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CAPÍTULO

Geografia e Ecologia
da Era Paleozóica
7

O mundo da Era Paleozóica foi muito diferente daquele que conhecemos - os continentes estavam em lugares
diferentes, os climas eram outros e, inicialmente, havia pouca vida estruturalmente complexa no ambiente
terrestre. No Devoniano Inferior, os ambientes terrestres suportavam uma substancial diversidade de plantas
e invertebrados, preparando o palco para o surgimento dos primeiros vertebrados terrestres (tetrápodes) no
Devoniano Superior. As primeiras plantas eram representadas por grupos primitivos, tais como cavalinhas,
musgos e fetos. A evolução das plantas resultou na produção de solos que aprisionaram dióxido de carbono
da atmosfera. Isto teve um efeito profundo no clima da Terra resultando o contrário do efeito estufa - um res-
friamento global. Durante os períodos do Carbonífero Superior e do Permiano Inferior, ocorreu uma extensa
glaciação, quando os tetrápodes viviam em regiões equatoriais. Os ecossistemas terrestres tornaram-se mais
complexos no Carbonífero e no Permiano; apareceram alguns tipos modernos de plantas como coníferas, os
tetrápodes diversificaram-se e os primeiros insetos alados invadiram o ar. Grandes extinções ocorreram nos
ecossistemas terrestres no final do Permiano Inferior e uma extinção principal (a maior na história da Terra)
ocorreu tanto em terra quanto nos oceanos no final da Era Paleozóica.

zoon = animal). O Fanerozóico iniciou-se há 540 milhões


7.1 História da Terra, Ambientes
de anos e contém as eras Paleozóica (Grego paleo = antigo),
em Modificação e a Evolução Mesozóica (Grego meso = meio) e Cenozóica (Grego ceno =
dos Vertebrata recente). Nossa própria parte do tempo, o Recente, situa-se
dentro da Era Cenozóica. Cada Era contém um certo número
Para entender os padrões da evolução dos Vertebrata, é impor-
de Períodos e cada Período contém um número de subdivi-
tante compreender que o mundo atual é muito diferente da-
sões (veja a figura na contracapa anterior). Pelo menos 99
quele de tempos passados. Nossos padrões particulares de
por cento das espécies fósseis descritas ocorreram no Fane-
climas globais, incluindo aspectos como gelo nos pólos e
rozóico, embora os fósseis mais antigos conhecidos datem
a direção das principais correntes de vento e correntes ma-
de cerca de 3,5 bilhões de anos atrás e estima-se que a vida
rinhas, resultam das posições atuais dos continentes. Hoje
tenha se originado há aproximadamente 4 bilhões de anos.
em dia o mundo é frio e seco em comparação com muitos
climas dos tempos passados. Também é notório que os con- O tempo antes do Fanerozóico em geral é denominado,
tinentes estão amplamente separados uns dos outros e que imprecisamente, como o Pré-cambriano porque o Cam-
a principal massa continental situa-se no Hemisfério Norte. briano é o primeiro Período da Era Paleozóica e assim
Nenhuma destas condições existiu durante a evolução da marco o começo do Fanerozóico. Entretanto, o Pré-cam-
maioria dos vertebrados. briano na verdade representa sete oitavos de toda a história
da Terra! E melhor dividir o Pré-cambriano em dois éons,
comparáveis ao éon do Fanerozóico. O primeiro éon é o Ar-
A Escala do Tempo da Terra e a História Inicial queano (Grego archeo = primeiro ou início), iniciando-se
dos Continentes com a formação da Terra há cerca de 4,5 bilhões de anos. O
Os vertebrados são conhecidos da parte da história da Terra segundo é o Proterozóico (Grego protero = primeiro), que
chamada de éon Fanerozóico (Grego phaneron = visível e se iniciou em torno de 2,5 bilhões de anos atrás. O início do

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158 CAPÍTULO 7 Geografia e Ecologia da Era Paleozóica

Proterozóico é marcado pelo aparecimento dos grandes blo- As rochas superficiais são menos densas do que as ro-
cos continentais encontrados no mundo de hoje (o mundo chas do manto subjacente e, assim, os blocos continentais
do Proterozóico deveria se assemelhar com o atual Pacífico flutuam no manto assim como um cubo de gelo flutua na
Sul - com muitas pequenas ilhas vulcânicas separadas por água. O calor do centro da Terra produz lentas correntes
grandes extensões de oceano). de convecção no manto. A ressurgência de basalto fundido
Embora a vida date do Arqueano, organismos mais com- eleva-se em direção à superfície da Terra formando cristas
plexos do que bactérias não são conhecidos até o Protero- meso-oceânicas onde atingem o topo da litosfera (a camada
zóico. A evolução dos organismos eucariontes que dependem rochosa da Terra) e se espalham horizontalmente (Figura 7-1).
de oxigênio para a respiração, ocorreu logo após o apareci- A crosta mais jovem do fundo dos oceanos é encontrada nos
mento de oxigênio atmosférico no meio do Proterozóico centros dessas cristas; movendo-se a partir do eixo da crista,
(mais ou menos há 2,2 bilhões de anos). Organismos multi- o fundo oceânico torna-se mais velho. Formam-se zonas de
celulares são inicialmente conhecidos perto do Proterozóico, subdução nas quais a litosfera afunda novamente para o in-
mais ou menos há um bilhão de anos. No início do Fanero- terior do manto. O fundo dos oceanos é continuamente reno-
zóico, ocorreu uma grande mudança biótica - a evolução de vado por este ciclo de elevação nas cristas meso-oceânicas e
formas capazes de secretar partes esqueléticas calcárias (con- afundamento para o interior do manto nas zonas de subdu-
tendo cálcio). ção, não ocorrendo rochas mais velhas do que 200 milhões
de anos em qualquer lugar do fundo oceânico.
Deriva Continental - História de Idéias e Efeitos sobre Os movimentos das placas tectónicas são responsáveis
o Clima Global pela seqüência de fragmentação, coalescência e refragmen-
tação dos continentes, que ocorreram durante a história da
O clima da Terra resulta da interação de luz solar, tempera-
Terra. Plantas e animais foram transportados à medida que
tura, precipitações, evaporação e ventos durante a passagem
os continentes derivavam lentamente e colidiam entre si ou se
anual da Terra em sua órbita ao redor do sol. O conheci-
separavam. Quando os continentes se moviam em direção
mento dos paleoclimas nos auxilia a entender as condições
aos pólos, eles levavam organismos para climas mais frios.
sob as quais plantas e animais evoluíram, porque o clima
Quando continentes já separados colidiam, as floras e fau-
afeta profundamente os tipos de plantas e animais que ocu-
nas terrestres que evoluíram em isolamento misturavam-se
pam uma área. No Capítulo 1 discutimos como as posições
e populações de organismos marinhos eram separadas. Um
dos continentes poderiam influenciar os climas globais e a
exemplo recente (em termos geológicos) deste fenômeno é
circulação das águas oceânicas. O clima de uma determi-
a união entre as Américas do Norte e do Sul mais ou menos
nada área é afetado pela latitude (isto é, quanto para o norte
há 2,5 milhões de anos. As faunas e floras dos dois continen-
ou para o sul do equador está, refletindo a quantidade de
tes misturaram-se, motivo pelo qual no Texas ocorrem tatus
energia solar que recebe); sua proximidade de um oceano
(originados na América do Sul) e na Argentina ocorrem vea-
(porque a água miniminiza mudanças de temperatura e for-
dos (originados na América do Norte). Em contraste, os or-
nece umidade); e a presença de barreiras como montanhas,
ganismos marinhos originalmente encontrados no mar entre
que influenciam o movimento de massas de ar e assim a
as Américas do Norte e do Sul, foram separados, e as popu-
quantidade de chuva recebida.
lações do lado do Atlântico e do lado do Pacífico tomaram-se
Nossa compreensão sobre a natureza dinâmica da Terra e
cada mais diferentes uma da outra com o passar do tempo.
sobre a natureza variável do clima da Terra, durante o tempo,
ocorreu apenas recentemente. A noção de continentes móveis, Aposição dos continentes afeta o fluxo das correntes oceâ-
ou deriva continental, foi formalmente proposta por Alfred nicas e como estas correntes transportam enormes quantida-
Wegener em 1924. Naquela época, a teoria não foi totalmente des de calor, as modificações em sua direção afetam o clima
aceita porque não se conhecia qualquer mecanismo capaz de em todo o mundo. Por exemplo, a quebra dos continentes e
fazer com que continentes inteiros se movessem. Somente no sua migração para o norte durante o fim da Era Mesozóica e
final da década de 1960, após novas pesquisas oceanográfi- Era Cenozóica levaram, finalmente, ao isolamento do Oceano
cas que demonstraram a expansão do solo oceânico como um Ártico, havendo formação do gelo Ártico no início da época
mecanismo plausível para o movimento dos continentes é que do Plioceno, há cerca de 5 milhões de anos. A calota de gelo
a teoria da tectônica de placas se estabeleceu (a tectônica de do Ártico não é somente um habitat frio num mundo mais
placas é, essencialmente, o mesmo que a deriva continental, uniforme. A presença desta calota de gelo influencia as con-
mas focaliza as placas tectónicas sobre as quais os continen- dições do clima global de várias maneiras e, hoje em dia, o
tes se situam). Mesmo assim, a teoria não foi universalmente mundo é mais frio e mais seco do que antes do Plioceno.
aceita e a tectônica de placas só foi abraçada pela principal Águas Árticas também desempenham papéis críticos nos
tendência da ciência na década de 1970. sistemas dinâmicos que, hoje em dia, influenciam o clima
Geografia Continental da Era Paleozóica 159

^Figura 7-1 Estrutura geológica generalizada do continente norte-americano. Os blocos continentais (granito) flutuam sobre uma
crosta basáltica (a parte inferior da figura mostra um corte transversal do continente). As setas mostram os movimentos dos elementos da
crosta e as interações com o manto que produzem a deriva continental.

global. Este sistema de correntes oceânicas inclui a Cor- partes do atual Hemisfério Norte: Báltica - Escandinávia
rente do Golfo, que transporta água quente do Atlântico e grande parte da Europa central; Casaquistânia - sul da
Equatorial e do Golfo do México através do Atlântico Norte Ásia central; Sibéria - nordeste da Ásia e China - Mongó-
para a Europa. O aquecimento do Ártico e o derretimento lia, norte da China e Indochina. Gondwana incluía a maior
atual da capa de gelo ártico devem ter um profundo efeito parte do que é agora o Hemisfério Sul (América do Sul,
no clima da Terra. Alguns pesquisadores propuseram que, África, Antártica e Austrália), bem como a índia, o Tibete,
se a Terra como um todo se tomar mais quente, partes do o sul da China, o Iran, a Arábia Saudita, a Turquia, o sul da
oeste da Europa podem toma-se mais frias por que as cor- Europa e parte do sudeste dos Estados Unidos.
rentes oceânicas podem se modificar. Sem a Corrente do No Cambriano Superior, Gondwana e Laurência ocupavam
Golfo, a Inglaterra provavelmente teria o mesmo clima frio o equador; Sibéria, Casaquistânia e China situavam-se ligeira-
de Newfoundland, que fica na mesma latitude (revisto por mente ao sul do equador e Báltica posicionava-se bastante ao
Kunzig, 1996). Este exemplo mostra como o clima da Terra sul (Figura 7-2a). Note que a posição dos continentes moder-
é mutável e dependente da configuração das massas con- nos dentro de Gondwana era diferente da atual; por exemplo, a
tinentais que influenciam a camada de gelo e as correntes África e a América do Sul parecem estar de cabeça para baixo.
oceânicas. Os ingleses só podem torcer para que o aqueci- Durante os seguintes cem milhões de anos, Gondwana derivou
mento global não tome o clima da Inglaterra um ótimo caso para o sul e girou em sentido horário. No Siluriano Superior,
para demonstrar a validade desta hipótese particular. a porção leste de Gondwana situava-se sobre o Pólo Sul e a
África e a América do Sul ocupavam posições similares àque-
las que assumem atualmente (Figura 7-2b). Laurência ainda
7.2 Geografia Continental da Era Paleozóica
estava aproximadamente na mesma posição, embora tenha
O mundo do início da Era Paleozóica conteve pelo menos girado ligeiramente em sentido anti-horário. Então, Báltica
seis grandes blocos continentais (Figura 7-2). Um grande tinha se movido para norte e colidiu com Laurência formando
bloco chamado Laurência incluiu a maior parte da atual um único bloco chamado Laurússia. Casaquistânia, Sibéria e
América do Norte mais a Groelândia, a Escócia e parte do China também tinham derivado para o norte, e situam-se agora
noroeste da Ásia. Quatro blocos menores continham outras no Hemisfério Norte.
160 CAPÍTULO 7 Geografia e Ecologia da Era Paleozóica

Báltica

Gondwana

A F i g u r a 7 - 2 Localização dos blocos continentais no (a) Cambriano Superior e (b) no Siluriano Superior. Os pontos negros em (a) indicam
sitios fósseis onde foram encontrados os vertebrados do Ordoviciano. As posições dos continentes modernos são indicadas como: Af = Africa,
Na = Antártica, Au = Austrália, G = Groenlândia, I = índia, Ne = Norte da Europa, Sa = América do Sul, Se = Sul da Europa.

A irradiação mais dramática da vida animal ocorreu no A partir do Devoniano e durante todo o Permiano, os
início do Cambriano. No entanto, muitos dos grupos conhe- continentes derivaram em conjunto (Figura 7-3). Os blo-
cidos do Cambriano ocorreram somente neste Período sem cos continentais, que correspondem a partes da moderna
deixar descendentes viventes. Uma irradiação maior de ani- América do Norte, Groenlândia e oeste da Europa, apro-
mais marinhos, embora menos dramática, ocorreu no Or- ximaram-se ao longo do equador. Com a adição posterior
doviciano. Não surgiram filos novos, mas quase triplicou o da Sibéria, estes blocos formaram um supercontinente co-
número de famílias e muitos dos gmpos que dominavam os nhecido como Laurásia. A maior parte de Gondwana si-
ecossistemas no restante da Era Paleozóica, apareceram e tuava-se bem ao sul, sobre o Pólo Sul, mas sua margem
sofreram irradiação naqueles tempos. Embora os vertebra- setentrional estava separada da parte austral da Laurên-
dos tenham surgido no Cambriano Inferior, sua primeira e cia somente por uma estreita porção do Mar de Tethys.
principal diversificação ocorreu, aparentemente, durante a O braço oeste do Mar de Tethys, não se fechou comple-
irradiação do Ordoviciano. tamente até o Carbonífero Superior, quando a África se
Climas da Era Paleozóica 161

A F i g u r a 7 - 3 Localização dos blocos continentais no Devoniano Superior. Os pontos negros indicam sitios fósseis onde foram
encontrados tetrápodes do Devoniano. Laurásia, Groenlândia e Báltica localizam-se no equador. Um braço do mar de Thetys estende-se
para oeste entre o Gondwana e os continentes do norte.

moveu em direção norte para estabelecer contato com a climas muito quentes e secos durante o Cambriano e boa
costa leste da América do Norte (Figura 7-4). parte do Ordoviciano, tais condições eram inadequadas para
Durante o Carbonífero, continuou o processo de fusão e, a invasão terrestre por plantas primitivas. Houve uma forte
no Permiano, a maior parte da superfície continental unia- glaciação no Ordoviciano Superior, que - combinado com
se em um único continente, a Pangéia. Em sua extensão níveis decadentes de dióxido de carbono atmosférico - te-
máxima, a área terrestre da Pangéia cobriu 36 por cento da riam criado condições mais frias e mais úmidas pelo menos
superfície da Terra, comparados com os 31 por cento da dis- em algumas partes do mundo, preparando o cenário para o
posição atual dos continentes. Esse supercontinente persis- desenvolvimento de ecossistemas terrestres do Siluriano.
tiu durante os 160 milhões de anos do Carbonífero Médio Um clima relativamente estável parece ter se mantido
até o meio do Jurássico, tendo influenciado profundamente durante o Devoniano Médio. Algumas glaciações foram evi-
a evolução de plantas e animais terrestres. dentes no Devoniano Superior e camadas de gelo cobriram
grande parte de Gondwana desde o Carbonífero Médio até
o Permiano Médio. O aumento e a diminuição das gelei-
7.3 Climas da Era Paleozóica ras criaram oscilações no nível do mar, que resultaram na
Durante o início da Era Paleozóica, os níveis do mar esta- formação cíclica de depósitos de carvão, especialmente no
vam próximos dos mais elevados do Fanerozóico e os níveis leste da América do Norte e no oeste da Europa. Na Pan-
de dióxido de carbono atmosférico aparentemente também géia, o clima foi razoavelmente uniforme no Carbonífero In-
eram elevados. Os altos níveis de dióxido de carbono re- ferior, mas no Carbonífero Superior e no Permiano Inferior
sultariam num efeito estufa, com a Terra experimentando foi muito modificado como resultado da glaciação, tendo
162 CAPÍTULO 7 Geografia e Ecologia da Era Paleozóica

CARBONÍFERO

A F i g u r a 7 - 4 Localização dos blocos continentais no Carbonífero. Este mapa ilustra um estágio inicial do Pangéia. A localização e
extensão das glaciações continentais do Carbonífero Superior são mostradas por linhas pontilhadas e setas que se irradiam do Pólo Sul. A
extensão das florestas que formaram os atuais leitos de carvão está marcada por linhas espessas que circulam os "C". Os pequenos círculos
e triângulos marcam a localização dos tetrápodes do Carbonífero. Os triângulos são as menores formas (leptospondilos) e os círculos são as
formas maiores ("labirintodontes") (veja Capítulo 9). Símbolos cheios representam localidades do início do Carbonífero; símbolos abertos
representam as do Carbonífero Superior. O círculo com uma cruz marca o principal sítio do Devoniano Superior onde se encontraram
tetrápodes.

havido significantes diferenças regionais na flora. A maioria plantas causaram reações químicas nas rochas silicosas da
dos vertebrados era encontrada em regiões equatoriais du- terra, chamada intemperismo, que aprisiona o dióxido de car-
rante esse Período. bono atmosférico como carbonato mineral. O carbono nesta
A dispersão das plantas durante o Devoniano e a modifi- forma é lavado dos solos terrestres e depositado no fundo dos
cação que promoveram nos solos, poderiam ter afetado pro- oceanos, e assim é removido da atmosfera. Os níveis atmos-
fundamente a atmosfera e o clima da Terra, resultando num féricos de dióxido de carbono alcançaram uma extrema baixa
esfriamento do clima. A formação dos solos deve ter acele- durante o Carbonífero Superior e Permiano Inferior, asseme-
rado a decomposição das rochas subjacentes à medida que as lhando-se com os níveis dos dias do mundo atual (mesmo
raízes das plantas penetravam nelas e secreções orgânicas e a agora, com o aumento dos níveis de dióxido de carbono que
decomposição de material vegetal morto provocava a dissolu- ocorreu no último século, as concentrações deste gás estão
ção de minerais das rochas. Os pontos de evidência para esta mais baixas do que em grande parte do Fanerozóico). Em
alta diminuição (mais ou menos 90 por cento) do dióxido de contraste, os níveis de oxigênio eram elevados durante este
carbono atmosférico durante o Devoniano Superior, possivel- tempo. O contrário do efeito estufa, causado pelos baixos ní-
mente está relacionado com a dispersão das plantas terrestres veis de dióxido de carbono, provavelmente foi responsável
(Berner 1997). Os ácidos orgânicos liberados pelas raízes das pelas extensas glaciações Permo-Carboníferas.
Ecossistemas Terrestres da Era Paleozóica 163

7.4 Ecossistemas Terrestres da Era Os ecossistemas terrestres aumentaram em complexi-


dade durante o Devoniano Inferior e Médio, com o apare-
Paleozóica
cimento de mais plantas vasculares derivadas no início do
Bactérias fotossintetizantes (cianobactérias) provavelmente Período, mas as teias alimentares permaneceram simples.
existiram em habitats terrestres úmidos desde sua origem Atualmente, as plantas constituem a base para as cadeias
no Arqueano, sendo que algas, liquens e fungos provavel- alimentares terrestres, porém não existem evidências de
mente ocorreram em ambiente terrestre desde o fim do Pro- que os invertebrados do Devoniano fossem primariamente
terozóico. Solos fossilizados do Ordoviciano têm padrões herbívoros, alimentando-se de plantas vivas. Ao contrário,
mosqueados que parecem indicar a presença de tapetes de provavelmente foram detritívoros, consumindo matéria ve-
bactérias, e vestígios de erosão sugerem que parte da su- getal morta e fungos. Isso, por sua vez, poderia reciclar os
perfície do solo tenha sido recoberta por algas, mas não há nutrientes das plantas para o solo. Milípedes e escorpiões
evidências de plantas com raízes. As plantas terrestres pa- eram abundantes, estando presentes, também, os colêmbo-
recem representar uma única invasão do ambiente terrestre los e ácaros.
a partir de um gmpo particular de algas verdes. A primeira No Devoniano Inferior, as terras ainda pareciam estéreis.
grande irradiação de plantas para o ambiente terrestre ocor- Entretanto, a diversidade de espécies de plantas foi maior
reu do Ordoviciano Médio ao Superior, como é mostrado do que no Siluriano e o aumento em altura se tomou possí-
por esporos fossilizados de plantas, embora não tenhamos vel para as plantas vasculares (que podiam transportar água
evidências diretas (isto é, macrofósseis) de plantas terrestres do local de sua captação para outros). Por ocasião do De-
até o Siluriano Superior. Esses pioneiros incluíam briófitas, voniano Médio, estas plantas provavelmente atingiram altu-
atualmente representadas por musgos, hepáticas e ceratófi- ras de 2 metros e o dossel que criaram deve ter modificado
los. A paisagem deveria ter tido um aspecto árido de acordo as condições microclimáticas sobre o solo. Formas seme-
com nossos padrões - em grande parte estéril, com poucos lhantes a árvores evoluíram independentemente entre di-
tipos de vegetação rasteira limitada a áreas úmidas. Behrens- versas linhagens antigas de plantas e, durante o Devoniano
meyer et al. (1992) e Willis e McElwain (2002) revisaram a Médio, existiam comunidades florestais estratificadas con-
evolução dos ecossistemas terrestres na Era Paleozóica. sistindo de plantas de diferentes alturas. No entanto, estas
Assim como ocorreu com a evolução dos vertebrados plantas não eram aparentadas com as modernas árvores e,
terrestres, as plantas terrestres tiveram que enfrentar a tran- realmente, não apresentavam a estrutura das árvores moder-
sição da água para a terra. As primeiras plantas terrestres nas. Seria impossível fazer móveis de árvores do Devoniano
eram pequenas e simples, assemelhando-se à fase produtora porque tinham troncos finos e não teriam fornecido tecido
de esporos de plantas primitivas viventes, tais como mus- lenhoso suficiente.
gos. Respostas adaptativas à vida em terra incluíram a evo- Embora o ambiente terrestre do Devoniano Médio fosse
lução de uma superfície externa impermeável (para impedir bem complexo, diferia em muitos aspectos dos ecossistemas
a perda de água), de tubos internos, condutores de água e de modernos com os quais estamos acostumados. Em primeiro
órgãos produtores de esporos para a reprodução. lugar, não havia vertebrados terrestres - os primeiros deles
A diversidade da vida terrestre aumentou durante o Silu- apareceram no Devoniano Superior. Além disso, a vida das
riano. Uma planta sem raízes e sem folhas, chamada Cooksonia, plantas era limitada a lugares úmidos - nas margens de ria-
foi abundante nos depósitos fósseis do Siluriano Superior. chos, rios e lagos, além de áreas baixas. Não existiam in-
Esta planta era composta de um gmpo de caules não rami- setos voadores e herbívoros. As comunidades de animais
ficados, encimados por estruturas produtoras de esporos, do terrestres no meio do Devoniano aparentemente eram basea-
tamanho da cabeça de um alfinete e cresciam até uma al- das em espécies detritívoras, tais como milípedes, colêm-
tura de 10 a 15 milímetros. A cobertura vegetal do Siluriano bolos e ácaros. Por sua vez, aqueles animais eram predados
provavelmente era bastante baixa, concentrada ao longo das por escorpiões, pseudo-escorpiões e aranhas.
planícies de inundação dos rios. Fungos terrestres também Os ecossistemas terrestres tomaram-se cada vez mais
eram conhecidos destes conjuntos de plantas - assim como complexos durante o restante da Era Paleozóica. Plantas com
pequenos artrópodes que poderiam ter se alimentado destes folhas grandes apareceram no Devoniano Superior. A evolu-
fungos - e alguns artrópodes maiores, provavelmente preda- ção de folhas grandes provavelmente coincidiu com a queda
dores. Assim, ao final do Siluriano, havia uma teia alimentar dos níveis de dióxido de carbono atmosférico porque e as fo-
terrestre mínima, consumida de produtores primários (plan- lhas com mais estômatos captam dióxido de carbono mais
tas), decompositores (fungos), consumidores secundários facilmente. O Devoniano Superior viu a disseminação das
(artrópodes que se alimentavam de fungos) e predadores florestas da pró-gimnosperma (planta primitiva com semen-
(milípedes e escorpiões). tes) Archaeopteris, com grandes árYQJES e UUIXL ttoncos de
164 CAPÍTULO 7 Geografia e Ecologia da Era Paleozóica

até um metro de diâmetro alcançando altura de pelo menos fero Inferior. Os detritívoros continuaram sendo uma parte
10 metros. A maioria das espécies de Archaeopteris emitia importante da teia alimentar, mas a herbivoria dos insetos
ramos horizontais que apresentavam folhas, e uma porção só parece ter estado bem estabelecida ao final do Carboní-
fero. Folhas fósseis do Carbonífero Superior apresentam
destas árvores poderia ter criado um chão sombreado em
buracos esfarrapados, sementes e madeira são perfuradas
florestas de áreas baixas. Cavalinhas gigantes (Calamites),
por túneis e o pólen é encontrado no trato digestório e nas
parentes das cavalinhas que ocorrem atualmente em áreas
fezes de insetos fossilizados. Especula-se que insetos voa-
úmidas, alcançavam alturas de vários metros. Também havia
dores e herbivoria possam ter evoluído passo a passo, per-
muitas espécies de licófitas gigantes, algumas das quais so-
mitindo que insetos forrageassem nas copas. Altos níveis de
brevivem hoje como pequenas plantas rasteiras. As licófitas
oxigênio atmosférico possibilitaram a evolução do vôo, em
masculinas e femininas produziam grandes cones e a maior
parte porque o vôo requer grandes quantidades de alimento
parte de sua vida era passada na forma de troncos não ra-
e oxigênio, e também porque uma atmosfera contendo mais
mificados, assim como os postes telefônicos. Outras áreas,
oxigênio é mais densa (Dudley 2000). Níveis de oxigênio
aparentemente eram cobertas com plantas semelhantes a ar-
crescente também permitem aos insetos atingir um tamanho
bustos, vinhas ou ervas baixas.
corpóreo maior do que o encontrado atualmente. Grandes li-
A diversidade e a especificidade de habitats das floras bélulas (uma espécie com envergadura de 63 centímetros)
do Devoniano Superior continuaram a expandir-se até o voavam pelo ar e artrópodes predadores extintos tinham
Carbonífero. A maioria dos habitats preservados representa cerca de 2 metros de comprimento.
ambientes de brejos e a vegetação enterrada neles formou
No fim da Era Paleozóica, as comunidades de artrópodes
os depósitos atuais de carvão. (A palavra Carbonífero signi-
continham grandes formas predadoras, incluindo escorpiões
fica "portador de carvão"). Existe um pouco de mistério do e aranhas, mas a diversidade era menor do que a de hoje.
porquê estas camadas de carvão se formaram nesse Período A maioria das aranhas parece ter sido constituída por for-
da história da Terra e não em outros. Pode ser que as comu- mas que escavavam buracos e não por construtoras de teias.
nidades de fungos e bactérias que atacam lignina (um com- A primeira evidência de produção de seda por uma aranha
ponente estrutural duro das plantas) não haviam evoluído, data do meio do Devoniano. Novos tipos de artrópodes apa-
assim as plantas mortas poderiam se acumular sem decom- receram no Permiano e incluíram hemípteros (percevejos),
posição (Robinson 1990). besouros e formas semelhantes aos mosquitos, porém não
A maior parte dos principais grupos taxonômicos de intimamente aparentadas com os verdadeiros mosquitos.
plantas evoluiu durante este Período, embora as plantas com Vertebrados terrestres apareceram no Devoniano Supe-
flores e sementes (angiospermas) que dominam o mundo rior e diversificaram-se durante o Carbonífero. Os primei-
de hoje ainda eram desconhecidas. As extintas pteridosper- ros amniotas apareceram no meio do Carbonífero, e pelo
mas e as samambaias (que sobrevivem atualmente) viviam Carbonífero Superior, os amniotas tinham se dividido em
em áreas bem drenadas, e os brejos eram dominados por li- duas grandes linhagens - uma levando aos mamíferos (Sy-
cófitas, havendo também cavalinhas, fetos e pteridospermas. napsida) e a outra aos modernos répteis e aves (Sauropsida).
Durante o Carbonífero Inferior, haviam florestas constituí- O Carbonífero foi dominado por uma diversidade de tetrá-
das de árvores de diversas alturas, fornecendo estratificação podes primitivos semi-aquáticos, mas no Permiano os am-
ao dossel, e plantas semelhantes a trepadeiras que estavam niotas mais adaptados ao ambiente terrestre eram comuns e
penduradas em seus ramos. A vegetação terrestre poderia muitas comunidades fósseis de vertebrados parecem ter sido
assemelhar-se superficialmente com a de hoje, embora os características de habitats de terras altas (Figura 7-5).
verdadeiros tipos de plantas presentes tenham sido comple- Por ocasião do Permiano Inferior diversas linhagens
tamente diferentes. de vertebrados deram origem a pequenos predadores inse-
A seca global resultou em mudanças nas comunidades tívoros, mais ou menos como as salamandras e os lagartos
de plantas durante o Carbonífero Superior e o Permiano. modernos. Vertebrados grandes (de até 1,5 metros de com-
Plantas com sementes, tais como coníferas, tornaram-se primento) provavelmente eram predadores destas pequenas
componente importante da flora, substituindo as plantas pte- espécies e predadores ainda maiores ocupavam o topo da teia
ridófitas mais primitivas. Plantas com sementes eram abun- alimentar. No Permiano, um desenvolvimento importante
dantes em altas latitudes, e no final da Era Paleozóica, era o foi o aparecimento de vertebrados herbívoros. Pela primeira
principal grupo de plantas ao redor do mundo. Pteridófitas vez, os vertebrados foram capazes de explorar diretamente
também se tornaram predominantes numa grande variedade a produção primária das plantas terrestres. Ao final do Per-
de habitats nesse Período. miano, a estrutura e a função dos ecossistemas terrestres
Os invertebrados terrestres diversificaram-se durante o eram essencialmente modernas, embora os tipos de plantas
Carbonífero. Milípedes, aracnídeos e insetos eram comuns. e animais destes ecossistemas tenham sido quase que inteira-
Insetos voadores são conhecidos desde o final do Carboní- mente diferentes daqueles que conhecemos hoje em dia.
Extinções da Era Paleozóica 165

Margem do lago Terras altas


Licófitas Coníferas

Pteridospermas
Cavalinhas gigantes

Tetrápodes
Tetrápodes terrestres
aquáticos não amniotas
não amniotas

A F i g u r a 7-5 Uma reconstituição de uma cena de um lago do Carbonífero Superior na Europa e arredores.

Uma quantidade suficiente de lava liquefeita foi lançada


7.5 Extinções da Era Paleozóica
para cobrir uma área aproximadamente da metade do tama-
Houve um grande evento de extinção de invertebrados ma- nho dos Estados Unidos. Estes eventos, juntos com a libe-
rinhos no Ordoviciano, mas o registro de vertebrados para ração de grandes quantidades de gases na atmosfera teriam
esta época é muito pobre para que se saiba se esse evento resultado em aquecimento global de aproximadamente 6°C.
também os afetou. A seguinte grande extinção, no Devo- Tal aquecimento não só teria um efeito direto sobre os orga-
niano Superior, produziu graves efeitos nos vertebrados ma- nismos, mas teria afetado as correntes oceânicas, resultando
rinhos. Trinta e cinco famílias de peixes (76 por cento das em estagnação e baixos níveis de oxigênio, com profundos
famílias existentes) extinguiram-se incluindo todos os ostra- efeitos sobre os organismos marinhos.
codermes remanescentes, a maioria dos placodermes (com a Para tornar as coisas piores o aquecimento global tam-
completa extinção deste grupo por volta do final do Devo- bém resultou na liberação de gases de hidratos congelados
niano) e muitos dos peixes de nadadeiras lobadas. subaquáticos, causando a liberação de grandes quantidades
Grandes extinções ocorreram no final da Era Paleozóica, de metano na atmosfera. O metano é um gás de efeito es-
tanto em ambientes terrestres como nos marinhos. Estas tufa, e essa realimentação deve ter tornado o mundo ainda
foram as extinções mais graves do Fanerozóico, afetando mais quente, constituindo-se o problema. O limite Permo-
aproximadamente 57 por cento das famílias de invertebrados Triássico foi aparentemente marcado por um efeito estufa,
marinhos e 95 por cento de todas as espécies marinhas, in- com uma retro-alimentação positiva dos eventos causando
cluindo 12 famílias de peixes (Erwin 1993). Também houve um aumento do aquecimento global. Isto rompeu os meca-
desastres significantes no ambiente terrestre: 27 famílias de nismos ambientais globais normais de milhares de anos e
tetrápodes (49 por cento) extinguiram-se, tendo havido espe- resultaram na extinção de quase toda a vida da Terra.
cialmente grandes perdas entre os répteis semelhantes a ma- Outra extinção menor, embora significante, ocorreu no
míferos (Benton 1989). final do Permiano Inferior. Quinze famílias de tetrápodes
Teorias especulam sobre as razões para esta extinção sofreram extinção, incluindo muitos tetrápodes anamniotas
massiva, incluindo a possibilidade de um impacto de um as- ("anfíbios" em sentido amplo) e pelicossauros (répteis se-
teróide. Entretanto pesquisas recentes incluindo evidências melhantes a mamíferos). Estas extinções podem ter se re-
geoquímicas de isótopos fez o quadro mais claro (Benton lacionado com modificações climáticas associadas com o
e Twitchett 2003). A divisão do Permo-Triássico foi agora final do Período Permo-Carbonífero de glaciação e, talvez,
precisamente datada em 251 milhões de anos; isto coincide também com as modificações concomitantes na atmosfera,
com as erupções vulcânicas massivas na Sibéria concentra- com um decréscimo nos níveis de oxigênio e uma elevação
das em um período de tempo menor que 1 milhão de anos. nos níveis de dióxido de carbono.
166 CAPÍTULO 7 Geografia e Ecologia da Era Paleozóica

Leituras Adicionais

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