ESFINGE
A cerca de sessenta pés de profundidade, sob a Esfinge, onde procedia a escavações, Mariette
encontrou construções ciclópicas e um magnífico templo que compreendia um vasto conjunto de
quartos e galerias de granito e alabastro, sem qualquer inscrição nem baixo-relevo, enterrado há tan-
tos milhares de anos que nenhum historiador poderia supor a sua existência5.
Ora, a tradição afirma que a edificação da Esfinge desafia a memória dos homens, e talvez se
possa dizer o mesmo das Pirâmides, as quais, evidentemente, não foram construídas num deserto.
Na História Desconhecida dos Homens desde Há Cem Mil Anos juntamos ao dossier deste mis-
tério uma inédita e importante contribuição, à qual podemos ainda acrescentar algo.
4 Esta expressão significa, sem dúvida, que se trata de uma cidade submersa na areia e não na água.
5 Grand Dictionnaire Universel du XIXe Siècle, tomo IV, página 268, col. 2. Com ou sem razão os
arqueólogos acreditam que a Esfin-
ge foi construída numa placa rochosa.
Se as Pirâmides são o que se julga — espécie de caixas capazes de resistir aos cataclismos ter-
restres e ao amontoar das areias —, é forçoso admitir que também são um relicário onde se escon-
dem os documentos mais preciosos das antigas civilizações.
É provável, então, que os construtores tenham querido dar-lhe certas medidas, uma dada massa
e uma arquitetura exterior e interior reveladoras de altos conhecimentos em matemática e astrono-
mia.
Os monumentos egípcios são colossais pedras falantes que muitos não-iniciados submeteram a
torturas. Contudo, regista-se um fato extremamente curioso: é que, a despeito de mil conjecturas ci-
entíficas, paracientíficas, ocultas, etc., as Pirâmides de Gizé ainda não revelaram o seu segredo!
AS PIRÂMIDES
A data da sua construção é ainda um mistério, porque, se Bonaparte adiantou o número de qua-
tro mil anos, Heródoto falou em seis mil6.
Segundo o historiador Abou-Zeyd-el-Balkhy, «a inscrição gravada nas Pirâmides foi traduzida
em árabe; indicava-nos a época da construção; foi na altura em que a Lira estava no signo do Caran-
guejo; este cálculo dá duas vezes trinta e seis mil anos solares antes da Hégira»!
Parece-nos muito exagerado!
Papiros encontrados nas múmias egípcias pelos arqueólogos árabes ou coptas Armelius, Abu-
mazar e Murtadi fornecem relações mais verdadeiras.
Naqueles tempos, dizem os textos, Sauryd, filho de Sahuk, rei do Egito, viu em sonhos um
grande planeta que caía sobre a Terra num tumulto medonho e produzindo as trevas. As populações
dizimadas não sabiam onde se pôr a recato para evitar a queda de pedras e águas ferventes que
acompanhavam o cataclismo… Estes fatos produzir-se-iam quando o coração de Leão chegasse ao
primeiro minuto da testa do Caranguejo. O rei Sauryd ordenou então a construção das Pirâmides.
Este testemunho está de acordo com a «queda do céu» contada por todas as tradições do mundo
e relativo, segundo nós, à entrada do planeta Vênus no sistema solar.
Os Antigos afirmam que o revestimento calcário das Pirâmides — hoje totalmente desapareci-
do — tinha inserções em língua completamente desconhecida, vistas no século XVI pelo historiador
e médico árabe Abdallatif.
Todavia, nenhuma hipótese elucida de maneira satisfatória o mistério das Pirâmides: o seu des-
tino continua um mistério, a sua escrita não pôde ser reencontrada e a sua implantação é-nos impe-
netrável.
Resta explicar, diz o arqueólogo Jomard, porque foi edificada uma tão prodigiosa acumulação
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de pedras.
E por quê todas estas galerias, esta profusão de câmaras, os poços de que se ignora a saída ou
extremidade inferior… os canais oblíquos, horizontais, em cotovelo, de diferentes dimensões… os
vinte e cinco encaixes sobre os peitoris da galeria alta, a grande galeria elevada e seguida de um
corredor extremamente baixo, essas três bancadas singulares que precedem a câmara central, e a sua
forma, os seus pormenores, sem analogia com nada do que se conhece…
Sem analogia com o que se conhece… eis talvez uma das chaves do enigma!
De fato, os ocultistas têm dado resposta a estas questões, sustentando, principalmente, que se
tratava de um percurso iniciático; na verdade, outros monumentos no mundo apresentam mistérios
semelhantes, mas não idênticos: os megálitos, os alinhamentos, as cavernas megalíticas da Bretanha
e da Grã-Bretanha, o templo de Hagar-Quim, na ilha de Malta, as estátuas da ilha de Páscoa, as pi-
râmides de terra da Polinésia… o desconhecido, o misterioso, abundam no nosso globo, mas a ar-
6 Classicamente, as Pirâmides são túmulos e, tal como a Esfinge, datariam da IV dinastia (2900 a.C.).
quitetura interior das Pirâmides do Egito é aquela que mais particularmente não possui analogia
«com o que se conhece».
CONSTRUÇÕES EXTRAPLANETÁRIAS?
Logo, surge a questão: e se o seu sentido, a sua razão de existir pertencem a concepções estra-
nhas à capacidade terrestre?
Esta conjectura foi avançada, certa noite, numa reunião da Table Ronde, à volta da qual os
membros de uma sociedade secreta de Paris estudam problemas do fantástico ou do misterioso des-
conhecido7.
Na hipótese da vinda à Terra de homens de outro planeta, esses ancestrais superiores, depois de
séculos ou milênios de existência terrestre, teriam calculado com exatidão a data da hecatombe fi-
nal.
Querendo deixar às eventuais gerações futuras um memorial que lhes pudesse servir para a sua
reeducação, mandaram edificar, no Egito, as Pirâmides e, na Bolívia, a Porta de Tiahuanaco.
A ciência destes extraterrestres era, evidentemente, condicionada pela sua essência, e nenhum
arqueólogo pôde ainda, com o seu gênio terrestre, encontrar a sua chave. Mas a evolução futura per-
mitirá, sem dúvida, a tradução dessa mensagem.
A orientação da Grande Pirâmide, quando ela coincidir com o norte, será o sinal de uma nova
era, e então a verdade escondida no fundo dos misteriosos poços aparecerá, nua e resplandecente…
terrível, talvez.
Os empíricos, procurando padrões de medidas e coordenadas nas dimensões, certamente muito
estudadas, do monumento, não fazem senão prever uma verdade ainda mal definida e muda.
Estas tradições e descobertas arqueológicas, sem elucidar o enigma, levam-nos, porém, à con-
firmação de que as infraestruturas das Pirâmides são consideravelmente anteriores ao dilúvio bíbli-
co.
CIDADES-REFÚG1OS
É lícito sugerir que a cidade secreta de Gizé — se ela existe — pudesse ter servido, várias ve-
zes, de refúgio aos homens, no decurso de vários dilúvios. Terá ela a mesma função no próximo ca-
taclismo terrestre? Esta sugestão, aceite entre os iniciados, leva a pensar que os arquivos antediluvi-
anos estariam ainda escondidos sob as Pirâmides.
As tradições da Índia, da Ásia Menor e das duas Américas indicam, numa estranha concordân-
cia, que em todos os continentes os iniciados saberão encontrar um refúgio altamente seguro.
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Ossendowski, na obra Animais, Homens e Deuses, conta que um lama chinês «afirmou ao
Bogdo-Khan que as cavernas subterrâneas da América são habitadas por um povo antigo que desa-
pareceu da superfície».
Lenda — pensar-se-á. Talvez não. É verdade que as cidades subterrâneas americanas não são
atualmente habitadas pelo «povo que desapareceu da superfície», mas foram-no há alguns milhares
de anos. O naturalista Charles d’Orbigny viu, no século passado, nas ruínas de Tiahuanaco, na Bolí-
via, as entradas de galerias que conduziam à cidade secreta.
É mesmo provável que os túmulos abertos e as galerias cobertas da Bretanha e da Irlanda de-
7 Esta sociedade secreta reúne-se periodicamente numa sala das traseiras de um restaurante de
Montmartre, na Rue Rodier. Em redor de
uma mesa redonda, iluminada por uma lâmpada de petróleo, oito pessoas — quatro homens e quatro
mulheres — sujeitam todos os enigmas
a explicações libertas de dogmas científicos e religiosos, a fim de separar as diferentes verdades num
espaço e num tempo (ou num espaço-
tempo), hipóteses essas que não seriam admitidas por espíritos sujeitos ao racionalismo clássico.
vessem servir também de abrigo «contra a queda de pedras do céu», na altura do grande cataclis-
mo8.
Entre os peruanos do vale da Xauxa, entre os mexicanos e os índios dos lagos, reencontramos
igualmente a tradição do refúgio secreto dos iniciados, tendo como missão recomeçar o Mundo.
.4 TERRA E A LUA
A Bíblia explica as causas e a natureza exata do cataclismo cósmico pela cólera divina, mas,
mais racionalmente, pensa-se numa perturbação ocorrida no nosso sistema solar.
O drama do Dilúvio, dizia-se na Antiguidade, teria coincidido com uma grande «estreia» pla-
netária.
O barão Espiard de Colonge avança com esta teoria, incrível, à primeira vista, mas que seria in-
justo refutar sem estudo, já que ela encontra apoios, pelo menos parcialmente, pistas e indícios sig-
nificativos, senão mesmo convincentes.
Em resumo, o autor pensa que a Lua esvaziou sobre a Terra grande parte do seu córtex mineral,
vegetal e animal, soterrando, deste modo, os nossos antigos vales, cidades e civilizações, erguendo
montanhas onde havia apenas planícies, afogando, por outro lado, sob um deserto de areia, as regi-
ões verdejantes e populosas9.
Por certo, esta teoria é fantástica, mas não se pode eliminá-la deliberadamente, porque todos sa-
bemos — exceto os pré-historiadores — que o nosso globo sofreu consideráveis bombardeamentos
meteóricos que submergiram regiões e destruíram povoações inteiras.
Os homens têm a memória curta! Esqueceram-se das mortais chuvas de pedras, de terra, de
fogo, das inundações (os dilúvios) que periodicamente, e ainda há pouco — 1500 a.C. —, devasta-
ram o nosso planeta.
De fato, é por milagre que, passados alguns milênios, vivamos numa tranquilidade cósmica…
um milagre que não será eterno!
De acordo com este pensamento, Colonge prevê que aos europeus modernos e todos os outros
povos não lhes restam senão alguns séculos de espera, organizando-se e preparando-se, na Terra,
para suportar os numerosos assaltos, sempre misteriosos, vindos do espaço… experiência que não
será mais que um novo ato de progresso ou de transformações celestes.
Não se trata já do fim do mundo, acrescenta, mas sim da evolução universal, não obstante algu-
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mas pessoas, que, a propósito de tudo, à parte as banalidades que admitem, se apressarem a classifi-
car de sacrilégio ou devaneios científicos as palavras sensatas dos que querem corrigir o seu estreito
e limitado espírito (sic).
9 Com efeito, a Lua com a sua face destruída, nua e poeirenta, apresenta bem o aspecto de um planeta
cuja crosta teria sido tragada pelo
vazio ou lançada para qualquer outra parte. Desnudada a frio, parece escalapada, o que leva a supor que a
causa foi um terrível cataclismo.
Por outro lado, não tem oceanos nem tão-pouco atmosfera, ou então perdeu-os, o que é mais crível Por
fim. diz-se e vê-se nas mais recentes
fotografias enviadas pelas sondas norte-americanas que a Lua sofreu um horrível bombardeamento de
meteoros, ficando cravada de crateras,
como sucedeu com os campos de Argonne, em 1818. Logo surge a pergunta: por quê este
bombardeamento sobre a Lua e não sobre a Terra?
Teria sido a Lua um planeta viajante, flagelado ao longo de uma imensa digressão espacial e que, depois
de alguns choques ou mesmo toques
de raspão com a Terra, se teria, finalmente, tornado seu satélite?
Colonge alardeou uma singular sagacidade ao anunciar, com um século de antecedência, guerras
nucleares, cataclismos naturais e tal -
vez uma intromissão de extraterrestres. Do mesmo modo, sustenta a tese — que depois se tornou clássica
— da evolução universal.
Há 10.000 ou 11.000 anos, o globo terrestre foi por várias vezes agitado, despedaçado, esven-
trado por catástrofes em proporções semelhantes aos efeitos que causaria o rebentamento de milha-
res de bombas atômicas de cem megatoneladas.
Os oceanos precipitaram-se sobre as montanhas e os vales, os polos deslocaram-se, continentes
foram submersos e outros irromperam, totalmente novos, dos abismos marinhos, e a humanidade,
por sua vez, pereceu quase total mente.
Estes simples exemplos de «fim do mundo» não são muito antigos e os nossos antepassados
que deles escaparam, milagrosamente, foram testemunhas e transmitiram a sua recordação e as peri-
pécias através de tradições e escritas sagradas.
Contudo, tolamente descuidados, ou obedecendo não se sabe a que inesperadas instruções, os
demiurgos da nossa sociedade, das nossas instituições, da nossa ciência, simulam ignorar ou refutar
os acontecimentos primordiais.
A Atlântida submersa? Uma fábula de Platão!
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cios, bastante maltratados pelo cataclismo, não puderam perseguir os Hebreus: nesta ordem de ideias, a
passagem do mar Vermelho seria
uma fábula!
12 F. Guiraud e A.-V. Pierre, Mythologie général, Editions Larousse.
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do foi destruída.
Idênticos termos são empregues nas tradições chinesas, que correspondem, talvez, ao dilúvio
do imperador Yaou, que viu as águas subir aos picos das montanhas e matar milhões de pessoas.
O mesmo se aplica ao «fim de uma era do mundo» no Japão; na Sibéria, conta-se que um mar
de fogo dizimou toda a Terra; as tradições dos Esquimós, dos Lapões e nomeadamente dos Finlan-
deses — no Kalevala — asseguram que a Terra foi revolvida e o que estava em baixo passou para
cima; um cataclismo universal foi seguido de um dilúvio que destruiu a humanidade.
Na América, na Colômbia, o dilúvio de Bochica e o do mexicano Coxcox são semelhantes ao
dilúvio de Noé, com um número de sobreviventes que se poderiam contar pelos dedos.
Os índios da Nova Califórnia e da região dos Lagos, na altura em que as suas tribos ainda exis-
tiam, lembram-se do «fim do mundo», que também é relatado pelos antigos mexicanos no Popol-
Vuh.
O céu despenhou-se outrora sobre o Brasil; na Polinésia, surgiu, depois do Dilúvio, uma chuva
de fogo, as terras afundaram-se e outras saíram do mar…
Estes dilúvios e cataclismos de caráter cósmico 14, atestados por tradições, provados por Cuvier
e pelos geólogos, deixam poucas dúvidas sobre a autenticidade das civilizações desaparecidas, de
continentes engolidos, enterrados… enfim, sobre a realidade de uma história invisível que é fasci-
nante reconstituir.
14 Todas as tradições do Globo, mesmo as dos aglomerados mais remotos da África e da Polinésia,
conferem um caráter cósmico ao
«fim do mundo» antediluviano, salvo a Bíblia, para a qual todo o universo está concentrado em redor de
Jerusalém.
CAPÍTULO II
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Uma grande realidade, e das mais flagrantes, aumenta ainda mais o enigma: estes países da
África e da Ásia estão situados exatamente sobre um paralelo onde os sismos são frequentes, o que
é igualmente verdade para a cordilheira dos Andes, onde floresceu a poderosa civilização dos Incas,
e para as montanhas do México e da Guatemala, onde se fixaram os Maias e os Astecas.
Se se estabelecesse a carta geográfica das zonas de sismos e vulcões e linhas de fratura da cros-
ta terrestre, obtinha-se, ao mesmo tempo, a representação exata das terras, emergidas ou submersas,
onde nasceram as primeiras civilizações: México, Guatemala, Peru, Chile, Colômbia, Bolívia, Áfri-
ca do Norte, Espanha, França, Itália, Grécia, Egito, Pérsia, Mesopotâmia, Afeganistão, China, Índia,
etc., sem esquecer a misteriosa Hiperbórea e as hipotéticas Atlântida e Terras de Mu.
Eis-nos mergulhados no fantástico!
Não lhes bastando preferir o deserto ao paraíso, os nossos antepassados da pré-história mostra-
ram-se gênios ou sádicos ao instalar-se onde nunca poderiam erguer as suas tendas ou construir as
aldeias, nos únicos lugares da Terra onde ela vomita cinzas ou cospe fogo, procura engolir tudo,
matar, aniquilar, impulsionar as águas dos oceanos em dilúvios e maremotos!
Ali e em mais nenhum lugar!
Como se os homens tivessem imperiosa e inconsciente necessidade de captar, pelas fendas e in-
terstícios da Terra-Mãe, ignoradas radiações ou eflúvios, indispensáveis ao seu desenvolvimento.
Filho de Geia, o homem, feito de argila e pó, quer viver no ventre materno por mais monstruo-
so que ele seja, porque dela recebe o sopro vital saído das entranhas, por ela participa no nascimen-
to incessante das fendas num ritmo fecundante e evolutivo2.
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Não são o amor e o erotismo que fazem mover o universo estático da não-criação?
Não será o erotismo o sinal + que significa gênese, ou seja: leis físicas, eletrodinâmica, psicolo-
gia e, no plano humano, a suprema manifestação elaborada da cibernética?
Sobre as medonhas entranhas de Geia, que o criou, o homem sabe que não deverá cortar o cor-
dão umbilical. Ele sabe que deverá morrer aí e aceita o seu destino.
E desta escolha, ilógica à partida, deste masochismo, nasceram as indústrias do fogo, a arte ar-
quitetural e os tempos em movimento, intervalados por grandes descobertas e pelas mais prodigio-
sas civilizações: a do Egito, com os seus templos e pirâmides, as da Arábia, da Pérsia, do Afeganis-
tão, a da Mesopotâmia, com a deslumbrante Suméria, as do Peru, dos Incas e do Iucatão dos Maias.
Em suma, o homem para subsistir foi obrigado a aguçar o seu engenho até ao cúmulo, sob pena
de morte.
Teve de imaginar, inventar, criar em algumas gerações o que a idade de ouro pré-histórica, es-
tagnada durante milênios sem conta, não lhe pôde fornecer3.
E os marcos cronométricos tinham, finalmente, demarcado o espaço-tempo conquistado.
Mas por que teriam os homens da pré-história escolhido um modelo de vida tão perigoso? Por
que não corresponderam ao chamamento das profundidades terrestres?
Seriam tão escassos que a lei da sobrevivência se manifestou mais intensamente que a necessi-
dade de evolução? Ou pertenceriam a outra raça?
Esta hipótese não é absurda e merece ser estudada. Assim, ou os homens do Cro-Magnon e do
Neandertal eram autóctones terrestres, deteriorados pelas radiações provocadas pelos seus antepas-
2 A religião das profundezas é conhecida de todos os povos. Os próprios católicos praticam-na através da
mística da Virgem e das Vir -
gens Negras, nomeadamente a de Chartres: Nossa Senhora de Sob a Terra, onde os esotéricos veem o
símbolo do regresso à matéria. Para
além disso, identificam mesmo as entranhas de Geia, a Terra-Mãe, com os labirintos da mitologia e dos
que se podem ver traçados nos mo -
saicos de algumas catedrais (Chartres-Montpellier). Neste sentido, a iniciação serve-se muitas vezes do
percurso matriz-entranhas para sim -
bolizar «o caminho no sentido inverso», conduzindo, através da morte, ao mais-além de um universo
paralelo.
3 A existência de uma «idade de ouro» é uma contradição formal com o princípio da evolução universal.
Não pode existir de maneira
nenhuma nem idade do ouro, nem número de ouro, nem verdade que seja permanente. Nem mesmo na
morte. A idade do ouro supõe a imor -
talidade, logo uma natureza eternamente estática, habitada por homens, não procriando, assexuados
como os anjos da mitologia cristã. Se se
esconde neste símbolo alguma verdade insondável, então talvez ela se inscreva num universo que não é o
que conhecemos.
sados4 e teriam, instintivamente, recusado a evolução e os seus símbolos, como o fogo e o ferro, ou
então, ainda, os homens da proto-história — Sumérios, Hebreus, Egípcios, Incas, Maias — eram
descendentes de raças estranhas ao nosso planeta, o que explicaria as suas superiores faculdades in-
telectuais e as suas criações industriais, mas não o seu singular comportamento.
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embora alguns o tivessem ultrapassado graças a uma qualquer pré-cognição maravilhosa, mágica ou
inspirada.
Neste sentido, os profetas teriam podido ver no futuro os tempos em que o deserto tomar-se-ia
o cadinho da grande obra da civilização, antes de soterrar as cidades caducas, ao passo que os ho-
mens teriam terminado a sua saga e o seu ciclo.
Teriam eles visto, porventura, sob as estéreis areias, os ricos lençóis de petróleo, recompensa de
um longo calvário, ou a carga infernal que, nos tempos do Apocalipse, faria ir pelos ares o planeta?
No quadro da evolução, pensa-se que o homem, para se sublimar, deve buscar as soluções num
sistema instável e recusar as soluções fáceis do equilíbrio.
O homem da pré-história, perfeitamente adaptado à sua maneira de viver, não sofreu mais ne-
nhuma evolução biológica e obedeceu apenas à natureza.
Um dia, recusou essa obediência e optou pelo livre arbítrio, escolhendo a idade de ferro para
sair da «idade de ouro», o que implica um despertar superior da consciência, uma libertação da inte-
ligência contra a ditadura do instinto que impedia o seu aperfeiçoamento.
Escolhe, então, as linhas de fratura e os desertos para aí continuar a sua aventura; põe em jogo a
instabilidade e a morte, mas, em contrapartida, evade-se da falta de criatividade e do eterno presen-
te.
Qualquer que seja a hipótese que se avance como explicação, é preciso chegar à causa superior
que tenha guiado a escolha da dança sobre o vulcão.
E a essa causa pode chamar-se lei universal, determinismo.
Pode também chamar-se Deus ou Lúcifer, príncipe da Inteligência e guia intelectual dos ho-
mens… Ou então Satã, se se pensar nas angústias da civilização… Tudo depende do sentido que se
der à evolução.
Assim, nada se elucida ainda sobre a gênese dos homens, mas adivinha-se um ritmo: uma ex-
pansão do universo tendo, sem dúvida, tempos de contrações correspondentes ao «respirar» de Bra-
ma e às teorias clássicas do universo em pulsação.
Apenas uma grande zona de fraturas de globo parece escapar à lei geral que dominou as civili-
zações desaparecidas: os Estados Unidos.
Nesta zona, entre os paralelos 30 e 40, tudo desabrochou, rebentou, floriu… Foi o vazio clínico,
a esterilidade inconcebível de um húmus prodigioso.
Esta anomalia sugere, desde logo, a todo o espírito dedicado ao fantástico, uma hipótese para-
doxal: e se aí, onde precisamente não se encontra nenhum vestígio, se tivesse desenvolvido a maior
e mais antiga civilização?
do a Terra, como nós nos preparamos, talvez, para fazê-lo, e os sobreviventes, terrivelmente diminuídos,
teriam subido a escala da evolução
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to: a tradição e o estudo histórico, pelo contrário, provam que a aurora da humanidade nasceu a
oeste.
Era naturalmente para oeste que os homens da pré-história caminhavam; para oeste procuravam
o Outro Mundo, onde milhões de sóis irradiavam eternamente; foi para oeste, mundo de cobiça, que
todas as invasões e migrações de povos convergiram.
Para oeste, e mais precisamente para as Ilhas Britânicas, Gália e a Ibéria, último promontório
do grande continente.
Não se ter em conta este dado fundamental é uma aberração, mas o fato é que ele não tem sido
aceite pela maior parte dos historiadores.
Depois da era pré-histórica, depois da busca da iniciação que Ulisses encetara na ilha dos Cam-
pos Elísios, situado a oriente, no grande oceano, a era histórica localizara também, para oeste, as
ilhas e as regiões maravilhosas, lendárias, pensa-se ainda: Brasil, São Brandão, ilhas Afortunadas, o
Outro Mundo, ou país do Graal, e também Hiperbórea, berço da raça branca para os Escandinavos,
Germanos e Celtas.
Uma Hiperbórea que, tendo em conta fatores geológicos, coincidiria com os Estados Unidos,
antes do cataclismo que provocou a inclinação de 23° 27' do nosso globo.
Enfim, é para oeste e poente que os antepassados Gregos e Egípcios situavam a Atlântida, cuja
existência mais dia menos dia ter-se-á de admitir.
Para uma hipótese «paradoxal», eis um ponto de partida, de certo modo ortodoxo!
Os Estados Unidos (diz-se muitas vezes América por facilidade de expressão) formam uma
vasta região, onde os desertos e as rochas vitrificadas, onde o vazio pré-histórico, a respeito de ho-
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mens e animais superiores, parece implicar uma maldição, um tabu que poderia ter sido resultado de
uma antiga atomização por um cataclismo natural ou provocado.
No plano científico, a realidade deste cataclismo não oferece qualquer dúvida, embora as ra-
zões sejam fortemente controversas.
O GLOBO ESTÁ DE ESGUELHA
Outrora, há milhões de anos, a Terra dos nossos ancestrais desconhecidos girava num eixo sem
inclinação, o que provocava um Verão eterno. Foi nesses tempos, muito antes do grande cataclismo,
que existiu, no sentido restrito da palavra, o que a tradição chama «idade do ouro».
Situado sobre um eixo norte-sul, inclinado em 23° 27', sobre um plano da elíptica, o nosso glo-
bo terrestre, tal como se nos apresenta atualmente, não nos intriga de modo nenhum, porque ele é
um dos mais velhos camaradas de infância juntamente com o mapa da Europa, onde, segundo um
ritual secreto, a França é rosa, a Espanha amarela, a Itália violeta e a Bélgica verde.
Todavia, desta anomalia surge a história humana e o que deveria ser a base do nosso saber5.
Esta posição anômala não nos deixa dúvidas de que o nosso planeta sofreu outrora uma terrível
perturbação cósmica, em que todos os planetas do sistema solar teriam sofrido um contragolpe de
vários graus.
Assim, somos imediatamente introduzidos no cerne do problema: nós. Terrenos, não somos cri-
aturas privilegiadas, únicas, isoladas num universo fechado; pertencemos a um sistema infinito e
toda a nossa história humana não tem sentido a não ser que a integremos na evolução universal.
Logo, quando se produziu o cataclismo, a Terra oscilou, soçobrou, os polos deslizaram como
pequenos trenós sobre os continentes e os mares. À deriva, sobre as vagas em fúria, os bancos de
gelo, de dimensões iguais à Córsega ou à Sicília, entrechocaram-se num estrondo apocalíptico. As
montanhas tremeram nas suas bases, as aldeias e as cidades, com o ruído surdo dos homens horrori-
zados, foram levadas num redemoinho, durante o qual os oceanos, apanhados pela força centrífuga,
se arrojavam sobre os continentes e escalavam as mais altas montanhas.
Num ápice, a população terrestre — milhões ou bilhões de pessoas (nunca o saberemos) — foi
devastada, arrasada, e com ela toda uma civilização desconhecida se achou triturada num magma
onde nada se poderia identificar.
Teriam alguns seres conseguido sobreviver?
Pensa-se que sim, a priori, mas não é proibido acreditar que toda a população humana foi ani-
quilada e que a nossa atual raça é de origem extraterrestre.
Contudo, a primeira suposição é a mais aceitável.
Esta, uma história racional do globo terrestre, misturada com a hipótese de uma civilização des-
truída outrora por um cataclismo natural, na sequência, pensamos, de uma ou mais explosões atômi-
cas, das quais será preciso provarmos a sua autenticidade.
Esta audaciosa tese — note-se —, não admitida pelo pensamento clássico, vai apoiar-se funda-
mentalmente nas observações geofísicas, nas tradições legadas pelos antepassados sobreviventes e
em diferentes indícios que tendem a situar sobre o globo dois epicentros de atomização coincidindo
com dois centros de civilização desaparecidos: os atuais Estados Unidos e o deserto de Gobi.
Assim se começa a delinear a história invisível da humanidade, perdida na noite dos tempos,
nas areias do deserto e nas tradições, algumas das quais persistem, talvez, entre homens de um outro
planeta.
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Entre os paralelos 30 e 50 norte, estendem-se as terras mais povoadas e mais ricas do globo: foi
aí, por excelência, que os homens ergueram as suas cidades.
Manifesta-se, contudo, uma misteriosa repugnância em habitar nesses dois locais bem caracte-
rizados: o deserto de Gobi e os EUA, que parecem marcados por um certo tabu.
5 Se os professores revelassem aos seus alunos, mesmo no plano mais elementar, que a cosmologia, a
geologia constituem a base essen -
cial do conhecimento, a evolução humana daria um salto prodigioso. Então, os homens compreenderiam
a inconsistência do valor dos seus
conhecimentos empíricos e conceberiam mais lucidamente a sua gênese e o seu destino.
Em relação ao deserto de Gobi, pode admitir-se que a natureza do seu solo e a sua inospitalida -
de tenham sido pouco favoráveis à implantação humana, mas que explicação se há-de apresentar no
que respeita aos Estados Unidos?
Trata-se de um território de riqueza excepcional, com terras férteis em vinho, trigo, milho,
gado, com a Florida pródiga em frutos saborosíssimos, os maiores de entre os que existem em todo
o mundo…
Ora, os homens da proto-história recusaram este paraíso terrestre e os homens da pré-história
não quiseram instalar-se ali.
Apesar de aturadas escavações arqueológicas, os Americanos não obtiveram senão uma colhei-
ta irrisória. Restos de homens primitivos do tipo mongoloide, quase com oito milhões de anos, fo-
ram descobertos perto de Santa Barbara, na Califórnia… provavelmente, traços de mexicanos antes
do grande êxodo. Desenterraram-se ossos de mamute onde havia flechas de pedra; o esqueleto da
«Rapariga de Minnesota», sugerindo a idade de vinte mil anos, e alguns ossos e conchas trabalhadas
pertencentes a uma época relativamente próxima… e que pode justificar a passagem de uma tribo
ou de elementos isolados.
Nada de grutas com pinturas, nem jazigos com sílex, ou tábuas de argila… nada capaz de mobi-
lar a mais minúscula gruta de Charente ou de Vézère.
Pode dizer-se que praticamente, à excepção de alguns indivíduos vindos, sem dúvida, da Ásia
pelo estreito de Béringue, a vida humana pré-histórica não existiu nos Estados Unidos.
Mesmo em relação ao século XVI, apenas se localizavam ali alguns índios sioux e pawnees, os
quais, de modo algum, teriam desenvolvido uma civilização digna desse nome.
Depois da sua descoberta por Cristóvão Colombo, a América do Norte encontrava-se totalmen-
te desprovida de habitantes, fato que constitui o principal problema dos colonos, que a tiveram de
povoar através de sucessivas migrações de ingleses, italianos, franceses, alemães e escandinavos.
A vergonhosa história da humanidade registou o comércio de negros, organizado por trafican-
tes, com vista a fornecer a mão-de-obra que tanto falta fazia.
Este país (os EUA) é o reino da morte. Só as almas que nunca mais reencarnarão ali vão parar,
foi habitado, há muito, por uma raça antiga de homens.
Os mexicólogos apoiaram estas narrativas de maneira mais científica:
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As tradições orais, transmitidas de geração em geração desde há milhares de anos, dizem que as
populações mexicanas vêm do Norte; as descobertas que se fizeram (século XIX) de construções
antigas no meio das estepes californianas e nas pradarias do Mississípi e, mais revelador, o estudo
comparado de uma vasta família de idiomas americanos confirmaram a exatidão destas tradições6.
O QUE DIZ O POPOL-VUH
Outras narrativas dão-nos pormenores preciosos sobre o cataclismo que destruiu os antigos Me-
xicanos e que, sem dúvida, esteve na base da sua emigração.
Há numerosas luas atrás, os povos da terceira raça (homens de madeira 7) foram condenados à
morte pelos deuses.
O grande dilúvio de fogo e correntes de resina (em chamas) desceram dos céus.
6 D.P.L., 1874 — tomo XI, pág. 196. col. 3.
7 A leitura é mesmo esta: homens feitos de madeira! Há aqui um simbolismo que sublinha, talvez, o
primado psíquico ou intelectual so-
bre um corpo cujo papel, comparativamente, teria sido muito mais passivo.
As idades descritas pelo Popol-Vuh pertenciam ao ciclo dos cinco sóis, que são: 1 – O sol do Tigre; 2 – O sol
do Grande Vento; 3 – O
sol do Fogo do Céu; 4 – O sol do Dilúvio; 5 – O sol atual, que durará até ao fim do mundo.
Por fim, violentas tempestades8 acabaram por destruir as pessoas de madeira, cujos olhos foram
arrancados das cabeças, as carnes rasgadas, as entranhas comidas, os nervos e os ossos mastigados
pelos fanáticos do deus da Morte.
Os homens procuraram correr aos pares como espigas de milho, uns atrás dos outros, e subiram
para as suas casas; mas, chegando às goteiras, caíam; então, experimentaram subir às árvores que se
desmoronavam aos seus pés; queriam refugiar-se nas grutas, mas estas repeliam-nos logo que se
aproximavam.9
Ora, esta narrativa é transmitida pelo Popol-Vuh, o qual, segundo os etnólogos, seria o docu-
mento mais antigo da história humana. Mais antigo que a Bíblia dos Hebreus, o Rig Veda dos Hin-
dus e o Zend Avesta dos antigos iranianos!
É interessante notar que este cataclismo — dilúvio de fogo vindo do céu e terremoto — tem
fascinantes pontos comuns com a guerra atômica, relatada pelos escritos sagrados hindus.
O fogo da terrível arma destruía as cidades, produzindo uma luz mais clara que cem mil sóis…
Este fogo fazia cair as unhas e os cabelos dos homens, embranquecia as penas das aves, coloria
as suas patas de vermelho e entortava-as.
Para combater este fogo, os soldados corriam a lançar-se aos rios e aí se lavavam e lavavam
tudo o que deviam tocar10.
Os efeitos das radiações e as mutações, claramente descritas nos livros sânscritos, encontram
pontos de contato nos escritos sagrados mexicanos: o fogo que vem do céu, os olhos arrancados das
cabeças, o rasgar das carnes e das entranhas.
Assim, os homens da terceira raça sofreram mutações físicas, exatamente como se tivessem
sido expostos às radiações de uma explosão atômica, uma vez que a sua raça desaparece para dar lu-
gar à quarta raça:
Não resta dos homens da terceira raça senão os macacos das florestas.
Diz-se que estes macacos (mutantes) são descendentes dos homens.
E por esta razão que o macaco se assemelha ao homem11.
Assim, pode deduzir-se que, segundo as tradições escritas de dois povos separados cerca de
vinte mil anos um do outro, dois cataclismos de caráter atômico destruíram dois pontos do globo
(Ásia e América) ou, se quisermos uma precisão geofísica, o deserto de Gobi e os Estados Unidos.
Desejariam os antigos americanos, assim como os antigos hindus, brincar aos demiurgos? Teri-
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am declarado uma guerra nuclear aos conquistadores, talvez vindos de outro planeta? Ou, por outro
lado, teria essa atomização sido provocada por um cataclismo natural?
Seria aventuroso escolher uma destas hipóteses, mas o fenômeno em si mesmo parece ter sido
bem real.
ressalta do conhecimento científico extraordinário que se teria de reconhecer aos homens desses
tempos. Múltiplos indícios dão crédito a esta tese, situando-se os mais notáveis no antigo Peru (que
compreendia a Bolívia), com as tradições, o material insólito dos Incas e os desenhos gravados de
Tiahuanaco, e no México, onde são facilmente perceptíveis ao arqueólogo experiente.
Quetzalcoalt, o deus branco tolteca, mistura de pássaro e serpente, era grande amigo dos huma-
8 Os tradicionalistas pensam que nesta época o Iucatão estava unido à América do Norte pelos baixios do
golfo do México. A região
onde se produziram estas violentas convulsões poderia ter sido o Sudoeste dos EUA e particularmente a
Florida, onde os ciclones causam
sempre grandes estragos.
9 Segundo o Popol-Vuh, o livro sagrado dos Maias-Quicés (tradução de Recinos e Villacosta).
nos, a quem trouxe a civilização, o conhecimento das artes, do fogo, da metalurgia, exatamente
como o fizeram Prometeu e Oanes.
Os Toltecas e os Astecas diziam-no vindo do «planeta brilhante» (Vênus) e pormenorizavam
que a sua pele era branca, fato que sugere uma origem estranha à raça vermelha.
O deus retirou-se para «o velho país de Tlapallan» depois da ruinosa inundação e submersão,
seguida de envenenamento da sua cidade de Tulla, a qual, possivelmente, seria a irmã gêmea de
Tule, na Hiperbórea.
Quetzalcoalt «embarcou para leste, precedido dos seus servidores, transformados em pássaros
de alegres plumagens, e prometeu ao seu povo que voltaria».
É significativo notar que a maior parte dos iniciadores do mundo antigo estão misteriosamente
ligados ao Oeste, ao planeta Vênus, e voltam a partir para leste com destino desconhecido.
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Viracocha, entre os Incas, era uma espécie de Prometeu de origem estrangeira: assim como
Orejona, a Venusiana12, «afastou-se para leste e desapareceu nas águas».
Cukulcan, deus do Iucatão, «chegou de oeste com dezenove companheiros. Permaneceu dez
anos no Iucatão, estabeleceu leis sóbrias e desapareceu para o lado onde o céu se levanta».
O misterioso deus Ptah (Ptah — aquele que abre) extraterrestre, ou mutante monstruoso, era ca-
sado com a deusa Bast, mistura de leoa e gata. Reputado por ter «aberto o ovo primordial», tinha
trazido o fogo do céu e era o primogênito dos homens.
O tiahuanaquense ou atlante que esteve na origem da civilização egípcia foi certamente o pa-
drão de Prometeu; a sua imagem, transmitida pela tradição, foi adotada pelos Gregos, que lhe con-
servaram, contudo, os seus laços com a América e o planeta Vênus através da sua mãe «oceânica de
pés maravilhosos», parente de Orejona e do seu salvador Hércules, herói da iniciação no Jardim das
Hespérides que se situava «no extremo oeste da Terra, para lá do rio Ocean».
O Atlante e Prometeu, assim como os outros iniciadores que com eles se identificaram, iriam
acabar a sua vida crucificados a leste.
lhante que o Sol». Aterrou perto do lago de Tiahuanaco, na Bolívia. O seu nome era Orejona. Assemelhava-
se às mulheres do nosso tempo,
embora com algumas particularidades: crânio mais alongado em altura e as mãos espalmadas, com
quatro dedos. Os seus pés eram muito be -
los. Um dos seus descendentes, venusiano de Tiahuanaco. antes do cataclismo que destruiu a sua raça,
foi, como Prometeu, revelar aos ho -
mens, nomeadamente no Egito, na Suméria e nas Índias, os principais segredos do saber científico. (Ler
História Desconhecida dos Homens
desde Há Cem Mil Anos, capítulo III.)
«Mas Quetzalcoalt voltará», acrescentam as tradições, o que provaria que ele não morreu e que
apenas partiu para algures13.
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O DEUS EXTRATERRESTRE
A recordação de um deus voador, desde essa época, é perpetuada pelas estranhas cerimônias
das «rodas de homens voadores», os «voadores» evoluindo a cem pés do solo, pendurados nos ca-
bos de um mastro bem alto, por cerâmicas figurativas, e recordados também pelas misteriosas cabe-
ças gigantes de pedra, com capacetes, edificados pelos Olmecas no México e que recordam os mo-
dernos cosmonautas14.
Que mais será preciso para que os incrédulos aceitem — pelo menos — a hipótese que sugere
uma intervenção extraterrestre primi-histórica e, por consequência, uma civilização desconhecida?
O Popol-Vuh menciona, explicitamente, a existência desta civilização de homens da terceira
raça mexicana (e do terceiro sol, ou seja, a chuva de fogo), descrevendo «cidades de casas com ja-
nelas e uma população numerosa»15.
Outras tradições dão conta da numerosa emigração dos antigos mexicanos a partir do país do
Norte (os Estados Unidos, é evidente), onde foram sujeitos ao cataclismo e à morte.
Seguindo um conselho dos sacerdotes, partiram para o sul, fugindo da região da morte. A terra
prometida devia ser atingida quando eles vissem sobre um cacto uma águia com uma serpente presa
nas suas garras (G.D. Universal, México).
São estes, como vemos, os indícios que permitem situar uma civilização primi-histórica numa
época anterior à civilização, na América do Norte — nos Estados Unidos.
Resta saber se as provas materiais se vão juntar a estas descrições, para atestar formalmente a
sua autenticidade e fazer dos Estados Unidos «a terra onde o mundo começou».
Os etnólogos tinham já posto a descoberto «construções no centro das estepes californianas e
nas pradarias do Mississípi», mas, na ausência total de datas, era difícil determinar se estas aldeias
seriam mais antigas do que os Ziqquras da Suméria.
fim de esperar pela volta do benemérito deus. Quando os espanhóis de Cortez invadiram, no século XVI, o
seu território, os índios julgaram
voltar a ver Quetzalcoalt e receberam os estrangeiros com as maiores e mais prodigiosas honras.
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14 Estas rodas de homens voadores e estas cerâmicas foram apresentadas na televisão francesa por Max-
Pol Fouché, em 17 de Julho de
15 Villacosta.
Os astecas que Cortez encontrou no México diziam ter vindo do norte há muito tempo.
Os Americanos estão de tal maneira subjugados pelas banalidades dos pré-historiadores da ve-
lha Europa que até consideram improvável a hipótese de se situar entre eles, nas suas planícies tra-
balhadas em breve por tratores eletrônicos e no lugar dos seus edifícios de betão, a Terra-Mãe, onde
teria surgido a mais antiga civilização conhecida.
Todavia, uma espécie de maldição que durante milênios atingiu aquele país apresenta-se como
um enigma que fascina tentar elucidar.
Maldição que se estende até à raça vermelha — a cor do fogo devorador —, de tal maneira di-
zimada na América Central e no extremo norte que se torna necessário criar parques de proteção,
«reservas», para que os últimos sobreviventes possam vegetar mas nunca proliferar.
Como se a raça, tendo dado a sua seiva e o seu gênio, estivesse doravante condenada a desapa-
recer do nosso ciclo de vida.
Foi a partir dos Estados Unidos que ele passou para a América do Sul, através da península de
Panamá e daí para o resto do mundo pelo estreito de Béringue!
Este dado constitui na nossa história desconhecida um imenso contributo, que os pré-historia-
dores recusam desenvolver16.
Daqui se prova um fato: dez mil anos cinquenta mil anos talvez antes dos Sumérios, o cavalo
vivia nos Estados Unidos, sua terra natal, e depois, subitamente, e sem razão aparente, desapareceu
sem deixar rasto!
Deve ter havido um grande cataclismo para provocar semelhante desaparecimento a cem por
cento… um cataclismo que, evidentemente, deve ter provocado a extinção de outras espécies de
animais, e, sem dúvida, também, de homens civilizados muito mais antigos que os da Europa ou da
Ásia.
16 Para salvaguardar o sistema classicamente admitido, negaram toda a autenticidade dos frescos de
Altamira, arruinaram o crédito de
Assim, o homem pré-histórico teria podido viver, evoluir, desenvolver-se no seio de civiliza-
ções nos Estados Unidos e, depois, desaparecer totalmente, como o cavalo, na sequência de um aci-
dente que temos razões bastantes para identificar como uma explosão atômica.
Encontramos, deste modo, uma explicação para a misteriosa estátua de um cavalo que existia
ainda no século XV num promontório a leste dos Açores, face à vastidão do mar… perante a
América desconhecida dos Europeus.
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País da Morte, onde se erguiam as cidades vitrificadas descritas pelo capitão Walker, em locais que,
permanentemente, guardaram um nome evocador: o Death Valley, ou vale da Morte, e o vale do
Fogo, a trinta e cinco milhas de Las Vegas…
CAPÍTULO III
lia, declarou que, muito provavelmente, Molotov, ex-lugar-tenente de Stalin e adversário número
um de Kruchtchev, teria obtido favores particulares graças à ajuda mágica de Bogdo Geghen, ou
Hutuktu, o último pontífice dos lamas da Asia Central, um buda com as mesmas prerrogativas do
dalai-lama do Tibete.
É impossível controlar o fundamento desta revelação, mas é um fato que Molotov beneficiou
de uma imunidade que intrigou os meios políticos; tudo se passava como que se uma força desco -
nhecida tivesse o poder de infletir a vontade e o comportamento do seu maior inimigo, Kruchtchev,
quando se achassem frente a frente.
Já no século passado, o imperador Alexandre I obterá ajuda semelhante de Hutuktu, de Urga,
de que resultaria, em parte, a queda de Napoleão.
O fim de Alexandre I foi muito misterioso, e certos rumores tinham levado o povo russo à con-
vicção de que, logo depois da sua morte, oficialmente datada em 1825, o estranho monarca viajara
ainda pelo seu império, sob o nome de Fedor Kusmitch.
Sobre este nebuloso assunto, existiram, nos arquivos do Kremlin, dossiers secretos provenien-
tes dos Romanov, e não é ousado imaginar que Molotov os consultou… e utilizou em seu favor!
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Somos tentados a acreditar, em todo o caso, que os fatos históricos dão um certo crédito a esta
hipótese, pelo menos na opinião dos empíricos.
Mas quem é afinal este «Senhor do Mundo»?
Chama-se Djebtsung e é habitado pela alma de Amitâbha. deus do Oeste e espírito misericordi-
oso das quatro montanhas que circundam a cidade santa de Ulan-Bator (outrora Urga).
Djebtsung não é oficialmente reconhecido pelos dirigentes da República Popular Mongólica,
que politicamente são hostis à «superstição», mas, na qualidade de Hutuktu, reina espiritualmente
sobre cem mil lamas e um milhão de cidadãos.
Já não mora no Bogdo Ol sagrado, o Vaticano dos seus oito predecessores e que foi «nacionali-
zado» pelo Comitê Comunista das Ciências; erra pela estepe, seguido de uma corte imponente de la-
mas e shamans.
Esta situação de «senhor do mundo» itinerante ajuda muito pouco a acreditar nos poderes su-
pranormais de Hutuktu e dos seus shamans, poderes que, no entanto, são difíceis de refutar.
Ferdinand Ossendowski, eminente cientista polaco, escapou de graves perigos, graças à «vari-
nha mágica» que lhe foi dada por Hutuktu, de Nabaranchi.
Do mesmo modo, os lamas predisseram, com uma hora de antecedência, a morte do general ba-
rão Ungem von Sterberg, adversário dos bolchevistas; em 1933, o doutor Maurice Percheron, cien-
tista francês, teve a prova indiscutível de um poder misterioso que parece ter tido como fonte pode-
rosas personagens mongóis.
E como explicar, sem a magia, escreve Charles Carrega1, que Gengiscão, esse inculto guarda-
dor de rebanhos, ajudado por um punhado de nômadas, tenha podido dominar, sucessivamente, im-
périos e povos mil vezes mais evoluídos que ele?
Kublai, o Khan, que reuniu sob o seu domínio a Mongólia, a China, a Índia, o Afeganistão, a
Pérsia e metade da Europa, adotou a religião budista perante os prodígios realizados pelo pandita
Turjo Ghamba, diante dos representantes de todos os cultos.
Hitler quis utilizar a magia dos Mongóis para conquistar, mas foi traído pelos shamans, que
nunca lhe cederam os segredos que conduziriam à dominação.
Estes segredos, fechados em cofres enormes e vigiados pelos Shabinari, da seita do atual Hu-
tuktu, estão escritos nos livros sagrados: os 226 volumes de Panjour e os 108 volumes de Ganjour.
A sua magia poderosa materializa-se em objetos de culto e principalmente no prodigioso rubi
com uma cruz gamada, cravado no anel que Gengiscão e o seu sucessor Kublai traziam constante-
mente no indicador direito2.
É assim esta misteriosa região, este território deserto — o pior de todos —, cuja antiga história
é muito pouco conhecida, apesar da sua importância no destino do planeta.
A primi-história de Gobi pode ser esboçada e conjecturada utilizando a chave que ficamos a de-
ver à cortesia do historiador tradicionalista Jean Roy:
No vale do Indo desenvolveu-se há três mil e quinhentos anos a alfa civilização do povo arcai-
co de Dravidianos, a qual, alguns séculos mais tarde, absorveu os Veddides, de pele clara, e os Me-
lanidas, de pele escura.
Os Melanidas eram originários da bacia de Tarim, no Lob-Nor (atual Sinkiang3).
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Penetrando nos altos vales do Indo através dos montes Caracórum, levaram aos Dravidianos o
conhecimento da numeração decimal do sistema dito «árabe» (o que foi transmitido, mais tarde, aos
Ocidentais, na altura das invasões bárbaras).
Os Dravidianos deram a estes Melanidas o nome de «Naachals», vocábulo que significa «altos
irmãos», e que poderia explicar-se, exotericamente, pelo fato de procederem das regiões montanho-
sas do Caracórum, onde se elevam montes com sete mil e oito mil metros.
Entre os Naachals, apenas os «Conhecedores» possuíam o segredo do sistema decimal; não pre-
2 O Maha Chohan. «Senhor do Mundo» e autêntico aventureiro, que esteve em França em 1947, foi mestre,
amigo e depois inimigo de
Michael Ivanoff, o «mago» de Sèvres (ver Point de Vue, n.° 140, de 20 de Novembro de 1947, além dos
jornais da época), trazia no indica-
dor direito um anel de esmeralda que ele afirmava ser o de Gengiscão! Continha, segundo o charlatão,
«um átomo de hidrogênio capaz de fa -
zer saltar o mundo»!
3 A crer nos especialistas de OVNI, a região do Sinkiang permanece um mistério total. É uma zona militar
interdita e talvez área de re -
vitalização do «Cavaleiro Negro», o enigmático satélite que desde 1957 gira à volta da Terra.
tendiam ser os inventores, mas tão-só os depositários.
Neste caso, quem lhes teria ensinado, naqueles planaltos desolados e duas vezes mais elevados
que o monte Branco, o segredo prodigioso da escrita numeral?
A ILHA BRANCA
Tradições de que mais adiante daremos pormenores asseguram que a ciência dos Melanidas
lhes havia sido revelada por homens vindos do céu, desembarcados de máquinas espaciais na ilha
Branca, no mar de Gobi.
Esta ilha ainda existe atualmente. Corresponde ao monte Atis, situado seiscentos quilômetros a
nordeste do Lob-Nor, no Djasatou-Khan.
É aí, a vinte mil quilômetros de distância, que se nos depara o correspondente ao mistério ame-
ricano do Nevada.
Paira um tabu sobre este deserto de Gobi; também ali, depois da tempestade de areia, foram as-
sinalados restos de cidades emersas cuja origem se perde na noite dos tempos. Ali também houve
notícia do fogo do céu, dilúvio e maremoto4.
Destas regiões, hoje desoladas, outrora emigraram povos possuidores de uma ciência revolucio-
nária e desconhecida dos outros homens.
Poder-se-á pensar que o seu êxodo, análogo ao dos antigos mexicanos que saíram da região da
Califómia-Nevada, foi procedido por motivos imperativos: do mesmo modo, a mutação de terras
verdadeiramente ricas em areias estéreis e em sombrias estepes deixa supor a ocorrência de um ca-
taclismo terrível.
Por este motivo compreende-se que, durante séculos e milênios, os homens recusaram regressar
a estes lugares malditos, donde haviam sido expulsos e onde tinham perecido os seus longínquos
ancestrais «fustigados pela cólera de Deus».
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Convirá prestar particular atenção a uma asserção de Jean Roy respeitante aos «homens vindos
do céu» que teriam outrora aterrado na «Ilha Branca»!
O nome mongol do deserto de Gobi é «Chamô», designação que representa, talvez, uma rela-
ção com o deus Chamos, o qual, segundo o Talmude, era adorado sob a forma de uma estrela negra.
Chamos era, ainda, «o astro maléfico» dos Árabes, sem dúvida Saturno ou qualquer planeta ou
estrela, origem do perigo para a humanidade terrestre. (Transparece ainda a ideia de um drama
cósmico ou de uma invasão de extraterrestres.)
Como este aspecto se refere aos dois supostos epicentros do primitivo cataclismo atômico, seria
interessante saber se as singularidades comuns aos EUA e ao deserto de Gobi se prolongam até aos
nossos dias.
É aí, sem dúvida, que vamos fazer as mais espantosas descobertas, como se tudo não passasse
do eterno recomeço, desde a primi-história que antevemos até à história invisível do século XXI.
Os antigos textos da Índia (Ramayana. Drona-Parva Mahavira) mencionam explicitamente uma
guerra atômica na Terra: o Popol-Vuh (que trata das irradiações dos povos da terceira raça, segundo
Recinos e Villacosta) e a Bíblia (que fala da destruição de Sodoma e Gomorra) também apoiam esta
tese. Tudo nos permite supor que os antigos americanos e mongóis também quiseram — tal como
os cientistas de 1944 — brincar aos demiurgos.
As armas nucleares teriam sido empregues contra invasores vindos do céu ou tratou-se de um
extermínio mútuo e interno? É difícil responder a esta questão.
4 Aviadores soviéticos, sobrevoando o deserto de Gobi, fotografaram ruínas e vestígios de cidades
importantes, reconhecidas pelos seus
alicerces. Num futuro próximo, as areias de Gobi falarão e toda a proto-história convencional será
novamente posta em questão. Aquando do
grande dilúvio contado pelos Vedas (o Catapatha-Brâhmana, um dos textos mais antigos da Índia), o
lendário Manu construiu uma arca que
um enorme peixe «fez passar sobre a montanha do Norte», significando que a arca aterrou no deserto de
Gobi, talvez na ilha Branca. O india -
nista A. Weber viu nesta narrativa uma recordação obscura da imigração dos Árias, que um dilúvio ou uma
catástrofe terrestre teria expulsa -
do da sua pátria para as terras da Índia e, sem dúvida, também para o Japão.
A HISTÓRIA SECRETA DOS NOSSOS DIAS
Certamente que para os habitantes de Hiroshima ou de Nagasaki a tese de uma antiga destrui-
ção atômica provocada humanamente é mais provável que qualquer vingança divina. Mas para al-
guns americanos e soviéticos certas coincidências exageradas reforçam singularmente este ponto de
vista, dado que é exatamente na antiga Califórnia e na Mongólia que são experimentados e armaze-
nados, em grande parte, os mísseis atômicos americanos e soviéticos!
Em Março de 1963 e Fevereiro-Março de 1964, na Califórnia, mísseis Nike-Hercule estavam
colocados em rampas de lançamento subterrâneo.
Os técnicos designados para os manobrar, em caso de guerra, deveriam ser imediatamente aba-
tidos pelos agentes da polícia encarregados da sua vigilância, se algum deles enlouquecesse, se re-
velasse um traidor ou tentasse despoletar, sem ordens formais, os mecanismos de lançamento, fato
que equivaleria a destruir parcialmente uma determinada nação.
Ora, vários engenhos, felizmente desprovidos das suas ogivas nucleares, explodiram sem razão
aparente e apesar de todas as precauções tomadas e humanamente concebíveis que tinham sido to-
madas para que um tal acidente não se pudesse produzir.
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des opõe-se a que fatos tão raros possam, sem razão determinada, produzir-se nos mesmos pontos
do globo.
Terá de pensar-se com horror que mais dia menos dia, mas inevitavelmente, os stocks nucleares
americanos no Nevada e os soviéticos ou chineses na Ásia Central explodirão de novo, embora sem
5 É um fato que as populações da região do lago de Baical foram evacuadas para o mar Cáspio. Os
detectores e sismógrafos americanos
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da sua maldição, emigraram para todos os países de raça branca do mundo: Austrália, África do Sul,
América do Sul, etc. Exceto para a África negra e para a Ásia amarela, racistas… e também para os
EUA, porque têm uma certa aversão que bem poderiamos recuar a milênios, na primi-história!
Por outro lado, interpretando a seu favor os dizeres bíblicos desde a criação do Estado de Israel,
proclamaram-se o povo eleito por Deus, uma vez que constituem o único povo errante do globo!
Os meus profetas conduzem-nos para fora das linhas de fratura da crosta terrestre a fim de, uma
vez mais, escaparem do «fim do mundo» ou, mais exatamente, do cataclismo análogo ou idêntico ao
da era primi-histórica, quando a Babilônia não era, sem dúvida, mais que uma aldeia, e os Sumérios
pastores errantes. Isto num tempo da história invisível dos homens, quando a civilização vermelha,
a primeira dessa época, dava os seus primeiros passos nos Estados Unidos.
Porque tudo é recomeço e tudo pode recomeçar como dantes… e pelos mesmos caminhos!
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CAPÍTULO IV
A IDADE DA PEDRA:
INVENÇÃO DOS PRÉ-HISTORIADORES
É difícil encontrar para a origem da humanidade uma explicação que não seja a de uma evolu-
ção a partir de um ramo do reino animal.
Subjetivamente, seríamos tentados, por certo, a rebelarmo-nos contra a hipótese de uma ascen-
dência simiesca que, com razão ou sem ela, consideramos como pouco lisonjeira. De fato, uma ori-
gem miraculosa serviria muito melhor a nossa concepção!
Teria o homem sido espontaneamente criado por privilégio?
Somos filhos de Deus, criaturas de Deus? Sim, certamente, se identificarmos Deus com a Inte-
ligência Universal; não, sem dúvida alguma, se fizermos de Deus um criador que nos modelou em
argila e extirpou a primeira mulher de uma costela do primeiro homem adormecido!
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1 Foram sugeridas muitas asneiras a propósito da Grande Pirâmide, que daria, a partir das suas medidas, o
número π, a circunferência
da Terra, a distância do nosso planeta ao Sol, etc. Ora, se a Grande Pirâmide forneceu a distância exata da
Terra ao Sol, houve um erro inici -
al, porque a Terra, em virtude das leis de expansão universal, afasta-se sem cessar do centro do nosso
sistema. Em consequência, encontra-se
atualmente mais afastada do Sol do que na época dos antigos Egípcios! Logo, este número exato seria
falso!
Mas os planetas antigos tiveram esse tempo e essa idade; ocuparam esse ponto, beneficiando,
sem dúvida, dos privilégios que ele confere, com as mesmas possibilidades de flora, de fauna e de
desenvolvimento humano, o que nos leva a formular uma hipótese fascinante.
Quando os habitantes do planeta que nos precede em idade (e que é obrigatoriamente Marte,
porque aí se registaram grandes perturbações cósmicas) se defrontaram, com condições de vida des-
favoráveis, mesmo insuportáveis, prepararam uma espécie de êxodo em direção à Terra, onde tudo
havia iniciado a sua evolução.
Os primeiros «comandos» do planeta em perigo tiveram, como Noé na Arca, de efetuar os seus
reconhecimentos, levando com eles sementes vegetais e espécimes de uma fauna selecionada.
Não terão, também, os nossos cosmonautas a mesma missão quando partirem para Marte ou
Vênus?
Em suma, os cosmonautas primi-históricos foram encarregados de preparar a aclimatação das
diferentes espécies antes da chegada dos colonos, que, por razões superiores, não puderam talvez
fazer a viagem.
Antes deles, habitantes de outros mundos tinham agido da mesma maneira, estabelecendo, des-
te modo, uma ligação cósmica de planeta em planeta, sempre no mesmo sentido e em direção a
mesma órbita privilegiada: a que atualmente ocupamos.
A origem da humanidade seria, pois, extremamente longínqua no tempo, mas o seu lugar de
nascimento situar-se-ia, sempre, a uns cento e cinquenta milhões de quilômetros do Sol.
Esta hipótese não se opõe, contudo, à aparição natural de uma humanidade terrestre autóctone,
à qual se teria juntado uma humanidade extraterrestre. Tal tese parece mesmo aproximar-se estra-
nhamente da teoria dos sete céus das doutrinas espiritualistas, das esferas celestes concêntricas ima-
ginadas pelos antigos e do ensinamento secreto dos membros da Rosa-Cruz, os últimos detentores
do conhecimento «do princípio, do meio e do fim»!
Não possuímos qualquer prova formal da existência de homens na Terra que seja anterior a
20.000 ou 30.000 anos, pois não temos vestígios de civilizações e de ossadas humanas que antece-
dam esses limites. Os primeiros elos com a idade de 500.000 e mesmo 1.000.000 de anos e que fa-
zem parte do arsenal dos pré-historiadores, dependem muito do arbítrio de cada um.
A humanidade terrestre, qualquer que seja a sua antiguidade e origem, desapareceu várias vezes
devido a grandes cataclismos; nenhum vestígio material lhes sobreveio, mas a recordação de civili-
zações primi-históricas dos últimos milênios permaneceu nas tradições.
Apesar dos nossos chamamentos, dos nossos sinais, das nossas sondas espaciais, os outros pla-
netas ainda não deram resposta. Mesmo assim, no território imenso da nossa galáxia, é possível que
um deles, ainda mais privilegiado que o nosso, tenha visto o dealbar de uma humanidade superior e
assim ele constitua uma espécie de verdadeiro éden cósmico, o paraíso não terrestre, donde Adão
não foi expulso!
CTA - 102
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Esta hipótese, outrora qualificada de delirante pelos bem-pensantes da ordem estabelecida, nas-
ceu, apesar disso, em 13 de Abril de 1965, quando os astrônomos soviéticos revelaram que, em co-
laboração com os americanos, estudavam sinais modulados provenientes do cosmo e que poderiam
ser emitidos por seres «supercivilizados».
Os incrédulos reagiram, imediatamente!
O astrônomo Davies de Jodrell-Bank declarou: Estes sinais assemelham-se aos chamados qua-
sars, que captamos nos nossos radiotelescópios… Logo, não há necessidade de recorrer a uma civi-
lização afastada para explicar as fases regulares da emissão. Poder-se-ia tratar de uma oscilação na-
tural, como o ciclo das manchas solares…
Foi também esta a afirmação do professor belga Raymond Coutrez e de Sir Bemard Lowell, di-
retor do Observatório de Jodrell-Bank. De qualquer modo, a maioria dos astrônomos optou por uma
possibilidade real da existência de criaturas altamente civilizadas, habitando zonas desconhecidas
do espaço.
CTA - 102 foi referenciado nos EUA, em 1960, ao mesmo tempo que numerosos outros pontos
emissores — CTA 21. 3 C 444. 3 C 455… —, cujas emissões se propagavam na banda dos trinta
centímetros de comprimento de onda, com uma conformação espectral muito particular2.
O professor russo Yossif Chklovsky, mundialmente conhecido pelos seus trabalhos em astrono-
mia, disse, em 12 de Abril de 1965, no Instituto Stemberg, de Moscovo:
O observatório americano do Monte Palomar estabeleceu que, no local onde o CTA - 102 pro-
duz as suas emissões, se encontra uma estrela muito pequena, cuja magnitude é de 17,3, uma das
mais pequenas que se conhece. Tudo quanto se pode dizer por enquanto é que esta estrela tem uma
energia considerável.
O estudo destas anomalias começou a partir de uma ideia muito seriamente esboçada pelo jo-
vem doutor Kardachev: se se admite a existência possível de civilizações infinitamente superiores à
nossa, essas civilizações deveriam possuir o poder de modificar inteiramente todo o seu sistema pla-
netário e, por exemplo, emitir sinais tão poderosos como os recebidos do CTA - 102, sinais que se-
riam dezenas de milhares de vezes mais poderosos que o conjunto da energia produzida atualmente
no nosso mundo. Esses sinais deveriam ser emitidos num comprimento de onda que permitisse as
melhores condições de emissão, para evitar serem confundidos com os ruídos parasitários do uni-
verso, ou seja, ondas da ordem das dezenas de centímetros.
As observações soviéticas foram conduzidas pelo astrônomo Cholomitsky, o qual, por seu tur-
no, forneceu os seguintes resultados:
O CTA - 102 não parece situar-se a mais de cinco milhões de anos-luz da Terra. A escuta das
emissões na banda dos trinta e dois centímetros mostra nitidamente uma periodicidade de cem a
cento e dois dias, num sinal que aumenta e diminui, durante este período, com máximos muito níti-
dos.
Aqui está, pois, a probabilidade de existência de seres cósmicos, admitida por cientistas, fato
que constitui um grande passo no conhecimento de uma realidade que o futuro tornará numa certeza
que não cessa de se afirmar.
Os «homens» misteriosos do CTA - 102 teriam estado, outrora, em ligação com a Terra? Será
muito audacioso aceitá-lo, mas é interessante notar que as suas emissões parecem dirigidas ao nosso
mundo, num período que os astrônomos acham particularmente favorável a um diálogo e a uma es-
cuta.
Quanto ao afastamento atual da estrela — três a cinco milhões de anos-luz —, ele não constitui
um obstáculo aparente, pois a noção de tempo-espaço dos Terrestres será certamente diferente das
noções em vigor entre os habitantes do CTA - 102.
Chegaremos algum dia a ver cosmonautas dessa humanidade pousar na Terra, proclamando-se
nossos superiores ancestrais?
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2 Na História Desconhecida dos Homens desde Há Cem Mil Anos, publicado em 1963, tínhamos anunciado
a probabilidade do fenôme-
no, especificando que se produziria «num comprimento de onda próxima dos vinte e um centímetros».
A GENIAL DESOBEDIÊNCIA DE EVA
O homem — terrestre ou extraterrestre — estabelece a ligação à matéria através dos seus com-
ponentes e parece, senão uma consequência, pelo menos um prolongamento lógico da evolução.
Contudo, esta evolução tomou nele uma direção excepcionalmente rápida: o seu desenvolvi-
mento intelectual, a sua tomada de consciência e o seu livre arbítrio são refinados e manifestados
segundo uma progressão matemática que abre a espiral de ascensão até um ângulo próximo dos 180
graus.
Neste aspecto, o acordar do homem situar-se-ia quase nos limites da evolução possível, antes
de se confundir com o infinito ou, como diriam os espiritualistas, com Deus.
Sendo um animal, o homem é incontestavelmente de um gênero superior, já que ele reflete, se-
para o bem do mal, segundo os seus parâmetros, e, principalmente, entra em rebelião aberta com a
natureza que pretende dominar.
Com ele começa a era de Lúcifer, príncipe dos Infernos e anjo do Céu, que não teve medo, pelo
menos aparentemente, de contrariar os desígnios de Deus.
Pode entender-se isto como um desejo do homem em se identificar com Lúcifer e tomar-se se-
nhor do mundo.
O Gênese deu-nos uma relação pormenorizada da sua tomada de consciência e do seu livre ar-
bítrio através do símbolo do paraíso terrestre.
Deus proíbe de tocar no fruto da árvore da ciência, e mesmo assim Adão e Eva comem a maçã!
Mesmo assim, porque é evidente que o drama foi fatal e desejado. Deus sabia que a sua ordem
seria desobedecida e, sem dúvida, já tinha decidido que assim seria, como aconteceu com a rebelião
de Lúcifer, mas no primeiro caso pela vontade pessoal dos pecados.
Deste fato, Adão e Eva tomaram uma consciência, um livre arbítrio, e Deus, abdicando a favor
deles de uma parcela do seu poder, legou a toda a humanidade o mais precioso dos presentes.
O drama do paraíso terrestre foi, de algum modo, o 1789 dos tempos bíblicos!
Além disso, como é que o Criador teria podido conceder às suas criaturas o céu e as estrelas, a
Terra e a sua prodigiosa natureza, se os homens não tivessem o poder de governar, de decidir e de
saber? Que sentido teria tomado a criação se a evolução humana não tivesse sido possível e suben-
tendida?
Imagine-se, por um instante, uma desobediência passiva dos nossos Pais Bíblicos e chegaría-
mos a uma conclusão insensata, a uma situação aberrante, da qual Adão e Eva se saíram o mais in-
teligentemente possível!
Se queremos dar verdadeiro valor a este drama, é preciso alargar a sua interpretação e conferir,
ao mesmo tempo, um outro significado à rebelião de Lúcifer!
Esta mitologia deve, pois, inscrever-se no contexto da evolução humana tal como a concebe-
mos, desde que fomos alimentados com a maçã.
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arquitetura vacilante, sem essa cômoda invenção, chave de ouro de todo o sistema.
Agora, estamos convencidos de que as bases principais da pré-história pertencem a um empiris-
mo que não saberíamos aceitar, mesmo enquanto proposições duvidosas, já que retiramos delas,
pelo menos, seis erros essenciais:
1) Nada prova que o homem descenda do macaco. As espécies são tão pouco análogas que a
transfusão sanguínea entre o homem e o gibão, o chimpanzé ou o orangotango apresenta os mesmos
riscos que entre espécies animais categoricamente diferentes.
As cadeias que ligam o macaco ao homem nunca foram encontradas, e todos os sinantropos,
australopitecos, pitecantropos, atlantropos e outros antropopitecos são fraudes do mesmo gênero do
«Homem de Piltdown».
Com este processo de estabelecer a nossa árvore genealógica poder-se-ia também provar que
3 Ver História Desconhecida dos Homens desde Há Cem Mil Anos. O Instituto da Vida, que desde 1962
agrupa os mais eminentes bió-
«o pau é anterior à cama, passando pela bengala, o banco da praia, o banquinho, o sofá e o cana-
pé»!4
2) O homem pré-histórico não habitou as cavernas, salvo exceções, como nos dias de hoje. Não
existem cavernas nas proximidades das jazidas de sílex: não há cavernas em Saint Acheul (Pas-de-
Calais), nem em Leval-lois-Perret (Levalloisien), em Chelles (Chelléen), em Grand-Pressigny
(Pressignien), etc. Os homens pré-históricos de Pas-de-Calais, do Sena, de Seine-et-Mame, de In-
dre-et-Loire não se iam deitar, à noite, em Eyzies! Moravam em cabanas e, mais verosimilhante —
os que trabalhavam bem a pedra —, em casas.
3) O homem pré-histórico usava, como todos os homens civilizados do Ocidente: chapéu, casa-
co, calças, sapatos.
Este fato é incontestável, porque está provado pelos desenhos gravados nas lajes da biblioteca
sequestrada no Museu do Homem, em Paris5.
4) Os homens pré-históricos conheciam a escrita, como o provam as tabuinhas gravadas de
Glozel, as quais são incontestavelmente autênticas e tidas como tais, depois de processos fulminan-
tes, que fizeram os pré-historiadores morder o pó, vencidos pela luz dos fatos e a boa-fé do desco-
bridor, o senhor Emile Fradin. (O museu de Glozel. a quinze quilômetros de Vichy, em Allier, está
sempre aberto ao público. Na nossa opinião, constitui, juntamente com as grutas de Lascaux e a bi-
blioteca pré-histórica de Lussac-les-Châteaux, Vienne, as três maravilhas do mundo antigo.)
5) Os homens pré-históricos não viviam no estado precário sugerido pelos manuais clássicos.
Pelo contrário, viviam numa «idade de ouro» materialista, cujos recursos eram múltiplos, ines-
gotáveis e de exploração fácil.
O fato é evidente: nos nossos dias, milhares de homens vivem ou poderiam viver unicamente
com a colheita, a pesca e a caça. Todavia, as nossas florestas quase desapareceram e os nossos rios
foram despovoados pelos detergentes e produtos químicos de diversas origens.
Na época pré-histórica, a caça pululava, o peixe abundava e os homens dispunham de todos os
tipos de alimento. Não se duvide!
6) O homem pré-histórico não era esse ser obtuso, tacanho, grosseiro que se pretende. Era pin-
tor, oleiro, desenhador de gênio (as grutas de Lascaux, Altamira, Glozel). As cavernas não eram se-
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não ateliers dos «minus» da sociedade. Os seus contemporâneos mais evoluídos conheciam o vidro,
o carvão e, muito possivelmente, os metais e a indústria do ferro.
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jetos provenientes de Mênfis e de Tebas — vasos, pontas de aço, etc. — atenta-se numa fina cama-
da de metal onde é impossível encontrar traços de soldadura ou de trabalho manual. Esta camada é
tão uniforme, a sua formação cristalina é de tal modo semelhante às dos produtos que obtemos atra -
vés da galvanoplastia. que os especialistas não hesitaram em admitir que esta ciência era conhecida
entre os Egípcios (M. Crüger. Polytechnisches Journal de Dingler, 1851).
Quanto à utilização do ferro, ela remonta a oito mil anos entre os Haddades da África e muito
mais remotamente ainda no tempo.
As minas de ferro da ilha de Elba, em Itália, segundo cálculos efetuados com o maior cuidado
pelos engenheiros da exploração, encontravam-se em atividade numa época «pelo menos dez vezes
mais antiga do que a que conhecemos».
Ora, considerando que os Gregos do tempo de Homero já conheciam esta ilha, que eles deno-
minavam «Ethalie», por causa da saída de fumos das forjas que se observavam ali, chega-se à con-
clusão de que é preciso recuar a mais de trinta mil anos a exploração ativa destas minas.
Depois disto, como se pode falar da «época da pedra lascada», do «paleolítico» e do «neo-
lítico»?!
O PALEOLÍTICO E O NEOLÍTICO:
INVENÇÕES DOS PRÉ-HISTORIADORES
Todo o fiel «bem-pensante» deve pronunciar estas duas palavras com compunção, arredondan-
do os lábios, como que para ascender à divindade por intermédio da santa hóstia.
Temos a coragem de afirmar que o paleolítico e o neolítico não existiram senão na imaginação
dos pré-historiadores.
Entendamo-nos: homens pré-históricos utilizaram, por certo, ferramentas de sílex, mas numa
proporção tão ínfima que podemos considerá-la nula. Em resumo, utilizavam utensílios de sílex
como os homens do século XX comem caviar ou pastilha elástica, isto é, numa proporção de 1 por
1000 ou 1 por 10.000.
Apresentamos já esta teoria a especialistas e as suas reações foram de duas espécies:
— pré-historiadores clássicos: encolhem os ombros, esquivando-se a toda discussão, mas são
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centos mil para o Sara, mas obter-se-á, de qualquer modo, uma ordem de valor que não excederá,
por aproximação, o dobro ou o quíntuplo da solução exata.
Se pudéssemos conhecer o número de facas existentes na Idade Média, teríamos uma ideia da
população dessa época. Mas as facas perderam-se, devoradas pela ferrugem ou enterradas.
Se o paleolítico e o neolítico não conheciam senão o sílex talhado ou polido — nunca o metal
—, como pretendem os pré-historiadores, deve ser possível encontrar as «facas» desses tempos, ain-
da que demasiado remotos, porque o sílex não se desagrega. Pode manter-se facilmente, sem a me-
nor deterioração, uns mil, cinquenta mil ou um milhão de anos.
Um milhão de anos é justamente o lapso de tempo vivido pelo homem sobre a Terra (diz-se)!
Na nossa hipótese, o homem pré-histórico utilizava necessariamente um utensílio que lhe ser-
visse para cortar, talhar, defender-se.
Os homens de todas as épocas e de todos os tempos tiveram e ainda têm necessidade desses
utensílios elementares: faca ou lâmina, machado, lima e tesoura.
Coloquemos na categoria de «objetos necessários» ao homem pré-histórico tudo o que tem a
forma ou uma utilização prática no gênero de faca: machado, biface, raspadoura, cinzel, «nucleis»,
etc., ou seja, a quase totalidade do material de sílex de tamanho aceitável que os homens utilizavam.
Um homem normal, mesmo no nosso tempo, tem necessidade de um certo número de ferramentas
no decurso de toda a sua vida: machado, serra, tesoura, tenaz, picareta, enxada, etc., num total de
cerca de uma centena de objetos.
O homem pré-histórico, que talhava um machado em cerca de dez minutos 7 e encontrou o sílex
em abundância nos locais que conhecemos, deveria então fabricar e utilizar, pelo menos, cem ferra-
mentas durante a vida8, pois esses utensílios usavam-se, quebravam-se ou perdiam-se. Mas, de qual-
quer maneira, eles não desapareceram nem se desagregaram. Sabe-se que, em terreno instável, vul-
gar, as pedras e, por consequência, o sílex são rejeitados pelas convulsões terrestres, a que se adicio-
na a força centrífuga. O que explica que, nos jardins, se desenterrem pedras todos os anos, eterna-
mente, sem poder limpar completamente o solo.
Assim, nos campos de batalha da guerra de 1914-1918, granadas e estilhaços de granada, per-
maneceram intactos. Ainda agora, ano após ano, as crianças encontram as granadas nos jardins, bos-
ques e campos cultivados e são vítima de acidentes.
O nosso estudo leva-nos a um local que conhecemos bem, Charroux (Vienne), um dos mais im-
portantes no que diz respeito ao utensílio essencial que foi o machado (ou o biface).
Encontraram-se cerca de mil a dois mil machados em Charroux, mas alguns anos depois o local
ficou praticamente esgotado. Pode avaliar-se em dois mil a cinco mil, no máximo, sendo este último
número bastante otimista, os machados ainda enterrados. (De notar que o local, para além do Grand
Pressigny, é um dos mais importantes da França. Além disso, Charroux está maravilhosamente bem
situado, na Grande Estrada Pré-Histórica9, a meio caminho entre Grand-Pressigny e Eyzies, perto de
Charente e a uns seis quilômetros da célebre gruta de Chaffaud. Por outro lado, há quarenta e nove
7 É o tempo calculado por Borde de Bordeaux para talhar grosseiramente um machado.
8 A matéria-prima não lhe faltava. Por toda a parte, em Grand-Pressigny, Charroux, Fontainebleau,
Velleches, encontram-se nucleis
não utilizados e uma profusão de materiais que poderiam ter servido.
9 A Grande Estrada Pré-Histórica de França, parcialmente ladeada por painéis do Kodak, é uma alternativa
paralela à estrada Paris-Bor-
déus, que passa por localidades bem pitorescas e por campos de grande beleza. O seu percurso exato é o
seguinte: Grand-Pressigny. Roche-
Posay, Angles-sur-l’Anglin, Saint-Savin, Lussac-les-Chàteaux, L'Isle-Jourdain, Charroux, Civray, Angouléme,
Nontron, Périgueux, Les Ey -
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zies.
grutas no território da comuna, mas nenhuma parece ter sido habitada.)
O material de sílex é particularmente abundante em Charroux, e, se admitirmos o número de
cem machados talhados por cada habitante e por geração de vinte e cinco anos, minimizamos o seu
fabrico ao extremo.
Realmente, o homem pré-histórico devia, por necessidade ou por divertimento, ou ainda por
oferta, talhar muito mais de cem machados em toda a sua vida.
Sabendo e admitindo isto, sem recuar às longínquas épocas da pré-história, pode fazer-se um
cálculo aproximado.
Em cinquenta mil anos, existiram duas mil gerações de homens em Charroux, os quais, segun-
do a nossa análise, utilizaram cerca de dez mil machados. Considerando que eram necessários cem
machados durante uma existência, quantos homens teriam vivido em Charroux em cinquenta mil
anos?
SOLUÇÃO SURPREENDENTE
Ou ainda, com 100 machados por homem num período de dez mil anos somente, ou seja, 400
gerações:
Se acharem que 100 machados é um número exagerado, façamo-lo descer para 10 e obteremos
para 2000 gerações:
Nestes cálculos, adotamos os números mais desfavoráveis à nossa tese: não existem 10.000 ma-
chados em Charroux. O número 10.000 representa sensivelmente a quantidade de ferramentas e de
materiais informes que, com rigor, pudessem ter sido utilizados.
Ora, qualquer que seja o número que tomemos, obtemos um resultado absurdo! Este resultado
foi idêntico quando fizemos as mesmas experiências em relação a Grand-Pressigny, Eyzies, planalto
de Chambre ou Saint-Acheul.
Dificilmente podemos ter uma ideia aproximada da população da França na época pré-históri-
ca, mas algumas relações de grandeza surgem no nosso espírito: 30.000 homens… 300.000, talvez?
A verdade, quanto a nós, dever-se-ia situar entre estes dois extremos.
Aceitando os números de 30.000 homens, de 50.000 anos e de 100 ferramentas diversas, neces-
sárias ao homem por geração, deveríamos encontrar ou poder desenterrar em França bilhões de fer-
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ramentas de sílex.
Ora, os nossos museus e coleções particulares não possuem um milhão de sílex talhados!
É inadmissível que seis bilhões de objetos de sílex possam ainda permanecer enterrados!
O nosso patrimônio de sílex é de cerca de 600.000 peças, o que daria à França, nas condições
atrás mencionadas, uma proporção de:
O que daria cerca de 500 a 100 indivíduos por geração para povoar a Terra, sendo a França,
como se sabe, a pátria, por excelência, do homem pré-histórico.
Estes resultados caracterizam-se pelo absurdo, e desde logo se impõem com a força da evidên-
cia: o número de machados e de ferramentas de sílex não é proporcional ao número de homens que
povoaram a França.
É simplesmente proporcional ao número de «minus» e de atrasados que constituem, simultane-
amente, a escória de toda a população… e os modelos-arquétipos, com o homem de Piltdown e o
crânio… inexistente do sinantropo, sobre os quais os pré-historiadores edificaram a sua pseudociên-
cia.
Logo, os homens pré-históricos — que seriam mais de cinquenta em todo o globo e por cada
geração — utilizavam outra coisa além do sílex para confeccionar as suas ferramentas, uma outra
coisa que desapareceu por desagregação natural, ou seja, muito provavelmente o ferro e as ligas de
metais.
De qualquer maneira, o Paleolítico e o Neolítico, que servem aos pré-historiadores para carac-
terizar as épocas da pedra lascada, são denominações abusivas ao mais alto grau, uma vez que, se
em cada geração, uns 10, 50 ou mesmo 100 homens do planeta utilizaram machados de sílex, nin-
guém tem o direito de definir essa época em função da referida percentagem insignificante.
Caso contrário, pode dizer-se que o século XX é também o século do paleolítico (para as popu-
lações da Nova Guiné e de Bornéu), do caviar (para os snobes dos clubes noturnos) ou da pastilha
elástica (para alguns indivíduos).
Desta ordem de ideias resulta que os nossos antepassados diretos não foram homens tão obtu-
sos como nos quiseram fazer crer, e daí se infere ainda que toda a pré-história clássica é inconsis-
tente e baseada em erros.
Mas o que aos nossos olhos assume uma importância muito maior é o fato de a falência do ho-
mem das cavernas e do sílex abrir uma porta, tão grande como a entrada de uma catedral, para o
passado desconhecido da humanidade.
Um passado que, doravante, tendo sido expurgado das falsas teorias, podemos imaginar grandi-
oso e fantástico… tal como o foi, sem qualquer dúvida!
CAPÍTULO V
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O espírito humano não pode especular senão dentro dos limites do universo limitado, visível,
onde a própria abstração possui os seus dados concretos.
O mistério da criação ainda nos é interdito, mas como duas das suas fases, o presente e o futu-
ro, não estão encerradas no tempo, ele oferece-nos um quadro mental relativamente acessível.
Na teoria do universo bicônico, em expansão e em contração (imagine-se uma sucessão de co-
nes dispostos horizontalmente e tocando-se pelas extremidades), o centro geométrico do conjunto é
o ponto zero do elo onde acaba a contração e começa a expansão.
Este ponto zero seria, pois, o ponto da imobilidade, do equilíbrio, do nada, mas a sua existência
não passa da teoria.
Este processo, em que os cones se sucedem, parece miraculoso, uma vez que o espírito humano
não poderia conceber ou aceitar nem a dilatação nem a contração, repetindo-se indefinidamente,
nem o ponto zero da inexistência, ou a criação espontânea nascida desse ponto zero.
Contudo, ele corresponde à cosmogênese bramânica (o inspirar e o expirar do Brama); à teoria
do universo em expansão e dos ciclos essenciais da vida, morte e renascimento: enfim, está de acor-
do com a lei de Lavoisier: nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.
Evadindo-nos um pouco do nosso universo tridimensional, podemos tentar admitir como hipó-
tese de trabalho a coexistência do nada e do tudo, do não-criado e do criado, hipótese que é, além do
mais, subentendida na teoria clássica de uma criação partindo de uma não-criação, com todo o uni-
verso contido na célula original, quer em massa, quer em volume e grandeza!1
De qualquer dos modos que concebamos o universo, nenhum dos nossos pensamentos pode ul-
trapassar o estádio da teoria ousada, uma vez que não cessamos de chocar com incompatibilidades e
mistérios.
Se um dia o homem evoluir de um modo consciente então talvez compreenda o que lhe escapa
atualmente ou lhe parece sem relação com os dados que possui2.
1 Este ponto zero — que para alguns se identificará com Deus — admite, também, a existência do
antitempo e do tempo. O que ainda
não foi criado existe, todavia, na inexistência, a qual contém o plano pré-concebido da criação. Em
seguida há a passagem da ideia à realida -
de, do imaterial ao material.
2 O problema da criação foi sempre estudado dentro da nossa concepção tridimensional e sem ter em
conta outros mundos paralelos ou
interferências, cuja existência é possível e talvez provável. No sonho, o homem tem o poder de criar e
destruir, mas parece que os fenômenos
têm lugar unicamente quer no pensamento, quer num universo diferente. Se realmente houvesse
materialização, esta poderia ora alimentar o
potencial do nosso mundo invisível, ora participar na criação de um outro universo! Quanto à
materialização no paranormal, nunca foi prova -
da: quererá isto dizer que é impossível? Que o paranormal, o outro lado, «os mundos invisíveis» não
existem?
Se existem e são penetráveis, quer pelo pensamento quer de qualquer outro modo, deduz-se daí que o
nosso universo perde com isso
No autêntico milagre que é a germinação, o plano pré-concebido existe, mesmo antes da forma-
ção do grão, ou seja, no nada ou no presente, o qual seria, em suma, a existência ainda não criada.
Neste sentido, o futuro está sempre contido no presente, como a matéria e o tempo estão sem-
pre contidos no nada!
O mistério, sempre o mistério!
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Do mesmo modo, é tão absurdo formular a questão «Como foi criado o mundo?» como preten-
der dar-lhe uma resposta, suscitando desde logo o louco rosário das questões de prudência que se
assemelham a um jogo de crianças: se o universo não existia, quem o precedeu? O nada. E quem fez
o nada? Deus. E quem fez Deus? etc…
Uma grande dificuldade para o homem, na busca de conhecimento, é a de poder situar-se e de
situar a sua percepção em relação ao que lhe parece ser infinitamente grande ou infinitamente pe-
queno.
Quaisquer que sejam o poder do seu gênio, a magia dos seus números, das suas matemáticas, a
imensidão do desenvolvimento gigantesco das suas especulações, nunca chegará ao começo da ca-
deia.
Num outro plano, uma tradição tibetana exprime esta ideia, afirmando que todos os homens da
criação teriam de conjugar os seus esforços durante bilhões de anos, tentando todas as combinações
possíveis do alfabeto, para escrever o nome de Deus, e mesmo assim só escreveriam as primeiras le-
tras!
Mais simplesmente, entre os rabinos é interdito escrever ou pronunciar o nome de D… tal
como entre os Egípcios era proibido construir o topo das pirâmides sagradas!
No ponto zero, onde terminou o universo em contração e vai começar o universo em expansão, situa-se
teoricamente um universo nulo, onde
tudo existe no incriado. Logo, haveria uma coexistência do nada com o tudo, do tempo com o antitempo.
Tal como o «inspirar e o expirar»
de Brama.
Partindo desta suposição, forjou um universo «total», o seu mecanismo, as suas leis, o seu prin-
cípio.
Em resumo, conhecendo o ponto em que começa a perna da letra A do nosso alfabeto, imagi-
nou as vinte e cinco letras!
Ora, é provável que o nosso universo perceptível — acumulação de estrelas, nebulosas, plane-
tas, etc. — seja comparável, em ordem de grandeza, a uma parcela de plasma retirado de um ser hu-
mano para ser analisado ao microscópio.
uma parcela da sua massa em benefício do universo diferente, onde o nosso pensamento penetra e
conduz a sua substância. Esta hipótese
supõe um sentido inverso: transporte de matéria para o nosso universo, para uma criatura ou pensamento
procedente de outro mundo.
Distinguem-se bactérias e vírus, veem-se glóbulos vermelhos, a linfa… todo esse infinitamente
pequeno errando num oceano de vida. E depois?
Poderia o biologista, partindo dessa colheita, descobrir que se trata de um plasma? Em caso
afirmativo, de animal ou de homem? De pulga, de peixe, de urso ou de elefante? Ou então de um
bêbedo, ou de um «minus», habitante de cavernas? Ou de um Einstein, de um Bergson?
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Saberia ele se esse plasma provém do braço harmonioso de uma bela mulher, da sua perna, do
seu pé torneado ou do seu seio delicado?
E mesmo se conseguisse identificar e analisar o indivíduo, poderia fazer, desde logo, um esbo-
ço do universo?
Veria cidades onde fervilham os humanos e roncam os automóveis, os museus onde estão ex-
postas as obras-primas, os laboratórios de pesquisa, as catedrais, os estádios, os teatros, os lupana-
res? Teria uma percepção, ainda que fugidia, da inteligência de um Descartes, do gênio de um Ro-
din, da beleza de uma Balkis?
Não há uma hipótese num bilhão para que a nossa representação do universo assente em bases
válidas: portanto, tudo aquilo de que nos apercebemos é infinitamente tênue. Em suma, temos uma
ideia da componente universal, mas confundimos o mecanismo interior dessa componente com o
mecanismo útil do próprio objeto. Por certo temos uma ideia da matéria, mas apenas um vislumbre
e compreensão sobre a sua inteligência.
Trata-se, portanto, do nosso ponto de vista, de não considerar a pesquisa científica senão como
uma pugna cavaleiresca, desportiva, e neste sentido, quando falamos do universo, entender-se-á que
nos referimos ao nosso universo.
OS UNIVERSOS INVISÍVEIS
Por outro lado, os nossos meios de investigação para identificar o nosso sublime continente, o
nosso Graal universal, não possuem senão um armamento irrisório: pouco mais ou menos aquilo
que D. Quixote tinha para corrigir as injustiças da humanidade!
Qualquer que venha a ser a potência dos nossos telescópios, a precisão das nossas máquinas
eletrônicas, a nossa busca não evolui senão num quadro tridimensional muito insuficiente.
Há universo ou apenas um universo?
A certeza da inutilidade da nossa pergunta é tal que nos enganamos desde o início: colocamos
uma multidão de núcleos e de partículas no átomo (a mais pequena porção possível) e dividimos a
totalidade — o universo — em diferentes pequenas totalidades. Disso resulta termos átomos, mun-
dos, cosmos, universos, que explicamos por leis pouco estáveis, mais ou menos enriquecidas com
outras leis cômodas e arbitrárias, constituindo toda uma estrutura muito pouco convincente!
Estas leis e a sua busca, no ponto em que elas se encontram, deixam supor a existência de no-
vas dimensões: quarta, quinta, sexta, sétima, etc., sem contar com o Misterioso Desconhecido, o In-
visível, que atrai a nossa reflexão.
O universo, no seu sentido, poderia ser pois composto por bilhões de universos galáticos, a que
se juntariam os universos paralelos: mundos do pensamento, mundos do «outro lado» e do «lado de
cá», mundos invisíveis, mundos multidimensionais, mundos sem dimensão, talvez!
Não temos a ambição de analisar — nem mesmo muito resumidamente — as principais cosmo-
gênese, embora pareça indispensável apresentar as que cristalizam o espírito novo, aventurando-se
na via da revolução.
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inicia em Mercúrio; a segunda, além de Urano, onde o afastamento pára de se duplicar para se tomar
constante. Ler, de Louis Jacot, Elements
de Physique Evolutive, I vol., e L’Evolution Universelle, I vol.
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4 Exceto o do árgon.
samento refletido.
A evolução continua à escala individual e à escala supra-individual, enquanto a adaptação pro-
duz sempre mais consciência.
A INTELIGÊNCIA DA MATÉRIA
Numa hipótese diversa, embora partindo da célula-mãe clássica, a evolução da matéria admite
elementos de um fantástico que alarga o horizonte conjectural, estabelecendo a partir dele uma sín-
tese: teorias científicas admitidas algumas, outras mais empíricas e dados da tradição, ignorados ou
isolados injustamente pelos racionalistas.
A evolução é feita de sistemas obrigatoriamente instáveis, os quais, através do nascimento, da
vida e da morte, tendem para uma complexidade e uma espiritualidade cada vez maiores.
Os ateus pensam que este mecanismo é cego e desprovido de inteligência diretriz.
Para os não-ateus, se o universo tem um termo (universo finito) o último estádio do homem
identificar-se-á com a inteligência diretriz que os crentes identificam com Deus.
Essa inteligência está, portanto, no todo e o homem é uma parcela dele.
E este, extremamente condensado, um processo possível da evolução, tal como seria determina-
do segundo os nossos princípios.
A matéria-base do universo é constituída por uma espécie de «plasma original» (movimento-
luz-energia)5 incriado, eterno, vivo, fosforizado pela inteligência superior.
A ascensão das espécies partiria desse plasma para aí voltar, recomeçando um novo ciclo de
uma essência superior à precedente, mais rica e mais espiritual.
Esta ideia poderá talvez valorizar crenças irracionais, tais como a reencarnação e a ressurreição.
Se o universo fosse finito, encontraria o seu fim apenas com a sublimação da matéria e não do
homem6.
O MISTERIOSO ADN
Todos os reinos da natureza, do mineral ao homem, possuem sentidos, uma inteligência e uma
alma.
Têm-se negado a alma ao mineral, ao vegetal e aos animais inferiores — negámo-la mesmo às
mulheres! —, mas para sustentar tal tese seria preciso limitar o momento e o reino onde esta alma
se manifesta bruscamente. Ora, o ponto de aparição nunca se produz como uma eclosão espontânea,
que, além do mais, não saberíamos explicar.
A inteligência, os sentidos e a alma são, pois, atributos de todas as camadas da Natureza, a co-
meçar pela que se acredita ser a mais baixa no decurso da evolução: o ácido desoxirribonucleico
(ADN), que é mineral no ADN cristalizado e organismo animado enquanto vírus.
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Logo, não se sabe muito bem onde começa e acaba uma categoria!
A anémona-do-mar, que é um animal, é tão semelhante a um vegetal que durante séculos foi
catalogado como tal.
O ilustre físico e naturalista Reamur, «o Plínio do século XVIII», estava tão persuadido disso
que, para «o preservar do ridículo», escondeu durante longo tempo à Academia das Ciências de Pa-
ris o nome da pessoa que levou à douta assembleia a prova da natureza animal da anémona-do-mar!
A ÁRVORE-ARGUS
A inteligência universal encontra partidários cada vez mais numerosos nos meios científicos
desde que a naturalista Nemec pôs em evidência o sistema nervoso vegetal na extremidade da raiz
da cebola, do jacinto, do feto, etc.
Se se «fere» uma planta, quer seja uma sequoia alta, de uns trinta metros, ou um minúsculo
musgo, o conteúdo de células foge para o lado oposto à «ferida». Se roermos uma radícula, ela en-
rola-se. torce-se como um animal ferido.
Ao microscópio, descobriu-se um verdadeiro espasmo, que percorre, por uma larga zona, as cé-
lulas de uma planta a que se arrancou uma folha ou uma flor7.
5 No começo — segundo alguns cientistas — havia uma temperatura de vários bilhões de graus. Tudo era
irradiação ou ondas, com
6 A vida e a inteligência está em toda a parte, do mineral ao homem — tal é o princípio doutrinário do
hilozoísmo.
A matéria dita bruta encerra contudo tanta inteligência possível como o cérebro de um matemático, mas é
possível que o quantum utili -
zado seja ínfimo, o mesmo acontecendo — com uma outra percentagem — ao cérebro humano, onde
apenas dez bilhões de células cinzentas
são utilizadas, num total de trinta bilhões. O mineral utilizaria talvez apenas umas cinco ou seis ou mil
células do quantum posto à sua dispo -
sição.
A inteligência destas células tomar-se-ia imperceptível por efeito de imensas forças da inércia que a isto se
opõem.
Contudo, pode perguntar-se se a inteligência do mineral não é mais evidente do que se quer admitir. Não
se fecha a terra sobre as suas
sementes?
As erupções vulcânicas, os tremores de terra e principalmente essa força viva de um Misterioso
Desconhecido a que chamamos «cor -
rentes telúricas» não seriam a demonstração da inteligência do globo… da nossa Terra-Mãe, onde nós,
homens inteligentes, estamos inseri -
dos?
Por outro lado, será razoável privar de inteligência esses bilhões e bilhões de electrões, de neutrões, de
protões, etc., que executam as
suas vertiginosas sarabandas, mudam, transmudam e fazem com que o globo terrestre, no invisível, seja
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O ASTUCIOSO CARDO-PISÃO
etc.) não explicam a razão por que a campainha se dirige quatro vezes em cada dez para uma vara,
qualquer que seja a sua orientação.
O cardo-pisão tem uma inteligência particularmente desenvolvida.
A interseção das suas folhas e do seu caule forma uma pequena bacia onde se misturam a água
e o orvalho.
Inteligência? Talvez ainda não! Mas acontece que este pequeno recipiente atrai numerosos in-
setos, entre os quais os mosquitos, que acabam por cair à água e afogar-se.
O líquido macera a presa durante algum tempo e a seguir o cardo lança pelos protoplásmicos
infinitamente finos que vão deglutir a refeição8.
Numerosos animais não possuem esta astúcia… esta imaginação, ousamos dizer!
As bactérias, glutonas como a Lucullus, precipitam-se, percorrendo distâncias consideráveis,
tendo em atenção a sua pequenez, em direção a soluções de sais de potássio, mesmo diluídos até ao
bilionésimo do miligrama, desprezando de passagem soluções de glicerina, que, contudo, as alimen-
tariam de maneira excelente. Mas as bactérias preferem o gosto do potássio!
Assim, de uma ponta a outra da elementar cadeia evolutiva desenha-se os vestígios de uma
alma, de uma sensibilidade, de uma vontade que começamos agora a perceber.
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por comodidade de expressão, fala-se muitas vezes de «cadeias» entre dois reinos, mas na realidade
essas cadeias não existem.
que o seu regime, racionalmente aplicado, é uma reação sã contra o abuso da alimentação carnívora, mas
também erram quando pensam que
o vegetarianismo abole o «crime» contra a espécie animal.
Fazendo-o, confundem pieguice e razão e praticam um desvio deliberado às leis da natureza, por mais
cruéis que elas se mostrem ao
espírito simplista.
É curioso notar que os animais mais inteligentes são carnívoros (cães, gatos, raposas, etc.), enquanto os
animais vegetarianos são parti-
cularmente estúpidos (bois, renas, antílopes, carneiros, etc.).
8 Les sens de la plante, por R. France, Ed. Adyar.
9 Fenômeno irreversível é o que não pode voltar a uma forma já tomada. Apresentamos aqui um ponto da
tese clássica que está longe
de ser provada. Em Osaka, no Japão, o doutor Ziro Nikuni assistido por um corpo clínico completo,
observou em homens atacados por uma
doença misteriosa um crescer de fibras de algodão que poderiam servir para confeccionar várias peças de
vestuário! Não se tratava de uma
forma de parasitismo, o que constituiria uma explicação plausível. Em suma, as doenças possuíam três
naturezas nitidamente caracterizadas:
uma natureza mineral pelos seres constituintes, uma natureza vegetal e uma natureza vegetal!
Por outro lado, é preciso que esta evolução «universal» comporte, em pormenor, numerosas es-
pécies que não evoluíram nada desde as épocas mais remotas da criação!
Em resumo, a vida apresenta-se sem grande coerência, um pouco como se o nosso globo fosse
um campo de experiências e um parque zoológico que seres superiores teriam criado para seu delei-
te pessoal.
Ou então ainda — recordando-nos das teorias do barão Espiard de Colonge — como se a Terra
tivesse sido outrora, por colisão ou por osmose interplanetária, o caixote do lixo de qualquer astro
errante.
Enfim, numa terceira hipótese — e de longe a mais plausível —, a vida manifestou-se na Terra
pelo acaso de uma panspermia cósmica (sementeira através do espaço infinito) ou através de clima-
tizações realizadas por viajantes de outros planetas com sementes e gado selecionados, exatamente
como o farão em breve os nossos cosmonautas num astro virgem.
Estas eventualidades alteram completamente o problema da evolução.
Procuramos uma verdade, mas é possível que nós a fabriquemos de todas as espécies, na igno-
rância onde se situa a nossa posição na ordem das grandezas.
As galáxias que nós detectamos com os nossos telescópios, a uma distância de vários milhões
de anos-luz, evoluem talvez apenas no limiar de um universo insondável, e então as leis que regem
o nosso mundo perceptível não terão senão um valor limitado e particular.
É mesmo matematicamente certo que as verdadeiras leis do universo não têm senão uma muito
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longínqua relação com as pequenas leis circunstanciais, inventadas pelos nossos investigadores.
Que destino terão a gravidade, a gravitação universal, a opacidade, o tempo na vida desconhe-
cida do átomo?
Que significarão o comprimento, largura, espessura, num meio elevado a cem milhões de graus
centígrados?
Os homens sempre quiseram apreender o Desconhecido, medindo-o com as suas dimensões co-
nhecidas e localizando-o na sua aventura terrestre.
Mas, justamente, esta aventura terrestre quer-se descentralizar, e cada vez mais devemos conce-
ber como provável que a vida no nosso planeta é de origem externa, ou seja, que as plantas, os ani -
mais e os homens devem ter sido trazidos até esta terra virgem, original. Tal hipótese não é apavo-
rante!
Obviamente, os pré-historiadores, para lá da sua estreita visão, veem o Homo sapiens «ances-
tral» separar-se do reino dos antropoides, talhar o sílex, e depois subir penosamente as escalas do
conhecimento. Todavia, sempre e em toda a parte, os homens disseram um não enérgico a estas teo-
rias!
Com efeito, os homens, vermelhos na América, castanhos na Polinésia, pretos na África, ama-
relos na Ásia e brancos na Europa, afirmaram sempre que a nossa civilização veio de fora… que ela
não é terrestre!
Podemos mesmo assegurar que, segundo o documento mais antigo conhecido, o Livro de Eno-
ch, a ciência da fusão dos metais, a fabricação de armas-escudos, punhais, espadas, a antiga farma-
copeia, a arte de maquilhar das mulheres, de depilar ou de sublinhar as sobrancelhas, são conheci-
mentos que nos foram dados a partir do momento em que seres extraplanetários vieram até ao nosso
planeta atraídos pela beleza e sex-appeal das nossas mulheres!
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Marte, Júpiter, Saturno, Urano —, se foram habitados, tiveram obrigatoriamente de ver escapar-se
as suas populações para um planeta mais hospitaleiro e mais bem colocado na órbita solar.
A população de Urano teve de fugir para Saturno; depois, o processo passou de Saturno para
Júpiter, e deste para o planeta destruído que forma agora os Asteroides; por fim, dos Asteroides para
Marte e de Marte para a Terra.
10 No século XVI, os piratas e flibusteiros do mar das Antilhas e do Grande Oceano deixavam cabras, bois,
ovelhas e carneiros nas ilhas
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1.° Logo após a criação do mundo, os filhos de Deus (anjos ou extraterrestres) vêm à Terra para
casar com as filhas dos homens.
2.° Acontecimentos, os quais nada nos dizem, produzem-se e provocam a cólera de Deus.
3.° Deus «arrepende-se» e destrói a sua criação.
Que poderia existir de mais importante para os homens que o fim do mundo? Não parecerá
tudo uma insignificância, ao lado de semelhante catástrofe?
Ora, o que deveria constituir o verdadeiro gênese foi completamente passado em silêncio na Bí-
blia: em doze linhas anuncia-se a vinda de misteriosas personagens extraterrestres, e dezanove li-
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nhas mais adiante é a destruição da humanidade, o dilúvio universal! Sem mais explicações!
Perfeitamente desconcertante, pois falta justamente o que gostaríamos de saber… aquilo que
nos diz respeito!
Mas, para já, quem eram esses filhos de Deus, ou filhos do Céu, a quem os sacerdotes da Igreja
chamam Anjos?1
Criaturas celestes saídas do reino de Deus-Pai? E quem teria descido ao planeta Terra para fa-
zer amor com as belas terrenas?
Poderão os homens dos tempos do átomo, da televisão, das naves espaciais, acreditar nestes
fantasmas que os nossos olhos não veem, análogos às fadas, aos duendes, aos gnomos?
Para quem tenha fé não se coloca qualquer problema, e a Bíblia toma-se a verdade literal: mas
quem ousará acreditar nela, racionalmente?
Então, os anjos não terão existido? Nestas condições, não restará senão arrumar a Bíblia, as Es-
crituras Sagradas e todos os apócrifos, os quais unicamente relatam fatos idênticos, no tom cor-de-
rosa de uma biblioteca para crianças!
Mas se estes anjos representam uma verdade oculta, um símbolo, quem poderão ser? Donde vi-
eram?
Com circunspecção, vamos propor a única identificação que poderá ter crédito no nosso tempo,
mergulhado na aventura extraplanetária.
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da concupiscência?
Textos apócrifos, como O Combate de Adão e Eva, traduzido do etíope, insurgem-se contra ex-
plicação tão insensata:
E os antigos sábios escreveram sobre eles, dizendo que os anjos desceram dos céus e se ligaram
com as filhas de Caim e que delas nasceram gigantes.
Mas enganam-se quanto a isto; não é verdade que os anjos, que são espíritos, se misturaram pe-
cando com os homens… Mas, de acordo com a sua essência e natureza, eles não são nem macho
nem fêmea, mas puros espíritos, os quais, a partir da sua queda, se tornaram negros.2
Este texto, convém sublinhá-lo, é essencialmente de inspiração religiosa e não se pretende he-
rético.
Mas então, se não se trata de anjos, pode pensar-se em homens de grande porte, uma vez que
deram origem a crianças gigantescas. Existindo numa época em que a descendência de Adão e Eva
era facilmente identificável — porque pouco numerosa —, esses homens não eram, seguramente, da
Terra!
Filhos de Deus… talvez como toda a gente! Mas não nascidos no nosso planeta!
Abandonando, por instantes, o jogo imposto pela Bíblia, é evidente que não acreditamos num
homem e numa mulher nascidos da argila e servindo de protótipos à nossa humanidade. Igualmente
podemos pensar que estes soldados gigantes podiam vir de outra parte do globo: Ásia, América, Eu-
ropa, Oceania ou África.
Ora, a Bíblia é formal: eram filhos de Deus, anjos vindos do céu, e todos os textos apócrifos
são unânimes em dizer que se tratava de seres vindos do céu, de «filhos de Deus» e que desceram à
Terra.
Tais viajantes, sem outra explicação plausível, não podem ser senão homens voadores, aviado-
res ou cosmonautas, provavelmente de uma raça diversa da nossa, já que o seu aspecto físico incita
muito pouco a crer na sua origem terrestre.
É preciso voltar aos textos antigos para encontrar novos pormenores reveladores que existem
abundantemente num apócrifo muito anterior à Bíblia: O LIVRO DE ENOCH.
Uma constatação extremamente inquietante fere-nos aquando da leitura da Bíblia: nove linhas
(versículos 2 e 4) falam da vinda de filhos de Deus, e em vinte e duas linhas o livro sagrado resume
toda a história do mundo desde a fantástica aterragem até ao drama do dilúvio.
O Livro de Enoch, considerando as interpelações, consagra quase oitenta capítulos a estas his-
tórias de anjos e às causas da ira divina!
Oitenta capítulos contra trinta e uma linhas da Bíblia!
Daí surge naturalmente uma questão: por que razão foi suprimido o essencial do Gênese?
O LIVRO DE ENOCH
O Livro de Enoch, do qual foram trazidos da Abissínia três exemplares, pelo grande erudito es-
cocês Jacques Bruce (por volta de 1772), foi copiado de um original redigido em hebraico, em cal-
deu ou armênio e que numerosos tradutores calculam que seja o manuscrito mais antigo do mundo3.
O texto foi interpelado pelos escribas católicos, que, com a mais piedosa das intenções, lhe jun-
taram capítulos anunciando a vinda do Filho de Homem, ou Messias4.
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2 Se os anjos não são sexuados, não puderam pecar com as mulheres dos homens. Quanto aos «anjos»
negros, que destino tiveram na
Terra?
Teriam acabado por adquirir os atributos viris — a necessidade cria o órgão —, tomando-se então os
antepassados superiores dos Ne -
gros?
Esta conjectura daria um sentido oculto à maldição que parece pesar sobre os nossos irmãos de cor!
3 Existem três cópias do Livro de Enoch: duas estão em Inglaterra e a terceira em Paris.
4 No seu afã de reforçar a credibilidade da existência de Jesus enquanto Messias, os escribas, monges e
religiosos dos dezasseis primei -
ros séculos da nossa era truncaram ou destruíram todos os documentos — manuscritos, pedras gravadas,
livros, etc. — suscetíveis de intro -
Mas estas alterações são fáceis de descobrir.
Enoch é uma personagem misteriosa, de que a tradição de Israel se apropriou, mas, de fato, a
sua existência é muito anterior à civilização hebraica.
Alguns eruditos asseguram que antes da Bíblia, como antes dos Vedas, dos Hindus, das Leis de
Manu, dos Bramistas, dos King, dos Chineses, existiam manuscritos que serviram de modelo aos li-
vros sagrados que conhecemos.
Moisés fala, por várias vezes, de textos mais antigos que o Pentateuco e cita passagens deles5.
A crer na tradição, Enoch seria originário da Alta Mesopotâmia ou da Armênia, porque é consi-
derado iniciador ou par do lendário rei Kayou-Marath, ou Kaiomers, «Rei da Terra» e do Azerbai-
jão6.
Nos manuscritos muçulmanos, diz-se que Kaiomers recolheu o conhecimento do verdadeiro
Deus nos livros do profeta Edriss (Edriss significa Enoch em árabe).
ANJOS À MODA!
Assim, temos mais ou menos identificado o armênio Enoch, cujo livro apócrifo (secreto, desti-
nado aos iniciados), ainda que admitido como autêntico — chegou a ser considerado como canôni-
co pela igreja primitiva —, começa por este preâmbulo:
Em nome de Deus, cheio de misericórdia e de graça, moroso em encolerizar-se, sempre pronto
à clemência e à misericórdia, este é o LIVRO DE ENOCH, o profeta.
A partir do VII capítulo, o narrador entra no âmago da questão, sem ter citado Adão e Eva e
sem ter evocado minimamente o drama do paraíso7.
VII capítulo:
1 — Quando os filhos dos homens se foram multiplicando nesses dias, aconteceu que as filhas
nasceram elegantes e belas.
2 — E então os anjos, os filhos do céu, viram-nas e apaixonaram-se; e disseram uns aos outros:
escolhamos estas mulheres da raça dos homens e tenhamos filhos com elas.
Aqui estamos já num outro ambiente diferente do da Bíblia. As mulheres existiam há pouco
tempo na Terra — pelo menos as que são elegantes e belas —, senão os «filhos do céu» já teriam
reparado nelas.
Serão anjos os seres do céu? Sim, no sentido em que o entendiam os Incas quando viram de-
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sembarcar os soldados de Cortez, o mesmo acontecendo às populações atrasadas das selvas quando
viram os primeiros aviadores.
Orejona, a Venusiana, que aterrou perto do lago de Titicaca, segundo as tradições andinas (tal-
vez tenha sido um primeiro «comando» de reconhecimento)8, não foi também ela divinizada?
duzir a dúvida relativamente às verdades cristãs ortodoxas.
Esta imensa falsificação foi seguida também por padres de outros credos, se bem que não exista mais
nenhum manuscrito antigo — sal-
vo, talvez, os Manuscritos do Mar Morto —, cuja autenticidade e integridade parecem irrefutáveis.
5 Estes livros mais antigos que a Bíblia são citados por Moisés nos Números, capítulo XXI — 14-27; citados
também por Josué, capítu-
lo X — 13; por Samuel, II livro, capítulo I, versículo 18, etc. (Bíblia de Dom Martin). Moisés parece ter
resumido estes livros nos doze pri -
meiros capítulos da Bíblia.
6 A ligação Enoch à Armênia tem uma importância extrema, porque é precisamente aí que nasce a
primeira civilização indo-europeia.
Neste plano, será interessante saber, mais adiante, na nossa análise, que Kaiomers instituiu — segundo os
historiadores — a cerimônia do pa -
bous, ou beija-pés, e que as mulheres armênias e circassianas passam por ser as mais belas da Terra. Estes
pormenores vão ligar-se à aventu -
ra extraterrestre.
7 Ver Encyclopédie Théologique, do abade J. P. Migne, livros 23 e 24.
8 Pela nossa tese, vários «comandos» extraterrestres aterraram no Peru, na Mongólia, na Armênia e na
Hiperbórea (hoje submersa). Se
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que arriscam tudo, talvez privados há muito do prazer carnal, de que parecem conhecer muito bem
as delícias. Estes «anjos» não eram certamente aprendizes na matéria!
9 — Eis o nome dos seus chefes: Samyaza, seu chefe, Urakabarameel, Akibeel, Tamiel, Ramu-
el, Danei, Azkeel, Sarakamyal, Asael, Armers, Batraal, Anane, Zavebe, Samsaveel, Ertael, Turel,
Yomyael, Arazeal. Foram estes os chefes dos duzentos anjos; e os restantes estavam com eles10.
10 — Cada um deles escolheu uma mulher, uniram-se e coabitaram com elas; e ensinaram-lhes
bruxaria, encantamentos e as propriedades das raízes e das árvores.
11 — Estas mulheres conceberam e deram à luz gigantes…
Como admitir que «anjos», vivendo habitualmente no reino de Deus, na felicidade eterna…, tão
angélicos, podem, por outro lado, professar tais sentimentos, dignos de soldadesca, e, por outro
lado, ter conhecimento do que era naturalmente desconhecido no céu: a bruxaria, os encantamentos
e as propriedades medicinais ou alimentares dos vegetais?
VIII capítulo:
1 — Azazyel ainda ensinou os homens a fazer espadas, facas, escudos, couraças e espelhos;
ensinou-lhes o fabrico de pulseiras e ornamentos, o uso da pintura, a arte de pintar as sobrancelhas,
de utilizar pedras preciosas e todas as espécies de tinturas, de tal maneira que o mundo foi corrom-
pido11.
Nos versículos seguintes, outros anjos ensinam «os sortilégios, os encantamentos, a arte de ob-
servar as estrelas, os signos, a astrologia, os movimentos da Lua, etc.»
Não se pode ensinar o que não se sabe, aprendeu ou experimentou; é admissível que, no céu, os
«anjos» tenham podido aprender o fabrico de materiais de guerra, o fabrico de ninharias, de adere-
ços de joias, a «arte de pintar as pálpebras»?
E trouxeram para uma Terra inocente e pura a contaminação do céu?
Honestamente, é difícil não reconhecer que estes «anjos» têm pensamentos e uma experiência
tipicamente humanos e absolutamente inconcebíveis e inconciliáveis com uma natureza divina.
Mas se lhes concedermos a natureza de cosmonautas, ou de seres vindos de outro planeta, tudo
se esclarece!
planetária, para que a primeira criança «cósmica», talvez filha de uma terrestre e de um alienígena, venha
a ser soviética!
9 Este nome não é mencionado na Escritura.
outros homens teriam uma civilização idêntica à nossa e as mulheres utilizariam produtos de beleza iguais
ou análogos aos vendidos nas nos -
sas lojas.
Na tradução de François Martin, diz-se a propósito de maquilhagem: «A arte de pintar à volta dos olhos
com antimônio e de embelezar as
pálpebras…»
Racionalmente, se se aceitar a narrativa do Livro de Enoch, estar-se-á perante uma colonização
do nosso globo por cosmonautas vindos de um planeta conquistador, ou forçados a emigrar.
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Nesta ordem de ideias, estes duzentos extraterrestres são verdadeiramente um «comando» e de-
verão dar conta da sua missão ao seu «quartel-general».
É uma tese razoável, sustentada pela nossa atual corrida ao cosmo, e que se reforça com a con-
tinuidade do relato, ao mesmo tempo que se definirá a função de Enoch. Talvez ele fosse também
um extraterrestre; talvez Samyaza, o escrupuloso, seja verdadeiramente um emissário do «quartel-
general», já que reprova a atuação do «comando», parte para se reencontrar com os seus chefes e
far-se-á mesmo mediador entre eles e os cosmonautas rebeldes às instruções dadas.
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Enoch. Karapet vem do georgiano Kari, a porta, o Mestre da Porta, ou Karvosani, o Mestre do Campo, no
sentido global de «mensageiro», o
que se relaciona bem com o armênio Enoch.
XXXIII capítulo:
LXVIII capítulo:
3 — …eis, agora, o nome dos chefes das suas centenas, cinquentenas e dezenas.
4 — O nome do primeiro é Yekum; foi ele quem seduziu os filhos dos santos anjos, e os levou
a descer à Terra para gerar filhos com os seres humanos.
(Os santos anjos têm, pois, filhos no céu!)
6 — O nome do terceiro é Gadrel; foi ele quem revelou aos filhos dos homens os meios de
produzir a morte.
7 — Foi ele quem seduziu Eva.
É verdadeiramente excepcional o fato de encontrarmos citado o nome de Eva (e nunca de
Adão), o qual, segundo este relato, seria o primeiro marido enganado da criação!
O fim do Apocalipse é extremamente confuso, porque volta a falar da criação e termina com o
Dilúvio, o justo castigo da falta cometida pelos cosmonautas ou presumidos como tal.
Os anjos culpados foram enviados para os Vales do Fogo, região que evoca o País do Fogo (o
Azerbaijão), perto do qual aterrou a Arca de Noé.
Um texto eslavo intitulado O Livro dos Segredos de Enoch descreve, de maneira curiosa, os se-
res que visitaram o cronista: «Apareceram-me dois homens, muito grandes, como nunca vi na Ter-
ra. Os seus rostos eram como o Sol que refulge; os seus olhos, grandes como lâmpadas acesas, e
da sua boca saía fogo; as suas vestes assemelhavam-se a uma difusão de espuma e os seus braços
eram grandes como asas de ouro, na cabeceira da minha cama.»
Nesta descrição não se fala já em anjos, mas em homens vestidos como cosmonautas, descritos
bastante ingenuamente, com o seu capacete e escafandro de material plástico.
O jornalista científico russo Agrest, referindo-se ao texto dos Manuscritos do Mar Morto, ano-
tou a seguinte descrição:
Homens vieram do céu e outros foram conduzidos e levados ao céu. Homens vindos do céu
permaneceram na Terra durante muito tempo… (13)
Evidentemente, um bom crente manter-se-á ligado ao sentido literal do texto, mas no século
XX os críticos intransigentes não poderão deixar de sonhar numa conjectura destinada a sufocar um
segredo perigoso.
Alguns dirão mesmo palavras como «grandes mentiras, maravilhosas»… outros «fraude», e
quem diz fraude está muito perto de aderir à tese dos extraterrestres!
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13 O Usbequi (URSS) situa-se entre o Afeganistão e o mar Aral. O arqueólogo soviético Guergui Chatski
descobriu nesta região, nas
proximidades das minas de urânio de Ferghana, gravuras rupestres representando figuras humanas
vestidas e dotadas de capacetes e sugerin -
do o aspecto de verdadeiros cosmonautas! Chatski pensa que os desenhos são da época do paleolítico.
No México, cabeças gigantes de pedra, deixadas pelo misterioso povo Olmec, parecem também ligar-se a
uma aventura interplanetária.
século XVI se um helicóptero ou um avião o levasse à China.
Ele é «transportado à Terra e colocado diante da porta de sua casa» (capítulo LXXX — 7), um
pormenor supérfluo se Enoch tivesse tido uma visão; se assim fosse, não se teria deslocado do lugar
e não havia necessidade de o repor em casa.
Eis que, no capítulo LXIV, seção II — 2, a verdade mal disfarçada parece transparecer quando
diz que Noé «se pôs a caminho e se dirigiu para os limites da Terra, para os lados da morada do seu
antepassado Enoch!».
A revelação do mistério?
É claro que, para o autor deste relato, o patriarca Enoch, arrebatado em corpo para ser levado
ao céu, retirou-se, na realidade, para os limites da Terra, ou seja, entre o Setentrião e o Ocidente, na
Hiperbórea ou na Florida, onde tinha a sua residência terrestre secreta, junto dos responsáveis do
jogo.
Noé (capítulo LXIV, seção III — 1) vê «a Terra inclinar-se e ameaçar ruína».
Também isto é extremamente curioso!
Teria Noé, como assegura a Bíblia dos gnósticos do Egito, sido levado vivo ao céu para se sal-
var do dilúvio?
Tê-lo-ia sido pelos ancestrais misteriosos que habitam entre o Setentrião e o Ocidente? Ances-
trais que teriam máquinas voadoras ao seu dispor?
Ou então, teria Noé visto a Terra inclinar-se, exatamente como a impressão que se sente num
avião a tomar altitude?
Tudo isto apoia, singularmente, a tese de uma viagem aérea realmente vivida por Enoch, e não
«vista num sonho»!
O Livro de Enoch e O Livro dos Segredos de Enoch trazem-nos, neste sentido, um testemunho
que projeta vislumbres fantásticos sobre o passado interdito da humanidade.
Que crédito se pode dar a estes manuscritos, que, apesar das suas inverosimilhanças e das suas
confissões, representam, todavia, os primeiros documentos da nossa história e também, certamente,
uma verdade deformada pela incompreensão e erros de cópia?
No Zohar, que é o relato mais antigo da Cabala, menciona-se por vezes o Livro de Enoch como
um trabalho «conservado de geração em geração e piedosamente transmitido». De qualquer modo,
foi rejeitado pelos cânones dos Judeus e, finalmente, proscrito pelos Cristãos, mas a partir do século
III, e o seu prestígio permaneceu inalterável pelo fato de ser considerado como o único manuscrito
antediluviano.
Esta ideia é reforçada pelo fato de Enoch, ao descrever os movimentos do Sol e da Lua, de um
modo bastante sagaz, cometer, no entanto, alguns erros que motivaram esta crítica de Hoffmann:
Não vejo senão um meio de atenuar estes erros: supor que o autor expõe um sistema que devia
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ter existido antes de a ordem da natureza ter sido alterada pelo dilúvio universal!
Ora, com efeito, a tradição afirma que O Livro de Enoch foi levado por Noé para a Arca e que
dessa forma escapou da destruição.
Não é, pois, sem razão que se considera este apócrifo como a verdadeira Bíblia dos homens.
Os dados astronômicos do livro, tendo em conta a deslocação dos polos verificada na sequência
do Dilúvio, fazem crer que o seu autor vivia num país situado muito próximo da região da antiga
Armênia, perto da nascente do Eufrates, no local onde aterraram os cosmonautas que namoraram as
belas filhas dos homens.
Algumas considerações de ordem geológica apoiam singularmente esta tese.
CAPÍTULO VII
possamos fazer dos «anjos», «filhos de Deus». Não se trata de uma hipótese gratuita.
Os ateus e a multidão dos homens ditos de bom senso rejeitam pura e simplesmente os textos
sagrados, classificando-os de fábulas, lendas ou inécias.
Este ponto de vista sectário não dá muita importância ao nosso patrimônio tradicional, quais-
quer que sejam as suas incertezas e interpelações.
Parece-nos absolutamente incontestável que a Bíblia e os Apócrifos representam uma verdade
exagerada, ou mutilada, mas que repousam em bases autênticas.
Então, em que acreditar?
Se os «anjos» saíram do reino celeste, se são criaturas não humanas, servindo de ligação entre
Deus e nós, a nossa exegese é perfeitamente inútil.
De fato, o reino celeste, no nosso universo criado e material, quase não tem companheiros sufi-
cientemente válidos! E os «anjos», bons ou maus, guardiões ou cantores, nunca foram identificados,
fotografados, vistos ou controlados, como os elfos, as fadas, os gnomos e as serpentes fantásticas.
Se a Bíblia é um livro digno de fé, mesmo no sentido matizado da nossa interpretação, torna-se
necessário tomar partido pelos «anjos» feitos como nós, de carne, ossos, inteligência e ideias mais
ou menos recomendáveis, o que significa que estes «anjos», filhos de Deus, eram homens.
Muito honestamente, devemos confessar que a sua identidade como extraterrestres — já que
vamos chegar a essa conclusão, irremediavelmente — confunde um pouco o nosso convencionalis-
mo covarde!
Como dizer, mesmo no século XX, que os homens de um outro planeta já estiveram na Terra?
Certamente existe todo um público que aceita esta ideia: muitos estão conscientes do sentido
profundo da nossa aventura cósmica e dos prolongamentos que ela suscitará, inelutavelmente…
mas há os outros!
E os outros são, de um lado, os crédulos fanáticos que todas as manhãs se cruzam com extrater-
restres nos corredores do metropolitano e que um ano por outro vislumbram os seus dois ou três
«discos voadores» no céu do seu sonho: por outro lado, existem os incrédulos enraizados nos fatos
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13 — «Neste momento, ela obrigou o seu espírito (dominou a sua cólera), falou comigo e
disse-me: Oh, meu senhor! Oh! (meu marido! Lembra-te)
14 — do meu prazer! Ter-te-ia confessado pelo Grande Santo, pelo Rei do (céu e de toda a
Terra)
15 — que é de ti esta semente, e de ti esta gravidez e de ti a plantação de (este) fruto (…)
16 — e não de um estrangeiro qualquer, e não de um qualquer «vigilante» e não de qualquer
filho do (céu)…»
1 Naturalmente, o autor não adivinharia os passos já dados, entre outras áreas, na exploração lunar, a
partir de 1969, dado que a edição
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aventuras angélicas que «Jesus era filho de um extraterrestre», o que não sendo ortodoxo não é me-
nos aceitável2.
mito (dado que nenhum historiador do seu tempo mencionou a sua existência), mito que explicaria a
destruição sistemática, feita durante a
Idade Média, de todos os trabalhos históricos do século I e da primeira metade do século II. Por outro lado,
pensam que Jesus e os apóstolos
seriam extraterrestres em missão na Terra. De resto, comentam do seguinte modo o texto do Evangelho de
S. Mateus: «José era frígido: a sua
mulher Maria era bela: acabou por se achar grávida e isso teria de acontecer… isso aconteceu sempre em
casos semelhantes. Não há nada
aqui de repreensível, mas é um exagero», acrescentam os comentadores soviéticos, «que uma conjura
satânica tenha feito deste fruto do amor
um filho de Deus e o próprio Deus.» Parece-nos interessante citar estas opiniões eminentemente
subversivas, pois sublinham uma tendência
polêmica soviética, que, paralelamente, em Outubro de 1963 se tinha afirmado contra os «Israelitas
burgueses».
Se, no início, a Bíblia quis ser apenas o «diário de bordo» dos nômadas do deserto, o seu desti-
no, por força misteriosa, integrou o destino da Europa e das Nações mais civilizadas do globo.
Durante dois milênios, a Bíblia foi a Bíblia, ou seja, o monumento sagrado de Deus único e da
verdade eterna.
Tocar, duvidar, interpretar, era um crime, um sacrilégio.
As nossas cidades, invenções e catedrais são exaltações magníficas de um pensamento nascido
no espírito de alguns pobres pastores hebreus.
Os homens do Ocidente não podem esquecer isto, que os une indestrutivelmente pela carne,
pelo coração e pelo gênio de seus irmãos espirituais; contudo, surgiram tempos novos com o desen-
volvimento da ciência.
Temos necessidade de nos «reciclar», segundo a expressão de Leprince-Ringuet, e, com todo o
afeto que temos pela nossa velha Bíblia ancestral, somos obrigados, para sobreviver e evoluir, a fe-
chá-la para sempre no capítulo ingênuo e encantador que não acabamos de ler.
O grande neurologista Sigmund Freud (e muitos outros antes de nós) ficou chocado com o teor
incrível de alguns fatos e, reconhecendo quanto lhe era penoso refutá-los, teve, pelo menos, a cora-
gem de expor a sua interpretação com respeito mas com firmeza.
O mistério de Moisés, em particular, foi por ele o objeto de um erudito estudo, do qual extraí-
mos a seguinte conclusão: o grande patriarca, reformador e legislador dos Hebreus era egípcio, não
podia ser senão egípcio, e a lei mosaica e a própria circuncisão eram também de origem egípcia3.
Como Sargão, rei de Acade, Moisés foi colocado no berço de verga, cuidadosamente calafeta-
do, e depois foi confiado à corrente de um rio. A filha do faraó recolheu a criança, adotou-a e deu-
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— Sofonim, mulher de Nir, era estéril, mas um dia ficou grávida, acabando por morrer sem
dar à luz. A criança saiu do cadáver de sua mãe e começou logo a falar, abençoando o Senhor.
Nir e Noé deram-lhe o nome de Melquisedech.
Através de S. Miguel, o Senhor fê-lo abandonar a Terra, sendo colocado no Éden, bem guar-
dado, para que escapasse ao Dilúvio.
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Mais tarde foi colocado na liderança dos sacerdotes da sua raça, e quando a humanidade se
purificar será o senhor do Mundo.
a sua biografia como se tratasse de tornar impenetrável um segredo que ninguém deveria conhecer.
Segundo alguns, ele é o próprio filho de Noé; os pais da Igreja declaram-no «figura de Jesus e
pontífice eterno».
A seita dos defensores de Melquisedech, apoiando-se numa definição de S. Paulo, que o dizia
sem pai, sem mãe e sem genealogia, sustentava que Melquisedech não era um ser humano, mas um
virtuoso ser celeste superior ao próprio Jesus Cristo5, um mediador entre Deus e os anjos.
Vemos, pois, que após a interferência interplanetária os «anjos» reaparecem de novo, enquanto
o mistério se vai adensar com uma outra opinião: Melquisedech era o próprio Enoch 6, sim, Enoch
mediador entre o «comando» da Armênia e os «extraterrestres» da Hiperbórea… ou, se se preferir,
entre os «anjos» e Deus.
Don Calmet via nele um dos Reis Magos que seguiram a enigmática estrela no caminho de Be-
lém. Esses três reis seriam Enoch, Melquisedech e Elias!
Ainda mais: que estranha coincidência na associação de Enoch, feliz e vivo da Terra, para subir
ao Céu, e de Melquisedech, feliz e vivo da Terra, para ser elevado ao Éden… Elias, do mesmo
modo, subiu da Terra ao Céu num carro de fogo, depois de ter realizado milagres muito maiores que
os atribuídos a Jesus!
Estas três personagens teriam, assim, conhecido o segredo da aeronáutica ou de naves espaci-
7
ais .
Não se vislumbra aí um prodigioso mistério, que se esconde atrás do símbolo e da perífrase?
dos à guarda de rabinos iniciados. Em resumo, de modo análogo à sobrevivência eterna do Buda
tibetano.… Quando os tempos chegarem, o
último descendente de Melquisedech far-se-á conhecer e tomar-se-á Rei da Justiça, ou o Senhor do
Mundo, ou ainda o Messias dos Hebreus.
6 Don Calmet, Discours e dissertations sur le Nouveau Testament, 1705, tomo II.
7 Não só esse, como muitos outros, se se der crédito à tradição. Elias ressuscitou dos mortos, queimou
lenha à distância, provocou tro -
voada e chuva, destruiu, pelo «fogo dos céus», os soldados inimigos, abriu as águas do Jordão para o
atravessar sem molhar os pés …
Que verdades científicas se escondem por detrás destas lendas? E se se trata de verdades científicas,
donde poderiam provir senão de uma
avançada civilização desaparecida?
A PALAVRA QUE É PERIGOSO PRONUNCIAR
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As verdades ocultas de outrora, escapadas à censura, deixavam ainda antever alguns ensina-
mentos. Os gnósticos do Egito asseguravam que Noé não construiu a Arca e não navegou pela Terra
inundada: encontrou refúgio no Céu, partindo para ele numa nuvem luminosa8.
Em 1961, Jacques Auzoles Lapeire escreveu a propósito de Melquisedech:
Foi gerado por uma nova criação ou por um qualquer processo extraordinário, para nós inatin-
gível e sem interpretação.
Este patriarca foi Enoch, o qual pôde sair do paraíso terrestre e mudar de nome…
Tinha sido criado antes de Adão, a partir de uma raça celeste muito superior à dos homens…
Todos estes mistérios se colocam numa base idêntica: seres que vieram do céu… que para lá
voltaram… e que dirigem, ocultamente, o destino dos homens.
Mas «é proibido falar dos anjos, chamar pelos seus nomes», dizem os rabinos! E fica-se a saber
ainda, com espanto, que Enoch, Noé, o grande e poderoso Melquisedech, Moisés, Elias, Jesus (as
altas personagens das Santas Escrituras), todos nasceram de pais desconhecidos e quase todos têm
uma história de anjos na sua origem.
Além disso, todos «foram transportados vivos da Terra» e conduzidos algures… como se se
pudessem deslocar num engenho misterioso para se dirigirem a local enigmático9…
É difícil não se prestar atenção a semelhante mistério, que, do nosso ponto de vista, esconde e
sequestra a verdade sobre a nossa gênese.
Bastaria uma palavra para que tudo se tornasse compreensível, lógico; uma palavra mágica e
detestável… uma palavra perigosa, que mudaria a face da humanidade!
Mas é uma palavra que todo o bem-pensante, enfeudado às terríveis conjuras, não deve pronun-
ciar senão com um sorriso de comiseração, mesmo que o seu coração e a sua imaginação sejam soli-
citados pelo chamamento da verdade estrangulada.
Já em 366, no Concílio de Laodiceia, quer por escrúpulo de consciência, quer por prudência
para melhor preservar o segredo, foi proibido chamar os anjos pelos seus nomes10.
Não seria permitido analisar um problema que se arriscaria a tornar-se a chave do segredo.
Resumindo: é perigoso falar de anjos… ou melhor, desses seres idênticos a nós que instalaram
o seu quartel-general na Hiperbórea da tradição.
Passaram-se séculos, esfumando, queimando, amenizando os fatos, nomes e datas; os homens
juntaram-se à deterioração, rabiscando os manuscritos para os transformar em palimpsestos; contu-
do, milagrosamente intacta, conservou-se a recordação dos antepassados superiores, cujo país se si-
tuava onde é hoje a América, para lá do Oceano.
Uma recordação indefectível, que, durante dois milênios de história, conduz, na direção da Hi-
perbórea e da Atlântida, numa busca nostálgica, os filhos diretos de Enoch, Noé e Melquisedech: os
Celtas e os Escandinavos.
8 Jean Doresse, Les Livres Secrets des Gnostiques de l’Egipte, Ed. Plon.
9 Moisés foi também transportado segundo o texto de «Assomption de Moyse». A sua entrevista «frente a
frente» com Deus, durante
quarenta dias, no monte Sinai, pode deixar supor muitas coisas, uma vez que ninguém se devia aproximar
da montanha. Note-se também que
Moisés se retirou para longe de todos para morrer e que nem o seu corpo nem o seu túmulo foram
encontrados (Bíblia – capítulo XXXIV,
versículo 6).
10 A angelolatria é uma heresia.
CAPÍTULO VIII
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VÊNUS, O PLANETA
DOS NOSSOS ANTEPASSADOS
Os povos antigos, mais conscientes que nós da sua integração na ordem universal, não recea-
vam mais nada que não fosse o céu cair-lhes em cima. É verdade que o seu tempo estava ainda mui-
to perto das grandes atribulações cósmicas que tinham feito tremer o planeta, acontecimentos esses,
contudo, tão longínquos que os nossos contemporâneos os perderam na memória ou não pretendem
tirar deles mais lições.
Imaginamos um encolher de ombros, indiferente, talvez incrédulo, que tal inquietação pode
suscitar! Contudo, tal como há 4000 anos1, um dia — amanhã talvez — um pequeno cometa tocará
o horizonte, a Terra agitar-se-á, o norte tomar-se-á sul, o leste passará a oeste… e tudo ficará dito,
acabado, regulado, tanto para os que sabem como para os céticos!
Mas, tomem nota, as hipóteses de reencontro da Terra com um cometa são infinitamente míni-
mas: na ordem de 1 para 281.000.000, segundo o cálculo de astrônomos!
3 Velikovsky sugere as seguintes datas 1500 a 1700 a.C. para o cataclismo universal e cinquenta e dois anos
mais tarde (no tempo do
êxodo dos Hebreus) para a segunda convulsão. Assegura também que o planeta Marte entrou em colisão
com a Terra no VIII século a.C.,
fato que teve como consequência o desvio do eixo terrestre. Estamos de acordo com a autenticidade dos
acontecimentos, salvo nalguns pon -
tos: não houve colisão (senão a Terra teria ficado em pedaços), mas um toque de raspão. A data do
cataclismo universal talvez não seja tão
próxima dos nossos tempos. De qualquer maneira, em cinquenta anos, os Egípcios e os Hebreus não
teriam podido repovoar e recuperar as
respectivas civilizações.
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4 A rainha Hatshepsut é da XVIII dinastia, 1500 a.C. O arquitecto Senmut viveu na época em que, segundo I.
Velikosvsky, ter-se-ia
produzido o cataclismo terrestre, o mapa do túmulo poderia, desse modo, relembrar um acontecimento
extraordinário e contemporâneo.
VÊNUS INVISÍVEL HÁ QUATRO MIL ANOS!
AS TÁBUAS DE TIRVALOUR
cristãos enviaram para a França tábuas astronômicas indianas (hindus) que atestam a grande anti-
guidade da ciência daquele país.
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Entre estes documentos encontram-se as tábuas de Tirvalour, levadas para depósito da Marinha,
que provam que a idade dita do Caliougam começou a 16 de Fevereiro do ano de 3102 a.C., às duas
horas, vinte e sete minutos e trinta segundos da manhã5.
Os Hindus, escreve o astrônomo Jean-Sylvain Bailly, dizem que na idade do Caliougam houve
uma conjunção de todos os planetas; com efeito, as suas tábuas indicam esta conjunção, e as nos-
sas mostram que ela pode realmente ter acontecido.
Voltando a este assunto, o astrônomo real prossegue esta espantosa narrativa, que pode ser veri-
ficada nas tábuas de Tirvalour:
Naquela época, os Hindus viram quatro planetas libertarem-se sucessivamente dos raios sola-
res; primeiro Saturno, depois Marte, Júpiter e Mercúrio, e todos estes apareceram reunidos num
espaço muito pequeno…
Naturalmente, Bailly ficou surpreendido por não encontrar Vênus nesta observação astronômi-
ca, e como não podia acreditar num sistema de quatro planetas deduziu daí, sem aprofundar o pro-
5 Traité de 1'Astronomie Indienne, Paris, 1787, Preliminares, pág. XXVII e pág. 182.
blema, que teria havido um esquecimento ou que Vênus, no curso desta observação, se encontraria
do outro lado do Sol.
Mas uma explicação deste tipo não é válida: os Hindus, tal como os Caldeus, eram astrônomos
muito hábeis e meticulosos e sublinham que durante o Caliougam se produziu uma conjunção de to-
dos os planetas, e não apenas de quatro.
Descobriram esta conjunção com tanta precisão que se pode estabelecer a sua data exata, relati-
vamente ao nosso calendário atual: dia 16 de Fevereiro de 3102 a.C., às duas horas, vinte e sete mi-
nutos e trinta segundos da manhã, ou seja, com uma aproximação de um segundo, em cinco mil e
sessenta e sete anos (cálculo de 1965)!
Esta precisão, meticulosa, rigorosa e matemática, permite certificar-nos que o planeta Vênus
não pôde ser esquecido na observação e no relato, embora seja o mais brilhante e o mais visível!
Que ele tenha ficado colocado por detrás do Sol é inadmissível, já que não podia permanecer aí
durante muito tempo, pois seria afastado como o foram «no princípio Saturno, depois Marte, Júpiter
e Mercúrio»!
Era impossível que ele permanecesse escondido durante todo o tempo gasto pelos quatro plane-
tas para efetuar a sua «passagem».
Por outro lado, a tábua de Tirvalour não menciona Vênus, nem a sua ausência, nem a sua reapa-
rição, que se deveria ter produzido e verificado.
Finalmente, os astrônomos hindus, tão meticulosos e tão precisos, são formais nas suas declara-
ções: tratava-se de uma conjunção de todos os planetas.
Donde se pode deduzir que há cinco milênios o sistema solar era um sistema de quatro plane-
tas.
As tábuas hindus posteriores à tábua de Tirvalour, pelo contrário, estão baseadas num sistema
de cinco planetas, compreendendo Vênus.
AS TÁBUAS BABILÔNICAS
Na astronomia babilônica, mencionam-se os quatro planetas atrás citados, mas Vênus continua
ainda ausente, e, falando dele, os antigos textos falam na «grande estrela que se juntou às grandes
estrelas».
Nas suas orações, os Babilônios invocam Saturno, Júpiter, Marte e Mercúrio, mas nunca Vê-
nus.
Um antigo calendário encontrado em Boghaz-Keui, na Ásia Menor, menciona claramente as es-
trelas e os planetas, mas Vênus falta na lista, fato para o qual apenas se pode encontrar uma explica-
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ção lógica: Vênus não era conhecido pelos Babilônios no ano 3000 a.C.
Logo, este planeta não figurava no nosso sistema planetário, ou então estava demasiado longe
da Terra para poder ser visível pelos Antigos.
As tradições mexicanas contam que «a grande serpente de fogo de Quetzalcoalt atacou o Sol, e
a obscuridade fez-se durante quatro dias. Depois, a grande serpente metamorfoseou-se numa radiosa
estrela (Vênus)».
Nas ilhas Samoa, os indígenas acreditam que este planeta teve uma «rota selvagem» e que tinha
cornos implantados na cabeça.
Na Grécia, o sábio Demócrito, particularmente versado em astronomia, sustentava, embora sem
revelar as suas razões, que Vênus não era um planeta. O que não deixa de ser espantoso na boca de
um grande iniciado!
Santo Agostinho lembra, segundo Varron, que «Castor, o Rodiano, tinha deixado escrita a nar-
ração de um prodígio espantoso que se teria operado em Vênus; esta estrela teria mudado de cor,
grandeza, aspecto e curso. Este fato, que não teve nada de semelhante, nem antes nem depois, teria
acontecido no tempo do rei Ogyges (lembremo-nos do dilúvio de Ogyges), como o atestam Adrasto,
Cyzicenus e Díon, nobres matemáticos de Nápoles».
Tal soma de relatos concordantes têm preocupado vivamente os cientistas, que se perdem em
conjecturas sobre as razões destes fenômenos. Muitos pensaram, e I. Velikovsky é desta opinião,
que Vênus foi um cometa ou que foi confundido como tal.
Mas, diz a «Grande Enciclopédia», pode confundir-se um cometa com uma estrela? E mesmo
que se estivesse em tal erro, será que, pela reaparição de Vênus, não se teria logo reconhecido o
erro? Que observador, que cientista, que matemático teria ousado sustentar, irrefletidamente, um
acontecimento tão grandioso, único no mundo, durante trinta séculos?
Como, a propósito, chineses, gregos, hindus, etc., falam de uma «cabeleira», de uma «crina de
fogo» acompanhando Vênus ao jeito de uma cauda, é-se obrigado a confessar que este planeta era,
de fato, inexistente no céu dos Antigos e que a sua aparição foi feita à maneira de um cometa, cau -
sando, por isso, imensas perturbações.
Lembremo-nos também que, segundo as tradições dos Incas, a primeira mulher da humanidade.
Orejona. procedeu do planeta Vênus, «numa astronave mais brilhante que o Sol».
Se o mistério desta estrela se mantém mas ou menos intacto, sobressaem daqui, pelo menos,
duas certezas: Vênus entrou no nosso céu há aproximadamente cinco mil anos, com a aparência e os
efeitos maléficos de um cometa.
A estas constatações pode ainda acrescentar-se que um misterioso satélite natural ou artificial
foi observado perto de Vênus no século XVIII, pelos eminentes astrônomos Cassini, Short, Montag-
ne, entre outros.
Assim, o planeta patrocinado por Lúcifer teria tido uma trajetória espiralada e seria o responsá-
vel pelo dilúvio universal, ganhando por esse motivo a sua reputação de «porta-malefícios».
Será assim tão absurdo que um planeta do nosso sistema solar se dedique a tais excentricida-
des?
De maneira nenhuma! O contrário é que seria anormal.
O átomo, fartam-se de dizer os astrofísicos e os cientistas em geral, é constituído à imagem do
sistema solar… ou inversamente, se o preferirmos.
Neste sistema, o Sol representa o núcleo, os planetas, os eletrões, e, exatamente como no áto-
mo, é um processo elétrico ainda mal conhecido que assegura a vida, o movimento e a gravitação
dos planetas.
Ora, no átomo, os eletrões saltam de um núcleo para o outro, isto é, mudam de órbita; então, no
sistema solar os planetas deveriam comportar-se identicamente e pelas mesmas causas6.
No caso do átomo, o fenômeno pode determinar reações concomitantes — como no laser —,
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ao passo que, com os planetas, pode causar o que os Antigos chamaram «fim do mundo».
Em 1696, o físico inglês W. Whiston sugeria que o cometa de 1680, cuja periodicidade é de
quinhentos e sessenta e cinco anos e meio, tinha provocado o dilúvio bíblico.
Não poderiamos confirmar a justeza destes cálculos, mas se Whiston viu certo o próximo fim
do mundo será, portanto, no ano 2271!
A SUMÉRIA E A BÍBLIA
Não acreditamos que milhares de pessoas tenham visto «discos voadores» e «homenzinhos ver-
des»7, que centenas de milhares de alucinados tenham visto fantasmas, mas acreditamos nos mi-
lhões de testemunhas que atestam, há quatro milênios, o erro de cientistas clássicos e que procla-
mam, dos polos ao equador, do nascente ao poente: «Um planeta errante provocou a desordem na
6 «O que está no alto é como o que está no baixo» (Hermes Trismegisto).
7 Sabemos da existência de investigadores honestos e sinceros do problema OVNI (Objetos Voadores Não
Identificados). A nossa críti -
ca visa somente os empiristas crédulos ou abusivos.
Terra e o dilúvio universal. Este planeta era Vênus.»
O erro dos cientistas do «sistema aceite pela conjura dos bem-pensantes» não é o único respon-
sável pela falsificação da história humana! Mas então em que acreditar, ou fundamentar a nossa cer-
teza, se as bases foram alteradas e o jogo truncado como no poker?
Assim, não se pode acreditar em nada!
Não se acredita na Bíblia!
Não se acredita na Suméria, berço da primeira civilização!
Sim! Os astrônomos e os arqueólogos têm dez, cem provas de que a civilização egípcia é ante-
rior em vários milênios à da Suméria8.
O Calendário de Sothis (Sírio), com seis mil duzentos e seis anos de idade (em 1965), prova-o
e permite recuar até 7000, e mesmo a 8000 anos, o começo da civilização no Egito9.
Mas o «Sistema» quer que o mundo comece na Suméria, há cerca de 5000 anos… por isso, re-
pudia-se o Calendário de Sothis, e, através de cálculos sutis, «certifica-se o erro» para transformar
os 6206 anos da sua criação em apenas 2772 anos.
A Suméria está salva!
É preciso uma certa coragem ou inconsciência para querer brincar aos D. Quixotes no reino das
imagens ilusórias! Ainda assim os conjurados do Sistema não deixarão (distorcendo a verdade,
como no processo de Glozel) de lançar o descrédito e, se possível, a infâmia sobre a nossa tentativa
de reconstrução.
Não importa! No labirinto dos milênios e das maquinações, experimentaremos aproximarmo-
nos o mais possível dos fatos, sugerindo as explicações que nos parecerem lógicas.
Na nossa hipótese, os extraterrestres chegaram ao nosso planeta vários milênios antes do dilú-
vio, sem que seja possível situar aproximadamente a sua chegada na grande noite primi-histórica
que se estendeu, talvez, até ao período do homem de Neanderthal.
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«malícia e nos pensamentos do mal» (Gênese VI-5), o que pode sugerir um paralelo com o nosso
tempo caracterizado pelo baixo materialismo e pela iniquidade.
Que se passou então?
O destino das civilizações é um eterno recomeço, uma inexorável marcha para a morte e o re-
nascimento.
Por razões, sem dúvida, análogas às que opõem atualmente o bloco ocidental ao oriental, surgiu
um conflito entre Atlantes e os povos de Mu.
Esta época situa-se nos confins do nosso tempo pré-histórico, nas brumas onde os acontecimen-
tos realmente vividos se diluem em lendas prolongadas pelas tradições.
Os homens guardaram a recordação destes acontecimentos, mas enfeudaram-nos à sua época,
aos seus deuses, aos seus heróis, à sua imaginação.
O Mahabhârata, o Drona Parva e o Maha Vira 10 relatam a guerra atômica que eclodiu na Terra,
com todos os seus efeitos de radiações e de mutações.
8 A civilização hindu é também muito anterior à da Suméria. As tábuas de Tirvalour (mais de 5000 anos)
provam a existência de uma
9 No calendário de Ptolomeu, encontramos o nascer helíaco de Sírio cerca de 3241 a.C. O nascer de Sírio
era de uma importância capi -
tal, porquanto anunciava as inundações do Nilo; donde se deduz que este calendário foi feito pelos
astrônomos egípcios.
10 O Maha Vira, de Bhavabhonti — atos V e VI. O Ramayana, como a mitologia grega, evoca a luta dos
demônios ou titãs contra os
deuses. Aqui, as coincidências são numerosas, e os heróis parecem tão idênticos que os Gregos pensam
que Homero foi outrora traduzido na
Índia.
O mais provável é que uma verdade universal conhecida de todos nos tempos primi-históricos tenha
inspirado, de uma vez, a Ilíada, a
Odisseia e a maioria das tradições.
O elemento maior desta verdade é a guerra dos titãs contra os deuses, ou seja, o relato do cataclismo
cósmico.
As bombas atômicas de Mu devastaram a Atlântida e o continente americano, ao mesmo tempo
que a represália atlante levou a morte e o aniquilamento até Mu.
Identificamos dois epicentros: Califórnia-Nevada, a oeste, e o deserto de Gobi, a leste; mas,
sem dúvida, houve outros, atualmente imersos nos abismos do Atlântico e do Pacífico.
O resultado desta guerra insensata foi o de precipitar o mundo para a ruína, para o fim de todas
as civilizações, o recuo das faculdades intelectuais, o enfraquecimento físico e a deterioração das
gerações vindouras.
Nasceram monstros aos milhões, comprometendo o problema da sobrevivência.
Depois do cataclismo provocado pelos homens, houve, sob o signo de uma misteriosa conjun-
ção, o cataclismo natural, que colocou todo o sistema solar em perigo em virtude do curso errante
de Vênus11.
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Depois do dilúvio, a humanidade afundou-se dia após dia, tornando a descer os degraus da evo-
lução e recaindo, pouco a pouco, na inconsciência.
Num último sobressalto de lucidez, os homens ergueram a «Puerta del Sol», em Tiahuanaco,
gravando na sua frontaria esquemas de máquinas de que não se conhece muito bem o sentido e o
destino, a não ser o de uma mensagem às gerações futuras: no Egito, os iniciados desenharam glo-
bos alados que iriam mais tarde figurar, incompreendidos e impenetráveis, na porta dos tempos.
Esta ressurreição dos tempos primi-históricos chocará, sabemo-lo, os cientistas do sistema
clássico e os teólogos agarrados às suas tradições e à sua verdade revelada.
Contudo, a nossa tese não é mais fantástica que a dos historiadores e dos pré-historiadores, que,
nas suas buscas e exposições, evitam sempre tomar em conta os dados essenciais: as histórias de an-
jos, os monstros lendários, os heróis, os dilúvios ou os cataclismos que ameaçaram várias civiliza-
ções terrestres.
Enfim, nunca os exegetas e os teólogos estudaram a Bíblia e os Apócrifos com o espírito de ho-
mens a quem o futuro propõe este fato, que não se poderá fingir, ignorar eternamente: estamos cada
vez mais agarrados ao cosmo, a Terra não é um universo fechado, os intercâmbios interplanetários
terão lugar em breve12.
O que justifica que se diga que os homens caducos e sectários querem continuar a especular
como terrestres, conquanto sejamos já cidadãos do Mundo.
Por outro lado, a Bíblia, as sagradas escrituras e os manuscritos apócrifos insistem inúmeras ve-
zes, numa linguagem clara, no fato de a intromissão extraterrestre formar o elemento primordial da
nossa gênese.
É, pois, nesta ótica que tentamos estruturar uma primi-história, de acordo com as nossas hipóte-
ses sobre as civilizações desaparecidas na sequência dos acontecimentos insólitos dos tempos bíbli-
cos.
11 Platão, baseando-se nos patriarcas de Sais, diz que as «perturbações do mundo por Fáeton tinham sido
na realidade um cataclismo
planetário».
12 Desde João XXIII que uma grande libertação dos espíritos se desenha nos meios católicos, ao mesmo
tempo que se afirma uma certa
tolerância. O Antigo Testamento é cada vez mais controverso e, em 2 de Novembro de 1964, no Concílio
Vaticano II, dezasseis bispos pedi -
ram que a tradição iluminasse as lacunas da Sagrada Escritura. Para estes revolucionários, os livros da
Bíblia foram escritos por homens em
circunstâncias determinadas, segundo o gênero literário que tinham escolhido. Uma nítida tendência se
manifesta em favor de uma nova exe -
gese, «tendo em conta as descobertas da ciência moderna». É o que desejamos fazer com a máxima
objetividade neste trabalho.
CAPÍTULO IX
OS COSMONAUTAS DA HIPERBÓREA
Teremos justificado a nossa convicção de que «os anjos descidos do céu» não podiam ser senão
seres extraterrestres?
Pensa o leitor que a nossa teoria sobre as divagações cósmicas do planeta Vênus se possa opor
razoavelmente às arbitrariedades dos astrônomos clássicos?
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Ousamos crer que sim, visto que outros relatos apoiam as nossas teorias, cuja integração na his-
tória lançará luz sobre alguns enigmas até hoje impenetráveis.
Obviamente, nem tudo fica explicado e, por outro lado, não podemos nem dizer tudo nem lan-
çar-nos ao assalto, em simultâneo, contra todas as Bastilhas, todas as superstições que nos aprisio-
nam.
Contudo, para já, através da nossa interpretação, os últimos dez milênios apresentam uma nova
face e um sentido que começa a satisfazer a nossa necessidade de lógica, de racional e de maravi-
lhoso.
Outros, depois de nós, retificarão, suprimirão, aumentarão o que dissemos e, pouco a pouco,
com o tempo e a boa vontade, uma verdade aproximada sairá da noite onde a tinham mergulhado o
esquecimento, mas também o erro e o preconceito.
Que nos perdoem: na nossa exegese, por comodidade de expressão, misturaremos intimamente
o provável e o conjectural, tentando, contudo, afastarmo-nos o menos possível da análise racional.
terciária, seria igual a um século na nossa época. O escalão «tempo» é uma função da velocidade da
rotação terrestre, que varia sem cessar.
2 Trata-se apenas de uma hipótese. O fato importante é a intromissão de extraterrestres que pensamos
oriundos do planeta Vênus. Mas
direção à Terra, onde os Venusianos poderiam encontrar uma atmosfera que lhes convinha e uma
fauna e uma flora em plena evolução.
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Uma outra exigência determinou esta escolha: apenas Marte e Terra tinham dimensões que se
aproximavam das de Vênus. Marte, todavia, era fundamentalmente menos volumoso e a sua esterili-
dade opunha-se a toda a tentativa de implantação de seres humanos.
Vênus tinha, nessa altura, um diâmetro superior ao da Terra (perdeu mais tarde parte da sua
massa na sua rota fantástica em direção ao Sol) e, do mesmo modo, em função dessa massa, os seus
habitantes tinham uma estatura superior à dos terrestres humanos.
Estas particularidades deviam ter sido do conhecimento dos cientistas extraterrestres e a esco-
lha da Terra como planeta-refúgio seria, pois, a mais sensata3.
E provável que a frota dos Venusianos comportasse numerosos aparelhos. Destes, cinco gru-
pos, pelo menos, aterraram na Hiperbórea, na Atlântida (EUA-Peru), na Terra de Mu (deserto de
Gobi), no Egito e na Armênia, na área balizada pelos inflamados poços de petróleo do Médio Orien-
te4.
Definimos esses pontos pela designação com que hoje são conhecidos.
Na maioria dos continentes onde aterramos — exceto o Próximo Oriente —, os cosmonautas
(anjos, semideuses, heróis, homens voadores, da tradição) deixaram a recordação de personagens de
alta cultura e iniciadores benévolos.
É necessário supor, contudo, que o «comando» da Armênia não compreendia a élite, mas indi-
víduos desenvoltos, como frequentemente é vulgar encontrar entre os aventureiros habituados a ar-
riscar a pele e entre os pioneiros de rija têmpera, onde os «desesperados» e os fora-de-lei não são
exceção.
Torna-se necessário também admitir que estes conquistadores enviados para uma terra desco-
nhecida, talvez hostil, deviam ser ao mesmo tempo batedores, colonizadores, iniciadores e guerrei-
ros.
Os extraterrestres, inicialmente, não se mostraram conflituosos, mas, tendo a oportunidade de
aterrar num ponto do globo onde as mulheres eram mais belas que em qualquer outro lugar 5, não re-
sistiram aos seus encantos.
Estas ligações entre as elegantes armênias e os gigantes venusianos (dois metros e meio, apro-
ximadamente) foram extremamente felizes e daí resultaram crianças de porte elevado e particular-
mente belas, inteligentes e fortes6.
Nesta hipótese, os heróis e semideuses da Antiguidade seriam descendentes de venusianos e de
mulheres armênias.
3 Os cosmonautas atuais não poderiam encontrar condições favoráveis à colonização senão em Marte (de
gravidade menor que a Terra)
e em Vênus (de gravidade bastante maior que o nosso globo). Se tivéssemos de abandonar o nosso
planeta, Vênus apresentaria, teoricamente,
melhores possibilidades de aclimatização.
4 As viagens interplanetárias supõem, previamente, tentativas de contatos, de planeta em planeta, por
meio de emissão de ondas elétri -
Estaremos a receber sinais de outros mundos? Sim, se conferirmos uma intenção inteligente às recentes
emissões do CTA-102.
Também nós enviamos apelos desde há algum tempo a esta parte. A Terra emite permanentemente um
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6 Se os planetas fossem habitados, a altura das respectivas humanidades estaria na razão direta das suas
massas e do seu volume: assim,
os Jupiterianos seriam maiores que os Saturnianos. A ordem de grandeza escalar-se-ia do seguinte modo:
Neptunianos, Uranianos, Terrenos,
Venusianos, Marcianos, Mercurianos. Há uns 5000 a 10.000 anos, sendo Vênus um pouco mais volumoso
que a Terra, os seus habitantes se -
riam, pois, ligeiramente mais altos que os Terrenos, mas a sua estatura não deveria exceder os dois
metros. É curioso notar que as mitologias
estão de acordo com as leis científicas: os titãs, altos como montanhas, são filhos de Uranos, o Céu (ou
seja, filho de Júpiter, já que Júpiter é
o maior dos planetas); os ciclopes são filhos de Saturno e os hecatonchires, gigantes com cem mãos, são
filhos de Úrano.
O MESMO SANGUE, A MESMA RAÇA?
Um importante problema biológico se coloca: seria possível aos homens de um outro planeta
procriar com as Terrenas? A união não deveria ser estéril?7.
Em todo o caso, ela não o foi, e para justificar o êxito dessa união poder-se-ão avançar numero-
sas explicações satisfatórias.
Os conhecimentos científicos extraterrestres da Hiperbórea permitir-lhes-ia, talvez, dissimular
o que para nós representa uma dificuldade maior; se algumas mulheres pariram — crê-se — crian-
ças monstruosas a partir de relações com animais, a priori não há razão nenhuma para que elas não
pudessem procriar com um homem de um outro planeta; enfim, também não existem razões idênti-
cas para que a flora, a fauna e a humanidade não sejam similares nos planetas habitados.
Particularmente, o homem é talvez um ser universal, e neste caso os Terrenos seriam da mesma
essência, da mesma raça que os space people do sistema solar, graças ao mecanismo dos êxodos su-
cessivos, de planeta em planeta, cujo funcionamento explicamos no âmbito das teorias do físico
Louis Jacot.
O Q-G DA HIPERBÓREA
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Os cosmonautas dos outros «comandos», forçosamente tiveram relações carnais com as mulhe-
res das regiões onde se instalaram e também eles ajudaram a procriar uma humanidade superior:
ídolos entre os Peruanos, fadas (mulheres superiores) na Europa Setentrional, heróis mitológicos
noutros continentes.
O Grande Quartel-General de todos os «comandos» situava-se na Hiperbórea (Tule ou América
do Norte), «entre o Setentrião e o Ocidente», onde os anjos tinham recebido cordas para medir o lu-
gar reservado aos «justos e aos eleitos» (Livro de Enoch, capítulo LXIX, seção 12-3) e onde (tam-
bém Enoch) o cosmonauta armênio ia dar conta das suas missões.
Por toda a parte, os Hiperbóreos ensinavam parcelas do seu saber, mas os povos pouco evoluí-
dos da Terra não podiam, naturalmente, concretizar, em algumas gerações apenas, o grande salto
que os poderia levar a um nível intelectual idêntico ao dos seus iniciadores.
Além disso, estes iniciadores encontravam-se afastados da sua pátria original, não sendo, tal-
vez, cientistas profissionais e não dispondo nem de bibliotecas, nem de laboratórios, nem dos meios
indispensáveis a uma grande e profunda divulgação.
Imaginemos a sorte que esperaria os cientistas atomistas «lançados» na selva brasileira, em ple-
no século XX, e privados de contato com a civilização exterior: sentir-se-iam também impotentes
no meio da natureza selvagem, tal como Robinson Crusoé na sua ilha.
Foi o caso dos Venusianos; parece, segundo o Livro de Enoch, que se deixaram absorver em
parte, instalando-se cada comando no seu continente, sem grande desejo — pensamos — de voltar
ao seu planeta em perigo.
E os Hiperbóreos tiveram mais escrúpulos? Teriam reexpedido um engenho-estafeta para Vê-
nus? Conseguiriam fazer a viagem de regresso? Estes pontos permanecerão, sem dúvida, um misté-
rio impenetrável!
7 Na América do Norte, para os Pawnees, a Estrela da Manhã (Vênus) é a mais importante entidade celeste.
Foi a ela que o «Grande Es-
pírito» confiou o «Dom da Vida» e a quem foi atribuída a tarefa de a expandir na Terra. Tal como nas
tradições ocidentais, ela enceta um
grande combate cósmico (contra «sete aves monstruosas»). Aquando da criação do Mundo, dizem ainda
os Pawnees do Nebrasca, Tirarva, o
grande chefe, distribuiu as funções pelos deuses. Disse a Vênus, a estrela brilhante: «Tu permanecerás a
oeste e chamar-te-ão a mãe de todas
as coisas, porque por ti todos serão criados… Mandar-te-ei as nuvens, os ventos, os relâmpagos, o trovão,
e logo que os tenhas recebido co-
loca-los-ás perto do Jardim Celestial. Ali, eles tomar-se-ão seres humanos.» (Max Faucomet, Mythologie
Général, Ed. Larousse.)
As tradições americanas, que jamais sofreram alterações, são formais neste ponto: todos os homens da
criação foram concebidos pelo
planeta Vênus. Seriam, pois, todos do mesmo sangue e poderiam procriar entre eles.
Além disso, como explicar senão através de uma base comum de verdade que todas as tradições da Terra
atribuam um papel preponde -
rante aos outros planetas?
De qualquer modo, obrigados ou por uma ideia pré-concebida, os extraterrestres permaneceram
na Terra e criaram duas civilizações principais: a da Atlântida, cujo vasto continente, então emerso
no oceano Atlântico, se prolongava da América até Tiahuanaco, a sudoeste; a civilização de Mu, no
Pacífico, que chegava ao deserto de Gobi e abarcava uma parte da Índia.
Enfim, grupos menos importantes instalaram-se no Egito, na Grécia e na Armênia.
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Alguns milênios depois, a Hiperbórea, a Atlântida e Mu, chegados ao seu apogeu, haviam re-
constituído o patrimônio científico da pátria-mãe e possuíam, de novo, o segredo da energia nucle-
ar.
Vênus, durante todo este tempo, devia estar a viver as agonias do seu declínio, com a sua hu-
manidade prisioneira decadente e, sem dúvida, incapaz de continuar a exploração do cosmo.
Com este fim adotaram todos os heróis da primi-história, Enoch, Noé, Moisés, Melquisedech,
entre outros, tornaram-se, assim, hebreus perfeitos, e os «anjos» nacionalizados foram congelados
na imagem hierática e cândida consagrada pela tradição.
Este propósito de açambarcamento, que motiva a crítica dos textos antigos, explica, também
ele, a razão por que a Bíblia evita falar do cosmo e dos planetas que se situam no céu real, os quais
são a priori assunto grandemente suspeito!
Por outro lado, revela, em pormenor, o que se passou antes da chegada dos «anjos», mas supri-
me totalmente a documentação sobre o mais importante: o que se passou depois, entre a aterragem
«divina» e o Dilúvio. Estranho, sem dúvida!
Quando, cerca do ano 150 d.C., os cristãos escreveram os Evangelhos, não compreenderam,
talvez, o sentido secreto da política dos Hebreus, mas, por uma extraordinária precognição, retoma-
ram o fio da meada do passado ignorado.
Jesus nasceu de Maria e de um pai desconhecido dos homens da Terra (Deus): a tradição inici-
ática permanecia no black-out, mas os Judeus, inquietos, recusaram reconhecer esse Messias, cujo
nascimento se assemelhava por demais a outros de que o caráter quase milagroso não tinham procu-
rado esconder!
Do ponto de vista deles, Jesus não era do seu sangue, não era judeu!8
Em resumo, o fato importante daqueles tempos proto-históricos, cheios de incertezas e de ma-
ravilhas, é que uma imensa série de fatores se jogou no seio dos iniciadores hiperbóreos e dos He-
breus para saber quem, finalmente, forneceria a raça dos antigos superiores.
Aos Hebreus, não tendo existido como povo senão sob o reinado de Moisés, foi impossível reti-
rar aos Hiperbóreos o privilégio da iniciação primordial.
Um ponto delicado na ressurreição desta proto-história é a conciliação da ruína de civilizações
como a Atlântida e Mu com o fato, muito mais tardio que o Dilúvio, de «nuvens» e engenhos voa-
dores terem podido desempenhar um modesto papel, mas eficaz, na história pós-diluviana.
A OPERAÇÃO NOÉ
Este problema é irritante, na medida em que, se na época do Dilúvio os Hiperbóreos ainda pos-
suíam máquinas espaciais, apesar das destruições atômicas surgidas nessa altura, é evidente que as
usaram para salvar a sua élite.
Uma operação «sobrevivência» análoga, em suma, ou talvez idêntica, à que está prevista na
maior parte das nações civilizadas do século XX9.
Neste caso, é preciso encarar, pelo menos, três hipóteses:
— Os Hiperbóreos, através de métodos científicos conhecidos dos nossos modernos astrôno-
mos, tinham previsto o cataclismo cósmico e tomaram algumas precauções para salvar os seus co-
nhecimentos e a sua elite e assegurar um regresso à pátria.
Chamemos-lhe «Operação Noé».
— Assim, enviaram para o espaço durante algumas horas ou alguns dias de fortes perturba-
ções os engenhos da «Operação Noé»; o «toque» de Vênus na Terra, as chuvas de pedras, de fogo,
8 O retrato exato ou imaginário que nos foi legado acerca de Jesus mostra-o «grande e louro», com uma
tipologia mais nórdica que de
hebreu. Noé, também ele, nasceu com estas características: louro e de pele branca como a neve!
9 Desde 1964, exercícios chamados «operação sobrevivência» são efetuados na Grã-Bretanha para salvar
quinze mil pessoas privilegia-
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das, no caso de uma guerra atômica. As primeiras manobras foram dirigidas pelo capitão Rusby,
comandante do Royal Observer Corps, e de-
senrolaram-se num abrigo atômico de Maidstone (Kent).
de terra, etc. Talvez tenham arranjado um refúgio provisório em algum planeta, talvez. Lilith, o
nosso segundo satélite observado, outrora, pelos cabalistas, ou então, nessa «anti-Terra» (muito
problemático) cuja posição situavam atrás do Sol, exatamente no eixo Sol-Terra: um e outro desses
pontos seriam o Eden aonde Melquisedech foi transportado. (Na verdade, estamos à procura de
uma solução para este Eden, este Paraíso terrestre original, que pôde muito bem ter existido den-
tro ou fora da Terra. Talvez, em Vênus, em virtude da natural afetividade. O país natal, ainda que
deserdado, ganha uma auréola singular depois de séculos de ausência!)
— Os Hiperbóreos possuíam refúgios terrestres onde garantiam a sua segurança, bem assim
como a defesa contra os efeitos de um cataclismo cósmico, tais como os do Dilúvio.
Esta última hipótese, mais provável, liga-se a esses centros de iniciação de que a tradição — ou
talvez a lenda — nos dá conta: a cidade enterrada sob as Pirâmides do Egito 10, onde «altas persona-
gens» do Ocidente se vieram acolher; a Agarta subterrânea do Tibete, sob o poderoso Himalaia, eri-
gido, também ele, em forma de pirâmide.
Não é em Agarta que, segundo as tradições orientais, vivem os sábios de todos os tempos e os
«senhores do mundo»?
Certamente também haveria outros refúgios afogados com a Atlântida e Mu, ou esmagados
com Tiahuanaco (a cidade subterrânea cujas entradas foram identificadas no século XIX pelo natu-
ralista Orbigny).
De qualquer modo, o certo é que a ingênua e maravilhosa operação protagonizada por Noé com
a sua arca não passa de pura lenda. Mas não é uma mentira… é apenas uma efabulação.
O extraterrestre Noé e as belas armênias não foram, pois, o Adão e a Eva dos novos tempos,
mas dois resgatados entre milhares de outros.
Esta «Operação Noé» foi o canto do cisne dos Hiperbóreos: o seu continente foi engolido, os
seus iniciados dizimados, disseminados, reduzidos ao papel de testemunhas, enquanto a sua civili-
zação, já pulverizada por uma absurda guerra atômica, se afundava com os seus laboratórios, as
suas máquinas espaciais, as suas invenções técnicas.
O pouco que subsistiu após o Dilúvio era suficiente para permitir aos antigos «Mestres do
Mundo» desempenhar um papel de primeiro plano. Todavia, pode conjecturar-se que, com as últi-
mas máquinas espaciais ainda operacionais, experimentaram, dos seus refúgios subterrâneos, con-
trolar e dirigir alguns fatos marcantes.
É esta uma reconstituição do passado em que substituímos as inverosímeis descrições tradicio-
nais por explicações racionalmente possíveis, senão mesmo prováveis.
Muitos pontos permaneceram ainda obscuros, e com o rodar dos tempos torna-se perigoso des-
membrar o emaranhar de uma intriga paciente e sabiamente urdida no decurso dos séculos por po-
derosas conjuras, intriga cujos fios, se os pudéssemos seguir, nos levaria à verdade dos tempos ori-
ginais: a iniciação da humanidade foi obra dos «anjos descidos do céu», ou seja, dos cosmonautas
da Hiperbórea.
10 Hipótese fascinante: as Pirâmides do Egito seriam um ponto de referência quase eterno, pois não
poderiam ser submersas sob as arei -
as, e cuja missão seria a de indicar aos homens dos tempos futuros que ali estão enterrados os segredos
«do princípio, do meio e do fim…» as
estrelas de Hermes Trimegisto, em suma.
Quando os homens se decidirem a edificar um monumento à ciência do século XX, será preciso que
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oceanos. É quase inevitável que nas zonas contaminadas nasçam monstros. A radioatividade terrestre
provoca, também ela, muta ções acele-
radas e, por isso, nascem numerosas crianças monstruosas; mas, evidentemente, este fato mantém-se em
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rigoroso sigilo.
2 Pode admitir-se que o primeiro ser humano foi hermafrodita. Esta tese é, além do mais, quase clássica.
3 Em 1965, o professor Henry Harris e o Dr. J. F. Watkins, de Oxford, realizaram a fusão de células humanas
e de rato e obtiveram cé -
lulas híbridas.
Realizaram-se outras fusões entre espécies e ordens diferentes. Tal é possível ao nível celular de
hibridação entre mamíferos e peixes e
talvez entre aves e plantas. Esta mistura recebeu o nome de heterokaryon.
mento miraculoso!
Por fim, a filha deu à luz normalmente… mas foi um monstro, metade macaco, metade homem,
que ela trouxe ao mundo. O ser estava não só vivo, como era perfeitamente saudável.
Teresa confessou então os seus amores censuráveis com o macaco, e o produto da união foi su-
primido por uma injeção, alguns dias após o nascimento.
O doutor T., de Vichy, fez estudos sobre o monstro; o seu relatório científico e o inquérito judi-
cial conservam-se nos arquivos da cidade.
O problema da hibridação animal estaria, pois, reposto em questão; por outro lado, o que é ver-
dade para a maior parte dos animais talvez não o seja para o homem em particular, beneficiando
este, sem dúvida, de um privilégio excepcional que se exprime através do seu psiquismo, da sua in-
teligência e, talvez, das suas faculdades de reprodução.
Poder-se-ia, também, especular sobre o fato de que homens vindos de um outro planeta, que ge-
raram filhos com os Terrenos, não seriam, talvez, condicionados como nós.
Não é impossível, por esse fato, que os seus conhecimentos científicos lhes tivessem dado o po-
der de assegurar a procriação entre humanos e animais, por exemplo, a título experimental.
Se os nossos modernos astronautas aterrarem, um dia, num planeta onde a vida humana normal
esteja sujeita a maiores obstáculos, não será permitido pensar que eles experimentarão, por insemi-
nação artificial, criar nesse planeta uma espécie híbrida, semiterrestre, semiautóctone?
Por outro lado, a ciência de futuro vencerá, fatalmente, o que por ora é uma dificuldade intrans-
ponível, tendo o problema dos monstros mitológicos, talvez, uma solução favorável, decorrente da
misteriosa ciência dos cosmonautas da Hiperbórea.
As tradições andinas asseguram que a humanidade descende de uma cosmonauta venusiana —
Orejona — e de um tapir; o biologista espanhol Garcia Beltran acolhe esta narrativa como uma pos-
sibilidade a encarar.
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Sem dúvida que é preciso dar uma atenção muito particular ao capítulo LXXXIV (seção 17) do
Livro de Enoch, onde o autor descreve, através de uma visão, cenas de procriação muito estranhas:
NOTA: o touro branco (cor da justiça) designa Adão: a vitela é Eva; o bezerro preto é Caim e o
vermelho Abel.
Capítulo LXXXV: Enoch regista a proliferação do touro, das vitelas, e diz-nos:
6 — Olhei e admirei estas coisas, e eis que os touros começaram a ficar agitados e a montar
as vitelas; estas conceberam e trouxeram ao mundo elefantes, camelos, burros…
Depois, encontramos a narrativa de uma batalha entre elefantes, touros e outros animais, a
construção da Torre de Babel, seguida de urna grande anarquia terrestre, a qual termina em Noé e
no Dilúvio.
Esta gênese, muito diferente da gênese bíblica, tenta fazer crer, juntamente com a mitologia,
que houve uma misteriosa interferência entre os touros e os homens. Qualquer que seja o sentido
que se dê aos touros e às vitelas (seres humanos ou verdadeiros animais), Enoch sublinha bem que
outros animais foram criados por eles e que tiveram por mãe uma vitela, ou, o que é mais provável,
uma mulher.
Uma tradição das tribos Índias da América do Norte, recolhida pelo padre Charlevoix, pretende
que todos os humanos foram destruídos por um grande cataclismo; Deus, para repovoar a Terra,
transformou os animais em homens.
Evidentemente, não damos demasiado crédito a estes relatos, mas é curioso notar que os anti-
gos povos, com ou sem razão, não julgavam impossível as uniões entre animais de espécies diferen-
tes.
O ANIMAL FANTÁSTICO
As tradições de todos os países contam que gigantes, ou animais monstruosos, por vezes semi-
humanos, outras vezes inteiramente animais, exigiam como resgate rapazes ou jovens virgens para
não dizimarem as populações.
Pode perguntar-se até que ponto esses monstros — Minotauro, Esfinge, Volta, gigantes, dra-
gões ou criaturas satânicas — poderiam perpetuar a recordação de um antigo flagelo.
No labirinto da morte, homens normais acabaram por vencer o Animal Fantástico, a evolução
humana pôde operar-se livremente, e o povoamento do globo adquiriu um ritmo natural.
O Animal Fantástico dos Antigos seria um símbolo, um terrível mutante, um verdadeiro animal
ou um pólen de morte?
Sob o céu da fábula e da lenda, esconde-se a verdade que tentamos identificar.
A memória dos homens não tem o poder de conservar uma recordação exata senão durante uns
quarenta anos: os fatos começam a deformar-se e entram pouco a pouco na lenda.
As guerras napoleônicas ter-se-iam tomado de há muito canções de gesta se os cronistas não as
tivessem conservado por escrito.
A recordação de monstros semi-humanos entrou, então, no maravilhoso, onde «ajuda» a discer-
nir a parcela da verdade inicial.
A formidável besta de Gevaudan não era um lobo normal, mas um grande gato ou lobo-cerval!
A titânica batalha que opôs Rolando aos Sarracenos no desfiladeiro de Roncevaux foi pouco
mais que uma escaramuça!
Em geral, os antigos pequenos feitos são aumentados anormalmente, mas se eles forem desme-
suradamente importantes acontece, pelo contrário, que são relativamente minimizados!
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Por exemplo, a guerra dos Titãs contra Zeus, que abalou o Olimpo e fez tremer os deuses, foi
naturalmente um cataclismo universal, durante o qual foi aniquilada uma grande parte da humanida-
de!
Com estes extremos, que valor se deverá dar aos antigos monstros, nomeadamente aos Ciclo-
pes, Minotauros, Titãs, Gorgões, Faunos, Anjos, Ogres, Hidras ou ao Leviatã e ao Behemoth das
mitologias e das tradições?
O americano I. Velikovsky provou — e ninguém o contradisse — que o Dilúvio data, aproxi-
madamente, do ano 1500 a.C. e que um cataclismo universal, à passagem de um cometa — pensa
ele — fez abalar profundamente a Terra 1500 anos antes da nossa era.
Segundo Aristóteles, o nosso sistema solar fora regularmente perturbado e reposto no seu lugar
no decurso do «Ano Supremo», o qual comportava um grande Inverno, dito «Kataklusmos» (dilú-
vio, catástrofe), e um grande Verão, chamado «Ekpyrosis» (incêndio), o que reforça a teoria de I.
Velikovsky = dilúvio universal e incêndio do mundo.
Os monstros mitológicos, que datam do primeiro dilúvio, teriam sido gerados na sequência de
radiações produzidas pela passagem de um cometa?
A Bíblia não faz caso desta proliferação de animais extraordinários, cuja aparição pensamos
poder situar antes do Dilúvio, ou seja, numa época indeterminada (há 9000 anos foi a idade sugeri-
da), onde, segundo a nossa hipótese, o globo teria sido atomizado na América e no deserto de Gobi.
Em seguida, os poucos sobreviventes da catástrofe atingidos pelas radiações teriam podido re-
produzir monstros e disputar-lhes o direito de sobrevivência. Talvez mesmo, se aqueles foram mui-
to pouco numerosos, tivessem tido relações sexuais com animais, para perpetuar a raça.
Serão os monstros ainda mais antigos? Datarão de tempos primi-históricos, quando o homem
foi gerado por mais mutações excepcionais? É difícil responder, porque a sua existência seria de tal
modo longínqua que a memória poderia não guardar qualquer sinal.
Se não nos fecharmos sobre nós, como o fazem os exegetas clássicos, que fazem da Terra o
centro do universo, não podemos encontrar uma explicação melhor!
OS GIGANTES
Porque não continuar a admitir que a Terra tenha sido uma espécie de parque zoológico e jar-
dim botânico de uma humanidade extraplanetária?
Vejamos como tudo se enquadra, se ilumina, e torna lógico: «comandos» de homens, vindos de
outro planeta, aterram no nosso mundo, trazem uma civilização, sementes de plantas desconhecidas,
espécies animais que pensam poder aclimatar.
Quando encontram os Terrenos experimentam, quer colonizá-los, quer integrá-los no seu meio,
mas não sem riscos, não sem pagar o dízimo do sangue, pois os seus cosmonautas não são biologi-
camente idênticos a nós.
A sua união com as mulheres dos homens produzirá então crianças muito maiores que o padrão
terrestre, ou seja, gigantes.
A existência destes gigantes antes do dilúvio dito universal é atestada por todos os povos da
Antiguidade6.
Segundo uma tradição dos índios Cholula, relatado num manuscrito do Vaticano, «antes da
grande inundação que se deu 4008 anos depois da criação do mundo, o país de Anabuac era habita-
do por gigantes… Todos os que não morreram foram transformados em peixes…».
No Egito, «os gigantes estavam em guerra contra os homens e emigraram, tomando a forma de
animais…».
Os rabinos judeus conseguiram determinar, segundo rezam antigas referências, que o tamanho
do primeiro homem atingia várias centenas de pés. A Bíblia fala muito em gigantes e, particular-
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mente, do seu último rei, o rei de Basan, Og, que morreu a lutar contra Moisés. Este Og, semilendá-
rio, deve ter tido descendentes, pois os Hebreus travaram ainda longas guerras contra eles.
Os antigos Tailandeses sustentavam que os homens dos tempos primordiais eram de um tama-
nho colossal: os Nórdicos, referindo-se a tradições hiperbóreas, dizem que os primeiros seres da cri-
ação eram grandes como montanhas.
Contudo, tendo em conta o exagero, um fato habitual na lenda, na imaginação e no tempo, deve
pensar-se que estes gigantes antigos mediam pouco mais de dois metros.
6 Foram descobertos numa gruta de Alguetec, perto de Mangliss (URSS), esqueletos de homens medindo
entre 2,8 e 3 metros (Fouilles
OS GIGANTES DA HIPERBÓREA
A mitologia grega dá-nos uma indicação que reforçaria a tese de homens extraterrestres mais
altos e mais inteligentes que os homens da Terra. De fato, os gigantes eram invencíveis e os pró-
prios deuses não os podiam dominar senão com o auxílio dos mortais, o que, tendo em conta o exa-
gero, poderia muito bem dizer respeito a seres muito mais civilizados que os Terrenos e parecendo,
efetivamente, invulneráveis.
Em apoio desta tese, lembramos que os Nórdicos situam a pátria dos gigantes para os lados de
Tule, onde, julga-se, aterraram os primeiros seres vindos de um outro planeta, isto porque os Hiper-
bóreos, segundo as tradições célticas e escandinavas, forneceram a raça de homens superiores que
se afogou com o seu continente, quando se produziu o cataclismo atômico americano e asiático.
Os gigantes hiperbóreos teriam atualmente a sua descendência nos sumotori (lutadores de
«sumo»), os quais, no Japão, são personagens de alta popularidade e, na hierarquia, situam-se ime-
diatamente a seguir aos deuses e ao imperador.
A sua força é prodigiosa, o seu peso pode atingir 200 quilos e o seu tamanho 2,40 metros.
Inicialmente, escreve o historiador Pierre Darcourt, os sumotori eram recrutados entre os gi-
gantes ainous de pele clara7.
Os ainous são brancos, proto-caucasianos que teriam emigrado através da Sibéria. O seu
deus, Kamu, englobava o sol, o vento, o oceano e o urso.
Estes montanheses de Hokkaido, peludos, pesados e possantes, bebedores de álcool quente,
eram formidáveis lutadores…
Os outros japoneses, de cor morena, seriam originários das ilhas polinésicas, da Malásia e da
China. Tinham vencido os gigantes graças à sua ciência e às armas aperfeiçoadas.
Os vencedores, prossegue Pierre Darcourt, tinham levado na garupa dos seus cavalos, para o
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sul, as belas mulheres brancas (dos seus adversários), e das suas uniões nasceram gigantes asiáti-
cos que se tornaram nos primeiros guardas do corpo do imperador.
Segundo esta tese, o Japão poderia, assim, ter sido considerado o extremo ocidente do globo,
com os seus autóctones hiperbóreos ou, talvez ainda, como uma ilhota preservada da antiga Terra
de Mu, cujos habitantes seriam da mesma raça extraterrestre dos Hiperbóreos.
Trata-se apenas de um indício, mas que se soma a uma multidão de outros que militam no sen-
tido da nossa hipótese de Antigos Superiores, vindos de Vênus ou de uma estrela.
Destes Hiperbóreos extraterrestres ter-se-iam originado primeiro os «homens possantes e famo-
sos» citados na Bíblia e, por fim, por aberração, casamentos monstruosos (filhos do Céu extraviados
da gênese) ou, por mutações, os monstros semi-humanos da lenda e os gigantes de forma animal
que «emigraram» para o Egito.
A menos que se negue pura e simplesmente a existência de gigantes e monstros aquáticos, e
para tal seria preciso refutar a Bíblia, os Apócrifos e todas as tradições, não concebemos outra ex-
plicação racional que se oponha a esta interpretação.
OS GIGANTES DA BÍBLIA
Os gigantes, segundo a Bíblia, eram seres verdadeiramente superiores, uma vez que deram ori-
gem à élite dos povos: reis, heróis, iniciados.
É o que o Gênese nos relata no capítulo VI, versículo 4:
Ora, naquele tempo, havia gigantes na Terra. Pois desde que os filhos de Deus casaram com
as filhas dos homens daí nasceram crianças que se tornaram homens possantes e famosos nesses
tempos.
Eis-nos, portanto, perante uma explicação acerca dos gigantes, que basta aplicarmos ao reino
animal para se encontrar a chave do enigma.
Em primeiro lugar, não é verdade que estes «filhos de Deus», vindos à Terra para roubar as fi-
lhas dos homens ou violar as suas esposas, tiveram relações com certos animais?
Mesmo nos nossos dias, estas práticas aberrantes são correntes entre os tarados sexuais e, por
motivos mais fortes, entre seres que estão durante muito tempo privados de amor!
Os cosmonautas podiam muito bem ter gerado crianças monstruosas, semi-homens semicava-
los, ou semi-homens semi-vacas…
Além disso, o gado que eles deixaram na natureza terrestre teve de desaparecer ou aclimatar-se,
na sequência de cruzamentos naturais perturbados ou de acasalamentos extraordinários, passando
por estados donde obrigatoriamente provinha a monstruosidade física.
Assim, talvez se explique, por um lado, os humanos gigantes, esses homens-cavalos (os centau-
ros), os homens-touros (Minotauro), os faunos (de pernas de bode), as esfinges (com cabeça de mu-
lher), as górgonas (Medusa), as sereias, etc.
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Desejariam esses seres deformados pela lenda — o Minotauro, por exemplo, não passaria de
um gigante com focinho de touro — ou então esses mutantes, para retomar a tese das radiações, de-
sempenhar um papel na sociedade?
É provável, deste modo, que tenham encontrado nos seres normais adversários decididos a pre-
servar as suas prerrogativas e a sua raça.
Daí a razão de uma guerra quase fratricida que, durante longos anos, envolveu toda a humani-
dade.
Os monstros tinham pelo seu lado a força, a brutalidade, ao serviço de uma inteligência limita-
da.
Os homens tinham menos força física, mas uma inteligência mais sutil, e eram mais numerosos.
Os «animais mitológicos» fizeram uma razia na juventude humana em virtude da exigência dos
sacrifícios, dos tributos de sangue fresco, mas, finalmente, os heróis, digamos antes os «gigantes»
filhos dos extraterrestres e das filhas dos homens, triunfaram da tirania dos seres anormais.
Podemos então pensar que os homens vencedores, na recordação imemorável da grande batalha
dos tempos antigos, ergueram os mil e seiscentos enigmáticos monstros do Templo de Camaque e, a
oeste das pirâmides da sua sabedoria, a colossal estátua do inimigo hereditário vencido: a Esfinge
de Gizé?
Que época magnífica para os antigos bardos, e como se compreende a entusiástica metamorfose
que fizeram dos acontecimentos!
Os heróis vitoriosos foram, naturalmente, promovidos a semideuses, mas a verdade permane-
ceu escondida no fundo da fábula!
No Êxodo (capítulo XXXIV), o Senhor, que se chama a si próprio o «Deus ciumento», faz as
suas recomendações aos Hebreus:
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Trata-se, naturalmente, de mostrar a aliança do Senhor com as tribos de Israel, mas um pouco
mais adiante, no Levítico (capítulo XVIII), Deus apresenta uma estranha razão para o fato de os He-
breus serem «o povo eleito».
uma mulher.
23 — Nunca vos aproximeis de qualquer animal, nem vos maculeis nem um pouco com ele. A
mulher não se prostituirá nunca desta maneira com um animal, porque é um crime abominável.
24 — Não vos maculeis com qualquer destas infâmias em que se macularam todos os povos
que destruí diante de vós.
É isto o que nitidamente se formula e que seria de uma primordial importância para a evolução
humana: numa época depois do dilúvio, era prática geral homens e mulheres promiscuírem-se com
animais.
Terá resultado daí alguma criação monstruosa? A Bíblia permanece muda sobre este assunto,
mas a mitologia grega leva a crer que sim.
conceder aos Hebreus uma alma, um Deus, uma pátria e a estrutura social de um povo…
Ora, o prodigioso patriarca, pai do povo eleito… não era hebreu, tal como o escrevemos, refe-
rindo-nos a Sigmund Freud8.
Com argumentos extremamente convincentes, numerosos historiadores — Flavius Joseph, Ya-
huda, Ed-Mayer, O. Rank, J. M. Breadsted, etc. — sustentaram a mesma tese.
8 Reveja-se o capítulo VII.
AKHENATON, O FARAÓ MONOTEÍSTA
O começo do mistério situa-se no Egito, treze séculos e meio antes da nossa era, no final da
XVIII dinastia. Nesta época, o faraó Amenófis IV proclamou uma reforma religiosa e decretou,
como a única oficial, a religião de Áton, o deus único.
Cheio de zelo pelo seu novo deus, o reformador, desde o sexto ano do seu reinado, mudou o
seu nome de Amenófis (Amon — satisfeito) para Akhenaton (a glória de Aton) e apressou-se a
abandonar Tebas, indo para uma nova capital, Ikhuaton, atual Tell-el-Armana, que ele mandou
construir no Médio Egito.
O rei, que era um grande patriarca do culto, oficiou no castelo do Obelisco e ele próprio com-
pôs os hinos, que não deixavam qualquer dúvida sobre a identidade do Criador:
Oh tu, Deus único, ao lado de quem não há outros…
Exatamente como na religião que, mais tarde, os Hebreus abraçaram, era interdito esculpir ou
desenhar efígies de Áton, o qual, no entanto, se podia representar sob a forma de um disco solar
vermelho cujos raios terminavam em mãos.
Os outros deuses foram proscritos, as suas estátuas destruídas, os seus baixo-relevos mutilados,
e esmerou-se mesmo a preocupação de apagar a palavra «deus» quando ela aparecia no plural.
A nova religião, repudiando toda a ideia de inferno, proibia a magia, a bruxaria, e poder-se-ia
perfeitamente ter tirado da Bíblia os mandamentos essenciais da sua lei:
Deuteronômio, capítulo V-7:
Nunca tereis, na minha presença, deuses estrangeiros.
Não fareis imagens de escultura, nem a figura de tudo o que está no céu.
Êxodo XXII-18:
Não admitireis os que praticam os sortilégios e encantamentos, mas suprimireis a sua vida.
Além disso, o mandamento principal coincide exatamente com o da lei cristã:
Um só Deus honrarás
E amarás perfeitamente.
Estas relações, estreitas e primordiais, entre a religião de Áton e a futura religião dos Hebreus
são importantes de sublinhar.
Irremediavelmente presos, durante milênios, às suas crenças ancestrais, os Egípcios pilharam,
por avidez, várias vezes os templos de Ámon, mas não aceitaram o culto senão pela violência e pre-
ocuparam-se em reencontrar os seus antigos deuses logo após a morte de Akhenaton, cerca de 1358
a.C.
NEFERTITl E MOISÉS
Presume-se que Moisés viveu na corte do faraó — talvez fosse mesmo da família real — e se
converteu à religião de Áton.
Akhenaton, além do seu deus único, tinha uma adoração — muito legítima — pela sua bela es-
posa Nefertiti («A Bela que Chegou»), a qual se julga originária da Síria.
Teria Nefertiti trazido com ela o germe da religião monoteísta? O escritor e egiptólogo Jean
Louis Bernard9 acha que sim, mas acrescenta, contudo, que o pai de Akhenaton, o faraó Amenófis
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III, tinha uma certa inclinação pelo deus Áton, uma vez que deu o nome de «Esplendor de Áton» ao
barco de recreio no qual levava a passear a sua esposa Tiy.
Nefertiti não resplandece, fascina, escreve J. L. Bernard. É fina, altiva, inteligente, mas orgu-
lhosa e teimosa. A sua feminilidade tem qualquer coisa de excessivo, de implacável, de aberrante.
Na base do culto de Áton encontram-se três personagens principais: Nefertiti, a egéria Akhena-
9 L'Egipte et la Genese du Surhomme, Ed. La Colombe.
ton, o príncipe infortunado, e Moisés, o realizador, o qual se vai tornar o libertador e legislador do
povo judeu, transportando consigo próprio uma religião totalmente nova.
Sonharia Moisés em suceder a Akhenaton ou terá sido o propagandista na divulgação do culto
do Deus único?
Em todo o caso, deve ter compreendido rapidamente que a sua missão não se poderia desenvol-
ver entre os cidadãos do Egito e, como todos os reformadores, escolheu a ralé, os mais desgraçados,
os mais oprimidos como objeto de ensinamento.
Os Hebreus, pressionados, desprezados pelos nobres egípcios, ofereceram-lhe um campo de
ação ideal, que ele não desaproveitou; logo se tomou no seu chefe e os arrastou — sem que eles se
preocupassem muito, ao que parece — para uma terra mais hospitaleira que o vale do Nilo.
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Torna-se, contudo, necessário atacar esta «bastilha» para continuar a nossa busca, como tam-
bém será preciso demolir — com muito menos escrúpulos de consciência — as teses erradas da pré-
história!
10 Este número é desprovido de qualquer fundamento: um milhão de Hebreus não teriam conseguido
sobreviver no deserto nem fran -
quear «o mar Vermelho» entre duas marés! Não temos qualquer base estimativa sobre o número de
emigrados. Podiam talvez ter sido cente -
nas, ou, talvez, milhares!
A MORTE DOS DEUSES EGÍPCIOS
O Egito, com os seus templos prodigiosos, os seus inumeráveis deuses com cabeça de vaca,
lobo, cão, touro, com os seus faraós heréticos, deixava cair a chama da civilização quando os humil-
des pastores se apoderaram dela.
A população do globo, que se tinha concentrado na zona mediterrânica, diminuíra consideravel-
mente, e o deserto ganhava sem cessar as terras cultiváveis e submergia as antigas cidades.
Abido, Tebas e Mênfis já não possuíam senão a sombra do seu esplendor.
É difícil ressuscitar o aspecto do mundo nessa época, mas, fazendo fé nos escritos sagrados, os
efeitos do Dilúvio haviam sido catastróficos para a humanidade!
Nesta decadência geral e à medida que as antigas civilizações se desmoronavam numa misteri-
osa doença de langor, o povo judeu, sozinho, teve consciência do perigo mortal.
Quer tenha sido egípcio ou hebreu, real ou suposto, um grande iniciado chamado Moisés teve o
grande mérito de ter sonhado com a salvação de uma raça e prepará-la para um grandioso destino.
De um modo exotérico, a Bíblia narra o acontecimento que deu origem ao Povo Eleito.
Tratar-se-ia de impor ao mundo a tirania de uma raça privilegiada?
Alguns acreditam que sim, e este tremendo equívoco enlutou terrivelmente a história sem qual-
quer honra e proveito para ninguém.
É uma verdade que os Judeus têm deles próprios uma opinião particularmente favorável, que
se creem mais nobres e mais elevados que os outros, escreveu Sigmund Freud11.
Era este exatamente o pensamento dos povos do antigo Egito!
…Ao mesmo tempo, conservam uma espécie de confiança na vida, semelhante à que confere a
posse secreta de um dom precioso: os Judeus acreditam verdadeiramente ser o povo eleito de Deus
e pensam estar perto d’Ele, o que lhes dá orgulho e confiança.
Os acontecimentos, acrescenta Freud, parecem dar razão a esta pretensão, uma vez que o Mes-
sias dos católicos e da maioria das nações de raça branca nasceu entre os Hebreus.
Poder-se-ia objetar que eles não reconheceram o Redentor! Sim, é certo, uma vez que «ele era
filho de pai desconhecido». Mas, se os judeus o aceitassem, é certo que Jesus não teria levado a
cabo a sua missão e o cristianismo nunca teria existido!
Do nosso ponto de vista, o sentido profundo do «Povo Eleito» e da «Missão» não tem qualquer
interferência com vãos sentimentos de orgulho pessoal.
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o homem branco manteve o seu tipo mais perfeito), mas com o povo do deserto desejavam, sem
dúvida, criar uma raça de mutantes ou de homens superiores aptos a transmitir, sem perigo de de-
gradação, os seus conhecimentos científicos, os seus segredos mais sutis.
Os Judeus, traindo este propósito, abusaram da sua situação vantajosa ou então perderam o sen-
tido esotérico do seu privilégio para conservar apenas uma mensagem grosseira.
A missão, a crer em Oseias, terminou no reino de Jerobão, filho de Joas, rei de Israel (800 a
12No seu livro Les Extraterrestres (Ed. Plon), Paul Thomas exprime-se, nestes termos, sobre a missão dos
Judeus: «Tratava-se, pois, de
uma mutação que as entidades yahvicas procuravam, ao que parece, produzir no seio da espécie humana,
segundo um plano posto em vias de
execução no tempo de Abraão de Ur. Tinham sido consagrados dois mil anos à junção das condições
necessárias à sua concretização: dois
mil anos de seleções severas, de casamentos ordenados segundo as exigências de uma genética
minuciosa…»
O problema, ou melhor, o mistério, é aqui enfrentado com bastante aproximação.
900 a.C.).
Cap. 1 — O Senhor dirigindo-se a Oseias:
Toma para tua esposa uma prostituta e tem crianças nascidas dela porque a terra de Israel
deixará o Senhor, abandonando-se à prostituição.
IV. 13 — O espírito de fornicação enganou o povo de Israel. É por isso que as vossas falhas
(diz o Senhor) se prostituirão e as vossas mulheres serão adúlteras.
14 — E não castigarei as vossas filhas da sua prostituição, nem as vossas mulheres dos seus
adultérios, porque vós próprios viveis com cortesãs e conviveis com os efeminados.
Mas o Senhor pede «que pelo menos Judas não caia no pecado».
Seria esta a explicação do Povo Eleito, e sem dúvida também o segredo maravilhoso da Cabala,
onde Hebreus, mal iniciados, após o advento do cristianismo, aprofundaram, com um sentimento de
frustração, o conhecimento da sua genealogia.
Acreditaram, talvez, que não eram senão cobaias melhoradas por cruzamentos e não uma raça
pura, e para assumirem a glória da iniciação primeira decidiram tornar o passado impenetrável.
Assim, o Maasseh, merkabad da Cabala, tornou-se um segredo nos iniciados do mais alto grau.
O plano e a obra dos extraterrestres perderam-se no esquecimento, ao passo que os Judeus trataram
de apagar os vestígios da sua origem racial anexando os iniciadores e os patriarcas estranhos dos
tempos do Gênese e do Êxodo.
Desta imensa conjura saiu uma noite terrível, onde se encontra a autêntica história da humani-
dade.
CAPÍTULO XI
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O TESOURO DE ADÃO
O Combate de Adão conta, de seguida, uma estranha história, durante a qual o Senhor ordena a
Adão que permaneça numa caverna aberta na rocha, sob o jardim.
Por quê uma caverna? Porque o nosso «pai» deveria encontrar aí um tesouro, ou seja, os precio-
sos objetos vindos do Éden e que os anjos lhe tinham oferecido antes de ele ter pecado.
Numerosos escritos orientais atestam ter sido nesta caverna que Adão foi enterrado, dado que
não foi amaldiçoado por Deus, e de todos os patriarcas ter permanecido o mais venerável e o maior
1 Mesmo entre os Amarelos, o polo norte é o centro do conhecimento. O «Palácio da Grande Luz», em
Pequim, foi edificado sob o sig -
em santidade!
Quando Noé construiu a Arca, levou para aí o corpo do nosso primeiro pai:
Matusalém disse a Noé: Meu filho — logo que pressintas a morte, recomenda ao teu primo-
gênito Sem que leve com ele Melquisedech, o filho de Cainan e o neto de Arpachsad, porque ele é o
sacerdote do Deus Altíssimo e, em conjunto, retirarão o corpo do nosso pai Adão e, levando-o, en-
terrá-lo-ão; e Melquisedech deve permanecer sobre esta montanha, diante do corpo do nosso pai
Adão, e aí celebrar o divino serviço até à eternidade.
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Aqui está uma ideia totalmente inédita: de todos os seres vindos à Terra, incluindo os profetas e
o Messias, o mais importante deles é Adão!
O próprio Melquisedech, o grande Mestre da Justiça, grande-sacerdote de Deus, ficou encarre-
gado do divino serviço até aos limites extremos do tempo.
Quem foi pois este Adão? Não estaremos enganados sobre a sua verdadeira essência, conceden-
do demasiado crédito à criação bíblica?
De fato, toda a proto-história não é senão um condensado de acontecimentos semifabulosos,
misturados numa ordem cronológica que se acreditou ser exata mas que podia muito bem ter sido
invertida.
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sus?
Pensando bem, a história de Adão escorraçado do Paraíso poder-se-ia muito bem interpretar
como a vinda ao planeta Terra de um ser alienígena, proscrito por uma falta, ou por razões que ig-
noramos.
Teria sido Adão um Robinson do espaço, um cosmonauta isolado, um aventureiro do céu, ou
ainda um chefe do «comando» da Hiperbórea?
Esta última hipótese, de certo modo, se dermos crédito ao texto do Combate de Adão, explica-
ria as honras excepcionais que foram rendidas ao seu despojo, durante e depois do Dilúvio, por Noé
e Melquisedech.
Neste sentido, os tesouros da gruta de Adão, oferecidos pelos anjos, foram, talvez, objetos sem
grande valor intrínseco, mas provenientes de um outro planeta.
É incontestável que a narrativa do apócrifo foi interpolada, nomeadamente quando se pretende
persuadir-nos de que «Adão e Seth esconderam na Caverna dos Tesouros ouro, incenso e mirra, que
os magos deveriam oferecer ao Salvador em Belém»2.
Semelhante fraude e todas as diferentes versões e interpretações, que se nos apresentam sem
nexo, não têm outro sentido que não seja o de sublinhar uma vez mais a extrema precaridade dos
documentos que se referem à nossa gênese.
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Cristo. O sentido geral é o mesmo, mas o estilo e os pormenores são notavelmente variados:
Carta de Nosso Senhor Jesus Cristo enviada a Abgar, rei da cidade de Edessa, na qual se diz:
«Eu, Jesus Cristo, Filho de Deus, vivo e eterno, a Abgar, rei da cidade de Edessa. A paz esteja
contigo. Eu to digo: tu és feliz e bem-aventurada é a tua cidade chamada Edessa, pois que, não me
vendo, acreditas em mim.
Serás feliz para sempre, assim como o teu povo: a paz e a caridade multiplicar-se-ão, na tua
cidade brilhará uma fé sincera em mim e a ciência habitará no seu lugar.
Eu, Jesus Cristo, rei do Céu, vim à Terra a fim de salvar Adão e Eva e a sua raça.»
Enviou-lhe sete sentenças em grego:
« 1. — Submeto-me voluntariamente aos sofrimentos da paixão e à cruz.
2. — Não sou simplesmente um homem, mas um Deus perfeito e um homem perfeito.
3. — Fui levado até aos serafins.
4. — Sou eterno e não há outro Deus senão eu.
5. — Tornei-me o salvador dos homens.
6. — Por causa do meu amor pelos homens.
7. — Eu vivo em todo o tempo, sempre e eternamente.»
O Senhor [continua o escriba do manuscrito de Leyde] enviou-lhe esta carta dizendo:
«Ordenei que fosses curado e livre das tuas doenças e sofrimentos, e que as tuas enfermidades
e pecados fossem remidos. Em qualquer lugar que coloques esta carta, o poder dos exércitos inimi-
gos não poderá prevalecer nem te derrotar e a tua cidade será para sempre abençoada por tua
causa.»
São estes os sete mandamentos que Nosso Senhor Jesus Cristo enviou a Abgar, rei de Edessa,
mostrando a sua divindade e humanidade como Deus perfeito e homem perfeito que ele é. Para
sempre seja louvado.
A grafia do nome real foi modificada e tudo indica que duas ou três outras transcrições não dei-
xaram subsistir grande coisa do texto primitivo. (Na mesma ordem de ideias, assinalamos que a Bí-
blia é conhecida através de 1200 a 1800 cópias, tendo-se perdido ou sequestrado, naturalmente, o
original.)
A carta de Jesus a Abgar foi encontrada apenas no século IV, ou seja, três séculos após Jesus
Cristo. A Igreja colocou-a na lista dos Apócrifos e S. Jerônimo não acreditava na sua autenticidade.
Contudo, constitui o único documento, quase histórico, que pode dar crédito à existência de
Cristo.
Lê-se claramente a palavra «Khristos», no papiro de Egerton, contemporâneo do Messias, mas
sem qualquer outra identificação pessoal. Além disso, Khristos (ungido) pode aplicar-se a qualquer
personagem consagrada.
Várias tradições asseguram que o mensageiro enviado por Abgar a Jesus era o pintor Ananias,
o qual, não conseguindo levar o Messias a Edessa, quis, pelo menos, levar o seu retrato.
Experimentou então pintá-lo enquanto falava no meio dos discípulos, mas não o conseguiu,
«quer por causa dos movimentos do seu modelo, quer por causa do brilho do seu rosto. Informado
das intenções deste homem, Jesus pediu água, lavou o rosto e enxugou-se com um pano, que devol-
veu a Ananias».
Ora, segundo Jean de Damas e Credenus, que referem esta lenda, a imagem do Homem-Deus
achou-se impressa no tecido!
Num discurso, Constantino Porfirogeneta, imperador do Oriente, diz que o poder desta imagem
miraculosa forçou os Persas a levantar o cerco de Edessa. Contudo, o imperador romano Lecapeno
conseguiu obtê-la mediante grandes concessões aos Muçulmanos, que se tinham tornado os senho-
res da cidade!
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O TESOURO DO TEMPLO
Os manuscritos do mar Morto, se bem que a sua redação remonte a pouco antes da era cristã,
não oferecem maior garantia de autenticidade.
Não queremos dizer que os escribas, seus redatores, tenham querido induzir-nos em erro deli-
beradamente, mas é preciso ter-se em conta que há dois mil anos a verdade histórica, no espírito dos
povos orientais, não tinha, nem de perto nem de longe, o rigor científico que se exige nos nossos
dias. Pelo menos, em princípio!
Por exemplo, gostaríamos de saber qual a credibilidade que se pode conceder aos tesouros de
que se fala nos documentos descobertos em Março de 1952 na gruta n.° 3 de Qumrân!
Nesta gruta, no meio de cerâmica destroçada, foram encontradas três placas de cobre com as di-
mensões de 0,80x0,30 m torcidas e fortemente coladas pela oxidação.
Foi um autêntico trabalho de beneditino o que o professor H. W. Baker, da Universidade de
Manchester, empreendeu, cortando o achado aos pedaços, até que, por fim, o texto reapareceu.
Pela primeira vez descobrira-se na Terra Santa uma mensagem gravada em metal, fato a que se
concedeu uma importância excepcional.
Talvez o seja, já que o seu teor não foi divulgado, salvo um pequeno fragmento:
Na cisterna que se encontra debaixo da muralha, do lado oriental, foi cavado um esconderijo
na rocha. Contém seiscentas barras de prata. Muito perto dali, no ângulo sul do pórtico, diante do
túmulo de Çadoq e sob o pilar da sala de reuniões, está um cofre de incenso, de madeira de cássia.
Na fossa, junto do túmulo, numa caverna que se abre para o norte, encontra-se uma cópia deste ci-
lindro, com explicações, medidas e indicações precisas.
Tratava-se, pois, de um tesouro verdadeiro, do Templo que se sabe ter sido pilhado pelos roma-
nos de Tito, no ano 70.
Para esta razão, e talvez por outras, que não deviam ser conhecidas, foi decretado que os textos
das placas de cobre eram obra de um fantasista, ou então do ritual de uma seita, sem valor, positiva-
mente ligado ao sentido literal das palavras.
Soube-se um pouco mais tarde, mas sem grandes precisões, que as placas revelavam o lugar de
sessenta tesouros de ouro e prata, representando duzentas toneladas do metal precioso, uma fortuna
de uns cem milhões de dólares.
Onde está o erro?
Nos supostos textos essênios, ou na tradução que lhes foi dada? O mistério permanece intacto.
CAPÍTULO XII
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Nas estepes americanas, onde galopava há dez mil anos, em estado selvagem, o cavalo tinha
adquirido um alto valor simbólico, uma vez que era o totem dos Atlantes sob a forma de Posídon, o
deus-cavalo marinho.
Após o cataclismo universal, o símbolo pareceu perder-se juntamente com os conhecimentos
atlantes; todavia, os iniciados das Centrais do Segredo não tinham esquecido e fizeram-no ressurgir
com as ordens de Cavalaria2.
Ora, a ordem mais célebre e também a mais esotérica — a dos cavaleiros da Távola Redonda e
da Demanda do Graal — dá-nos a maravilhosa chave do mundo desaparecido que, muito antes de
Cristóvão Colombo, conseguiu levar os homens até às duas Américas3.
A demanda do Graal, tão controversa, tão analisada e confundida, não pode ser compreendida
em definitivo senão à luz do passado primi-histórico.
As comunidades religiosas tinham interesse em deturpar a busca, em a monopolizar, para con-
trolar melhor; contudo, o misterioso chamamento atávico foi tão poderoso que o sentido profundo,
impresso no subconsciente, sobreviveu e sobrepôs-se sempre às interpelações.
Na sombra, os iniciados dirigiam a busca, cuja finalidade era a salvaguarda e a perpetuação da
raça dos superiores ancestrais.
O LENDÁRIO GRAAL
O Graal, na crença da Idade Média, era simultaneamente a taça onde Jesus tinha comido o cor-
deiro pascal com os seus discípulos e a taça de esmeralda na qual José da Arimateia teria colhido o
sangue do Crucificado. Os autores, segundo as suas crenças, deram-lhe outros significados: mito li-
terário oriental transposto para o Ocidente, pedra filosofal, arquétipo do conhecimento supranormal,
símbolo da cavalaria universal, graça ou virtude de Deus, presença divina, viva e imortal, o caldei-
rão mágico dos Celtas e do rei Artur, etc.
O Graal entra na literatura arturiana a partir do século XI no País de Gales, por volta de 1135
em França, com Percival, ou o Conde do Graal, de Chrestien de Troyes.
O escritor alemão Wolfram de Eschenbach, por volta de 1200, aludiu ao Graal nos seus roman-
ces Parzival, Willehalm e Titurel, servindo-se da documentação do poeta Guyot, o qual, por seu tur-
2 Fato importante, o cavalo dos nossos dias, como o de há dez mil anos, é particularmente considerado
nos países onde aterraram os
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nho = psiquismo; Água = ciência absoluta; Leite = leis reveladas; Mel = sabedoria; enquanto a doação do
Graal, complexa em si mesma e
pelas suas origens, que remontam quase à tradição primordial, diz diretamente respeito ao simbolismo
dos Centros espirituais; e, por isso, a
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A FLORIDA OU A HIPERBÓREA
Os dados e as descrições, referindo-se à Terra da demanda, permitem localizá-la com uma certa
aproximação.
Geograficamente, podemos situá-la na região aonde Enoch se deslocava quando queria contac-
5 O rei Brân, depois de uma perigosa travessia do grande mar do Ocidente, chegou ao país do Outro
Mundo.
6 Trata-se do país mágico (situado nas ilhas do Oeste) dos Tuatha Dé Dannan da raça divina, os quais
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ce opor-se ao paraíso terrestre da Bíblia, onde o conhecimento é perigoso. Será o antiparaíso bíblico?
8 Ainda e sempre a Hiperbórea, onde as mulheres, segundo a tradição, são excepcionalmente belas e
inteligentes.
tar com os extraterrestres, em direção à Hiperbórea, «entre o Setentrião e o Ocidente».
Mas, segundo Enoch, o polo norte desviou-se para oeste, o que, com a retificação, nos conduz
exatamente à Florida americana, ali onde as terras penetram no oceano, quase sem transição, como
se elas encontrassem sob as águas o seu antigo substrato continental.
A Florida, canto de ouro do Mundo Novo, canto também de abundância, saudade do continente
imerso que, em setecentos quilômetros de litoral, atinge o Atlântico e o golfo do México, com os
seus baixios, onde se escondem — estranha predestinação dos lugares — os prodigiosos tesouros
das armadas espanholas, o ouro dos Incas e dos Astecas!9
A Florida, que não está nem na terra nem no mar, com os seus everglades (pântanos), passa por
ter o melhor clima do mundo.
Ali, reino eterno do Verão, a eterna juventude da natureza (Tir-nan-Og dos Celtas), amadure-
cem, como na Armênia dos tempos primi-históricos, frutos maravilhosos, as maiores maçãs que há
no mundo.
A tradição grega era, na verdade, física, ao mandar Hércules colher, do outro lado do rio Ocea-
no, as maçãs de ouro, reais ou irreais, do conhecimento!
A temperatura média da Florida é cerca de 22,78° C e em nenhuma parte do estado a diferença
entre o Verão e o Inverno ultrapassa os 3,89° C, se bem que as maçãs de ouro (laranjas), os limões,
os limos, os ananases, as azeitonas, as uvas, as pêras, as cerejas, tenham ali um sabor diferente.
É o verdadeiro Jardim das Hespérides, o «Outro Mundo» do Gilgamesh, o País Verde dos
Egípcios, o paraíso de Amithaba e, ainda remotamente, a Hiperbórea dos povos nórdicos.
Depois, a Florida é o país dos sinks, cavidades feitas no calcário pelas correntes subterrâneas.
Através dos gigantescos respiradouros nas entranhas da terra, correm verdadeiros rios que desapare-
cem engolidos pelo prodigioso reino dos canais, galerias e cavernas que constituem um verdadeiro
mundo invisível.
Para os Gauleses, para os irlandeses do rei Artur, a Florida era o «Outro Mundo» descrito pelos
bravos navegadores celtas, noruegueses, vascos, etc., os quais, muito antes de Cristóvão Colombo,
descobriram a América e tinham contado as suas odisseias, com os naturais exageros, naturalmente!
Uma América semilendária, mas que se situava nos limites do mundo ocidental, para lá do rio
Oceano, em direção às ilhas Afortunadas e a São Brandão, onde desembarcara, em 570, o bispo ir-
landês que a tradição confundira depois com o bom rei Brân!
Neste «Outro Mundo» americano, onde se chegava depois de ter vagueado na incrível região
dos nevoeiros da Terra Nova, propícia ao incremento da imaginação e suscitando narrativas irreais,
encontra-se, como no final de uma cerimônia de provas iniciáticas, o «país que tem o melhor clima
do mundo, as maçãs maravilhosas, o eterno e perfumado Verão florido e mesmo o reino subterrâneo
que tanto impressionou os antigos descobridores.
É assim o «Outro Mundo» físico e geográfico… mas resta elucidar o mistério da dualidade, da
realidade e irrealidade do reino do rei Brân, onde se perde a noção do tempo.
Facilmente se compreende a perplexidade dos nossos antepassados diante deste problema inso-
lúvel e que somos incapazes de resolver nos nossos dias, a não ser pela hipótese dos universos para-
lelos e a revelação da história dos nossos antepassados superiores.
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O APELO DA AMÉRICA
É possível que, na primi-história, a Hiperbórea se tenha situado mais ao norte e que a Florida
não seja senão a imagem virtual da antiga realidade. Mas a solução do problema está precisamente
no seu conjunto, porque é na América que se situa o país da demanda.
Senão, como se explica o sentido único de todas essas correntes que levaram para oeste os ini-
9 Ler a história dos tesouros afundados, emparedados e enterrados, publicada pelo Club Intemational des
Chercheurs de Trésors sob o
título Trésors du Monde, de Robert Charroux, Ed. A. Fayard, 18, Rue du St. Gothard, Paris.
ciados, os heróis, os cavaleiros e os corajosos descobridores?
E não é para a América, para Nova Iorque, que ainda hoje convergem os êxodos dos buscado-
res de fortuna e conquistadores de inquietas iniciações?
Como se, através dos milênios e da deterioração da verdade primordial, permitisse a recordação
atávica da viagem necessária em direção a um «Outro Mundo».
Mas a descoberta da realidade física não era senão o primeiro estado da demanda, que apenas
quase trazia um ilusório benefício material.
Na realidade, os cavaleiros da Távola Redonda nunca atingiram este mundo físico, mas talvez
tenham chegado lá através do mistério das «passagens subterrâneas» (= iniciação) que levam do
mundo terrestre das três dimensões ao mundo dos universos paralelos.
Esta hipótese é apoiada por indícios tais como a dualidade supranormal do «Outro Mundo»,
real e contudo imperceptível, e a anulação do tempo quando se ouvem cantar os pássaros maravi-
lhosos.
Além disso, como nos universos paralelos, chega-se ao «Outro Mundo», dizem os textos, atra-
vés de «uma porta aberta», quer dizer, uma represa onde o viajante pode passar segundo algumas
condições10.
Na ciência racionalista, a viagem ou passagem não se pode fazer pelo homem físico normal-
mente constituído: ele deve, sem dúvida, ser colocado num plano mais elevado, numa espécie de
transmutação, que, por exemplo, o faria passar a um outro estado extremamente sutil, facilitando a
endosmose.
Registar-se-ia, neste caso, a transubstanciação e incorporação nas franjas de um universo de
cinco ou seis dimensões, tal como o supõe, matematicamente, o professor E. Falinski.
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A realidade teórica dos universos paralelos demonstra-se matematicamente por uma série de
equações tiradas da hipergeometria de Gauss, da pangeometria de Lobatchewsky, da geometria não
euclidiana de Rieman e do cálculo dos transfinitos de Cantor11.
Em resumo, trata-se de demonstrar que por um ponto exterior a uma reta pode existir uma infi-
nidade de paralelas a essa reta (isto é, o contrário do postulado de Euclides).
Donde, a existência de universos paralelos ao nosso, mas não coincidentes de fato, porque estão
separados no tempo e no espaço (avançados ou atrasados em relação aos acontecimentos do nosso
10 Quis-se dar um valor unicamente iniciático à demanda do Graal, o que, segundo o nosso ponto de vista
é um erro, como o assinalam
expressamente as frases «O país do Outro Mundo existe e não existe» e «Existe realmente do outro lado do
mar, para poente».
De qualquer maneira, estas ilhas, estes nevoeiros, este continente, estas maçãs, esta terra de felicidade
coincidem demasiado exatamen -
te com os Estados Unidos para que tudo seja obra do acaso.
Não esquecemos que, nesta aventura, o símbolo interfere com o real, tanto mais que os historiadores do
Graal eram geralmente incapa -
zes de imaginar antepassados superiores, um mundo desaparecido e mesmo um continente ocidental.
O escritor Gustav Meyrink, no seu livro L'Ange à la fenêtre de l’Occident, quis ver na demanda o Mysterium
Conjunctionis como um
significado das «núpcias químicas» do iniciado com a Dama da Filosofia, ou Rainha da Terra, para lá dos
mares. Para ele, é também o misté -
rio da Transubstanciação, da confusão do + e do -, ou seja, a reintegração de Adão na Eva primordial ou
oculta, que era um ser andrógino.
Esta teoria fez dos Estados Unidos a terra-berço, onde nasceu o primeiro homem. Neste sentido, a
demanda seria, então, o regresso às
origens, ainda que num plano científico seja difícil aventar racionalmente que os EUA sejam o berço da
humanidade. Pela nossa parte faze -
mos dele apenas o berço de uma civilização primi-histórica.
11 Ler também La Psychologie Svnthétique devant les géométries non euclidiennes e Psxchologie dans la
phdosophie générale, de E.
passado e o futuro.
Num plano oculto, a passagem pela «ranhura» seria uma exploração consciente através do cor-
po astral, uma infiltração num universo paralelo que explicaria o mecanismo do profetismo e da
premonição.
Assim, o viajante do «Outro Mundo» do Graal teria por incumbência estabelecer uma ligação
do supranormal e de uma ciência ainda desconhecida, mas que será um dia, sem dúvida, possível
experimentar em laboratório.
Esta teoria não escandaliza os físicos da energia nuclear, para quem o comportamento das partí-
culas saídas do «Outro Mundo» do cosmo constitui um profundo mistério, o mesmo sucedendo com
os conceitos de velocidades superlumínicas, de universos cruzados ou curvos e mesmo de espaço-
tempo.
O «Outro Mundo» do Graal, ainda mais misterioso, descrito pelos cronistas do século II, sugere
a sobrevivência de um conhecimento científico deteriorado por um longo percurso, mas muito tra-
balhado na sua origem.
O processo de integração figura, talvez, sob forma oculta, nas provas que os cavaleiros da Tá-
vola Redonda deviam suportar12.
AS PROVAS
As perguntas que, ritualmente, se colocavam aos postulantes da demanda do Graal eram formu-
ladas do seguinte modo:
1 — A quem serves?
2 — Para que serve o Graal?
3 — Por que sangra a lança?
Na sua forma literária arcaica, antecipa o sentido crístico que os cronistas deram ao Graal a par-
tir do século XIII.
A quem serves significa: o Graal está ao serviço de quem? Quer dizer, do rei ferido.
Para que serve o Graal: de alimento divino e de virtuosa eficácia.
A terceira questão refere-se, evidentemente, ao pérfido golpe que feriu o rei do «Outro Mundo»
e, por acréscimo, à ferida de Cristo.
As provas eram inúmeras, mas algumas tinham a força de lei geral:
— Passar a noite numa capela, perto do corpo de um cavaleiro defunto rodeado de círios. Noite
de apocalipse, com trovoada, relâmpagos e aparição de espectros.
— Prova da cama (ou do castelo) que gira, enquanto o postulante resiste a um verdadeiro bom-
bardeamento de tratos assassinos.
— O jogo mortal do decapitado, espécie de duelo em que a cabeça é cortada ao vencido.
— A espera ou o jejum de vários dias na floresta encantada.
Se o neófito sujeito às provas saísse vencedor, então recebia o seu nome e tinha direito aos
seus antepassados, à sua honra e à alma reencarnada nele.
Todo um sentido iniciático ressalta destas provas que encontram equivalentes nos ritos de en-
tronização de todas as antigas e modernas ordens de cavaleiros e também na franco-maçonaria.
Perceptível ou claramente expresso, o seu papel era o de preparar uma elite para uma missão
política que desde o século XI apostava na conquista dos antepassados superiores da Hiperbórea.
No início da Idade Média, a demanda do Graal converteu-se num movimento secreto que, ainda
nos nossos dias, prossegue do modo mais imprevisto.
O IMPÉRIO UNIVERSAL
a lenda arturiana. Pensamos, todavia, que serviu para esconder desígnios ocultos e políticos, não en-
feudados à religião cristã, mas sim a uma religião universal, correspondente ao plano hegemônico
revelado por uma vasta conjura de cavaleiros, cujo império espiritual se estendia de Jerusalém até à
longínqua Tule.
No século XIII, um imperador particularmente iniciado, Frederico II de Hohenstaufen, ilustrou
esta tese, que escapou aos historiadores, insensíveis, na sua maioria, à história invisível dos homens.
CAPÍTULO XIII
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o umbigo do mundo, senão mesmo o universo no sentido mais lato, pelo que a hegemonia desejada
se exprimia por um vocábulo nitidamente superlativo: Senhor do Mundo, Senhor Universal!
Alguns historiadores estão de acordo em conceder ao mesmo tempo o sentimento e o título a
soberanos tais como Carlos Magno, Frederico II de Hohenstaufen, Carlos V e Napoleão…
De fato. encontrar-se-iam também outros monarcas e até simples cidadãos, os quais, por mega-
lomania, sonharam com a supremacia terrestre. Mas, se é abusivo incriminar Carlos Magno, Napo-
leão e talvez Carlos V, temos razões para pensar que Frederico II alimentou esta quimera.
«Este César», conta Saba Malespina, «que era o verdadeiro soberano do mundo e cuja glória se
expandiu em todo o universo, julgando, sem dúvida, tomar-se igual aos deuses pela prática das ma-
temáticas, pôs-se a sondar a essência das coisas e a perscrutar os mistérios dos céus…» E é nisto,
pensamos, que se revela a personalidade deste imperador de espírito muito superior ao da sua época
e que sonha em se tornar o Senhor do Mundo através da ciência e da magia.
Envolve-se com adivinhos, necromantes, Alquimistas, espagiristas, astrólogos, cabalistas, que o
ensinam e iniciam.
Alimenta-se das lendas do rei Artur e dos cavaleiros da Távola Redonda, estuda o Número de
Ouro com Leonard Fibonacci, o matemático de Pisa, correspondendo-se com Juda Cohen, o célebre
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sábio judeu de Toledo, e consulta os mais famosos ocultistas da época: Ezzelino de Romano, Guido
Bonatti, Riprandino de Verona e mestre Saliano; de Bagdade faz vir, expressamente, o mago sarra-
ceno Paul, e de Inglaterra Michel Scott, ilusionista e mestre «em sortilégios».
O seu conselheiro pessoal é Teodoro, um sábio grego, sábio em todas as artes, o qual confecci-
ona bebidas estranhas, filtros, bolinhos mágicos e um «açúcar de essência de violeta», cujo poder
maravilhoso iguala o elixir da juventude.
Teria sido Frederico enfeitiçado? É possível, mas os que o encorajaram no seu desejo de domí-
nio mundial são os mais experimentados mágicos e sábios de alto valor.
O imperador fanático das lendas fantásticas entusiasma-se por Merlin, o Encantador, compa-
nheiro do rei Artur e profeta inspirado, cujo renome era tal na Idade Média e nas campanhas do
Ocidente que o destino da Europa foi perturbado com isso.
E nomeadamente graças às suas profecias que Joana d'Arc, dois séculos mais tarde, encontrará
grandes facilidades na realização da sua missão, porquanto o «Livro de Merlin» anunciava «que os
doze signos do zodíaco fariam guerra e, então, a Virgem desceria nas costas do Sagitário1.
A imaginação popular via nisto o anúncio de uma donzela (Pucelle) que salvaria a França2.
Pode supor-se que, no século XII. Frederico II tomaria a seu cargo a sucessão do rei Artur pre-
dita nestes termos no Livro de Merlin: «Que Deus lhe dê um sucessor semelhante a ele: não preten-
do melhor!»
A PACT1O SECRETA
Naturalmente inclinado para a grandiosidade, em virtude das suas origens germânicas, o impe-
rador lembrava-se muitas vezes que em 1228, em Santa Joana d'Arc, embora excomungado pelo
papa, tinha presidido à Távola Redonda da élite da cavalaria mundial: Templários, Hospitaleiros,
Teutónicos, Fâtas Sarraceno, Batinyian (Assassinos ou Hasanitos), Rabitas de Espanha, etc., todos
associados pela Pactio Secreta (pacto secreto) no intuito de estabelecer a religião universal sobre um
planeta sujeito ao Grande Senhor das ordens unificadas.
Ainda aqui se detecta a filiação da Cavalaria nas ordens iniciáticas secretas, como o sublinha o
escritor René Birat:
Os Templários passam por ser os guardiões e os continuadores de um «mistério» de importân-
cia capital, do qual nenhum profano — mesmo sendo o rei de França — deveria ser informado.
Seria o Graal, símbolo do conhecimento, a primeira etapa para a dominação do mundo?
Parece, com efeito, que o maior sonho da Ordem, a finalidade suprema das suas atividades,
1 É interessante notar que a profecia anunciada tem todas as hipóteses de se concretizar, porque aparece
sempre uma personagem ilumi -
Desde que um profeta prediga um salvador da Europa para o ano 2000 ou 2004, inelutavelmente os povos
brancos apoderar-se-ão da
mensagem e o «salvador» anunciado revelar-se-á.
2 Donde o sobrenome de Joana d'Arc = Pucelle.
tenha sido o ressurgimento do conceito do Império… isto é, o Oriente islâmico e o Ocidente cris-
tão… espécie de federação de Estados autônomos colocados sob a direção de dois chefes, um espi-
ritual, o Papa, o outro político, o Imperador, os dois eleitos e independentes um do outro.
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SOB O SIGNO ∞
Ele acreditava firmemente nisso, mas talvez exagerasse. Em todo o caso, o santuário que ele
mandaria construir no Sul da Itália, a meio caminho entre a Terra Santa do Oriente e a Terra-Mãe
do Ocidente, e também a meio caminho entre Jerusalém, a ilha de Avalon e Santiago de Composte-
la… este santuário, como dizíamos, seria um castelo de templários-alquimistas, regido pelo Número
de Ouro da Rosa-dos-Ventos, o 8, símbolo do infinito vertical, do infinito horizontal e da matriz
universal!
Tudo isto estava conforme no espírito do imperador e tudo lhe parecia em ordem no plano exo-
térico, com os cavaleiros teutônicos, os Hospitaleiros, os Templários, os Sarracenos e os Judeus.
Quanto aos católicos, evidentemente hostis ao seu projeto, ele tratava do assunto a seu modo: o
papa seria expulso do seu trono.
O CASTELO OCTOGONAL
O castelo de Castel del Monte, nos Pouilles italianos — comuna de Aneia —, foi considerado a
«maravilha única» na Idade Média.
O seu plano — que recolhe do Templo de Salomão as quatro medidas mestras (60 - 30 - 20 - 12
côvados) — assenta em dois octógonos concêntricos separados em divisões saídas do centro geo-
métrico e confinantes em cada vértice, a fim de determinar 8 salas em trapézio.
Cada ângulo do edifício é provido de uma torre octogonal, tendo um muro circundante cuja es-
pessura é de 2,65 m.
Uma única porta de entrada orientada para sudoeste, segundo o eixo de Jerusalém-Ândria, dá
acesso ao edifício e conduz ao pátio octogonal central, dito «Câmara do Mestre». Outrora, este pátio
era uma vasta sala coberta, onde, em redor do imperador, se deviam reunir, em cada solstício, os
chefes das oito grandes ordens mundiais de cavalaria.
Na composição geométrica deste castelo inabitável não se encontra nenhuma das salas de ca-
racterísticas utilitárias: cozinha, fogueira, copa, quartos de dormir, toucadores, despensa, etc.
O primeiro andar foi decalcado do rés-do-chão e no centro dos dois octógonos há ainda uma
cisterna onde a água escorria dos terraços em rampa, surgindo do teto.
Segundo uma tradição, havia outrora no Castel del Monte um templo com uma estátua de már-
more de um antigo deus cuja cabeça era aureolada por um círculo de bronze.
Gravadas no metal podiam ler-se estas palavras: «Nas calendas de Maio, quando o Sol se le-
vantar, eu terei uma cabeça de ouro.»
Em 1073, um sarraceno deslindou o enigma:
No 1.° de Maio, cavou à direita do local onde se projetava a sombra da cabeça e encontrou um
enorme tesouro, que serviu para construir o primeiro castelo.
É provável, pois, que Frederico II empreendesse a construção sobre as ruínas de um antigo cas-
telo, na data sacramental do solstício de Verão de 1240 (fala-se também em 1233).
Por cima da porta de entrada, entre brasões dos Teutônicos e os leões da casa de Sonabe, escul-
piu uma cabeça de mármore ornada de raios: símbolo do mestre desconhecido… ou a recordação da
cabeça do deus que indicava o tesouro.
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O imperador teve um mestre espiritual: o monge Michel Scot, o qual não se sabe muito bem se
foi irlandês, italiano ou francês, mas cuja condição de mago inigualável lhe conferiu notariedade
pública no seu tempo.
Durante anos, no coração da Alemanha, primeiro, e na Itália, depois, Scot, «o gêmeo psíquico»
de Frederico II, reinava verdadeiramente, através dos seus conhecimentos e da sua magia, sobre
aquele que queria ser imperador.
Tudo isto é, sem dúvida, uma fábula, mas os seus contemporâneos asseguravam que «certa vez
convidou os seus amigos para um festim, diante de uma mesa completamente vazia. A um sinal
dele, as refeições apareceram magicamente e colocaram-se sozinhas diante dos convivas, como
transportadas por espíritos, e Scot, designando-as, disse:
Esta veio da mesa do rei da Inglaterra, aquela da mesa do rei de França!
Autor de numerosos e doutos livros, alguns dos quais foram especialmente encomendados por
Frederico, o mago era especialmente apto na transmutação dos metais.
Possuímos, de sua autoria, a transcrição de um tratado de alquimia intitulado De Sole et Luna
(tomo V do Theatrum Chimicum), onde revela, numa linguagem sibilina, os processos de transmu-
tação.
Anunciara ao seu protetor, com muita antecedência, que ele morreria num lugar «consagrado à
flor».
Ele próprio predissera também as circunstâncias exatas da sua morte, que se produziu como se
uma maldição do Céu o tivesse punido da maneira mais exemplar: em 1291, enquanto rezava na
Igreja de Holme-Coltram (ou na Abadia de Melrose), na Escócia, um lanço de muralha caiu sobre
ele e esmagou-o.
Um bardo escreveu a este respeito:
Foi durante uma noite solene e terrível que este túmulo se abriu para ele. Estranhos sons fize-
ram-se ouvir e todos os estandartes se agitaram sem que se registasse uma golfada de ar. O seu li-
vro todo-poderoso permanece inumado, a fim de que nenhum mortal o possa ler.
De fato, era tal o poder mágico de Scot que ele podia, assegura o Lai (poema medieval) do Ulti-
mo Menestrel, pela virtude das suas encantações, fazer tocar, desde Salamanca, todos os sinos de
Notre Dame de Paris.
Sobre ele escreveu Dante: «Realmente, ele conheceu o jogo das astuciosas magias.»
Os seus livros de bruxaria e formulários, com a ajuda dos quais dizia evocar as forças infernais,
foram enterrados com ele.
Foi este o destino de um mago prodigioso, o qual não se pode dissociar do seu mestre ou aluno
em feitiçarias, o imperador Frederico II.
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26/06/2023 10:02 O Livro Dos Segredos Traídos by Robert | PDF | Mito do Dilúvio | Terra
Em 1250, acometido por grandes sonhos políticos, o imperador não quis permanecer no templo,
que não representava senão a testemunha irrisória das suas ambições não realizáveis.
Resignou-se a viver no castelo de Fiorentino, perto de Lucera, onde, depois de ter experimenta-
do um novo «banho» de sonhos grandiosos de hegemonia, morreu «sob o signo da flor», tal como
predissera o seu mago.
No Castel del Monte, hoje abandonado sob o céu tórrido das murges de Puglia, instalou-se um
pequeno museu. Alguns turistas admiram a sua rígida arquitetura templária e diz-se que os visitan-
tes mais cultos e mais sutis vêm aqui em peregrinação.
O GRUPO TULE
A Cavalaria e as suas sociedades secretas têm sido sempre constituídas por uma elite da raça
branca. Sintetizada ao extremo, a definição de CAVALARIA poderia ser: instituição para a salva-
guarda e o enaltecimento dos homens brancos.
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O sentimento de preservação racial é tão natural e está tão desenvolvido em todos os continen-
tes que, passados séculos e milênios, sociedades secretas amarelas, pretas, brancas, foram sendo
fundadas a partir de um princípio:
— A sociedade dos Boxers, na China, para a raça amarela1.
— Os Muçulmanos, na América, para a raça negra.
— O Grupo Tule, na Europa e na América, para a raça branca.
Apenas a raça vermelha escapou à lei, sem dúvida devido ao fato de ignorar a existência de hu-
manos brancos, negros ou amarelos, habitantes de regiões do globo que lhe eram desconhecidas.
Todavia, entre os autóctones do Peru e do México desenvolvem-se, atualmente, embriões de
sociedades tendo por princípio a preservação do seu patrimônio.
Em todas as nações, sem que alguém o pressinta, há seitas que trabalham paralelamente com
sociedades cuja existência e princípios exotéricos são conhecidos2.
A MISTERIOSA HIPERBÓREA
O Grupo Tule é uma sociedade secreta poderosa e misteriosa que exerce a sua ação sobre os
continentes habitados pelos brancos.
Como o seu próprio nome indica, evoca a autêntica ou lendária Tule, ou a Hiperbórea, berço da
raça branca, e está também ligada à demanda do Graal e, por filiação direta, à Cavalaria.
Será necessário precisar que os ativistas do grupo são exclusivamente brancos que se preten-
dem tornar campeões e defensores da sua raça? Mesmo assim, Tule mantém relações políticas com
sociedades secretas amarelas e talvez também com os negros muçulmanos3.
Os historiadores gregos e latinos — Heródoto, Diodoro de Sicília, Plínio, Virgílio — falam do
continente hiperbóreo como se se tratasse de uma grande ilha de gelo situada na Antártida, onde te-
riam vivido homens transparentes cuja tradição foi desde logo transformada em arquétipo da raça
branca.
Os Hiperbóreos tornaram-se opacos e misturaram-se com os povos brancos ocidentais, conser-
vando, contudo, uma sutileza espiritual superior à dos outros homens.
A sua capital, Tule, foi frequentemente situada, pelos navegadores da Idade Média, na Noruega
e mesmo nas ilhas Shetland.
1 Os Boxers (século XIII) são, desde 1900, os porta-estandartes da sua raça. São ferozmente xenófobos, por
oposição aos Hung (século
2 Ler Les Sociétés Féminines, Marianne Monestier, Productions de Paris, 29 Rue Coquillère, Paris.
3 Esta informação foi-nos dada por um antigo SS e ativista hitleriano notório. Segundo o nosso
informador, os Amarelos, ainda mais ra -
cistas que os Brancos, situariam a sua Tule na Mongólia, enquanto os Negros a situariam no Zimbabwé, na
Rodésia do Sul. O grupo é anti-
semita, na media em que os semitas situam o nascimento do homem (Adão) na Ásia Menor. Há motivos
para se desconfiar desta profissão de
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Teriam sido elaboradas a partir de documentos gregos e portugueses muito antigos, reproduzindo estes
últimos cartas geográficas datando
de antes da última época glaciar e levantadas em perspectivas vistas a cavalo. Teriam cerca de onze mil
anos de idade.
Brilhava a sua leal nobreza.
A taça do rei de Tule é o Graal, tesouro cheio de encantos (magia) que evoca a Terra-Mãe desa-
parecida.
Tal como Artur, o rei reuniu à sua volta, na mesa redonda, os cavaleiros brancos que deverão
partir em demanda da taça-matriz. Tudo é oferecido em herança… exceto, precisamente, esta taça
encantada que pertence definitivamente ao oculto.
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A sorte está lançada! O Graal desapareceu… Encontra-se no oceano Ocidental, na terra imersa
da Hiperbórea, e os cavaleiros da Távola Redonda nada mais têm a fazer senão partir à sua procura,
precedendo na cronologia histórica toda a cavalaria e, finalmente, o Grupo Tule!
O Graal esotérico é, pois, a matriz da humanidade superior, por analogia com as «fendas» da
crosta terrestre, nascente original, onde se recebe uma radiação telúrica, cósmica, que concede a vi-
rilidade e o poder máximo sobre a inconsciência das multidões5.
Compreende-se, assim, o interesse dos cavaleiros envolvidos na busca e das sociedades hege-
mônicas em encontrar, pelo menos na sua realidade física, senão no seu potencial psíquico, este
Graal energético onde as raças tentariam obter forças vitais.
De fato, o Graal será descoberto. Tule e alguns mitos pertencem ao mesmo ciclo, tecendo no
simbolismo uma primeira verdade transcendente.
Aquilo a que se chama, grosseiramente, mitologia, concedendo-lhe um sentido de fábula e de
relações imaginárias, é para o observador a retranscrição de acontecimentos autênticos, mascarados
pela cor local.
5 A tradição situa na Hiperbórea a fonte das iniciações masculinas. Uma coligação do Grupo Tule com os
Amarelos não apresentaria,
deste modo, uma aparente incompatibilidade, uma vez que, para os Brancos e os Amarelos, a busca
iniciática condiziria à Hiperbórea. A
mais antiga sociedade secreta dos Hung (século V) seguia o culto do grande Buda branco e a crença no
paraíso ocidental. A sociedade secre -
ta dos Boxers, que lhe sucedeu, integra entre os seus membros a crença de um deus da magia: Tchen Wou,
com o seu tronco no polo norte, o
qual teria o poder de conferir aos seus fiéis a força dos antigos deuses, a fim de lhes permitir «continuar as
suas próprias façanhas nos tempos
presentes», Histoire des Sociétés politiques et secrètes, Eugène Lennhott, Payot, 1934.
Estas crenças celtas e chinesas convergem, como vemos, para o mesmo ponto do mundo onde estariam
acumuladas as forças de alta
potência. Note-se também que o Palácio da Luz, em Pequim, está orientado para o polo norte.
O PARAÍSO ESTÁ A OESTE
Doutro modo, como explicar, por um lado, as coincidências reunidas sob o signo do planeta
Vênus (os extraterrestres e Prometeu, o Atlante) e, por outro lado, a demanda do Outro Mundo, o
Graal, as lendas andinas, a porta de Tiahuanaco, na Bolívia 6, o Jardim das Hespérides e os Estados
Unidos da América?
As chaves de ouro deste estranho puzzle estão escondidas nos símbolos da mitologia grega, da
tradição e da História: Hércules, Anteia. Atlas, o Jardim das Hespérides, o Graal, o Outro Mundo e
o moderno Grupo de Tule, onde reencontramos elos da cadeia iniciática que nos une aos ancestrais
da raça branca.
As tradições, com uma inquietante unanimidade (a Bíblia é a única exceção), situam o verda-
deiro paraíso e os reinos da felicidade na terra-mãe da Hiperbórea: a Green Land dos Celtas e Es-
candinavos, a Terra Verde da mitologia egípcia, o Paraíso hindu de Amitàbha, o grande Buda do
céu ocidental, as Hespérides dos Gregos, o país do Outro Mundo dos Assiro-Babilônicos e dos Poli-
nésios.
Na mitologia assiro-babilônica, o país dos Grandes Ancestrais, «tornados imortais pelo Dilú-
vio», encontra-se na extremidade ocidental da Terra, segundo a tradição, ou seja, do outro lado do
imenso oceano que é preciso atravessar com risco da própria vida.
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O herói Gilgamesh dirige-se à morada da deusa Sidouri Sabitou, «que vive no extremo do mar,
num jardim maravilhoso, onde nasce a árvore que dá os frutos mais belos do mundo», a fim de lhe
perguntar pelo segredo da imortalidade.
Gilgamesh, cujo nome significa «Aquele que encontrou a fonte» ou «O que viu tudo», recebe a
seguinte e estranha resposta:
Contudo, graças a uma certa magia, o herói chega ao paraíso de Outanapishtim, «O que encon-
trou a vida», após mês e meio de navegação.
Fica-se impressionado com a semelhança desta odisseia com a do herói grego Hércules: o jar-
dim das maçãs maravilhosas, a viagem à América, o sas, ou a passagem que é preciso saber desco-
brir para chegar ao destino!…
O Omeyocan dos Mexicanos, lugar onde habitam os deuses e as crianças que vão nascer, «é
idêntico ao Paraíso do Oeste, Tamoanchan, o país dos velhos deuses e das gerações passadas, do
milho maduro, do nevoeiro, do mistério, a região onde os povos antigos saíram de um buraco aberto
na terra», escreveu Jacques Soustelle7.
Paraíso do Oeste… gerações passadas… país do nevoeiro e do buraco aberto na terra: não evo-
cará esta narrativa — bem como a aventura de Gilgamesh, «Aquele que encontrou a fonte» do outro
lado dos nevoeiros da Terra Nova — a Florida, outrora habitada pelos antigos Mexicanos, a Florida
pátria dos antigos homens, filhos de Geia, a Terra?
Por outro lado, a epopeia céltica, e, particularmente, a da Irlanda, traz-nos tal precisão de por-
menores que nos permitimos perguntar se o principal centro de cultura na América primi-histórica
seria Tiahuanaco, valorizada pelas esculturas da Puerta del Sol, ou uma Tule situada na Virgínia ou
na Nevada dos atuais Estados Unidos da América!
6 Ref.: História Desconhecida dos Homens desde Há Cem Mil Anos.
7 La Pensée cosmologique chez les anciens Mexicains, Paris, 1940.
A mitologia céltica revela pormenores curiosos sobre a raça dos homens divinos detentores de
uma ciência desconhecida dos Celtas8, vindos do país do Outro Lado do Atlântico para combater os
gigantes da Irlanda.
Tendo em conta que noutras mitologias — andina, egípcia, hebraica, etc. — os «homens divi-
nos», originários do céu, trazem também eles uma civilização desconhecida e lutam contra gigantes,
como a tradição irlandesa, é provável que estas relações tenham uma base comum e um caráter de
autenticidade insuspeito.
Eis, segundo a Mythologie Générale (G. Roth e Félix Guirant, Ed. Librairie Larousse), quem
eram estes homens da raça divina:
Enfim, vindos das ilhas do Oeste, onde estudavam magia, chegam (à Irlanda, cerca de 2000
anos antes da nossa era) os membros da Tuahta Dé Danann.
Trazem talismãs: o gládio de Nuada, a lança de Lug, o caldeirão de Dagdé e a Pedra do Des-
tino de Fâl, que grita logo que o rei legítimo da Irlanda se sentar nela.
Após numerosas guerras, narradas no Livro das Invasões, os homens divinos, muito pouco nu-
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merosos e talvez enfraquecidos pelo mal misterioso que minou Prometeu, decidem regressar ao País
do Outro Lado (do Oceano), não exigindo, em compensação, senão um culto e sacrifícios celebra-
dos em sua memória.
Abandonando a ilha de Erinn (Irlanda), regressam ao seu país natal, chamado Mag Meld (a pla-
nície da alegria) ou Tir-nan-Og (a terra da juventude).
Ali os séculos são minutos: os que aí vivem não envelhecem; os prados estão cobertos de flores
eternas…
Roth e Guirant dizem-nos um pouco mais:
A este Eden céltico (que recorda o país encantado dos Hiperbóreos) corresponde, na mitologia
da Grã-Bretanha, o Avallon (ilha das Macieiras), onde repousam os reis e os heróis defuntos…
Será necessário dizer que estas relações se inscrevem intimamente na tese dos Estados Unidos,
berço da humanidade, a Florida coincidindo exatamente com a Mag Meld céltica, o país da Hiper-
bórea, e com o Jardim das Hespérides?
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É o que os verdadeiros exegetas têm pretendido fazer crer: mas é evidente que Hércules nunca
iria tão longe procurar frutos produzidos com fartura na Grécia e na maior parte das regiões vizi-
nhas!
Não! Tratava-se de maçãs, maçãs de ouro, infinitamente preciosas, parentes próximos da maçã
de Eva colhida no Paraíso na árvore da Ciência11.
Maçãs do Conhecimento, evidentemente, que a sábia Atena guardou em qualquer lado, pois co-
nhecia muito bem o seu terrível poder, mas também maçãs-fruto. desenvolvendo-se no paraíso que
é a Florida, fabuloso jardim dos Estados Unidos, «nas extremidades do rio Oceano».
Hércules foi ajudado pelo gigante Atlas na sua missão nas Hespérides.
Anotamos ainda uma coincidência, relativa a este Atlas, filho de Oceano, segundo algumas tra-
dições, ou, segundo outras, filho, como Prometeu, o Atlante, do titã Japet e da Oceânida dos pés bo-
nitos12.
Atlas estava condenado «a permanecer de pé diante das Hespérides nos limites da terra».
Estamos ainda no oceano Atlântico, no Outro Mundo, e aí permaneceremos irremediavelmente
com as Hespérides (que eram ao mesmo tempo as sentinelas e o Jardim Maravilhoso).
Por outro lado, é razoável e lógico pensar que os fatos muito antigos não possam ser transmitidos através
dos séculos e mesmo conser -
vados pelos iniciados, a não ser que eles sejam expressos textualmente e, para retomar um termo da Tora,
«sem mudar um iod». Mesmo com
este rigor, chegam a ser profundamente deformados e tornam-se muitas vezes totalmente ininteligíveis.
Imagine o leitor uma descrição baseada sistematicamente em símbolos astrológicos, considerando que,
com dez autores contemporâ-
neos escrevendo deste modo, se obteriam dez transcrições diferentes, sobre as quais os dez autores não
conseguiriam nunca pôr-se de acordo,
já que cada um tem o seu método, a sua chave, o seu sistema… e a sua opinião prévia!
10 A mitologia diz que Hércules aprendeu de Nereu, filho de Geia, esposo da Oceânida Dóris (sempre o
mito do oceano), o meio de
11 A maçã, da qual Cézanne pensou ter feito a síntese na sua pintura, tem um sentido esotérico muito
elaborado na tradição ocidental.
Simboliza, ao mesmo tempo, a matriz, o amor, a mulher e o conhecimento, sob o signo do erotismo (e não
do amor, porque o amor não
é senão a criação estática, enquanto o erotismo é a superação e a sutileza na criação).
Cortada ao meio, deixa aparecer, curiosamente, os órgãos da mulher: no centro, a vulva, que esconde os
ovários, onde estão os grãos
negros da semente: a parte de baixo, redonda em forma de ancas, tem o aspecto misterioso e inquietante
do ânus feminino.
Não é por acaso que os povos católicos quiseram que a maçã (não sendo mencionada nos textos, pensar-
se-ia antes no figo!) fosse o
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fruto proibido da árvore do pecado, roubada e oferecida por uma Eva, atormentada na sua carne e na sua
imaginação, a um Adão bem menos
inteligente que ela e a quem não se deve verdadeiramente o fantástico insulto, gerador do nascimento, da
morte e, por consequência, da evo -
lução. Neste sentido, Eva é bem mais que Adão a Primeira Inteligência da humanidade pensante. É
também uma maçã, fruto do amor, que
Páris oferece a Vénus, nascida naturalmente da «branca espuma», exsudada na vasta matriz úmida que é o
mar, pelo sexo mutilado que per-
tence a Úrano.
E as maçãs de ouro das Hespérides, sublimação do fruto, explicam o trajeto oculto que leva ao
conhecimento intelectual a partir do + e
do –, ou seja, pelo erotismo, que é o movimento e a inteligência do universo.
Não pensamos que Cézanne, pintor maravilhoso mas absolutamente ignorante em matéria de amor, da
mulher e do esoterismo, tenha
podido sonhar o profundo significado da maçã.
Através do seu pudor burguês e da multiplicidade dos seus complexos, não pintou ele as suas banhistas
olhando um grupo de dragões a
tomar banho no rio? Que pensaria disto Renoir?
12 Prometeu, filho da Oceânida «dos pés bonitos» (Orejona, a Eva das tradições andinas tinha também uns
bonitos pés), teve três ir -
mãos, entre eles Atlas, o Atlante, que guardava o Jardim das Hespérides nos limites da terra ocidental.
Depois da revolta dos titãs, «que abalou a Terra e o Céu», Prometeu, «cheio de um profundo rancor contra
os exterminadores da sua
raça, vingou-se, favorecendo os homens em prejuízo dos deuses».
Na linguagem secreta encontramos aqui a narrativa grega da imersão da Atlântida e da transmissão da
ciência atlante aos homens do
nosso continente através de Prometeu, iniciador dos Egípcios, «pai da raça humana posterior ao Dilúvio»,
e que se identifica perfeitamente
com o Quetzalcoalt venusiano dos Maias e Lúcifer, amigo dos homens da mitologia católica.
É importante notar que Prometeu está ligado ao planeta Vênus através de sua mãe e do irmão Atlas e que
Lúcifer tem o nome do plane-
ta (Lucis = lux, e ferre = trazer), o mais brilhante do céu.
Cukulcan, o herói civilizador mexicano, é também idêntico a Prometeu, a Lúcifer e, principalmente, a
Quetzalcoalt, de quem imitou o
desaparecimento partindo um dia «do lado onde o Sol se levanta». E todos tinham pele branca, o que é
muito estranho!
VÊNUS OMN1PRESENTE
A genealogia das Hespérides não deixa qualquer dúvida sobre o sentido preferido pelos Anti-
gos: são filhas do planeta Vênus e de Atlas, e irmãs de Fósforo (outra designação muito conhecida
de Lúcifer, o qual representa o próprio planeta Vênus matinal).
Poder-se-á ser mais explícito?
Para os Gregos, Héspero era mesmo, por vezes, «o mais esplêndido dos astros que brilham na
abóboda celeste».
As coincidências entre as tradições andinas, a mitologia grega e o significado que se dá a Tia-
huanaco são demasiado frequentes, precisas e explícitas para que não vejamos aí senão o efeito do
acaso.
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O SEGREDO DETERIORADO
Para compreender a desnaturação que o mito da Hiperbórea sofreu no século XX com o Grupo
Tule, é necessário que estabeleçamos o sentido profundo da demanda.
À intenção nobre, à exaltação espiritual, à imensa preocupação política e moral dos antigos ca-
valeiros, sucedeu o sonho de dominação satânica dos aventureiros, baseado na força, no ódio, no es-
pírito de superioridade racial e no conceito do «povo eleito».
Na verdade, os Hebreus tiveram outrora essa detestável ambição, e Josué, capitão de Jeová, foi,
no mesmo sentido, o precursor de Átila, Gengiscão e Hitler.
Após o seu desaire de 1918, alguns alemães iniciados no ocultismo infernal e embriagados de
pretensões «racistas», reorganizaram uma sociedade que se tornou cada vez mais secreta e que era
ilegal em qualquer parte do globo.
O seu objetivo era o de criar uma raça superior — a dos senhores —, ou seja, um povo privile -
giado que devia subjugar o resto do mundo e governá-lo.
Surge, então, um homem de talento, Alfred Rosenberg, que editou num livro de grande suces-
13 Cristóvão Colombo não era um iniciado, mas a sua monstruosa sede de ouro, que foi o verdadeiro
motor da sua aventura, fez-lhe
pressentir a imagem virtual da verdade. Por outro lado, estava muito documentado sobre a América e
sabia em que lugar das maçãs de ouro
encontraria o ouro-metal que os Portugueses, no maior segredo, traziam do Brasil desde 1480. É possível
que os Templários, ou outros inici -
ados, tenham ajudado e encorajado o genovês, com o fim de controlar a veracidade da sua
documentação.
so, Der Mithus des XX Jahrhundert («O Mito do Século XX» — Munique, 1920), as leis e a filoso-
fia dos campeões arianos:
Basta ter sangue puro, assegura, para governar o mundo!
Rios de sangue, inúmeras chacinas, montanhas de cadáveres iriam ilustrar, em vinte e cinco
anos, o novo mapa do mundo branco.
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Na verdade, Rosenberg não inventava nada. No século XX, George Grant, Gobineau, Houston
Stewart Chamberlain e, mais tarde, o alemão Ludwig Wilset, em Origem e Pré-História dos Aria-
nos, tinham já professado idênticas ideias, enquanto o historiador francês A. Picet, no seu trabalho
intitulado Migrações Primitivas dos Arias, anunciava o ressurgimento da raça dos senhores:
Numa época anterior a qualquer testemunha histórica e que se perde na noite dos tempos, uma
raça destinada pela Providência a dominar, um dia, o mundo inteiro começou a crescer no seu pri-
mitivo berço.
Privilegiada entre todas as outras pela beleza do seu sangue e pelos dons da inteligência.
Deus, mais uma vez, está metido nesta aventura, mas o Grupo Tule afastou-o do seu dogma,
sem dúvida porque três mil anos depois de Josué tomava-se difícil fazer crer, mesmo às massas fa-
náticas, que o Senhor dava preferência a uma raça e autorizava o seu holocausto sangrento e o geno-
cídio.
A palavra «ariano», segundo M. Duchinski, significava nobre, ilustre e, por extensão, proprietá-
rio. O país de origem dos Arianos seria o planalto do Irão, mas, tradicionalmente, situa-se na região
do polo norte, ou seja, o país dos Hiperbóreos, os quais, por uma espécie de magia física — para
nos basearmos nas teorias de Rosenberg —, teriam conservado a natureza essencial e o caráter
transcendental dos grandes ancestrais.
O Grupo Tule havia sido fundado em 1910 pelo professor Félix Niedner; a partir de 1919,
adeptos como Paul Rohrbach, o barão Ungem von Sterberg, Karl Haushofer, um discípulo de Gurd-
jieff, e o escritor Dietrich Eckart, deram-lhe um novo impulso e um sinal de reconhecimento — a
suástica —, símbolo da evolução e da rotação das estrelas à volta do polo e da criação do fogo entre
os Hindus14.
Segundo o historiador Pierre Mariel15, Dietrich Eckart foi o iniciador de Adolf Hitler e fê-lo en-
trar no Grupo Tule em 1922.
Com grandes dificuldades financeiras — talvez fosse mesmo um mendigo —, mas devorado
pela ambição, pelo rancor e pelo idealismo colérico e sincero, um pouco clarividente por acréscimo,
Hitler parece ter servido de médium à conjura, que, progressivamente, mergulhava nas brumas do
ocultismo duvidoso.
Paralelamente, movimentos análogos desenvolviam-se no continente europeu.
Em Londres, Paris, Berlim e Roma foram impressas revistas e brochuras clandestinas, onde se
misturavam, curiosamente, o anarquismo, o espiritualismo, a demanda tradicional e o erotismo.
Por volta do ano 1920 apareceu em França a Revista Báltica, onde, em primeiro lugar, foi exa-
minado o problema dos descendentes diretos dos ancestrais hiperbóreos, os Lituanos, cuja escrita
tem inúmeros pontos comuns com o sânscrito.
A revista Os Polares (Paris, 1921) tinha a ambição de ressuscitar o velho mito da Hiperbórea,
mas é principalmente na Alemanha que esta literatura encontra um terreno de eleição, com Altnor-
dische dichtung und prosa, de Niedner, Auf gut Deutsch, de Dietrich Eckart, e Die Hanussen-Zei-
tung, o jornal do mago Eric Jan Van Hanussen, o homem que teria substituído Hitler na função de
médium do Grupo Tule e que se tornou, por seu turno, o seu astrólogo quase oficial.
14 O suástica é o emblema universal que encontramos em todos os povos. Está gravado numa lâmpada de
pedra da gruta de Madeleine,
nas tabuinhas de Glozel, nos calhaus de Moulin Piat (Allier), nas muralhas pré-históricas do Mississípi e
figura na inscrição da Newton-Sto -
ne (Norte da Escócia).
15 L’Europe paíenne du XXe siècle, Ed. La Palatine.
HANUSSEN
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Um dia, em casa do escritor nazi Hans Heinz Ewers, apologista de Horst Wessel, poeta morto
pelos comunistas, Hanussen foi apresentado a Hitler, e o futuro senhor do Reich pensou imediata-
mente na vantagem que poderia tirar deste mago inteligente, ambicioso e sem escrúpulos.
Hanussen, por seu lado, fica certo de ter cativado este homenzinho nervoso, irritante e apaixo-
nado, que engendra grandiosos projetos e prega teorias agressivas.
É nesta época, segundo P. Mariel, que o mago entra no Grupo Tule. Torna-se também o conse-
lheiro oculto de Hitler e depois o profeta do partido da maioria dos Alemães.
O dinheiro corre nos seus bolsos como um maná e o amor preenche-o.
É editor de duas revistas: Die Hanussen Zeitung, que tira cerca de 150.000 exemplares e custa
vinte marcos, e Die Andere Welt, mais especificamente consagrado ao ocultismo. Faz uma intensa
propaganda do partido hitleriano, subsidia o Grupo Tule. Conhece o conde Helldorf, chefe dos SA,
e o próprio príncipe Augusto Wilhelm, que ele apresenta ao Fuhrer!
Possui um sumtuoso apartamento, cavalos de corrida, um Cadillac vermelho e um iate branco,
o Ursel IV, que ostenta o seu pavilhão pessoal no lago de Potsdam e onde gostava de promover as
suas noitadas íntimas, vivendo em galante companhia a dolce vita prussiana!
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OS «ORDENSBÜRGER»
A partir de 1934, o Grupo Tule transformou-se numa poderosa sociedade secreta, cujo nome
não deveria ser do conhecimento público nem dos postulantes.
Para estes últimos, antes da iniciação, fazia-se correr o boato de que o Grupo era a Ordem Teu-
tônica secreta16.
Os ritos dos cavaleiros da demanda do Graal foram ressuscitados nos castelos das margens do
Reno ou situados nos locais elevados e consagrados.
Ali, os jovens hitlerianos de élite preparavam os seus destinos heroicos saltando das altas ro-
chas para o rio, praticando desportos e perigosas lutas guerreiras, mas logo se tornou evidente que
este ressurgimento da cavalaria era demasiado romântico e, por assim dizer, caduco.
Nasceram então os Ordensbürger, espécie de universidades secretas onde eram instruídos os
novos cavaleiros do Graal, os futuros membros do Grupo Tule.
Os Ordensbürger tinham um ensinamento triplo:
1.° Militar, semelhante à escola de Saint-Cyr, na França, e às modernas escolas de formação po-
licial.
2.° Político, análogo à «Sciences-Po».
3.° Oculto, semelhante às doutrinas de Gurdjieff17.
Numa floresta da Renânia, entre pinheiros altos e verdes, ergue-se a silhueta branca e imponen-
te do Castelo de Vogelsang, que era o Ordensbürger n.° 1 do Grupo Tule, como principal setor do
que agora se chamaria «a ação psicológica».
Os outros Ordensbürger situavam-se em Sonthofen, na Baviera, em Krõssinsee, na Pomerânia,
e não longe da pequena cidade de Tule, na Vestefália, no Castelo de Werwelsburg.
Segundo o historiador Ray Petitfrère18, o treino psíquico compunha-se de duas provas de uma
particular selvajaria:
— No Tierkampf, o postulante deveria lutar durante doze minutos, de mãos nuas, contra molos-
sos treinados na caça ao homem. A prova não deveria parar a não ser no caso de a vida do lutador
correr verdadeiro perigo.
— A Prova dos Panzer consistia em lançar blindados sobre homens enterrados numa estreita
trincheira individual, estando cada um armado com uma bazuca rudimentar, o Panzerfaust (lança-
foguetes).
Logo que o Panzer passasse sobre o seu precário abrigo, os homens deviam disparar imediata-
mente a sua arma e destruir, ficticiamente, o engenho19.
Os acidentes mortais eram numerosos, mas quem não aceitasse correr os riscos era irradiado do
Grupo Tule.
No plano militar, os membros agregados eram chamados a desorganizar internamente os regi-
16 Esta Ordem Teutônica secreta não tinha, note-se, qualquer ligação com a verdadeira Ordem que
sobrevive em Portugal e nos Países
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Baixos. Sob a etiqueta de «Cavaleiros de Posídon» (sempre a cavalaria, o Oceano ocidental e a Atlântida),
tomou a seu cargo a aventura do
fundo do mar. Ver História Desconhecida dos Homens, capítulo XIX, pág. 405. Esta ordem submarina está
certamente relacionada com o
Grupo Tule. Diz-se que os Cavaleiros de Posídon representavam o poder temporal do Exército Secreto
Alemão, ao passo que o Grupo Tule
era o poder espiritual. Talvez seja exato.
17 Georges Ivanovitch Gurdjieff, nascido no Cáucaso (1868-1949), era um aventureiro desdobrado em
ocultista iluminado. Taumaturgo,
agente secreto ou simples charlatão, propagou estranhas, nublosas e fascinantes doutrinas que
perturbaram muitos espíritos fracos na Europa
e na América. Talvez tivesse um certo gênio, mas não o conseguiu nunca exprimir nos seus livros, os quais
são ilegíveis, aberrantes e incom -
preensíveis. Teve, contudo, influência em certas seitas religiosas.
18 La Mystique de la Croix Gammé, por Ray Petitfrère, Paris, 1962.
19 Idêntica prova vigora atualmente nos comandos da Marinha dos EUA e na Legião Estrangeira.
mentos de elite e as formações paramilitares, mas sempre a uma escala superior, ou seja, de chefe
de estado-maior.
Nos nossos dias, esse tipo de infiltração é particularmente efetivo nas formações paramilitares
ou desportivas, por exemplo entre mergulhadores submarinos, onde a prática da educação física se
mistura estreitamente com os conhecimentos técnicos, que, em caso de guerra, teriam uma impor-
tância insuspeitada.
O grupo dos Cavaleiros do Posídon, onde se integram mergulhadores de alta classe, é a princi-
pal seção de ativistas do Grupo Tule.
Os exercícios de espiritualidade e de concentração mental, que eram regra antes de 1940 — e
que o são ainda, sem dúvida —, alternavam com cursos de história do povo ariano.
Professores ensinavam que o berço da raça branca, nos tempos longínquos, tinha sido a Hiper-
bórea, com a sua capital, Tule. Propagavam também o ódio ao povo judeu, que — diziam — se ti -
nham apropriado indevidamente do título de Povo Eleito20, atributo que, de fato, pertence por direito
aos Arianos e aos seus representantes mais evoluídos, os Alemães.
Obviamente, o exclusivo racial aplicava-se também aos povos negros e aos ciganos, enquanto,
por outro lado — a necessidade é a mãe da lei —, Hitler tinha decretado em 1940 que os seus alia-
dos japoneses eram «arianos honorários»!
Na Alemanha, o princípio da raça de sangue puro era tão estritamente observado que o Gover-
no instituiu clínicas de esterilização e reprodução, as Lebensborn (fontes de vida), onde se operava
a seleção artificial.
O RITO DO SANGUE
O rito do sangue é uma base imutável do culto satânico, que reencontramos na iniciação dos
membros dos Sonderkommandos, formações «fora de série», onde cada entronizado devia — diz-se
— alcançar, entre outras práticas, o abominável «rito do gato», que se liga diretamente à magia sa-
tânica pela efusão de sangue e o horror do gesto.
Tratava-se de arrancar com um bisturi os olhos de um gato, de tal maneira que o pobre animal
não morresse!
No seu estudo sobre a Alemanha pagã, Pierre Mariel relata os pormenores da prova, referindo-
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se a Dom Aloís Mager, para afirmar que o ideal nacional-socialista consistia em identificar as «três
concupiscências do pecado original» com os mais elevados valores do gênio humano.
Hitler era o Médium de Satã, segundo Dom Alois Mager.
É certo que a magia influenciou consideravelmente os chefes do Grupo Tule, entre os quais Hi-
tler, Rudolf Hesse e Karl Haushofer eram verdadeiros médiuns sujeitos a transes e a visões proféti-
cas.
Hitler, atormentado pelo ocultismo, sujeito ao empirismo mais primário, como à tradição mais
sutil, esperava governar o destino da Europa a partir da hora astronômica dada por pseudo-iniciados
de Lhassa.
A influência destas pitorescas personagens foi incontestável mas equívoca: conduziram o cré-
dulo Hitler pelo caminho da derrota, menos pela verdadeira magia, de que eles eram executores in-
capazes, e mais por conselhos nocivos e traições.
20 Ressalta do nosso estudo que, se o berço dos nossos antepassados foi efetivamente Tule, os
Hiperbóreos, isto é, os homens superiores
da primi-história, confiaram o prosseguimento da sua missão aos Hebreus, que eram na época o povo
mais evoluído do mundo conhecido.
Quanto à «Missão dos Arianos», e, particularmente, dos arianos alemães, pode explicar-se por uma reação
política e psicológica onde
entra um evidente complexo de inferioridade ou, pelo menos, de frustração.
TULE E AGARTA
do dos Germanos.
De raça desconhecida, de língua insólita, os Tibetanos, assim como os autóctones da cordilheira
dos Andes, vivem a quatro mil metros de altitude em altos planaltos semeados de lagos de água sal-
gada.
Uma lenda — mas será mesmo? — afirma que sob a cadeia do Himalaia, nas imediações de
Shambalha e de Chigatzé, estende-se o vasto reino subterrâneo do Senhor do Mundo.
Este reino, centro mágico oriental, chamado Agarta, é o polo contrário do centro mágico oci-
dental da Hiperbórea, de que Hitler sonhava ser o imperador.
Repare-se agora no estranho conluio que podia existir entre:
— Hitler e o Grupo Tule, expressão do mito da Hiperbórea e da raça branca;
— Gurdjieff (presumimo-lo) e o Grupo de Chigatzé, expressão de Agarta e da raça desconheci-
da representada pelos Tibetanos21.
Em 1947, o Obergruppenführer Hans Muller fundou uma associação secreta, a Franc-Ordre, na
intenção de perpetuar alguns princípios enaltecidos no III Reich. Esta associação, ligada ao Grupo
Tule pelas suas afinidades ideológicas, é internacional e associa militantes, os quais, depois da inici-
ação, têm acesso a sete graus: Voluntários, Predominantes, Pares, Cavaleiros, Visitantes, Mestres,
Grandes-Mestres.
Encontramos aqui uma hierarquia que se assemelha à dos Templários e à dos Cavaleiros Porte-
Glaive.
Outros movimentos europeus têm pontos comuns com o Grupo Tule:
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21 Trataremos deste assunto em pormenor no capítulo XXI, intitulado «A Central do Segredo Amarelo».
CAPÍTULO XV
A VISÃO DE EZEQUIEL
Há vinte e seis séculos, «no ano 30, ao quinto dia do quarto mês», o profeta Ezequiel, encon-
trando-se cativo na Babilônia, nas margens do rio Chebar, teve o que se chama uma visão1.
Teria sido esta visão, como o creem os teólogos, suscitada por Deus? Teria sido fruto da imagi-
nação ou relataria uma cena objetiva? Ninguém ousaria aventurar-se numa outra alternativa sobre a
realidade dos fatos; no entanto, não se pode negar que a descrição do carro celeste, visto por Eze-
quiel, nos espanta pelos seus pormenores precisos, inabituais, e pela sua correlação com o fenôme-
no conhecido nos nossos dias sob a denominação de «objetos voadores não identificados».
Em resumo, os exegetas sustentam que o profeta foi testemunha da aterragem de um engenho
intergalático e que foi instruído pelos ocupantes do aparelho.
Ezequiel (em hebreu Khirkiel: aquele que Deus fortifica) é o terceiro e o mais estranho dos
grandes profetas. Viveu no século VI antes da nossa era e durante o cativeiro da Babilônia recebeu
de Deus o dom da profecia.
Os quarenta e oito capítulos do seu Livro, que se situa na Bíblia entre as «Lamentações» e o
«Livro de Daniel», são uma sequência de imprecações, maldições e relatos por vezes tão escabrosos
— partindo embora de uma grande preocupação moral — que a sua leitura chegou a ser interdita
aos jovens hebreus em dada altura, não sendo menos recomendável às jovens raparigas cristãs!
Por certo há um sentido obscuro na visão de Ezequiel e nos seus estranhos pormenores: acredi-
tamos mesmo que aí se encontra a chave de ouro que pode abrir o tabernáculo inviolável da Cabala.
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Daí que, com uma grande atenção, vamos descortinar este mistério e analisar o sentido profun-
do das imagens.
1 A cena ter-se-ia desenrolado cento e sessenta quilômetros a sudeste da atual cidade de Bagdade.
5 — E no meio deste fogo vê-se um vulto (a figura) de quatro animais que eram desta espécie:
via-se um vulto de um homem.
6 — Cada um deles tinha quatro caras e quatro asas.
7 — As suas pernas, perfeitamente direitas, tinham cascos como os dos bois; e cintilavam
como o aço polido2.
8 — Por debaixo das suas asas saíam mãos humanas; cada um tinha quatro caras e quatro
asas.
Ezequiel começa então a descrever os ocupantes da máquina voadora, descidos do aparelho.
Diz-se tratar-se de «animais de aspecto humano». Não se iludam a este respeito: trata-se de queru-
bins, porque mais adiante, no capítulo X, ele anota: «Reconheci que eram querubins.» Di-lo-á por
várias vezes e chamar-lhes-á indiferentemente querubins ou animais… e, noutro ponto da narrativa,
fala em homens!
Os querubins bíblicos não eram, como geralmente se julga, seres imateriais, análogos aos anjos,
mas uma espécie de animais que assumiam, grosso modo, as funções das esfinges, entre os Egíp-
cios, dos ankas, entre os Árabes, dos simurgs, entre os Persas.
Eram semi-homens, semianimais e a sua missão tradicional era, entre os Hebreus, a de guardar
o Paraíso e, entre os Gregos, de cuidar das maçãs de ouro do Jardim das Hespérides3.
Na tradição, era crença geral que «a majestade de Deus se manifestava por dois querubins», o
que explica a existência dos que foram esculpidos na Arca da Aliança e nos muros do Templo de
Salomão.
O Êxodo e os Reis (IV-24) dizem-nos que os querubins tinham cabeça e mãos humanas.
Como tudo isto é curioso e corresponde à ideia que os seres primitivos poderiam fazer dos avia-
dores e cosmonautas provindos de escafandros espaciais análogos aos que estão gravados na Puerta
del Sol, de Tiahuanaco!
Análogos, também, aos escafandros dos nossos modernos pilotos de «caça» ou de engenhos es-
paciais, com as suas polainas metálicas ou de matéria luzidia plástica.
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QUERUBINS EM HELICÓPTEROS
Falaremos mais adiante das quatro faces, mas é preciso notar que Ezequiel atribui apenas duas
mãos a cada criatura e por outro lado dá-lhes quatro asas, o que pode corresponder às pás do heli-
cóptero.
9 — As asas tocavam uma na outra. Quando caminhavam não se voltavam: cada um ia direito
diante de si.
Evidentemente, não pretendemos que esta descrição seja rigorosamente exata, pois foi, sem
dúvida, deteriorada pelo tempo e pelas múltiplas cópias. De qualquer modo, apercebemos através
desta narrativa que «os querubins» estão munidos de uma espécie de helicóptero individual. São,
em suma, os rocket belt men.
10 — Quanto ao aspecto da face, era a seguinte: tinham à frente, os quatro, uma face de ho-
mem; todos os quatro uma face de leão, à direita; todos os quatro uma face de touro, à esquerda, e
todos os quatro uma face de águia.
No capítulo X — Versículo 14, diz:
Cada um destes animais tinha quatro faces: a primeira era a de querubim, a segunda a de ho-
mem, a terceira a de leão, a quarta a de águia.
13 — No meio destes seres vivos, via-se qualquer coisa semelhante a carvões incandescentes,
como lâmpadas que circulavam por entre eles; e deste fogo, que projetava um clarão ofuscante,
2 Comparar com a «Visão de João» no Apocalipse, capítulo I — versículo 14: «Os seus pés eram
semelhantes ao bronze fino quando
sai incandescente da fornalha; a sua voz igualava-se ao barulho de grandes águas.» Reminiscência do
carro celeste?
3 Se identificarmos estes querubins aos cosmonautas, encontramos neles as sentinelas do país dos
Hiperbóreos.
faiscavam relâmpagos.
14 — Estes seres vivos corriam em todos os sentidos, à maneira de raio.
Um dos melhores técnicos franceses dos OVNI, François Couten, viu nisto a imagem de quatro
homens deslocando-se no ar por meio de aparelhos individuais, sem que o seu corpo rode ao mesmo
tempo que as pás dos seus helicópteros.
Estes homens trazem fatos de voo ou escafandros, cuja superfície tem um aspecto metálico e
reflete os jatos de chamas vivas que se escapam das agulhetas.
Quanto à sua semelhança com o touro, a águia ou o leão, ela parece poder extrair-se bastante
nitidamente da forma do capacete, da máscara, do microfone, etc.
AS RODAS VOADORAS
A narrativa seguinte vai descrever uma máquina estranha a voar pelo espaço:
15 — Ora, enquanto eu contemplava estes seres, vi na Terra, ao lado de cada um dos quatro,
uma roda (versão protestante)
ou
15 — Logo que vi olhei para estes animais, vi aparecer perto deles uma roda que estava sobre
a Terra e que tinha quatro faces (versão do Mestre de Sacy).
Tudo isto é interessante, porque contraditório em pontos de fácil retificação.
— «Há uma roda em baixo», diz o texto.
— «Vi aparecer uma roda», diz o outro.
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A primeira versão é, sem dúvida, a melhor: a roda estava lá, não apareceu de repente!
Mais importante ainda:
— «Uma roda em baixo perto dos quatro querubins».
— Uma roda que tinha quatro faces.
A segunda tradução é a pior, tudo o indica.
16 — O aspecto destas rodas eram como o da pedra preciosa de Társis (crisólito). Todas as
quatro eram semelhantes em forma e pareciam construídas de modo que uma se encontrasse meti-
da na outra (entre duas rodas?).
17 — Podiam deslocar-se nas quatro direções e não retrocediam na sua marcha.
18 — As suas circunferências eram de uma altura medonha e guarnecidas de olhos a toda a
volta.
Aqui é maior a evidência: trata-se de quatro rodas que pensamos sobrepostas com uma pilha de
pneus. Esta máquina é enorme, o que explica que os rocket belt men possam sair dela com os seus
helicópteros individuais, e possui fileiras de janelas no seu casco quádruplo.
19 — Quando os querubins se deslocavam as rodas (a máquina) deslocavam-se ao seu lado, e
quando se elevavam da terra as rodas também as seguiam.
20 — Para onde o Espírito os fazia ir, para aí iam. Quando o Espírito os erguia, as rodas ele-
vavam-se com eles, porque o Espírito destes seres vivos estava também com as rodas…
«A roda de Ezequiel», escreve François Couten, «é a descrição exata de objetos voadores ob-
servados e fotografados inúmeras vezes nestes últimos anos por testemunhos em todo o mundo.
Registe-se que o profeta nunca menciona as rodas e as asas ao mesmo tempo, o que demonstra
tratar-se de coisas diferentes.»
22 — Por cima da cabeça dos querubins havia como que um firmamento brilhante como cristal
estendido sobre a sua cabeça.
Não é a imagem do elmo dos cosmonautas do século XX, feito de matéria transparente?
24 — Eu ouvia, enquanto caminhavam, o ruído das suas asas, parecido com o barulho das
inundações, com o trovão do Todo-Poderoso; tal barulho era como o de um exército: quando para-
vam deixavam cair as asas.
A analogia com um helicóptero, cujas pás fazem um barulho ensurdecedor e caem quando o
motor pára, é suficiente para não nos deixar qualquer dúvida.
No capítulo VIII, Ezequiel descreve uma segunda visão, mas, desta vez, a grande máquina das
janelas não aparece.
2 — Aparece-me alguém semelhante ao fogo ardente. Dos rins para baixo era fogo, e dos rins
para cima era semelhante a um clarão tal como metal brilhante.
Reconhecemos aqui um rocket belt man isolado, ou um paraquedista defrontando os idólatras
de Jerusalém.
1 — Os que devem visitar a cidade estão próximo e cada um tem um instrumento de morte na
mão.
2 — Ao mesmo tempo vi sair seis homens (não fala em querubins ou animais, pois familiari-
zara-se com a visão), tendo cada um, um instrumento de morte na mão.
Trata-se de uma expedição punitiva, pois, segundo Ezequiel, os pecadores pensavam que o Se-
nhor tinha abandonado a Terra (que os hiperbóreos tinham partido) e os cosmonautas entraram na
cidade e mataram muita gente que «adorava o sol-nascente».
Aqui se manifestava, talvez, a chave do mistério: não é na direção do sol-nascente que se adora
Deus, mas para ocidente, ou para norte, onde se localiza «a imagem da sua glória».
DIFERENÇA NO TEMPO
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Certamente que esta visão, estas máquinas e estes querubins suscitarão numerosos comentários,
mas a sua identificação com uma máquina voadora e com os rocket belt men é, segundo a nossa
opinião, a única solução razoável que se pode avançar.
Se um pastor de Lozère fosse, na atualidade, testemunha de um acontecimento tão fantástico,
não utilizaria as palavras do profeta hebreu?
Resta saber o que vinham fazer à Babilônia estes cosmonautas da Hiperbórea, isto se abando-
narmos o conceito de intervenção divina e ousarmos aventurar-nos por esta hipótese!
Poderemos aceitar a existência de objetos voadores seis séculos antes de Cristo?
Nessa época ou nos nossos dias, os mesmos dados permanecem e fazem-nos colocar o proble-
ma do «extraplanetarismo»; sim ou não?
Para Gagarine, Titov, Glenn, Carpenter, para quatrocentos milhões de russos e de americanos,
para os técnicos, cientistas e operários de Peenemünde (Alemanha), de Baikonur (URSS), de Cabo
Kennedy e de Wallops Island (EUA) a resposta é categórica: a viagem no cosmo é teoricamente
possível desde tempos imemoriais.
Parece-nos incrível que Ezequiel tenha podido imaginar, quase inventar, a máquina voadora de
reação e o helicóptero com pás.
Visão? Premonição? Inspiração divina? Poder-se-ia admitir que ao milagre do «carro celeste»
se tivessem sucedido profecias ou acontecimentos de uma amplitude excepcional. Mas qual o resul-
tado do prodígio? Maldições banais contra os que não queriam acreditar nas profecias… a inevitá-
vel ruína de Jerusalém, de Tiro, do Egito… a verdade da palavra de Deus, etc. Em resumo, o arsenal
ingênuo e repisado de todas as profecias bíblicas.
Temos um comando de cosmonautas bíblicos que, de metralhadora em punho, irrompe nas ruas
de Jerusalém… mas, ao mesmo tempo, não compreendemos este rebentar de bombas depois de uma
reaparição tão particularmente miraculosa!
Teria Ezequiel visto os aparelhos numa realidade física? É pouco provável! Não nos parece ha-
ver senão duas soluções para esta aventura: ou Ezequiel conhecia pela tradição oral a história dos
extraterrestres, e foi por ela atormentado durante meses, anos, até provocar esta descrição, ou então
Ezequiel não viveu no século VI a.C., mas numa época muito anterior, no tempo em que as máqui-
nas espaciais dos Hiperbóreos ainda atravessavam os ares.
Entretanto, se a diferença diz respeito a alguns séculos, apenas poderíamos ser demasiado pru-
dentes, uma vez que o Livro de Ezequiel, mesmo admitindo que ele é de sua lavra, foi consideravel-
mente recomposto, revisto, já nos nossos dias! Compete-lhe dizer o contrário da versão original ou
a verdade!
Por exemplo, uma granada lançada pelos cosmonautas para o interior do Templo, mesmo que
ela devastasse ou inundasse o altar do Senhor, seria traduzido do seguinte modo:
Deus fez iluminar a sua glória no seu templo e sobre o seu altar.
Não era o barulho das hélices transformado no verbo divino? O barulho das asas dos queru-
bins ressoavam até ao adro exterior e parecia-se com a voz de Deus todo-poderoso.
Vimos que os «animais» da visão se tornaram sucessivamente, pela boca de Ezequiel, «queru-
bins» e «homens»!
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quando aquele que foi enviado junto do Senhor (o chefe dos cosmonautas?) ouviu pronunciar a sen-
tença contra os rebeldes da Armênia:
3 — Diz a essas inteligências celestes: tendes o Céu por morada; mas os segredos do alto não
vos foram revelados; entretanto, conheceram um segredo iníquo.
4 — Havei-lo mostrado às mulheres nas atitudes do vosso coração, e através disso multipli-
castes o mal à superfície da Terra.
5 — Diz-lhes ainda: nunca mais obtereis graça nem receberás mais a paz!
Interpretado moderna e racionalmente, o sentido destes textos torna-se extremamente claro e
atenua a lacuna da Bíblia quanto ao motivo do castigo, que sabemos tratar-se do Dilúvio: os cosmo-
nautas confiaram às mulheres dos homens segredos iníquos.
Terá sido, pois, por terem revelado e praticado a magia que os nossos ancestrais compromete-
ram a evolução da humanidade e do planeta.
Relataria a Cabala oral estas verdades primordiais? Tê-las-ia transmitido o Maasseh Merkabad
através da efabulação que iludiu Aviceno, Lulle, Paracelso e todos os cabalistas e falsos iniciados?
É o que vamos tentar descobrir.
CAPÍTULO XVI
A CABALA
com um propósito político e religioso, é muito provável também que a verdadeira gênese do mundo
e os autênticos manuscritos estejam conservados em, pelo menos, três santuários: na biblioteca se-
creta do Vaticano, à qual nem o próprio papa teria acesso; num local secreto — crê-se em Espanha
—, conhecido apenas por alguns rabinos iniciados, e em Marrocos, onde os originais preciosos são
propriedade de chefes muçulmanos irredutivelmente contrários à sua divulgação.
Em 1887, o sultão Abdul Hamid enviou a Espanha o sábio Ibn At Talamid com a missão de
examinar e, se possível, recuperar os manuscritos deixados pelos Árabes depois da sua partida, no
século XV. Mais tarde, outras delegações tentaram realizar idêntica missão, nomeadamente em Gra-
nada, Córdova e Sevilha.
Não será preciso que estes manuscritos tenham um valor inestimável para motivar semelhantes
preocupações?
Outros documentos, também preciosos e desconhecidos, estão bem guardados, em depósitos se-
cretos, nos mosteiros da Índia e do Tibete, e cabe perguntar se algum dia eles serão tornados públi-
cos.
Parece lógico, neste caso, que as parcelas de verdade e as narrativas autênticas não possam ser
conhecidas senão através de escavações arqueológicas governamentais ou dos apócrifos, como o Li-
vro de Enoch, que parcialmente tenham escapado à censura dos conjurados sectários.
De qualquer modo, a Cabala dos Judeus passa por esconder nos seus enigmas, símbolos e ocul-
tismo, a revelação das verdades transcendentais, o mistério dos povos primi-históricos e da sua
ciência.
A Cabala — do hebreu Kabbalah: recepção, tradição — teria sido, por ordem divina, ensinada
por Raziel, o anjo do mistério, a Adão, quando este foi escorraçado do paraíso terrestre.
Os racionalistas, naturalmente, não dão qualquer crédito ao que consideram uma fábula imagi-
nada por espíritos místicos.
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Por seu turno, os cabalistas pensam poder explicar os segredos do Universo pela interpretação
deste livro mágico, cujos ensinamentos estranhos à nossa ciência terrestre dariam uma explicação
ao «Misterioso Desconhecido»: o poder secreto do ego humano, da palavra, da premonição, da vi-
dência, da levitação, etc.
Estes ensinamentos têm os seus símbolos, sinais, números, matemáticas, em resumo, uma escri-
ta que os iniciados poderiam traduzir se possuíssem a chave do sistema.
Durante séculos, gerações de empíricos procuraram esta perigosa chave: a maioria caiu na ma-
gia negra, na alquimia, e os que pretendiam ter resolvido o problema nunca conseguiram prová-lo.
A nossa ambição não é a de abrir a Porta Proibida (embora do nosso ponto de vista a versão es-
crita da Cabala não tenha o interesse excepcional que geralmente lhe concedem), mas elucidar al-
guns enigmas aplicando certos dados cabalísticos à nossa tese sobre a primi-história dos homens.
O CARRO CELESTE
Originalmente, a Cabala divide-se em dois ramos extremamente reveladores:
1.° — O MAASSEH Bereschit, ou história da gênese (resumida no Sepher Jésirah).
2.° — O MAASSEH Merkabad, ou história do carro celeste (resumida no Zohar)1.
Eis-nos, rapidamente, no coração do mistério, principalmente quando se tem em conta o fato de
o iniciador ou escriba número um desta Cabala ser um anjo cujo nome evoca, foneticamente, os dos
cosmonautas citados no Livro de Enoch.
E um Anjo do Mistério pormenoriza a tradição!
A história deste «carro celeste» precederia em vários bilhões a do carro misterioso evocado
pela visão de Ezequiel (Bíblia, capítulo X); no entanto, evidentemente, trata-se da mesma máquina,
ou seja, quanto a nós, de uma astronave.
O Maasseh Merkabad tem sido unanimemente considerado como formando «o mais santo e
mais importante» ramo da Cabala.
Dizem os rabinos que não deve ser divulgado «senão a um só discípulo de cada vez, com pre-
cauções e restrições infinitas». Há dois mil anos, apenas os grandes iniciados judeus, e no maior se-
gredo, podiam falar entre si, e só ao ouvido.
Depois, da tradição oral passou-se finalmente à escrita, e na atualidade «a história do carro ce-
leste» está condensada no Zohar.
Ora, efetivamente, esta história só conserva o seu título, pois tudo o que se liga ao misterioso
engenho, à sua origem, aos seus habitantes e aos seus conhecimentos superiores, foi censurado pe-
los rabinos, uma vez que a verdadeira Cabala, como nos tempos antigos, é privilégio de iniciados e
não se fala dela senão ao ouvido2.
O Zohar é o código universal da Cabala e também da Bíblia, a qual não se poderia interpretar
sem ele. Pressente-se uma espantosa maquinação urdida pelos antigos iniciados quando se sabe que
para compreender a Bíblia é preciso consultar o Zohar, para compreender este é preciso entender-se
o tratado hermético, ou clavículas (pequenas chaves), das quais as mais célebres e menos compreen-
síveis são as «Clavículas de Salomão».
E não é tudo! A explicação do Zohar só se pode fazer utilizando um jogo de chaves iniciáticas:
a thémurah (premutação), o notarikon (sinal), a gematria (geometria), o que praticamente se de-
compõe em três operações:
1 — Mudar o valor das palavras colocando a primeira letra em último lugar (thémurah).
2 — Estudar cada letra separadamente, sendo a palavra inteira considerada como uma sentença:
tomar a primeira e a última letra de cada palavra de um versículo para se formar uma outra que re-
velará o sentido místico (notarikon).
3 — Procurar o sentido de cada palavra, substituindo as letras que a formam pelos números
correspondentes na numeração hebraica (gematria)3.
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Estarão de acordo em que tudo isto é nítido, claro e preciso… um verdadeiro jogo de crianças!
A metafísica do Zohar é regida por três postulados:
1.° — Tudo tem um nome místico, a cuja pronúncia o portador do nome deve obedecer.
2.° — É impossível conceber Deus, o qual não é mensurável, nem limitado, nem localizado,
nem localizável, etc.
3.° — Existe um outro universo, de múltiplas dimensões, desconhecido do nosso universo visí-
vel, povoado de forças superiores e onde, «por detrás da última cortina, ou véu cósmico, se dissi-
1 A história do carro celeste (ou Zohar), segundo alguns historiadores, teria sido escrita e talvez imaginada
no século XIII, por R. Moíse
de Léon. É preciso ter-se em conta a verdade dos fatos; os manuscritos originais da Cabala, do Talmude,
da Bíblia, etc., já não existem ou
nunca existiram. Não possuímos senão transcrições em segunda ou terceira mão, nos casos mais
favorecidos. Quer dizer que o texto primiti -
vo se perdeu praticamente.
2 Censurar-nos-ão se dermos à «história do carro celeste» uma definição demasiado literal e primária.
Todavia, é preciso notar que to -
dos os títulos das sagradas escrituras ou dos Apócrifos têm um sentido rigorosamente literal. A Bíblia: o
Livro; o Talmude: o Ensinamento; a
Tora: a Lei; o Zohar: a Luz, etc. Além disso, a nossa interpretação parece-nos mais profunda que a
explicação simbólica.
3 Daí a recomendação essencial dos talmudistas e cabalistas: não se pode mudar um iod no texto original.
Faltando uma só palavra, per-
Os encontros de Moisés com o Senhor são muito estranhos e escondem uma realidade por certo
muito diferente da concepção ortodoxa.
No Êxodo, capítulo XX e seguintes, o Senhor diz:
Eu venho até vós numa nuvem sombria e obscura… ide encontrar o povo: que eles lavem as
suas roupas…
Nós traduzimos assim: O Senhor, ou seja, o iniciador extraterrestre, tenciona pousar a sua as-
tronave, clandestinamente; o pormenor da lavagem do vestuário irá sugerir, mais adiante, a ideia de
uma espécie de radiação ligeira que poderia ser anulada pela ablução de água pura.
Esta hipótese necessita, para seu apoio, da descrição seguinte:
Marcareis o limite para o povo à volta do Sinai e dir-lhes-eis: Tomai cuidado para não subir
ao monte nem se aproximar à sua volta. Aquele que tocar ou se aproximar da montanha será puni-
do com a morte. A mão do homem de modo nenhum o tocará para o matar (sublinhado no texto
bíblico) mas será lapidado ou crivado de flechas; quer se trate de um animal de carga ou de um
homem, perderá a vida.
Não se trata de extrair interpretações extravagantes das palavras do Senhor, mas dar-lhes uma
explicação razoável. Ora, em primeiro lugar ressalta à evidência que existe um perigo mortal na
aproximação do cume do Sinai.
Exatamente como se houvesse perigo de radiação, ao qual Moisés escapou por meio de certas
precauções, ou de uma terapêutica da qual nada nos diz mas que os visitantes devem ter previsto em
sua exclusiva intenção.
O povo não imunizado deve permanecer fora da zona contaminada. Todo aquele que — fosse
homem ou animal — entrasse na zona tornar-se-ia contagioso ou contaminado e deveria ser morto:
não se poderia tocar no homem ou no animal radiativo e ter-se-ia de o matar à distância, lan-
çando-lhe pedras ou trespassando-o de flechas.
Qualquer que seja o preconceito que se possa ter contra esta interpretação, não torna mais fácil
a substituição por uma explicação mais plausível, tanto mais que o Senhor renova expressamente a
sua misteriosa ordem:
Capítulo XXIV:
1 — E Deus disse a Moisés: Sobe até ao Senhor, tu e Aarão, Nabad e Abiu, e sessenta anciãos
de Israel, e prostai-vos à distância.
2 — Apenas Moisés se aproximará donde está o Senhor, mas os outros não se aproximarão: o
povo não subirá com ele4.
Repare-se que esta insistência é bastante esquisita!
A glória do Senhor — a nuvem —, que pensamos ser uma astronave, brilhava como um fogo
ardente do Sinai… como uma carcaça de metal polido, poder-se-ia dizer.
A tese da radiação obriga-nos a pensar que os cosmonautas eram eles próprios fortemente radi-
ados, fato que poderia corresponder a uma necessidade sobre a qual as próximas viagens espaciais
poderão dar-nos ou não a razão.
Moisés, da entrevista que teve com o Senhor, refere «raios de luz sobre o rosto», e cada vez que
devia voltar ao tabernáculo colocava um véu no rosto, pormenor que parece significar uma medida
de proteção semelhante à de um vestuário isolante.
Impõe-se uma aproximação à história da destruição de Sodoma e Gomorra, alguns séculos
atrás, quando os «anjos» anunciadores da punição divina tinham «atingido com a cegueira» a multi-
dão que os queria enfrentar (Gênese — capítulo XIX — 11).
Recomendaram a Lot que «nunca olhasse para trás», e a mulher deste morreu por contrariar o
conselho, enquanto «toda a região próxima perdia a sua verdura e cinzas incandescentes se eleva-
vam da terra como o fumo de uma fornalha». Sem dúvida alguma com a forma do cogumelo atômi-
co de Bikini e de Hiroshima!
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Tudo isto é inteligível se o virmos à luz da tese dos extraterrestres, conhecedores do segredo da
cisão do átomo. E se, por outro lado, Deus não é concebível (segundo a Cabala), torna-se necessário
acreditar numa intervenção de seres humanos para explicar os fenômenos!
No Livro de Ezequiel, capítulos VIII-IX-X, leem-se estranhos relatos respeitantes a uma arma
misteriosa que a nossa ciência experimental acabará, sem dúvida, por identificar!
IX — E cada qual com um instrumento de morte na mão.
2 — Ao mesmo tempo saíram, então, da porta superior que dá para norte seis homens (vinham
do Norte onde tínhamos situado a Hiperbórea), sustentando cada um, na mão, o seu instrumento de
morte.
X-2 — E o Senhor disse ao homem que vestia de linho: «Passa por entre as duas rodas, debai-
xo dos querubins, enche as mãos dos carvões incandescentes que se encontram entre os querubins
e espalha essas brasas sobre a cidade…»
Tratava-se, efetivamente, de homens, não de «anjos», e bastaram apenas seis para destruir a ci-
dade de Jerusalém.
Se Ezequiel descreveu uma cena viva, o mistério da arma terrível poderia ter algo a ver com a
ciência atômica.
O SENHOR DO MISTÉRIO
Os poderes do ego que a Cabala divulga dá-nos, a priori, uma impressão de grosseiro empiris-
mo, onde, todavia, vamos encontrar dados científicos espantosos bastante próximos da teoria de
universos paralelos de E. Falinski.
No Maasseh Bereschit, o primeiro homem foi criado simultaneamente em dois locais diferen-
4 Isto é de fato espantoso e dá uma ideia da imprecisão da Bíblia. No capítulo XXIV-1 do Êxodo, Moisés
sobe sozinho ao monte e o
Senhor proíbe formalmente os Hebreus de ultrapassar o sopé da montanha. Depois, o diálogo, face a face,
tem unicamente lugar entre Moisés
e Deus. O povo não pode ouvir as palavras como formalmente o declarou Moisés no capítulo V-5 do
Deuteronômio: Fui então o intermediá -
rio e o mediador entre o Senhor e vós, para vos transmitir as suas palavras, porque, aterrados pelo fogo,
não vos aproximastes da montanha…
Nota-se, desde já, uma contradição: não é Deus quem proíbe a aproximação do Sinai, é o povo quem tem
medo!
Anteriormente, no capítulo IV-2, depois de ter declarado solenemente: «Não acrescentareis nem omitireis
as palavras que vos disse… »,
Moisés tinha relatado a cena do Sinai alterando deliberadamente as declarações divinas: «O Senhor
pronunciou estas palavras com uma voz
de trovão diante de todos, sobre a montanha…».
Tratar-se-ia de se saber: pode dizer-se ou não a verdade? O povo ouviu-a ou não? Teve medo de subir ao
monte do Sinai ou foi-lhe in -
terdita a escalada? Deus falou diante dele ou apenas diante de Moisés?
Em poucos anos, a verdade original evoluiu bastante!
tes, ou, mais precisamente, em dois mundos paralelos.
Toda a angeologia cabalista nos habitua, por outro lado, a evoluir do nosso mundo para o das
entidades mais sutis, aptas a realizar milagres.
Se o cabalista conhece a magia dos nomes e da palavra pode chamar a si forças do invisível e
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operar ele mesmo num universo situado fora do nosso. Aquele que conhece o segredo, que possui a
chave, é um Baale ha Sod: um Senhor do Mistério.
Alguns parágrafos do Zohar, de um hermetismo relativamente translúcido, conduzem talvez à
origem inicial do conhecimento.
O versículo 1 do capítulo 1 diz que «o Livro do Mistério descreve o equilíbrio da Balança… a
sua pele é éter, é clara e fechada… os seus cabelos são como lã pura… o mundo durará seis mil
anos…»
E a explicação do ciclo do nosso tempo, com um começo obscuro e um fim nitidamente formu-
lado: postas de parte as catástrofes atômicas ou provocadas pelo homem, o próximo «fim do mun-
do» produzir-se-á cerca do ano 3500.
No capítulo XLIV, dois versículos, de maneiras sibilinas, voltam-se sobre o Gênese:
1113 — Na Terra existia ENP1LIM, Ha-Nephilim, os gigantes BART, BeAretz, para recordar
os que tinham partido e que não existiam na Terra.
1114 — Estes gigantes que estavam na Terra GhZa, Auza e GhZAL Auzael; os filhos de Elo-
him não estavam na Terra; este é um arcano e todas estas coisas estão ditas.
Incontestavelmente, o escritor do Zohar baralhou propositadamente o problema, mas sublinha a
sua importância excepcional: este é um arcano e todas estas coisas estão ditas (são verdadeiras).
Podemos, mesmo assim, conceber a trama deste segredo recordando-nos que Deus é inconcebí-
vel, que tudo é angeológico na Cabala, e que os anjos são seres que realmente existem num mundo
(um planeta ou um universo) que não é o nosso.
Quantas incertezas nas especulações para onde nos leva a nossa sede de mistério!
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Antes de todas as coisas, o Rei permitiu a transformação do vazio num éter transparente, flui-
do imponderável, semelhante à luz dos corpos fosforescentes…
Segundo Paul Vulliaud:
No princípio, a vontade do Rei esculpiu esculturas na luz do alto das lâmpadas que brilha do
meio do Segredo dos Segredos da Cabeça do infinito, emanou uma fumarada da matéria informe
fixada por um anel que nem era branco, nem preto, nem vermelho, nem verde, nem de cor algu-
ma…
Divirtam-se depois os leitores que escolheram a verdadeira tradução a usar nela as chaves do
thémurah, do notarikon e da gematria!
De fato, a história é um enigmático conflito entre o passado, o futuro e o presente… e a inter-
pretação que se dá aos textos…
5 Ver La Kahhalle-Le Zohar, tradução francesa de Henri Château, Paris, 1895, e P. Vulliaud, Les textes
fondamenteaux de Ia Kabhalle,
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Paris, 1930.
O MISTERIOSO
DESCONHECIDO
CAPÍTULO XVII
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O MISTÉRIO DA FÊNIX
Na magia branca, a perda psíquica calculada em energia é compensada por uma «sucção» pro-
cedente do outro mundo e que restabelece a igualdade do nível.
Mas, diz o Livro do Mago Scot, a transferência consciente é sempre desfavorável no plano físi-
co, o que explica o fato de os santos sofrerem na sua carne, no seu corpo, na sua felicidade terrestre,
as boas ações que eles conseguem distribuir. Não são, geralmente, macilentos, cobertos de feridas e
úlceras, míopes e, muitas vezes, tuberculosos?
Quem conceba um bom pensamento ou emita uma boa radiação deve pagar a sua benfeitoria,
porque quem dá do sublime nada pode receber dele em troca.
Se dais ouro, por exemplo, não recebereis em troca senão a matéria bruta: pedra, madeira, me-
tal, desperdícios, com os quais ser-vos-á preciso, com o vosso trabalho, a vossa incubação, e tam-
bém em vosso detrimento físico, refazer o ouro.
Neste sentido, aquele que dá esgota-se.
Mesmo Deus, que é o único que dá sem interrupção, deve, como a Fênix, ao jeito de resgate,
morrer e ressuscitar incessantemente.
É o mistério de Prometeu, Lúcifer, Quetzalcoalt, Hércules e de todos os deuses mexicanos, in-
cas, hindus, que, voluntariamente, se faziam queimar numa fogueira4.
É também este o mistério de Jesus e dos monges budistas.
Na vida corrente, o homem infeliz, o rico que possui, por exemplo, muitas terras, muitas casas,
compra mais casas e mais terras para se engrandecer, impedindo o pobre concidadão de obter o res-
to, a modesta casa com que asseguraria a sua tranquilidade. Esse desgraçado quis assegurar-se do
máximo possível de felicidade, santidade e êxito.
O homem honesto, bom, santo, pelo contrário, deve pagar, recebendo em troca infelicidade, do-
ença e infortúnio.
Donde se retira que o conceito de justiça, no sentido exotérico da palavra, está mal interpreta-
do… a menos que a justiça não seja deste mundo!
Mas o conceito de justiça existe no misterioso ponto zero dos universos em contração e em ex-
pansão… no ponto zero do antitempo, do antiuniverso e do antimundo!
É este o segredo da Cabala divulgado pelo Livro do Mago Scot.
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4 Na maior parte das cosmogonias, o próprio Deus oferece-se em sacrifício para criar o mundo; no Rig
Veda, o Ser Supremo destrói-se
para criar: o deus Bei, dos Caldeus, faz cortar a sua cabeça; o universo dos Alemães é composto pelo corpo
imolado do deus Ymer, etc.
A MAGIA NEGRA
O Livro de Enoch (capítulo VIII) diz que os anjos extraterrestres tinham ensinado às mulheres
e aos homens a arte dos encantamentos e dos sortilégios, mas não a verdadeira ciência dos santos.
Era da autêntica magia negra, consignada na Cabala, que os Egípcios e os Hebreus se serviam
para rivalizar com os poderes do faraó.
O mágico negro, para a realização de um milagre, pode retirar a energia necessária do seu psi-
quismo pessoal, mas geralmente não é tão altruísta como o santo e prefere fazer «pagar» os outros.
Neste sentido, e sem prevenir o indivíduo do perigo que corre, invoca o «Outro Mundo», por
intermédio de um médium, geralmente uma mulher, que ele hipnotiza ou adormece a fim de lhe
subtrair uma parcela da sua matéria cinzenta.
Por outras palavras, o mágico negro é um vampiro que não hesita, por vezes — como Gilles de
Ray —, em imolar crianças para satisfazer o seu abominável rito.
Os primitivos mágicos, homens da pré-história, hebreus, egípcios, incas, maias, todos eles eram
sacerdotes5 que praticavam o holocausto humano ou animal, provando-nos que não ignoravam a
transferência psíquica nas suas operações mágicas.
Como poderiam ter obtido esse conhecimento, fruto de uma ciência extremamente desenvolvi-
da, se os ancestrais superiores não lhes tivessem ensinado os arcanos?
Chegamos, invariavelmente, a uma tradição legada e ensinada pelos iniciados.
Eis como, no plano teórico e prático, se explica a magia negra:
Por encantação, oração, holocausto, o mágico condensa o influxo psíquico, emanado pelo in-
consciente dos sujeitos ou das vítimas num acumulador: totem, estátua, figura, objeto ritual.
Esta energia é transmitida a uma entidade — espírito ou demônio — de um mundo paralelo,
pela magia única da palavra.
(Na crença tradicional, o Outro Mundo é povoado de espíritos errantes que aguardam a energia
exterior para tomar uma consistência real.)
A entidade opera a transmutação, ou seja, o «milagre», e pratica a expulsão do nosso univer-
so.
A transferência foi efetuada: o Outro Mundo guarda o psiquismo refinado e reenvia uma mas-
sa igual de resíduos psíquicos sob a forma desejada.
O milagre, que é sempre uma criação material, pesada, mesmo no estado infinitesimal, pode
revestir-se de várias formas.
Contributo: ramo de flores, ouro, peixe, etc.
Encarnação: demônio, aparição corporal de uma pessoa.
Alucinações e visões: imagens aparecem com um aspecto fantasmagórico.
Sons: estrondos e palavras que se ouvem sem se saber donde procedem.
Possessão: o mágico ou sujeito recebe a descarga e entra em transe. Está «possuído pelo de-
mônio» e reage a esta ou àquela ação de caráter milagroso.
Neste caso, é sempre o oficiante, o médium, quem, tendo dado a maior quota de psiquismo, se
encontra mais débil, e por esse motivo recebe a descarga, como na experiência da Tina de Mes-
mer6.
5 Os Incas e os Maias, ainda que herdeiros de uma civilização magnífica, praticavam — mesmo sem
espírito de crueldade — sacrifícios
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humanos. Acontecia o mesmo entre os Celtas, mas o sacrifício era voluntário (suicida) ou então praticava-
se com prisioneiros de guerra.
Foi também em nome da justiça que, entre os Hebreus, Abraão sacrificou o seu filho Isaac, embora o rito
do sangue se realizasse em
honra do culto, pois mesmo o iniciado Moisés se se acreditar na Bíblia —, Levítico, VIII-IX —, fez esse tipo
de sacrifícios, e de maneira
bastante repugnante. É uma verdade que a sensibilidade não era o pecadilho favorito dos nossos
ancestrais há três mil e quinhentos anos!
6 Tina de Mesmer: em 1778, o médico alemão Friedrich Mesmer, fundador da teoria do magnetismo
animal, provocava em Paris fenô -
menos de alucinação, de convulsões e, diz-se, também de curas, com a sua «tina» milagrosa.
Tratava-se de uma banheira de madeira contendo limalha de ferro, vidro moído e garrafas previamente
distribuídas, estando tudo mer -
gulhado em água. As barras de ferro eram introduzidas no sistema, que se comportava como um
acumulador elétrico. O magnetismo que se
propagava através das barras de ferro era a causa direta de misteriosas manifestações.
No quadro da ciência clássica, esta demonstração não é ortodoxa e nunca poderia ser admitida;
todavia, na ciência pura e experimental, ela beneficia de um certo crédito, pois a vidência, a premo-
nição, a telepatia, a alucinação, a visão, a levitação, não podem ser refutadas.
Qualquer que seja o seu valor, parece-nos que estes fenômenos pertencem a um empirismo não
isento de fundamento e que o racionalista pretende ignorar pela simples razão de não lhe poder dar
explicação.
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É relativamente fácil fabricar um condensador de magnetismo ou, por outras palavras, uma es-
tátua mágica, cuja eficácia pode ser verificada.
O objeto deve ser feito, tanto quanto possível, de uma matéria animal, e o marfim ou a cera são
habitualmente escolhidos pelos mágicos. No entanto, pode ser utilizada uma matéria vegetal: resina
ou mesmo a madeira.
É de importância capital que a estátua tenha a forma e a aparência de um ser particularmente
amado, ou seja, que tenha causado a afeição, o amor ou a admiração: por exemplo, Cristo, Buda,
Lúcifer, um deus, uma deusa, um cão.
A esta estátua dirigir-se-ão as encantações que a carregarão de potencial psíquico, idêntico ou
análogo ao magnetismo, embora seja evidente que estas encantações devem ser formuladas com fer-
vor, de modo a criar a corrente, o influxo entre o oficiante e a matéria.
Os seres sensíveis, após algum tempo de carga bastante longa (vários meses ou anos), ressentir-
se-ão dos efeitos benéficos da carga, sobretudo ao tocar a estátua.
É o princípio do totem, da estátua divina e de todo o objeto sujeito a um culto. A radiação be-
néfica sente-se particularmente nos santuários frequentados desde há vários séculos por fiéis. Ela
concentra-se, frequentemente, nos «cristos» de marfim ou de madeira, que os crentes podem contac-
tar de muito perto e através de toques inconscientes, magnéticos. O objeto deve estar suspenso ou
isolado por uma peanha de matéria pouco condutora, por exemplo, o vidro.
Toda a magia branca assenta neste princípio, que é igual ao da magia negra — tudo está na in-
tenção —, se a estatueta personifica um ser maléfico, demônio, satã, etc.
Os antiquários, nos quais podemos encontrar objetos mágicos, têm tido muitas vezes ocasião de
verificar quanto a sua simples presença pode ter um efeito maléfico.
A nossa vida está muito mais do que se crê sujeita a estas boas e más influências. Algumas pes-
soas emitem, segundo a sua maneira de ser, uma radiação benéfica ou maléfica, e o mesmo aconte-
ce em relação a algumas casas, objetos ou lugares.
Em suma, cada um de nós, num grau mais ou menos elevado, comporta-se como uma estatueta
mágica, ou um acumulador, podendo adquirir, por exemplo, no decurso de uma reunião numa sala,
num estádio ou numa arena, um potencial decuplicado por uma intensa polarização.
Nas grandes cidades, a multidão descarrega-se tocando nas rampas de metal de acesso ao me-
tropolitano, nas barras dos veículos de transportes públicos ou, muito simplesmente, pressionando-
se entre si.
É por esta razão que os iniciados hindus evitam ter contatos físicos com indivíduos que lhes
possam transmitir um psiquismo nocivo.
A CORTESÃ MÁGICA
As mulheres são, geralmente, mais carregadas psiquicamente que os homens, e desse modo in-
duzem mais o olhar, a admiração, o amor e o desejo.
As cortesãs ou as mulheres conscientes do seu poder sexual concentram as suas paixões e car-
regam-se na proporção direta em que evitam ser tocadas.
O roçar, o toque, é um verdadeiro passe mágico que encontra o seu volume crítico no começo
do ato sexual.
As vedetas do cinema e do teatro, as quais suscitam um poderoso influxo da admiração pública,
estão carregadas de um extraordinário magnetismo, que se explica, muitas vezes, na eclosão do seu
talento, do seu êxito e da sua segurança.
Estas vedetas chegam a estar de tal maneira carregadas que se lhes torna necessário procurar
uma libertação, a maior parte das vezes encontradas no amor carnal, ou, de uma maneira mais in-
consciente, andando descalças nas ruas ou no campo, a fim de provocar um apaziguamento proce-
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dente do solo.
Cientificamente, esta carga chama-se magnetismo animal; contudo, esotericamente, trata-se de
um psiquismo talvez menos sutil que o determinado pela fé, mas igualmente passional.
Quando o influxo psíquico não encontra exutório, concentra-se no indivíduo e cria fantasmas,
ou seja, converte-se num auto feitiço de caráter neuropático.
Nestes prolongamentos, o Misterioso Desconhecido acaba, pois, por interferir com o Conheci-
do. A magia e o magnetismo estabelecem uma ligação, fato que permite prever que, um dia, a ciên-
cia empírica da Cabala estabelecerá, também ela, a sua junção com a ciência experimental.
CAPÍTULO XVIII
BRUXOS E MATEMÁTICOS
A magia e a bruxaria, como todas as ciências, têm os seus iniciados e os seus crentes ingênuos.
Ser-se-ia tentado a dizer, como os racionalistas, que a razão e a ciência mataram o empirismo, o
que é relativamente verdadeiro, mas o Misterioso Desconhecido, que ainda não foi explicado, resis-
te às invectivas do ignorante.
Além disso, a magia é uma necessidade natural do homem oprimido e a primeira das ciências,
por ordem hierárquica.
Que ninguém se iluda: não queremos defender as superstições absurdas e práticas infernais, tão
inúteis como ridículas, mas tão-só estudar um esoterismo válido cujo alcance social é ainda mal co-
nhecido.
O erudito Alfred Maury assegurava que a magia foi a primeira forma que revestiu o instinto ci-
entífico da humanidade desde a sua origem, recebendo da natureza o poder dos seus segredos.
Para os iniciados, esta definição, por mais favorável que ela seja, não representa senão a expli-
cação exterior de um mistério cuja essência mergulha na nossa gênese.
Por outro lado, a magia é indissociável da Bíblia, da religião, da filosofia; ela impregna o Tal-
mude, a Cabala, e todas as bases do nosso conhecimento tradicional e literário.
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resse ao que constitui o conhecimento primordial dos seres humanos; não é paradoxal dizer-se que a
primeira ciência foi a magia, cujas principais ramificações são a bruxaria e a ciência experimental
1 Liturgia: mesmo nos nossos dias, quando uma parte considerável das muralhas de uma igreja se
desmorona, existe a execração. Ela
clássica.
Por isso, percebe-se agora o que foi o ensinamento secreto da Cabala, onde se encontra mencio-
nado o Livro de Enoch como tendo sido a primeira fonte de toda a revelação.
O Talmude e a Bíblia dão, por sua vez, uma grande importância à magia, base oculta dos Es-
candinavos e dos Celtas e cujo centro esotérico se encontrava na ilha de Sein, dirigido exclusiva-
mente por mulheres2.
Esta iniciação feminina dos primeiros tempos interfere muito provavelmente com o mito do pa-
raíso terrestre, onde Eva, a Conhecedora, escolheu o livre arbítrio, uma espécie de revolta inteligen-
te contra os rigores do determinismo.
da sua conferência com o Senhor, no Sinai, fizeram o veado de ouro com as suas orelhas pendentes
(Êxodo — XXXII — 1-2-3-4-5).
Na Cabala, dois anjos simbolizam a rebelião da matéria contra o espírito, mas também a do
povo contra o arbítrio: o Samaël branco, anjo da punição, e o Samaël negro, o anjo das catástrofes.
2 Na Bretanha, no coração do país druida, a reminiscência desta magia extraterrestre encontra o seu
prolongamento esotérico com Mer-
lin, o Encantador. Mais esotericamente, os dólmenes, que contêm círculos e espirais gravados, sugerem
uma ideia cósmica de expansão que
se reporta a uma ciência muito mais racional.
3 Ver, em História Desconhecida dos Homens desde Há Cem Mil Anos, a influência oculta e terrível das
grandes personagens de nome
próprio Jacques e do misterioso desconhecido que agitando a cabeça cortada de Luís XVI, gritou:
«Povo francês, eu te batizo em nome de Jacques e da Liberdade!» Este acontecimento foi contado por
Prudhomme e por Eliphas Lévi.
4 Outubro de 1964. O bruxo italiano Vittorio Scifa lançou um apelo a todos os bruxos, exorcistas e
adivinhos de todo o mundo para que
A fatalidade da magia é aqui evocada por uma curiosa e profunda imagem: «Os erros são cros-
tas que envolvem a carne da verdade.»
O Talmude refere-se abertamente ao conhecimento superior que alude aos métodos de bruxaria
e curas milagrosas, que, de fato, são empíricos no sentido literal da palavra.
Estes ilustres precedentes e a grande anterioridade da magia sobre todos os conhecimentos inte-
lectuais do homem fazem com esta ciência primordial mereça ser estudada com a maior das aten-
ções.
É por uma atitude empírica que alguns cientistas ostentam em si uma renitência e uma cegueira
tão injustas quão inúteis, porque nos parece fora de qualquer dúvida que, depois da sua expansão es-
petacular, digamo-lo mesmo, magistral, a ciência experimental chegará num futuro próximo a um
reencontro inelutável com os seus grandes antepassados: a magia transcendental, a dos mestres, e
não a dos «anjos-cosmonautas».
Ciência e magia transcendentais de que a Cabala, o Talmude e a Bíblia «nunca rasgaram a cros-
ta para aflorar a carne».
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Que não se encontre entre nós ninguém que consulte os adivinhos, ou que respeite os desejos
ou os augúrios, ou que use malefícios, sortilégios e encantamentos, ou que consulte os que têm o
espírito de pitonisa ou que se disponha a adivinhar, ou que interrogue os mortos para tomar deles
a verdade.
Porque o Senhor abomina todas estas coisas (Deuteronômio — XVIII — 10-11-12).
A respeito destes mandamentos, não há dúvida de que os Hebreus foram fervorosos adeptos da
magia. Não o demonstrou Moisés perante o faraó?
Os Romanos, a crer em Horácio, levaram demasiado a estupidez à prática: «Canídio e Sagone»,
escreve ele, «dirigem-se uma noite aos cemitérios para executar os seus malefícios.» Depois, des-
creve uma cena digna do Grand-Guignol: os bruxos enterram viva uma criança e preparam um filtro
com o seu fígado e a sua medula; misturam ossos e ervas, degolam uma ovelha negra e derramam o
seu sangue numa cova cavada com as suas unhas. Por fim, esculpem estatuetas de cera semelhantes
à pessoa que eles desejam matar e queimam estes simulacros com poderosas encantações.
No monte Esquilino, em Roma, antes que Mecenas construísse aí um palácio, existia um cemi-
tério de pobres, espécie de vala comum, onde eram lançados, sem-cerimônia, os despojos dos mise-
ráveis.
Era ali, com o cair da noite, que os bruxos se dirigiam com uma túnica negra levantada de ma-
neira a mostrar o seu sexo, com os cabelos em desalinho e descalços.
Sobre a terra amaldiçoada, colhiam ervas e juntavam os ossos necessários às suas preparações
mágicas.
5 A atividade científica é totalmente dirigida para a magia negra, com os seus problemas do tapete voador,
do hipnotismo, da maldição,
da execração e da transmutação.
Os cem maiores investigadores do globo trabalham no míssil autoconduzido, no bombardeiro
supersônico, na fissão atômica, na bomba
H, mas nenhum deles utiliza diretamente as suas capacidades intelectuais para aliviar o trabalho do
camponês, instituir a prevenção sanitária
nos campos e a segurança social para todos os trabalhadores.
Para se tornar bruxo era preciso fazer um pato com o Diabo, de tal maneira que cada parte con-
tratante se empenhava formalmente.
O bruxo, renegando o seu batismo, entregava-se a práticas sacrílegas e legava a sua alma a Sa-
tanás.
Este último, com a sua assinatura, obrigava-se perante um determinado tempo a obedecer, a
deixar-se encerrar numa garrafa, num copo, em anéis, ou no corpo de um animal familiar, etc. E,
naturalmente, devia satisfazer os sonhos do bruxo e dar-lhe poderes extraordinários, tais como co-
nhecer o passado e o futuro, procurar prazeres censuráveis, perturbar a tranquilidade de outrem, es-
timular a mulher cobiçosa, desembaraçar o amante dos seus rivais, o ambicioso dos seus inimigos,
tomar-se invisível, voar, submeterá sua vontade o Outro Mundo, ressuscitar os mortos…
Acreditamos que nada disto existiu alguma vez, a começar pelo pacto, isto porque, se bastasse
evocar Satã para o fazer aparecer, assinar o livro com o seu sangue para obter a riqueza, amor, po-
der, o pobre diabo não saberia aonde acorrer e a felicidade na Terra seria geral…
A partir do Cristianismo, a antiga magia das formas e encantações transformou-se e apresentou-
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O CULTO DA MINHOCA
Ossos de frango calcinados sobre o altar de uma abadia em ruínas perto de Tumbridge, ao sul
de Londres, um crânio espetado na ponta de uma lança no cemitério da aldeia de Clophil (pertence-
ra a uma jovem bruxa queimada em 1770), cabeças de vacas e cabelos dispostos em círculo não
muito longe de tudo isto. Estas descobertas, efetuadas em Inglaterra durante o ano de 1964, provam
a sobrevivência de um rito pagão e de uma bruxaria, dos quais as raças céltica e nórdica são ainda
apreciadoras.
Os bruxos ingleses, que se reúnem em datas consagradas do solstício de Verão e do de Inverno,
são, no número ritual de 338, repartidos em grupos de 13 (13x2x13).
A grande matriarca da seita é uma mulher de corpo admirável, seios harmoniosos, pernas de
Diana caçadora, que oficia nos sabbat toda nua, tendo como únicos adereços uns colares de ouro ao
pescoço e uma estrela de prata nos cabelos dourados.
Num altar colocado no centro do círculo mágico, ela dispõe uma espada, uma faca de sílex,
uma cana, sal, água, um incensório, e invoca o Céu e a Terra em socorro do Reino Unido, designa
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6 É a este acontecimento que a Inglaterra deve a célebre Ordem da Jarreteira, instituída em 1350.
Realmente, a história desta instituição
Na Idade Média, o culto comportava sacrifícios humanos e o Royal Coven britânico teria,
pensa-se, desejado oferecer a própria vida de um rei num sangrento holocausto.
Em lugar do rei, um parente próximo ou um seu amigo, substitui-o muitas vezes.
O lendário William Rufus, morto por um dos seus cortesãos, Sir Walter Tyrrel, em circunstân-
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7 Ao mesmo tempo que Crowley se assenhoreava do número 666, a sua egéria era a «mulher escarlate» da
Bíblia, Apocalipse, XVII-4.
«Esta mulher vestia-se de púrpura e escarlate: estava coberta de ouro, pedras preciosas e pérolas e tinha
na mão uma taça de ouro cheia de
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Uma vez mais, a questão de Satã, do demônio, dos sacrifícios humanos e inumanos… A bruxa-
8 L' Europe puíenne du XXe siècle — Magie Noire en Angleterre, Ed. La Palatine.
9 Journal d’un Sorcier, ou L'Envoútement selon la Macumba, de Paul Gregor, fora do mercado.
ria, com Paul Gregor, retomava a sua concepção original: uma ciência misteriosa dirigida para a
exaltação do ego desconhecido.
CAPÍTULO XIX
O HOLOCAUSTO QUOTIDIANO
A nossa organização é uma vasta conjura com o fim de equilibrar o espírito do homem honesto.
Certamente o fantástico quotidiano resulta de uma organização que se pode supor racionalmen-
te estabelecida, mas aquele que tem o sentido — e sem dúvida a deformação — do mistério não dei-
xa de ver nele um símbolo, senão mesmo um sinal característico dos tempos do Apocalipse.
Em datas fixas, nas festas ditas consagradas, os cidadãos possuidores de automóveis, mobiliza-
dos por uma ordem misteriosa e todo-poderosa, deixam a capital com a finalidade de pagar o seu
tributo de sangue a um deus obscuro, talvez Moloch.
O holocausto varia com a importância da festa pública: 100 sacrificados para a do l.° de Maio,
1 Bíblia – Apocalipse de S. João – XVII-4 e XI-1.
150 para o rush das vigílias, mas muitas vezes a fé e o entusiasmo ultrapassam a rotina e fazem-se
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O ATO DE HEROÍSMO
A humanidade evolui de acordo com uma fórmula suicida, que poderia significar que os ho-
mens caducos estão de acordo com o fim do mundo.
Outrora, o homem honesto, o próprio herói, temia a morte: um Leónidas, um Bayard, um Sur-
couf teriam recusado, certamente, subir para uma cápsula de uma nave espacial ou a bordo de um
Ferrari correndo a duzentos e cinquenta quilômetros por hora. Nos nossos dias, milhares de volun-
tários batem-se pelos comandos suicidas: kamikases encerrados nos seus aviões cheios de dinamite,
homens-rãs mergulhando em expedições sem esperança, paraquedistas ávidos de se bater em Dien-
Bien-Phu ou lançando-se no vazio sem paraquedas…
Aos milhões, aparentemente equilibrados, apaixonam-se pela aviação, a busca submarina: mu-
lheres demonstram os seus desgostos da vida enclausurando-se durante um mês em cavernas a uns
cem pés de profundidade; enfim, o tímido burguês não teme brincar com a sua vida rolando por es-
tradas como num túmulo aberto…
Habituação ao perigo, ao ritmo de vida?
Só uma libido do perigo, do existencialismo, no sentido literal, pode explicar o comportamento
insensato, onde não subsiste o menor instinto de conservação.
A fúria da morte e do antitempo exprime-se em todos os organismos e em todas as escalas da
vida social.
Os arquitetos destruíram casas sólidas para construir prédios que se desmoronam antes de estar
acabados.
Crianças de dez anos assaltam as suas escolas e atacam as pessoas nas ruas: aos dezasseis anos,
matam motoristas de táxi; aos dezoito anos assaltam bancos.
Diz-se que no Congo ex-belga, em 1964, o chefe dos rebeldes, Gbenye, enviou a Kenyatta. pri-
meiro-ministro do Quênia, uma mensagem onde anunciava textualmente:
Toda a população está decidida a comer os prisioneiros no caso de novo bombardeamento na
região2.
De fato, vários belgas foram devorados, crus.
Em 24 de Maio de 1964, o encontro de futebol Argentina-Peru, em Lima, terminou com o re-
sultado de 1… a 328 mortos e 1500 feridos!
Em 18 de Junho do mesmo ano, atenienses incendiaram as tribunas de um estádio sob o pretex-
to de que os jogadores não eram suficientemente brutos!
Em Paris, mulheres e homens quase nus rebolaram-se num amontoado de vestidos de papel
amarrotado, lançando à cara frangos sanguinolentos, peixes crus e bolos de confeitaria. Trata-se de
um movimento «intelectual» ensaísta, procurando uma nova fórmula artística nas arrojadas combi-
2 Gbenye afirmou também: «Faremos feitiços com o coração dos soldados americanos e belgas que
iremos matar e vestiremos os nos -
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Porque são eles que, por um complexo bastardo, querem cortar o cordão umbilical de todas as
nações vivas, para que todos os homens fiquem sem pai, sem mãe, sem casa.
Para que sejam como eles, seres que legam uma hereditariedade ilusória: o homem de cimen-
to, que se desfaz em cinquenta anos: móveis, vestuário, adornos que se desintegram numa geração.
De homens bastardos, eis o que será a humanidade americanizada.
Por isso, antes que a grande contaminação tenha afetado toda a humanidade, é necessário
destruir os Estados Unidos para retomar as estruturas sociais verdadeiramente humanas.
Este artigo, evidentemente, era demasiado duro para com os nossos amigos Yankees, mas refle-
tia uma verdade profunda, implacável e dolorosa.
Destruir os EUA? Certamente que não! Mas pode perguntar-se, num plano puramente esotéri-
co, se a missão superior dos Russos e dos Chineses não será precisamente a de salvar o mundo ato-
mizando todo um povo que, mais que todos os outros, erigiu em sistema o princípio do ato heroico.
Será a Atlântida soterrada pela segunda vez?
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Não mais os silvados à volta dos campos, mas sim vedações elétricas; não mais arvoredos, nem
nogueiras, castanheiros, sorveiras, nespereiras… em resumo, não mais o pitoresco, o raro, o íntimo.
Serão sinais do Apocalipse?
O DESERTO AVANÇA
Em virtude da superpopulação, os homens sentem falta de terra arável, e em breve também no-
tarão falta de água.
Para a falta de água, a razão é compreensível; as necessidades domésticas e industriais são
enormes e aumentam sem cessar; mas, e para a terra?
3 Os Americanos são, talvez, os mais culpáveis, porque eles estão na vanguarda da investigação científica.
4 O homem honesto pode vestir-se de verde ou cinzento, trazer peruca ou ser careca, gostar de Marx ou de
Hoerbiger, mas deve satisfa -
zer os três imperativos, que não são suficientes mas necessários, uma vez que constituem, até ao
presente, os únicos elementos de base de ca -
ráter universal e extratemporal: o homem honesto deve possuir um nome, uma faca e uma casa.
Pois bem, também sem cessar ela mineraliza-se, ou seja, tende a tornar-se areia do deserto ou
argila esterilizada.
Esquematicamente, esse processo significa que a terra tem necessidade de uma evolução: em
três fases essenciais:
1.a — Os vermes da terra, aos milhões e mais eficazmente que as escavadoras, ativam milhões
de toneladas de terra arável: crosta, elementos minerais e biológicos. É a primeira fábrica de fer-
mentação.
2.a — A vaca pasta. Segunda fábrica de fermentação.
3.a — Os excrementos e os montes de estrume. Terceira fábrica de fermentação.
O ciclo fecha-se e a terra vive.
Ora, desde o início do século XIX, produziu-se uma ruptura do ciclo fundamental, sendo a terra
desvitalizada pela aplicação abusiva de produtos químicos, à base do minério puro: fósforo, azoto,
potássio, etc. Por isso, ela morre com carência de elementos biológicos e, mesmo nas regiões mais
ricas do Globo, nos EUA, na URSS, França (Beauce, Brie, Somme, etc.), o rendimento das colhei-
tas sofre uma baixa progressiva.
No mundo inteiro, o deserto avança, comendo, como um cancro, terra fértil. Os Israelitas, com
tenacidade, reconquistaram o deserto de Neguev, mas o Egito, a Argélia e Marrocos perdem todos
os anos mil hectares.
A terra tem necessidade de repouso, de sono, e talvez no Invisível alguém sonhe em mergulhar
nos oceanos os continentes há muito emersos.
O cosmo também tem ciclos de «floração»…
O que deteriora a vida vegetal, infesta da mesma maneira a vida humana.
Quisemos asseptizar, esterilizar, «pasteurizar» tudo; a manteiga, o leite, o queijo, os frutos, a
água, o vinho, em suma, o essencial da nossa alimentação; asseptizamos mesmo o nosso organismo
pelo abuso do antibiótico.
Como que zombando da nossa pretensão ao infinitamente grande, o infinitamente pequeno, ilu-
soriamente fechado, vinga-se com o cancro, o enfarte do miocárdio, o reumatismo, a esclerose em
placas, a senilidade precoce, da qual se começa também a suspeitar o caráter vírico. Nas minas, o
carvão desfaz-se, roído também pelo mesmo cancro, como as pedras das catedrais.
Os adubos, os antibióticos, o cancro, serão as bestas do Apocalipse?
O perigo é enorme: um erro dos nossos cientistas pode levar à ruína irremediável do homem,
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nha, e poucos milênios depois a verdade subsistiria apenas nas Centrais do Segredo do Guardado. Seria
pensável que, outrora, a raça verme -
SOLDADOS INVISÍVEIS NO FORTE DE VANVES
A visão é o resultado de um processo demasiado complexo; cada átomo vibra e emite raios im-
perceptíveis, ampliados no seio dos milhares de moléculas que constituem os objetos.
Estas vibrações, que cobrem uma gama muito ampla, variam em amplitude e em periodicidade:
são visíveis, audíveis, térmicas e pertencem à classe de ondas que escapam à percepção dos nossos
sentidos.
Os cientistas pensam que seria possível transformar os raios perceptíveis à vista humana em vi-
brações diferentes na gama de invisíveis. Assim, desapareceria a noção de cor, depois a dos contor-
nos e, por fim, a forma geral.
Por outras palavras, os objetos conservar-se-iam com a sua opacidade, mas as suas formas to-
mar-se-iam invisíveis.
Por exemplo, o pêndulo do relógio de sala perderia a sua caixa, os ponteiros, os números e o
pedestal; não mais conseguiríamos ver as horas e aperceberíamos, sem dúvida, uma forma de pên-
dulo cinzento ou colorido enevoado, cuja opacidade nos impediria de ver a parede.
Não é ainda a invisibilidade, mas um grande passo para o «milagre».
No Forte de Vanves, em Paris, equipas de técnicos tentam, no maior segredo, obter este resulta-
do envolvendo os objetos que querem tornar invisíveis num campo magnético, mudando apenas a
agitação atômica normal, pelo menos na aparência visual.
Nesta ordem de ideias, experimentam-se também revestimentos coloridos, misturas de resinas
naturais ou sintéticas, ensaios esses que teriam sido já feitos em tanques, aviões, baterias e no ves-
tuário de soldados.
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A perspectiva de uma guerra entre combatentes invisíveis é tão provável e tomada tão a sério
que, depois de 1950, as grandes potências possuem canhões infravermelhos, sensíveis não só à for-
ma do objeto mas também ao raio térmico.
Porém, antes de sonhar em destruir o seu semelhante, o homem deve sonhar na sua própria sal-
vaguarda face a um perigo natural: a poluição do ar, da água e da terra.
A poluição atmosférica sobre as grandes cidades tornou-se tão densa que duplicou no espaço de
um século o número de dias de nevoeiro.
Dentro de quarenta anos não haverá mais sol em Paris se não tivermos encontrado o meio de
criar turbulências atmosféricas. Mas também já não haverá sol no coração do cidadão comunista
chinês fiel aos preceitos de Mao Tsé-tung.
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são dadas à distância, sob a forma de estímulos elétricos, na parte do cérebro onde se encontra a
«paixão» que se pretende excitar. Então, o homem-robot obedece, eliminando o seu livre arbítrio, a
sua vontade própria.
O Dr. Robert White. de Cleveland (Ohio), pensa que, num futuro próximo, se poderão colocar
cérebros humanos em robots eletrônicos e realizar «transferências» tais como o cérebro de um sábio
para o corpo de um atleta.
Matematicamente, estes milagres serão realizados no futuro, o que deixará supor que, efetiva-
mente, o fim do mundo está perto dos nossos dias!
Mas diz o cientista, que tem sempre razão: «Especulai, inventai, tiranizai, preparai o Outono e
o Inverno… Por mais que façais, não podereis parar a Primavera! O sétimo selo do Apocalipse nun-
ca se abrirá!»
CAPÍTULO XX
O MISTERIOSO DESCONHECIDO
Por vezes, o Desconhecido é devido apenas a uma imperfeita prospecção científica: como se
explicam as marés? Por que motivo os anticiclones se formam sempre nos Açores? Por que é que o
oceano gira em tomo do polo Sul? Por que razão o enxofre é geralmente produzido pelos vulcões e
o petróleo pelos oceanos, mas ambos por uma bactéria?
De vez em quando o Desconhecido permanece na senda do físico ou do químico experimental e
parece interferir com um certo ocultismo: como é que um ser vivo pode produzir minerais que o
constituem, mesmo que o meio que o envolve seja desprovido deles?1
De fato, as galinhas isentas de calcário podem, durante certo tempo, pôr ovos com casca; os es-
pinafres e couves plantados em água destilada contêm, respectivamente, a sua quota normal de ferro
e cobre. Por que motivo as faias crescem torcidas, amarfanhadas, unicamente em Verzy, na monta-
nha de Reims e em Remilly, em Moselle?
Uma simples experiência deixa os cientistas estupefatos.
Pegue-se num tubo de vidro, por exemplo uma ampola de dez centímetros cúbicos, vazia e bem
limpa do produto farmacêutico.
Introduza-se no seu interior um feijão vulgar e um pequeno tampão de algodão em rama ume-
decido. Fechemo-lo, seguidamente, com um maçarico, nas duas extremidades, de modo que o feijão
e o algodão fiquem completamente fechados no tubo.
Coloque-se o tubo no prato de uma balança medicinal bastante precisa e equilibre-se a tara.
Admitamos que o tubo pesa sete gramas.
Coloque-se a balança num globo de vidro, para evitar o pó, ou numa cavidade escura se se
achar melhor, para isolar toda a luz solar, cujos fotões, que têm uma dada massa, poderiam (talvez)
fornecer uma relativa explicação.
Ao fim de poucos dias, o feijão germinou, absorvendo a umidade do algodão, e o tubo pesará
um décimo de grama mais que os sete gramas anteriores.
Como explicar o fenômeno? Até hoje, este enigma continua por resolver.
Por fim, sabemos ainda que o mistério está diretamente ligado ao ocultismo — vidência, alqui-
mia, premonição, magia, bruxaria — e torna então o verdadeiro sentido do Misterioso Desconheci-
do.
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É quase inexplicável e apenas se percebe por intuição ou impressão íntima, pelo que os raciona-
listas, enquanto não o podem estudar, retiram-lhe todo o interesse e todo o crédito.
Sejamos honestos: o Misterioso Desconhecido é desacreditado, sobretudo, ou pela ingenuidade
mais incrível ou pela desonestidade agressiva da maioria dos empíricos.
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Com confiança idêntica, alguns radiestesistas situam o mirífico tesouro dos Templários no Cas-
telo de Arginy (Rhône).
Na verdade, nenhum indício probatório justifica tal suposição, mas a lenda passa a ter força de
lei. E que haverá de mais perene do que uma lenda?2
A isto, o senhor de La Palisse responderia: «Duas lendas são ainda mais perenes!» E teria ra-
zão, porque daqui em diante o tesouro dos Templários, o de Arginy, tem um segundo esconderijo de
eleição: Gisors.
O caso remonta a 1942. Nesse caso, um corajoso e entusiasta guarda do castelo, radiestesista
nas horas vagas, o senhor Roger Lhommoy, detectou um fabuloso tesouro sob a colina do parque.
Com uma fé que faria do Himalaia um queijo suíço, Lhommoy escavou um poço e um túnel e,
em 1946, acabou — afirma ele — por encontrar-se numa igreja subterrânea onde achou trinta cofres
monumentais, que presume recheados de lingotes, peças e joias.
Basta abri-los e servir-se deles à vontade!
Eis que, não se sabe por que aberração, o pseudodescobridor esconde a sua descoberta, não reti-
rando nem a mais pequena peça, e retoma, como antes, o seu lugar de homem honesto, pobre como
Job.
Mas ele conta a sua história e volta a contá-la, imagina-a, enquanto os anos acabam por dar
2 De qualquer modo, um iniciado de Lião afirma possuir documentação que tenderia a dar crédito à
existência do tesouro de Arginy.
crédito ao seu tesouro e à igreja com os trinta cofres. Uma fortuna daquelas só poderia provir de
Creso, de Salomão ou dos Templários. Estes foram os escolhidos e, de repente, o seu segundo te-
souro tomou-se realidade. Para sempre!
A lenda tomou corpo, entra quase na história, chegando a seduzir um escritor e seguidamente
um ministro, que manda proceder a escavações.
Naturalmente, nada se encontra, mas o tesouro dos Templários emigra de Arginy para Gisors, e
por muitos e bons anos, sem dúvida.
Poder-se-á argumentar que Gisors nunca foi feudo da Ordem, que teria sido estúpido ir escon-
der numa cidade do rei, portanto em casa do inimigo, o ouro que se desejava subtrair à sua cobiça!
Mas que importa?
Como imaginar que o prumo de Rober Lhommoy tenha podido enganar-nos? Antes demolir a
história, e foi isso que se fez. Mas semelhantes fantasias custam caro ao empírico, e compreende-se,
em certa medida, a desconfiança dos partidários da ciência experimental.
Existe em Paris um Clube dos Pesquisadores de Tesouros, onde, com o auxílio de detectores
eletrônicos e documentação séria, vinte e nove técnicos aventuram-se a fazer o balanço sobre os
mistérios que jazem nas entranhas da terra e no fundo dos oceanos.
Os arquivos secretos do clube contêm os documentos que dão a Gisors e a Arginy o privilégio
de albergar a fortuna dos Templários.
Segundo esses arquivos, o tesouro teria sido levado para uma comendadoria de Charentes e de-
pois escondido, durante o século XV, no Castelo de Barbezières, onde certas inscrições nas paredes
indicam o local do enterramento.
Um terceira lenda? Talvez, mas não se fica por aí a odisseia do tesouro dos Templários.
A criptógrafa do Clube dos Pesquisadores de Tesouros, a erudita arqueóloga J. de Grazia, a
qual consagrou toda a sua vida ao esoterismo templário 3, assegura, por seu lado, que o ponto real do
jazigo é uma comendadoria ainda intacta em Seine-et-Mame, onde ela decifrou todos os sinais-cha-
ve dos Templários e o segredo da sua arquitetura.
Uma quarta lenda? Nunca o saberemos, pois o encanto deste gênero de Misterioso Desconheci-
do é precisamente o de escapar ao controle da experiência!
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sanelantes de flibustiers. de Roger Delorme. 1965, E. Gu Victor. A história geral dos tesouros foi tratada em
Trésors du Monde, de Robert
Charroux, 1962, Ed. Fayard.
4 O pó de projeção tem o poder de transmutar seja que metal for em ouro: é a pedra filosofal dos
alquimistas materialistas.
Dirigimo-nos a casa de um operário das minas de ouro com várias placas de chumbo, que
Zwinger tinha trazido de sua casa, um cadinho que adquirimos em casa de um ourives e enxofre
vulgar, que comprámos no caminho.
Sethon não tocou em nada. Acendeu o fogo, mandou pôr o chumbo e o enxofre no cadinho, co-
locou a tampa e agitou toda a massa com duas varas.
Durante esse tempo falava connosco.
Ao cabo de um quarto de hora, disse-nos:
— Lançai este papelinho no chumbo derretido, mas fazei-o bem no meio e tende o cuidado de
que nada caia no fogo…
Nesse papel havia um pó muito pesado, de uma cor parecida com o amarelo-limáo. Além dis-
so, era preciso ter bons olhos para o distinguir.
Embora tão incrédulos quanto São Tomé, fizemos tudo quanto ele nos pediu. Logo que a mas-
sa ficou quente, passado um quarto de hora, continuando a ser agitada com as varinhas de ferro, o
ourives recebeu ordem para apagar o cadinho (sic) deitando-lhe água por cima. Achamos ouro do
mais puro e que, segundo a opinião do ourives, ultrapassava mesmo em qualidade o belo ouro da
Hungria e da Arábia. Pesava tanto como o chumbo, cujo lugar havia tomado. Ficamos surpreendi-
dos e maravilhados; apenas podíamos crer no que os nossos olhos viam.
Jacob Zwinger atesta os fatos numa carta latina. Epístola ad doctorem Schobinger, que foi inse-
rida nas Ephémérides de Emmanuel Koning, de Basiléia.
Esta carta conta que, antes da sua partida da Suíça, Sethon repetiu as suas experiências de trans-
mutação em casa do ourives André Bletz.
Mais tarde, em Estrasburgo, sob o nome de Hirschborgen, transmutou novamente, em casa do
ourives Gustenhover, a quem ofereceu uma porção do «pó de projeção» perfeitamente atuante.
Ainda que Sethon fosse inimigo de toda a publicidade, o caso chegou ao conhecimento do im-
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perador Rudolfo II, no seu castelo de Praga, aonde convidou a deslocar-se o infeliz Gustenhover.
Intimado a revelar o segredo da transmutação, Gustenhover fartou-se de dizer que apenas tinha
experimentado o pó do escocês, mas ninguém acreditou nele e acabou os seus dias na prisão.
Sethon, apesar da sua prudência, foi também ele atraído à corte de Christian II, eleitor do Saxe,
onde foi sujeito à tortura, a fim de divulgar o fabuloso segredo.
Trespassavam-no, afirma Louis Figuier (A Alquimia e os Alquimistas), com ferros agudos,
queimando-o com chumbo quente… e chicoteavam-no.
O alquimista aguentou tudo isto e, em 1603, astutamente, o seu companheiro polaco Michel
Sendivag conseguiu ajudá-lo a evadir-se com a ideia preconcebida de ser iniciado no conhecimento.
Porém, não teve sorte, Sethon morreu pouco tempo depois, não deixando ao seu salvador senão
parcelas ínfimas do «pó de projeção».
O segredo maravilhoso foi, sem dúvida, revelado na única obra que se conhece da autoria do al-
quimista escocês (O Livro dos Doze Capítulos), mas Sendivag apropriou-se dele e mutilou de tal
modo o texto que este se tomou incompreensível.
Terá sido Sethon um hábil ilusionista? Terá conseguido, de fato, a transmutação miraculosa?
Cada um pense o que quiser!
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O batismo é também ele uma regeneração, uma morte seguida de nascimento (no plano espiri-
tual), e a matéria da água do batismo está estritamente definida: água natural (e não água pura).
Trata-se, precisam os teólogos, de toda a água das fontes, dos poços, dos ribeiros, dos lagos,
dos tanques, das cisternas e da chuva: Non referí, frigida sit an calida, potabilis vel non potabilis,
benedicta vel profana.
A HORA MÁGICA
O sentido profundo do mistério, inerente ao espírito humano, à sua predileção pelas naturezas,
locais e momentos.
O homem lutou durante milênios contra o obscurantismo e a noite: para ele, a descoberta da luz
artificial foi, de fato, a primeira grande vitória científica. Durante a cerrada noite de Inverno, ela po-
dia ressuscitar as imagens, a forma da matéria palpável, pois mesmo que elas fossem, por vezes,
perceptíveis aos nossos aguçados sentidos e aos milhares de olhos da sua carne inteligente, essas
imagens diluíam-se na distância, na opacidade impenetrável.
Um dia, então, a luz foi inventada, e deste modo, ao fim de milênios, foi capaz de vencer toda
uma noite: os nossos antepassados perderam insensivelmente o contato misterioso do crepúsculo, da
hora fantástica em que o dia já não é dia e a noite ainda não é noite.
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Os Antigos pensavam que, nesse momento, o homem entraria num «outro mundo» e adquiriria
poderes mágicos.
Tentai, diziam, uma tarde, ao crepúsculo, deixardes-vos invadir conscientemente pelos povos
do Outro Mundo… que talvez seja um universo interior: à medida que chegarem até vós e em vós,
de um modo atenuado, as insistências do mundo iluminado, sentireis, através do raio interno do
vosso pensamento, filtrar-se do Outro Mundo percepções desconhecidas.
Não fechareis, um dia, os vossos olhos, para encontrar esse isolamento propício?
Lá fora será a sombra, a opacidade: dentro será a luz que se propaga, se clarifica, se exalta.
Com um pouco de habituação, talvez sabeis analisar ao máximo o curto instante em que o vos-
so corpo se impregna de luz, e exuda uma maravilhosa expansão.
Fenômeno de endosmose invertida, fenômeno elétrico, sem dúvida semelhante ao da pilha, que
deixa de acumular para libertar, numa curta fração de segundo, toda a carga da sua energia!
O homem perdeu a recordação do instante mágico do tempo, como perderá cada vez mais o
sentido de orientação e a predestinação geológica do espaço.
ELÊUSIS-ALÉSIA
Xavier Guichard. ex-prefeito da Polícia de Paris, é autor de um curioso livro, intitulado «Eléu-
sis-Alésia, ensaio e hipóteses sobre a posição geográfica (latitude e longitude) das cidades com ca-
ráter sacro, estabelecidas outrora perto de um lago ou de uma fonte milagrosa»,
Xavier Guichard tenta provar que estas cidades «foram estabelecidas desde a mais alta antigui-
dade, segundo linhas astronômicas imutáveis, primeiro determinadas pelo Céu e depois referencia-
das na Terra, com intervalos regulares, iguais cada um à 360.a parte do globo».
Segundo esta hipótese, o autor traça num mapa-mundo uma rede de «linhas geodésicas alesia-
nas» e de «linhas de direção ».
Sobre a linha transversal francesa Calais-Eze, o autor situa Olizy, Elise, Alaise, Eyzins, Aus-
sois: na linha Elsenburg-Alès, coloca Aisey, Lisey, Alaise, Lezat, Laiziat…
Todas estas «Alésias» afirma Xavier Guichard, ocupam locais rodeados por cursos de água
mais ou menos importantes que os isolam em penínsulas.
Os locais «alesianos» possuem todos eles uma fonte minero-medicinal, muitas vezes ruínas
pré-históricas, e, naturalmente, Elêusis (Grécia), capital dos mistérios, localizar-se-ia sobre uma im-
portante diagonal.
É difícil controlar o fundamento desta história, que seria interessante confrontar com a das cor-
rentes telúricas.
Existirá no solo zonas de tradição benéfica, onde os homens, os animais e as plantas encontrem
o desenvolvimento máximo das suas faculdades psíquicas, intelectuais e físicas? É muito provável6.
Nessas zonas, as misteriosas correntes telúricas que sulcam o globo teriam emergências, através
das quais poderíamos receber uma influência benéfica: sobre o nosso bem-estar, sobre os nossos ne-
gócios e, sobretudo, facilitando uma boa aclimatação.
Por vezes, a zona é uma região, uma comuna, ou um simples campo, um local elevado, onde os
homens ergueram templos, ou ainda um vale, perto de uma fonte milagrosa… uma «Alésia», diria
Xavier Guichard!
Outras vezes, a área tem apenas alguns metros quadrados, ou talvez menos. Os cultivadores e
os arboricultores sabem bem que são locais onde qualquer árvore plantada tem assegurada uma
rápida mortalidade. Pelo contrário, mesmo ao lado, a um ou dois metros, tudo cresce normalmente!
Numa moita existe frequentemente um ponto… um autêntico ponto onde os espinheiros e os ar-
bustos recusam crescer. Por quê? Ninguém pode responder ainda a este Misterioso Desconhecido7.
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correntes telúricas.
7 Fala-se das falhas terrestres que provocam ionizações e perturbações eletromagnéticas da atmosfera. O
geólogo Claude Trouvé pensa
que certos terrenos (o granítico mais antigo, nomeadamente) possuem uma radiação nociva,
contrariamente às terras calcárias de formação
mais recente.
num local privilegiado.
A maior parte das localidades antigas foram construídas sobre locais benéficos, pois onde o lu-
gar parece desaconselhável, a iniciativa humana não prospera, o que provoca a deserção das suas
populações.
Mesmo assim, não se exclui que estas linhas de força terrestres, bem como os pontos de emer-
gência das correntes telúricas, sejam sujeitas a deslocações geofísicas.
Por que se constrói uma povoação a uma centena de metros ou a um quilômetro de uma primi-
tiva implantação?8
A Ciência não responde ainda às questões colocadas por este Misterioso Desconhecido; toda-
via, abandonando o rigor da experiência, ela aventura-se agora na atomística, buscando a explicação
mais ou menos racional de todos os fenômenos obscuros.
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Para os cientistas, o átomo é ainda e sempre um mistério, mas Lucien Bamier, fazendo-se intér-
prete dos físicos de vanguarda, adianta que as partículas que o compõem poderiam ser uma espécie
de «bolas fluidas» aprisionando influxos em movimento perpétuo9.
O átomo, no sentido literal a mais pequena parcela possível, ou, melhor ainda, o início de tudo,
seria, pois, movimento.
Esta forma de energia, como todas as outras — elétricas, luminosas, eletromagnéticas —, seria
suscetível de ser convertida em luz ou noutros sistemas de ondas transportadas no espaço.
Esta teoria, se se confirmar, abrirá um campo ilimitado à imaginação, antes de poder ser testada
experimentalmente.
Transmutado em ondas luminosas, um homem poderia ser enviado, à velocidade de trezentos
mil quilômetros por segundo, para um planeta ou uma estrela, onde fosse capaz de se reintegrar na
sua forma original.
Mas, por mais rápida que seja, a luz não tem o poder de vencer o espaço infinito, nem mesmo
atingir uma estrela longínqua no tempo de uma vida humana.
Todavia, o homem tem uma possibilidade de alcançar o quase-infinito: através do pensamento,
que, instantaneamente, o transporta em espírito pelo espaço em direção ao mundo mais longínquo
do nosso universo.
Sendo tudo matéria-energia, trata-se então de um autêntico deslocamento, de um cruzeiro de
longo curso, no espaço-tempo10.
As pequenas «bolhas fluidas» do átomo, entendidas como componentes do pensamento-maté-
ria, devem permitir, teoricamente, a conversão deste pensamento-matéria e transportá-lo, a uma
«velocidade instantânea», para todos os mundos possíveis do professor E. Falinski.
Esta hipótese é apoiada pelas mais antigas cosmogêneses dos escritos sagrados, mormente os
Vedas, onde se diz que o universo e a sua criação são pensamentos de Deus.
A PALAVRA MÁGICA
Mais exatamente, Deus pensa, fala, e o pensamento divino toma corpo no espaço.
8 Se costuma dormir bem, não se inquiete com os dados empíricos, mas se assim não é experimente
colocar a sua cama num eixo norte-
sul; para o seu descanso noturno, encontrará as melhores condições de repouso. Pouco importa que a sua
cabeça fique para norte ou para sul,
pois apenas conta a orientação e o paralelismo com as correntes telúricas.
9 Está-se longe de identificar os componentes do átomo, que são apenas entidades matemáticas.
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culada.»
Os Egípcios acreditavam mesmo que o nome de homem era como o seu ser físico: quem possu-
ísse o nome possuía o ser.
Mas o nome secreto e todo-poderoso não tinha sido formado ao acaso e era preciso um grande
iniciado para o conhecer.
Cada letra que o compunha possuía a sua significação e a sua virtude, que concorriam para o
significado global e a virtude do conjunto. Se uma só letra fosse alterada do seu lugar ou mesmo
omitida, se não fosse enunciada com as pausas necessárias e o tom conveniente, o encantamento
não se produziria ou voltar-se-ia contra o mau prenunciador.
Os empíricos deterioraram o segredo combinando palavras de difícil pronúncia, como nesta
oração mágica:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, um só Deus.
Pronunciamos os nomes de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, pelos quais combatemos os
espíritos maus e os demônios, em nome da Trindade:
Sedrelâoui, Badegâoui, Quedalolael, Quederoufregadigon, etc.
Foi pelo poder do verbo que Moisés matou um egípcio, que Isaías escapou ao rei Ahaz, que
David conteve o abismo que ameaçava arruinar a sua obra quando lançava as fundações do seu al-
tar.
Para os Hindus, o Sabda Brahma, ou a palavra de Brama, é uma meditação sobre o monossíla-
bo sagrado e misterioso OUM, ou OM, que significa o próprio Brama.
Esta palavra comporta três letras que se resumem numa única na escrita: O = Brama; U = Vix-
nu; M = Xiva.
O algarismo U que representa OUM é um semicírculo com um ponto no meio, chamado biu-
dou, símbolo do ser puramente espiritual.
Para obter a salvação é preciso meditar incessantemente sobre esta palavra e repeti-la a todo o
momento, fixando intimamente os pensamentos nesse ponto.
Por uma extraordinária coincidência, a teoria do átomo «bolha fluida» dos modernos investiga-
dores ligar-se-ia então à ciência dos sábios, cujo pensamento criador teria tido o poder de materiali-
zar.
Talvez esta ultrapassagem da fronteira do Misterioso Desconhecido e o poder da criação sejam,
um dia, alcançados pelo homem. Não totalmente em relação ao segundo ponto, porque nessa medi-
da, correríamos o risco de criar e destruir os planetas, o próprio cosmo!
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em termos de física prática (ainda que se tenha pesado, ao que se supõe, a memória dos ratos), mas
talvez o seja possível em termos matemáticos e metafísicos11.
Colocada de outra maneira, a questão é a seguinte: poderá existir qualquer coisa que possa ser
sem ser, ser nada e qualquer coisa, ser criada pelo homem num universo já criado?
Ainda que seja uma função do espírito, o pensamento não parece retirar a sua substância de
uma massa identificada do nosso universo conhecido.
Se um pensamento não existe antes que ele surja espontaneamente no espírito humano, poderá
o homem ser considerado um criador como Deus e a sua obra juntar-se à de Deus?
Ora, o que pertence ao universo criado pertence também ao seu constituinte original, tal como o
supomos: a energia. Parece pois que o pensamento não pode ser outra coisa senão uma forma maci -
ça de energia. Pensar seria então mergulhar num misterioso desconhecido energético, na verdade no
«eu» desconhecido do homem, para criar num mundo que, efetivamente, não é o nosso mundo ma-
terial de três ou quatro dimensões12.
E quanto mais o homem emite pensamentos mais ele mergulha em si mesmo, se aprofunda, e
cria, num «mais além», uma matéria possivelmente fugidia como o flash de uma lâmpada, cuja
energia se perde no universo, no «plasma» do universo, a menos que ela regresse ao seu centro de
emissão.
Trará o homem em si mesmo uma massa energética incomensurável, colossal, milhões de vezes
maior que a sua massa física mensurável?
E essa massa interferirá com o seu peso? Ou, pelo contrário, o pensamento é retirado ao «plas-
ma» universal para se diluir aí?
A VIAGEM NO TEMPO
sabe, pesar a memória de um rato. Primeiro, obrigou o animal, destro por natureza, a servir-se unicamente
da sua pata esquerda. Em seguida,
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matou o rato e pesou os neurônios do córtex cervical da zona de diferenciação esquerda-direita. Hyden
mostrou assim que as recordações re -
gistadas se haviam traduzido por uma formação de proteínas que antes não existiam.
12 Na nossa teoria, para além da energia pessoal do «eu» e de todas as que habitam os corpos organizados
ou não, existe a energia do
O geólogo Claude Trouvé pensa, pelo contrário, que a energia posta à disposição dos indivíduos é uma
espécie de massa fixa de que
eles se servem à medida das suas capacidades.
Nesta ordem de ideias, quanto mais a humanidade prolifera menos os homens possuem energia, a massa
que se divide pelos números
de indivíduos.
Ainda em consequência, poder-se-ia supor que a inteligência humana se encontra em regressão.
Pitágoras (600 a.C.), com a sua ciência matemática; Léucipo e Demócrito (— 500) com o átomo; Heráclito
(— 500) com o evolucio -
nismo; Anaxágoras (— 450) com a teoria do movimento; Platão (— 400) e o seu discípulo Aristóteles (— 350)
com a filosofia; Giordano
Bruno (século XVI) com a evolução universal, etc. Todos estes grandes pensadores-inovadores eram mais
geniais que Einstein, o qual, face à
evolução científica, que jogou a seu favor, pensou menos profundamente no mistério do Desconhecido.
13 e = mc2: e = energia; m = massa; c2 = quadrado da velocidade.
universal da contração do tempo pela velocidade.
Neste sentido, um pensamento, em virtude da sua velocidade incomensurável, deveria ter tam-
bém uma massa incomensurável; por outro lado, entrando no tempo à maneira de uma verruma, ele
deveria «rejuvenescer» no decurso do movimento e entrar diretamente no tempo escoado, ou seja,
encontrar obrigatoriamente a sua materialização no passado e talvez no «infinitamente passado» da
criação original.
Segundo esta hipótese, seria possível, no futuro, livrar Joana d'Arc da fogueira, com a condição
de saber medir a penetração «cronométrica» do pensamento, de modo a dirigi-lo para o ano de
1431.
A materialização que poderíamos «imaginar» — por exemplo, um comando de paraquedistas
armados de metralhadoras e granadas — seria o bastante para assegurar a libertação da nossa heroí-
na nacional.
Se o pensamento é prisioneiro do nosso cérebro, não seria uma questão de propagação a uma
velocidade supralumínica; mas se ele pode ser projetado e assim percorrer o espaço, então poderia
ser encarado como uma solução para a Viagem no Tempo.
De qualquer modo, ela existe, seja uma especulação no abstrato, seja uma projeção no passado
ou no futuro.
Através do pensamento, vivemos o martírio de Joana d’Arc: uma viagem imaginária.
Se um conversor de ondas transmutasse o nosso pensamento à sua chegada ao ano de 1431, a
viagem tomar-se-ia um fato material. Mas como enviar, primeiro, um conversor e um técnico do re-
ferido aparelho, a fim de transmutar, seguidamente, todo um fantástico mundo de pensamentos?
O problema parece insolúvel, mas não há dúvida que é mais simples do que o imaginamos, na
medida em que os empíricos pretendem poder viajar no tempo, seja em corpo astral, seja por vidên-
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cia, radiestesia ou desdobramento. Não pretendem, mesmo assim, explicar o mecanismo, e é a partir
desse fato que eles são — sem sentido pejorativo — uns empiristas.
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14 Esta observação, confirmada pelos «buracos negros» do espaço, onde estrelas moribundas se
consomem sob o seu próprio peso, está
eis que, perante indícios antecipados, outras interferências parecem desenhar-se no céu do futuro.
Seremos um brinquedo de fantasmas ou de uma psicose de multidões enlouquecidas pela proxi-
midade do ano 2000?
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A FAVOR OU CONTRA
OS ENGENHOS INTERGALÁT1COS
…Nós, homens do século XX, escreve ele, estamos, talvez, diante dos OVNI, na mesma situa-
ção psicológica dos primeiros indígenas da América do Sul ao verem as espingardas, e os primei-
ros negros de África os aeroplanos…
Esses primitivos acreditaram em fenômenos mágicos, alucinações, sonhos. Mas, no fundo, uma
forma de vida consciente e inteligente, existindo num outro mundo, possuindo sobre a ciência hu-
mana alguns milênios de avanço.… tendo, enfim, decifrado os segredos da atomística e da ciber-
nética, será uma coisa tão inconciliável e inadmissível? (Ouest-France, 13-9-1963).
Para o escritor M. Ollivier, os objetos voadores não identificados não são engenhos intergaláti-
cos:
Não serão esses «movimentos giratórios» procedentes do nosso meio espacial desconhecido,
substancialmente alterado por ondas diversas, em particular pelas nossas ondas?
Esta hipótese é bastante sedutora e não recusa uma manifestação estranha ao nosso planeta.
Prolongando-a, podemos igualmente imaginar que os fenômenos espaciais provenham de uma Terra
paralela, existente noutras dimensões; mas não será esquecermo-nos demasiado das indicações dos
escritos sagrados e da tradição?
Em 1962, os radares das forças da Aliança Atlântica registaram imagens não identificadas, que
as colocaram em estado de alerta durante uma semana1.
Na realidade, passou-se qualquer coisa de misterioso no nosso céu.
O major italiano Achille Lauro, após uma entrevista de quarenta e cinco minutos com o general
norte-americano Douglas MacArthur, declarou que este previra perturbações vindas do espaço.
O general Douglas MacArthur pensava que, face ao desenvolvimento da Ciência, todas as na-
ções da Terra deveriam pensar em unir-se para sobreviver e enfrentar em conjunto qualquer ameaça
de estranhos vindos doutros planetas.
Que sabemos nós acerca dos outros mundos? Pouca coisa na verdade!
No fundo da grande Meteor Crater, no Arizona, provocada há vários milhares de anos por um
meteorito, cientistas norte-americanos descobriram dois metais desconhecidos no nosso mundo: o
stishovite e a coesite.
1 Sabe-se que os radares registam frequentemente imagens fantasmas: por isso, qualquer posto bem
equipado integra três, quatro, cinco
écrans. Qualquer imagem, para ser considerada definida, terá de ser registada nos vários écrans.
O mistério do cosmo reserva-nos, pois, muitas outras surpresas e autoriza um sem-número de
sugestões.
ENGENHOS LUMINOSOS
No dia 9 de Janeiro de 1964, estranhos corpos ovais e luminosos vogavam, em fila indiana, ao
largo de Santa Eufémia Marina, em Itália.
Pescadores, alertados pelo fenômeno, dirigiram-se para o local na tentativa de os identificar.
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Um dos homens, ao tocar com um ramo o objeto maior, recebeu uma descarga elétrica que quase o
fulminou.
Um barco da polícia tentou alcançar a misteriosa flotilha, mas esta desapareceu rapidamente
apagando as suas luzes.
De que se trataria? Monstros desconhecidos ou pequenos submersíveis? O mistério nunca foi
desvendado e foi juntar-se a centenas de outras observações autenticamente controladas e que colo-
cam problemas muito sérios.
No Brasil, a polícia ocupou-se de um caso de sequestro: o «rapto» de Rivalino Manfra da Silva,
no dia 19 de Agosto de 1962, e o roubo, pela «tripulação de um engenho presumivelmente extrater-
restre», de dezassete galinhas, seis porcos e duas vacas!
Parece que tudo se passa como se os raptores tenham querido levar da Terra algumas amostras
da sua fauna…
CONTACTAR OS PLANETAS
DOMINAR O MUNDO
Acreditam nos «engenhos intergaláticos»? Aliás, pouco importa, pois a vossa crença ou des-
crença não alteraria em nada as misteriosas interferências, evocadas pelo Gênese e pelo Livro de
Enoch, que tiveram lugar em tempos remotos e que, sem o sabermos, possivelmente, prosseguem
nos nossos dias.
Há fatos de uma importância nunca suspeitada, mas que poderão assustar-nos pelas suas conse-
quências, que se manifestam na nossa época e tendo como epicentro a China, sobre a qual o mare-
chal Tito, em 7 de Dezembro de 1964, afirmou que «ela desejava dominar o mundo».
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Vamos fornecer um relato desses fatos desconhecidos, fantásticos, mas ainda assim à medida
da prodigiosa aventura que o futuro nos reserva.
Não se trata de uma história banal de engenhos presumivelmente siderais, mas de um projeto
político de domínio do planeta, em benefício de uma poderosa nação.
OS BAAVIANOS FALAM…
Os extraterrestres que, em inatingíveis objetos voadores, sulcam o nosso céu, explicam nos ter-
mos seguintes a sua intervenção na vida humana:
Resolvemos, em vosso benefício, evitar o pior, influenciando o comportamento de certos res-
ponsáveis que pretendem ser os vossos guias.
A nossa ação exerce-se por intermédio «dos que nos conhecem», os quais podem orientar os
2 História Desconhecida dos Homens desde Há Cem Mil Anos.
mesmos responsáveis sem que estes se deem conta disso.
A faculdade dos nossos iniciadores permite-lhes introduzir, na imobilidade da sua consciência
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receptiva, os elementos de forças positivas, estas por si só mais poderosas que todos os vossos de-
terminismos reunidos.
Por outro lado, os extraterrestres inquietam-se com a utilização anárquica e perigosa que faze-
mos da fissão nuclear.
Noutros termos, podemos supor que eles desejam reconduzir-nos ao bom caminho e, sem dúvi-
da, não hesitariam em desencadear a «guerra dos mundos» — donde, a nossa destruição — se as
nossas experiências de aprendizes de feiticeiro passassem a constituir uma ameaça à escala interpla-
netária.
De modo ativo mas discreto, exercem uma vigilância sobre nós, tendo estabelecido para tal
uma ligação entre o nosso planeta e o seu mundo natal: Próxima Centauro, cujo nome para os seus
habitantes é «Bâavi», em fonética francesa.
Os engenhos intergaláticos destes seres são uma espécie de aparelhos discoidais chamados vai-
dorges, dotados de uma velocidade supralumínica que lhes permite viajar no tempo, ou seja, efetuar
grandes percursos em poucos minutos de tempo positivo, ou mesmo em tempo negativo, o que, em
poucas palavras, significa que estes cosmonautas podem chegar antes de partir…
Os vaidorges não aterram com frequência no decurso dos seus voos de reconhecimento; antes,
permanecem imóveis (apenas o «disco» gira) a cerca de dois metros do solo.
Possuem uma base secreta numa das inúmeras ilhas do arquipélago das Maldivas, no oceano
Índico, a sul da Índia, e provavelmente sobre a linha do equador.
Os seus ocupantes, que têm contatos na maioria dos países terrestres, estabelecem pontos de li-
gação com eles em datas julgadas convenientes e colectam deste modo todas as informações úteis
com destino aos Conhecedores (chefes) de Bâavi.
Centenas de ilhas das Maldivas encontram-se, ainda hoje, por explorar, o que lhes assegura
uma base segura e perfeita.
Em França, os principais pontos de contato seriam efetuados nos departamentos de Cher, Indre,
Creuse e Lozère.
da e comporta:
— Uma parte científica explicando o princípio e o mecanismo dos dorges;
— uma exposição sobre a civilização baaviana;
— uma gramática e o alfabeto de Bâavi;
— uma explicação do sistema métrico e das medidas de comprimento;
— um resumo das diferentes concepções em matéria de física, química, astronomia, etc.
Com o acordo de M.N.Y. testamos a parte científica dos documentos, submetendo-os a alguns
técnicos, nomeadamente ao Dr. Robert Frédérick, doutor em Ciências. O resultado deste controlo
foi formal: tudo é cientificamente exato ou possível. Nada pode ser refutado por vício de forma ou
erro técnico.
Seria moroso e cansativo entrar em pormenores, mas, para os amantes da estatística, talvez seja
interessante notar que, em Bâavi, o tempo tem uma unidade: o tolt = 1 segundo 4/10. Os relógios
públicos possuem três agulhas que marcam os 18 serrkaé, que igualam um dia sideral — a unidade
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BÁAVI
O nosso correspondente retoma, como nós, a afirmação da gênese bíblica no tocante à chegada
à Terra dos «filhos de Deus».
O texto, na sua tradução literal, falaria nos filhos dos que vêm do alto. Isto é, seres vindos do
céu; portanto, procedentes de uma estrela ou de planeta que não a Terra.
Tratava-se de homens de alta estatura que se fizeram transportar em engenhos intergaláticos,
saídos de um ponto da Via Láctea (a nossa galáxia), mais precisamente da Próxima Centauro, dis-
tante 4,3 anos-luz do nosso mundo.
A estrela Próxima Centauro, ou Bâalki, faz parte de um sistema múltiplo: Alfa-Centauro A e B,
esta maior que o nosso Sol e mais luminosa em relação a A.
A Próxima Centauro é trinta vezes mais pequena que o nosso Sol. O planeta Bâavi é 1,5 vezes
maior que a Terra e gravita em tomo da Próxima em ciclos de 311 dias de 27 horas, 12 minutos, 57
segundos e 6/10 cada um.
A sua temperatura é de uma constância excepcional, as noites são luminosas e os dias soalhei-
ros, fato que justifica o nome de «Filhos do Sol» dado aos seus habitantes.
Homens da Terra vivem presentemente em Bâavi, livres e integrados na comunidade autóctone.
Sete regras básicas formam a lei geral.
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verificação de identidade, não será descodificada pelos aparelhos de controle se não estiver sincro-
nizada com os algarismos e as letras constantes da misteriosa placa de ouro incrustada no crânio.
Este bracelete é o único ornamento que os nossos companheiros (recordem-se que é um extra-
terrestre de Bâavi que fala!) colocam. Por vezes, são magníficas joias.
Finalmente, se um «Filho (ou Filha) do Sol» decide terminar os seus dias, nada mais lhe resta
fazer senão apresentar-se no centro conceptual, onde ele próprio, e através do desdobramento do
corpo astral, liberta o seu ego espiritual.
O seu corpo fica pertença dos Conhecedores e os simples imortais do planeta desconhecem o
destino que aqueles lhe dão.
A BASE DE BAALBEK
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ATERRAGEM NO TIBETE
«Esta titânica emigração durou uns trinta anos de sucessivas idas e voltas entre o planeta ver-
melho Marte e o planeta azul Terra. Foi no Tibete, nos altos planaltos quase idênticos aos do nosso
mundo natal, que os mongóis marcianos se conseguiram aclimatar e se relacionaram com os terres-
tres.
É ali que se encontra, pois, a fonte extraterrestre de todos os povos amarelos, e mais precisa-
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mente dos ancestrais diretos dos Chineses, Japoneses e Coreanos, e também dos Maias da América,
na sequência de migrações pré-históricas mongóis através do estreito de Béringue.»
O SEGREDO DA ANTIGRAVITAÇÃO
A matéria é uma condensação do movimento, isto é, uma energia produzindo ondas cada uma
com a sua frequência específica. Um corpo sólido não é senão um centro de vibrações de determi -
nadas características.
A gravidade é uma pressão resultante de uma reação do espaço envolvente, deformado pela
presença da Terra.
No interior do espaço considerado atua um campo de gravitação onde todo o corpo tende a ser
pressionado contra o solo, segundo uma lei comum às ações gravíticas, elétricas ou magnéticas.
Para manter um corpo sólido em levitação ao nível do solo torna-se necessário modificar a fre-
quência vibratória própria deste corpo, de tal modo que ela se oponha à do campo de gravitação.
Para se alcançar este objetivo deve elevar-se a um potencial muito elevado essa frequência vibra-
tória (quarenta e cinco milhões de vóltios para cada laje de pedra de Baalbek).
OS «VAIDORGES»
Os vaidorges não se baseiam nos caducos princípios dos foguetões, que entram numa luta insa-
na contra forças de oposição que crescem sem cessar e em direção a um limite que, fatalmente, será
atingido.
Os vaidorges de Bâavi são engenhos gravitacionais que utilizam estas forças. Possuem cascos
neutrínicos, de peso negativo, e todo o aparelho entra em ressonância com as ondas gravitacionais,
que se propagam a uma velocidade superior à da luz e penetram em toda a parte. Esta entrada em
ressonância alcança uma energia que se opõe aos efeitos da massa se o engenho se encontra já num
ambiente de peso negativo e de força gravitacional autônoma.
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Em suma, após uma vintena de páginas onde explica todo o processo científico da viagem no
tempo e no espaço, o nosso informador chega ao momento crítico onde o vaidorge, ao atingir as
fronteiras da velocidade gravítica, bascula literalmente no antitempo (ou antiuniverso) sem se desin-
tegrar.
A este respeito — anota — não se deve confundir «universo de tempo negativo» (ou antitem-
po) com as partículas negativas do universo em expansão (o nosso universo) e que constituem anti-
mundos!
Um antimundo não é mais que uma outra galáxia onde a matéria é a antimatéria para a nossa
galáxia.
O universo de tempo negativo corre, pois, num sentido inverso ao do nosso: é o universo em
contração.
Como se pode verificar, a parte científica desta exposição dirige-se essencialmente a especialis-
tas da questão, e daí entendermos ser preferível dar simplesmente alguns traços exemplificativos
dos engenhos intergaláticos de Bâavi. não esquecendo de referir, a propósito, a designação tibetana
dos vaidorges (M.N.Y. emprega também a palavra toro, reportando-se à máquina de viajar no tem-
po concebida pelo engenheiro e astrônomo Emile Drouet).
UM CANHÃO ANTIMATÉRIA
fotônicos, terão de, necessariamente, equipar os seus engenhos com canhões antimatéria.
A colisão de um desses engenhos com um minúsculo meteorito determinaria uma explosão
equivalente à de urnas trinta megatoneladas de TNT, além de reações nucleares que poderiam ser
desencadeadas.
Torna-se pois necessário criar em redor da nave um campo magnético capaz de afastar todos os
meteoritos e poeiras que se revelem perigosos para a navegação no espaço.
A câmara de acumulação de um vaidorge armazena à partida, e sob forte pressão, um sem-
número de poeiras espaciais que são conduzidas através de ínfimos canais de distribuição de seção
variável para a seção do toro também conhecida por «câmara de emissão antimatéria».
A rotação de 91 mag-koucdtol (velocidade fotônica expressa em notação baaviana) que é impri-
mida ao toro faz dele um cosmotron que projeta jatos de partículas aceleradas e que desintegra, a
uma grande distância do casco do vaidorge, todos os meios corpusculares e corpos errantes do espa-
ço.
Nestas condições de utilização, o vaidorge, visto da superfície de um planeta, assemelha-se a
um meteoro dotado de movimentos aberrantes.
O canhão antimatéria de bordo emite um verdadeiro «raio da morte»; dois vaidorges navegan-
do no espaço estelar, a uma curta distância entre si, desintegrar-se-iam mutuamente.
NÃO HÁ PROVAS
Aqui está. Sabem agora os leitores o essencial do mistério dos engenhos intergaláticos e dos
mestres ocultos do nosso planeta.
Resta saber se esta relação constitui a maior revelação do século ou uma mistificação notavel-
mente organizada!
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Anote-se, antes do mais, que, como em todas as histórias de OVNI, não nos é fornecida qual-
quer prova material da realidade dos fatos descritos.
Nem engenho intergalático em exposição, nem «Filhos do Sol» contactando personalidades po-
líticas ou científicas, comportamento de elementar cortesia, mormente em relação à Inglaterra, a
quem pertence o arquipélago das Maldivas; não temos igualmente uma informação total acerca da
probabilidade da primorosa ciência dos Conhecedores, detentores do segredo da imortalidade: por
exemplo, se descobriram a cura do cancro, do simples eczema ou mesmo da tenaz enxaqueca!
Para pessoas que, segundo a sua vontade, violam o espaço aéreo planetário e aterram sem to-
mar precauções nos nossos campos, o procedimento é assaz singular!4
Terrestres, porque não desejam que «os exilados cósmicos, as suas esposas terrenas e os filhos híbridos»
regressem ao seu planeta original.
Este racismo é justificado pelo raciocínio de M.N.Y.: «Aceitaríamos que extraterrestres viessem despejar na
Terra as extravagâncias dos seus
nascituros?» Pode acontecer que, dentro de alguns milênios, tendo os Amarelos adotado o sistema social
de Bâavi, lhes seja concedida auto -
rização para o seu regresso ao planeta ancestral
O POVO ELEITO DOS AMARELOS
Esta aventura parecer-nos-ia relativamente banal não fora a notável coerência da exposição ci-
entífica e dos inquietantes pormenores de sabor político constantes na narrativa de M.N.Y.
Incontestavelmente, a civilização de Bâavi opõe-se ao sistema social do chamado mundo civili-
zado terrestre, salvo no que diz respeito a um povo: os Amarelos.
Por outro lado, a gênese dos «Filhos do Sol», indo ao encontro de certos dados da Bíblia, dos
Apócrifos e da Ciência, tende a substituir as tradições do Ocidente.
Neste sentido, o mundo não nasceu nos EUA, na Hiperbórea ou na Suméria, mas num outro
planeta; os nossos antepassados seriam talvez os homens de Neandertal ou de Cro-Magnon: contu-
do, os ancestrais superiores foram homens, não de Vênus, como o havíamos sugerido, mas da
Próxima Centauro, ao passo que os seus descendentes diretos (o verdadeiro povo eleito?) seriam os
Amarelos!
Na nossa tese tínhamos escolhido a Hiperbórea, ou seja, a Atlântida, como berço da humanida-
de terrestre ocidental, mas conjecturáramos também sobre a aterragem de cosmonautas na Terra de
Mu. Estes cosmonautas — e voltamos de novo à versão de M.N.Y. — seriam, talvez, de uma raça
diferente da dos Hiperbóreos, o que explicaria os seus antagonismos e, segundo os dados transmiti-
dos pelos escritos sagrados hindus, a guerra atômica que viria a registar-se.
Esta dupla hipótese daria à humanidade civilizada dos nossos dias duas raças superiores: os
Brancos e os Amarelos; dois berços de civilizações: Hiperbórea e Mongólia; dois povos eleitos: os
Judeus e os Chineses.
Pode ainda pensar-se nos Japoneses, pois se os Hebreus, em dois milênios e recentemente, nos
campos de morte, tiveram de suportar a sanção pelo fogo, os Japoneses foram marcados por idênti-
ca sina através da atomização de Hiroshima e Nagasaki.
Os Judeus formam, com toda a evidência, o núcleo mais culto e mais inteligente da raça branca,
como os Japoneses parecem constituir a elite da raça amarela; para ambos os povos há um mistério
na sua origem…
Estas considerações levam-nos a conceder uma grande importância aos documentos de M.N.Y.,
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não tanto como documentos produzidos por ele, mas possivelmente por serem oriundos de um colé-
gio oculto de Amarelos, os quais, durante anos ou séculos, prepararam a sua assunção política, a sua
mitologia e a primi-história de amanhã.
Impõe-se, naturalmente, uma comprovação: os beneficiários diretos desta maquinação serão os
Amarelos, tradicionalmente designados por «Filhos do Céu», sem que se saiba bem a razão, e apeli-
dados na referida narrativa como «descendentes dos imigrados baavianos».
Por outro lado, temos a convicção de que se trata de autêntica conjura, na medida em que uma
insidiosa propaganda se vai desenvolvendo em certos meios ligados à filosofia e ao pensamento asi-
ático, com a finalidade de impor a psicose da superioridade dos povos amarelos sobre os povos oci-
dentais. Por exemplo, no plano religioso, a seita japonesa dos Sokka-Gakkai recruta aderentes fa-
náticos em todas as capitais da Europa.
OS MONSTROS MATEMÁTICOS
Certamente que os «Filhos do Sol», parentes próximos dos «Filhos do Céu», nos apresentam
aqui apenas uma história na qual não somos obrigados a acreditar. Mas — e este é o ponto impor -
tante — a monstruosa organização social dos Baavianos, que rejeita qualquer afetividade ou senti-
mento, em benefício do puro cálculo matemático, é idêntica à monstruosa organização social que os
dirigentes impõem na China e no Japão com o fim de criar uma humanidade de animais superiores5.
5 Voltamos, uma vez mais, à mensagem bíblica dos ancestrais superiores: o homem perde o paraíso (a
felicidade) ao colher o fruto da
árvore da Ciência.
No Japão, a limitação dos nascimentos é já um fato adquirido e a China foi subjugada pelo cul-
to do heroísmo e da abnegação, pela adoração do terceiro deus, cujo nome é «Matemática».
Três vezes mais rapidamente que a França, com meios técnicos muito mais limitados, mas com
um potencial intelectual superior, a China fabricou a sua primeira bomba atômica em apenas cinco
anos.
Os Amarelos têm consciência da sua superioridade racial sobre todos os povos brancos e o seu
complexo manifesta-se com extrema sutileza.
Os jovens estudantes chineses efetuam estágios em França e fazem abrir a boca de admiração
pela sua aplicação ao trabalho e a perseverança da sua fé. Ao ser-lhes pedida a sua opinião sobre a
beleza da mulher francesa, responderam severamente que «não tinham vindo para o Ocidente para
apreciar essas coisas, mas para fazer avançar os seus conhecimentos».
O Partido Comunista Chinês moldou rigidamente a personalidade dos milhões de jovens que
irão fazer a Ásia de amanhã.
O amor é um sentimento vergonhoso, apenas digno dos burgueses decrépitos, e onde se inclu-
em os Soviéticos. O Amarelo estima e respeita o seu pai, a sua mãe, a sua mulher se estes são bons
comunistas e elementos sociais válidos, mas ele não degrada a sua inteligência praticando um amor
ou uma amizade que não passa de ressurgimento do instinto e do infantilismo dos homens da pré-
história.
Nesta regra, o homem que ama o seu próximo é um indivíduo sem vontade, frouxo, que sacrifi-
ca o melhor das suas qualidades humanas a um sentimentalismo que nem os animais partilham.
Tudo em Deus ou na natureza é razão inteligente e não amor, ternura e adesão dos sentidos.
Existem ternura e amor maternal entre adultos no bando de lobos, nos rebanhos de carneiros ou
de vacas, nos ninhos de formigas?
Existe ternura e amor na evolução universal, no mecanismo celeste ou na sucessão das esta-
ções? Certamente que não!
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Tudo deve ser regido pela necessidade vital e pelos imperativos da evolução, qualquer que seja
o preço que cada indivíduo deva pagar. Neste sentido, os Chineses estão prontos para dar a sua vida,
aos milhões, às centenas de milhões, visando acelerar a sua supremacia, preservar a sua descendên-
cia, exatamente como no formigueiro incendiado cada indivíduo esquece o seu caso pessoal para
salvar os ovos em incubação.
Em Saigão, o asfalto das ruas tinha a cor das cinzas e do sangue das jovens queimadas vivas,
dos bonzos imóveis transformados em archotes, e as paredes cobriam-se de inscrições U.S. go
home! desenhadas com sangue de jovens que abriam as veias dos seus pulsos…
O sangue, a morte, o frenesim do sacrifício impregnam mil milhões de seres, dos montes Altai
ao mar do Japão, mil milhões de iluminados que rezam pedindo o sinal do holocausto mundial, da
grande carnificina purificadora.
A China quer verter os dois milhões de toneladas de sangue com que ela calcula poder pagar o
seu domínio do mundo.
Há cerca de dois milênios que os Brancos governam o globo, que foi, sucessivamente, domina-
do pelos Gregos, Ingleses, Romanos, Espanhóis, Franceses, Americano-Soviéticos. O ciclo está
concluído e uma nova era irá ter lugar sob o signo da razão matemática.
Matematicamente — sem ódio, sem amor —, os homens vão trabalhar para a sua sublimação; o
cientista vai substituir o padre e o político; o cérebro vai eliminar até ao mínimo vestígio o senti-
mento burguês que, pela afetividade, faz com que por vezes 2 + 2 sejam 3 e que faz nascer crianças
alcoólicas e tuberculosas, sobreviver impotentes, prolongar a vida de velhos sem utilidade.
UM PASSEIO NO GRANDE DESERTO BRANCO
No Grande Norte, quando o ancião se toma numa carga social, a sua vida ativa termina sem
ódio nem amor, a sua família, com notório pesar, abafando por vezes uma saudade e um remorso
profundos, leva-o, num derradeiro passeio, para longe do iglu, para o grande deserto branco.
Aí, o ser tornado inútil consente ficar sozinho algumas horas, o tempo necessário para que o
frio o adormeça para sempre e o sepulte nos gelos eternos6.
Os Amarelos pensam que é chegado o tempo de os Brancos fazerem a grande caminhada no de-
serto da morte.
As doutrinas asiáticas, que se infiltraram na França, na Inglaterra e nos Estados Unidos, contém
este postulado básico:
O Ocidente deve morrer, o Oriente quer governar o mundo.
E o Oriente é a China imensa, o Japão sutil e aristocrático que não esquece nada do passado.
Se um inimigo tivesse atomizado Paris e Orleães, Londres e Lancaster, Nova Iorque e Chicago,
os Franceses, os Ingleses e os Norte-Americanos ter-lhe-iam perdoado?
O Japão é por excelência o país do culto, da tradição, dos antepassados… e da recordação. E
que melhores recordações poderiam ter do que Hiroshima e Nagasaki?
Como não imaginar que um dia, neste século, com ou sem o acordo do seu governo, dez, cem
pilotos suicidas (kamikazes) voem até Nova Iorque e uma outra cidade dos EUA, conduzindo aviões
carregados de TNT, dinamite ou foguetões com ogivas nucleares?
Japoneses ou chineses…
O fim do mundo para os Ocidentais poderia começar perfeitamente pelo apocalipse dos edifí-
cios esmagados de Manhattan e de Brooklyn!
Assim, é chegada a hora de sabermos… antes de desaparecermos, donde vimos, qual a verda-
deira face do mundo durante a nossa era de vida consciente. É o momento de sabermos que misteri-
oso antiuniverso poderíamos atingir para continuar a nossa aventura mágica.
É a hora de dizer a verdade e, sem dúvida, a exemplo do que fizeram as «altas personagens do
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Ocidente» no momento do Dilúvio, preparar um santuário secreto onde poderiam sobreviver os re-
presentantes da raça branca7.
mentais ou incuráveis.
7 Segundo a tradição, o despontar de uma nova raça apenas se verifica após a eclosão de um cataclismo
provocado pelos homens, pre -
cedendo uma catástrofe terrestre natural. É neste sentido que deveria ser encarada a hipótese do
santuário secreto.
Tudo se resume numa luta de proeminência racial. Ou as tradições ocidentais evoluem num
sentido determinado pela nova era que se abre sob o signo da exploração do cosmo, ou então a Cen-
tral do Segredo Guardado de Pequim ou de Llassa imporá a sua… Bíblia.
Nos tempos futuros, é verosímil a tese dos «Filhos do Sol», ou uma tese análoga, que se sobre-
porá àquela, porque se situa na linha predominante do conceito à escala universal.
O Governo da República da China encontra-se a par da conjura? Dirige-se em segredo, ou ela
não passa ainda de uma manifestação oculta do colégio conjurado?
Desde há alguns anos, rumores persistentes indicam que observadores norte-americanos e sovi-
éticos teriam detectado misteriosas deslocações de «objetos não identificados» sobre a base militar
de Sin-Kiang.
A base está instalada numa zona severamente controlada por forças militares.
ACREDITAR NA MENTIRA
Que devemos pensar, nós seres humanos do século XX, acerca desta história fantástica, tão in-
crível perante o nosso raciocínio como o foi a intervenção dos «Filhos do Céu» nos tempos de Eno-
ch e Noé?8
Não foi sem escrúpulos e sem hesitações que integramos essa narrativa na nossa história secreta
da humanidade, correndo o risco de a desacreditar, se acaso a Central do Segredo Amarelo não pas-
sa de um mito como os fantasmas, o monstro de Loch Ness o perigo amarelo ou os OVNI.
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Jean Nocher, que não cessa de clamar contra a deterioração do Ocidente e contra o preconceito dos seus
contemporâneos relativamente ao
fantástico.
Quer seja autêntica ou falsa, hoje importa-nos pouco. O importante é que ela prefigura a verda-
de de amanhã.
CENTELHAS NO OCIDENTE
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Dois séculos para que ela ilumine a Terra e as suas nuvens, com o fogo-de-artifício do seu gê-
nio, seguido do seu apagamento inscrito nas tábuas do destino sob o nome sibilino de «Mistério da
Fênix».
Dois séculos para que se opere a passagem do testemunho entre o homem branco e o homem
amarelo, para que a rosa seja desfolhada e renasça pela madrugada, na era do Condor, profetizada
pelos povos da antiga América.
Sob estes auspícios, após milênios de experiências e aperfeiçoamentos para os povos do Oci-
dente, os tempos parecem chegados a que, à era caduca do privilégio e dos deuses Primeiro e Se-
gundo, deve suceder uma era de evolução para uma fraternidade universal, ainda longínqua e difícil,
mas que exige desde agora o alargamento de todos os conceitos e o estudo das diferentes verdades.
Procuramos uma chave que abrisse todas as fechaduras, revelando todos os mistérios, os do Gê-
nese, da Cabala, da Cavalaria e das civilizações desaparecidas.
Cremos ter descoberto um segredo primordial: desde a aurora da nossa civilização extraterres-
tre até à Central Amarela, que é tão-só a prefiguração da verdade futura, sempre existiu no subcons-
ciente dos povos a preocupação de preservar uma raça, senão mesmo a raça humana, contra uma de-
terioração física e psíquica.
Todas as demandas foram dirigidas neste sentido.
Nos nossos dias começa a esboçar-se um objetivo mais grandioso: a tomada de consciência uni-
versal no seio das nações ocidentais.
O homem quer evadir-se do seu pequeno mundo, das suas pequenas superstições, onde os pro-
blemas se resolvem puerilmente entre o Deus da Terra e os habitantes deste planeta.
Ele quer evadir-se do autoenvenenamento do racismo caduco, obscuro, para o substituir pelo
caráter cósmico da sua natureza.
Seguramente, o homem novo tenta preservar ainda, como válidos e pitorescos no plano fol-
clórico terrestre, as suas tradições, os seus costumes, a sua cor e o seu sangue e, talvez ainda, o seu
tipo racial. Todavia, já foi compreendido pelos pioneiros que existe uma verdade superior: os ho-
mens do planeta são cidadãos do mundo infinito.
Quer seja branco, amarelo ou negro, o homem de amanhã prosseguirá a sua busca a caminho
das estrelas.
9 Se os Chineses invadissem a Europa antes do ano 2000, na intenção de ganhar um espaço vital que lhes é
indispensável, seriam obri -
gados a destruir cem por cento dos brancos incapazes de assimilar o seu ritmo de trabalho e o seu
ascetismo social. A coexistência pacífica
seria impossível. A perspectiva de um conflito inesperado incita alguns contemporâneos a acreditar que a
China deverá pagar um pesado
contributo de sangue antes do ano 2000 ou transferirá o seu apogeu vencedor para o ano 2200.
A História Desconhecida dos Homens desde Há Cem Mil Anos, o
livro anterior de Robert Charroux, constitui um verdadeiro recensea-
mento do insólito terrestre. O seu objectivo era provar a existência de
Ancestrais Superiores. O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS vai
mais longe: Robert Charroux começa aqui a elaboração de uma histó-
ria «interdita» da Humanidade, apoiando as suas hipóteses sobre o
documento mais antigo do mundo: o Livro de Enoch. Enoch, como to-
dos os grandes patriarcas da Bíblia, era «filho de pais desconheci-
dos»; como eles foi conduzido «vivo» ao Céu: o Livro de Enoch con-
sagra, só ele, 105 capítulos aos «anjos» descidos do céu para despo-
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