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Introdução

O consumo de substâncias ilícitas é um fato que ocorre universalmente, sendo ainda considerado de difícil
abordagem e tratamento. Trata-se de um fenómeno bastante complexo, cujas raízes estão relacionadas nos
aspectos sociais, culturais e filosóficos que apresentam a essência da existência humana. O uso indevido de
drogas tem afligido as famílias e desafiado a sociedade política a apresentar respostas institucionais efectivas e
eficazes, tornando-se uma problemática que perpassa todos os segmentos sociais, faixas etárias e grupos
comunitários, à medida que aliena a pessoa pelo comprometimento de sua consciência e da sua relação como
mundo que a rodeia. O abuso de drogas tem levado crianças, adolescentes, adultos e idosos e suas respectivas
famílias a percorrerem um caminho de sofrimento de suas relações afectivas, gerando, como consequência, o
rompimento de vínculos familiares e comunitários. Verificamos, ainda, que aqueles que fazem uso excessivo
das drogas, desviam-se do curso natural de suas vidas pela dificuldade de assumirem uma conduta que lhes
permita o estabelecimento de relações sociais e institucionais, ou seja, o excesso de drogas coloca-se como um
factor destrutivo de vidas. Os jovens têm sido apontados, no mundo todo, como grupo mais susceptível a usar
drogas. Constata-se que a prática da conduta inflacional pelos adolescentes tem intrínseca relação com o uso
indevido de drogas. A política de redução de danos é apresentada em uma articulação importante entre o
direito à saúde e a protecção integral de adolescentes em situação de risco pelo envolvimento de drogas. O
consumo de entorpecentes é, sem dúvida, um factor determinante no aumento dos índices de criminalidade, na
deterioração das relações familiares e no elevado prejuízo económico da sociedade e do estado. Deve haver
uma política de incentivo à educação e conscientização da população para o mal que a droga faz e que o
tráfico tem o intuito de ter o lucro fácil.

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Desenvolvimento

1- Usuário de Substâncias Ilícitas no Código Penal

A Lei nº 11.343/06 tenta aperfeiçoar o combate ao tráfico ilícito de entorpecentes, reprimindo mais
severamente condutas criminosas e especificando, em novas figuras típicas, o comportamento humano
proibido, bem como apresentando um novo tratamento penal aos usuários e dependentes de drogas. Dentre as
inovações, a lei passa a conceder um tratamento especial ao usuário, considerando-o como vítima social dessa
realidade alarmante. Deixa, portanto, de tratar os usuários como criminosos. A pena do crime de posse de
drogas para consumo pessoal deixa de ser privativa de liberdade para ser restritiva

de direitos. É considerada uma reivindicação histórica de diversos grupos representativos da sociedade, que
encontra amparo no princípio da mínima intervenção e dignidade da pessoa humana. A respeito de drogas
para consumo próprio e da nova lei de tóxicos, Marcelo Saliba, salienta que:

O crime anteriormente definido no artigo 16 da Lei 6.368, de 21 de Outubro de 1976, não foi abolido pela
nova lei, existindo nova figura típica para os usuários e dependentes de entorpecentes. A nova figura está
descrita no artigo 28 e tem a seguinte redacção: ‘Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou
trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de
serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.’ Alguns
doutrinadores vêm discutindo e afirmando que houve descriminalização com a nova lei, sob o fundamento de
que, não mais havendo pena privativa de liberdade, reclusiva ou detentiva, inexiste crime e, inexistindo prisão
simples ou multa, inexiste contravenção penal. Até já se acena com uma nova classificação doutrinária –
infracção sui generis. A discussão se há ou não crime não é ontológica, pois inexiste diferenciação nesse
ponto, mas é extrínseca e legal, com maior interesse ao meio académico, todavia com inegável repercussão
prática. (SALIBA, 2009, online, grifo nosso)

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Os núcleos do tipo são adquirir, guardar, trazer consigo, transportar e depositar. As condutas exigem o uso
próprio como finalidade exclusiva do agente. Essa finalidade distingue o artigo 28 do artigo 33 da Lei n.
11.343/06, porquanto este contém, no seu preceito primário, os mesmos três núcleos acima mencionados,
dentre outros. O crime não é usar droga ilícita, mas sim adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou
trouxer consigo para consumo pessoal. Usar, consumir não é crime, pois estes núcleos não estão previstos na
norma penal. Essa conduta é fato atípico. Na lei anterior, se fosse exclusivamente para o consumo pessoal
respondia pelo Art. 16, se não, respondia por tráfico ilícito de drogas, consagrado no Art. 12 da Lei nº 6.368,
de 21 de Outubro de 1976. Luiz Flávio Gomes tece alguns comentários concernente a criminalização do
usuário de drogas, quais sejam:

Não há outro rumo mais lúcido e racional que descriminalizar as drogas, isto é, retirar do Direito penal
algumas condutas, reservando-o para o mínimo necessário. Não se trata de legalizá-las, sim, de controlá-las.
Vários países nos últimos anos deixaram de punir o porte para consumo de determinadas drogas (Holanda,
Portugal pela Lei 30/2000, Suíça, Espanha etc.),

preferindo a política de redução de danos (para a sociedade, para o próprio usuário e sua família). [...]
Prevenção é a prioridade. O mais sensato e responsável, de tudo quanto se pode extrair das experiências e
vivências estrangeiras, consiste na adopção de uma política claramente preventiva em relação às drogas.
Educação antes de tudo. E que os pais e professores, dentre tantos outros, assumam sua responsabilidade de
orientação e conscientização. [...] A postura da legislação penal brasileira sempre tratou o simples usuário de
droga como criminoso. (GOMES, 2009, online)

A Lei nº 6.368/76 previa em seu Art. 12, caput, a pena de reclusão de 03(três) a 15(quinze) anos para o crime
de tráfico de drogas. Posteriormente, a lei nº 11.343/06 revogou expressamente esse diploma normativo,
trazendo agora, em seu Art. 33, a previsão da pena de reclusão de 05 (cinco) a 15 (quinze) anos para quem
cometesse o mesmo delito. Quem auxiliava a pessoa a usar droga não era considerado traficante. A quantidade
não determinava o crime, era apenas elemento de prova. Chamavam crime de uso, não é com o surgimento da
Lei nº 11.343/06, que será considerado crime de posse ilegal de drogas. Sobre o tráfico e os crimes
assemelhados, o Art. 33, da Lei nº 11.343/06, assim dispõe:

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter
em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer
drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

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Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
dias-multa. (BRASIL, Lei nº 11.343,de 23 de agosto de 2006)

A actual Lei de Drogas surge como norma incriminadora, lex gravior, pois penaliza inclusive a conduta de
induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga, culminado com pena de 01 (um) a 03 (três) anos
de detenção e multa. Com as alterações surgidas com a Lei nº 11.343/06, foi criada uma figura penal que, na
lei anterior (6.368/76) não existia, ou seja, oferecer droga, eventualmente e sem objectivo de lucro, a pessoa
de seu relacionamento, para juntos a consumirem, sendo prevista a pena de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de
detenção e ao pagamento de multa. Assim, referente à nomenclatura para juntos consumirem, o legislador
tentou separar as condutas de traficante e de simples usuário de drogas. A Lei nº. 11.343/06 traz um
dispositivo referente à redução de pena, previsto no Art. 33, § 4º, sendo considerado mais benéfico ao réu. O
legislador concedeu a oportunidade de que seja concedida uma pena que pode chegar a ser

inferior ao que era previsto quando da vigência da Lei 6.368/76, em seu artigo 12, como assim dispõe:

Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois
terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons
antecedentes, não se dedique às actividades criminosas nem integre organização criminosa. (BRASIL, Lei nº
6.368, de 21 de Outubro de1976)

A norma, ainda, indica que qualquer acção que utilize substâncias ilícitas deverá ter prévia autorização
judicial, seja produzir, extrair, fabricar, transformar, preparar, possuir, manter em depósito, importar, exportar,
reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir. Desta forma,
ainda que os fins sejam lícitos, o poder judiciário deverá punir de acordo com a lei, mesmo que seja para fins
medicinais. Nestes casos, a pena prevista é de 3 a 10 anos de reclusão mais sua respectiva multa. A Lei nº.
11.343/06 se mostra mais rigorosa em relação aos chefes das organizações de drogas. Os financiadores ou
custeadores de qualquer dos crimes mencionados devem ser punidos com pena de 8 (oito) a 20 (vinte) anos
além de multa. Fazendo um comparativo com o crime de homicídio, previsto no Art. 121 do Código Penal,
que prevê a pena de 6 (seis) a 20 (vinte) anos, a pena torna-se mais severa. Diante do exposto, não restam
dúvidas de que as drogas são substâncias que causam grandes malefícios ao organismo de quem as consome.
Os dependentes químicos, com suas características físicas e psicológicas, tendem a apresentar reacções
diversas sob a acção das drogas. O usuário de substâncias ilícitas por muito tempo foi considerado uma pessoa

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criminosa, de alta periculosidade. Na legislação anterior, a posse de drogas para consumo pessoal era
considerada crime, sendo o usuário/ dependente químico condenado à pena de detenção de 6 (seis) meses a 2
(dois) anos, por infracção ao Art. 16. A lei nº 11.343/06, ou seja, a nova Lei de Drogas, não comina mais tal
pena, sendo considerado fato atípico. A pena do crime de posse de drogas para consumo pessoal deixa de ser
privativa de liberdade para tornar restritiva de direitos. Com isso, o dependente químico é considerado vítima
social dessa realidade alarmante.

2- Possíveis Tratamentos e Prevenções da Reintegração Social dos Ex-Dependentes Químicos

A dependência química por muitos anos foi considerada uma doença de natureza progressiva, incurável e de
difícil tratamento. Actualmente, existem diversas modalidades de tratamento, como por exemplo,
comunidades terapêuticas, programas de desintoxicação, grupos de auto-ajuda, intervenções religiosas,
tratamento em regime de internação, intervenção farmacológica prescrita por profissional habituado às
características da dependência, entre outros, que paralelamente ajudam na conscientização e tratamento do
problema. Desta forma se expressa Lopes :

Muitas são as instituições junto à sociedade civil que têm se proposto a desenvolver um trabalho de assistência
e tratamento a dependentes químicos: grupos anónimos, clínicas ou casas de recuperação, hospitais, etc. Esse
número cresce à medida que a demanda aumenta, levando grupos, comunidades, associações, clubes de
serviços e igrejas a organizarem trabalhos de atendimentos a esse segmento. As propostas de formas de
atendimento a essa população específica variam de acordo com a visão de mundo e perspectiva política,
ideológica e religiosa dos diferentes grupos. (LOPES, 1998, p.03)

Os dependentes químicos ao ingressarem em qualquer dessas instituições para se tratar, já tiveram consciência
de que precisam de ajuda para vencer a dependência, explicitando a vontade de se submeterem ao tratamento.
O dependente químico quando opta pelo tratamento, geralmente encontra-se muito fragilizado físico e
emocionalmente, e em suas relações sociofamiliares também. Ao adentrar em qualquer dessas instituições, a
primeira reacção é de reserva por estar adentrando em um local novo e desconhecido. O sucesso ou não do
tratamento dependerá, em grande parte, dos novos relacionamentos que irão estabelecer no processo que se
inicia e na forma como será apoiado para enfrentar os desafios que se farão presentes. O tratamento é a
alternativa terapêutica que tem condições de atingir as necessidades do dependente químico e dos familiares,
no qual o usuário de substância ilícita conhece e aceita o modelo de tratamento proposto, sendo motivado para

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o mesmo. Os toxicómanos ao procurar se tratar, não necessariamente estão convictos de que estão usando
substâncias entorpecentes demasiadamente. Os principais motivos para a procura do tratamento são muitas
vezes problemas e prejuízos que se acumulam ao longo da vida de consumo, ao longo da vida do paciente,
podendo citar problemas familiares, profissionais, médicos, legais, financeiro, entre outros. A respeito dos
aspectos básicos do tratamento de dependentes de substâncias psicoactivas drogas, Alberto Mendes Cardoso,
aduz que:

Tratamento

O conjunto de meios terapêuticos que lança mão o médico (ou a equipe médica) para cura de doença ou alívio
do paciente, de acordo com a definição encontrada no dicionário Michaelis. O tratamento consiste na
elaboração de determinada estratégia para obtenção de seus objectivos (ESTRATÉGIA – Ato de dirigir coisas
complexas). Também é uma forma de INTERVENÇÃO (Intercessão, mediação) para obtenção de cura ou
alívio para o paciente. Estratégias e intervenções lançam mão de modalidades e terapias:

Modalidade

Cada aspecto ou diversa feição das coisas; TERAPIA – Parte da Medicina que se ocupa da escolha e
administração dos meios para curar doenças ou obter alívio do indivíduo acometido. Cada uma destas possui
sua própria forma de actuação, ou método (MÉTODO – Conjunto dos meios dispostos convenientemente para
obtenção de um fim. Modo de proceder). O tratamento de dependentes químicos, como conhecemos hoje em
dia, já tem um longo percurso. O tratamento é uma das formas de minimizar os prejuízos que costumam
ocorrer na vida do indivíduo, de seus familiares, de seus vizinhos e possíveis empregadores, do município
onde este reside, enfim, da comunidade em que vive, de seu Estado bem como de seu País. (CARDOSO,
2009, online)

Os usuários de substâncias ilícitas, sem o tratamento adequado, propendem-se a piorar com o tempo, pois são
conduzidos a uma destruição gradualmente de si mesmo, atingindo sua vida pessoal, familiar, profissional e
social. Durante o período de tratamento, as instituições proporcionam ao dependente químico programas
socioeducativos e de profissionalização que lhe ajude a reflectir sobre sua realidade, aonde o mesmo encontra
inserido, as chances e os limites presentes para a sua inclusão educacional e produtiva no meio social. O

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período de tratamento é determinado de acordo com a imprescindibilidade de cada paciente, obedecendo as
seguintes fases: Desintoxicação. Nesta fase o dependente se encontra efémero, pelo acúmulo de drogas no
organismo, ocorrendo a eliminação das substâncias tóxicas do mesmo, sendo elaborado um parecer pela
equipe médica e psicológica de que forma será realizado o tratamento no paciente. Reabilitação psíquica é a
fase de conscientização e abstinência das drogas, ou seja, o dependente químico precisa mudar suas atitudes e
pensamentos para alcançar o sucesso desejado. A Reintegração social é a fase que o Ex usuário de substância
ilícita já realizou o tratamento adequado para o abandono do vício, reinserindo-se na sociedade. Nesse
momento o mesmo sente as dificuldades do mundo exterior, buscando nos grupos de ajuda soluções para os
obstáculos que lhe são apresentados. A Ambulatória é a fase mais delicada da reintegração, pois há uma
cobrança e compromisso maior do dependente de drogas, da família e do profissional habilitado. É um
conjunto de factores, ou seja, acompanhamento com um psicólogo, grupos de apoio, que juntos servem de
alicerce tanto para o usuário de drogas, quanto para a família, com o intuito de proporcionar o êxito no
processo de reintegração social. Ao longo do tempo, as populações utilizaram diversos métodos para reduzir a
incidência das substâncias ilícitas na sociedade. Com o surgimento de novas tecnologias e ampliação de ideias
por pesquisadores e estudiosos na área, desenvolveu-se o conhecimento científico de ocorrer uma intervenção
preventiva em usuários de drogas. Cabe salientar, que no campo das drogas, a busca de soluções efectivas pela
prevenção não só na área da saúde como nas demais, tem sido uma grande preocupação, pois se a melhor
postura frente às drogas é prevenir, se faz importante que a sociedade como um todo repense seu papel, ou
seja, deixe de ser pessimista, e que as autoridades sejam mais flexíveis; nem liberal demais, nem autoritária ao
extremo; oferecendo modelos sadios, que incentive as boas relações entre as pessoas, valorizando a vida:
Prevenção primária. Sobre a prevenção primária, Yazbek, salienta que:

A prevenção primária pretende intervir antes que surja algum problema, no sentido de ser um conjunto de
medidas que visam uma educação para a saúde. Aqui se destacam três pontos essenciais: esta intervenção tem
que ser precoce, tem que se aplicar às crianças através do oferecimento de actividades prazerosas, criativas e
educativas; Ela deve estar inserida em uma visão mais ampla da educação para a saúde, a fim de tornar
atraente as regras para uma vida saudável; Ela tem que se apoiar em ‘educadores naturais’, em primeiro lugar
os pais e também os professores. Em resumo, a prevenção primária é o programa que objectiva evitar a
ocorrência do problema-alvo, isto é, diminuir a incidência prevenindo o uso da droga antes que ela se inicie. A
intervenção primária destina-se a duas faixas etárias: Jovens-enfatizando medidas como a conscientização e
sensibilização para os problemas da infância e da adolescência em todos os seus aspectos (fisiológicos,
psicológicos e socioculturais). Visa, portanto, a todos os jovens e não somente àqueles considerados como de

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alto risco. Adultos - fornecendo conhecimentos básicos, provocando e favorecendo uma reflexão maior sobre
os problemas abordados, bem como um maior engajamento e participação dos educadores naturais.
(YAZBEK, 2003, p. 44-45)

Um programa de prevenção poderá beneficiar indivíduos de uma população, que não iniciaram ao uso de
drogas, enquanto outros desta mesma população, quando abordados pelo programa, já terão feito uso. Para
estes se fará necessário o encaminhamento para um tratamento que venha a conscientizá-los a parar o uso,
impedindo assim, a evolução para estágios mais comprometidos, junção entre prevenção e tratamento:
Prevenção secundária. Em busca de impedir o consumo indevido das drogas, visando diminuir a incidência do
problema na sociedade, doutrinadores citam e comentam os objectivos pretendidos do tratamento da
prevenção secundária, conforme Gaplan (2000, p.104): “A prevenção secundária alcança seu objectivo pelo
tratamento precoce e eficaz em grande escala dos indivíduos mentalmente perturbados a fim de reduzir a
duração de sua incapacidade”. Estabelecida a dependência, o indivíduo precisará ser atendido por um
programa de recuperação que o sensibilize a parar, que melhor atenda a suas necessidades e às de sua família,
que os prepare para a reinserção social e prevenção da recaída: Prevenção secundária. A respeito da prevenção
terciária, Yazbek , afirma que:

Aplicada às drogas, a prevenção terciária tem como objectivo essencial evitar a recaída, visando à
reintegração do indivíduo na sociedade, possibilitando-lhe novas oportunidades de engajamento na escola, nos
grupos de amigos, na família, no trabalho etc. Pressupõe-se que, no caso de uso de drogas, a dependência já
esteja instalada. Neste caso, a prevenção terciária actuaria antes, durante e depois do tratamento. Antes do
tratamento, a intervenção visa auxiliar o indivíduo a formular um pedido de ajuda e o favorecimento de uma
relação terapêutica efectivamente privilegiada; Durante o tratamento, visa auxiliar para que não se rompa um
processo terapêutico ou de ajuda já iniciado, bem como desdramatizar a situação sem, contudo, minimizá-la;
Depois do tratamento, visa uma acção conjugada com uma instituição voltada para a reinserção social. A
prevenção terciária objectiva, assim, diminuir as consequências de um uso já contínuo e intenso sendo, em
geral, estratégias voltadas para a reabilitação e reinserção social do indivíduo. (YAZBEK, 2003, p. 46-47,
grifo do autor)

A presença da família permeia todo o processo de tratamento e está presente de forma muito significativa
quando o retorno parte para a etapa da reinserção social. A forma como o indivíduo é recebido e como as
relações se restabelecem entre ele e seus familiares são de extrema importância para a sua segurança
emocional e social, proporcionando-lhe condições favoráveis para manter-se abstémio.

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A recuperação é a conscientização da existência de uma forma inteiramente nova de vida, ajuda a
desenvolver as respostas e atitudes sadias. A recuperação não consiste em um evento singular, senão um
processo longo e frequentemente difícil. Exige disciplina, dia após dia, de persistir nas actividades e nas ações
que levam a uma nova forma de vida. O processo de recuperação da dependência química é evolucionário.
Isto significa que é um processo de crescimento e desenvolvimento que progride de tarefas básicas para outras
mais complexas. Para iniciar a progressão de um usuário de drogas, o mesmo passará pelas seguintes fases:
Abstinência, ou seja, parar totalmente de usar drogas, causando uma enorme dor no paciente. Essa dor é
causada pelos danos físicos e pela necessidade física da substância, outra parte é causada pela reacção
psicológica por perder o principal método de lidar com a vida, ou seja, o usuário de drogas passando
posteriormente à sobriedade aprende a lidar com a vida sem drogas; depois para uma vida confortável,
aprendendo a viver, enquanto abstinente e por fim, passa a ter uma vida produtiva, na qual aprende como
construir uma maneira de viver sóbria e significativa. Na fase da recuperação, o ex-dependente químico não
usa mais drogas, construindo sua auto-estima, ou seja, recomeçar a gostar de si mesmo, valorizar a vida,
recuperar amigos, resgatando sua dignidade e autoconfiança. A impressão é de que seus sentimentos são mais
exacerbados em relação às outras pessoas, talvez porque, durante algum tempo de suas vidas, os anestesiou e
os reprimiu e, agora, eles afloraram. A revivência com seus sentimentos é de certa forma perigosa, pois
surgem as inabilidades e experimentam a angústia de viver. A recuperação deve ser feita em etapas, se
necessário começar com um tratamento e acompanhamento profissional, em alguns casos acompanhamento
psiquiátrico de base. As formas de tratamento de mais sucesso combinam grupo de auto-ajuda com tratamento
profissional, considerado um programa de maior envergadura para tratar as síndromes de recaídas. Na
recuperação da quínio-dependência, os casos de recaída não são tão infrequentes e qualquer um deles está
sujeito aos respectivos riscos. A recaída acontece muitas vezes quando as coisas estão bem. Os dependentes
químicos se sentem melhor que antes, os problemas parecem ter diminuído, acreditando que já têm condições
de lidar com as dificuldades que lhes são apresentadas.

Uma recaída pode pôr em risco a pessoa que sofre emocionalmente, fazendo-a sentir-se um completo fracasso.
Os bons sentimentos de auto-estima e de autoconfiança abandonam os usuários de drogas. Os maus
sentimentos de remorso, culpa e vergonha os sufocam, levando-os, até mesmo, a desistir da recuperação por
total. A recaída, entretanto, não é o fim do mundo, faz parte da doença. O Narcóticos Anónimos (NA) e o
Alcoólicos Anónimos (AA) são grupos de auto-ajuda encontrados por pacientes como meios essenciais para a
obtenção de um resultado favorável no tratamento da dependência química. Esses grupos ajudam a identificar
os sinais de advertência, obcecar a recaída, conhecendo as consequências e o devido modo de voltar para uma

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recuperação firme e duradoura. Ajudam igualmente a manter a força e a disciplina demonstrando seus
conhecimentos, sucessos, fracassos e energia para continuar a sobriedade, partilhando os problemas por mais
insignificantes que possam parecer. A recuperação se inicia com a aplicação dos princípios espirituais
contidos nos doze passos dos grupos de auto-ajuda. Quando a vida do usuário de substâncias ilícitas parece
estar por um fio, o mesmo concentra-se nas bases do programa dos dozes passos, admitindo sua fragilidade
frente às drogas. Nesse programa, o dependente químico pratica cada um dos passos, um por um ou
paralelamente, conseguindo ficar sem consumir drogas um dia de cada vez. Admirando a vida como ela é,
vivendo só por hoje. Em relação ao Programa dos Doze Passos para a recuperação de compulsões, Marta
Santos, os cita:

Admitimos que éramos impotentes perante o álcool - que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.
Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia devolver-nos a sanidade. 3. Decidimos
entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebiam. Fizemos minucioso
e destemido inventário moral de nós mesmos. Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro
ser humano, a natureza exacta de nossas falhas. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse
todos esses defeitos de carácter. Humildemente, rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.
Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a
elas causados. Fizemos reparações directas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo
quando fazê-las significasse prejudicá-las ou a outrem. Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando
estávamos errados, nós o admitíamos prontamente. Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar
nosso contacto consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de
Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade. Tendo experimentado um despertar
espiritual, graças a esses Passos, procuramos transmitir essa mensagem aos alcoólicos e praticar esses
princípios em todas as nossas actividades.

Para a obtenção de sucesso no tratamento de um dependente químico, primeiramente cabe a este reconhecer
que possui uma doença debilitante, com risco de vida associada. Em seguida, ter consciência do mal que essas
substâncias causam no seu organismo, parando de usá-las e por fim, reconhecer a necessidade de um
programa diário para dar apoio e assistência em continuar sóbrio, um dia de cada vez, ou seja, sem usar
drogas. O dependente químico sentindo-se firme, saudável, bem com ele próprio, terá chances de enfrentar os
problemas que lhe são apresentados no retorno ao convívio social, diminuindo a sensação de exclusão social o
qual se evidencia cotidianamente. Por fim, ressocializar é reintegrar o Ex usuário de substâncias ilícitas na

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sociedade para que este se sinta pertencente a um grupo, no qual possa ser útil e produtivo, possibilitando a
produção do exercício da cidadania. A população deve conscientizar-se que o ex-dependente químico não
pode ser excluído, discriminado do meio em que vive, pois é um indivíduo que necessita de ajuda e
colaboração, não se podendo ignorar as causas e as consequências que o levam à exclusão social. Assim, a
reintegração social é um processo gradativo, ou seja, planejado, elaborado e orientado por todos que fazem
parte da sociedade.

Apesar do aumento do número de indivíduos dependentes químicos, sabe-se que actualmente existem diversos
meios de libertá-los desse vício. A lei nº 11.343/06, ou seja, nova Lei de Drogas, em seu Art. 28, caput,
diferenciou o usuário do traficante de drogas. Compreendeu-se que usar, consumir não configura mais crime,
pois estes núcleos não estão tipificados na norma penal. Essa conduta seria fato atípico. O consumo de
entorpecentes sempre esteve relacionado como factor determinante no aumento dos índices de criminalidade,
por isso, em busca de prevenção, combate e controle ao uso de drogas, bem como atenção e reinserção social
de usuários e dependentes de drogas, a Lei nº 11.343/06 estabeleceu normas para repressão à produção não
autorizada e ao tráfico ilícito de drogas. Conclui-se que, o indivíduo que for encontrado com a posse ilegal de
drogas para consumo pessoal não será mais preso, será, pois, submetido às sanções impostas para essa conduta
como advertência, prestação de serviço à comunidade e participação em programas educativos e de
desintoxicação. Para quem não cumprir a sanção, será aplicada multa de até três salários mínimos. Já para o
traficante, a lei “endureceu” aumentando a pena mínima de três para cinco anos de reclusão, o que inviabiliza
a migração para penas alternativas. Parte da população através de atitudes, pensamentos ou opiniões não
acredita que um ex-dependente químico tenha capacidade de reintegrar a sociedade, dificultando, assim, o seu
retorno ao convívio social. Diante disso, devesse observar que para ressocializar um indivíduo que já foi
viciado em alguma substância ilícita, é preciso associar uma série de factores, quais sejam: a família, as
entidades, as associações, as fundações ou os grupos de apoio e de religiosos que auxiliam aos usuários de
drogas a abandonar o vício, a obter novas oportunidades profissionais e pessoais, a conseguir lidar e enfrentar
a sua problemática, entre outros. Os meios usados para a obtenção da ressocialização do ex-dependente de
drogas foram sintetizados em reuniões no AA ou NA, análises de terapia, além de medicamentos que juntos
contribuem para a recuperação eficaz do problema. Demonstrou-se que, o processo de recuperação dos Ex
usuários de substâncias ilícitas é obtido através de várias etapas, que juntas ou paralelas, ajudam na eficácia do
tratamento da dependência química. Diante disso, a superação dessa problemática será alcançada inicialmente
quando o Ex usuário de substância ilícita conseguir entender e analisar a realidade onde se encontra, parando
totalmente de usar drogas, passando posteriormente à sobriedade, na qual o mesmo aprende a viver sem as

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drogas, resistindo ao vício e às tentações que possam aparecer. Mostrou-se também que, existe um lema nos
grupos de auto-ajuda chamado de “só por hoje”, sugerindo que o indivíduo em recuperação procure viver um
dia de cada vez, sem viver o amanhã. As pessoas que discriminam o Ex usuário de drogas não devem esquecer
que estes são cidadãos com direitos e deveres perante a sociedade, merecendo ter sua dignidade respeitada e
valorizada, sem qualquer ofensa a sua moral. São sujeitos que têm direito a recomeçar a vida com a cabeça
erguida, sem medo ou pavor de ser apontado como um marginal, pessoa de alta periculosidade, devido ao fato
de ter se envolvido com drogas. Cabe salientar, que o ser humano está susceptível a ter suas fraquezas, passar
por momentos difíceis, mas cabe a população ajudá-lo a superar e a enfrentar tamanha problemática,
apresentando novas oportunidades de recomeçar a vida, dando-lhe oportunidade social, familiar ou
profissional para que o mesmo possa mostrar que é capaz de reescrever sua história. Assim, se cada um fizer
sua parte, preocupar-se com seus próprios problemas e suas vidas, deixando de ofender e criticar os demais, o
mundo será bem melhor. No decorrer desta pesquisa, mostrou-se que muitos jovens, crianças e adultos
ingressam nas drogas devido ao seu estado emocional, ansiedade, curiosidade, ciclo de amizades, entre outros,
não imaginando que a referida substância ilícita causa dependência química de difícil superação. Com isso, as
drogas provocam momentos de prazeres momentâneos no organismo dos usuários, mas que passado o efeito
da substância, o estado anterior retorna, ou seja, a sobriedade, sendo assim, suas angústias, suas aflições e seus
sofrimentos aparecem como sinal de que o indivíduo precisa de ajuda e colaboração de todos. Não restam
dúvidas que as drogas causam muitos malefícios ao ser humano, tanto físico quanto mental. No seu aspecto
físico causa sonolência, paradas respiratórias, náuseas, convulsões, vómitos, podendo levar a morte. Já em
relação ao seu aspecto mental provocam alterações na sua percepção, desorientação, diminuem a actividade
do cérebro, entre outros. Assim, a dependência química é uma doença séria, grave que pode levar o usuário de
substância ilícita a morte, mas que existe sim um tratamento, não de soluções imediatas, senão um processo
longo e frequentemente difícil, realizado em várias etapas que juntas ajudam a combater esse mal, ou seja, a
recuperar a capacidade de viver sem drogas. Diante do exposto, a solução encontrada para a reinserção social
de um ex-dependente químico inicialmente tem que partir dele próprio, ou seja, criar ou transformar um
projecto de vida, no qual as drogas não estejam incluídas, exigindo-lhe uma longa caminhada pelo resto da
vida, tendo consciência e discernimento de que se não se adequar a esse novo estilo de viver, de nada
adiantará o esforço em sair do vício, pois terá que recomeçar o processo de desintoxicação das drogas.
Passada essa fase, outro aspecto principal no processo de ressocialização do ex-dependente químico é a
família, pois a forma como ele é recebido e como as relações se estabelecem entre ele e seus familiares são de
extrema importância para a sua segurança emocional e social, proporcionando-lhe condições favoráveis para

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se manter sóbrio. Por fim, cabe a sociedade abrir novas oportunidades de realização pessoal e profissional,
para que se sinta útil e produtivo, sendo capaz de recomeçar sua vida.

Diante das polémicas geradas e de numerosas críticas acerca da Nova Lei Antidrogas, grupos como: Núcleo
de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoactivos (NEIP); Associação Brasileira do Estudo de Estudos Sociais
de Substâncias Psicoactivas (ABESUP); Grupo Interdisciplinar de Estudos sobre Substâncias Psicoactivas
(GIESP); Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas (CETAD) se mobilizam para ampliar o debate
público sobre o tema. Aqueles que argumentam a favor da descriminalização das drogas sustentam que a
criminalização, fundamentada no proibicionismo, impede o controlo de qualidade das substâncias
consumidas; é obstáculo ao uso medicinal; é empecilho para a informação e para a assistência, desenvolve a
necessidade de aproveitamento de circunstâncias que levam ao consumo às escondidas, gera o uso sem os
devidos cuidados e sem higiene gerando doenças como a hepatite, a AIDS e outras. Além disso, ainda cria e
fomenta a violência ligada à comercialização, à produção e distribuição das substâncias psicoactivas
consideradas ilícitas.

Os meios de prevenção ao uso e ao abuso de drogas em qualquer sociedade, hoje, estão associados a toda
forma de consumo das mesmas. Pensamos ser relevante a caracterização do modelo de prevenção médico-
jurídico, proibicionista, hegemónico na sociedade de consumo. A política do proibicionismo que tem como
meta o fim das drogas e seus mercados, não obteve o sucesso esperado, pois a perseguição aos usuários e
traficantes, bem como a criminalização das drogas, não conseguiu conter a expansão do consumo por todo o
mundo (RODRIGUES, 2008). Aliado à proibição encontra-se o medo estabelecido no âmbito social em
relação às drogas, fruto da violência do tráfico, explorada de forma cinematográfica e sensacionalista pelos
meios de comunicação de massa. Aqueles que almejam à liberdade do uso de substâncias ilícitas apregoam
que é preciso romper com o proibicionismo e que seja feita uma reformulação das convenções internacionais e
das leis nacionais para que estejam “comprometidas com a saúde pública, respeitosas da democracia,
respeitosas da dignidade e do bem-estar de todos os indivíduos, livres da danosa intervenção do sistema
penal” (KARAM, 2008, p. 118). A final, apesar das substâncias psicoativas possuírem efeitos em comum,
ainda não se conhece uma grande variedade, entre as classes de efeitos físicos e psicológicos das drogas, de
mecanismos de ação, de desenvolvimento de tolerância e abstinência, e de efeitos a longo prazo. De acordo
com Morel, Hervé e Fontaine (1998), mesmo que sejam estabelecidas mudanças fundamentais nos sistemas de
neurotransmissores, ou de outros mecanismos neuroquímicos, não devemos considerar as investigações sobre
o assunto como definitivas e irrefutáveis. Além disso, diferenças na disponibilidade, custo, legalidade,

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marketing e atitudes culturais para as substâncias psicoativas e seu uso também são fatores que devem ser
relacionados. Nesse sentido, cremos ser pertinente levar para as salas de aulas do ensino médio a discussão
sobre valores vinculados ao uso de psicoativos a partir da perspectiva da política de Prevenção de Danos, que
prevê atenção e cuidados aos usuários dependentes químicos, ao invés de excluí-los.

Conceitos e Valores na Tomada de Decisão de Estudantes sobre o Uso de Substâncias Psicoativas

A história nos mostra que, em sociedades antigas e/ou tradicionais, as drogas psicotrópicas faziam parte de
rituais místico-religiosos de caráter coletivo, ou individualmente, em processos de cura (MACRAE, 1998),
com emprego submetido a um controle social, regido por normas e produção realizada pelos próprios
consumidores. Hoje, na sociedade de consumo, o uso das drogas se caracteriza pelo individualismo, pela falta
de controle e pelo acesso a um grande espectro de substâncias (TRAD, 2004) produzidas com intuito
comercial. Dentre os fatores que transformaram a forma do ser humano se relacionar com as substâncias
psicoativas estão: o desenvolvimento econômico e tecnológico da indústria fármaco-química e as grandes
migrações internacionais, possibilitando novos costumes e modos de usar as drogas. Ao tratar as drogas como
parte da cultura humana, surgem os aspectos polêmicos: os modelos de prevenção e a mídia; o surgimento e o
fracasso da política do proibicionismo e a proposta de legalização2 e descriminalização3.

Uma das questões em pauta é a Lei 11.343/2006 (BRASIL, 2006), que, ao ser publicada desencadeou, dentro
da doutrina e da jurisprudência, discussões acerca da proposição de que a Nova Lei Antidrogas haveria
despenalizado ou descriminalizado o uso de drogas. Para a maioria dos doutrinadores a despenalização4
ocorreu, uma vez que se deixou de aplicar pena privativa de liberdade, dando lugar às penas que visam
auxiliar o usuário na sua recuperação e reinserção social. No artigo 28, novas penas são previstas para aqueles
que adquirem, guardam, possuem em depósito ou transportam para consumo próprio sem autorização: 1)
advertência sobre os efeitos das drogas; 2) a prestação de serviços à comunidade; e 3) a medida educativa de
comparecimento a programa ou curso educativo. Outro grupo entende que ocorreu a descriminalização, sem
que a droga tenha sido legalizada, já que não prevê a privação de liberdade do agente. Diante da polêmica, a
jurisprudência do STF e do STJ entende que o porte de drogas para uso pessoal foi apenas despenalizado,
permanecendo, ainda, como crime (MENDONÇA; CARVALHO, 2008; ROSÁRIO, 2008). Diante das
polêmicas geradas e de numerosas críticas acerca da Nova Lei Antidrogas, grupos como: Núcleo de Estudos
Interdisciplinares sobre Psicoativos (NEIP); Associação Brasileira do Estudo de Estudos Sociais de

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Substâncias Psicoativas (ABESUP); Grupo Interdisciplinar de Estudos sobre Substâncias Psicoativas
(GIESP); Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas (CETAD) se mobilizam para ampliar o debate
público sobre o tema. Aqueles que argumentam a favor da descriminalização das drogas sustentam que a
criminalização, fundamentada no proibicionismo, impede o controle de qualidade das substâncias consumidas;
é obstáculo ao uso medicinal; é empecilho para a informação e para a assistência, desenvolve a necessidade de
aproveitamento de circunstâncias que levam ao consumo às escondidas, gera o uso sem os devidos cuidados e
sem higiene gerando doenças como a hepatite, a AIDS e outras. Além disso, ainda cria e fomenta a violência
ligada à comercialização, à produção e distribuição das substâncias psicoativas consideradas ilícitas (KARAN,
2008).

Os grupos que defendem a legalização da maconha, por exemplo, acreditam que o Brasil precisa tentar
elaborar experiências, como as vividas em países como Austrália, Espanha, Canadá, Suíça, Holanda e alguns
estados dos EUA. A proposta prevê a construção de uma regulamentação, pautada no diálogo com todos os
setores interessados da sociedade civil, avaliando em equipes multidisciplinares todos os dados científicos
atualmente disponíveis sobre a planta e seu uso e levando em consideração tanto o histórico das Leis, Políticas
Públicas e Tratados Internacionais sobre Drogas quanto o das experiências do gênero em outros países
(VIDAL, 2009). Os meios de prevenção ao uso e ao abuso de drogas em qualquer sociedade, hoje, estão
associados a toda forma de consumo das mesmas. Pensamos ser relevante a caracterização do modelo de
prevenção médico-jurídico, proibicionista, hegemônico na sociedade de consumo. A política do
proibicionismo que tem como meta o fim das drogas e seus mercados, não obteve o sucesso esperado, pois a
perseguição aos usuários e traficantes, bem como a criminalização das drogas, não conseguiu conter a
expansão do consumo por todo o mundo (RODRIGUES, 2008). Aliado à proibição encontra-se o medo
estabelecido no âmbito social em relação às drogas, fruto da violência do tráfico, explorada de forma
cinematográfica e sensacionalista pelos meios de comunicação de massa. Aqueles que almejam à liberdade do
uso de substâncias ilícitas apregoam que é preciso romper com o proibicionismo e que seja feita uma
reformulação das convenções internacionais e das leis nacionais para que estejam “comprometidas com a
saúde pública, respeitosas da democracia, respeitosas da dignidade e do bem-estar de todos os indivíduos,
livres da danosa intervenção do sistema penal” (KARAM, 2008, p. 118). A final, apesar das substâncias
psicoativas possuírem efeitos em comum, ainda não se conhece uma grande variedade, entre as classes de
efeitos físicos e psicológicos das drogas, de mecanismos de ação, de desenvolvimento de tolerância e
abstinência, e de efeitos a longo prazo. De acordo com Morel, Hervé e Fontaine (1998), mesmo que sejam
estabelecidas mudanças fundamentais nos sistemas de neurotransmissores, ou de outros mecanismos

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neuroquímicos, não devemos considerar as investigações sobre o assunto como definitivas e irrefutáveis.
Além disso, diferenças na disponibilidade, custo, legalidade, marketing e atitudes culturais para as substâncias
psicoativas e seu uso também são fatores que devem ser relacionados. Nesse sentido, cremos ser pertinente
levar para as salas de aulas do ensino médio a discussão sobre valores vinculados ao uso de psicoativos a
partir da perspectiva da política de Prevenção de Danos, que prevê atenção e cuidados aos usuários
dependentes químicos, ao invés de excluí-los (ANDRADE, 2004).

Fundamentados no enfoque CTS, propomos abordar as drogas no ensino de ciências segundo diversos eixos,
visando à conscientização do sujeito e à superação do modelo de decisões tecnocráticas, que acredita numa
suposta superioridade do especialista/técnico na solução dos problemas, inclusive os sociais, de um modo
eficiente e ideologicamente neutro (AULER; DELIZOICOV, 2006). Contrários a essa concepção, os estudos
sobre os conteúdos sociais das drogas devem incentivar os educandos a participarem das discussões sobre esta
problemática e a tomarem decisões, caso lhes seja solicitado.

METODOLOGIA Optamos por adotar a metodologia de pesquisa crítica qualitativa, uma vez que se preocupa
com os “significados dos fenômenos que se manifestam nas produções verbais dos sujeitos pesquisados.”
(TRIVIÑOS, 2007, p.127). A pesquisa ocorreu durante a quarta unidade do ano letivo de 2009, num período
de cinco semanas, correspondente a quinze aulas. Envolveu a pesquisadora como docente de uma turma
constituída de trinta e um alunos, no turno matutino, do terceiro ano do ensino médio e uma estudante do
curso de licenciatura em química como assistente. Foi criado um percurso de ensino para fazer parte do
ambiente no qual se realizaria esta investigação. Os pesquisados são brasileiros, moram com os pais e mais
dois irmãos, em média. Cinquenta por cento dos pais possuem o ensino médio completo, os outros cinquenta
por cento cursaram o ensino fundamental, alguns concluíram e outros não o conseguiram. A renda familiar
concentra-se entre dois e cinco salários mínimos. Quase metade dos estudantes trabalha no comércio como
balconista, auxiliar de escritório, garçom ou como autônomo em negócio familiar, a maioria destes sem
remuneração. Os estudantes declararam que o principal motivo para frequentar a escola é a vontade de
adquirir conhecimento, mas também pensam em concluir o ensino médio para poderem ir trabalhar. Outras
opções de atividades pós-ensino médio, são: fazer cursos de língua estrangeira; curso profissionalizante nas
áreas de petróleo e gás, enfermagem e edificações. Os alunos usam diariamente a televisão e a internet, porém
livros, revistas e jornais raramente são utilizados como fontes de informações. A valorização da participação
do sujeito na pesquisa crítica qualitativa conduziu à coleta de dados com base na observação participante e,
também, recorrendo ao registro escrito de materiais produzidos pelos estudantes e à gravação de áudio e vídeo

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das aulas5. A coleta de dados buscou elementos que propiciasse a compreensão do contexto onde os
significados são formados, das causas da sua existência e das relações estabelecidas. Diferentes modos de
coletas de dados foram utilizados (avaliação diagnóstica, discussão sobre o filme “Bicho de sete cabeças”,
debate promovido entre os estudantes sobre a legalização das drogas e avaliação final) visando à triangulação
de informações, nos permitindo verificar desacordos e o grau de exatidão dos dados coletados, para que
pudéssemos garantir a validade e a confiabilidade dos mesmos. A pesquisa, desde a sua concepção,
buscou se orientar pela ideia de ter o contexto como condicionante das construções do real, tal como está
previsto pelo pensamento crítico. Portanto, para estar condizente com o pressuposto da Teoria Crítica, esteve
sempre comprometida com a organização de esclarecimentos pelos quais os oprimidos refletem sobre suas
explicações. Segundo Freire (2005), o processo de dominação está na preponderância de um único tipo de
cultura, a dos opressores, em detrimento de outras culturas. Ao impor seus valores culturais formam
identidades e modos de agir do indivíduo que vive em sociedade. Nesta perspectiva, encontramos os
dominantes (os opressores) mais seguros quanto mais mimetizados estejam os dominados (os oprimidos) em
relação à cultura dominante. Pensamos, então, que é preciso buscar uma articulação crítica entre cultura e
educação, o que pode ser realizada por meio da abordagem de temas e palavras geradoras da cultura dos
dominados. O conteúdo dos registros de observação das aulas, das falas e dos materiais produzidos por vinte
e um estudantes durante o processo de ensino foi examinado em busca da presença dos temas de nosso
interesse, quais sejam: emprego de termos e de conceitos químicos e explicitação de valores relativos ao uso
de drogas. Os trechos selecionados (unidades de registro) serviram à inferência e/ou construção de evidência
(BAUER; GASKELL, 2008; BARDIN, 2004) acerca dos tópicos acima citados, como pode ser visto nos
resultados apresentados abaixo.

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Discussão e Resultados

Os resultados foram agrupados em três classes: (a) emprego funcional de termos científicos pelos estudantes,
um estágio necessário à formação dos conceitos científicos (VIGOTSKI, 2009); (b) emprego de conceitos
científicos, revelado por sistematização do discurso e consciência dos significados dos termos científicos
empregados (VIGOTSKI, 2009); (c) alteração em valores acerca do uso e dos usuários de drogas, revelando
um novo nível de criticidade (FREIRE, 1970; SANTOS, 2008).

1- Emprego funcional de termos científicos

Analisamos o emprego de termos químicos pelos estudantes nas discussões sobre o uso de drogas, pois, a
questão primordial no processo de formação de conceitos “é o emprego funcional do signo ou palavra como
meio através do qual o adolescente [...] domina o fluxo dos próprios processos psicológicos e lhes orienta a
atividade no sentido de resolver os problemas que têm pela frente”. (VIGOTSKI, 2009, p. 169) Inicialmente
analisamos o desenvolvimento dos significados das palavras no estudo sobre o uso de substâncias psicoativas.
Verificamos, na avaliação diagnóstica, que quase cinquenta por cento dos alunos não usavam nenhuma
palavra ou expressão do vocabulário químico para se posicionar sobre o uso de drogas, o que refletia sua
dificuldade em estabelecer relações entre drogas e Química. O fato de estudantes e professora não se
expressarem através de um mesmo sistema de signos linguísticos (FREIRE, 1977) — vocabulário químico —
constituiria um obstáculo para a discussão dos aspectos sociais, econômicos etc. e também, para a
compreensão dos conteúdos químicos a serem estudados, caso a professora não buscasse promover a
aquisição de novos signos. Já um grupo composto por treze estudantes apresentava um vocabulário químico
que, embora limitado a poucas palavras — substância, composição química, estrutura química e produto
químico — era empregado corretamente dentro do contexto. Porém, não há como assegurar que os termos
fossem empregados com os significados próprios do conhecimento químico (escolar ou estritamente
científico), pois verificamos que nem sempre os estudantes dominavam os conceitos químicos. Por exemplo,
Claudio6 respondeu explicou que através dos estudos em química: Sabemos melhor como essas substâncias
[as drogas] agem no organismo. E de que elas são feitas. Porém, não soube explicar o que é uma substância
psicoativa. Os novos termos foram sendo apresentados ao longo das aulas. A introdução da expressão
substância psicoativa e do seu significado, desconhecidos da maioria, contribuiu para o avanço na
comunicação entre a professora e os alunos. Pudemos constatar a tentativa dos alunos em usar esta expressão

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na discussão sobre a história das substâncias heroína, nicotina e cafeína. Sua surpresa diante da informação
que produtos como o chocolate e o café, contêm cafeína e, logo, poderiam ser classificadas como drogas; e o
espanto, ao perceberem que praticamente todos faziam uso da cafeína através do consumo de chocolates, cafés
e chás levou Paulo a fazer a seguinte reflexão: É isto que também tem no Red Bull, que deixa a gente ligado,
eu já li no rótulo que ele tem cafeína que a senhora tá dizendo que é psico... psico... como é mesmo o nome?
Isso mesmo psicoativa. Os estudantes apresentavam alguma dificuldade em pronunciar a palavra psicoativa e,
para contornar este problema, os alunos preferiam fazer referência ao seu significado. Foi o que aconteceu
com Flavia: [...] Porque muitas vezes as pessoas querem sim deixar de fazer uso, mas não conseguem porque,
como a professora explicou as substâncias psico... as que agem no sistema nervoso central presentes nos
remédios e nas drogas [...]. Esta e outras respostas nos permitem constatar certo grau de desenvolvimento do
significado do termo substância psicoativa. Flavia conceituou substâncias psicoativas na avaliação final como:
[...] substâncias capazes de se ligar aos receptores dos neurotransmissores impedindo a interação entre
neurotransmissor e sítio receptor, bloqueando sua ação e gera uma resposta como antagonista ou agonista. Ao
responder a mesma questão no início da pesquisa, Flavia havia dito, simplesmente, que substâncias
psicoativas são aquelas que atuam no sistema nervoso. Os exemplos evidenciam que o uso do termo
substância psicoativa, pelos estudantes, passou a orientar sua atenção para a ação das drogas. A tentativa de
uso desse termo é um indício de que o processo de formação do conceito estava em andamento, pois segundo
Vigotski (2009, p.226) “o papel decisivo na formação do verdadeiro conceito cabe à palavra”. Os estudantes
ampliaram seu vocabulário, tornando a comunicação com a professora mais efetiva. Percebemos que a decisão
de não usar drogas, manifestada desde o início do curso, se manteve nessa fase do percurso de ensino, porém,
apoiada em outras representações e no estabelecimento de relações entre o fenômeno social do uso de drogas e
o conhecimento químico, permitindo aos educandos entender e questionar parcialmente o discurso de
especialistas, da mídia e do Estado. Os estudantes se dispõem, então, a ouvir discursos distintos e a estabelecer
um diálogo com essas fontes na tentativa de compreender a realidade (FREIRE, 1970). Entre as atividades de
ensino, foram realizados exercícios de identificação dos grupos funcionais orgânicos através da análise
comparativa das fórmulas estruturais das substâncias psicoativas e dos neurotransmissores. Constatamos que,
paulatinamente, os estudantes relacionavam a representação teórica das estruturas moleculares das substância
envolvidas com a explicação das respostas biológicas do organismo na presença de substâncias psicoativas.
Tiago, ao realizar a atividade, fez o seguinte comentário: Se a gente conhece a substância, suas propriedades
físicas e químicas e sua estrutura, já dá para ter uma noção prévia de como aquela substância vai se comportar
em meu organismo, mas mesmo assim não dá pra ter controle sobre os efeitos. Em outro momento,

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verificamos que cerca de quarenta por cento dos educandos relacionaram o conteúdo químico com os efeitos
psicotrópicos das drogas usando os signos apresentados na aula. Flavia, por exemplo, constatou que: A
cocaína e o ecstase7 parecem provocar o efeito de deixar o sujeito mais elétrico, acho que deve ter relação
com o grupo funcional que aparece na estrutura deles, que é o mesmo o das aminas, vê que o nome da cocaína
até parece com amina. Durante o debate sobre a legalização e a descriminalização das substâncias psicoativas,
ocorrido na etapa final do ensino, identificamos a presença de novos signos no sistema linguístico dos
estudantes. No texto da avaliação final surgiram novas palavras nas respostas dos alunos como:
neurotransmissores, grupo funcional, propriedades físicas e químicas, hidrofílicas, lipofílicas dentre outras.
Acreditamos que tal aquisição foi favorável à compreensão dos conteúdos químicos abordados durante o
curso. Destacamos o exemplo de Ângela que antes do curso afirmava que, sobre uso de drogas, a química
contribuía, pois: saberíamos qual a sua composição, o que iria reagir no nosso organismo... Ao final dos
estudos, a aluna reconhece maiores contribuições dos conteúdos químicos, e diz: Agora eu sei o que as drogas
causam, as sensações que elas provocam, que elas podem causar dependência química, síndrome de
abstinência, que elas aumentam a liberação de substâncias chamadas de neurotransmissores que dão sensações
de prazer, humor etc.. E que podem alterar meu SNC. Além da ampliação do vocabulário, identificamos que
vinte por cento dos alunos passaram a usar designações próprias para se referirem ao processo de
solubilização dos psicoativos em gordura e em água. Entendemos que estes alunos demonstraram a
capacidade de usar palavras para fazerem referência a processos, além do processo de conceitualização
(MORTIMER; 1998, 2010). Notamos, portanto, que os estudantes passaram a empregar termos científicos no
trato das questões sobre as drogas e que este emprego ampliou-se ao longo das aulas.

2-Emprego de conceitos científicos

Ao refletirmos acerca do uso de conceitos espontâneos e/ou conceitos científicos nos argumentos dos
educandos sobre o uso de psicoativos, tínhamos como objetivo avaliar se os estudantes do ensino médio
usavam conceitos espontâneos e/ou conceitos científicos nos argumentos sobre o uso de psicoativos.

A avaliação diagnóstica nos permitiu constatar que os estudantes, em sua totalidade, estavam decididos a não
usar drogas. Porém, os argumentos dos estudantes pareciam estar fortemente fundamentados em conceitos
espontâneos típicos do ser humano de consciência ingênua (FREIRE, 1981), uma vez que tentavam explicar o
fato de não usarem drogas assentados quase que exclusivamente nas experiências vividas e/ou conhecidas.

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Perguntamos aos alunos: Quais critérios ou informações você usaria para tomar uma decisão a respeito de usar
ou não usar uma droga? E obtivemos respostas como as de Daniel: Eu primeiro olharia os exemplos de quem
usa há muitos anos e não conseguiu parar, como a família dele está, e os malefícios a saúde que ela pode
causar. Percebemos que as experiências de pessoas próximas que não foram bem sucedidas ao usar drogas
possuem grande capacidade de se tornarem as causas principais para que os jovens não usem drogas. O
mesmo poder cabe ao medo dos estudantes de se transformarem em dependentes químicos. Para Jaciara, um
dependente químico é: Uma pessoa fraca, sem força de vontade, que se para, ou seja, deixa de tomar um certo
tipo de química, pode morrer (o que acontece em 90% dos casos). Mais uma vez, temos a presença das
experiências vividas pelos educandos, constituindo seu pensamento. Pudemos constatar que a característica
das drogas mais frequente nas explicações dos estudantes são os possíveis efeitos das mesmas sobre o
organismo humano, como no texto de Paulo: Droga é um tipo de composto químico que ao depender do tipo
você sofrerá vários tipos de efeitos diferentes. Deve ser como se você não fosse você, entende? Eu acho que
deve ser isso. Além da forte influência da experiência vivida, identificamos outra característica do uso de
conceitos espontâneos pelos estudantes, a não-conscientização.

Ao procurar explicar o que é droga Tiago escreveu que: drogas são substâncias químicas que altera o
comportamento de um indivíduo, que são vendidos em farmácias que são as legais como os remédios e outras
não legais como LSD, crack e outros. Apesar de mencionar o conceito de substância e fazer referência às
possíveis mudanças na conduta dos indivíduos, quando Tiago foi questionado sobre o que entendia por
substâncias psicoativas, respondeu: Não lembro. Este evento deixa claro que o estudante, ao explicar o que
são as drogas, agiu de forma nãoconsciente por não saber conceituar substância química, como no caso do nó
apresentado por Vigotski (2009, p.288): Eu dou um nó. Faço isso conscientemente. Entretanto não posso dizer
exatamente como o fiz. Minha ação consciente acaba sendo inconsciente porque a minha atenção estava
orientada para o ato de dar o nó, mas não na maneira como eu o faço.

À vista do exposto, verificamos que embora já tenham sido estudados no âmbito escolar, conhecimentos
científicos pertinentes ao tema drogas, estes não foram voluntária e sistematicamente aplicados às questões
presentes na avaliação diagnóstica. Grande parte dos pesquisados não sabia o significado de termos
científicos básicos, o que limita as habilidades de raciocínio nos educandos. Dentre os equívocos que
identificamos, o mais comum foi à definição das drogas como o cigarro e a maconha como substâncias
(materiais puros), quando na realidade são misturas (materiais impuros). Outro conceito equivocado é que
materiais que se originam diretamente da natureza não devem ter relação alguma com a Química, revelando

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uma associação dessa ciência com a artificialidade e com a capacidade de produzir danos à humanidade. O
texto de Jane exemplifica claramente estas concepções: a maconha [não faz mal à saúde] porque talvez ela
seja uma erva pura. Não contém química. No caso do álcool não vejo mal algum para quem sabe ser
controlado. A análise das respostas dos educandos às questões da avaliação diagnóstica evidenciou o uso de
conceitos espontâneos e algum uso de termos científicos, mesmo que conceitualmente equivocados, por
noventa e cinco por cento dos pesquisados. Ao fazerem uso de termos científicos, os adolescentes recorreram
às suas lembranças sobre o assunto, sugerindo que tais estudantes apenas iniciaram seu aprendizado do
conceito de substância (e outros), estando ainda na fase em que pensar significa lembrar (VIGOTSKI, 2009).
Identificamos, também, através da avaliação diagnóstica, respostas que mais se assemelham a uma colagem
desconexa de ideias, sugerindo que ocorria um modo de pensar sincrético de caráter subjetivo, ao relacionar
diversos objetos concretos abrangidos pelo conceito, ao responder à questão proposta. João, ao ser solicitado a
esclarecer o que é uma droga para uma pessoa que nunca tivesse ouvido falar do assunto responde: Eu
explicaria que a droga de um jeito simples, dando um exemplo comum em relação à maconha, que a maconha
ela, por mais que seja vindo da erva, ela é prejudicial, causando amnésia e outras consequências, ou seja, a
droga ela é uma substância que mexe no nosso corpo, nosso organismo. Também existe drogas que são
chamadas de ilussinógenas (sic), aumentando a adrenalina do corpo, deixando você mais activo. E tudo que
mexe no nosso sistema é chamado de droga. De acordo com Vigotski (2009), é comum no período da
adolescência que ocorra a oscilação entre o pensar por complexos e o pensar por conceitos. Esses casos
requereram maior atenção por parte da professora durante a execução da sequência de ensino, uma vez que
tais alunos se encontravam em um estágio anterior no desenvolvimento da formação de conceitos, se
comparados com outros estudantes. A observação das aulas da sequência de ensino sobre o tema drogas
revelou indícios da formação de conceitos científicos a partir de conceitos espontâneos. A aplicação de termos
científicos de forma sistematizada sugere o estabelecimento de relações entre conceitos, indicando o início da
apropriação dos mesmos e sugerindo a descoberta das relações conceituais. Flávia, por exemplo, teceu o
seguinte comentário: Agora pelo que eu tô vendo ele (café) é uma mistura de várias substância e uma delas, a
cafeína, que também tem no chocolate, é que age no nosso organismo deixando a gente bem esperto, activo.
A formação de um sistema de conceitos representa a tomada de consciência dos conceitos, o que permite que
os educandos usem-nos voluntariamente. De acordo com Vigotski (2009, p.292), a generalização de um
conceito leva à localização de dado conceito em um determinado sistema de relações de generalidade, que são
os vínculos fundamentais mais importantes e mais naturais entre os conceitos. Assim a generalização significa
ao mesmo tempo tomada de consciência e sistematização de conceitos.

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O debate sobre a legalização e a descriminalização das drogas ilícitas foi uma situação que usamos como fonte
de dados na etapa final da investigação. Através da análise das falas dos pesquisados, pudemos identificar o
estabelecimento de relações entre os conceitos estudados, sinalizando que estava ocorrendo apropriação de
conceitos científicos. Inferimos que os educandos passam a analisar o fenómeno com base em princípios
teóricos, e se distanciam das explicações mágicas (FREIRE, 1981) ao fazerem uso de conceitos científicos.
Durante o debate, perguntamos aos educandos em que pensariam ao terem que tomar uma decisão sobre o uso
de drogas, Roberto respondeu que: Vontade e oportunidade não me faltou, mas depois das aulas sobre os
efeitos, aí eu desisti porque se eu não posso controlar como elas agem quando estão no meu organismo, não
controlo para onde vão, como elas vão interferir nos neurotransmissores por terem moléculas semelhantes por
causa do grupo funcional, não é isso? Logo é melhor não usar. A coerência no discurso de Roberto decorre da
capacidade de articular os conceitos científicos e os apresentar de forma sistematizada. Contudo, também
identificamos, durante o debate, alunos que ao se expressarem não fizeram uso de conceitos científicos,
demonstrando que os conceitos espontâneos continuavam a fundamentar suas decisões. Apreciando as
respostas dos estudantes nas avaliações aplicadas no encerramento do percurso de ensino, observamos uma
mudança significativa na composição dos argumentos. Cerca de setenta e quatro por cento dos estudantes
passaram a usar conceitos de forma sistematizada e consciente/voluntária, em maior ou menor grau. Gabriela,
por exemplo, explica que não usaria nenhuma droga de abuso, porque eu não me sentiria confortável tendo
meu estado físico e psicológico modificado, além dos meus reflexos e sensações. Além disso, eu tenho ciência
da dependência a que as drogas causam e de seus efeitos devastadores sobre o organismo de quem as usa, algo
que eu não desejo para mim. Identificamos, na resposta de Gabriela o uso sistematizado e coerente do
conhecimento químico, que é comprovado ao analisarmos o significado de dependência química segundo a
estudante. Para Gabriela, dependência química é a necessidade que o organismo adquire do uso de uma droga
ou substância psicoativa, por ter configurado seu funcionamento a partir do seu uso regular. Constatamos que
as definições dos conceitos desta e de outros alunos se tratavam de transcrições literais dos conceitos
trabalhados em sala de aula, portanto, não podemos nos furtar de afirmar que os educandos trataram de imitar
a forma pela qual a professora expôs tais conceitos. De acordo com Vigotski (2009, p.331), a imitação “é a
forma principal em que se realiza a influência da aprendizagem sobre o desenvolvimento”. Tal princípio pode
explicar a influência que o desenvolvimento alcançado pelo professor exerce sobre o desenvolvimento do
educando. Inferimos, então, que os estudantes ainda recorriam ao auxílio do professor, uma vez que
cumpriram a actividade imitando as definições dos conceitos tais quais lhes foram apresentados em aula.
Verificamos, ao final do curso, que setenta e quatro por cento dos pesquisados demonstraram capacidade para

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elaborar argumentos sistematizados ao recorrerem a outros conceitos anteriormente adquiridos. Contudo,
devemos registrar que alguns poucos alunos não conseguiram construir um sistema de conceitos ou o fizeram
precariamente, não mostrando influência transformadora significativa dos conceitos científicos sobre seus
conceitos espontâneos (VIGOTSKY, 2001).

3- Alteração em valores e novo nível de criticidade

Pudemos constatar que cerca de noventa por cento dos alunos fundamentam suas explicações nesse ideário e
até mesmo alguns professores da escola. Outro aspecto que constatamos nas respostas dos alunos é a noção
de que substâncias psicoativas devem ser excluídas do meio social. Um dos objetivos do modelo médico-
jurídico é propagar a ideia de que as drogas devem ser rejeitadas pela sociedade, o que pode gerar nos
educandos o preconceito em relação àqueles que fazem uso de tais produtos, marginalizando os usuários. Os
exemplos a seguir demonstram que os usuários de drogas de abuso, geralmente, são discriminados por serem
considerados insanos, pessoas sem carácter e desprovidas de vontade própria.

Ao analisarmos o material escrito pelos estudantes após discussão em grupo sobre o filme “Bicho-de-sete-
cabeças”, notamos que cerca de quarenta por cento dos alunos não classificaram os remédios como sendo
drogas. Tais estudantes não estabeleciam relação entre remédios e drogas, de modo que, se surpreenderam ao
verem o médico fazer uso de medicamentos para ter sensações de prazer e alucinações. Sobre esta cena do
filme Paulo fez a seguinte pergunta: mas como os remédios que servem para nos ajudar em determinada
doença, pode ser uma substância, que nos faz mal? Como se pode perceber, havia um desconhecimento de
possíveis efeitos tóxicos e psicotrópicos causados por alguns remédios. Mesmos os alunos que já concebiam
os medicamentos como parte do grupo das drogas, não pensavam no uso de remédios com fins recreativos ou
que fossem capazes de gerar algum malefício ao organismo humano, inclusive a dependência química. Isto
pode ser notado na definição de droga dada por Flávia: drogas são substâncias que provocam mudanças no
nosso organismo. Tem efeitos maléficos (como cigarro, cerveja, cocaína) e benéficos (no caso os remédios). A
forma de pensar através do modelo médico-jurídico de prevenção pode implicar em modos de agir assentados
em preconceito, discriminação, intolerância, comportamentos que parecem ter origem na identificação dos
alunos com o mundo mitificado que lhes é apresentado pelos diversos meios de comunicação como rádio,
televisão, jornais e até nos painéis de propaganda (outdoors) espalhados pelas grandes cidades. Uma das
campanhas contra drogas mais recentemente veiculadas por estes meios e, também, através de cartazes no

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interior das escolas, trazia a seguinte frase: “Crack, cadeia ou caixão”, apregoando que não existem outras
alternativas aos usuários. Verificamos a repercussão de ideias como estas quando perguntamos aos alunos por
que o filme recebeu o título Bicho-de-sete-cabeças, ao que Flavia respondeu: O filme tem por conclusão que o
uso limitado de algumas drogas não exigia medidas tão drásticas como o que sofreu o personagem, mas não
podemos nos esquecer que se trata das drogas as quais remetem os usuários a inúmeros caminhos infelizes e
até mesmo a morte. Seja qual for à quantidade, drogas são um grande problema sim. Embora, sejam
conhecidos os efeitos deletérios do crack por provocar graves lesões no sistema nervoso central, e levar a
morte por intoxicação aguda, segundo Nery Filho (2010, p.1), os humanos não são o mosquito da dengue: não
basta acabar com a droga – leia-se crack – para acabar com o tráfico. Haverá sempre uma nova droga,
compatível com os tempos e lugares. Armar o Estado para lutar contra o crack ou segregar seus usuários em
instituições totalitárias e exclusoras significa errar completamente o alvo.

4- Politicas de Combate as Drogas em São Tomé e Príncipe

Análise da situação Geográfica e Demográfica

República Democrática de São Tomé e Príncipe Superfície:1.001km2; Clima: tropical húmido;


População:187.739 habitantes (INE-2012); População menos de 5 anos-18,4%; 78,8% tem menos de 35 anos;
Mulheres-50,7%; Homens-49,3%; Esperança de vida-65,3%.

Divisão Administrativa

STP está dividido em 7 áreas: 6 Distritos e a Região Autónoma do Príncipe

Sistema Jurídico

Código Penal vigente, aprovado pela Lei nº6/2012, publicado no Diário da República nº 95 de 6 de Agosto ;
capítulo IV dos Crimes Contra a Saúde Pública; os artigos nº 278º a 295º.Lei nº3/2012,publicado no Diário da
República nº 4 de 27 de Janeiro ; Lei que regula o acesso de menores nos recintos Públicos e lugares de venda
de bebidas alcoólicas tabaco e proibição do acesso aos dispositivos de armazenamento e de reprodução
magnética Lei nº 11/2012,publicado no Diário da República nº 159 de 28 de Dezembro; Lei que regula o
tráfico o consumo e a detenção de drogas no território da República Democrática de São Tomé e Príncipe. A

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Lei nº 11/2012 é o instrumento jurídico que aliado aos preceitos do Código Penal oferece o devido
enquadramento jurídico penal, essencial para tratar das questões , quer na perspectiva do consumo quer na
perspectiva do tráfico.

5- A situação da Droga em São Tomé e Príncipe

Surgiu-1995;Tipos de drogas mais usadas: cannabis/liamba; Liamba é a mais consumida; Cocaína Haxixe; 1%
da população jovem consome liamba. O cultivo não é de escala industrial STP é considerada um país de
trânsito e passagem de cocaína.

6- Causas do Consumo

Curiosidade, Experimentação, Falta de auto-estima, stress, Problemas familiares, Influência dos pares, preço é
mais acessível, e facilmente ser cultivadas no país.

Tráfico e consumo de droga em São Tome e Príncipe aumentou nos últimos dois anos, parece não ser estranho
para ninguém que, nos últimos tempos, o fenómeno de consumo de drogas tem ganhado, enormes proporções
no seio dos santomenses e, em particular, dos jovens.

A Polícia de Investigação Criminal, já algum tempo, tem assumido o combate feroz desse mal.
Concretamente, há duas semanas atrás, em colaboração com a Polícia Nacional efectuaram uma operação
policial ao nível da ilha de S.Tomé, tendo culminado com a detenção de trinta e nove (39) indivíduos de
ambos os sexos. Ao serem submetidos à instâncias superiores, foram libertados, sem imposição de quaisquer
condições, pois , segundo o magistrado judicial a quem coube o processo não existiam matérias que
indiciassem a prática de quaisquer ilicitudes por parte destes, nomeadamente elementos probatórios.

Ao abrigo da alínea m do nº2 do artigo 3º da Lei nº 2/2008 a competência da PIC assume a natureza de
exclusividade, relativamente a outros organismos policiais, no âmbito da investigação do crime de tráfico,
cultivo, produção, fabrico, preparação ou transformação de substâncias estupefacientes, bem como quaisquer
outros relacionados com o consumo, transporte, guarda ou simples detenção dessas substâncias;

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Não obstante essa exclusividade, questão de drogas, na minha opinião, deve ser assumida como questão
NACIONAL. O abuso e a dependência das drogas constituem um grande problema enfrentado por toda a
sociedade. Além dos prejuízos sociais ligados a instabilidade e criminalidade, as drogas causam graves
distúrbios físicos nos seus usuários.

Felizmente, S. Tomé e Príncipe tem sido afectado, ainda, com maior predominância, por CANNABIS,
também conhecida por maconha, marijuana, entre outros. Em linguagem comum, costumamos a designá-las,
erradamente, de drogas leves; se tivermos em conta as suas possíveis derivações e efeitos directos e indirectos
do uso das mesmas, facilmente, entenderemos não ser uma droga leve.

Tomando do principio as três formas, mais faladas, de consumo de drogas que são: Uso esporádico; uso
habitual e toxicodependência ou intoxicação posso afirmar, salvas opiniões em contrário, ainda não temos,
felizmente, grandes complicações como a verdadeira toxicodependência.

Se tivermos em conta que a maior parte da dita droga transaccionada e consumida é produzida localmente
pois, o nosso clima é propício ao cultivo dessa planta e;

Considerando ainda as características geográficas do País, enquanto ilhas; Podemos considerar, em virtude
destas características, como sendo “ um passo andado” no combate a esse fenómeno que poderá ser debelado
com a política repressiva de redução de ofertas.

Redução de oferta significa cortar o mal pela raiz, pois “enquanto existir a raiz, facilmente a mesma dará
rebentos”. Sendo um País com mil e um quilómetros quadrados (1001Km2) de território dos quais quase todo
já teve intervenção humana e cento e sessenta e cinco mil habitantes, onde “todos se conhecem”, muito mais
poderá ser feito.

Como dizem especialistas, o abuso de drogas pode levar a dependência , fazendo com que a pessoa use
compulsivamente a droga mesmo com seus efeitos danosos na família, trabalho, escola, e actividades
recreativas.

Assim, no meu ponto de vista entendo, que muito consumidores serão, igualmente, vítimas ou ofendidos por
terem sido apanhados por uma onda de maré ao passarem por uma praia desconhecida.

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Mais eficaz e importante seria dar uma maior atenção para reduzir e prevenir os danos à saúde e à vida; a
reinserção social de usuários e possíveis dependentes de drogas, torná-los menos vulnerável a assumir
comportamentos de risco e, consequentemente uma, verdadeira, repressão à sua produção.

No meu entender, sem prejuízo das acções de índole técnico – policial, o combate a droga deverá,
obrigatoriamente, salvas opiniões outras, passar por:

 Definição clara de um politica nacional contra droga, talvez, substituindo o actual gabinete de luta
contra droga, por um Conselho Nacional contra drogas.
 Criação, urgente, de mecanismos legais, adequados, de combate a droga.
 Promoção de consensos nacionais, de ampla participação social, para o estabelecimento dos
fundamentos e estratégias de erradicação de drogas;
 Promoção da responsabilidade compartilhada entre Estado e Sociedade, reconhecendo a importância
da participação social no combate ao flagelo;
 Maior articulação entre a Polícia com os órgãos do Ministério Público e do Poder Judiciário visando à
cooperação mútua;
 Revitalização dos antigos valores éticos, culturais e de cidadania que, outrora, caracterizava o povo
santomense;

O combate ao consumo e produção, de estupefacientes, de constituir, prioridade de elevada importância, das


instituições competentes, para o efeito, pois pode pôr em causa as estruturas do país (território/população), em
que toda a sociedade civil e os cidadãos, devem estar alertas e vigilantes, de modo a permitir o combate
serrado a tais práticas nos nossos territórios.

As nossas instituições devem ser fortes, no empenho de combate a produção e consumo de drogas, para o bem
da sua credibilidade, junto à sociedade civil e junto ao cidadãos.

Embora no artigo em epígrafe, exista uma premissa da qual devia ser revisto, e passo a citar;

“Felizmente, S. Tomé e Príncipe tem sido afectado, ainda, com maior predominância, por CANNABIS,
também conhecida por maconha, marijuana, entre outros.” Em linguagem comum, costumamos a designá-las,
erradamente, de drogas leves; se tivermos em conta as suas possíveis derivações e efeitos directos e indirectos
do uso das mesmas, facilmente, entenderemos não ser uma droga leve.”

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“Tomando do princípio as três formas, mais faladas, de consumo de drogas que são: Uso esporádico; uso
habitual e toxicodependência ou intoxicação posso afirmar, salvas opiniões em contrário, ainda não temos,
felizmente, grandes complicações como a verdadeira toxicodependência.”

Criminalidade em São Tomé e Príncipe

A criminalidade aumentou nos últimos meses em São Tomé e Príncipe com destaque para as “violações
sexuais de menores, roubos e assaltos e crimes resultantes do tráfico e consumo de droga”, disse hoje a Lusa
fontes policiais.

O governo diz-se “muito preocupado” e considera ser necessário “a conjugação de esforços" para travar a
onda de criminalidade no país.

“Apenas no mês de Janeiro registamos 14 casos, entre os quais, assaltos, roubos, burla, lavagem de dinheiro e
agressões por consumo de estupefacientes”, disse Idalécio Almeida, inspector da Polícia de Investigação
Criminal (PIC).

“Em finais do ano passado tivemos alguns casos de violação de menores ocorridos na ilha do Príncipe e
também em São Tomé, entre pais e filhas, tios e sobrinhas menores de 10 anos”, acrescentou.

Fonte do comando geral da polícia nacional fez “um balanço bastante preocupante dos crimes registados nos
últimos três meses do ano passado”.

“Temos um registo de mais de 40 casos, alguns deles bastante alarmantes que já submetemos ao governo”
disse fonte policial, escusando-se a entrar em pormenores.

A polícia de investigação criminal e o comando geral da polícia nacional são unanimes em atribuir o aumento
da criminalidade no arquipélago ao aumento do tráfico e consumo de drogas.

“Hoje eles já fazem isso de forma mais aberta e despreocupada”, sublinha fonte policial que lamenta a “falta
de colaboração dos tribunais” no combate ao tráfico e consumo de drogas que a polícia vem fazendo.

“Temos remetido para as instâncias judiciais vários casos graves dessa natureza mas para nosso espanto, no
dia seguinte vemos os indivíduos na rua e muitas vezes dando-se ao luxo de ameaçar os agentes”, queixa a
polícia.

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A gravidade da situação levou, entretanto, governo a pedir uma reunião com o Procurador-Geral da Republica
(PGR) para reflectir estratégias conjuntas de combate ao aumento dos índices de criminalidade.

No encontro convocado pelo ministro da administração interna, Arlindo Ramos demorou mais de duas horas e
participaram também o ministro da justiça e todas as chefias das forças paramilitares.

“Pedimos esse encontro para analisarmos as causas do crescimento da criminalidade que existe actualmente”,
disse Arlindo Ramos para quem a conjugação de esforços para combater o crime é um imperativo.

“’E fundamental e é preciso que os órgãos ligados a esse ramo cooperem entre si para pôr cobro a essa
situação que é uma situação preocupante, e nós estamos preocupados”, sublinhou o governante.

“A polícia está a fazer a sua parte mas é preciso que as outras partes (Ministério Publico e os tribunais)
também façam a sua”, disse o ministro.

Segundo o ministro, o controle dos delinquentes cujas penas foram indultadas e comutadas recentemente pelo
presidente da república, Manuel Pinto da Costa é fundamental.

“É preciso nós controlarmos essa gente, é preciso nós avaliarmos em termos daquilo que é a reinserção social,
se estão ou não em condições de serem reinseridos novamente. Alguns deles são muito reincidentes e é
preciso ter cuidado e ter muito controle sobre eles”, acrescentou Arlindo Ramos.

O encontro com o Procurador-Geral da Republica foi também, segundo o governante para “avaliarmos o
perigo que essa gente representa para o estado são-tomense e tomarmos rapidamente algumas medidas
preventivas”.

O primeiro-ministro Patrice Trovoada reconhece que o crime esta a aumentar e ”as forças de defesa e
segurança estão debilitadas” o que pode comprometer a reposição da autoridade de estado.

“Nós temos uma polícia de investigação criminal actualmente com dez processos disciplinar, nós temos uma
polícia de investigação criminal que não tem pistola, comprou-se colete à prova de bala mas não se comprou
pistolas”, disse Patrice Trovoada em entrevista ao canal de televisão digital STP TV emitido a partir de
Lisboa. “É verdade que a criminalidade aumentou e tem estado a aumentar porque há um vazio. Não há nada
para, de facto, travar esses crimes, não há meios, não há homens não há politicas” reconheceu o primeiro-
ministro são-tomense. O governante são-tomense que se encontra numa visita ao estrangeiro disse ter “pistas”

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de solução para “resolver essa questão da debilidade das forças de segurança pública”, contando para efeito
com o apoio da cooperação internacional. “É uma urgência”.

Defende o recrutamento, treinamento e equipamento de novos agentes policiais, reorganizar o sistema de


segurança pública e construir uma nova cadeia.

O combate a produção e consumo de droga deve ser feito implacável pelas instituições competentes, pela a
sociedade civil organizada, bem como pelos cidadãos.

Todo o uso e produção, de drogas, licitas ou ilícitas, têm consequências que em alguns casos podem ser de
menor importância e negligenciáveis, mas que em outros casos assumem proporções bastante graves.

Ex: Um simples copo de vinho, pode ter efeitos graves durante o período em que se está sob a sua influência.

Pois pode gerar;

 A dependência psicológica
 A dependência física

Nesta acepção, o uso de drogas, podem ter consequências a nível da saúde pública, paz social, normal
funcionamento social, cultural da nossa sociedade, com custo irreparáveis.

O termo droga teve origem na palavra droog (holandês antigo) que significa folha seca , antigamente quase
todos os medicamentos eram feitos à base de vegetais. Hoje, na medicina define droga como sendo: qualquer
substância que é capaz de modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou
de comportamento.

A palavra psicotrópica é composta de duas outras: psico e trópico. Psico é fácil de se entender, pois é uma
palavra grega que significa nosso psiquismo (o que sentimos, fazemos e pensamos, o que cada um é). Mas
trópico jamais é como alguns podem pensar, referente a trópicos, clima tropical… A palavra trópico relaciona-
se com o termo tropismo que significa ter atracão por. Então psicotrópico significa atracção pelo psiquismo.
Drogas psicotrópicas são aquelas que actuam sobre o nosso cérebro, alterando nossa maneira de sentir, de
pensar e, muitas vezes, de agir.

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É importante que nossos os jovens tenham conhecimentos, tenham sensibilização, que lhes permitam
compreender este problema, para saberem o que está em causa, de forma a facilitar a criação de mecanismos
de defesa em situações de risco de consumo.

A curiosidade, o grupo e o gosto pelo risco são as principais causas que levam os cidadãos jovens e adultos, a
experimentarem a droga. Determinados problemas afectivos, de ordem pessoal ou familiar é uma motivo
comum, tanto nos jovens como nos adultos, que podem levar ao consumo de drogas.

Pois que o consumo de drogas pode provocar alterações ao nível do sistema nervoso central podendo
modificar o modo de pensar, de sentir e de agir, podendo constituir um problema de saúde pública, e alteração
da ordem social/cultural.

Uma maneira de evitar o uso/consumo de drogas, está na instituição família e na instituição escola, através da
educação e sensibilização. A criança os jovens devem aprender, dentro de casa bem como na escola, a cuidar
bem de si mesma, a respeitar-se como é, para se valorizar ou se auto-afirmar perante os outros.

Mas a prevenção deve ser feita à priori, isto é, antes de educar nossos filhos, precisamos educar pais e mestres.
É necessário formar multiplicadores para tal trabalho educativo de sensibilização, para as grandes causas,
sexo, droga, etc…, formação da cidadania individual e colectiva.

Mobilizar a comunidade, a sociedade civil, organizada, os dirigentes e responsáveis políticos e civis, os


cidadãos para participar do projecto, de luta e formação da cidadania, para grandes causas de valor.

Fazer investigação, levantamento a extensão do problema, para políticas e metodologias de fiscalização.

Ampliar e diversificar as oportunidades.

Aposta nas actividades desportivas, recreativas, lazer, culturais, científicas, serviços à comunidade e outros.

Incentivo à formação de profissional, e requalificação humana e individual.

Mobilizar a opinião pública através de encontros, jornadas, seminários, concursos, cartazes, temas, frases,
mensagens, etc, etc.

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7- Abuso sexual de menor

Abuso sexual de menor, abuso sexual infantil ou abuso sexual de crianças é uma forma de abuso infantil em
que um adulto ou adolescente mais velho usa uma criança para estimulação sexual. Formas de abuso sexual
infantil incluem pedir ou pressionar a criança a se envolver em actividades sexuais (independentemente do
resultado), exposição indecente (dos órgãos genitais, mamilos femininos, etc ) para uma criança com a
intenção de satisfazer os seus próprios desejos sexuais, ou para intimidar ou aliciar a criança, ter contacto
físico sexual com uma criança, ou usar uma criança para produzir pornografia infantil.

Os efeitos do abuso sexual de crianças podem incluir depressão, Transtorno de estresse pós-traumático,
ansiedade, Transtorno de estresse pós-traumático complexaos, propensão a mais vitimização na idade adulta, e
lesão física em criança, entre outros problemas. O abuso sexual por parte de um membro da família é uma
forma de incesto e pode resultar em trauma psicológico mais sério e de longo prazo, especialmente no caso de
incesto parental.

Segundo a lei, "abuso sexual infantil" é um termo guarda-chuva que descreve infracções penais e cíveis na
qual um adulto se envolve em actividade sexual com um menor ou explora um menor para propósito de
gratificação sexual.

A Associação Psiquiátrica Americana afirma que "crianças não podem consentir em actividade sexual com
adultos", e condena qualquer acção por um adulto: "Um adulto que se envolve em actividade sexual com uma
criança está realizando um acto criminoso e imoral que nunca pode ser considerado como um comportamento
normal ou aceitável socialmente.

Efeitos psicológicos

O abuso sexual infantil pode causar danos tanto a curto prazo quanto a longo prazo, incluindo psicopatologias
mais tarde na vida. Indicadores e efeitos incluem depressão, ansiedade, transtornos alimentares, baixa auto-
estima, somatização, transtornos de sono, e transtornos dissociativo e de ansiedade incluindo estresse pós-
traumático. Enquanto crianças podem apresentar comportamento regressivo, como sucção do polegar ou xixi
na cama, o mais forte indicador de abuso sexual é a atitude sexual e inapropriado conhecimento e interesse
sexual. As vítimas podem retirar-se das actividades escolares e sociais e apresentar vários problemas de
aprendizagem e comportamentais, incluindo crueldade contra animais, déficit de atenção com hiperactividade
(TDAH), Desvio de conduta e Transtorno desafiador opositivo (TDO). Gravidez na adolescência e

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comportamentos sexuais de risco podem aparecer na adolescência. Crianças vítimas de abuso sexual
demonstram quase quatro vezes mais incidência de automutilação.

Um efeito negativo a longo prazo bem documentado é a vitimização repetida ou adicional na adolescência e
na idade adulta. A relação causal foi encontrada entre abuso sexual na infância e várias psicopatologias
adultas, incluindo crime e suicídio, além de alcoolismo e abuso de drogas. Homens que foram abusados
sexualmente quando crianças aparecem mais frequentemente no sistema de justiça criminal do que em um
cenário de saúde mental clínico. Um estudo que comparou mulheres já de meia-idade que foram abusadas
quando crianças com homens não abusados e encontrou custos significativamente mais elevados de saúde
para as mulheres. Efeitos inter- geracionais foram anotados, onde os filhos de vítimas de abuso sexual
apresentaram mais problemas de conduta, problemas com colegas e problemas emocionais do que seus pares.

Efeitos físicos:

Ferimentos

Dependendo da idade e tamanho da criança, bem como o grau de força utilizada, o abuso sexual infantil pode
causar lacerações internas e sangramentos. Em casos severos, podem ocorrer danos em órgãos internos o que
em alguns casos, podem causar a morte. Herman-Giddens et al. encontraram seis casos certos e seis casos
prováveis de morte devido a abuso sexual infantil na Carolina do Norte entre 1985 e 1994. As vítimas tinham
idades entre 2 meses e 10 anos. As causas de morte incluíram trauma na genitália ou no reto e mutilação
sexual.

Infecções

O abuso sexual infantil pode causar infecções e doenças sexualmente transmissíveis. Dependendo da idade da
criança, devido à falta de suficiente lubrificação vaginal, as possibilidades de infecção são mais elevadas,
sendo casos de vaginites.

Tipos de Abusos

O abuso sexual infantil inclui uma variedade de crimes sexuais, incluindo:

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Agressão – um termo que define crimes onde um adulto toca um menor com o propósito de satisfação sexual,
por exemplo, estupro (incluindo sodomia) e a penetração sexual com um objecto.

Exploração – um termo que define crimes em que um adulto vitimiza um menor para gratificação sexual, ou
lucro, por exemplo, prostituindo uma criança e criar ou traficar pornografia infantil.

Aliciamento – define a conduta social de um potencial agressor sexual infantil que procura ter alguma
aceitação de suas investidas, por exemplo, em um chat.

Descoberta do abuso

As crianças que recebem respostas de apoio após a descoberta apresentaram menos sintomas traumáticos e
foram abusadas por um período de tempo mais curto do que as crianças que não receberam apoio. Em geral,
os estudos mostraram que as crianças precisam de apoio e recursos de redução do estresse após a descoberta
de abuso sexual. As reacções sociais negativas quanto a descoberta mostraram ser prejudiciais ao bem-estar da
vítima. Um estudo relatou que as crianças que receberam uma reacção negativa da primeira pessoa a quem
relataram o abuso - especialmente um membro próximo da família - tiveram piores escorem como adultos em
relação os sintomas gerais de trauma, sintomas de transtorno de estresse pós-traumático e de dissociação.
Outro estudo descobriu que na maioria dos casos, quando as crianças relatam um abuso, a pessoa a quem
relataram não respondeu de forma eficaz, culpou ou rejeitou a criança e mostrou pouca ou nenhuma acção
para parar o abuso. A não-validação e as respostas não-favoráveis ao relato por parte da figura de apego
primário da criança podem indicar um distúrbio relacional anterior ao abuso sexual, um factor de risco para o
abuso que pode continuar e ser também um factor de risco por suas consequências psicológicas.

Tratamento

Criança e adolescente

As três principais modalidades de terapia com crianças e adolescentes são a terapia familiar, a terapia em
grupo e a terapia individual. Qual curso será usado depende de uma série de factores que devem ser avaliados
caso a caso. Por exemplo, o tratamento de crianças pequenas geralmente requer um forte envolvimento dos
pais então a terapia familiar pode ter mais benefícios. Os adolescentes tendem a ser mais independentes e
podem se beneficiar de terapia individual ou em grupo. A modalidade também se desloca durante o curso do

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tratamento, por exemplo, a terapia de grupo é raramente usada nas fases iniciais, já que o assunto é muito
pessoal e/ou embaraçoso.

Os principais factores que afectam tanto a patologia quanto a resposta ao tratamento incluem o tipo e a
gravidade do ato sexual, sua frequência, a idade em que ela ocorreu e a origem da família da criança. O
médico Roland C. Summit havia definido as diferentes fases passadas pelas vítimas de abuso sexual infantil
como Síndrome da acomodação do abuso sexual infantil (ou Síndrome de acomodação da criança abusada
sexualmente). Ele sugeriu que as crianças que são vítimas de abuso sexual representam uma gama de sintomas
que incluem sigilo, desamparo, encarceramento, acomodação, revelação adiada e conflituosa e retractação. A
síndrome constitui um esforço adaptativo que a criança faz de forma a garantir sua sobrevivência ao abuso
sexual, todavia este processo acentua o sentimento de culpa da criança tornando mais difícil sua saída da
situação abusiva.

Vida adulta

Adultos com histórico de abuso sexual, muitas vezes se apresentam para tratamento com um problema de
saúde mental secundário, que pode incluir o abuso de substâncias, transtornos alimentares, distúrbios de
personalidade, depressão e conflitos em relacionamentos amorosos ou interpessoais.

Geralmente a abordagem é se concentrar no problema actual, ao invés do próprio abuso. O tratamento é


variado e depende de questões específicas da pessoa. Por exemplo, uma pessoa com histórico de abuso sexual
que sofre de depressão grave seria tratada de depressão. No entanto, muitas vezes há uma ênfase na
reestruturação cognitiva, devido à natureza profunda do trauma. Algumas técnicas mais recentes, tais como a
EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares) têm-se mostrado eficaz.

Prevalência

A prevalência global de abuso sexual infantil foi estimada em 19,7% para as mulheres e 7,9% para os homens,
de acordo com um estudo de 2009 publicado no Clinical Psychology Review que examinou 65 estudos de 22
países. Usando os dados disponíveis, a maior taxa de prevalência de abuso sexual infantil geograficamente foi
encontrado em África (34,4%), principalmente por causa das altas taxas na África do Sul, a Europa apresentou
a menor taxa de prevalência (9,2%), América e Ásia tiveram as taxas de prevalência entre 10,1% e 23,9%. No

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passado, outros estudos concluíram similarmente que na América do Norte, por exemplo, cerca de 15% a 25%
das mulheres e 5% a 15% dos homens foram sexualmente abusados quando eram crianças.

A maioria dos infractores de abuso sexual é próxima de suas vítimas; cerca de 30% são parentes da criança, na
maioria das vezes irmãos, pais, tios ou primos, cerca de 60% são outros conhecidos como "amigos" da
família, babás ou vizinhos, estranhos são os infractores em cerca de 10% dos casos de abuso sexual infantil. A
maioria dos abusos sexuais e crianças é cometido por homens, os estudos mostram que as mulheres cometem
14% a 40% dos crimes relatados contra meninos e 6% dos crimes relatados contra meninas. Algumas fontes
indicam que a maioria dos infractores que abusam sexualmente de crianças pré-púberes são pedófilos,96 mas
alguns infractores não cumprem as normas de diagnóstico clínico de pedofilia.

Conclusão

Esta pesquisa científica tem como objectivo analisar acerca da prevenção, tratamento e processo de
ressocialização do indivíduo ex-usuário de substância ilícita, bem como da relevância dos tipos de
preconceitos sociais suportados pelo exdependente na reintegração com o contexto social. Segundo Elaine
Lúcio Pereira os dependentes químicos, por estarem vulneráveis, frágeis, estão sujeitos a se envolverem com
substâncias ilícitas que os tornem viciados, como a droga. A Lei nº 11.343/06 trouxe inovações a respeito do
consumo de drogas, ou seja, usar drogas para o consumo pessoal não configura mais crime. A pena deixou de
ser privativa de liberdade para ser restritiva de direitos. Em decorrência da preocupação de comunidades
terapêuticas, de grupos de apoio, instituições sociais, foram elaborados trabalhos que auxiliam os usuários de
substâncias químicas a abandonarem o vício das drogas, conseguindo, assim, uma nova ressocialização para
manter um convívio normal e harmonioso com a sua família e que os indivíduos sejam aceitos na sociedade.

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Bibliografia

Advogada. Bacharel em Direito graduada em Direito pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Autora do
artigo científico: “A Importância da Prenotação para os Negócios Imobiliários” – Jornal O Estado (2008).

Pt.wikipedia.orig/wiki/abuso-sexual-de-menor

www.vitrina.st/vitrina3898.htm

www.portugues.rfi.fr./.../20100928-sao-tome-e-principe-preocupado-co...

www.telanon.info/sociedade/.../casos-de-droga-em-sao-tome-e-principe/

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