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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE DIVINÓPOLIS – FUNEDI

Instituto Superior de Educação de Divinópolis – ISED


Curso de Letras

O LETRAMENTO NOS DIVERSOS GRUPOS SOCIAIS

Aline Gonçalves Nunes


Hamilton Nogueira Amaro
Jacqueline Zenaide Ribeiro Guerra Paolinelli
Kamille Dayer Baía Batista
Loisiane Alves Maciel
Patrícia Aparecida Felício
Samuel Carlos da Silva Marques

Divinópolis
Maio 2010
1

ALINE GONÇALVES NUNES


HAMILTON NOGUEIRA AMARO
JACQUELINE ZENAIDE RIBEIRO GUERRA PAOLINELLI
KAMILLE DAYER BAÍA BATISTA
LOISIANE ALVES MACIEL
PATRÍCIA APARECIDA FELÍCIO
SAMUEL CARLOS DA SILVA MARQUES

O LETRAMENTO NOS DIVERSOS GRUPOS SOCIAIS

Relatório apresentado aos professores


Lenir Nogueira, Maurício Faria e
Rosane Beltrão, responsáveis
respectivamente pelas disciplinas
Seminário Temático I, Linguística I e
Língua Portuguesa I do 1º período de
Letras, para obtenção parcial de
crédito.

Divinópolis
Maio 2010
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Sumário

Letramento: Como ele se apresenta em nossa sociedade? ............................................ 03


1. Introdução .................................................................................................................. 03
2. Uma investigação aprofundada ................................................................................. 05
2.1. A leitura e a escrita na prática ................................................................................ 06
3. O letramento e suas relações ..................................................................................... 08
3.1. As influências da escolaridade ............................................................................... 09
3.2. A leitura .................................................................................................................. 10
3.3. A escrita .................................................................................................................. 14
3.4. Capacidade de se comunicar ................................................................................... 18
4. Conclusões ................................................................................................................. 23
4.1. Aline ....................................................................................................................... 24
4.2. Hamilton ................................................................................................................. 24
4.3. Jacqueline ............................................................................................................... 25
4.4. Kamille ................................................................................................................... 27
4.5. Loisiane .................................................................................................................. 27
4.6. Patrícia .................................................................................................................... 28
4.7. Samuel .................................................................................................................... 29
Referências bibliográficas ............................................................................................. 30
xx
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Letramento: Como ele se apresenta em nossa sociedade?

“Em nossa cultura grafocêntrica, o acesso à leitura é


considerado como intrinsecamente bom. Atribui-se à leitura um
valor positivo absoluto: ela traria benefícios óbvios e
indiscutíveis ao indivíduo e à sociedade – forma de lazer e de
prazer, de aquisição de conhecimentos e de enriquecimento
cultural, de ampliação das condições de convívio social e de
interação.”
(Magda Soares)

1. Introdução

Após vasta avaliação sobre cultura e educação no Brasil, é fácil entender a importância
da leitura e da escrita ou, mais precisamente, do letramento em nossa sociedade. Este é
capaz de dividir a população em grupos e criar desigualdades, mas é capaz também de
transformar vidas, levando pessoas que antes pertenciam a um grupo social menos
favorecido economicamente a, depois de letradas, tornarem-se cidadãos ativos na
sociedade e descobrirem um mundo que, até então, apresentava-se como um mistério ou
como opressão para si.

O ser humano vive em constante transformação, seja biologicamente ou


intelectualmente, e a cada era costumes e importâncias vão se sobrepondo na sua
realidade. Foi esse fato que, ao longo de milhares de anos, foi transformando o homem
e tornando-o racional e, nessa transformação, a descoberta das palavras foi um ponto
fundamental, visto que a partir daí o homem passou a se comunicar e pôde viver em
sociedade. Mas tão importante como descobrir a preciosidade das palavras foi a
transformação da língua oral em língua escrita. Essa fez com que as comunicações
ganhassem maior abrangência e que ensinamentos, costumes, fatos históricos e novas
descobertas pudessem ser transportadas para as gerações seguintes.
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A escrita é tão transformadora que é impossível deixar de considerar que ao longo de


toda a história do homem, não se viu uma evolução tão grande em tão pouco tempo
como após o desenvolvimento da palavra escrita. É como se os milhares de séculos que
o ser humano viveu sem deixar suas experiências imortalizadas em palavras deixassem
de fazer parte da história e ficassem apenas a cargo dos arqueólogos e pesquisadores,
enquanto os séculos seguintes se tornaram a luz e a explicação para tudo o que hoje
conhecemos como história.

Todavia, a leitura e a escrita, esses meios tão preciosos de evolução, parecem ter sido
esquecidos por muitos em nossa sociedade atual, em que há o predomínio dos meios de
comunicação velozes, como rádio, televisão, e internet. O livro e o gosto pela leitura
parecem ficar cada vez mais distantes de uma população que tem sempre milhares de
atrativos espalhados ao seu redor. A escrita deixa de ser uma forma de se imortalizar a
realidade atual e torna-se somente a “cópia” de matérias pelos alunos das escolas. Será
que a modernidade tem criado um ser humano menos letrado?

Responder a essa pergunta é um grande desafio, mas é algo extremamente importante


para alunos do curso de Letras que, como pesquisadores, podem conhecer a sociedade
como um todo; utilizar os dados obtidos em trabalhos vindouros, tanto a nível
acadêmico quanto profissional, em sala de aula; e saber o motivo do rápido
desenvolvimento ou da dificuldade de aprendizado de futuros educandos.

E para solucionar esse dilema, torna-se imprescindível discutir as variações do nível de


letramento entre os diversos grupos sociais e faixas etárias e, com isso, descobrir se a
idade e/ou a situação econômica interferem no letramento da população e se este pode
ou não ser relacionado ao nível de escolaridade.

Para isso, realizou-se pesquisa bibliográfica a partir de artigos de Soares (1995, 2000,
2002) e Serra (2002), além de entrevistas com membros das diversas classes sociais e de
várias faixas etárias simultaneamente, levando-se em consideração que entendem-se por
grupos sociais, no caso, os grupos A, B e C; sendo que o grupo C comporta indivíduos
com renda per capita de menos de meio salário mínimo; o grupo B contém indivíduos
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com renda per capita de meio a um e meio salário mínimo; e o grupo A engloba
indivíduos com renda per capita acima de um e meio salário mínimo. Além disso, são
consideradas as três faixas etárias seguintes: entre 10 e 20 anos, entre 21 e 59 anos e
acima de 60 anos.

Como visto, foram coletados dados de um grupo específico de indivíduos e, portanto, os


resultados não podem ser generalizados. Por outro lado, buscou-se variedade de
realidades de forma que possa ser feita uma comparação entre os indivíduos analisando
as variações no nível de letramento em entrevistados de um mesmo grupo social, mas de
idades diferentes; e de uma mesma idade, mas de grupos sociais distintos.

2. Uma investigação aprofundada

Certamente o uso da leitura e da escrita não é algo fixo, ou seja, ele se apresenta de
diversas maneiras, numa dinâmica que é mais ampla do que se possa supor. Percebendo
isso, qualquer discussão sobre o assunto deve ser aprofundada, com materiais de autores
renomados como Serra, que é pedagoga, secretária geral da Fundação Nacional do
Livro Infantil e Juvenil/IBBY-Brasil e diretora do Departamento Geral de Bibliotecas
do Estado do Rio de Janeiro; e Soares, Professora Titular Emérita da UFMG, Bacharel
em Letras Neolatinas pela UFMG, Doutora em Didática pela UFMG e Membro da
Comissão de Publicações da Associação de Pesquisa e Pós-Graduação em
Educação/ANPEd.

Em seu texto Políticas de promoção da leitura, Serra (2004) nos mostra a importância
das políticas de alfabetização e leitura criadas pelos governos. Segundo ela, a noção de
importância da leitura está presente até mesmo nos analfabetos que, por sua condição de
exclusão, vm o poder comunicativo da palavra escrita como um sonho que muitas vezes
não é realizado por falta de meios apropriados ou de tempo. Ela nos leva ainda a
perceber que o interesse pela leitura só é despertado nas crianças e adolescentes em
idade escolar quando há algo que complemente o que foi lido. Deve-se investir em
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projetos de ensino que levem o educando a entender sua cultura por meio daquilo que se
lê. Projetos esses que devem incluir dança, teatro, música, cinema, visitas a museus,
exposições, feiras e tantos outros métodos que estão ao alcance das escolas, mas que
raramente são utilizados.

Com um ponto de vista parecido, Soares (2000) expõe em seu texto As condições
sociais da leitura: uma reflexão em contraponto que a leitura não é apenas o fato de
alguém abrir um livro e ler o que está ali, mas sim a interação entre esse alguém e
outros indivíduos da sociedade. Deve-se considerar todo o universo cultural em que se
situa o leitor e saber que cada um tem um universo próprio. Ainda segundo ela, grande
parte do material escrito, além de ser de difícil acesso para os grupos sociais menos
favorecidos, ainda carregam em si um grande etnocentrismo ao direcionarem seu
conteúdo exclusivamente, ou em maior parte, para as classes dominantes.

Já em outro texto, Língua escrita, sociedade e cultura, Soares (1995) estuda as


transformações na linguagem, sua transição da oralidade para a escrita e as
consequências de tal mudança. Mas a autora não trata somente disso, pelo contrário, ela
faz uma ampla análise ao alfabetismo e diz que as habilidades e conhecimentos
utilizados na escrita são diferentes dos usados na leitura e, portanto, cada uma precisa
ser aprendida de uma forma. Ela relata ainda que nos países desenvolvidos, alfabetismo,
ou letramento, não é saber ler ou escrever, mas sim fazer uso social de tais habilidades.

O letramento e as formas de aprendizagem, portanto, só são compreendidos após vasta


análise. Para isso, é necessário também um processo investigativo aprofundado, mas
simples, que exprima a realidade de indivíduos variados e permita, com isso, perceber
se leitura e escrita são competências que seguem algum padrão.

2.1. A leitura e a escrita na prática

Analisar as informações de Serra (2004) e Soares (1995, 2000, 2002) e complementá-


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las é um processo complicado, visto que cada sociedade tem seus costumes próprios.
Por isso, torna-se importante não uma investigação quantitativa, que busque saber
quantos indivíduos em nossa sociedade leem e escrevem ou não, mas sim uma pesquisa
qualitativa, que busque analisar os hábitos de vários indivíduos a fundo e saber quais
deles realmente se interessam e veem importância na leitura e na escrita.

Dessa forma, buscou-se fazer uma entrevista com poucos, mas variados indivíduos de
modo que se reunissem depoimentos de pessoas dos grupos sociais A, B e C e de três
níveis etários diferentes. De cada grupo social foram entrevistados três indivíduos,
sendo que cada um deles pertence a uma das três faixas etárias, isto é, do grupo A, por
exemplo, responderam à entrevista um indivíduo com idade entre 10 e 20 anos, um com
idade entre 21 e 59 anos e um com mais de 60 anos.

Para preservar a identidade dos indivíduos, eles serão chamados aqui de “Entrevistados”
e identificados por um número, como disposto a seguir:
Entrevistado 1: indivíduo do grupo A com idade entre 10 e 20 anos.
Entrevistado 2: indivíduo do grupo B com idade entre 10 e 20 anos.
Entrevistado 3: indivíduo do grupo C com idade entre 10 e 20 anos.
Entrevistado 4: indivíduo do grupo A com idade entre 21 e 59 anos.
Entrevistado 5: indivíduo do grupo B com idade entre 21 e 59 anos.
Entrevistado 6: indivíduo do grupo C com idade entre 21 e 59 anos.
Entrevistado 7: indivíduo do grupo A com idade acima de 60 anos.
Entrevistado 8: indivíduo do grupo B com idade acima de 60 anos.
Entrevistado 9: indivíduo do grupo C com idade acima de 60 anos.

O processo investigativo não se deteve apenas à leitura e à escrita, mas ao conhecimento


em geral e à capacidade de se transmitir tal conhecimento e usá-lo na vida em
sociedade. Houve ainda a preocupação em saber sobre a escolaridade do indivíduo e
concluir, assim, se há influência da situação econômica no nível escolar de cada um ou
mesmo se indivíduos que estudaram mais desenvolveram maior gosto pela leitura e pela
escrita.
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3. O letramento e suas relações

Muito se discute se a situação econômica da população influencia em seu grau de


conhecimento. Segundo Soares (2000), as classes dominantes tratam da leitura como
lazer ou como meio de se aprofundar o conhecimento, enquanto as classes dominadas a
tratam como uma forma de ascensão social e como algo necessário à sobrevivência ou à
manutenção do trabalho, por exemplo. Apesar das palavras da autora tratarem
exclusivamente da leitura, pode-se estender tal ponto de vista à escrita, visto que as duas
estão fortemente ligadas.

Está claro que todos sabem da importância da leitura e da escrita, mas há uma grande
dificuldade em saber por que algumas pessoas têm gosto por ambas e outras não, já que
as diferenças em tal gosto se apresentam aparentemente sem nenhum critério de
escolaridade, idade ou renda familiar. Pensa-se, com frequência, que o gosto pela
leitura, por exemplo, é característica apenas de pessoas mais idosas, que não se atém às
novas tecnologias. Acredita-se ainda que ela é comum só entre pessoas com maior
poder aquisitivo, que dá uma liberdade maior para a compra de diversas publicações.
Pensa-se também que a escolaridade interfere no nível de leitura de alguém e que quem
cursa o ensino superior, por exemplo, teria mais facilidade de compreender qualquer
texto e, com isso, maior gosto pela leitura.

Todavia, na nossa sociedade globalizada, com um fluxo cada vez maior de informações
entre as diversas culturas e povos, a quantidade de material para ser lido e decodificado
é gigantesca e em cada esquina, em qualquer lugar, há o que se ler, há informações que
precisam sem entendidas. E é a capacidade ou não de decodificar as informações
necessárias à sua vida que torna um indivíduo mais ou menos letrado.

O letramento apresenta três níveis. O primeiro deles e mais baixo comporta indivíduos
que leem frases curtas, cartazes, placas, marcas de produtos e outras informações
indispensáveis à convivência. O segundo nível engloba pessoas que conseguem ler
textos, acompanhar notícias, ler livros e relacionar as informações principais de cada
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um. Já ao terceiro e mais alto nível de letramento pertencem os indivíduos que leem
diversos tipos de textos e conseguem captar toda a informação lida, interpretá-la e
associá-la a outros conceitos obtidos anteriormente.

Assim, a alfabetização e o letramento fazem com que a pessoa tenha melhor


compreensão sobre os mais diversos assuntos e dê utilidade aos conteúdos lidos. O
letramento cria curiosidade, desejo por mais aprendizado e desenvolvimento de
habilidades, o que traz cada vez mais progresso para a nossa sociedade.

3.1. As influências da escolaridade

De acordo com Serra (2004), a presença de crianças nas escolas aumentou nos últimos
20 anos, isso porque a educação passou a ser tratada como direito e houve cobrança
internacional. Todavia a educação ainda é muito básica e a leitura desses alunos ainda
não é capaz de desenvolver a intelectualidade.

Comprovando o fato de que a presença das crianças nas escolas aumentou, as


entrevistas mostram que todos os entrevistados com idade entre 10 e 20 anos estão
cursando ou já concluíram o ensino médio. Contudo, apenas o Entrevistado 1, do grupo
A, afirma ter lido um livro de Machado de Assis e diz gostar de acompanhar produções
televisivas que tratam de obras da literatura contemporânea. O Entrevistado 2, do grupo
B, diz que não gosta de obras literárias adaptadas para a TV. E o Entrevistado 3, do
grupo C, afirma ter lido livros dos escritores contemporâneos Walcyr Carrasco e
Moacyr Scliar, mas que não gosta de produções literárias na TV e que não as entende.

Já entre os indivíduos de 21 a 59 anos pesquisados, apenas o Entrevistado 4, do grupo


A, concluiu o ensino médio, enquanto os outros dois, dos grupos B e C, deixaram a
escola ainda na antiga 8ª série do ensino fundamental. Isso, talvez porque na época em
que eram crianças ou adolescentes não existiam políticas públicas de incentivo à
educação. Além disso, todos afirmam ter lido Machado de Assis, mas o Entrevistado 4,
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do grupo A, não soube falar nada sobre o livro; o Entrevistado 5, do grupo B, diz não se
lembrar do nome da publicação; e o Entrevistado 6, do grupo C, respondeu apenas que
leu o livro.

Entre os indivíduos com mais de 60 anos de idade, mais uma vez aparece grande
diferença entre o nível de escolaridade. Apenas o Entrevistado 7, do grupo A, afirma ter
cursado o ensino superior. Esse é, aliás, o único de todos os entrevistados que possui 3°
grau completo. Os indivíduos 8 e 9, respectivamente dos grupos B e C, cursaram apenas
a antiga 4ª série do ensino fundamental. Além disso, apenas o Entrevistado 7 afirma ter
lido uma obra de Machado de Assis, mas todos dizem gostar de obras literárias
adaptadas para a TV.

Entre os 6 entrevistados com mais de 21 anos, todos gostam de novelas ou minisséries


que contam histórias de obras literárias famosas. Isso confirma a afirmação de Serra
(2004), em que a autora se baseia no INAF 2001. Segundo ela:

“assistir à televisão é uma prática quase totalmente generalizada na


população brasileira, de todos os segmentos econômicos e níveis de
alfabetismo, bem como entre os analfabetos”. (SERRA, 2004, p. 69).

Como vimos, as obras literárias na TV atingem mais a população do que em livros. Isso,
talvez porque a linguagem de determinadas obras seja complexa para alguns indivíduos,
que só conseguem compreender as histórias por meio da interpretação que a televisão
oferece, ou seja, transferindo para outro o seu papel de decodificador do que é lido. Tal
resultado não é benéfico, visto que são poucos os canais de televisão que apresentam
programação inteligente, que estimula o pensamento. Além disso, é alarmante ver que
enquanto a TV decodifica as informações, a população para de se preocupar com a
busca da compreensão de conteúdos lidos e a prática da leitura tende a cair em desuso.

3.2. A leitura

Um estudante de ciências biológicas prefere ler um livro sobre anatomia a um sobre


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cálculos. Uma criança de 7 anos se interessa mais por um livro com desenhos e cores do
que por um texto científico. Um arqueólogo talvez se interesse mais por um livro que
trata da formação geológica da Terra do que por um guia automotivo. Tudo isso parece
óbvio, mas só vem comprovar a afirmação de Soares (1995) de que não há só um tipo
de leitura e que cada indivíduo pode se interessar por um material diferente de acordo
com seu gosto.

Analisando as entrevistas realizadas, vemos que todos os indivíduos entrevistados


sabem ler, mas que cada um lê um tipo de material diferente. O Entrevistado 5, do
grupo B, foi o único que não respondeu apenas com um “sim” à pergunta “você sabe
ler?”. O entrevistado ao dizer que sabe ler, mas que deveria ler mais, mostrou que tem
consciência da importância da leitura.

Quando perguntados sobre o que costumam ler, foram ouvidas as seguintes respostas
dos entrevistados com idade entre 10 e 20 anos:
“Livros e revistas.” (Entrevistado 1, grupo A).
“Livros, revistas e jornais.” (Entrevistado 2, grupo B).
“Livros de drama.” (Entrevistado 3, grupo C).
Quando perguntados sobre o motivo de gostarem de tais materiais, o Entrevistado 1
disse que gosta de livros e revistas porque revistas trazem o cotidiano em informações
numa linguagem mais acessível e que lê livros apenas esporadicamente e por prazer. Já
o Entrevistado 3 disse gostar de livros de drama porque gosta de se emocionar. E o
Entrevistado 2 não respondeu.

A resposta do Entrevistado 1 comprova a afirmação de Serra (2000) de que a leitura


para indivíduos do grupo dominante é sinônimo de prazer e de extensão do
conhecimento. Todavia, quando perguntados se conseguiriam ler um livro e contar em
poucas palavras a história, os Entrevistados 2 e 3 responderam que sim, mas o
Entrevistado 1 disse que depende da extensão e da linguagem do livro.

Quanto ao uso social da leitura, todos responderam que leem placas e faixas nas ruas; o
Entrevistado 2 sempre lê marcas de produtos nos supermercados, enquanto 1 e 3 o
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fazem às vezes; 1 acredita que entende bem o que lê, 2 afirma que entende e 3 disse que
às vezes entende. Foi pedido ainda que os entrevistados contassem a história de algum
livro ou notícia que leram e todos contaram com grande facilidade.

Tratando-se dos entrevistados com idade entre 21 e 59 anos, as respostas para a


pergunta “o que você gosta de ler?” e para o motivo de tais gostos foram:
“Livros de auto-ajuda e romances. Porque os livros de auto-ajuda me fazem ver a minha
vida de uma outra maneira, rever minha própria vida. Os romances, porque são lindos,
cada história é um sonho diferente.” (Entrevistado 4, grupo A).
“Eu não gosto de ler, tenho preguiça.” (Entrevistado 5, grupo B).
“Livros de romance. Porque eu gosto de viajar nas histórias dos romances.”
(Entrevistado 6, grupo C).
Ressalta-se que anteriormente o Entrevistado 5 havia afirmado que deveria ler mais.

Por afirmar que não gosta de ler, mas que acredita que deveria ler mais; o Entrevistado
5 respondeu à pergunta “Mesmo sem gostar, você lê?” e respondeu que todos os dias lê
a Bíblia e um jornal popular, de preço acessível. Essa busca pelo que é acessível
comprova o que Serra (2004) afirma sobre os recursos de que o indivíduo dispõe para
comprar livros. Segundo ela, antigamente ler e escrever fluentemente era uma
característica de quem nascia em um lar letrado, mas graças à mobilidade social que
vem acontecendo no país, essa situação está mudando.

Quando perguntados sobre o uso social que fazem da leitura, todos afirmaram ler
marcas de produtos em supermercados, todos entendem bem o que leem e todos
disseram que leem placas e faixas nas ruas, todavia o Entrevistado 4 observou que às
vezes as pessoas são obrigadas a ler as placas e as faixas, pois elas ajudam na
localização. Essa afirmação revela que o entrevistado entende o quanto a leitura é
importante para a vida em sociedade.

Além disso, todos afirmaram que conseguem ler um livro e contar a história em poucas
palavras e, quando se pediu que cada um contasse a história de um livro ou reportagem
que leu, todos tiveram facilidade em relatar.
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As mesmas perguntas foram realizadas aos indivíduos com idade acima de 60 anos. E as
respostas para o que gostam de ler e os motivos de tais gostos foram as seguintes:
“A Bíblia. Porque eu vou aprendendo coisas da vida, do amor de Deus.” (Entrevistado
8, grupo B).
“A Bíblia e o Jornal Super1. Porque o jornal informa tudo: TV, política, utilidade
pública, pessoas desaparecidas e o mundo dos famosos. E eu gosto de ser uma pessoa
bem informada.” (Entrevistado 9, grupo C).
O Entrevistado 7, do grupo A, não respondeu o que gosta de ler, mas disse que gosta da
leitura e explicou:
“Por vários motivos: me distrai, eu aprendo, me oriento, etc”.

Mais uma vez vemos nas respostas a presença da Bíblia, o que, segundo Serra (2004),
ao interpretar o resultado do INAF 2001 que diz que 86% dos entrevistados possuem
Bíblia ou outro livro sagrado, se dá pela força da religiosidade em nosso povo. Aos 9
entrevistados dessa pesquisa não foi perguntado sobre a posse da Bíblia ou de outros
livros sagrados, mas o fato de que 3 deles afirmaram ler a Bíblia reflete a religiosidade e
o fato de que este, que é um livro popular e de grande acesso, é uma opção de leitura
para pessoas com qualquer faixa de renda.

Quando perguntados se entendem bem o que leem, os Entrevistados 8 e 9 responderam


que sim, já o Entrevistado 7 respondeu que na maioria das vezes entende o que lê e
quando não entende procura ler até entender. Essa resposta do Entrevistado 7 se deve
provavelmente a instruções que recebeu ao cursar o ensino superior, visto que nenhum
dos outros entrevistados fez tal observação.

Quanto ao uso social da leitura, houve grande disparidade nas respostas. Para a pergunta
“Na rua, você lê placas, faixas, etc?” todos responderam afirmativamente. Já quando
perguntados sobre o uso da leitura em produtos nos supermercados, o Entrevistado 7
disse que faz compras observando os rótulos dos produtos e comparando-os; o

1
Trata-se de um jornal acessível, de baixo custo.
14

Entrevistado 9 disse que lê apenas as marcas dos produtos que lhe interessam; e o
Entrevistado 8 disse apenas que lê as marcas.

Quando perguntados se conseguem ler um livro e contar a história em poucas palavras,


apenas o Entrevistado 9 respondeu que não. Essa foi a única resposta negativa para a
pergunta em toda a pesquisa e isso pode estar relacionado ao nível de escolaridade, ao
grupo social e à idade do entrevistado, que estudou apenas até a 4ª série do ensino
fundamental em uma época onde as escolas estavam voltadas quase que exclusivamente
para os grupos dominantes. Todavia, quando pedido para contar algo que leu, o
entrevistado teve facilidade em contar uma reportagem lida no jornal, assim como o
Entrevistado 7, que reproduziu bem a história contada. Já o Entrevistado 8 não se
lembrou de nenhuma história e essa foi a única vez em toda a pesquisa que tal fato
ocorreu.

A análise de tais resultados mostra que a população, em geral, acredita no poder


transformador da leitura e sabe que uma vida em sociedade depende de seu uso, o que
fica claro ao se notar que todos os entrevistados fazem uso da leitura em supermercados
e nas ruas, lugares públicos. Isso remete diretamente às dificuldades que se imagina que
os analfabetos sofram em tais situações, visto que mesmo que eles reconheçam alguns
símbolos, o uso generalizado da linguagem escrita não lhes é disponível e os transtornos
que isso causa são inimagináveis. Serra (2004) discute o tema e comenta que até entre
analfabetos obtém-se a resposta “gosto muito de ler”, revelando o interesse que eles têm
por aquilo que tanto lhes é misterioso.

3.3. A Escrita

A língua escrita está muito distante da língua oral e, além de servir à comunicação, tem
o poder de se transformar em história, isto é, uma geração se comunica entre si, mas
pode também se comunicar com as gerações seguintes por meio da palavra escrita.
Livros, pergaminhos, papiros e inscrições em cavernas são responsáveis pela visão de
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mundo que temos hoje e pela evolução, que depende dos conhecimentos antigos em
união com descobertas recentes. As culturas que não registram seus costumes e suas
tradições tendem a acabar e tornam-se, depois de algum tempo, apenas uma vaga
lembrança que aos poucos vai se apagando.

Segundo Soares (1995), a escrita vai além da capacidade de converter os fonemas em


grafemas. Ela inclui habilidades cognitivas, motoras, ortografia, pontuação, seleção de
informações e leitores, organização de ideias e muitos outros fatores. Além disso, assim
como a leitura, ela depende de identificação e pode ocorrer em vários níveis diferentes,
desde uma simples assinatura a uma tese de doutorado. Novamente a informação é
comprovada analisando-se a pesquisa de campo realizada, em que todos os
entrevistados afirmaram saber escrever, mas assim como a leitura, cada um utiliza a
escrita de uma forma distinta.

Feita a pergunta “você gosta de escrever?” aos entrevistados com idade entre 10 e 20
anos e todos responderam que sim, porém o Entrevistado 3, do grupo C, disse que gosta,
mas que não escreve bem e que comete, segundo ele, “muitos erros de português”. Isso
mostra que muitas vezes são as regras da língua que impedem um indivíduo de escrever.
A complexidade das normas de pontuação, acentuação, uso do plural e tantas outras
podem gerar confusão e, como poucos professores da educação básica trabalham com
seus alunos as diferenças entre língua padrão e linguagem oral, muitos acabam usando
da oralidade em seus textos e são repreendidos nas avaliações sem saber por que aquilo
que eles estão acostumados a falar foi considerado errado pelo professor.

Os três entrevistados responderam ainda à pergunta “que tipo de coisa você costuma
escrever?” e responderam o seguinte:
“Narrativas fictícias.” (Entrevistado 1, grupo A).
“Pensamentos.” (Entrevistado 2, grupo B).
“Não costumo escrever, mas copio as matérias das aulas.” (Entrevistado 3, grupo C).
Sobre os motivos de seus hábitos de escrita, as respostas dos três foram,
respectivamente:
“Porque é bom fantasiar coisas que a gente não pode vivenciar.”
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“Porque é quando me encontro comigo mesmo.”


O Entrevistado 3 não teve justificativa.

A respeito do uso social da escrita, foi perguntado a cada entrevistado se ele consegue
escrever bilhetes e todos responderam que sim. Além disso, foi perguntado se cada um
conseguiria escrever a história que havia contado na entrevista sobre a leitura e o
Entrevistado 2 foi o único do grupo com idade entre 10 e 20 anos a responder que não,
mostrando, com isso, certa dificuldade em associar a linguagem oral à escrita.

Foi perguntado ainda se os entrevistados tinham acesso a conversas na internet, visto


que nesse meio o uso da leitura e da escrita é constante. À essa pergunta todos
responderam afirmativamente, refletindo o gosto dos jovens pelas novas tecnologias e a
necessidade de que se invista em leitura de qualidade e no hábito por essa leitura no
meio digital.

As mesmas perguntas foram feitas aos entrevistados com idade entre 21 e 59 anos e,
sobre o tipo de coisa que escrevem, responderam:
“Escrevo de tudo um pouco.” (Entrevistado 4, grupo A).
“Costumo escrever bilhetes para os meus filhos, anotações de produtos que eu vendo...”
(Entrevistado 5, grupo B).
“Poemas e poesias.” (Entrevistado 6, grupo C).
Sobre as justificativas de tais hábitos, o Entrevistado 4 disse que escreve de tudo porque
anota as aulas do curso que faz; o Entrevistado 5 não se justificou; e o Entrevistado 6
afirmou que escreve poemas e poesias porque gosta de expressar o que sente.

Vemos, assim, que cada um faz uso da escrita como melhor lhe convém. O Entrevistado
4, por exemplo, tem uma visão mais profissional e usa a escrita para manter registrado
aquilo que poderá lhe ajudar em um futuro emprego. Já o entrevistado 6 faz uso da
função emotiva da escrita e tenta eternizar os momentos que esta vivendo.

Quando questionados sobre o gosto pela escrita, o Entrevistado 4 disse ter um gosto
relativo e o Entrevistado 6 disse gostar de escrever. Já o Entrevistado 5 disse que não
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gosta e que não tem o hábito. É interessante notar que esse mesmo entrevistado havia
respondido que também não gosta de ler, o que comprova a ligação entre os hábitos de
leitura e escrita. Quem lê mais, tem maior facilidade em usar os grafemas e quanto mais
se escreve, maior o interesse pela leitura.

Apesar de não gostar de escrever, o Entrevistado 5, assim como todos os outros, escreve
bilhetes, se necessário, e disse que teria facilidade em escrever a história contada na
entrevista sobre leitura. Além disso, todos disseram que utilizam conversas na internet,
com exceção do Entrevistado 6, que diz preferir o celular, mostrando, com isso, que
apesar de gostar de escrever sobre si, prefere se comunicar de forma oral.

Por fim, as entrevistas realizadas com pessoas de mais de 60 anos nos revelam outros
fatos interessantes. Foi feita a eles a pergunta “que tipo de coisa você costuma
escrever?” e, em seguida, perguntou-se o motivo de tal costume. As respostas foram:
“Escrevo cartas, bilhetes, receitas, organizo a minha agenda e o que mais estiver
estudando. Agora estou estudando francês. Escrevo por gostar de me organizar.”
(Entrevistado 7, grupo A).
“Escrevo coisas do trabalho, anotações. Porque preciso passar minha produção diária.”
(Entrevistado 8, grupo B).
“Escrevo lista de compras. Porque na minha casa sou eu que resolvo tudo.”
(Entrevistado 9, grupo C).

Mais uma vez vemos a escrita relacionada a trabalho, estudo e outras necessidades
básicas à convivência em sociedade. Certamente os entrevistados utilizam a escrita para
outras funções, mas ao serem questionados, acabam lembrando primeiramente daquilo
que mais está presente em seu cotidiano. Um pouco sobre tal imediatismo é encontrado
nas palavras de Serra (2004), que relata que a educação faz parte da realidade concreta e
imediata da vida da população e, por isso, sua política é uma das que mais evoluem.

Quando perguntados se gostam de escrever, os Entrevistados 7 e 8 afirmaram que sim,


enquanto o Entrevistado 9 disse que gostava, mas que deixou de gostar, pois atualmente
tem problemas de visão decorrentes da idade, o que impede a escrita, mas que se
18

possível ainda escreve. Além disso, o Entrevistado 9 respondeu que não teria facilidade
em escrever a história que contou na entrevista sobre leitura, mas que tem facilidade de
memorizar, e que não escreve bilhetes. Os Entrevistados 7 e 8, por outro lado,
afirmaram ter facilidade em escrever tanto a história quanto bilhetes. Assim, conclui-se
que é realmente importante fazer a análise do letramento em todas as faixas etárias,
visto que cada uma delas tem suas peculiaridades.

Os três entrevistados foram unânimes ao responder à pergunta “você tem acesso a


conversas na internet?”. Todos responderam que não tem acesso ou que não se
interessam, o que mostra, mais uma vez, que os jovens continuam com maior acesso ao
universo digital que os idosos.

O conteúdo de tal pesquisa vem mostrar que a população geralmente tem conhecimento
sobre os benefícios e as necessidades da escrita. Todavia, talvez pelo fato de a escrita
ser mais pessoal que a leitura, seu uso não segue muitos padrões e cada indivíduo se
mostra como escritor apenas daquilo que será extremamente útil à sua vida. Ainda que
muitos não estejam conscientes disso, escrever aparece como um processo de
imortalização do que será necessário para o indivíduo futuramente.

3.4. Capacidade de se comunicar

Há diversos casos de pessoas que nunca foram alfabetizadas, mas que obtém
informações pela televisão, rádio, contato social e tornam-se grandes comunicadoras,
capazes às vezes de reter maior quantidade de informações que alguém que estudou
durante muitos anos. Seria adequado dizer que tais pessoas são inferiores àquelas que
aprenderam a ler e escrever? Elas podem ser consideradas, de certa forma, letradas?

Serra (2004) afirma que a televisão e o rádio têm papel importante na difusão da cultura
e na comunicação. São meios que conscientizam a população sobre a realidade em que
vive. A TV e o rádio são responsáveis por levar informação sobre saúde, educação,
19

política, violência e todos os outros assuntos que afetam a vida da população em geral
de forma simples, para proporcionar um fácil entendimento.

Por esse motivo, é impossível realizar uma pesquisa sobre leitura e escrita sem
considerar que muitas pessoas são bem informadas sobre todos os acontecimentos da
sociedade e conseguem transmitir tais informações para outras pessoas de seu meio de
forma clara, coesa e precisa. Por outro lado, muitos daqueles que leem e escrevem com
frequência se atém apenas às informações que mais lhe agradam e acabam ficando
alheias à situação de seu país e do mundo. Por isso, os entrevistados dessa pesquisa
responderam a perguntas que refletem o que eles sabem dos acontecimentos no país
atualmente e ainda o que acontece no meio em que vivem.

Aos entrevistados com idade entre 10 e 20 anos foi feita a pergunta “você se considera
bem-informado?” e todos responderam que sim. Todavia, ao serem questionados sobre
a situação econômica do país atualmente, os Entrevistados responderam:
“O dólar continua estável?” (Entrevistado 1, grupo A).
Respondendo com outra pergunta, o Entrevistado 1 mostra que não sabe muito sobre o
assunto.
“Os preços estão subindo.” (Entrevistado 2, grupo B).
“Está bem.” (Entrevistado 3, grupo C).

Como vimos, os indivíduos mais jovens não sabem falar muito sobre economia, talvez
porque esse seja um assunto pelo qual eles não se interessam por acreditar que não os
afeta diretamente. Todavia, a mesma pesquisa mostra que quando se trata da violência,
assunto de grande destaque, as opiniões têm um peso um pouco maior, como mostram
as respostas dos Entrevistados 1, 2 e 3, respectivamente:
“Estão acontecendo muitos assaltos, casos de pedofilia e crimes vindos de divórcios mal
resolvidos.”
“A violência tomou conta do mundo.”
“Ela está em alta.”
Assim, apesar de apenas o Entrevistado 1 ter uma opinião justificativa sobre o assunto,
todos têm em mente que a violência é um mal que está cada vez mais presente na vida
20

da população. Além disso, outro assunto de grande destaque é política e sobre esse tema
apenas o Entrevistado 3 disse se interessar pelo assunto.

Ainda sobre assuntos do cotidiano, foi perguntado aos entrevistados o que tem
acontecido no bairro de cada um e todos souberam contar fatos marcantes. Foi pedido
também que cada um contasse uma notícia que viu ou ouviu recentemente e achou
marcante ou interessante e, mais uma vez, todos relataram os casos de forma clara e
mostraram ter facilidade em entender o que a televisão e o rádio apresentam. Isso
mostra que apesar de os jovens não terem grande interesse sobre a situação política e
econômica do país, todos se mostram bem informados para o convívio em seu círculo
social.

As mesmas perguntas foram feitas aos indivíduos com idade entre 21 e 59 anos e, pela
única vez em toda a pesquisa, apresentou-se uma resposta diferente de “sim” para a
pergunta “você se considera bem informado?”. O Entrevistado 4, do grupo A, disse se
considerar moderadamente informado, enquanto os outros responderam
afirmativamente.

Perguntados sobre a economia do país, mais uma vez foram obtidas “respostas prontas”,
como vemos a seguir:
“Até o momento a economia está muito boa.” (Entrevistado 4, grupo A).
“Está ruim, principalmente o comércio. O povo está muito sem dinheiro.” (Entrevistado
5, grupo B).
“Moderada. Não está superior à dos outros países.” (Entrevistado 6, grupo C).

Já sobre a violência, as respostas dos Entrevistados 4, 5 e 6 foram, respectivamente:


“Está cada dia pior.”
“Está muito violento o mundo, a gente não tem mais segurança para sair de casa.”
“Há muitos estupros, mortes, drogas e violência psicológica.”

Novamente os entrevistados mostram que têm um conhecimento maior sobre violência,


a qual atinge diretamente a sociedade, que sobre a economia. A respeito dessa, que os
21

afeta indiretamente, nenhum tem uma opinião elaborada, com informações amplas.

Sobre política, o Entrevistado 4 disse que entende quando falam sobre o assunto, mas
que não se interessa muito; o Entrevistado 5 disse não gostar de política devido à
corrupção; e o Entrevistado 6 diz entender e se interessar. Já para a pergunta “o que tem
acontecido no seu bairro?”, apenas o Entrevistado 4 afirma não saber porque não fica
em casa, deixando que infira-se disso que suas informações se limitam ao meio onde
passa maior parte do seu tempo.

Quando pedidos para que contassem notícias que viram na TV ou ouviram no rádio,
todos cumpriram bem a tarefa, mostrando capacidade de transmitir o conhecimento que
adquirem.

Ainda sobre a capacidade de adquirir e transmitir conhecimento, dentre os entrevistados


de mais de 60 anos de idade, mais uma vez todos se julgam bem informados, contudo o
Entrevistado 7 observou que é bem informado apenas para suas necessidades, afirmação
que nos remete ao fato de muitas pessoas não entenderem de economia e política. Isso
ocorre, talvez, por acreditarem que os temas não lhes são necessários.

Perguntados sobre a economia do país, aparece entre esses entrevistados a primeira


resposta aprofundada:
“Sei que a Grécia está em crise financeira, que no Brasil os juros subiram e os imóveis
também, e que o Euro está em queda. Procuro prestar atenção nos noticiários.”
(Entrevistado 7, grupo A).
As respostas dos outros entrevistados foram:
“O Brasil está tendo muita economia.” (Entrevistado 8, grupo B).
“Creio que está tudo bem. O Governo Lula deve continuar porque o país melhorou
muito depois que o PT assumiu.” (Entrevistado 9, grupo C).
Pela disparidade entre a resposta do Entrevistado 7, único que cursou o ensino superior
entre todos os entrevistados, e todas as outras respostas, infere-se que a escolaridade
interfere no tipo de informação que o indivíduo busca para si e na forma com que ele
lida com tais informações.
22

Já quando questionados sobre a violência, obtiveram-se as seguintes respostas:


“Agressão, roubo, drogas... Faltam limites, está um caos!” (Entrevistado 7).
“A violência está cada vez pior, o povo está cada vez mais bravo.” (Entrevistado 8).
“As autoridades deveriam ser mais severas pois, unidas, elas conseguem eliminar a
violência e o tráfico. Devem parar brigas pelo poder, deixar de lado o dinheiro e se
preocupar com o bem-estar do país e do mundo.” (Entrevistado 9).
Com tal resposta, o Entrevistado 9 mostra ter uma opinião aprofundada sobre o assunto.

A respeito da política, o Entrevistado 7 disse que entende o necessário, mas que não se
aprofunda no assunto e que às vezes se lembra de acompanhar seu candidato pela
internet; o Entrevistado 8 disse que entende razoavelmente o assunto e que não gosta
muito; e o Entrevistado 9 disse não entender e não gostar por causa da corrupção.

Novamente associa-se política à corrupção. Isso deixa claro o fato de que muitos
acompanham o assunto apenas superficialmente, sabendo somente dos crimes
envolvendo a política e deixando de lado os benefícios do poder eleitoral e das
mudanças que o voto pode causar na sociedade como um todo.

Ainda citando es entrevistados de mais de 60 anos, quando perguntados sobre o que


acontece em seus bairros, todos responderam com facilidade. Além disso, pediu-se
também a eles que contassem alguma notícia que viram ou ouviram e todos cumpriram
com êxito a tarefa.

Tal análise nos leva a concluir que, embora a TV e o rádio sejam meios de comunicação
abrangentes, que informam sobre os mais diversos assuntos, a população seleciona
aqueles que mais lhe interessam ou que mais influenciam diretamente suas vidas. Isso
nos leva a crer que mesmo que tais mídias invistam em programas educativos, de nada
isso valerá se a população não tiver consciência de que tais conhecimentos são úteis em
seu cotidiano. Com programas e informações de qualidade e fácil entendimento,
qualquer cidadão pode atingir algo nível cultural, mas preparar sua mente para a
chegada de tais informações depende de um profissional com a didática certa.
23

4. Conclusões

Investigar o nível de letramento da população é uma tarefa muito importante para


alunos do curso de Letras, pois cabe ao professor a mudança na mentalidade da
população, mas muitos acreditam que apenas o professor de português é o responsável
por despertar nas pessoas o gosto pela leitura, pela escrita e pela informação de
qualidade. Pelo contrário, essa tarefa cabe aos educadores em geral, com todos os meios
de que estes dispuserem.

De acordo com Soares (2002), é frequente que professores de outras disciplinas


reclamem com o professor de português quando seus alunos não leem bem uma questão
ou matéria de matemática ou geografia, por exemplo. Ela explica que cada disciplina
tem suas peculiaridades, que só podem ser ensinadas pelo professor que entende dos
temas. Para se ler e interpretar um gráfico, por exemplo, é necessário um professor de
matemática.

Ainda segundo ela, o uso de novas tecnologias, como a televisão e o computador, em


sala de aula é algo de extrema necessidade, visto que essas são novas linguagens que
precisam ser bem utilizadas. Deve-se ensinar o aluno a decodificar essas novas
informações e selecionar os conteúdos que podem ajudar em sua formação.

Assim, a leitura e a escrita podem se tornar mais fáceis e, com isso, mais atrativas. É
preciso que elas despertem curiosidade e vontade de se buscar mais e de se aprofundar
nos assuntos. Só assim surgirá uma sociedade que realmente acredite no poder
transformador da leitura e na capacidade que a escrita tem de criar a nossa própria
história.
24

4.1. Aline

A análise dos diferentes grupos sociais referente ao letramento no Brasil, nos mostrou
com muita clareza que a leitura e a escrita não têm a mesma função pra todos os
individuos entrevistados. Todavia, nos relatou também que quem tem uma leitura
fluente fica bem mais informado e consegue se expressar melhor.

Este trabalho tem a finalidade de mostrar para nós, alunos do curso de letras, qualquer
dificuldade encontrada pelos individuos entrevistados além da falta de incentivo à
leitura pelo poder público.

Incentivar a leitura é importante para melhorar o posicionamento do indivíduo perante a


sociedade de forma critica e conciente, fazendo com que ele deixe de ser dominado pela
sociedade de classe mais alta e, pelo contrário, tome posse do seu lugar como cidadão.

O incentivo a leitura nas escolas é, portanto, muito importante para o crescimento de


cada indivíduo, independente do seu nivel social.

4.2 Hamilton

Em nosso trabalho, com base no resultado de entrevistas com membros das diversas
classes sociais e de várias faixas etárias, além de pesquisa bibliográfica a partir de
artigos de Soares (1995, 2000, 2002) e Serra (2002), chegamos à conclusão que
comparadas as diferentes classes sociais e idades, constata-se uma grande influência
destas no letramento.

Tratando-se de faixa etária, é marcante o fato de que os entrevistados com idade entre
10 e 20 anos gostam de ler livros e jornais, enquanto os entrevistados com idade
superior a 60 anos gostam de ler a Bíblia, isto é, cada um sabe que a leitura é
25

importante, mas adapta a prática dela às suas necessidades e gostos pessoais.

Entre os mais jovens destaca-se a questão da escrita. Quando perguntados se gostam de


escrever todos os entrevistados responderam que sim, exceto um que respondeu que
gosta, mas que não escreve bem e expôs que não conhece bem as regras de ortografia. É
o alarmante fato de que esse mesmo jovem, cuja resposta difere das dos demais, escreve
apenas quando copia as matérias das suas aulas, ou seja, não busca escrever textos
próprios e, com a prática da escrita, descobrir as formas corretas de se pontuar, acentuar
e fazer concordância, por exemplo.

Outro ponto marcante foi que todos os entrevistados com idade entre 10 e 20 anos estão
cursando ou já concluíram o ensino médio, enquanto entre os entrevistados de 21 a 59
anos somente o indivíduo do grupo A concluiu o segundo grau. Vemos assim que o
investimento em políticas públicas para a educação tem surtido efeito.

Diante desses dados definimos que o letramento causa um grande impacto na vida das
pessoas, tendo um poder transformador, pois a leitura e a escrita estão presentes no
cotidiano de todos fazendo a diferença para uma sociedade melhor.

4.3. Jacqueline

Ao finalizarmos as entrevistas relativas à nossa pesquisa sobre o letramento na cidade


de Divinópolis, pesquisa essa que foi baseada em alguns parâmetros como, por
exemplo, se a idade e/ou a situação econômica interfere no letramento da população e se
o letramento pode ou não estar relacionado ao nível de escolaridade, concluímos que a
idade não interfere no letramento das pessoas. Elas possuem a habilidade de ler e
escrever independente do tempo vivido. Ao analisar dois entrevistados com 61 e 62
anos de idade, ambos demonstraram possuir o uso social da leitura e da escrita. Como
relataram, o conhecimento adquirido para tais atende às suas prerrogativas. Todavia, é
relevante ressaltar a diferença do nível do letramento dos indivíduos, uma vez associado
26

a outros aspectos alheios à cronologia.

Em relação à situação econômica desses entrevistados, conclui-se que o poder


financeiro da vida de cada uma está associado ao tema da leitura, isto é, à qualidade, à
regularidade e, principalmente, ao objetivo pelo qual a leitura e a escrita são executadas.
O entrevistado que possui uma renda per capita de meio a um e meio salário mínimo lê
e escreve apenas bilhetes, receitas concernentes ao seu trabalho doméstico e decodifica
placas e letreiros durante o seu deslocamento. Já o próximo pesquisado, detentor da
renda per capita maior do que um e meio salário mínimo, mostrou que o uso do
letramento não está restrito a uma demanda laboral, pelo contrário, é parte essencial do
seu cotidiano. A prática da leitura é habitual e prazerosa.

Quanto ao nível de escolaridade, ele está intimamente relacionado à eficácia e à


frequência da leitura e da escrita, ao domínio da oralidade e até ao interesse pelos
acontecimentos contemporâneos, havendo uma consciência de que eles interferem na
sociedade. Nosso voluntário que concluiu o ensino médio tardiamente e não estudou
mais possui um olhar para a prática da leitura e da escrita estritamente como ferramenta
inevitável para a execução das suas funções laborais e vivenciais. Ao contrario do outro
entrevistado, que concluiu a graduação superior e continuou frequentando outros cursos,
idealizando o seu aprimoramento profissional e pessoal. Após aposentar-se, ele
permanece buscando a evolução em ambiente educacional e está assistindo a aulas de
língua francesa e atualizando os seus conhecimentos em informática.

Situações semelhantes às citadas são percebidas em todo o contexto das entrevistas,


salvo algumas exceções que, como vimos, não podem ser desconsideradas. Percebe-se o
imediatismo de inserir as classes menos favorecidas em um processo educacional de
qualidade, direcionando o letramento para além de ensinar a ler, escrever, interpretar ou
reproduzir conhecimentos. Focar essas ações na formação de um cidadão livre, de uma
mente pensante, pronta para superar desafios com a dignidade de um cidadão faz-se
imprescindível.
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4.4. Kamille

Através dos estudos realizados na presente pesquisa e após diversas previsões, foi
confirmado que tanto a faixa etária quanto a classe social interferem realmente no
letramento de cada indivíduo.

Baseando-se nas dificuldades financeiras para a obtenção de um nível cultural mais


elevado, é admissível que os indivíduos desfavorecidos economicamente encontrem
obstáculos que interferem em seu letramento. Em relação aos jovens, é necessário que
estes sejam conscientizados e estimulados pelos seus responsáveis para que tomem
conhecimento da importância da leitura e da escrita, além da necessidade de que cada
um se interesse e se esforce.

Conhecedores das dificuldades enfrentadas por estes jovens que são atraídos em maior
pelos mais diversos meios de comunicação atuais, e também da situação das pessoas
com dificuldades financeiras, poderemos trabalhar com mais consciência para educar
cidadãos que se interessam mais pela leitura e a escrita. Assim, o letramento poderá
atingir níveis abrangentes de igualdade social e etária, desenvolvendo, portanto, a
inclusão social.

4.5. Loisiane

Através da analise desta pesquisa conclui-se que não basta apenas saber ler e escrever
para ser uma pessoa alfabetizada, ela precisa também cultivar e exercer as práticas de
leitura e escrita, incorporando seus usos ao seu viver. Ler e escrever são habilidades
consideravelmente diferentes, mas complementares, que possibilitarão ao individuo
tornar-se um cidadão cada vez mais ativo na sociedade. Em nossa sociedade
globalizada, a necessidade do letramento é cada vez maior, dando ao indivíduo maior
capacidade de se inserir nas práticas sociais simples e complexas das esferas que
28

frequenta.

4.6. Patrícia

O letramento é um assunto que deveria ter mais importância na sociedade brasileira,


pois é pouco discutido entre as autoridades do nosso país. As pessoas muitas vezes são
alfabetizadas, mas não letradas; sabem ler e escrever, mas não entendem o sentido das
palavras e textos que são lidos por eles.

Na presente pesquisa vemos que, sem distinção de classe social ou grau de escolaridade,
a maioria dos indivíduos tem dificuldade de entender bem o que é lido. Os entrevistados
foram pessoas de diferentes classes sociais e, divididos por idade, tivemos um resultado
interessante. Vimos que em toda classe há suas dificuldades a cerca da leitura e da
escrita e que, por isso, não se pode definir uma idade ou uma classe social certa onde
ocorre a falta do letramento. Isso, pelo contário, depende de cada pessoa. Vemos
também que não é preciso uma pessoa ter alto nível de escolaridade ou curso superior
para ser letrada e que alguém com poucos anos de estudo pode conseguir ler e entender
com perfeição.

Dentre todas as entrevistas, destaca-se a do Entrevistado 6, que tem 33 anos, trabalha


como faxineiro, ganha apenas 420 reais por mês e paga pensão a três filhos. Mesmo
com pouco estudo e poucas oportunidades de aprender, ele se mostra letrado, pois gosta
de ler livros de Machado de Assis e o hábito da leitura já é parte de sua vida. Isso nos
remete a uma reflexão em que vemos que realmente não é preciso ter salário alto ou
boas condições de vida pra ser letrado, afinal o entrevistado referido vive em condições
menos favorecidas e possui um grau de informação e entendimento muito grande sobre
aquilo que lê e escreve.

Nesse trabalho, portanto, entende-se que o letramento deveria ser mais reforçado
principalmente nas escolas. Não devemos ensinar a criança só a ler e escrever, mas
29

também a entender o que se escreve e principalmente o se lê para termos, futuramente,


pessoas mais letradas em nossa sociedade.

4.7. Samuel

O letramento é, realmente, um assunto que carece de grande investigação e mesmo


depois de muita análise ele se mostra variável. Cada faixa etária, nível econômico ou
grau de escolaridade tem um comportamento com divergências e convergências quando
se trata de ler e escrever.

Obviamente os resultados das entrevistas dispostas neste relatório não podem ser
generalizados, já que apenas nove pessoas foram entrevistadas, o que num país tão
populoso como o Brasil representa uma parcela extremamente reduzida. Todavia cabe
destacar que, conforme visto, quanto maior o nível de escolaridade do indivíduo, maior
sua consciência da importância da leitura e da escrita para uma vida em sociedade. São
os mais escolarizados que buscam maior qualidade de informação, mais meios de
aprendizado e, por isso, têm grande facilidade para falar de diversos assuntos. Destaca-
se também que a faixa etária interfere no nível de letramento de uma pessoa, pois o tipo
de informação que atrai um jovem não é o mesmo que atrai um idoso e, como vimos,
cada um busca ler aquilo que mais lhe desperta curiosidade. Pode ser relatada ainda a
disparidade entre as diversas classes sociais quando se trata de leitura e escrita, já que
geralmente indivíduos de classes sociais mais favorecidas buscam ler e escrever por se
preocupar com o conhecimento ou apenas por diversão, enquanto as outras classes se
preocupam muito com a questão do letramento como garantia de emprego.

Entretanto, mesmo com todas essas diferenças, está claro que todos os entrevistados têm
facilidade de viver em sociedade e sabem transmitir os conhecimentos que adquirem, o
que mostra que mesmo os que estudaram menos ou são menos favorecidos
economicamente podem ser considerados letrados, apesar de que nem todos atingem o
maior nível de letramento.
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Tais resultados são, por fim, uma preciosa fonte de conhecimento para alunos do curso
de Letras, que se preparam para receber educandos de diversos tipos e devem saber
como lidar com cada um e fazer com que cada um deles reconheça sua realidade ao ler e
escrever e, assim, adquira nível de alfabetismo cada vez maior. Afinal é sobre o
professor que recai a imensa responsabilidade de formar e informar uma população para
que ela transporte os conhecimentos adquiridos para as futuras gerações e, portanto, não
deixe mais que se perca o interesse pela leitura e pela escrita.

Referências bibliográficas

SERRA, Elizabeth D’Angelo. Políticas de promoção da leitura. In: RIBEIRO, Vera


Masagão (org). Letramento no Brasil, reflexões a partir do INAF. 2.ed. São Paulo:
Global, 2004. p. 65-85.

SOARES, Magda. Língua escrita, sociedade e cultura – relações, dimensões e


perspectivas. Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro, n. 0, p. 5-16,
set./out./nov.dez.1995.

_____. As condições sociais da leitura: uma reflexão em contraponto. In:


ZILBERMAN, Regina & SILVA, Ezequiel Theodoro (orgs). Leitura – perspectivas
interdisciplinares. 5.ed. São Paulo: Ática, 2000. p.18-29.

_____. O livro didático e a escolarização da leitura. Disponível em:


<http://www.tvebrasil.com.br/salto/entrevistas/magda_soares.htm>. Acesso em: 22
maio 2010.

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