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ADMINISTRATIVO
Hachem (2011, p. 67) afirma que esta concepção é adequada sob o ponto de
vista lógico e sociológico, entretanto não consegue explicar – juridicamente – as
diferentes noções que o interesse público é utilizado pelo Direito Administrativo e
exemplifica:
Sob o prisma jurídico, ela não esclarece a diferença, v.g., entre a anulação de
um ato administrativo que tenha sido praticado para atender a uma finalidade
diversa do interesse público previsto pelo ordenamento jurídico, e a
legitimidade jurídica do ato de revogação de uma licitação em virtude da
existência, no caso concreto, de motivos de interesse público aptos a
justificar a prática do ato. São dois modos diversos de manifestação jurídica
dessa categoria. (HACHEM, 2011, p. 67).
Hachem (2011, p. 69) ensina que o interesse público possui uma conotação
ampla, conceito que abarca todo interesse protegido pelo ordenamento jurídico, que
deva ser satisfeito por parte do Estado – direta e indiretamente. Neste caso o interesse
público funciona como uma barreira negativa de atuação do Estado e dos particulares,
impedindo o agir de maneira contrária ao que está posto no sistema normativo. É
satisfeito diretamente através do cumprimento das normas jurídicas feitas para sua
competência; indiretamente é satisfeito quando constrange os indivíduos a cumprirem
as determinações das leis.
Ainda nas lições do autor, o interesse público em sentido amplo tem forte
ligação com a juridicidade administrativa: é conceito que controla a atividade
administrativa, vinculada aos prescritos do ordenamento jurídico. (HACHEM, 2011, p.
71).
A definição do que vem a ser interesse público em sentido amplo está
delineada pela lei em sentido material, através do processo de avaliação realizado em
sede constitucional, legislativa e regulamentar.
Por essa razão, deve-se tomar cuidado com afirmações taxativas em matéria
de “interesses”, pois é possível que aquilo que um autor denomina de
“interesse privado” diga respeito a uma acepção diversa daquela empregada
por outro autor que utiliza a mesma expressão. Podem se tratar de
concepções distintas sobre o termo “interesse”. Aqui parece estar a chave
para entender por que existem tantas confusões quanto ao princípio da
supremacia do interesse público: aquilo que Celso Antônio Bandeira de
Mello, Maria Sylvia Zanella Di Pietro e Romeu Felipe Bacellar Filho
chamam de interesse privado, por exemplo, trata-se de uma concepção
distinta daquela empregada por Humberto Ávila, Daniel Sarmento e Gustavo
Binenbojm, apenas para citar alguns autores. (HACHEM, 2001, p. 80).