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Brazilian Journal of Development

Estudo da produção de açaí (Euterpe oleracea Mart): aspectos econômicos e


produtivos baseados nos anos de 2015 a 2017.

Açaí (Euterpe oleracea Mart) production study: economic and productive


aspects based on 2015-2017
DOI:10.34117/bjdv6n1-112

Recebimento dos originais: 30/11/2019


Aceitação para publicação: 13/01/2020

Alasse Oliveira da Silva


Graduando em Agronomia pela Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus Capanema
Técnico em Agronegócio pelo SENAR, polo Capanema
Endereço: Avenida Barão de Capanema SN, Bairro Caixa D´água, Capanema, Pará, Brasil.
E-mail: alasse.oliveira77@gmail.com

Willian Yuki Watanabe de Lima Mera


Graduando em Agronomia pela Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus Capanema
Endereço: Avenida Barão de Capanema SN, Bairro Caixa D´água, Capanema, Pará, Brasil.
E-mail: willian.watanabe.mera@gmail.com

Dayla Carolina Rodrigues Santos


Graduanda em Agronomia pela Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus Capanema
Técnica em Agropecuária pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará,
Campus Bragança
Endereço: Avenida Barão de Capanema SN, Bairro Caixa D´água, Capanema, Pará, Brasil.
E-mail: Daylas70@gmail.com

Daiane Pantoja de Souza


Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus Capanema
Endereço: Avenida Barão de Capanema SN, Bairro Caixa D´água, Capanema, Pará, Brasil.
E-mail: daianepantoja18@gmail.com

Christian Guilherme Nunes Silva


Graduando em Agronomia pela Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus Capanema
Técnico em Agronegócio pelo SENAR, polo Capanema
Endereço: Avenida Barão de Capanema SN, Bairro Caixa D´água, Capanema, Pará, Brasil.
E-mail: christiannunes07@gmail.com

Lucas Lima Raiol


Graduando em Engenharia Ambiental e Energias Renováveis pela Universidade Federal Rural da
Amazônia, Campus Capanema
Técnico em Agropecuária pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará,
Campus Castanhal
Endereço: Avenida Barão de Capanema S/N, Bairro: Caixa D’Água, CEP: 68700-665, Capanema,
Pará, Brasil
E-mail: lucasraiolsk8@gmail.com

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Antônio Mariano Gomes da Silva Júnior
Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus Capanema
Endereço: Avenida Barão de Capanema SN, Bairro Caixa D´água, Capanema, Pará, Brasil.
E-mail: marianoagronegocio@yahoo.com.br

Dioclea Almeida Seabra Silva


Doutora em Agronomia, professora na Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus
Capanema
Endereço: Avenida Barão de Capanema SN, Bairro Caixa D´água, Capanema, Pará, Brasil.
E-mail: diocleaseabra85@gmail.com

Ismael de Jesus Matos Viégas


Doutor em Agronomia, professor na Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus Capanema
Endereço: Avenida Barão de Capanema SN, Bairro Caixa D´água, Capanema, Pará, Brasil.
E-mail: matosviegas@hotmail.com

RESUMO
O estado do Pará é um dos maiores produtores de açaí do Brasil, na medida em que concentra grandes
quantidades de açaizeiros em área total e muitas ilhas que são grandes produtoras. Com isso,
observam-se mudanças nos aspectos relacionados à produção nesse estado que demostra mudança
gradual no seu sistema extrativista de pouca produção para um sistema com excelentes índices de
produtividade. A partir dessas observações apresentadas e com enfoque no mercado nacional e
internacional, esse estudo objetivou analisar a produção de açaí com ênfase nos aspectos econômicos
e produtivos baseados nos dados do censo agropecuário de 2016, nos anos de 2015 a 2017. Por fim,
concluiu-se que a produtividade de açaí nas regiões brasileiras mostrou-se com declínio em função
dos anos estudados, sendo que a região Nordeste apresenta declínio mais acentuado se comparada às
demais. Ocorreu aumento na área plantada, preço e produção no Estado do Pará com base nos dados
apresentados. O preço pago pelo açaí apresenta comportamento não regular em função do tempo,
sendo influenciado principalmente na época de safra (menor valor agregado) e entressafra (maior
valor agregado). Com base nessas observações, ressalta-se que devem existir outros estudos com
enfoque em políticas públicas destinas a cultura do açaizeiro e sua relação com a Agricultura Familiar
amazônica.

Palavras-Chave: Euterpe oleracea, produção, açaizeiro, mercado.

ABSTRACT
The Pará State is one of the largest producers of açai in Brazil, as it concentrates large quantities of
açai in total area and many islands that are large producers. As a result, changes in production-related
aspects are observed in this state, which demonstrates a gradual shift in its low production extractive
system to a system with excellent productivity rates. From these observations presented and focusing
on the national and international market, this study aimed to analyze the production of açai with
emphasis on economic and productive aspects based on data from the 2016 agricultural census, from
2015 to 2017. Finally, it was concluded Açai yield in the Brazilian regions declined as a function of
the years studied, and the Northeast region presented a steeper decline compared to the others. There
was an increase in planted area, price and production in the state of Pará based on the data presented.
The price paid for the açai berry presents a non-regular behavior as a function of time, being
influenced mainly in the harvest season (lower added value) and off-season (higher added value).
Based on these observations, it should be emphasized that there should be other studies focusing on
public policies aimed at the açai culture and its relationship with Amazonian Family Farming.

Keywords: Euterpe oleracea, production, açai, market.

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1 INTRODUÇÃO
O açaizeiro, Euterpe oleraceae Mart, é uma espécie com ampla distribuição geográfica na
América Latina, com destaque para a maior quantidade presente no bioma amazônico, sendo o Brasil
o maior produtor mundial de frutos do açaizeiro. O açaí em forma de suco faz parte da base alimentar
de muitas famílias nos estados da região norte e vem sendo difundida no restante do país. De acordo
com Coutinho et al. (2017), o aumento crescente da demanda pelo fruto e produtos derivados do açaí,
têm instigado o interesse em se estudar técnicas de manejo e produção do mesmo.
O plantio é realizado em terra firme, com o objetivo de facilitar o manejo e obter produção
para a comercialização, no entanto, sua abundância concentra-se em áreas de várzea (GALEÃO,
2017). O estado do Pará é um dos maiores produtores do Brasil, na medida em que concentra grandes
quantidades de açaizeiros em área total e muitas ilhas que são grandes produtoras. Com isso,
observam-se mudanças nos aspectos relacionados à produção nesse estado que demostra mudança
gradual no seu sistema extrativista de pouca produção para um sistema com excelentes índices de
produtividade, decorrentes do manejo e irrigação em terra firme (IBGE, 2015).
Ultimamente a comercialização do açaí fruto está bastante difundida no cenário nacional e
internacional, devido principalmente, pelas suas propriedades nutricionais e por ser um alimento com
inúmeras funções na dieta humana (ROGEZ, 2000; SAMPAIO, 2006). Ao longo da última década,
com a expansão do mercado, houveram profundas mudanças no sistema de produção, migrando de
um extrativo pouco produtivo (4,2t/ha), para sistemas bem manejados (8,4 t/ha) e cultivos irrigados,
que podem atingir 15 ton. de frutos/ha, havendo possibilidade de crescer ainda mais com ao avanço
tecnológico (SANTOS et al., 2012).
A produção de açaí, como mencionado anteriormente, está em constante expansão, sendo sua
cadeia produtiva com muitas especificidades, portanto, os atores envolvidos são: agroindústrias, área
produtoras, coletores, fornecedores de insumos agrícolas, intermediários no processo, comércio e o
demandante. Sendo o consumidor, o componente relevante dessa cadeia produtiva, pois os mesmos
mantem consumo per capita entre 29,3 a 41,2 litros no estado do Pará, local de maior consumo e
produção (SANTANA et al., 2014).
Essa popularidade citada anteriormente é decorrente dos inúmeros benefícios proporcionados
à saúde humana, a saber: diminuição do LDL (Lipoproteinas de baixa densidade), proteínas, gorduras
monossacarideas, vitaminas, efeito antioxidante, portanto, assumindo papel fundamental da
alimentação de muitas famílias. Por essas razões, o açaí difunde-se em inúmeros países e ganha cada
vez mais popularidade (FOOD BIZDAILY, 2009; YUYAMA et al., 2011; GALEÃO, 2017).
Além disso, estudos realizados com a Agricultura Familiar amazônica, concluiu-se que áreas
que possuem açaizeiros manejados de forma extrativista são consideradas rentáveis para os

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trabalhadores rurais, e, além disso, contribui para a inserção no agronegócio brasileiro (SILVA et al.,
2015).
A partir dessas observações apresentadas e com enfoque no mercado nacional e internacional,
esse estudo objetivou analisar a produção de açaí com ênfase nos aspectos econômicos e produtivos
baseados nos dados do censo agropecuário de 2016, nos anos de 2015 a 2017.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) é uma espécie vegetal que ocorre de modo espontâneo
no norte do Brasil, em toda a região da Amazônia legal, principalmente nos estados do Amazonas,
Maranhão, Pará e Tocantins (CALZAVARA, 1972; BALICK, 1986; CAVALCANTE, 1991). A
planta é uma palmeira (Arecaceae), capaz de apresentar até 25 brotações (perfilhos) por touceira,
podendo atingir até 20 m de altura; apresenta uma inflorescência do tipo cacho com frutos esféricos,
roxos quando maduros, de aproximadamente 1,5 gramas cada, sendo esta, juntamente com o palmito,
as partes comerciais da planta destinadas à alimentação humana.
O açaizeiro é encontrado desenvolvendo-se espontaneamente tanto em solos de várzea quanto
em terra firme, sendo mais frequente nos solos de várzea; a espécie desenvolveu adaptações
morfológicas e fisiológicas próprias ao longo de seu processo evolutivo que garantiram a mesma que
sobrevivesse aos períodos do ano em que há inundação e os solos apresentam caráter anóxico (falta
de O2). A espécie é característica de floresta tropical, apresenta crescimento lento, carece de muita
umidade (> 2000 mm anuais), mas apresenta baixa exigência de luminosidade (OLIVEIRA et al.,
2000).
Quando cultivado na região Norte (Amazônia), o açaizeiro apresenta florada no período de
janeiro a maio e frutificação de setembro a dezembro. De modo que período de floração coincide com
a época de maiores índices pluviométricos, ao passo que a frutificação ocorre no período de baixa
prevalência de chuvas. Contudo, pode haver 2 picos de frutificação no ano, sendo este fato observado
em algumas populações endêmicas da região amazônica e em cultivos comerciais no litoral do estado
de São Paulo, onde o primeiro pico ocorre entre os meses de abril e junho e o segundo de outubro a
dezembro, havendo frutificação praticamente o ano todo (BOVI et al., 1986). A colheita do fruto
pode ser realizada cerca de seis meses após a antese (floração), quando os frutos apresentarem
coloração violácea opaca, com superfície apresentando algo similar a um pó acinzentado, entretanto
pode haver variação na cor dos frutos dependendo da variedade e/ou cultivar produzida na área.
Além da forma de consumo tradicional (bebida), a polpa do fruto do açaizeiro é, também,
industrialmente processada para a fabricação de sorvetes, xaropes, açaí em pó, doces, geleias, licores,
corantes naturais, bolos, pudins, cremes, tortas e musses. Entretanto, na região amazônica a forma de

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consumo mais comum é o fruto processado para a obtenção da bebida ‘açaí’, um líquido pastoso,
violáceo, adquirido após extração mecânica (compressão) da polpa dos frutos com a adição de água
em máquinas despolpadoras e, dependendo da quantidade de água empregada no processo e do teor
de Sólidos Solúveis Totais (SST) a polpa recebe classificações distintas, de acordo com as normativas
No 12, de 10 de Setembro de 1999 e No 37, de 1º de Outubro de 2018, ambas emitidas pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA), sendo qualificadas como:
a) Açaí grosso (especial), quando a bebida apresentar SST maior que 14%;
b) Açaí médio (regular), quando o teor de sólidos estiver na faixa de 11% e 14%;
c) Açaí fino (popular), quando o produto apresentar teor de SST entre 8% e 11%.
O agronegócio de frutos amazônicos, em especial o açaí, têm se expandido da Amazônia para
outras regiões do Brasil e para o exterior nos últimos anos, ocorrendo um crescente interesse dos
agricultores locais e agroindústrias na produção dos frutos que, conforme cita Pagliarussi (2010), foi
a partir dos anos 90 que o sabor do açaí foi, gradualmente, difundindo-se para novas fronteiras, muito
além do mercado local. Os produtores, que antes tinham os frutos como fonte de renda secundária,
sendo a extração do palmito a fonte principal, comercializado para indústrias de beneficiamento no
próprio estado, agora passam a se intensificar e diversificar o sistema produtivo, incorporando na
mesma área pimentas (P. nigrum), cacaueiro (T. cacao), cupuaçuzeiro (T. grandiflorum),
maracujazeiro (P. edulis) e bananeiras (Musa spp.), de modo que, embora o cultivo do açaí tenha
sido, ou seja uma atividade característica da agricultura familiar da região Norte, respondendo por
cerca de 80% do açaí comercializado nacionalmente, há um índice crescente de açaizais manejados
(HOMMA et al., 2006; MENDONÇA et al., 2014).
Dada a grande importância do açaizeiro no âmbito socioeconômico das comunidades da
Região Amazônica e sua influência sobre a cultura local, pode-se elencar diversas razões para tal,
contudo, talvez a principal delas se deva à sua versatilidade, sendo utilizado de inúmeras formas,
desde planta ornamental em paisagismos, até alimentação humana e animal, confecção de biojóias,
adubo orgânico, fitoterápico, dentre muitos outros usos. Muito embora, sua importância econômica,
esteja centrada na extração do fruto e de palmito (OLIVEIRA et al., 2010; BARRETO et al., 2012).
Entretanto, embora a exploração comercial do açaí proporcione uma boa possibilidade de ascenção
econômica e desenvolvimento local, a logística de transporte das zonas produtoras até os centros
comerciais ainda é deficitária, fazendo com que os frutos percam a qualidade durante o trajeto,
acarretando em aumento nos custos ao final da cadeia produtiva do fruto (LIMA et al., 2008;
MENDONÇA et al., 2014).

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3 METODOLOGIA
A pesquisa foi desenvolvida através de dados secundários, os quais foram retirados da
plataforma SIDRA- Sistema IBGE de Recuperação Automática, pertencente ao IBGE – Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística. Tais informações foram obtidas no Censo Agropecuário de
2017.
Segundo Anjos (2017), o trabalho, também, pode ser considerado uma pesquisa explicativa,
pelo fato de tentar exemplificar e facilitar a compreensão dos resultados do levantamento estatístico,
tentando abordar mais profundamente o que os dados, por si só, não conseguem demonstram.
As variáveis analisadas para a apuração das informações e usadas como base para o
desenvolvimento do trabalho foram divididas, em regiões produtoras: Norte, Nordeste e Sudeste,
produção pelos estados de: Rondônia, Amazonas, Roraima, Pará, Tocantins, Maranhão, Alagoas,
Bahia e Espirito Santo e índices produtivos como: área plantada (Ha), área colhida (Ha), produção
(Ton), produtividade (Kg/Ha) além da variável preço (R$).
Dividiu-se a pesquisa em duas etapas subsequentes, sendo a primeira etapa de caráter
qualitativo, onde realizou-se o levantamento bibliográfico das informações. De acordo com De Pádua
(2019), a pesquisa de caráter qualitativa é importante, pois tal metodologia é usada para avaliar as
razões e os porquês das ações sociais, econômicas e ambientais.
E a segunda foi de caráter quantitativo, onde ocorreu a organização dos dados em planilha
eletrônica (Microsoft Excel®), a partir da qual montou-se uma matriz de dados. Após tal feito,
confeccionou-se gráficos estatísticos para obtenção dos resultados e melhor interpretação para a
discussão. Em concordância com Barros (2018), a qual relata, que para a organização dos dados de
forma a facilitar o entendimento e melhorar a apresentação, indica-se a ser apresentados através de
gráficos.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base nas informações representadas na (Figura 1), em relação a produtividade da cultura
do açaí a nível nacional e por região, dentre os anos de 2015 a 2017 observou-se um declínio da
produtividade da cultura. Avaliando as regiões Norte, Nordeste e Sudeste, a redução mostrou-se mais
proeminente nos anos de 2015 para 2016, com menores diferenças em relação a produtividade 2016
a 2017 para as regiões Norte e Sudeste, todavia a região Nordeste foi a que demonstrou maior redução
no período analisado.
Homma et al. (2006) destacam que o manejo da cultura está inteiramente ligado a
produtividade, dado que as técnicas de cultivo e manejo devem acompanhar a sustentabilidade natural
dos açaizais, sendo um complemento para melhorar a produtividade nas áreas plantadas ou manejo

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dos açaizais nativos, a exemplo implementação de adubações touceira/ ano, irrigação, e tratos
culturais e fitossanitários, para que a se mantenha a boa produção nos períodos de safra e entressafra.
Os autores enfatizam que a não execução do manejo adequado na cultura principalmente no
início da implantação do açaizal, as consequências da baixa resposta da planta em produção serão
apresentadas em média terceiro a quarto ano no período da primeira colheita, afetando a qualidade e
número de cacho/ estipe emitidos a cada produção. Ou seja, erros no manejo reduzem a produtividade
no decorrer das colheitas.

Figura 1- Produtividade e rendimento de açaizeiro no Brasil e regiões produtoras em decorrência dos anos.

8.000
RENDIMENTO (KG/HA)

6.000

4.000

2.000

0
2015 2016 2017

BRASIL NORTE NORDESTE SUDESTE

Fonte: Adaptado de IBGE (2017).

Segundo o IBGE (2017), a região Norte apresenta maior produtividade em relação aos demais,
com destaque para o estado do Pará apresenta maior produtividade, produzindo 7.376 kg/ha no ano
de 2015, 6.492 kg/ha no ano de 2016 e 6.760 kg/ha em 2017, em consonância com a área plantada
que aumentou de 13.5701 ha no ano de 2015 para 18.8483 ha em 2017, demostrando um aumento na
área plantada como mostra a (Figura 2), o que não acompanhou a produtividade que por sua vez
reduziu conforme explanado anteriormente.
Em relação à produtividade, rendimento e área plantada, espera-se com base na
sustentabilidade do sistema que se produza mais em menor área plantada, principalmente devido a
cultura ser um produto florestal não-madeiráveis (PFNMs) da Amazônia, como afirma (PAES-DE-
SOUZA et al.,2011).

Figura 2-Representação da produção (PROD) e área plantada (AP) de açaizeiro no Pará em função dos anos.

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Fonte: Adaptado de IBGE (2017).

Segundo a Conab (2019), em 2016 o preço pago para o produtor em Kg/ R$ do fruto de açaí
no Pará sofreu variação de R$ 4,00 em março de 2016 e R$1,50 em janeiro de 2017, de modo que,
tal oscilação (Figura 3) pode ser explicado pela variação no período da safra e entressafra e os fatores
sazonais, como por exemplo as chuvas no período de colheita que afetam significativamente a
qualidade dos frutos.
O que por sua vez, altera o valor pago ao produtor, afetando também o preço do produto no
mercado, que por ser de menor oferta o consumidor tenderá a pagar mais caro no mercado interno,
como cidades próximas do estado, por um produto de menor qualidade, ou seja nos períodos de maior
oferta o valor pego será menor, logo quando a oferta for menor o valor pago pelo produto será maior
(CONAB 2019).

Figura 3- Preço pago ao produtor de Açaí – JAN/2016 – NOV/2017 (R$/kg) PARÁ.

Fonte: Adaptado Conab/ açaí (2019).

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Segundo Nogueira e Santana (2016), o aumento no preço do fruto está atrelado as crescentes
demandas de mercado, que devem acompanhar a produtividade para que haja um equilíbrio de
mercado, dado que o açaí se apresenta como uma cultura de mercado com oferta inelástica- preço,
devido as oscilações na oferta e demanda nos períodos de safra e entressafra, podendo tornar a oferta
mais elástica de acordo com a produtividade. Contudo, observa-se na (Figura 4).

Figura 4- produção, preço e área de açaizeiro no Pará em função dos anos.

6000000 1400000
Preço (R$ x 1000) e Área (ha)

5000000 1200000

1000000

Produção (ton)
4000000
800000
3000000
600000
2000000
400000
1000000 200000

0 0
2015 2016 2017

PRODUÇÃO PREÇO ÁREA


AREA

Fonte: Adaptado de IBGE (2017).

O mercado da cultura do açaizeiro, nos níveis locais, nacionais e internacionais, caracterizam-


se de forma crescente, onde a demanda e superior à oferta, o que altera significativamente os preços,
sobretudo com o aumento das demandas do mercado externo, onde 77% da produção é destinada para
a exportação com destaque para as indústrias norte americanas segundo CONAB (2019). O aumento
da área plantada e a redução na produtividade, e a crescente demanda do produto, tem gerado um
desequilíbrio de mercado, o que por sua vez tende ao aumento do preço do produto.
A área colhida no estado do Pará comportou-se de forma crescente no período analisado, com 13.5691
ha colhidos em 2015, 16.6464 ha em 2016 e 188483 ha em 2017, de igual modo a produção de frutos
por tonelada também aumentou, apresentando 100.0850 t, 108.0612 t, 127.4056 t, nos anos de
2015,2016 e 2017 respectivamente (Figura 5).

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Figura 5-Representação da receita, área colhida e produção de frutos de açaizeiro no Estado do Pará.

Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados do IBGE (2017).

Segundo Homma et al. (2006) o advento tecnológico na cadeia produtiva do açaí tem sido
responsável por grandes avanços na produtividade, e consequentemente na receita do produtor. No
estado do Pará, observa-se que no período analisado apresentou uma tendência crescente quanto a
área colhida e produção de frutos, porém a produtividade reduziu como demonstrado na (Figura 1),
inferindo-se que os fatores de produção para que proporcione maior benefício socioeconômico, deve
ser implantado com o manejo adequado como por exemplo a fertirrigação por gotejamento, ou
manejo de 4 touceiras com maior espaçamento entre touceiras, para que ocorra o bom aproveitamento
dos recursos de água, luz e nutrientes.
O ganho econômico com o aumento no preço do açaí favorece substancialmente os
produtores, com a implantação das técnicas de manejo o mercado atenderia melhor as crescentes
demandas, com produtos de maior qualidade na safra e entressafra, proporcionando um maior
equilíbrio de mercado, além de consumidores e produtores se beneficiarem dos resultados do mercado
mais estável, atendendo os mercados internos e externos e melhorando o bem-estar da população
paraense (NOGUEIRA e SANTANA, 2016).

5 CONCLUSÃO
A produtividade de açaí nas regiões brasileiras mostrou-se com declínio em função dos anos
estudados, sendo que a região Nordeste apresenta declínio mais acentuado se comparada às demais.
Ocorreu aumento na área plantada, preço e produção no Estado do Pará com base nos dados
apresentados.

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O preço pago pelo açaí apresenta comportamento não regular em função do tempo, sendo
influenciado principalmente na época de safra (menor valor agregado) e entressafra (maior valor
agregado).
Com base nessas observações, ressalta-se que devem existir outros estudos com enfoque em
políticas públicas destinas a cultura do açaizeiro e sua relação com a Agricultura Familiar amazônica.

REFERÊNCIAS

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Latinoamericana, n. 161, 2012.
BARROS, I. G.. Definição de indicadores de desempenho através da análise e interpretação de
dados. 2018. Tese de Doutorado. Universidade do Minho.
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CALZAVARA, B.B.G. As possibilidades do açaizeiro no estuário amazônico. Belém: FCAP.
103p. 1972. (Boletim da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, 5).
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econômico da Amazônia Legal: estudo de caso do estado do Pará (1990-2010). 2017.
DE PÁDUA, E. M. M. Metodologia da pesquisa: abordagem teórico-prática. Papirus Editora,
2019.
FOODBIZDAILY. ‘International Trade Opportunity Report: The Brazilian Açaí Berry.’ 2009.
Disponível em: <http://foodbizdaily.com/articles/91816-the-açaiberry- trade-opportunity-a-
quickreport.aspx>. Acesso em 08 de agosto de 2019.

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