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1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão - IFMA - Campus São Luís-Maracanã. Av. dos Curiós, s/n, Vila
Esperança, São Luís - MA, CEP: 65095-460. E-mail: khey.fontes@ifma.edu.br;
2 Graduado em Licenciatura em Ciências Agrárias, pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão - IFMA, São Luís - MA;
3 Graduado em Licenciatura em Ciências Agrárias, pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão - IFMA, São Luís - MA;
RESUMO
Essa investigação tem como objetivo caracterizar as comunidades de macroalgas em um
manguezal de São Luís-Maranhão através da composição e distribuição sazonal das espé-
cies em pneumatóforos do mangue, assim foram traçados três transectos de linha, equi-
distantes cinco metros, no manguezal da Praia de Boa Viagem, São José de Ribamar, MA
(02°34’55.99’’S; 44°05’35.70”O) no período de 31/10/2012 a 27/05/2013. Cada transecto
foi subdividido em quatro pontos, delimitando três subáreas. Em cada subárea foram
coletados, através de sorteio aleatório, três pneumatóforos, devidamente acondicionados
e levados para o laboratório. Foram registrados a biomassa e a frequência de ocorrência
de cada espécie presente na área. Foram registrados o nível de oxigênio (O2) dissolvido
na água, a temperatura da água, bem como os valores de pH e salinidade. Foram iden-
tificadas 9 espécies de macroalgas, sendo seis rodófitas (Bostrychia moritziana (Sond. ex
Kütz.) J. Agardh; Bostrychia radicans (Mont.) Mont. in Orbigny; Bostrychia binderi Harvey;
Caloglossa leprieurii (Mont.) G. Martens, Catenella caespitosa (Wither.) L.M. Irvine in Parke
& Dixon e Murrayella periclados (C. Agardh) F. Schmitz) e três clorófitas (Cladophoropsis
membranacea (C. Agardh) BØrgesen; Rhizoclonium africanum Kütz. e Rhizoclonium riparium
(Roth) Kütz. ex Harv). B. radicans registrou os maiores fatores de frequência e biomassa
enquanto que o gênero Rhizoclonium, a pesar de elevada frequência, registrou os menores
valores de biomassa. Não foi observado qualquer padrão de distribuição horizontal das
macroalgas ao longo do manguezal. Não houve variação significativa nos valores registra-
dos de salinidade, pH e temperatura. Apesar de a área estudada ser considerada um rema-
nescente de manguezal, a comunidade de macroalgas assemelhou-se às comunidades de
macroalgas de outros manguezais brasileiros.
ABSTRACT
In order to characterize the macroalgal communities in a mangrove from São Luís, Ma-
ranhão, through the composition and seasonal distribution of the species attached to
pneumatophores mangrove trees three line transects, equidistant five meters were applied
in Praia de Boa Viagem, São José de Ribamar, MA (02 ° 34’55.99 “S, 44 ° 05’35.70” W) from
31/10/2012 to 05/27/2013. Each transect was subdivided at four points delimiting three
subareas. Three pneumatophores were randomly collected In each area, properly secured
and taken to the Lab. Biomass and the frequency of occurrence of each species present in
the area were recorded. We recorded the level of oxygen (O2) dissolved in the water, the
water temperature as well as pH and salinity. 9 species of macroalgae were identified, five
rodophytes (Bostrychia moritziana (Sond. ex Kütz) J. Agardh.; Bostrychia radicans (Mont.)
Mont. in Orbigny; Bostrychia binderi Harvey; Caloglossa leprieurii (Mont.) G. Martens,
Catenella caespitosa (Wither.) LM Irvine in Parke & Dixon and Murrayella periclados (C.
Agardh) F. Schmitz) and three chlorophytes (Cladophoropsis membranacea (C. Agardh) Bør-
gesen; Rhizoclonium africanum Kütz and Rhizoclonium riparium (Roth) Kütz ex Harv ). B.
radicans recorded the highest frequency factors and biomass while gender Rhizoclonium,
despite high frequency, recorded the lowest biomass values. No horizontal distribution
pattern in the macroalgae community were observed along the mangrove area. There was
no significant variation in the recorded values of salinity, pH and temperature. Although
the study area be considered a remnant of mangrove, the macroalgae community resem-
bled the macroalgae communities of other Brazilian mangroves.
diminuição da ciclagem de nutrientes e cres- pode estimar os impactos sofridos por este
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Área de estudo
Fig. 1: Mapa da área de estudos. Praia de Boa Viagem, São José de Ribamar, MA (seta).
VIII e IX, próximas à terra firme). Em cada promovesse a total desidratação até que se
alcançasse o peso constante, corresponden-
subárea foram coletados, através de sorteio
te ao valor de sua biomassa.
aleatório, três pneumatóforos. Os pneuma-
tóforos coletados foram devidamente acon- As espécies de Rhizoclonium Kutz., quando
dicionados em sacos plásticos e levados presentes, foram identificadas em nível es-
para o laboratório, onde foram mantidos pecífico, contudo, sua biomassa foi calcu-
lada em nível genérico visto que a triagem
congelados para análise posterior.
a fim de se obter a biomassa separada não
é considerada viável (FONTES et al. 2007).
2.3 Etapa de laboratório O mesmo procedimento foi adotado para o
complexo B. radicans/ B. moritziana.
No laboratório, as macroalgas foram retira-
das dos pneumatóforos com o auxílio de lâ-
mina de aço, foram devidamente separadas
2.4 Fatores abióticos
e identificadas com o auxílio de estereomi-
Em cada tempo, com a maré alta, o nível de
croscópio, microscópio ótico e literatura
oxigênio (O2) dissolvido na água, a tempe-
especializada. Para a identificação taxonô-
ratura da água, bem como os valores de pH
mica e posição da taxa foi considerada a re-
foram registrados in loco através de oxíme-
visão de Wynne (2011).
tro. A salinidade foi medida in loco através
A frequência das macroalgas nos pneuma-
de salinômetro.
tóforos foi obtida através da razão entre o
número de pneumatóforos em que a ma-
croalga ocorreu e o número total de pneu- 2.5 Análise estatística
matóforos analisados multiplicado por 100,
Para observar a significância da variação
conforme Fontes et al. (2007).
dos parâmetros bióticos e abióticos, bem
Para facilitar o entendimento da frequên- como a relação de influência entre os mes-
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
38 Foram analisados 162 pneumatóforos. Foram identificadas nove espécies de macroalgas,
sendo seis Rhodophyta: Bostrychia moritziana (Sond. ex Kütz.) J. Agardh; Bostrychia radi-
cans (Mont.) Mont. in Orbigny; Bostrychia binderi Harvey; Caloglossa leprieurii (Mont.) G.
Martens; Catenella caespitosa (Wither.) L.M. Irvine in Parke & Dixon) e Murrayella pericla-
dos (C. Agardh) F. Schmitz, e três Chlorophyta: Cladophoropsis membranacea (C. Agardh)
BØrgesen; Rhizoclonium africanum Kütz. e Rhizoclonium riparium (Roth) Kütz. ex Harv).
Apesar de a área estudada ser considerada um remanescente de manguezal, a comunidade
de macroalgas assemelhou-se às comunidades de macroalgas de outros manguezais bra-
sileiros (CUNHA e COSTA, 2002); (CUTRIM e AZEVEDO, 2005); (FONTES, et al. 2007);
(YOKOYA et al. 1999) (Tabela 1).
Tabela 1: Composição e frequência de macroalgas aderidas em troncos e pneumatóforos
no manguezal da Praia de Boa Viagem, S. José de Ribamar, MA. Presença (x); ausência (-).
B. binderi registrou baixo valor de frequência de ocorrência sendo considerada uma espé- 39
cie rara fixada em pneumatóforos. Seu valor registrado de biomassa não foi considerado
neste estudo por ser observado apenas no tempo T6. Entretanto, por ser uma espécie
pertencente ao gênero Bostrychia e por frequentemente apresentar elevadas frequência e
biomassa em rizóforos em outras regiões de manguezal do Estado (CUTRIM et al, 2004;
CUTRIM e AZEVEDO, 2005), consideramos esta espécie um importante componente da
comunidade de macrolagas da praia de Boa Viagem (Tab. 1). M. periclados registrou ele-
vado valor de frequência de ocorrência (Tab. 1) muito embora tenha registrado sempre
baixos valores de biomassa durante o período de coletas (Fig. 2). Sua representatividade
na comunidade de macroalga da praia de Boa Viagem também foi considerada, pois esta
espécie tem sido frequentemente citada como componente importante do “Bostrychie-
tum” em diversas áreas de manguezal (OLIVEIRA, 1984).
A baixa relação frequência X biomassa apresentada pelo gênero Rhizoclonium spp, apesar
de apresentar a ocorrência de duas espécies, provavelmente deve-se ao hábito geral da alga
(filamentoso) e também ao seu povoamento seccional observado em campo. Este baixo
nível de relação já foi observado em outras áreas de manguezais no Brasil (FONTES et al.
2007); (MIRANDA e PEREIRA, 1989); e no Mundo (BURKHOLDER e ALMODOVAR, 1974);
(DAVEY e WOELKERLING, 1985).
Fig. 2: Variação temporal da biomassa algácea total das espécies aderidas nos pneumatóforos do manguezal
da Praia de Boa Viagem, S. José de Ribamar, MA. Rhizoclonium spp. obteve valores inferiores a 0,001 g/m-2. 1,2
e 3(coletas mensais realizadas entre outubro e dezembro de 2012, respectivamente). 4, 5 e 6 (coletas mensais
realizadas entre fevereiro e abril de 2013, respectivamente)
Fig. 3: Biomassa total por espécie (%) das macroalgas ocorrentes nos transectos (I, orla; II, intermediário; III
terra firme) aplicados na Praia de Boa Viagem, São José de Ribamar, MA.
Fig. 4: Valores de Salinidade, Oxigênio Dissolvido, pH e Temperatura da água circundante na área de coleta
das macroalgas.
4 CONCLUSÃO
Apesar de ser considerado um remanescente de manguezal, a Praia de Boa Viagem, São
José de Ribamar apresentou uma flora macroalgal muito semelhante à outras áreas tradi-
cionamente consideradas como manguezal.
42
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à FAPEMA - Fundação de Amparo a Pesquisa e ao Desenvolvimen-
to Cientifico e Tecnológico do Maranhão pela bolsa concedida e ao Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão - IFMA - Campus São Luís - Maracanã pelo
apoio no desenvolvimento da abordagem.
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