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RESUMO
O estado do Pará é um dos maiores produtores de açaí do Brasil, na medida em que concentra grandes
quantidades de açaizeiros em área total e muitas ilhas que são grandes produtoras. Com isso,
observam-se mudanças nos aspectos relacionados à produção nesse estado que demostra mudança
gradual no seu sistema extrativista de pouca produção para um sistema com excelentes índices de
produtividade. A partir dessas observações apresentadas e com enfoque no mercado nacional e
internacional, esse estudo objetivou analisar a produção de açaí com ênfase nos aspectos econômicos
e produtivos baseados nos dados do censo agropecuário de 2016, nos anos de 2015 a 2017. Por fim,
concluiu-se que a produtividade de açaí nas regiões brasileiras mostrou-se com declínio em função
dos anos estudados, sendo que a região Nordeste apresenta declínio mais acentuado se comparada às
demais. Ocorreu aumento na área plantada, preço e produção no Estado do Pará com base nos dados
apresentados. O preço pago pelo açaí apresenta comportamento não regular em função do tempo,
sendo influenciado principalmente na época de safra (menor valor agregado) e entressafra (maior
valor agregado). Com base nessas observações, ressalta-se que devem existir outros estudos com
enfoque em políticas públicas destinas a cultura do açaizeiro e sua relação com a Agricultura Familiar
amazônica.
ABSTRACT
The Pará State is one of the largest producers of açai in Brazil, as it concentrates large quantities of
açai in total area and many islands that are large producers. As a result, changes in production-related
aspects are observed in this state, which demonstrates a gradual shift in its low production extractive
system to a system with excellent productivity rates. From these observations presented and focusing
on the national and international market, this study aimed to analyze the production of açai with
emphasis on economic and productive aspects based on data from the 2016 agricultural census, from
2015 to 2017. Finally, it was concluded Açai yield in the Brazilian regions declined as a function of
the years studied, and the Northeast region presented a steeper decline compared to the others. There
was an increase in planted area, price and production in the state of Pará based on the data presented.
The price paid for the açai berry presents a non-regular behavior as a function of time, being
influenced mainly in the harvest season (lower added value) and off-season (higher added value).
Based on these observations, it should be emphasized that there should be other studies focusing on
public policies aimed at the açai culture and its relationship with Amazonian Family Farming.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) é uma espécie vegetal que ocorre de modo espontâneo
no norte do Brasil, em toda a região da Amazônia legal, principalmente nos estados do Amazonas,
Maranhão, Pará e Tocantins (CALZAVARA, 1972; BALICK, 1986; CAVALCANTE, 1991). A
planta é uma palmeira (Arecaceae), capaz de apresentar até 25 brotações (perfilhos) por touceira,
podendo atingir até 20 m de altura; apresenta uma inflorescência do tipo cacho com frutos esféricos,
roxos quando maduros, de aproximadamente 1,5 gramas cada, sendo esta, juntamente com o palmito,
as partes comerciais da planta destinadas à alimentação humana.
O açaizeiro é encontrado desenvolvendo-se espontaneamente tanto em solos de várzea quanto
em terra firme, sendo mais frequente nos solos de várzea; a espécie desenvolveu adaptações
morfológicas e fisiológicas próprias ao longo de seu processo evolutivo que garantiram a mesma que
sobrevivesse aos períodos do ano em que há inundação e os solos apresentam caráter anóxico (falta
de O2). A espécie é característica de floresta tropical, apresenta crescimento lento, carece de muita
umidade (> 2000 mm anuais), mas apresenta baixa exigência de luminosidade (OLIVEIRA et al.,
2000).
Quando cultivado na região Norte (Amazônia), o açaizeiro apresenta florada no período de
janeiro a maio e frutificação de setembro a dezembro. De modo que período de floração coincide com
a época de maiores índices pluviométricos, ao passo que a frutificação ocorre no período de baixa
prevalência de chuvas. Contudo, pode haver 2 picos de frutificação no ano, sendo este fato observado
em algumas populações endêmicas da região amazônica e em cultivos comerciais no litoral do estado
de São Paulo, onde o primeiro pico ocorre entre os meses de abril e junho e o segundo de outubro a
dezembro, havendo frutificação praticamente o ano todo (BOVI et al., 1986). A colheita do fruto
pode ser realizada cerca de seis meses após a antese (floração), quando os frutos apresentarem
coloração violácea opaca, com superfície apresentando algo similar a um pó acinzentado, entretanto
pode haver variação na cor dos frutos dependendo da variedade e/ou cultivar produzida na área.
Além da forma de consumo tradicional (bebida), a polpa do fruto do açaizeiro é, também,
industrialmente processada para a fabricação de sorvetes, xaropes, açaí em pó, doces, geleias, licores,
corantes naturais, bolos, pudins, cremes, tortas e musses. Entretanto, na região amazônica a forma de
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base nas informações representadas na (Figura 1), em relação a produtividade da cultura
do açaí a nível nacional e por região, dentre os anos de 2015 a 2017 observou-se um declínio da
produtividade da cultura. Avaliando as regiões Norte, Nordeste e Sudeste, a redução mostrou-se mais
proeminente nos anos de 2015 para 2016, com menores diferenças em relação a produtividade 2016
a 2017 para as regiões Norte e Sudeste, todavia a região Nordeste foi a que demonstrou maior redução
no período analisado.
Homma et al. (2006) destacam que o manejo da cultura está inteiramente ligado a
produtividade, dado que as técnicas de cultivo e manejo devem acompanhar a sustentabilidade natural
dos açaizais, sendo um complemento para melhorar a produtividade nas áreas plantadas ou manejo
Figura 1- Produtividade e rendimento de açaizeiro no Brasil e regiões produtoras em decorrência dos anos.
8.000
RENDIMENTO (KG/HA)
6.000
4.000
2.000
0
2015 2016 2017
Segundo o IBGE (2017), a região Norte apresenta maior produtividade em relação aos demais,
com destaque para o estado do Pará apresenta maior produtividade, produzindo 7.376 kg/ha no ano
de 2015, 6.492 kg/ha no ano de 2016 e 6.760 kg/ha em 2017, em consonância com a área plantada
que aumentou de 13.5701 ha no ano de 2015 para 18.8483 ha em 2017, demostrando um aumento na
área plantada como mostra a (Figura 2), o que não acompanhou a produtividade que por sua vez
reduziu conforme explanado anteriormente.
Em relação à produtividade, rendimento e área plantada, espera-se com base na
sustentabilidade do sistema que se produza mais em menor área plantada, principalmente devido a
cultura ser um produto florestal não-madeiráveis (PFNMs) da Amazônia, como afirma (PAES-DE-
SOUZA et al.,2011).
Figura 2-Representação da produção (PROD) e área plantada (AP) de açaizeiro no Pará em função dos anos.
Segundo a Conab (2019), em 2016 o preço pago para o produtor em Kg/ R$ do fruto de açaí
no Pará sofreu variação de R$ 4,00 em março de 2016 e R$1,50 em janeiro de 2017, de modo que,
tal oscilação (Figura 3) pode ser explicado pela variação no período da safra e entressafra e os fatores
sazonais, como por exemplo as chuvas no período de colheita que afetam significativamente a
qualidade dos frutos.
O que por sua vez, altera o valor pago ao produtor, afetando também o preço do produto no
mercado, que por ser de menor oferta o consumidor tenderá a pagar mais caro no mercado interno,
como cidades próximas do estado, por um produto de menor qualidade, ou seja nos períodos de maior
oferta o valor pego será menor, logo quando a oferta for menor o valor pago pelo produto será maior
(CONAB 2019).
6000000 1400000
Preço (R$ x 1000) e Área (ha)
5000000 1200000
1000000
Produção (ton)
4000000
800000
3000000
600000
2000000
400000
1000000 200000
0 0
2015 2016 2017
Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados do IBGE (2017).
Segundo Homma et al. (2006) o advento tecnológico na cadeia produtiva do açaí tem sido
responsável por grandes avanços na produtividade, e consequentemente na receita do produtor. No
estado do Pará, observa-se que no período analisado apresentou uma tendência crescente quanto a
área colhida e produção de frutos, porém a produtividade reduziu como demonstrado na (Figura 1),
inferindo-se que os fatores de produção para que proporcione maior benefício socioeconômico, deve
ser implantado com o manejo adequado como por exemplo a fertirrigação por gotejamento, ou
manejo de 4 touceiras com maior espaçamento entre touceiras, para que ocorra o bom aproveitamento
dos recursos de água, luz e nutrientes.
O ganho econômico com o aumento no preço do açaí favorece substancialmente os
produtores, com a implantação das técnicas de manejo o mercado atenderia melhor as crescentes
demandas, com produtos de maior qualidade na safra e entressafra, proporcionando um maior
equilíbrio de mercado, além de consumidores e produtores se beneficiarem dos resultados do mercado
mais estável, atendendo os mercados internos e externos e melhorando o bem-estar da população
paraense (NOGUEIRA e SANTANA, 2016).
5 CONCLUSÃO
A produtividade de açaí nas regiões brasileiras mostrou-se com declínio em função dos anos
estudados, sendo que a região Nordeste apresenta declínio mais acentuado se comparada às demais.
Ocorreu aumento na área plantada, preço e produção no Estado do Pará com base nos dados
apresentados.
REFERÊNCIAS