Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
História da
Arquitetura e Urbanismo
Governador
Cid Ferreira Gomes
Vice Governador
Domingos Gomes de Aguiar Filho
Secretária da Educação
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Secretário Adjunto
Maurício Holanda Maia
Secretário Executivo
Antônio Idilvan de Lima Alencar
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................................02
2. HISTÓRIA DA ARQUITETURA............................................................................................02
2.1 Pré – História.......................................................................................................................... 02
2.1.1 Arquitetura Neolítica..............................................................................................................02
2.2 Civilizações antigas..................................................................................................................04
2.2.1 Divisões da Arquitetura na Antiguidade.................................................................................04
2.2.2 Antiguidade clássica................................................................................................................11
2.3 Idade Média..............................................................................................................................12
2.3.1 Estilos medievais.....................................................................................................................12
2.4 Idade Moderna..........................................................................................................................15
2.4.1 Renascimento...........................................................................................................................15
2.4.2 Maneirismo..............................................................................................................................17
2.4.3 Arquitetura Barroca.................................................................................................................17
2.4.4 Arquitetura Neoclássica...........................................................................................................18
2.5 Idade Contemporânea..............................................................................................................19
2.5.1 Século XIX..............................................................................................................................19
2.5.2 Século XX................................................................................................................................20
2.5.3 Arquitetura Contemporânea.....................................................................................................21
3. ARQUITETURA BRASILEIRA...............................................................................................22
3.1 Arquitetura indígena................................................................................................................23
3.2 Séculos XVI e XVII..................................................................................................................23
3.3 Século XVIII: Barroco e rococó..............................................................................................25
3.4 O século XIX e a transição para o século XX........................................................................27
3.4.1 Neoclassicismo.......................................................................................................................27
3.4.2 Romantismo e Ecletismo........................................................................................................29
3.4.3 Neogótico...............................................................................................................................30
3.5 Século XX.................................................................................................................................31
4. BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................. ....32
1. INTRODUÇÃO
Arquitetura é a arte ou ciência de projetar espaços organizados, por meio do agenciamento urbano
e da edificação, para abrigar os diferentes tipos de atividades humanas. Seguindo determinadas regras,
tem como objetivo criar obras adequadas a seu propósito, visualmente agradáveis e capazes de provocar
um prazer estético.
A história da arquitetura é uma subdivisão da história da arte, responsável pelo estudo da evolução
histórica da arquitetura, seus princípios, idéias e realizações. Esta disciplina, assim como qualquer outra
forma de conhecimento histórico, está sujeita às limitações e potencialidades da história enquanto ciência:
existem diversas perspectivas em relação ao estudo da arquitetura, a maior parte das quais ocidentais.
Nos primórdios da História, egípcios e sumérios já dispunham dos elementos fundamentais de
uma arquitetura artística. Em palácios e templos, os babilônios, hititas e persas levaram a arquitetura a um
nível majestoso. Mas foram os gregos que superaram a arte oriental e egípcia com um gênio criador que
até hoje pode ser admirado no Partenon de Atenas e em outros vestígios.
2. HISTÓRIA DA ARQUITETURA
Dos tijolos de barro seco ao concreto armado, das casas mais primitivas aos arranha-céus, das
primeiras tumbas sagradas às grandiosas catedrais européias, de pequenos vilarejos pré-históricos às ilhas
artificiais, o arquiteto continua contando a história do Planeta Terra, em linhas, texturas e cores.
Os primeiros homo sapiens refugiavam-se nos lugares que a natureza lhes oferecia, podendo ser
Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e 2
Urbanismo
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Mas é somente no final do neolítico e início da idade do bronze que surgem as primeiras
construções de pedra, entre os povos do Mediterrâneo e os da costa atlântica. Esses monumentos colossais
tinham a função de templo ou túmulo, não se tratando de moradias.
• Arquitetura Egípcia
Os egípcios demonstram nas suas manifestações artísticas uma profunda religiosidade de maneira
que o sexo deveria ser feito na frente de todo povo do grupo. Eles por sua vez, retratavam o homem
liberando seu material genético e também a mulher. A primeira pirâmide, "pirâmide de degraus", é
construída pelo arquiteto Imhotep, como tumba de Djoser, fundador da III dinastia, emSaqqarah. A
chamada pirâmide de degraus não passa, na realidade, de uma construção constituída de túmulos
primitivos (mastabas), cujas formas se assemelhavam a um tronco de pirâmide, que continuaram a ser
construídas para tumbas de nobres e outros grandes funcionários do Estado.
As pirâmides mais conhecidas são Quéops, Quéfren e Miquerinos, da IV dinastia, já com a
forma geométrica que conhecemos, apontadas pelo poeta grego Antípatro no século II a.C. como uma
das sete maravilhas do mundo antigo.
• Arquitetura Assíria
A história da arte primitiva assíria data do século XVIII ao XIV a.C., mas é pouco conhecida. A
arte do período assírio médio ou mesoassírio (1350 a.C. a 1000 a.C.) mostra sua dependência das
tradições estilísticas babilônicas. Os temas religiosos são apresentados de uma forma solene e as cenas
profanas, de maneira mais naturalista. O zigurate foi a principal forma de arquitetura religiosa assíria e o
uso de tijolos vitrificados policromáticos, muito comum nessa fase.
A arte assíria genuína teve sua época fulgurante no período neoassírio ou período assírio tardio
(1000-612 a.C.). Com Assurbanipal II, que converteu a cidade de Nimrud (antiga Calah da Bíblia) em
capital militar. Dentro de seus muros, encontravam-se a cidadela e as principais construções reais, como o
palácio do noroeste, decorado com esculturas em relevo. Sargon II, que reinou entre 722 e 705 a.C., criou
uma cidade de planta nova, Dur Sharrukin (atual Jorsabad), que estava rodeada por uma muralha com sete
portas, três delas decoradas com relevos e tijolos vitrificados. No interior, erguia-se o palácio de Sargon,
um grande templo, as residências e os templos menores. Seu filho e sucessor, Senaqueribe, que reinou
entre os anos de 705 e 681 a.C., mudou a capital para Nínive, onde construiu seu próprio palácio, o qual
denominou “palácio sem rival”. Os assírios adornaram seus palácios com magníficos relevos esculturais.
A arte dos entalhadores de selos do último período assírio é uma combinação de realismo e
mitologia. Mesmo nas cenas naturalistas, aparecem símbolos dos deuses. Datam desse período, em
Nimrud e em Jorsabad, fabulosas esculturas de marfim. Na primeira, foram encontradas milhares de
pequenas figuras de elefantes, que manifestam uma grande variedade de estilos.
• Arquitetura Babilônica
A Babilônia era uma cidade-estado da Mesopotâmia. Não se sabe extamente quando ela foi
fundada, calcula-se que tenha sido por volta de 4.000 a. C. A Mesopotâmia, nome grego que significa
“entre rios” é uma região localizada no Oriente Médio, delimitado entre os vales dos rios Tigre e Eufrates,
ocupado pelo atual território do Iraque e terras próximas.
A arquitetura Babilônica, caracterizou-se pelo exibicionismo e pelo luxo. Construíram templos e
palácios, que eram considerados cópias dos existentes nos céus. Os povos mesopotâmicos foram célebres
trabalhadores de blocos de argila, conhecidos como adobes. A argila era encontrada em abundância para a
fabricação de tijolos. Os adobes eram blocos prismáticos de barro seco ao sol, com aproximadamente 35
cm de comprimento. Era costume dispô-los ainda úmidos, de forma que, ao secarem, constituíssem blocos
compactados.
A partir do IV milênio costumava-se esmaltar a face externa dos tijolos para preservar as paredes
de umidade. Raras vezes se utilizava a argamassa de cal para a fixação ou o betume. A escassez e a má
qualidade da pedra que se tinha determinaram a sua pouca utilização como material de construção. A
pedra e a madeira precisavam ser importadas.
As cidades eram planejadas com uma planta quadrada, e possuíam muralhas defensivas, resultado
da necessidade de evitar invasões e dominações por outros povos. As muralhas eram construídas com
barro cru com cerca de 6 a 8 metros de espessura, estucadas e decoradas com cenas das vidas dos Reis. As
muralhas construídas por Nabucodonosor, para proteger a cidade era tão larga, que acreditasse que sobre
elas podia se utilizar carros.
Outra construção característica deste povo são os zirigutes, templos edificados no alto de uma
torre de tijolos. Um zirigute é uma forma de templo, construído na forma de pirâmides terraplanadas. O
formato era o de vários andares construídos um sobre o outro, com o diferencial de cada andar possuir
Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e 6
Urbanismo
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
área menor que a plataforma inferior sobre a qual foi construído. As plataformas poderiam ser
retangulares, ovais ou quadradas, e seu número variava de dois a sete.
O centro do zirigute era feito de tijolos queimados, muito mais resistentes, enquanto o exterior da
construção mostrava adornos de tijolos cozidos ao Sol, mais fáceis de serem produzidos, porém menos
resistentes. Os adornos normalmente eram envidraçados em cores diferentes. O acesso ao templo, situado
no topo do zirigute, se fazia por uma série de rampas construídas no flanco da construção ou por uma
rampa espiralada que se estendia desde a base até o cume do edifício. Provavelmente só os sacerdotes
tinham acesso à torre, que tanto podia ser um santuário, como um local de observações astronômicas.
Figura 5 – Zirigutes
A Torre de Babel, segundo a narrativa bíblica de Gênesis, foi uma torre construída por um povo
com o objetivo que o cume chegasse ao céu, para chegarem a Deus e estarem mais perto dele. Isto era
uma afronta dos homens para Deus, pois eles queriam se igualar a Deus. Parou o projeto e fez com que a
torre ruísse, depois castigou os homens de maneira que estes falassem várias línguas para que os homens
nunca mais se entendessem e não pudessem voltar a construir uma torre. Esta história é usada para
explicar a existência de muitas línguas raças e diferentes.
• Arquitetura Etrusca
Os etruscos vieram da Ásia Menor e fixaram-se na Itália Central. Deixaram como legado
necrópoles, cidades e sítios arqueológicos de grande beleza. A arte etrusca exerceu grande influência na
cultura romana. A dinastia etrusca dos Tarqüínios, que vai de 616 a 509 a.C., exerceu influência decisiva
na história de Roma, que era então um conjunto de aldeias, e transformou-se numa cidade cercada de
muralhas dominada pelo Capitólio. Os etruscos foram assim os fundadores de Roma, à qual legaram
Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e 7
Urbanismo
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
• Arquitetura Minóica
As casas eram retangulares, externamente amplas, com o interior dividido em muitos cômodos
pequenos. Os palácios eram estruturas complexas, com diversos cômodos ligados por sinuosos
corredores. As paredes eram frequentemente adornadas por representações de animais, festejos ou figuras
geométricas, com ênfase em cores vivas.
• Arquitetura Micênica
A civilização micênica imitou muito de longe a arte cretense, mas a sua arquitetura apresentou traços
próprios: construções longas e retangulares e caráter de monumentalidade com tom militar nas suas
construções com cidades amuralhadas. As paredes de seus palácios eram decoradas com pinturas, onde
constava guerreiros, cenas de caça e desfiles de carros. Manifesta influencia cretense mais na forma do
que na decoração, mas as pinturas revelam uma intenção de caráter narrativo e não só ornamental. Os
temas marinhos persistem. A arte dos micenenses era pouco expressiva e se resumia a cerâmica e
armamentos em metais, inexplicavelmente passaram a enterrar os mortos em túmulos com forma de
colméia e a construir palácios como verdadeiras fortalezas rodeadas por muros e pedras.
• Arquitetura Persa
A arquitetura persa recebeu influência assíria, babilônica, egípcia e grega. Toda a vasta produção
artística (arquitetura, baixo-relevo, alto-relevo) é fruto da fusão das concepções artísticas dos povos com
os quais entraram em contato. A arquitetura foi a arte mais desenvolvida, onde se destacam as construções
do "Palácio de Ciro", e o "Palácio de Dario", em Persépolis.
• Arquitetura Suméria
Os sumérios desenvolveram sua civilização na região sul da Mesopotâmia, entre os rios Eufrates e
Tigre (área integrante do Crescente Fértil). Habitaram esta região, conhecida como Suméria, entre os anos
4000 e 1950 a.C.
Os sumérios destacaram-se na elaboração de projetos e construção de um complexo e
desenvolvido sistema de controle de água do Tigre e Eufrates. Construíram barragens, sistemas de
drenagem do solo, canais de irrigação e diques. A armazenagem da água era muito importante para a
sobrevivência das cidades sumérias.
A arquitetura e o urbanismo praticados pelos gregos e romanos destacava-se bastante dos egípcios
e babilônios na medida em que a vida cívica passava a ganhar importância. A cidade torna-se o elemento
principal da vida política e social destes povos: os gregos desenvolveram-se em cidades-estado e
o Império Romano surgiu de uma única cidade. Durante os períodos e civilizações anteriores, os assuntos
religiosos eram eles mesmos o motivo e a manutenção da ordem estabelecida; no período greco-romano o
mistério religioso ultrapassou os limites do templo-palácio e tornou-se assunto dos cidadãos (ou da pólis):
surge aí a palavra política, absolutamente relacionada à idéia de cidade. Enquanto os povos anteriores
desenvolveram apenas as arquiteturas militar, religiosa e residencial, os gregos e romanos foram
responsáveis pelo desenvolvimento de espaços próprios à manifestação da cidadania e dos afazeres
cotidianos: a ágora grega definia-se como um grande espaço livre público destinado à realização de
assembléias, rodeada por templos, mercados, e edifícios públicos. O espaço da ágora tornara-se um
símbolo da nova visão de mundo que incluía o respeito aos interesses comuns e incentivador do debate
entre cidadãos, ao invés da antiga ordem despótica.
Os assuntos religiosos, contudo, ainda possuíam um papel fundamental na vida mundana, mas
agora foram incorporados aos espaços públicos da pólis. Os rituais populares tomavam lugar em espaços
construídos para tal, em especial a acrópole. Cada lugar possuía a sua própria natureza (genius locci),
inseridos em um mundo que convivia com o mito: os templos passaram a ser construídos no topo das
colinas (criando um marco visual na cidade baixa e possibilitando um refúgio à população em tempos de
guerra) de forma a tocar os céus.
Durante praticamente todo o período medieval, a figura do arquiteto (como sendo o criador
solitário do espaço arquitetônico e da construção) não existe. A construção das catedrais, principal esforço
construtivo da época, é acompanhada por toda a população e insere-se na vida da comunidade ao seu
redor. O conhecimento construtivo é guardado pelas corporações, as quais reuniam dezenas de mestres-
obreiros (os arquitetos de fato) que conduziam a execução das obras, mas também as elaboravam.
A Cristandade definiu uma visão de mundo nova, que não só submetia a vontade humana aos
desígnios divinos como esperava que o indíviduo buscasse o divino. Em um primeiro momento, e devido
às limitações técnicas, a concepção do espaço arquitetônico dos templos volta-se ao centro, segundo um
eixo que incita ao percurso. Mais tarde, com o desenvolvimento daarquitetura gótica, busca-se alcançar os
céus através da indução da perspectiva para o alto.
❧ Arquitetura paleocristã
Até à declaração de liberdade de culto, a arte cristã não tinha uma tipologia arquitetônica própria,
optando por celebrar o seu culto em lugares pouco relevantes. Com o Édito de Milão, Constantino apóia a
construção de templos próprios, em Roma, Milão, Ravena, de modo a divulgar a nova religião e acolher o
crescente número de convertidos.
❧ Arquitetura visigótica
Algumas das características da arquitetura visigótica são: Arcos em forma de ferradura sem pedras
de fecho, ábside retangular exterior, uso de colunas e pilares com capitéis coríntios de desenho particular,
abóbodas com cúpulas nos cruzamentos, paredes em blocos alternando com tijolos e decoração com
motivos vegetais e animais.
❧ Arquitetura moçárabe
As comunidades moçárabes mantiveram alguns templos visigóticos que eram mais antigos que a
ocupação árabe para a prática de seus ritos religiosos e raramente construíram novos templos porque a
autorização para sua construção era limitada.
A construção mais importante é a Igreja de Santa María de Melque. Outros são: Mosteiro de San
Miguel de Escalada e o Mosteiro de San Juan de la Peña.
❧ Arquitetura bizantina
Chama-se arquitetura bizantina aquela desenvolvida pelo Império Bizantino (assim chamado como
referência a Bizâncio a capital do império romano no oriente) durante a Idade Média (atualmente será
mais correto denominar este período Antiguidade Tardia ( a dita decadência romana) e não Idade Média)
como desenvolvimento da arquitetura romana.
O estilo caracteriza-se pelos mosaicos vitrificados e pelos ícones, pinturas sacras normalmente
feitas sobremadeira, com disposição tríptica.
A arquitetura é marcada pelo processamento das várias influências estéticas recebidas pelo
Império Bizantino. Também se destacou no desenvolvimento da engenharia e de técnicas construtivas
arrojadas, tendo sido responsável pela difusão de novas formas e tipologias de cúpulas.
❧ Arquitetura mourisca
Arte moura ou mourisca é a arte islâmica do norte da África e da Península Ibérica. Governantes
islâmicos dominaram a Espanhadesde o século VIII até 1492, quando foram expulsos definitivamente.
Duas construções notáveis datam deste período: a mesquita de Córdoba (hoje catedral) e o palácio de
Alhambra, em Granada.
❧ Arquitetura românica
❧ Arquitetura gótica
Com o gótico, a arquitetura ocidental atingiu um dos pontos culminantes da arquitetura pura.
Asabóbadas cada vez mais elevadas e maiores, não se apoiavam em muros e paredes compactas e sim
sobre pilastras ou feixes de colunas. Uma série de suportes que eram constituídos
porarcobotantes e contrafortes possuíam a função de equilibrar de modo externo o peso excessivo das
abóbadas. Desta forma, imensas paredes espessas foram excluídas dos edifícios de género gótico e foram
substituídas por vitrais e rosáceas que iluminavam o ambiente interno.
O estilo gótico ficou marcado em muitas catedrais europeias, entre elas a de Notre-
Dame,Chartres, Colônia e Amiens, a maioria classificada como Patrimônio Mundial da UNESCO. Muitas
catedrais góticas caracterizam-se pelo verticalismo e majestade, denominando-se durante a Idade Média,
como supremacia e influência para a população.
Com o fim da Idade Média a estrutura de poder européia modifica-se radicalmente. Começam a
surgir os estados-nacionais e, apesar da ainda forte influência da Igreja Católica, o poder secular volta a
subjugá-la, especialmente com as crises decorrentes da Reforma Protestante.
Antigos tratatos arquitetônicos romanos são redescobertos pelos novos arquitetos, influenciando
profundamente a nova arquitetura. A relativa liberdade de pesquisa científica que se obteve permitiu
algum avanço nas técnicas construtivas, permitindo novas experiências e a concepção de novos espaços.
Algumas regiões italianas, e Florença em especial, devido ao controle das rotas comerciais que
levavam a Constantinopla, tornam-se as grandes potências mundiais e é nelas que se desenvolveram as
condições para o desenvolvimento das artes e das ciências.
2.4.1 Renascimento
Com o desenrolar do Renascimento e o constante estudo e aplicação dos ideais clássicos, começa a
surgir entre os artistas do período um certo sentimento anticlássico, ainda que suas obras continuassem,
em essência, predominantemente clássicas. Neste momento, surge aquele que foi chamando
de maneirismo.
- São constantes as referências visuais em espaços internos aos elementos típicos da composição de
espaços externos: janelas que se voltam para dentro, tratamento de escadas externas em alas interiores de
edifícios, etc.
O barroco surge no cenário artístico europeu em dois contextos bastante claros durante o século
XVII: primeiramente havia a sensação de que, com o avanço científico representado pelo Renascimento,
o classicismo, ainda que tivesse alavancado este progresso, não mais tinha condições de oferecer todas as
respostas necessárias às dúvidas do Homem. O Universo não era mais o mesmo, o mundo havia se
expandido e o indivíduo sentia querer experimentar um novo tipo de contato com o divino e o metafísico.
As formas luxuriantes do barroco, seu espaço elíptico, definitivamente antieuclidiano, foram uma resposta
a estas necessidades.
O segundo contexto é o da Contra-Reforma promovida pela Igreja Católica. Com o avanço das
igrejas protestantes, a antiga ordem romana cristã (que, em certo sentido, havia incentivado o advento do
mundo renascentista) estava sendo suplantada por novas visões de mundo e novas atitudes perante o
Sagrado. A Igreja sentiu a necessidade de renovar-se para não perder os fiéis, e viu na promoção de uma
nova estética a chance de identificar-se neste novo mundo. As formas do barroco foram promovidas pela
instituição em todo o mundo (especialmente nas colônias recém-descobertas), tornando-o o estilo
católico, por excelência.
No fim do século XVIII e início do XIX, a Europa assistiu a um grande avanço tecnológico,
resultado direto dos primeiros momentos da Revolução Industrial e da cultura iluminista. Foram
descobertas novas possibilidades construtivas e estruturais, de forma que os antigos materiais (como
a pedra e a madeira) passaram a ser substituídos gradativamente pelo concreto (betão) (e mais tarde
pelo concreto armado) e pelo metal. Paralelamente, profundamente influenciados pelo contexto cultural
do Iluminismo europeu, os arquitetos do século XVIII passaram a rejeitar a religiosidade intensa da
estética anterior e o exagero luxuriante do barroco. Buscava-se uma síntese espacial e formal mais
Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e 18
Urbanismo
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
racional e objetiva, mas ainda não se tinha uma idéia clara de como aplicar as novas tecnologias em uma
nova arquitetura. Inseridos no contexto doneoclassicismo nas artes, aqueles arquitetos viram na clássica a
arquitetura ideal para os novos tempos.
As cidades passam a crescer de modo inédito e novas demandas sociais relativas ao controle do
espaço urbano devem ser respondidas pelo Estado, o que acabará levando ao surgimento
do urbanismo como disciplina acadêmica. O papel da arquitetura (e do arquiteto) será constantemente
questionado e novos paradigmas surgem: alguns críticos alegam que surge uma crise na produção
arquitetônica que permeia todo o século XIX e somente será resolvida com o advento da arquitetura
moderna.
Todo o século XIX assistirá a uma série de crises estéticas que se traduzem nos movimentos
chamados revivalistas: ou pelo fato das inovações tecnológicas não encontrarem naquela
contemporaneidade uma manifestação formal adequada, ou por diversas razões culturais e contextos
específicos, os arquitetos do período viam na cópia da arquitetura do passado e no estudo de
seus cânones e tratados uma linguagem estética legítima de ser trabalhada. O primeiro destes movimentos
foi o já citado neoclássico, mas ele também vai se manifestar na arquitetura neogótica inglesa,
profundamente associada aos ideais românticos nacionalistas. Os esforços revivalistas que aconteceram
principalmente na Alemanha, França, Inglaterra, por razões especialmente ideológicas, viriam mais tarde
a se transformar em um mero conjunto de repertórios formais e tipológicos diversos, que evoluiriam para
o ecletismo, considerado por muitos como o mais decadente e formalista entre todos os estilos históricos.
2.5.2 Século XX
Logo nas primeiras décadas do século XX tornou-se muito clara uma distinção entre os arquitetos
que estavam mais próximos das vanguardas artísticas em curso na Europa e aqueles que praticavam uma
arquitetura ligada à tradição (em geral de características historicistas, típica do ecletismo). Ainda que estas
duas correntes estivessem, em um primeiro momento, cheias de nuances e meios-termos, com a atividade
"revolucionária" proposta por determinados artistas, e principalmente com a atuação dos arquitetos
ligados à fundação da Bauhaus na Alemanha, com a Vanguarda Russa na União Soviética e com o novo
pensamento arquitetônico proposto porFrank Lloyd Wright nos EUA e Le Corbusier na Europa (sendo
forte fator definitivo da Arquitetura Moderna no Brasil, em especial através da obra de Oscar
Niemeyer e Lúcio Costa), a cisão entre elas fica bastante nítida e o debate arquitetônico se transforma, de
fato, em um cenário povoado de partidos e movimentos caracterizados como tal.
De uma forma geral, as novas teorias que se discutem a respeito da arte e do papel do artista vêem
na indústria (e na sociedade industrial como um todo) a manifestação máxima de todo o trabalho artístico:
artificial, racional, preciso, enfim, moderno. A idéia de modernidade surge como um ideário ligado a uma
nova sociedade, composta por indivíduos formados por um novo tipo de educação estética, gozando de
novas relações sociais, na qual as desigualdades foram superadas pela neutralidade da razão. Este
conjunto de idéias vê na arquitetura a síntese de todas as artes, visto que é ela quem define e dá lugar aos
acontecimentos da vida cotidiana. Sendo assim, o campo da arquitetura abarca todo o ambiente habitável,
desde os utensílios de uso doméstico até toda a cidade: para a arte moderna, não existe mais a
questão artes aplicadas x artes maiores (todas elas estão integradas em um mesmo ambiente de vida).
A arquitetura moderna será, portanto, caracterizada por um forte discurso social e estético de
renovação do ambiente de vida do homem contemporâneo. Este ideário é formalizado com a fundação e
evolução da escola alemã Bauhaus: dela saem os principais nomes desta arquitetura. A busca de uma nova
sociedade, naturalmente moderna, era entendida como universal: desta maneira, a arquitetura influenciada
pela Bauhaus se caracterizou como um algo considerado internacional (daí a corrente de pensamento
associada a ela ser chamadainternational style, título vindo de uma exposição promovida
no MoMA de Nova Iorque).
A arquitetura praticada nas últimas décadas tem se caracterizado, de uma forma geral, como
reação às propostas da arquitetura moderna: ora os arquitetos atuais relêem os valores modernos e
propõem novas concepções estéticas (o que eventualmente se caracterizará como uma atitude dita
"neomoderna"); ora eles propõem projetos de mundo radicalmente novos, procurando apresentar projetos
que, eles próprios, sejam paradigmas antimodernistas, conscientemente desrespeitando os criticados
dogmas do modernismo.
Durante a década de 1980 a revisão do espaço moderno evoluiu para a sua total desconstrução, a
partir de estudos influenciados (especialmente) por correntes filosóficas como o desconstrutivismo.
Apesar de altamente criticada, esta linha de pensamento estético também se manteve restrita aos estudos
teóricos e, na década de 1990, seduziram o grande público e se tornaram sinônimo de uma "arquitetura de
vanguarda". Nomes como Rem Koolhaas, Peter Eisenman e Zaha Hadid estão ligados a este movimento.
O arquiteto norte-americano Frank Gehry, apesar de ser apontado pela grande mídia como arquiteto
desconstrutivo, tem sua obra criticada pelos próprios membros do movimento.
3. ARQUITETURA BRASILEIRA
A arquitetura do Brasil, desenvolvida através dos séculos desde o início de sua colonização, foi
diretamente influenciada pelos diversos povos que formam o povo brasileiro e pelos diversos estilos
arquitetônicos vindos do exterior.
A história da arquitetura brasileira é restrita aos cinco séculos após a descoberta, pois o período
pré-cabralino não temos como reconstituir.
A arquitetura indígena é baseada nas convicções mágicas que tinham tanto para a moradia quanto
para o conjunto urbano. A disposição geométrica de uma aldeia visa funcionalidade, mas também é
orientada pelo gosto. Uma aldeia circular, com orientação norte-sul, tendo como eixo a casa central
servindo de passagem e como espaço de reuniões, seu conceito é a “aldeia do além”: assim, o arco da
existência supera o tempo e o trânsito terreno em função do infinito. Esta filosofia governa os atos de
viver, as expressões plásticas e mais ainda a poesia, compondo uma cultura bem definida.
No Brasil de 1500 foram encontradas construções autóctones, que não serviram de inspiração para
as novas construções religiosas. Mas elementos indígenas e algumas técnicas construtivas foram
encontrados em objetos de ornamentação, como na mesa de comunhão da capela colonial de São Miguel
Paulista (1622).
Padroado: “direito de conquista” – acordo entre Portugal e a Ordem de Cristo. Estas instituições
estabelecem o “padrão” das armas reais e a cruz ligadas entre si, e também condicionou a construção de
igrejas e conventos.
Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e 23
Urbanismo
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
considerada um dos melhores exemplares deste estilo. Foi iniciada em 1694 e terminada em 1800,
passando por vários artesãos. Além do altar mór, o templo possui oito altares laterais, com imagens
entalhadas.
Chegando com certo atraso em relação aos desenvolvimentos estéticos europeus, o barroco
começou a ser notado no Brasil a partir do século XVII, nos centros de Salvador e São Paulo,
gradualmente se disseminando para o resto do país, alcançando desde o Pará até o extremo sul, e
penetrando pelo interior até Goiás e Mato Grosso. O barroco criou um extenso acervo de arte e arquitetura
no Brasil, de alta qualidade, e tornou-se de certa forma típico de todo o período colonial, levando a certos
autores o nomearem de "a alma do Brasil".Sua influência se estenderia até o século XIX, como se pode
constatar nas edificações perfeitamente barrocas de igrejas como a antiga Igreja de Nossa Senhora do
Rosário, em Porto Alegre, datada de 1817, ou o exemplo ainda mais tardio da Igreja de Nossa Senhora da
Conceição, na mesma cidade, cuja construção iniciou em 1851, embora já com alguns traços neoclássicos,
especialmente na decoração interna. Outros exemplos tardios são a Igreja de Nossa Senhora do Rosário
dos Pretos de Goiânia, cuja fachada só foi concluída em 1836, e a grande Igreja da Candelária, só
concluída em 1877 seguindo um projeto do século anterior.
Este estilo, cujos maiores expoentes são edifícios religiosos, com o tempo foi-se modificando,
passando de uma arquitetura sólida e austera derivada da herança quinhentista, com frontões discretos,
torres com coroamento piramidal simples e frontispícios pouco elaborados, até chegar a uma fase onde as
fachadas e interiores recebem ornamentação muito mais movimentada e com grande riqueza e requinte
nos detalhes.
Da primeira fase podem-se citar alguns exemplos no Mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro,
na Igreja de Nossa Senhora do Desterro (Olinda), na Catedral de Salvador, na Igreja de Nossa Senhora do
Carmo (Goiânia). Já em transição para um estilo mais rebuscado é a exemplar Igreja de São Francisco de
Salvador, cujo interior é um dos mais ricos em talha em todo o país. Em João Pessoa os franciscanos
deixaram o primeiro templo puramente barroco, em seu Convento e Igreja.
Da segunda fase, cujo final já é rococó, temos magníficos exemplos em várias partes do Brasil,
especialmente em Salvador, Recife e no estado de Minas Gerais, onde brilhou o arquiteto e
escultorAleijadinho, oferecendo soluções originais como plantas em elipse, fachadas curvas e torres
circulares. Alguns templos barrocos de grande significado são:
❧ No Recife: a Igreja de Santo Antônio, a Basílica de Nossa Senhora do Carmo, cuja fachada é
discreta mas cujo interior tem uma das mais exuberantes decorações rococós do país, a Matriz de
Santo Antônio, igualmente com esplêndida talha nos altares.
❧ Em Minas Gerais: a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, a Matriz de Nossa Senhora do Pilar,
a Igreja de Nossa Senhora do Carmo e a originalíssima Igreja de São Francisco, talvez a obra máxima
de Aleijadinho, todas estas em Ouro Preto. Diversas outras cidades mineiras possuem exemplares
significativos de arquitetura rococó, entre elas Sabará, Serro, Mariana, e sobretudo Congonhas, onde
existe o grande complexo arquitetônico do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos.
❧ No Rio de Janeiro: Igreja do Carmo, e a discreta mas mui graciosa Igreja de Nossa Senhora da
Glória do Outeiro.
Na arquitetura civil o barroco deixou relativamente poucos edifícios de maior vulto. As residências
se caracterizam por apresentarem fachadas de um ou dois pavimentos (em alguns centros importantes
como Salvador e São Luís podendo chegar a quatro pavimentos), com aberturas simples em arco abatido
ou retangulares, emolduradas em madeira, mais raramente em pedra, e um telhado igualmente simples
com beiral, às vezes com alguma ornamentação discreta como uma suave curvatura e telhas em bico nos
cantos do telhado e sacadas com gradis de ferro trabalhado.
Famílias ricas podiam construir solares mais amplos e ornamentados, com azulejos na fachada,
arcadas e alguma estatuária decorativa, como exemplificam o Palácio do Conde dos Arcos e do Solar do
Saldanha em Salvador. Também nas fazendas do interior sobrevivem alguns casarões senhoriais de grande
interesse, alguns de grandes dimensões, como a casa-grande do Engenho da Freguesia, no Recôncavo
Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e 26
Urbanismo
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Baiano, embora sua arquitetura em linhas gerais seja bastante simples, com um prédio principal de
residência do proprietário e outros anexos para a senzala, depósitos de ferramentas e alimentos, abrigos
para animais e casinhas para os lavradores. Caso singular em um gênero diverso é o Aqueduto da carioca,
uma grande obra civil para condução de água erguido entre os séculos XVII e XVIII, localizada no Rio de
Janeiro, com 270 m de extensão e 17 m de altura.
Dos prédios oficiais poucos sobreviveram sem alterações. Um dos mais significativos é a antiga
Casa da Câmara e Cadeia de Ouro Preto, hoje o Museu da Inconfidência, com uma rica fachada onde há
um pórtico com colunas, escadaria de acesso, uma torre, estátuas ornamentais e estrutura em cantaria.
Também importante é o Paço Imperial no Rio, antiga residência da família real.
Cidades como Salvador, Olinda, São Luís no Maranhão, Goiás Velho, e diversas em Minas Gerais,
notadamente Ouro Preto e Diamantina, ainda preservam numerosos exemplares de arquitetura civil e
religiosa típicas do barroco colonial em seus centros históricos, que foram declarados Patrimônio
Mundial pela UNESCO em vista de sua importância histórica e arquitetônica.
3.4.1 Neoclassicismo
O Neoclassicismo é reputado como tendo sido oficialmente introduzido no Brasil pela Missão
Francesa de 1816, embora elementospalladianos possam ser notados desde o século anterior no norte do
país com a atuação do arquiteto Antônio José Landi, autor dentre outras obras da Catedral Metropolitana
de Belém, datada de 1755, e traços neoclássicos já estão presentes nas obras arquitetônicas doMestre
Valentim, atuando no Rio. Contudo, é certo que a Missão desempenhou um papel crucial na difusão dos
ideais neoclássicos a partir da capital, incentivada pela necessidade de se reorganizar a planta urbana do
Rio após a chegada da família real portuguesa.
A Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios fundada sob influência dos franceses incluía um curso
completo de arquitetura, passando a ser ministrado efetivamente em 1826 na Aula de Arquitetura
Civil por Grandjean de Montigny, sendo, depois da Aula de Fortificações de Salvador e da Real
Academia de Artilharia Fortificação e Desenho do Rio de Janeiro, a terceira escola regular de ensino
arquitetônico a ser fundada no Brasil. O próprio projeto do edifício-sede era uma expressão pura do
neoclássico francês em seu desenho, com fachada simétrica e um grande portal centralizado em ordem
jônica, mas infelizmente apenas este elemento sobreviveu até nossos dias, instalado no Jardim Botânico
do Rio de Janeiro.
Mesmo tendo a Missão Francesa esta função de divisor de águas na história da arquitetura
brasileira, seria ingênuo supor que a herança anterior deixasse subitamente de influir na técnica e na
estética das construções desta primeira metade do século XIX, especialmente em locais afastados da corte
carioca.
De qualquer forma o barroco colonial iria gradualmente extinguindo sua presença e a corrente
neoclássica ganharia predominância, com um centro difusor principal, o Rio de Janeiro, onde o estilo
oficial seria basicamente uma importação na íntegra de referenciais estrangeiros, incluindo os materiais de
construção e os artífices, e o interior do país, onde as circunstâncias geográficas, sociais e econômicas
obrigaram à criação de um estilo simplificado, provinciano e superficial.
Não obstante seu debatido mérito, o neoclassicismo deixaria diversos exemplos significativos em
vários pontos do Brasil. Pode-se citar o Palácio Real da Quinta da Boa Vista e a Santa Casa de
Misericórdia no Rio, o Teatro de Santa Isabel em Recife, o antigo Palácio de Verão de Dom Pedro II, hoje
o Museu Imperial emPetrópolis, o Theatro da Paz em Belém do Pará e o Palácio dos Leões em São
Luís do Maranhão. Ainda com um perfil neoclássico mas já apontando para o ecletismo que viria a seguir
é o majestoso Museu do Ipirangaem São Paulo.
Com a ampliação nos estudos acadêmicos e no número de arquitetos atuantes, e com as novas
tendências românticas da época, o estilo neoclássico rigoroso começa a ser alterado para incorporar
elementos exógenos à pura tradição clássica e seu sistema de proporções baseado nasecção áurea,
passando a usar outros sistemas numéricos baseados em números inteiros e com uma filosofia que
abandonava o idealismo e cujo escopo era a necessidade e a funcionalidade.Arquitetos como Joaquim
Cândido Guilhobel, Jacintho Rebello e sobretudo Joaquim Francisco Béthencourt da Silva divulgam esta
nova ordem que logo se constituiria num conjunto verdadeiramente eclético de elementos arquiteturais
que buscavam novas soluções na volumetria, na distribuição de espaços internos, no vocabulário
ornamental e na técnica construtiva. Cabe dizer que o ecletismo, na voz de Gustavo Rocha-Peixoto,
falando sobre a atuação precursora de Bethencourt da Silva, "não é ruptura com o neoclássico, é
continuação modernizadora. É algo que caminha para a frente, se moderniza e atualiza.".
Com o advento da República em 1889 e dos novos sentimentos nacionalistas, o ecletismo passa a
ser empregado como ilustração de um ideário político que buscava entre outras coisas negar a ligação
com o passado português fazendo referências a outras fontes de cultura, como a França e a Itália. Ao
mesmo tempo surgiam inovações tecnológicas nos meios de transporte (expansão das ferrovias e
aparecimento do bonde elétrico e logo doautomóvel), na indústria (produção em série) e nos métodos de
construção (uso estrutural do ferro fundido, aço e concreto), e no sistema de produção com o emprego de
mão-de-obra assalariada, na qual grande contingente era imigrante, fatores que associados à acelerada
urbanização na virada do século XIX para o século XX, levaram a uma rápida expansão e
desenvolvimento nas artes arquiteturais. Além da base neoclássica o ecletismo, especialmente já no século
XX, incorpora elementos de historicismo e exotismo, evidenciando traços
neobarrocos, mouriscos, românicos e de outras escolas e países.
Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e 29
Urbanismo
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Nas primeiras décadas do século XX o ecletismo entra em seu auge, com uma proliferação de
grandes construções públicas e privadas em todo o país, incluindo palácios de governo, teatros,
grandes colégios, e estendendo sua área de influência desde as elites em seus palacetes até as camadas
mais baixas da população, que também começa a erguer suas residências num estilo eclético simplificado,
dentro de seus magros recursos.
3.4.3 Neogótico
Como uma tendência marcante e um tanto à parte, embora embutida na mesma perspectiva
romântica-historicista que originou o ecletismo, e em muitos casos transitando através de outros estilos
em sínteses polimorfas, está a voga neogótica que correu o Brasil entre o fim do século XIX e meados do
século XX, visível especialmente na construção sacra. Deixou numerosos e interessantes exemplares na
maior parte do país. Podemos indicar como edifício paradigmático desta corrente:
Catedral Metropolitana de São Paulo, cuja construção começou em 1913 e só terminou em 2002,
sendo a maior igreja de São Paulo e um dos 5 maiores templos neogóticos do mundo, adotando uma linha
derivada da interpretação modernizada do gótico nascida com Viollet-le-Duc, com uso de metal na cúpula
e torres e técnicas então as mais avançadas de construção.
3.5 Século XX
Já no começo do século, o Art Nouveau e o Art Deco aparecem de forma restrita, principalmente
em São Paulo, e seu expoente máximo é Victor Dubugras, que faleceu em 1934. A Semana de Arte
Moderna de 1922 e a sequente revolução de 1930 são a alavanca da arquitetura moderna no Brasil. Já em
1925 o arquiteto Gregori Warchavchik publicou seu Manifesto da Arquitetura Funcional. É interessante
notar que a Casa Modernista que Warchavchik construiu em São Paulo, em 1928, é anterior à construção
da Casa das Rosas, da Av. Paulista. Le Corbusier, arquiteto modernista francês, visitou o Brasil pela
primeira vez em 1929 e realizou conferências no Rio e em São Paulo; chegou a propor um plano de
urbanização para o Rio de Janeiro que não foi executado. Provavelmente o seria, não fosse a Revolução
que colocou Getúlio Vargas no poder e Júlio Prestes no exílio. Mas a revolução traz vantagens para a
arquitetura: Lúcio Costa torna-se diretor da Escola Nacional de Belas Artes, para onde chama
Warchavchik. Por motivos políticos, sua gestão não dura um ano, mas não sem frutos. Cedo uma nova
geração de arquitetos surgia: Luiz Nunes, os irmãos M.M.M. Roberto, Aldo Garcia Roza, entre outros.
Em 1935, é realizado o concurso para o prédio do Ministério da Educação no Rio de Janeiro, cujo
primeiro prêmio foi para um projeto puramente acadêmico; porém, por decisão do Ministro Gustavo
Capanema, o projeto passa para as mãos de Lúcio Costa, que reúne uma equipe com outros concorrentes,
entre eles Oscar Niemeyer. Le Corbusier faz nova visita ao Brasil para opinar sobre o projeto do concurso
e também para discutir o projeto da Cidade Universitária do Rio de Janeiro. Lúcio Costa deixou, em 1939,
a chefia da equipe que construía o Ministério da Educação e em seu lugar assume Oscar Niemeyer, no
início de uma carreira brilhante, que tem seu apogeu juntamente com Lúcio Costa, com a construção de
Brasília, vinte anos mais tarde. No mesmo ano de 1939, acontece a Exposição Internacional de Nova
York, onde o Pavilhão do Brasil, obra de Lúcio e Oscar, causa furor.
Em 1954, foi construído o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de Affonso Eduardo Reidy.
Outro arquiteto modernista de grande importância é Villanova Artigas, autor, entre outras obras, da
Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e 31
Urbanismo
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Artigas, que esteve exilado por
causa do regime militar, quando retornou ao Brasil, viu-se obrigado a fazer uma prova de admissão para
poder lecionar na faculdade que ele mesmo projetara, prova que ficou registrada em forma de livro.
Não é possível, neste breve esforço, abranger toda a produção arquitetônica contemporânea,
porém não podemos deixar de citar aqui a grande obra de Lina Bo Bardi, mulher de Pietro Maria Bardi,
autora de projetos como o do SESC Pompéia, em São Paulo ou o do MASP (Museu de Arte de São
Paulo), cuja arrojada estrutura foi uma imposição do terreno. O projeto deveria conservar o antigo
belvedere, e a solução encontrada por Lina foi construir um prédio sustentado apenas por quatro pilares
nas extremidades do terreno, uma vez que o túnel da Av. 9 de julho, que passa por baixo do terreno, não
permitia outra conformação. O resultado é uma grande caixa de vidro suspensa, envolta em dois pórticos,
formados pelos pilares somados às vigas de sustentação da cobertura. Seu vão livre, de setenta e dois
metros em concreto protendido, é uma aventura a ser apreciada.
4. BIBLIOGRAFIA
BENEVOLO, Leonardo. História da arquitetura moderna. São Paulo: Editora Perspectiva, 2001.
STRICKLAND, Carol. Arquitetura comentada: Uma breve viagem pela história da arquitetura. São
Paulo: Ediouro, 2003
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!