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Objetivos de aprendizagem
Iniciando o tema
Quase sempre, quando converso com pessoas que apreciam a música como
um produto cultural essencial em suas vidas, dois temas estão sempre presentes: as
preferências pessoais e o reconhecimento das dificuldades para se viver da música.
O talento e a capacidade de nos expressarmos por meio de quem somos não está
em questão, a não ser a constatação de que o conhecimento e a profissionalização
são meios para produzirmos com qualidade, produtividade e alcançarmos a necessária
sustentabilidade econômico-financeira.
E que comece o espetáculo, pois, como dizem os poetas, “todo artista tem de ir
aonde o povo está” e “o show tem que continuar!”.
A diferença residiria não no assunto estudado pelas duas abordagens, mas pela visão que
cada uma possui do mesmo.
Lembre-se
Enquanto a indústria cultural nasceu de uma crítica feita por Theodor Adorno
e Max Horkheimer contra a banalização, padronização e comercialização de
obras artísticas na sociedade capitalista, a indústria criativa (ou setor criativo)
se refere aos aspectos positivos dessa mesma comercialização, afirmando que
ela permite que a arte possua sua valorização monetária no mercado, o que
ocorre desde o início da civilização.
Quanto ao consumo dos produtos do setor criativo, este é caracterizado por três
fatores principais: qualidade incerta, efeitos das influências sociais e o fenômeno da
demanda reversa. A qualidade incerta está relacionada à avaliação subjetiva dos produtos
da indústria criativa, já que esta avaliação depende do gosto de cada consumidor.
Especificamente com relação à indústria fonográfica, por exemplo, mas não apenas
nela, a tecnologia teve um impacto importante. A distribuição de músicas como produto
a ser consumido é um bom exemplo da dinâmica da economia criativa e sua relação com
a tecnologia.
Mas eu não pretendo me referir nessa Unidade apenas à música como produto
consumível, mas à toda a cadeia produtiva do mercado cultural da música, pois você
pode estudar seriamente música e suas atividades complementares, como engenharia,
produção, gestão, marketing, finanças etc. Ou seja, na cadeia produtiva da música,
conhecer de música pode oferecer muito mais oportunidades do que apresentar-se
artisticamente em um palco.
Finalizando esse primeiro tópico, vou relatar uma experiência pessoal. Sou pai de
dois filhos que, não por acaso, nasceram com diferentes talentos. Um deles, meu filho,
demonstrou cedo o talento para a música. O jovem cresceu, desenvolveu seu talento,
estudou no Conservatório de Música da cidade de Itajaí, conquistando certa expertise.
Ele poderia atuar, por exemplo, como compositor, intérprete, arranjador, produtor
musical, técnico de som, produtor de palco, produtor cultural, agente musical, com
marketing cultural, como professor de música etc.
Por essa razão, mas não apenas por ela, quero falar sobre a cadeia produtiva da
música, dentro de um contexto mais universal e, em particular, no contexto brasileiro,
com o propósito de dialogarmos sobre as inúmeras oportunidades para um profissional
com formação em música.
De acordo com a FIRJAN (2016, apud VIDIGAL; SIQUEIRA, 2017), o setor apresentou
um crescimento acumulado de quase 70% nos últimos 10 anos (FIRJAN, 2014), constituindo-
se em 3,5% da cesta de exportação brasileira (OAS, 2013), contribuindo com 11,4% de valor
econômico adicionado ao total geral da economia brasileira (IBGE, 2013), mobilizando
um mercado interno de aproximadamente US$ 10,6 bilhões (FGV PROJETOS, 2015).
Na prática
Assista ao documentário “Música ao lado”, de Karina Fogaça e Marcel Fracassi
(2016). O documentário aborda o contexto da música autoral brasileira por
meio da análise de pequenas casas de shows paulistanas, dos seus desafios e
da sua contribuição para a cadeia produtiva.
O primeiro desafio foi propor uma ação que tivesse como ponto central de atuação
a dimensão econômica das políticas públicas de cultura, sem abdicar de uma intervenção
que a subjugasse às dimensões simbólicas e cidadãs. Partindo de pesquisas acadêmicas
e estudos sobre essa economia, os autores apresentam a seguir propostas para uma
agenda, de maneira a possibilitar uma compreensão e atuação mais sistêmica na solução
de possíveis desafios.
Lembre-se
Assim como qualquer outro segmento da economia, o mercado da música
precisa se profissionalizar, adequar-se a uma sociedade mais informada,
exigente, plural e tecnologicamente conectada. Não há como fugir desse
desafio! Estudar, buscar novos conhecimentos, habilidades e desenvolver
competências, além das mais óbvias, é uma questão irrenunciável, inadiável.
Esse é o novo paradigma do mercado da música no Brasil.
Segundo os autores (2017), há ainda o desafio de gerar uma matriz capaz de conjugar
uma visão ampla sobre um fenômeno complexo como o da economia da música no país,
priorizando sua aplicação ao conjunto de ações a serem sugeridas visando dinamizar o
mercado da música.
Saiba mais
De acordo com o Sebrae (2015) em seu estudo “Música Tocando Negócios: um guia
para ajudar você a empreender na música”, o Ecossistema da Música pode ser definido
como:
Lembra quando eu disse que atuar no mercado da música é muito mais diverso
do que apenas pensar no artista no palco? Na verdade, há uma “cadeia produtiva”, um
conjunto de atividades conexas e complementares à atividade musical, demandando
uma necessidade de qualificação e profissionalismo para se tornar próspera. Estas são as
atividades indicadas pelo documento do Sebrae:
• atividades de rádio;
• ensino de música.
Saiba mais
Finalizando o Tema
Posso afirmar, sem qualquer receio, que, ao contrário do que se possa pensar,
profissionalismo, materializado no conhecimento, na técnica, e no uso da tecnologia,
nada tem a ver com a substituição a desvalorização do talento musical. Ao contrário,
ser um idealista pragmático é uma obrigação de qualquer profissional que queira vencer
nesse mercado.
Este é o paradigma que deve orientar e animar nossos esforços na busca de carreiras
sustentáveis econômica e financeiramente, sem que se tenha que subjugar a qualidade,
seja o que isso signifique para você.
Referências