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Escola Estadual de

Educação Profissional - EEEP


Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Curso Técnico em Desenho


de Construção Civil

História da
Arquitetura e Urbanismo
Governador
Cid Ferreira Gomes

Vice Governador
Domingos Gomes de Aguiar Filho

Secretária da Educação
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Secretário Adjunto
Maurício Holanda Maia

Secretário Executivo
Antônio Idilvan de Lima Alencar

Assessora Institucional do Gabinete da Seduc


Cristiane Carvalho Holanda

Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC


Andréa Araújo Rocha
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................................02
2. HISTÓRIA DA ARQUITETURA............................................................................................02
2.1 Pré – História.......................................................................................................................... 02
2.1.1 Arquitetura Neolítica..............................................................................................................02
2.2 Civilizações antigas..................................................................................................................04
2.2.1 Divisões da Arquitetura na Antiguidade.................................................................................04
2.2.2 Antiguidade clássica................................................................................................................11
2.3 Idade Média..............................................................................................................................12
2.3.1 Estilos medievais.....................................................................................................................12
2.4 Idade Moderna..........................................................................................................................15
2.4.1 Renascimento...........................................................................................................................15
2.4.2 Maneirismo..............................................................................................................................17
2.4.3 Arquitetura Barroca.................................................................................................................17
2.4.4 Arquitetura Neoclássica...........................................................................................................18
2.5 Idade Contemporânea..............................................................................................................19
2.5.1 Século XIX..............................................................................................................................19
2.5.2 Século XX................................................................................................................................20
2.5.3 Arquitetura Contemporânea.....................................................................................................21
3. ARQUITETURA BRASILEIRA...............................................................................................22
3.1 Arquitetura indígena................................................................................................................23
3.2 Séculos XVI e XVII..................................................................................................................23
3.3 Século XVIII: Barroco e rococó..............................................................................................25
3.4 O século XIX e a transição para o século XX........................................................................27
3.4.1 Neoclassicismo.......................................................................................................................27
3.4.2 Romantismo e Ecletismo........................................................................................................29
3.4.3 Neogótico...............................................................................................................................30
3.5 Século XX.................................................................................................................................31
4. BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................. ....32

Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e 1


Urbanismo
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1. INTRODUÇÃO

Arquitetura é a arte ou ciência de projetar espaços organizados, por meio do agenciamento urbano
e da edificação, para abrigar os diferentes tipos de atividades humanas. Seguindo determinadas regras,
tem como objetivo criar obras adequadas a seu propósito, visualmente agradáveis e capazes de provocar
um prazer estético.
A história da arquitetura é uma subdivisão da história da arte, responsável pelo estudo da evolução
histórica da arquitetura, seus princípios, idéias e realizações. Esta disciplina, assim como qualquer outra
forma de conhecimento histórico, está sujeita às limitações e potencialidades da história enquanto ciência:
existem diversas perspectivas em relação ao estudo da arquitetura, a maior parte das quais ocidentais.
Nos primórdios da História, egípcios e sumérios já dispunham dos elementos fundamentais de
uma arquitetura artística. Em palácios e templos, os babilônios, hititas e persas levaram a arquitetura a um
nível majestoso. Mas foram os gregos que superaram a arte oriental e egípcia com um gênio criador que
até hoje pode ser admirado no Partenon de Atenas e em outros vestígios.

2. HISTÓRIA DA ARQUITETURA

A história da arquitetura está diretamente relacionada à evolução humana. A arquitetura passou a


existir quando o homem começou a construir para se proteger de predadores e dos fenômenos naturais.
Novas demandas sociais (como o crescimento das civilizações, a necessidade de interligação entre
cidades, o abastecimento de água, a consolidação de crenças religiosas) ou mesmo a simples busca por
formas agradáveis aos olhos forçaram a humanidade a buscar novos materiais, novas ferramentas e
técnicas de construção. É assim que a arquitetura continua evoluindo até hoje.

Dos tijolos de barro seco ao concreto armado, das casas mais primitivas aos arranha-céus, das
primeiras tumbas sagradas às grandiosas catedrais européias, de pequenos vilarejos pré-históricos às ilhas
artificiais, o arquiteto continua contando a história do Planeta Terra, em linhas, texturas e cores.

2.1 Pré – História

2.1.1 Arquitetura Neolítica

Os primeiros homo sapiens refugiavam-se nos lugares que a natureza lhes oferecia, podendo ser
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aberturas nas rochas, cavernas, grutas ao pé ou no alto de montanhas.


Durante a Pré – história surgem os primeiros monumentos e o Homem começa a dominar a técnica
de trabalhar a pedra.
O abrigo, como sendo a construção predominante nas sociedades primitivas, será o elemento
principal da organização espacial de diversos povos. Este tipo de construção ainda pode ser observado em
sociedades não totalmente integradas na civilização ocidental, como os povos ameríndios, africanos,
aborígenes, entre outros. A presença do abrigo no inconsciente coletivo dos povos primitivos é tão forte
que marcará a cultura de diversas sociedades posteriores.
Não se pode falar de uma arquitetura pré-histórica no sentido artístico, apesar de seu caráter
funcional. Até chegar a fundar as primeiras cidades, como Catal Huyuk, na Turquia, no ano de 6500 a.C.,
o homem passou da intempérie para as cavernas e tendas.
A cultura megalítica, que se desenvolve entre 5000 à 3000 A.C., é a primeira expressão da vontade
e da necessidade das sociedades conceberem e organizarem os espaços e os lugares,não só em termos
físicos, como também em termos simbólicos. Os principais tipos de monumentos megalíticos são:
• Menir (es): consiste num megalito ou coluna rudimentar, erguida em direçõ ao céu;
• Alinhamento: agrupamento de menires organizados em linha reta;
• Cromeleque: agrupamento de menires organizado em círculo;
• Anta ou Dólmen: construções megalíticas formadas por pedras colocadas na vertical sobre as
quais assenta uma laje.

Figura 1: Menir, Alinhamento de menires e Dólmen

Mas é somente no final do neolítico e início da idade do bronze que surgem as primeiras
construções de pedra, entre os povos do Mediterrâneo e os da costa atlântica. Esses monumentos colossais
tinham a função de templo ou túmulo, não se tratando de moradias.

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Figura 2 - Stonehenge, o mais conhecido monumento pré-histórico

2.2 Civilizações antigas

À medida que as comunidades humanas evoluíam e aumentavam, acometidas pelas ameaças


bélicas constantes, a primeira modalidade arquitetônica a se desenvolver foi essencialmente a militar. A
humanidade confrontava-se com um mundo de deuses vivos, gênios edemónios: um mundo que ainda não
conhecia nenhuma objetividade científica.
Com a evolução das culturas, muitos aspectos da vida cotidiana estavam baseados no respeito ou
na adoração ao divino e ao sobrenatural. O poder divino, portanto, iguala-se o poder secular, fazendo com
que os principais edifícios das cidades fossem os palácios e os templos.
As necessidades de infra-estrutura daquelas primeiras cidades também tornaram necessário o
progresso técnico das obras de engenharia.

2.2.1 Divisões da Arquitetura na Antiguidade

• Arquitetura Egípcia

Os egípcios demonstram nas suas manifestações artísticas uma profunda religiosidade de maneira
que o sexo deveria ser feito na frente de todo povo do grupo. Eles por sua vez, retratavam o homem
liberando seu material genético e também a mulher. A primeira pirâmide, "pirâmide de degraus", é
construída pelo arquiteto Imhotep, como tumba de Djoser, fundador da III dinastia, emSaqqarah. A
chamada pirâmide de degraus não passa, na realidade, de uma construção constituída de túmulos
primitivos (mastabas), cujas formas se assemelhavam a um tronco de pirâmide, que continuaram a ser
construídas para tumbas de nobres e outros grandes funcionários do Estado.
As pirâmides mais conhecidas são Quéops, Quéfren e Miquerinos, da IV dinastia, já com a

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forma geométrica que conhecemos, apontadas pelo poeta grego Antípatro no século II a.C. como uma
das sete maravilhas do mundo antigo.

Figura 3 – Pirâmide de Djoser

• Arquitetura Assíria

A história da arte primitiva assíria data do século XVIII ao XIV a.C., mas é pouco conhecida. A
arte do período assírio médio ou mesoassírio (1350 a.C. a 1000 a.C.) mostra sua dependência das
tradições estilísticas babilônicas. Os temas religiosos são apresentados de uma forma solene e as cenas
profanas, de maneira mais naturalista. O zigurate foi a principal forma de arquitetura religiosa assíria e o
uso de tijolos vitrificados policromáticos, muito comum nessa fase.
A arte assíria genuína teve sua época fulgurante no período neoassírio ou período assírio tardio
(1000-612 a.C.). Com Assurbanipal II, que converteu a cidade de Nimrud (antiga Calah da Bíblia) em
capital militar. Dentro de seus muros, encontravam-se a cidadela e as principais construções reais, como o
palácio do noroeste, decorado com esculturas em relevo. Sargon II, que reinou entre 722 e 705 a.C., criou
uma cidade de planta nova, Dur Sharrukin (atual Jorsabad), que estava rodeada por uma muralha com sete
portas, três delas decoradas com relevos e tijolos vitrificados. No interior, erguia-se o palácio de Sargon,
um grande templo, as residências e os templos menores. Seu filho e sucessor, Senaqueribe, que reinou
entre os anos de 705 e 681 a.C., mudou a capital para Nínive, onde construiu seu próprio palácio, o qual
denominou “palácio sem rival”. Os assírios adornaram seus palácios com magníficos relevos esculturais.
A arte dos entalhadores de selos do último período assírio é uma combinação de realismo e
mitologia. Mesmo nas cenas naturalistas, aparecem símbolos dos deuses. Datam desse período, em
Nimrud e em Jorsabad, fabulosas esculturas de marfim. Na primeira, foram encontradas milhares de
pequenas figuras de elefantes, que manifestam uma grande variedade de estilos.

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Figura 4 – Vistas dos muros de Nínive, Assíria

• Arquitetura Babilônica

A Babilônia era uma cidade-estado da Mesopotâmia. Não se sabe extamente quando ela foi
fundada, calcula-se que tenha sido por volta de 4.000 a. C. A Mesopotâmia, nome grego que significa
“entre rios” é uma região localizada no Oriente Médio, delimitado entre os vales dos rios Tigre e Eufrates,
ocupado pelo atual território do Iraque e terras próximas.
A arquitetura Babilônica, caracterizou-se pelo exibicionismo e pelo luxo. Construíram templos e
palácios, que eram considerados cópias dos existentes nos céus. Os povos mesopotâmicos foram célebres
trabalhadores de blocos de argila, conhecidos como adobes. A argila era encontrada em abundância para a
fabricação de tijolos. Os adobes eram blocos prismáticos de barro seco ao sol, com aproximadamente 35
cm de comprimento. Era costume dispô-los ainda úmidos, de forma que, ao secarem, constituíssem blocos
compactados.
A partir do IV milênio costumava-se esmaltar a face externa dos tijolos para preservar as paredes
de umidade. Raras vezes se utilizava a argamassa de cal para a fixação ou o betume. A escassez e a má
qualidade da pedra que se tinha determinaram a sua pouca utilização como material de construção. A
pedra e a madeira precisavam ser importadas.
As cidades eram planejadas com uma planta quadrada, e possuíam muralhas defensivas, resultado
da necessidade de evitar invasões e dominações por outros povos. As muralhas eram construídas com
barro cru com cerca de 6 a 8 metros de espessura, estucadas e decoradas com cenas das vidas dos Reis. As
muralhas construídas por Nabucodonosor, para proteger a cidade era tão larga, que acreditasse que sobre
elas podia se utilizar carros.
Outra construção característica deste povo são os zirigutes, templos edificados no alto de uma
torre de tijolos. Um zirigute é uma forma de templo, construído na forma de pirâmides terraplanadas. O
formato era o de vários andares construídos um sobre o outro, com o diferencial de cada andar possuir
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área menor que a plataforma inferior sobre a qual foi construído. As plataformas poderiam ser
retangulares, ovais ou quadradas, e seu número variava de dois a sete.
O centro do zirigute era feito de tijolos queimados, muito mais resistentes, enquanto o exterior da
construção mostrava adornos de tijolos cozidos ao Sol, mais fáceis de serem produzidos, porém menos
resistentes. Os adornos normalmente eram envidraçados em cores diferentes. O acesso ao templo, situado
no topo do zirigute, se fazia por uma série de rampas construídas no flanco da construção ou por uma
rampa espiralada que se estendia desde a base até o cume do edifício. Provavelmente só os sacerdotes
tinham acesso à torre, que tanto podia ser um santuário, como um local de observações astronômicas.

Figura 5 – Zirigutes

A Torre de Babel, segundo a narrativa bíblica de Gênesis, foi uma torre construída por um povo
com o objetivo que o cume chegasse ao céu, para chegarem a Deus e estarem mais perto dele. Isto era
uma afronta dos homens para Deus, pois eles queriam se igualar a Deus. Parou o projeto e fez com que a
torre ruísse, depois castigou os homens de maneira que estes falassem várias línguas para que os homens
nunca mais se entendessem e não pudessem voltar a construir uma torre. Esta história é usada para
explicar a existência de muitas línguas raças e diferentes.

• Arquitetura Etrusca

Os etruscos vieram da Ásia Menor e fixaram-se na Itália Central. Deixaram como legado
necrópoles, cidades e sítios arqueológicos de grande beleza. A arte etrusca exerceu grande influência na
cultura romana. A dinastia etrusca dos Tarqüínios, que vai de 616 a 509 a.C., exerceu influência decisiva
na história de Roma, que era então um conjunto de aldeias, e transformou-se numa cidade cercada de
muralhas dominada pelo Capitólio. Os etruscos foram assim os fundadores de Roma, à qual legaram
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conhecimentos de engenharia e agrimensura e vários símbolos de autoridade, como a coroa de ouro, o


feixe dos lictores e a cadeira curul. Os etruscos eram muito dados a práticas religiosas, que consistiam,
sobretudo em oráculos para conhecer os desígnios dos deuses.
Por volta de 550 a.C., o estilo da arte etrusca tornou-se nitidamente jônico, como demonstram as
esculturas de terracota de Veios. Os etruscos tinham também grande apreço pelos baixos-relevos,
visíveis nos sarcófagos dos séculos VI e V a.C., como os de Clúsio, que representam danças, cerimônias
fúnebres e banquetes, e constituem fonte importante de informação.
Os monumentos mais famosos são os túmulos dos Áugures e da Leoa.Os etruscos eram bons
construtores, mas pouco restou de suas edificações, erigidas preferentemente em madeira. Entre o que
resistiu, por ser de pedra, destacam-se fundações de muralhas, conjuntos de casas cuidadosamente
pavimentadas, túmulos, e também ruas pavimentadas, que formam verdadeiras cidades dos mortos.
Réplicas do interior das casas, esses túmulos têm molduras, arcos e abóbadas – estas importadas do
Oriente pelos etruscos, que as transmitiram a Roma, depois de aperfeiçoá-las.

Figura 6 – Túmulo etrusco

• Arquitetura Minóica

Inexistência de construções funerárias e religiosas de caráter monumental ou colossal, bem como a


ausência de uma arquitetura militar significativa. A arquitetura palaciana possui caráter informal (não
existe um esquema pré-determinado, não tem preocupação com o fausto, imponência e ostentação. Vão se
tentando soluções mais adequadas para satisfazer as necessidades práticas. Há uma preocupação com o
conforto e defesa contra o calor, pátios de arejamento e terraço.
Construção do palácio articulada em vários planos, tubulações para água e esgoto, bem como a
presença de uma sala de banho. As estruturas de tijolos, pedra e barro se mantiveram ao longo da
evolução desta civilização, mas a complexidade de suas construções aumentou desde o período neolítico.
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As casas eram retangulares, externamente amplas, com o interior dividido em muitos cômodos
pequenos. Os palácios eram estruturas complexas, com diversos cômodos ligados por sinuosos
corredores. As paredes eram frequentemente adornadas por representações de animais, festejos ou figuras
geométricas, com ênfase em cores vivas.

Figura 7 – Palácio de Cnossos (1700-1500 a. C.) em Creta

• Arquitetura Micênica

A civilização micênica imitou muito de longe a arte cretense, mas a sua arquitetura apresentou traços
próprios: construções longas e retangulares e caráter de monumentalidade com tom militar nas suas
construções com cidades amuralhadas. As paredes de seus palácios eram decoradas com pinturas, onde
constava guerreiros, cenas de caça e desfiles de carros. Manifesta influencia cretense mais na forma do
que na decoração, mas as pinturas revelam uma intenção de caráter narrativo e não só ornamental. Os
temas marinhos persistem. A arte dos micenenses era pouco expressiva e se resumia a cerâmica e
armamentos em metais, inexplicavelmente passaram a enterrar os mortos em túmulos com forma de
colméia e a construir palácios como verdadeiras fortalezas rodeadas por muros e pedras.

Figura 8 - Tumba dos Átridas


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• Arquitetura Persa

A arquitetura persa recebeu influência assíria, babilônica, egípcia e grega. Toda a vasta produção
artística (arquitetura, baixo-relevo, alto-relevo) é fruto da fusão das concepções artísticas dos povos com
os quais entraram em contato. A arquitetura foi a arte mais desenvolvida, onde se destacam as construções
do "Palácio de Ciro", e o "Palácio de Dario", em Persépolis.

Figura 9 – Ruínas de Persépolis

• Arquitetura Suméria

Os sumérios desenvolveram sua civilização na região sul da Mesopotâmia, entre os rios Eufrates e
Tigre (área integrante do Crescente Fértil). Habitaram esta região, conhecida como Suméria, entre os anos
4000 e 1950 a.C.
Os sumérios destacaram-se na elaboração de projetos e construção de um complexo e
desenvolvido sistema de controle de água do Tigre e Eufrates. Construíram barragens, sistemas de
drenagem do solo, canais de irrigação e diques. A armazenagem da água era muito importante para a
sobrevivência das cidades sumérias.

Os sumérios foram excelentes arquitetos e construtores. Desenvolveram os zigurates, que


eram enormes construções em formato de pirâmides. Os zigurates eram usados como locais de
armazenagem de grãos e também como templos religiosos. Construíram várias cidades-Estado
importantes como, por exemplo: Nippur, Ur, Kish, Uruk, Lagash e Eridu.

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Figura 10 – Arquitetura suméria

2.2.2 Antiguidade clássica

A arquitetura e o urbanismo praticados pelos gregos e romanos destacava-se bastante dos egípcios
e babilônios na medida em que a vida cívica passava a ganhar importância. A cidade torna-se o elemento
principal da vida política e social destes povos: os gregos desenvolveram-se em cidades-estado e
o Império Romano surgiu de uma única cidade. Durante os períodos e civilizações anteriores, os assuntos
religiosos eram eles mesmos o motivo e a manutenção da ordem estabelecida; no período greco-romano o
mistério religioso ultrapassou os limites do templo-palácio e tornou-se assunto dos cidadãos (ou da pólis):
surge aí a palavra política, absolutamente relacionada à idéia de cidade. Enquanto os povos anteriores
desenvolveram apenas as arquiteturas militar, religiosa e residencial, os gregos e romanos foram
responsáveis pelo desenvolvimento de espaços próprios à manifestação da cidadania e dos afazeres
cotidianos: a ágora grega definia-se como um grande espaço livre público destinado à realização de
assembléias, rodeada por templos, mercados, e edifícios públicos. O espaço da ágora tornara-se um
símbolo da nova visão de mundo que incluía o respeito aos interesses comuns e incentivador do debate
entre cidadãos, ao invés da antiga ordem despótica.

Os assuntos religiosos, contudo, ainda possuíam um papel fundamental na vida mundana, mas
agora foram incorporados aos espaços públicos da pólis. Os rituais populares tomavam lugar em espaços
construídos para tal, em especial a acrópole. Cada lugar possuía a sua própria natureza (genius locci),
inseridos em um mundo que convivia com o mito: os templos passaram a ser construídos no topo das
colinas (criando um marco visual na cidade baixa e possibilitando um refúgio à população em tempos de
guerra) de forma a tocar os céus.

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Figura 11 - Templo de Hefesto em Atenas: arquitetura clássica grega

2.3 Idade Média

A tecnologia do período desenvolveu-se principalmente na construção das catedrais, estando o


conhecimento tectônico sob o controle das corporações de ofícios.

Durante praticamente todo o período medieval, a figura do arquiteto (como sendo o criador
solitário do espaço arquitetônico e da construção) não existe. A construção das catedrais, principal esforço
construtivo da época, é acompanhada por toda a população e insere-se na vida da comunidade ao seu
redor. O conhecimento construtivo é guardado pelas corporações, as quais reuniam dezenas de mestres-
obreiros (os arquitetos de fato) que conduziam a execução das obras, mas também as elaboravam.

A Cristandade definiu uma visão de mundo nova, que não só submetia a vontade humana aos
desígnios divinos como esperava que o indíviduo buscasse o divino. Em um primeiro momento, e devido
às limitações técnicas, a concepção do espaço arquitetônico dos templos volta-se ao centro, segundo um
eixo que incita ao percurso. Mais tarde, com o desenvolvimento daarquitetura gótica, busca-se alcançar os
céus através da indução da perspectiva para o alto.

2.3.1 Estilos medievais

❧ Arquitetura paleocristã

Até à declaração de liberdade de culto, a arte cristã não tinha uma tipologia arquitetônica própria,
optando por celebrar o seu culto em lugares pouco relevantes. Com o Édito de Milão, Constantino apóia a
construção de templos próprios, em Roma, Milão, Ravena, de modo a divulgar a nova religião e acolher o
crescente número de convertidos.

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❧ Arquitetura visigótica

Os únicos exemplares sobreviventes da arquitetura visigótica do século VI são a igreja de São


Cugat do Vallés em Barcelona, a ermida e Igreja de Santa Maria de Lara, a Capela de São
Frutuoso em Braga, a Igreja de São Gião na Nazaré e alguns vestígios da Igreja de Cabeza de Griego, em
Cuenca. Contudo o seu estilo propagou-se nos séculos seguintes, embora os exemplos mais notáveis
sejam rurais e estejam na maioria em ruínas.

Algumas das características da arquitetura visigótica são: Arcos em forma de ferradura sem pedras
de fecho, ábside retangular exterior, uso de colunas e pilares com capitéis coríntios de desenho particular,
abóbodas com cúpulas nos cruzamentos, paredes em blocos alternando com tijolos e decoração com
motivos vegetais e animais.

❧ Arquitetura moçárabe

As comunidades moçárabes mantiveram alguns templos visigóticos que eram mais antigos que a
ocupação árabe para a prática de seus ritos religiosos e raramente construíram novos templos porque a
autorização para sua construção era limitada.

A construção mais importante é a Igreja de Santa María de Melque. Outros são: Mosteiro de San
Miguel de Escalada e o Mosteiro de San Juan de la Peña.

❧ Arquitetura bizantina

Chama-se arquitetura bizantina aquela desenvolvida pelo Império Bizantino (assim chamado como
referência a Bizâncio a capital do império romano no oriente) durante a Idade Média (atualmente será
mais correto denominar este período Antiguidade Tardia ( a dita decadência romana) e não Idade Média)
como desenvolvimento da arquitetura romana.

O estilo caracteriza-se pelos mosaicos vitrificados e pelos ícones, pinturas sacras normalmente
feitas sobremadeira, com disposição tríptica.

A arquitetura é marcada pelo processamento das várias influências estéticas recebidas pelo
Império Bizantino. Também se destacou no desenvolvimento da engenharia e de técnicas construtivas
arrojadas, tendo sido responsável pela difusão de novas formas e tipologias de cúpulas.

❧ Arquitetura mourisca

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Arte moura ou mourisca é a arte islâmica do norte da África e da Península Ibérica. Governantes
islâmicos dominaram a Espanhadesde o século VIII até 1492, quando foram expulsos definitivamente.
Duas construções notáveis datam deste período: a mesquita de Córdoba (hoje catedral) e o palácio de
Alhambra, em Granada.

❧ Arquitetura românica

A arquitetura Românica se refere às semelhanças existentes entre as construções típicas do final do


séc. XI e XII na Europa e as estruturas abobadadas a de grossa paredes de alvenaria dos antigos romanos.
Enquanto no Oriente bizantino e muçulmano a arquitetura se desenvolve de maneira magnificente, no
Ocidente o progresso no campo das criações mantêm-se estagnada: falta de tempo, falta de tranqüilidade,
escassez de recursos. Assistimos a luta inaudita, a procura incansável de um sistema estrutural seguro, de
fácil construção e dotado de beleza, que tinha de ser condicionado à realização por via de um material
contra-indicado sob todos os aspectos: a pedra. A designação "Românico" surgiu no séc. XIX e
significava "semelhante ao romano".
Podemos citar como característica das construções românicas a preocupação em se cobrir grandes
vãos e os desejos em anular esforços e empuxos proveniente de cargas brutais de blocos de pedra.
Tentativas de se transpor para o exterior das igrejas os apoios internos. Devido em grande parte ao
desastres e incêndios causados em razão de invasões e pilhagens, que se resolveu abobadar os edifícios,
uma idéia que rapidamente se difundiu. Em quase toda a arquitetura religiosa dos períodos cristão
primitivos, o telhado era feito de madeira, material abundante na Europa. Mas vemos na Idade Média
trágicas descrições de incêndios que devastaram igrejas com telhados de madeira.

❧ Arquitetura gótica

Arquitetura gótica é um estilo arquitetónico que segundo pesquisas, é evolução da arquitetura


românica e precede a arquitetura renascentista. Foi desenvolvido na França em pleno período medieval,
onde originalmente se chamava "Obra Francesa" (Opus Francigenum). O termo 'gótico' só apareceu no
final do Renascimento como um insulto estilístico.

Com o gótico, a arquitetura ocidental atingiu um dos pontos culminantes da arquitetura pura.
Asabóbadas cada vez mais elevadas e maiores, não se apoiavam em muros e paredes compactas e sim
sobre pilastras ou feixes de colunas. Uma série de suportes que eram constituídos
porarcobotantes e contrafortes possuíam a função de equilibrar de modo externo o peso excessivo das
abóbadas. Desta forma, imensas paredes espessas foram excluídas dos edifícios de género gótico e foram
substituídas por vitrais e rosáceas que iluminavam o ambiente interno.

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O estilo gótico ficou marcado em muitas catedrais europeias, entre elas a de Notre-
Dame,Chartres, Colônia e Amiens, a maioria classificada como Patrimônio Mundial da UNESCO. Muitas
catedrais góticas caracterizam-se pelo verticalismo e majestade, denominando-se durante a Idade Média,
como supremacia e influência para a população.

2.4 Idade Moderna

Com o fim da Idade Média a estrutura de poder européia modifica-se radicalmente. Começam a
surgir os estados-nacionais e, apesar da ainda forte influência da Igreja Católica, o poder secular volta a
subjugá-la, especialmente com as crises decorrentes da Reforma Protestante.

Antigos tratatos arquitetônicos romanos são redescobertos pelos novos arquitetos, influenciando
profundamente a nova arquitetura. A relativa liberdade de pesquisa científica que se obteve permitiu
algum avanço nas técnicas construtivas, permitindo novas experiências e a concepção de novos espaços.

Algumas regiões italianas, e Florença em especial, devido ao controle das rotas comerciais que
levavam a Constantinopla, tornam-se as grandes potências mundiais e é nelas que se desenvolveram as
condições para o desenvolvimento das artes e das ciências.

2.4.1 Renascimento

O Renascimento iniciou-se na Itália, particularmente em Florença. Os principais traços do


renascimento foram a imitação das formas clássicas. Caracteriza-se por um momento de ruptura na
História da Arquitetura. Apoia-se em dois pilares essenciais: classicismo e humanismo.
Os homens do renascimento encaravam o mundo greco-romano como um modelo. Nesse sentido a
arquitetura passou a tentar concretizar conceitos clássicos como a Beleza. Sabendo que os valores
clássicos eram considerados pagãos, integra mundo cristão com mundo clássico.
O fiorentino Filippo Brunelleschi foi que apresentou a nova concepção renascentista na
arquitetura. É comum atribuir o momento de gênese da arquitetura do Renascimento à construção da
cúpula da Catedral de Santa Maria Dei Fiore. Porém não foi nem na época de Brunelleschi nem em
Florença que a Arquitetura Renascentista atingiu seu ponto culminante. Em Roma, Giuliano de Sangallo e
Rafael Sanzio dirigirem os trabalhos da Basílica de São Pedro.
No espaço renascentista não mais o edifício domina o indivíduo como era no gótico. Não se
desejava que a arquitetura do Renascimento, fosse mera reprodução das ruínas greco-romanas. Passaram a
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propor os cânones e o ordenamento do Classicismo. A preservação dos “Dez livros da arquitetura“, de


Vitúvrio teve papel fundamental.

Leon Battista Alberti publica o primeiro tratado de arquitetura do Renascimento. Durante os


séculos 15 e 16, outros tratados de arquitetura tiveram repercussão. Podemos citar SebastianoSerlio e
Andrea Palladio. Os tratados passaram a abordar apenas os edifícios. Autores procuravam posicionar o
arquiteto, como pertencente à elite e fundamental. Alberti expressa: "o arquiteto é o braço do Príncipe".
Brunelleschi ficará conhecido como o responsável por traçar o caminho em que os arquitetos do
Renascimento trilharão suas obras. O domínio do Classicismo ao longo do século XIV e terá na pessoa de
Donato Bramante uma figura paradigmática.
Bramante prova, que não só conhece e domina a linguagem clássica como também entende as
características e o espírito de sua época. A principal imagem deste "estilo bramantiano" é a tríade de
aberturas enfeitadas com arcos de volta inteira. Elementos como as abóbadas e cúpulas são usados de uma
nova forma, porem as ordens são seguidas. O módulo de construção utilizado era o quadrado. As obras da
arquitetura profana, os palácios particulares ou comunais, também foram construídas com base no
quadrado.
No Renascimento que se deu pela primeira vez uma proposta de reestruturação da idéia vigente de
cidade. Baseada em uma busca de racionalidade do espaço urbano, teve a representação em perspectiva, o
instrumento fundamental para sua concretização. Os literatos e os pintores descreveram ou pintam a nova
cidade que não se pode construir, e que permanece, justamente um objetivo teórico, a cidade ideal. Assim
toda apequena cidade é organizada, de modo hierárquico, em torno da igreja e o palácio papal.
A Perspectiva de uma praça , quadro atribuído a Piero della Francesca, pintado por volta de 1470,
se constitui em uma representação do tipo de cidade que o pensamento renascentista contemplava –as
proporções matemáticas da praça, a forma perfeita circular apresentada na igreja central, a regularidade
dos pequenos palácios nas margens .

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Figura 12 – Paisagem florentina, um marco do Renascimento


2.4.2 Maneirismo

Com o desenrolar do Renascimento e o constante estudo e aplicação dos ideais clássicos, começa a
surgir entre os artistas do período um certo sentimento anticlássico, ainda que suas obras continuassem,
em essência, predominantemente clássicas. Neste momento, surge aquele que foi chamando
de maneirismo.

Os arquitetos maneiristas (que rigorosamente podem continuar sendo chamados de renascentistas)


apropriam-se das formas clássicas mas começam a desconstruir seus ideais. Alguns exemplos do
maneirismo:

- São constantes as referências visuais em espaços internos aos elementos típicos da composição de
espaços externos: janelas que se voltam para dentro, tratamento de escadas externas em alas interiores de
edifícios, etc.

- O já consagrado domínio da perspectiva permite experimentações diversas que fogem ao espaço


perspectico dos períodos anteriores.

Michelângelo é um dos arquitetos renascentistas que podem ser chamados de maneiristas.

Os séculos seguintes ao Renascimento assistiram a um processo cíclico de constante afastamento e


reaproximação do ideário clássico. Obarroco, em um primeiro momento, potencializa o descontentamento
do maneirismo pelas normas clássicas e propicia a gênese de um tipo de arquitetura inédita, ainda que
frequentemente possua ligações formais com o passado. Da mesma forma que o barroco representou uma
reação ao Renascimento, o neoclassicismo, mais tarde, constituirá uma reação ao barroco e uma forte
tendência ao passadismo e à recuperação do clássico. Este período de dois séculos, portanto, será marcado
por um ciclo de dúvidas e certezas a respeito da validade das idéias clássicas.
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2.4.3 Arquitetura Barroca

O barroco surge no cenário artístico europeu em dois contextos bastante claros durante o século
XVII: primeiramente havia a sensação de que, com o avanço científico representado pelo Renascimento,
o classicismo, ainda que tivesse alavancado este progresso, não mais tinha condições de oferecer todas as
respostas necessárias às dúvidas do Homem. O Universo não era mais o mesmo, o mundo havia se
expandido e o indivíduo sentia querer experimentar um novo tipo de contato com o divino e o metafísico.
As formas luxuriantes do barroco, seu espaço elíptico, definitivamente antieuclidiano, foram uma resposta
a estas necessidades.

O segundo contexto é o da Contra-Reforma promovida pela Igreja Católica. Com o avanço das
igrejas protestantes, a antiga ordem romana cristã (que, em certo sentido, havia incentivado o advento do
mundo renascentista) estava sendo suplantada por novas visões de mundo e novas atitudes perante o
Sagrado. A Igreja sentiu a necessidade de renovar-se para não perder os fiéis, e viu na promoção de uma
nova estética a chance de identificar-se neste novo mundo. As formas do barroco foram promovidas pela
instituição em todo o mundo (especialmente nas colônias recém-descobertas), tornando-o o estilo
católico, por excelência.

Figura 13 – A ostentação formal nos espaços do barroco e do rococó

2.4.4 Arquitetura Neoclássica

No fim do século XVIII e início do XIX, a Europa assistiu a um grande avanço tecnológico,
resultado direto dos primeiros momentos da Revolução Industrial e da cultura iluminista. Foram
descobertas novas possibilidades construtivas e estruturais, de forma que os antigos materiais (como
a pedra e a madeira) passaram a ser substituídos gradativamente pelo concreto (betão) (e mais tarde
pelo concreto armado) e pelo metal. Paralelamente, profundamente influenciados pelo contexto cultural
do Iluminismo europeu, os arquitetos do século XVIII passaram a rejeitar a religiosidade intensa da
estética anterior e o exagero luxuriante do barroco. Buscava-se uma síntese espacial e formal mais
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racional e objetiva, mas ainda não se tinha uma idéia clara de como aplicar as novas tecnologias em uma
nova arquitetura. Inseridos no contexto doneoclassicismo nas artes, aqueles arquitetos viram na clássica a
arquitetura ideal para os novos tempos.

O neoclassicismo não se pretendeu, de fato, um estilo novo (diferente da arte clássica


renascentista). Ocorria muito mais uma cópia do repertório formal clássico e menos uma experimentação
desta forma, tendo como diferença a aplicação das novas tecnologias.

Figura 14 - Biblioteca Sainte Geneviève, em Paris.


2.5 Idade Contemporânea

As cidades passam a crescer de modo inédito e novas demandas sociais relativas ao controle do
espaço urbano devem ser respondidas pelo Estado, o que acabará levando ao surgimento
do urbanismo como disciplina acadêmica. O papel da arquitetura (e do arquiteto) será constantemente
questionado e novos paradigmas surgem: alguns críticos alegam que surge uma crise na produção
arquitetônica que permeia todo o século XIX e somente será resolvida com o advento da arquitetura
moderna.

2.5.1 Século XIX

Todo o século XIX assistirá a uma série de crises estéticas que se traduzem nos movimentos
chamados revivalistas: ou pelo fato das inovações tecnológicas não encontrarem naquela
contemporaneidade uma manifestação formal adequada, ou por diversas razões culturais e contextos
específicos, os arquitetos do período viam na cópia da arquitetura do passado e no estudo de
seus cânones e tratados uma linguagem estética legítima de ser trabalhada. O primeiro destes movimentos
foi o já citado neoclássico, mas ele também vai se manifestar na arquitetura neogótica inglesa,
profundamente associada aos ideais românticos nacionalistas. Os esforços revivalistas que aconteceram
principalmente na Alemanha, França, Inglaterra, por razões especialmente ideológicas, viriam mais tarde

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a se transformar em um mero conjunto de repertórios formais e tipológicos diversos, que evoluiriam para
o ecletismo, considerado por muitos como o mais decadente e formalista entre todos os estilos históricos.

A primeira tentativa de resposta à questão tradição x industrialização (ou entre as artes e os


ofícios) se deu pelo pensamento dos românticos John Ruskin e William Morris, proponentes de um
movimento estético que ficou conhecido justamente por Arts & crafts (cuja tradução literal é "artes e
ofícios"). O movimento propõs a pesquisa formal aplicada às novas possibilidades industriais vendo
no artesão uma figura de destaque: para eles, o artesão não deveria ser extinto com a indústria, mas
tornar-se seu agente transformador, seu principal elemento de produção. Com a diluição dos seus ideais e
a dispersão de seus defensores, as idéias do movimento evoluíram, no contexto francês, para a estética
do art noveau, considerado o último estilo do século XIX e o primeiro do século XX.

Figura 15 – Parlamento Inglês

2.5.2 Século XX

Logo nas primeiras décadas do século XX tornou-se muito clara uma distinção entre os arquitetos
que estavam mais próximos das vanguardas artísticas em curso na Europa e aqueles que praticavam uma
arquitetura ligada à tradição (em geral de características historicistas, típica do ecletismo). Ainda que estas
duas correntes estivessem, em um primeiro momento, cheias de nuances e meios-termos, com a atividade
"revolucionária" proposta por determinados artistas, e principalmente com a atuação dos arquitetos
ligados à fundação da Bauhaus na Alemanha, com a Vanguarda Russa na União Soviética e com o novo
pensamento arquitetônico proposto porFrank Lloyd Wright nos EUA e Le Corbusier na Europa (sendo
forte fator definitivo da Arquitetura Moderna no Brasil, em especial através da obra de Oscar
Niemeyer e Lúcio Costa), a cisão entre elas fica bastante nítida e o debate arquitetônico se transforma, de
fato, em um cenário povoado de partidos e movimentos caracterizados como tal.

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A renovação estética proposta pelas vanguardas (especialmente pelo cubismo, peloneoplasticismo,


pelo construtivismo e pela abstração) no campo das artes plásticas abre o caminho para uma aceitação
mais natural das propostas dos novos pensamentos arquitetônicos, baseados na crença em uma sociedade
regulada pela indústria, na qual a máquina surge como um elemento absolutamente integrado à vida
humana e no qual a natureza está não só dominada como também se propõem novas realidades diversas
da natural.

De uma forma geral, as novas teorias que se discutem a respeito da arte e do papel do artista vêem
na indústria (e na sociedade industrial como um todo) a manifestação máxima de todo o trabalho artístico:
artificial, racional, preciso, enfim, moderno. A idéia de modernidade surge como um ideário ligado a uma
nova sociedade, composta por indivíduos formados por um novo tipo de educação estética, gozando de
novas relações sociais, na qual as desigualdades foram superadas pela neutralidade da razão. Este
conjunto de idéias vê na arquitetura a síntese de todas as artes, visto que é ela quem define e dá lugar aos
acontecimentos da vida cotidiana. Sendo assim, o campo da arquitetura abarca todo o ambiente habitável,
desde os utensílios de uso doméstico até toda a cidade: para a arte moderna, não existe mais a
questão artes aplicadas x artes maiores (todas elas estão integradas em um mesmo ambiente de vida).

A arquitetura moderna será, portanto, caracterizada por um forte discurso social e estético de
renovação do ambiente de vida do homem contemporâneo. Este ideário é formalizado com a fundação e
evolução da escola alemã Bauhaus: dela saem os principais nomes desta arquitetura. A busca de uma nova
sociedade, naturalmente moderna, era entendida como universal: desta maneira, a arquitetura influenciada
pela Bauhaus se caracterizou como um algo considerado internacional (daí a corrente de pensamento
associada a ela ser chamadainternational style, título vindo de uma exposição promovida
no MoMA de Nova Iorque).

Figura 16 - Ville Savoye- Casa em Poissy, França - Le Corbusier - 1928-1929

2.5.3 Arquitetura Contemporânea


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A arquitetura praticada nas últimas décadas tem se caracterizado, de uma forma geral, como
reação às propostas da arquitetura moderna: ora os arquitetos atuais relêem os valores modernos e
propõem novas concepções estéticas (o que eventualmente se caracterizará como uma atitude dita
"neomoderna"); ora eles propõem projetos de mundo radicalmente novos, procurando apresentar projetos
que, eles próprios, sejam paradigmas antimodernistas, conscientemente desrespeitando os criticados
dogmas do modernismo.

As primeiras reações negativas à acusada excessiva dogmatização que a arquitetura moderna


propôs no início do século surgiram, de uma forma sistêmica e rigorosa, por volta da década de 1970,
tendo em nomes como Aldo Rossi e Robert Venturi seus principais expoentes (embora teóricos como Jane
Jacobs tenham promovido críticas intensas, porém isoladas, à visão de mundo do modernismo já nos anos
1950, especialmente no campo do urbanismo).

A crítica antimodernista, que em um primeiro momento se restringiu à especulação de ordem


teórico-acadêmica logo ganhou experiências práticas. Estes primeiros projetos estão de uma forma geral
ligados à idéia da revitalização do "referencial histórico", colocando explicitamente em cheque os valores
anti-historicistas do modernismo.

Durante a década de 1980 a revisão do espaço moderno evoluiu para a sua total desconstrução, a
partir de estudos influenciados (especialmente) por correntes filosóficas como o desconstrutivismo.
Apesar de altamente criticada, esta linha de pensamento estético também se manteve restrita aos estudos
teóricos e, na década de 1990, seduziram o grande público e se tornaram sinônimo de uma "arquitetura de
vanguarda". Nomes como Rem Koolhaas, Peter Eisenman e Zaha Hadid estão ligados a este movimento.
O arquiteto norte-americano Frank Gehry, apesar de ser apontado pela grande mídia como arquiteto
desconstrutivo, tem sua obra criticada pelos próprios membros do movimento.

Figura 17 – Casa contemporânea

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3. ARQUITETURA BRASILEIRA

A arquitetura do Brasil, desenvolvida através dos séculos desde o início de sua colonização, foi
diretamente influenciada pelos diversos povos que formam o povo brasileiro e pelos diversos estilos
arquitetônicos vindos do exterior.
A história da arquitetura brasileira é restrita aos cinco séculos após a descoberta, pois o período
pré-cabralino não temos como reconstituir.

3.1 Arquitetura indígena

A arquitetura indígena é baseada nas convicções mágicas que tinham tanto para a moradia quanto
para o conjunto urbano. A disposição geométrica de uma aldeia visa funcionalidade, mas também é
orientada pelo gosto. Uma aldeia circular, com orientação norte-sul, tendo como eixo a casa central
servindo de passagem e como espaço de reuniões, seu conceito é a “aldeia do além”: assim, o arco da
existência supera o tempo e o trânsito terreno em função do infinito. Esta filosofia governa os atos de
viver, as expressões plásticas e mais ainda a poesia, compondo uma cultura bem definida.

Figura 18 – Aldeia Kuikuro

3.2 Séculos XVI e XVII

No Brasil de 1500 foram encontradas construções autóctones, que não serviram de inspiração para
as novas construções religiosas. Mas elementos indígenas e algumas técnicas construtivas foram
encontrados em objetos de ornamentação, como na mesa de comunhão da capela colonial de São Miguel
Paulista (1622).
Padroado: “direito de conquista” – acordo entre Portugal e a Ordem de Cristo. Estas instituições
estabelecem o “padrão” das armas reais e a cruz ligadas entre si, e também condicionou a construção de
igrejas e conventos.
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As primeiras construções se deram no litoral por motivos religiosos e estratégicos. Isto


determinava a riqueza das construções, conforme as possibilidades dos locais para construção.
A coesão religiosa e política muito se deve nas ações das ordem religiosas vindas. Franciscanos
que vieram na esquadra de Cabral e trouxeram o padre arquiteto Frei Francisco dos Santos que construiu
o convento de Nossa Senhora das Neves (1585). Companhia de Jesus que foi a primeira ordem
missionária a trabalhar no Brasil, de modo sistemático e metódico.
Inicialmente as construções eram de pau-a-pique, coberta com folhas de palmeiras, posteriormente
de taipa de pilão, e mais utilizada devido ao clima a técnica de pedra e cal.
As necessidades de construções mais sólidas trouxeram junto com o governador geral Tomé de
Souza (1549) os mestres Luís Dias (mestre-de-obras), Luís Peres (mestre-pedreiro) e Miguel Martins
(mestre de fazer cal).
1577 vem a pedido da Companhia o jesuíta português Francisco Dias, para dar identidade artística
às igrejas da colônia. Essa identidade vem de inspiração do novo modelo de igreja jesuítica criado pelo
arquiteto Giacomo della Porta, o Gesù.
Por interesse de Felipe II e com o Renascimento era comum a presença de arquitetos italianos em
Portugal. Tanto que foi contratado para terminar a primeira igeja construída pela Companhia de Jesus , a
igreja de São Roque de Lisboa, o Italiano Filippo Terzi.
Francisco Dias, primeiro arquiteto vindo ao Brasil, construiu a igreja Nossa Senhora da Graça de
Olinda, com características semelhantes a igreja de São Roque, que transmitia a abnegação e austeridade
que os jesuítas pregavam no espírito da Contra Reforma no século XVI as igrejas jesuíticas eram muito
simples. Na segunda metade do século XVII com a expulsão da Companhia do Brasil e também devido a
Guerra do Açúcar (ou invasões holandesas), as obras se limitavam a reconstruir ou reedificar os projetos
já existentes. Após 1759 essas igrejas ficaram arruinadas ou foram convertidas para outros usos.
O conjunto arquitetônico dos Sete Povos das Missões, que fazia parte de um sistema conhecido
como Reduções que pertenciam a província jesuítica do Paraguai, dão a idéia da pujança que foi a
redução jesuítica no Brasil.
O mosteiro tem origem no ano de 1590, quando os monges ganham o morro onde se ergueria a
construção. Em 1617 começam a construção, com o desenho do engenheiro militar português Francisco
de Frias da Mesquita.Terminada em 1690.
No projeto inicial da Igreja e Mosteiro de São Bento a planta era em nave única. Alterada quase
meio século depois, passou a ter três naves, com capela-mor alongada e sacristia disposta
transversalmente na parte posterior. Possui ainda uma galilé. A fachada tem aspecto austero, com
características típicas do maneirismo português, caracterizadas pelo frontão triangular, a conformação da
fachada próxima ao quadrado e o acabamento piramidal das torres. A talha da capela abacial é
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considerada um dos melhores exemplares deste estilo. Foi iniciada em 1694 e terminada em 1800,
passando por vários artesãos. Além do altar mór, o templo possui oito altares laterais, com imagens
entalhadas.

Figura 19 – Igreja e Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro

3.3 Século XVIII: Barroco e rococó

Chegando com certo atraso em relação aos desenvolvimentos estéticos europeus, o barroco
começou a ser notado no Brasil a partir do século XVII, nos centros de Salvador e São Paulo,
gradualmente se disseminando para o resto do país, alcançando desde o Pará até o extremo sul, e
penetrando pelo interior até Goiás e Mato Grosso. O barroco criou um extenso acervo de arte e arquitetura
no Brasil, de alta qualidade, e tornou-se de certa forma típico de todo o período colonial, levando a certos
autores o nomearem de "a alma do Brasil".Sua influência se estenderia até o século XIX, como se pode
constatar nas edificações perfeitamente barrocas de igrejas como a antiga Igreja de Nossa Senhora do
Rosário, em Porto Alegre, datada de 1817, ou o exemplo ainda mais tardio da Igreja de Nossa Senhora da
Conceição, na mesma cidade, cuja construção iniciou em 1851, embora já com alguns traços neoclássicos,
especialmente na decoração interna. Outros exemplos tardios são a Igreja de Nossa Senhora do Rosário
dos Pretos de Goiânia, cuja fachada só foi concluída em 1836, e a grande Igreja da Candelária, só
concluída em 1877 seguindo um projeto do século anterior.

Este estilo, cujos maiores expoentes são edifícios religiosos, com o tempo foi-se modificando,
passando de uma arquitetura sólida e austera derivada da herança quinhentista, com frontões discretos,
torres com coroamento piramidal simples e frontispícios pouco elaborados, até chegar a uma fase onde as
fachadas e interiores recebem ornamentação muito mais movimentada e com grande riqueza e requinte
nos detalhes.

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Da primeira fase podem-se citar alguns exemplos no Mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro,
na Igreja de Nossa Senhora do Desterro (Olinda), na Catedral de Salvador, na Igreja de Nossa Senhora do
Carmo (Goiânia). Já em transição para um estilo mais rebuscado é a exemplar Igreja de São Francisco de
Salvador, cujo interior é um dos mais ricos em talha em todo o país. Em João Pessoa os franciscanos
deixaram o primeiro templo puramente barroco, em seu Convento e Igreja.

Da segunda fase, cujo final já é rococó, temos magníficos exemplos em várias partes do Brasil,
especialmente em Salvador, Recife e no estado de Minas Gerais, onde brilhou o arquiteto e
escultorAleijadinho, oferecendo soluções originais como plantas em elipse, fachadas curvas e torres
circulares. Alguns templos barrocos de grande significado são:

❧ No Recife: a Igreja de Santo Antônio, a Basílica de Nossa Senhora do Carmo, cuja fachada é
discreta mas cujo interior tem uma das mais exuberantes decorações rococós do país, a Matriz de
Santo Antônio, igualmente com esplêndida talha nos altares.

❧ Em Salvador: Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia e a Igreja de Nossa Senhora do


Rosário dos Pretos.

❧ Em Minas Gerais: a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, a Matriz de Nossa Senhora do Pilar,
a Igreja de Nossa Senhora do Carmo e a originalíssima Igreja de São Francisco, talvez a obra máxima
de Aleijadinho, todas estas em Ouro Preto. Diversas outras cidades mineiras possuem exemplares
significativos de arquitetura rococó, entre elas Sabará, Serro, Mariana, e sobretudo Congonhas, onde
existe o grande complexo arquitetônico do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos.

❧ No Rio de Janeiro: Igreja do Carmo, e a discreta mas mui graciosa Igreja de Nossa Senhora da
Glória do Outeiro.

Na arquitetura civil o barroco deixou relativamente poucos edifícios de maior vulto. As residências
se caracterizam por apresentarem fachadas de um ou dois pavimentos (em alguns centros importantes
como Salvador e São Luís podendo chegar a quatro pavimentos), com aberturas simples em arco abatido
ou retangulares, emolduradas em madeira, mais raramente em pedra, e um telhado igualmente simples
com beiral, às vezes com alguma ornamentação discreta como uma suave curvatura e telhas em bico nos
cantos do telhado e sacadas com gradis de ferro trabalhado.

Famílias ricas podiam construir solares mais amplos e ornamentados, com azulejos na fachada,
arcadas e alguma estatuária decorativa, como exemplificam o Palácio do Conde dos Arcos e do Solar do
Saldanha em Salvador. Também nas fazendas do interior sobrevivem alguns casarões senhoriais de grande
interesse, alguns de grandes dimensões, como a casa-grande do Engenho da Freguesia, no Recôncavo
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Baiano, embora sua arquitetura em linhas gerais seja bastante simples, com um prédio principal de
residência do proprietário e outros anexos para a senzala, depósitos de ferramentas e alimentos, abrigos
para animais e casinhas para os lavradores. Caso singular em um gênero diverso é o Aqueduto da carioca,
uma grande obra civil para condução de água erguido entre os séculos XVII e XVIII, localizada no Rio de
Janeiro, com 270 m de extensão e 17 m de altura.

Dos prédios oficiais poucos sobreviveram sem alterações. Um dos mais significativos é a antiga
Casa da Câmara e Cadeia de Ouro Preto, hoje o Museu da Inconfidência, com uma rica fachada onde há
um pórtico com colunas, escadaria de acesso, uma torre, estátuas ornamentais e estrutura em cantaria.
Também importante é o Paço Imperial no Rio, antiga residência da família real.

Cidades como Salvador, Olinda, São Luís no Maranhão, Goiás Velho, e diversas em Minas Gerais,
notadamente Ouro Preto e Diamantina, ainda preservam numerosos exemplares de arquitetura civil e
religiosa típicas do barroco colonial em seus centros históricos, que foram declarados Patrimônio
Mundial pela UNESCO em vista de sua importância histórica e arquitetônica.

Figura 20 – Igreja de São Francisco em Ouro Preto

3.4 O século XIX e a transição para o século XX

3.4.1 Neoclassicismo

O Neoclassicismo é reputado como tendo sido oficialmente introduzido no Brasil pela Missão
Francesa de 1816, embora elementospalladianos possam ser notados desde o século anterior no norte do
país com a atuação do arquiteto Antônio José Landi, autor dentre outras obras da Catedral Metropolitana
de Belém, datada de 1755, e traços neoclássicos já estão presentes nas obras arquitetônicas doMestre
Valentim, atuando no Rio. Contudo, é certo que a Missão desempenhou um papel crucial na difusão dos

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ideais neoclássicos a partir da capital, incentivada pela necessidade de se reorganizar a planta urbana do
Rio após a chegada da família real portuguesa.

A Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios fundada sob influência dos franceses incluía um curso
completo de arquitetura, passando a ser ministrado efetivamente em 1826 na Aula de Arquitetura
Civil por Grandjean de Montigny, sendo, depois da Aula de Fortificações de Salvador e da Real
Academia de Artilharia Fortificação e Desenho do Rio de Janeiro, a terceira escola regular de ensino
arquitetônico a ser fundada no Brasil. O próprio projeto do edifício-sede era uma expressão pura do
neoclássico francês em seu desenho, com fachada simétrica e um grande portal centralizado em ordem
jônica, mas infelizmente apenas este elemento sobreviveu até nossos dias, instalado no Jardim Botânico
do Rio de Janeiro.

Mesmo tendo a Missão Francesa esta função de divisor de águas na história da arquitetura
brasileira, seria ingênuo supor que a herança anterior deixasse subitamente de influir na técnica e na
estética das construções desta primeira metade do século XIX, especialmente em locais afastados da corte
carioca.

De qualquer forma o barroco colonial iria gradualmente extinguindo sua presença e a corrente
neoclássica ganharia predominância, com um centro difusor principal, o Rio de Janeiro, onde o estilo
oficial seria basicamente uma importação na íntegra de referenciais estrangeiros, incluindo os materiais de
construção e os artífices, e o interior do país, onde as circunstâncias geográficas, sociais e econômicas
obrigaram à criação de um estilo simplificado, provinciano e superficial.

Evidenciando o processo artificial de evolução representado pela imposição súbita do


neoclassicismo, o estilo se caracterizou pela repetição exaustiva de números limitados de fórmulas,
predominando a demarcação de um pórtico central com frontão triangular sustentado por colunas
clássicas, que às vezes se aplicavam a toda a extensão da fachada sob forma de pilastras, e mesmo em
casos adotando um esquema de peristilo.

Não obstante seu debatido mérito, o neoclassicismo deixaria diversos exemplos significativos em
vários pontos do Brasil. Pode-se citar o Palácio Real da Quinta da Boa Vista e a Santa Casa de
Misericórdia no Rio, o Teatro de Santa Isabel em Recife, o antigo Palácio de Verão de Dom Pedro II, hoje
o Museu Imperial emPetrópolis, o Theatro da Paz em Belém do Pará e o Palácio dos Leões em São
Luís do Maranhão. Ainda com um perfil neoclássico mas já apontando para o ecletismo que viria a seguir
é o majestoso Museu do Ipirangaem São Paulo.

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Figura 21 – Fórum Ruy Barbosa em Salvador

3.4.2 Romantismo e Ecletismo

Com a ampliação nos estudos acadêmicos e no número de arquitetos atuantes, e com as novas
tendências românticas da época, o estilo neoclássico rigoroso começa a ser alterado para incorporar
elementos exógenos à pura tradição clássica e seu sistema de proporções baseado nasecção áurea,
passando a usar outros sistemas numéricos baseados em números inteiros e com uma filosofia que
abandonava o idealismo e cujo escopo era a necessidade e a funcionalidade.Arquitetos como Joaquim
Cândido Guilhobel, Jacintho Rebello e sobretudo Joaquim Francisco Béthencourt da Silva divulgam esta
nova ordem que logo se constituiria num conjunto verdadeiramente eclético de elementos arquiteturais
que buscavam novas soluções na volumetria, na distribuição de espaços internos, no vocabulário
ornamental e na técnica construtiva. Cabe dizer que o ecletismo, na voz de Gustavo Rocha-Peixoto,
falando sobre a atuação precursora de Bethencourt da Silva, "não é ruptura com o neoclássico, é
continuação modernizadora. É algo que caminha para a frente, se moderniza e atualiza.".

Com o advento da República em 1889 e dos novos sentimentos nacionalistas, o ecletismo passa a
ser empregado como ilustração de um ideário político que buscava entre outras coisas negar a ligação
com o passado português fazendo referências a outras fontes de cultura, como a França e a Itália. Ao
mesmo tempo surgiam inovações tecnológicas nos meios de transporte (expansão das ferrovias e
aparecimento do bonde elétrico e logo doautomóvel), na indústria (produção em série) e nos métodos de
construção (uso estrutural do ferro fundido, aço e concreto), e no sistema de produção com o emprego de
mão-de-obra assalariada, na qual grande contingente era imigrante, fatores que associados à acelerada
urbanização na virada do século XIX para o século XX, levaram a uma rápida expansão e
desenvolvimento nas artes arquiteturais. Além da base neoclássica o ecletismo, especialmente já no século
XX, incorpora elementos de historicismo e exotismo, evidenciando traços
neobarrocos, mouriscos, românicos e de outras escolas e países.
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Nas primeiras décadas do século XX o ecletismo entra em seu auge, com uma proliferação de
grandes construções públicas e privadas em todo o país, incluindo palácios de governo, teatros,
grandes colégios, e estendendo sua área de influência desde as elites em seus palacetes até as camadas
mais baixas da população, que também começa a erguer suas residências num estilo eclético simplificado,
dentro de seus magros recursos.

Figura 22 – O palácio da indústria em SãoPaulo

3.4.3 Neogótico

Como uma tendência marcante e um tanto à parte, embora embutida na mesma perspectiva
romântica-historicista que originou o ecletismo, e em muitos casos transitando através de outros estilos
em sínteses polimorfas, está a voga neogótica que correu o Brasil entre o fim do século XIX e meados do
século XX, visível especialmente na construção sacra. Deixou numerosos e interessantes exemplares na
maior parte do país. Podemos indicar como edifício paradigmático desta corrente:

Catedral Metropolitana de São Paulo, cuja construção começou em 1913 e só terminou em 2002,
sendo a maior igreja de São Paulo e um dos 5 maiores templos neogóticos do mundo, adotando uma linha
derivada da interpretação modernizada do gótico nascida com Viollet-le-Duc, com uso de metal na cúpula
e torres e técnicas então as mais avançadas de construção.

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Urbanismo
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Figura 23 – Catedral de São Paulo

3.5 Século XX

Já no começo do século, o Art Nouveau e o Art Deco aparecem de forma restrita, principalmente
em São Paulo, e seu expoente máximo é Victor Dubugras, que faleceu em 1934. A Semana de Arte
Moderna de 1922 e a sequente revolução de 1930 são a alavanca da arquitetura moderna no Brasil. Já em
1925 o arquiteto Gregori Warchavchik publicou seu Manifesto da Arquitetura Funcional. É interessante
notar que a Casa Modernista que Warchavchik construiu em São Paulo, em 1928, é anterior à construção
da Casa das Rosas, da Av. Paulista. Le Corbusier, arquiteto modernista francês, visitou o Brasil pela
primeira vez em 1929 e realizou conferências no Rio e em São Paulo; chegou a propor um plano de
urbanização para o Rio de Janeiro que não foi executado. Provavelmente o seria, não fosse a Revolução
que colocou Getúlio Vargas no poder e Júlio Prestes no exílio. Mas a revolução traz vantagens para a
arquitetura: Lúcio Costa torna-se diretor da Escola Nacional de Belas Artes, para onde chama
Warchavchik. Por motivos políticos, sua gestão não dura um ano, mas não sem frutos. Cedo uma nova
geração de arquitetos surgia: Luiz Nunes, os irmãos M.M.M. Roberto, Aldo Garcia Roza, entre outros.

Em 1935, é realizado o concurso para o prédio do Ministério da Educação no Rio de Janeiro, cujo
primeiro prêmio foi para um projeto puramente acadêmico; porém, por decisão do Ministro Gustavo
Capanema, o projeto passa para as mãos de Lúcio Costa, que reúne uma equipe com outros concorrentes,
entre eles Oscar Niemeyer. Le Corbusier faz nova visita ao Brasil para opinar sobre o projeto do concurso
e também para discutir o projeto da Cidade Universitária do Rio de Janeiro. Lúcio Costa deixou, em 1939,
a chefia da equipe que construía o Ministério da Educação e em seu lugar assume Oscar Niemeyer, no
início de uma carreira brilhante, que tem seu apogeu juntamente com Lúcio Costa, com a construção de
Brasília, vinte anos mais tarde. No mesmo ano de 1939, acontece a Exposição Internacional de Nova
York, onde o Pavilhão do Brasil, obra de Lúcio e Oscar, causa furor.

A arquitetura brasileira dá sinais de vida mundialmente. Niemeyer constrói o conjunto da


Pampulha em Belo Horizonte durante a prefeitura de Juscelino Kubitschek, que depois o leva para
Brasília, onde realizará um conjunto de obras notáveis juntamente com o plano geral de Lúcio Costa.
Oscar Niemeyer também esteve à frente da equipe que construiu o parque do Ibirapuera em São Paulo
entre 1951 e 1955. No Ibirapuera, o paisagismo é de Roberto Burle Marx, que tem vasta obra a ser
apreciada e é o maior expoente dessa arte no país.

Em 1954, foi construído o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de Affonso Eduardo Reidy.
Outro arquiteto modernista de grande importância é Villanova Artigas, autor, entre outras obras, da
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Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Artigas, que esteve exilado por
causa do regime militar, quando retornou ao Brasil, viu-se obrigado a fazer uma prova de admissão para
poder lecionar na faculdade que ele mesmo projetara, prova que ficou registrada em forma de livro.

Não é possível, neste breve esforço, abranger toda a produção arquitetônica contemporânea,
porém não podemos deixar de citar aqui a grande obra de Lina Bo Bardi, mulher de Pietro Maria Bardi,
autora de projetos como o do SESC Pompéia, em São Paulo ou o do MASP (Museu de Arte de São
Paulo), cuja arrojada estrutura foi uma imposição do terreno. O projeto deveria conservar o antigo
belvedere, e a solução encontrada por Lina foi construir um prédio sustentado apenas por quatro pilares
nas extremidades do terreno, uma vez que o túnel da Av. 9 de julho, que passa por baixo do terreno, não
permitia outra conformação. O resultado é uma grande caixa de vidro suspensa, envolta em dois pórticos,
formados pelos pilares somados às vigas de sustentação da cobertura. Seu vão livre, de setenta e dois
metros em concreto protendido, é uma aventura a ser apreciada.

Figura 24 – Elevador Lacerdaem Salvador Figura 25 – Palácio do Planalto em Brasília

Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e 32


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4. BIBLIOGRAFIA

BENEVOLO, Leonardo. História da arquitetura moderna. São Paulo: Editora Perspectiva, 2001.

BORTOR, Heloisa. Arquitetura Babilônica. Escola Profissionalizante (ESSEI), 2011.

SMOLAREK DIAS, Solange Irene. Apostila de estudos: História da Arquitetura e do Urbanismo I.


Curso de Arquitetura e Urbanismo (CAU) – FAG, 2008.

STRICKLAND, Carol. Arquitetura comentada: Uma breve viagem pela história da arquitetura. São
Paulo: Ediouro, 2003

http://pt.wikipedia.org/wiki/História_da_Arquitetura. Acesso em: 12 de agosto de 2011.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Arquitetura_do_Brasil. Acesso em: 13 de agosto de 2011.

http://www.coladaweb.com/artes/arquitetura/arquitetura-brasileira. Acesso em: 14 de agosto de 2011.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Arquitetura_do_Brasil. Acesso em: 14 de agosto de 2011.

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Urbanismo
Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

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