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com/lacanempdf
A ESTÉTICA DA INTERPRETAÇÃO
7
Ctmm111 INGO l!Nz DuNKER
RETÓRICA E FILOSOFIA
8
UCAN E A alNJCA DA INTERPIIJAÇÃO
ensina �- ..
ca
isOJISO a que da es tá su 1 e 1ta. O b o m rct óri
• •
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singu1ara.aça c..• seu destinatá rio. No limite isso 1--· co
· car sua w a a �•cu.ia à
deve aJ us
isauso que seria apro priado para um u' n .
d e um d ico
prod uÇàO ..
qu e se o põe às pretensões u niv ersalizantes d
. o o e
incerlocut r, 61oso6 emgeral.MesmoemPlatão aam iouj.L1
d a a b
Mstócdes e "b UilUe
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10
IACAN E A alNICA DA INIHPREllflO
l.ACAN E A RETÓRICA
11
Cll11S11AN l11Go lEIIZ Du11m
'•en
des problemas filosóficos" em questõ es d í d nn ac;ao -
e n ole re dos �gr •
. como dina
sia, . Cam ap, Neste tórica (e
. contexto, l1m lll pa.n..
resgate Oe-
fa.ria possível pela cien tificização das r i
p át cas de d filosofia se
ª
fenômenos subjetivos da linguagem. persuas
ão e do
s
Nesta mesma época, mas no context d "il
o a u osofi
encontramos em um autor como Heide er a
' · ' · gg a afi a �eflllànic:a,
retonca esta muito me lhor a1u · stada à con u:m çao de que a
cePçao - de
procurada por seu pensamento, especialmen te n al l.in guagelll
a an Inca
tencia, do que a propn
A •
, . a "fiil oso 6a da lingua m" da exis-
ge (Ku
No cenário alemão o resgate da filosofia se dá ela val , 8
- h'1stónca· '· p os� � 9).
tll.aça o das
d.1mensoes e poeuca que as práticas retór'1
cas contem
A posição de Lacan, no debate em questão ' é
parei·a1mente
convergente co� a de �ere�man e segu e, grosso modo a lu
_ _ , so ção
francesa. Os efe itos de s1gmficaçao obudos pela anicu laça- 0 s1•
gn1-
ficante são anexados por Lacan ao n ível dos processos retóricos.
Desta forma, a condensação e o deslocamento são compreendi-
dos, por exemplo, a partir de sua estrutura respectiv a de metáfora
e metonímia. Se a concordância com Perelman se dá ao nfvel do
fundamento retórico da significação, as diferenças surgirão em
tomo do próprio estatuto da metáfora.
Lacan argumenta, tomando partido de um modelo algébrico,
que a metáfora é irredutível à analogia. A perspectiva psicossocio
lógica de Perelman postula, ao contrário,-que existe uma espécie
de "contato de mentes" que asseguraria a meta da persuasão e ao
mesmo t empo explicaria como a comparação, ou transporte de
significação, em jogo na metáfora, extrai seus efeitos. Esse contato
12
UCAN E A a!NlCA DA llllERPREllÇÃO
13
CHalS1WI IN60 \BII DuNIEI
.
esmto para a meclfora. O significado do signo a� substi-
pensar
" ,, .
(d o é considerado a partir da notação x , isto é, uma variável de
ru .. ,,
eh a comparar este x ao aptiron
valor indecenninado. Lacan ega
so ático este termo parece corres.
de Anaximandro. Para O pr6- cr
er déi de um originário ilimitado e ao mesmo tempo
pond à i a
a que de acordo com a tradição
indefinido. Pecers (1974) afinn
d Aristóteles o que definitivamente:
interpretativa inaugura a por
" ... está incluído na idéia d e apeiron é a duração no tempo , um
fomeámenro infinito de substânàas básicas para que a geração e
destruição não falt em" (p.32).
Para demonstrar esta tese anti-analógica Lacan recorre ao cas o
do Homem dos Ratos e, mais espeàficamente, a uma cena de
inBncia em que este dirige impropérios ao pai (" Seu guardanapo!
Sua lâmpada!"). Lacan argumenta que o que menos importa nesta
metaforii.ação do pai é o significado dos signos envolvidos ("guar
danapo", "lâmpada"). O essencial é a presença da relação de subs-
tituição envolvida na metáfora. q ue permite nomear o pai pelo
que ele não é.
Contudo, esta in determinação do significado não pode ser con
fundida mm a abolição do plano do significado. EJa implica numa
flutuação e numa indeterminação do significado em relação ao
significante. A interpretação, pelo menos de acordo com a con
cepção em vigoràalmra do texto "Função e campo da palavra e da
linguagem" (1953), visa: "jogar com o poder do símbolo evocan
do-o de uma maneira c:alrula da nas ressonâncias semânúcas de sua
expremo".
Ora, isso nos faria prorurar em Lacan uma concepção mínima
do significado que tome compatfvd a tese da primaz
ia do signifi
cante com a idéia d e "ressonâncias semânticas"
da interpretação.
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IJCAN E A alNICA DA IHIEIPRE!lÇÃO
INTERPRETAÇÃO E RETÓRICA
Uma pergu nta frequ ente entre os que iniciam a prática da psi
can ál ise é a seguint e: porque o estilo das interpretações de Freud
não parece pro d uzir efeito algum na clínica contemporânea? Se
apreendemos a interpretação como revelação d e uma verdade fim
dada em propo sições mecapsicológicas e se estas proposições são
de caráter universal e atemporal, caso contrário não seriam metap
sicológicas, não há como explicar seu desgaste pela passagem do
tempo ou pelas variações histórico-sociológicas que esta passagem
produz.
Nossa hipótese é que o desgaste da retórica freud iana é direta
mente proporcional à absorção desta retórica à rulrura. Neste ponto
devemos explicitar nossa concepção de retóri ca como tri b utária de
uma estética, própria de um tipo de sociedade. Desta forma, o
estudo d a retórica deve levar em conta tanto o plano ideológico
quanto o lingu ístico (Delas e Fillolet, 1975). Oponho-me aqui
àqueles que pensam a retórica como um inventário descritivo dos
possíveis da linguagem ou como a chave transcendental de seu
funci onamento .
O estilo das interpretações freud ianas se mostra hoje ineficaz
uni camente porque a retór ica que as impregna se degradou no
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1.INZ 0UNKER
(HRJS11AII IHGD
. m n sáo re tóri ca dos discu rsos. A an tiga tese
o d a d i
o mo c
e
tem Po• c en e a ar
. d eve en co n uar o estil o absolutam t. p rticu l
có n co
de q ue o re ele se acom ode às vanações tern.
. rlo cu to r su bsu me q ue . { .
de seu in ce s
· ficam este in terlocu to r, d o m ci o d o écu lo aos
m o d i
pa rais q u. e • . Isto não
r de um percu rso an aJ Caco
di as e m es m o no interio
n ossos b do nar o estl·1 o fircud 1ano
. em fu nção da
. . fica q ue devam os a an fc
ni
sig . I ad e d as nova� o rmas retóri cas
atu al"d
p rogcesso e da '
apologia do se
ne rácio , reto mar aos fu ndament os de sua retóri ca
mas, pe1 o co .
os rein ve n tar o esulo. .
. rm
q uise
ma com entado ra espe c1'ai mente i nteressad a n o
Colec te Sole r, u
etação , parti
ndo de "I..! Écourdi t" ( 1 973), po stul a a
tema da interpr como ponto unifi cador da
lvo ro de l inguagem
presen ça do equ • º A •
d 1fce�n�es mc1 d e�c1 as, quer O to me-
º
o. .Eq u lvo ro d e
interpretaçã . eg
, h om o fomco ou log 1co. Lacan , ch a a
mos no nlvd gram áciro
XXIII, que a única coisa de que dispom os
afirmar, no Seminário
a é o equívoco. O ra, um equívoco só se
ara enfrentar o si n tom
tu ra entre uma certa racional idade inten
�n scirui a partir da rup
e a ela segundo uma lógica alheia ao
cional e algo que se impõ
desce sujeito da intenção a partir
sujeito da intenção. Freud &lava
nunca deixo u de supô-lo com o
da idéia de desejo pré-consciente e
parte integran te e neces.wia na co nstitu ição das fonnações do in
consciente romo o sintoma, o chiste, o lapso e o sonho. No entan
to, o desejo (inconsciente) não se reduz a uma intencion ali dade
Jacente, u ma espécie de vontade não admitida. Esta só aparece
como uma das par tes do compromisso. Não é exage rado diz.er
que este s ujeito é a expressão d a racionalidade, uma vez que se
caraaeriza pelo procesw seamdário e pelo esrabelecimenco da iden
tidade de paJavra.
No entanto, mesmo este sujeito, criticado por Freud quanto a
16
UCJN E A alNICA DA INTERPREll'10
17
0UNKER
/NGO /JNZ
(Jl1,sJIAII
·de ..-.r a in cerpre ração; ass i m , q u aJ seria su a pr;
de co n s• ,... occ.
mo dos
dência? a· a em geral, e Austin em particu Jar.
. ª sc • , o
A erad•9',0 •pragfJl làntia> não faz sentido q u ando a fuJa dem s-
d apo
ue o isaJISD . · . , que
cearam q, , rdfruacionaJ mas des,dera.ova, isto e, qu an do a fàJa &z
e
se crara nao rep as descreve ou rep�n ta. Por exemplo,
não apen num
e efecua. e . •. "p� ao divã" não há senti do em per
{or,nacJVO a, mo guntar
per d em cerm o s de u m a representação ou descri _
o q ue da _J rev a . Çao
d · d u m esrado d e cor sas d o mu nd o. i;: int
fálsa o u veru a erra e . . eces-
ca rspectiva se coJrga com a tradi ção retóri�
�re co� es peIV a.e. já nsidera
.bu) , co . va que o discu rso é u
Jsóaaces, no ........ o . . m
. de aça,o e não apen as um mero para referir-se a obj etos (Prares
CIPº,, . -
197 3 ) . A apreensão da mterprecaçao como apo&n tica só é
e Suva , . .
_ re tó nca
doxal n u ma perspeaiva axrom�, m . � e nao como pro-
para
.
A mrecaça'0 com o ap o lànc1ca so po de se p reservar. am
pus. mce.r . , . . ' eu
....,car de uma apo Bntr ca retorr ca, que VJse a verossimi-
ver, se se .... . , .
lhan ça e não a verdade (no sen a d o classrco), ao preço de fuer
ções.
ressuscicar O sujeito das in ten
A inreq,recação se mede por seus efeitos, pela modificação qu e
introd uz n a posição do sujeito, do seu discurso ou de seu sin toma.
Ela deve ser swpresiva, concisa e cair n o tempo eicato. Tais carac
rerlsticas constituem efeitos procu rados desd e sempre pela recóri
a. No encanco, o convencimento agonlsáco, anápoda da coope
ração dialética, coloca problemas quando temos em vista o cenário
analitico. Como destiruir o analisra da temerária sugestão, de s ua
inrencionaliclade e do potencial de convencimento agonlscico com
que a suposição de saber cransferencial o investe?
É interessante que o cerna da sugestão, originariam ente vinru
lado à fala do analisca (veja-se a crltica de Freud ao método e.ar.ártico),
18
UCAN u alNICA DA IHIERPRmµo
19
DtJNKEI
O 1IP"
,111
(HIIS11AI ING
cransfonna num ato de comuni
. . . cação e Ilão
retiÇ:ͺ se
neJaainteIP º u n1r:1. a eqmvoa dade desta oom u nj _
que o [UÍÍdº• ,- . . �
um apo n car par.1 falar da perspeaIVa geral da i n terp reta _
n . (1 99 1) ao . . º . Ção
M ann o n t . de Sancho Pança d mg1do a D . Quixote: "O
co )he
·aao d1 ,,
S enho r . 0 grau i.er o d a in te rpreta -
.
com par.t que d
iz
vossa Me nx:• 0 � esce dito: "Esru ta bem o que d i sse" Ção
' en sao d • Se 1e.
pertence à d � cti va a e de M ah o , ve m
. esta perspe � �y os que
o
mos a parttf . . on al se vê reverndo a uma situação e m u
d co m u n1 caa . q e o
mo d O • · eceptor e isco p da p n m azia dad a ao ""
. o r co1nade co m O r pru-
1
em ss . e à amb"1g m" d ade de sua esai ta. Ass ·
. movimento dos signos . un ,
p no · , expr�ivo e es cé uco se vêem reunidos l
rec ó n pe ae
05 djscUrSOS .
co
20
UCAN E A alNICA DA IHIERPRETAÇÃO
al id ade infa ntil po r si mesmo, não tendo sido, por assim dii.er,
su gestionado por Freud . Em Dora o reconhecimento da ligação
c.o m O Sr. K segue uma estratégia semelhante. Nos dois casos há
u m in ev itável efeito imaginário da interpretação que se encon tra
do lado da persuasão, ou da sugestão. É nesse sen tido que Lacan
postula qu e a resi stência é resistência do anal isca. A análise cami
nha no senti do de uma dupla dissolução da perspeaiva do con
ve ncimen to: do lado do analista, pela elaboração do desejo de ana
lista, um desejo sem sujeito, logo sem persuasão possível; do lado
do analisan te, pela dissolução da alienação que o coma apto e mesmo
de mandante de ser persuadido.
A interpre tação é uma fala que escuta o dito, que fu dito sem
dissol vê-lo com pletamente num saber. É uma fala guiada não in
tegral m ente pela intenção. A interpretação confia assim numa cer
ca racio nalidade do discurso ou do 'texto', supõe que ele possa dar
suas pró prias razões. Ainda sem tocar no problema da diferença
enue o escrito e o falado d iríamos que a interpretação em psicaná
lise concorda com a teoria proposta por Eco (1993) acerca do
texto, isto é, de que além da intenção do autor e da intenção do
leitor existe algo como uma intenção da obra, que se move na
independência d o autor e do leitor. Por isso, numa análise, o dito
é soberano: uma vez realizado, deve impor-se à situação clínica a
partir de s ua lógica interna.
Lacan, no prefácio à edição alemã dosÉcrits, fala da interpreta
ção a partir da Midrash. A Midrash é um método judaico de in
terpretação daTorá que se pauta exatamente por esta suposição de
soberania do texto. Detalhe sugest ivo é que em raras ocasiões o
rabino está autorii.ado a fazer interpolações no texto, uma delas,
de acordo com Ischmael, é denominada de método de Ceres ou
21
� '"º 1JJZ r,u11ai al rocedimen to se auto raa qu.....
Çl,º· T p .. h. d
cca
,nécodo d ª eas
da.d d e
exto épatente (porco n tradi ção entre d ol.l a
o
. __ ,:u e o llasp
irtaªºna
u ando há u m a concrad"iça_o fo rte en tre a lei CScri as.
sagens) ou q .., cerra época. Uma caraaerlstica com ta e a
era d ,.ça,o oral de u,. .a
imen co da M i dra sh rar·
entre os 1seus e da .61 oso� en• ·
uni
oa en t
tce o suig •ensão ' historicamente atestada, en tre ..... .J ....1:
•
-,,q()$ é u
m a "' <lll
os 1,·""D- • , crica. Os recóriros estão do lad o da tradi - iÇão
rndi ÇàO es çao ora,
0raJ e .ca.
fos da esa,
os E]6so
,, en tre fala e escrita é. o que coma posslve] a sUspe1,ta
A censa.o . bre O sentido do escn to. Ele se altera histo ri""' ...
que JeCll so - hi . - --••ente
a rede de signi.licaçao é seónca e n ao transeenden
porq ue
do de Ceres visava • con cili"ar esta tensão tal.
. como o méco º " · - n
As,sun
h enn e n êutica JU d arca , em so1 o cnsrao JS· to está n n o
cerreno da • . . o u.
h en ê utica pa trlsaca. A es cratég,a cns tá p ara co n
deo da erm " " roi
ter as
'af'tll'.Ç de sen ti do a q ue u m rex co esrá SUJCJto r. basicunenre
van r--
de dividi -lo em camad as d e
·
sena"do e d e li mitar o ace&o a estas ª
camadas segun do uma hierarquia religiosa. Assim, pode-se dividir
os diferenres sentidos de um ccao, segundo a hermenêutica aistã,
encontrada em Oclgenes, em:
a) Jiceral: o rexto é soberano, logo não contradi tório e imu ne
ao rempo e à aansfo nnação da tradição na qual se in clui o leitor;
b) psfquiro ou moral: o rexro é triburário de algo que llie é
exterior mas igualmen re não contraditório, dada a unidade moral
ou ps{qwca desta exterioridade. Ele resiste ao tempo porque o
"Bem" resiste ao tempo;
e) mfstiro ou espiritual: o texto extrai seu sentido a partir de
uma exterioridade, a "mente divina" que é impenetrávd aos não
iniciados ou não parc{cipes de uma comunhão direta com a mente
e o desejo divinos. Veja-se a teoria da iluminação em Sanro Agos-
22
UCAN f l alm DA INTHl'IIETAÇÃO
23
DUNKtK
N GO l.ltlZ
o,aiSll� I
., das . oco rre n u m lu g ar e m orne
d as d r cu n sl.iln nto
Cs& .
nen d e · d suge r i d o, o corre o q u e Durnat ehani�_
det'- d o sen ti o . .
fico"· No �S " mais de sen ad o " , que os in dianos eh ªde ·
O
u a
;m ais de sentid o" , se ele se distin g ue d :lltiil.tit
PÚIS dttlflstntitÍD•
.
'· Ess e a il.S tat
de dvh · res é pa rque não es tá p rese nte e m nenhurn d 1" .o ego.
o - CJ M.,
rias anteCI . À luz de no ssas reflex oes acerca da te nSão ·""'lo
· do....klu 1a. e
ou ena }"' o d ir ramos q u e o avnani po ssu t u m a tem ntrt o
JL
'
. •
o fala d Po ralid
escrito e o es cn
. .
to a.
n te d a d .
de di . fere era m el d e mterp retação llli M.-L " ""\lllco.
os co o. o nív d .
A d ln 1ca m ·c uj t c
.
irru la r co m
.
rJlll e ao
s ei o m:us desenvol
escrucu ral pe cáf d e cidad
tu
o m e ora c or respo n à e (p o r su a histó � llo
ss a ria,
que em n ' mp lica' etc. ) ; n o entan to , este nível é i nsufl . as
e e I a a • ciente
ru1· açõeSqu
m v · sca a presença d e u m res íd u o não co mple
1
se re mo s e • tarn enrc
d i nt erp retaça o.
ass ávimil pd a
• m do geral e o rema do go zo em Lacan "'"'
A pu1sao de o urna
�::;n
24
l.AaN E A alNIC.l DA INTERl'RfllÇÃO
25
DUNKER
INGD lfNZ
(HIJSIIAII can o, se traduzi u ao final da ,.._
o s ra d 1
q ue escarn . ' tre a auto n. a e a au ton. d ad \lilde 1.
. •vié,.
oposi�º n co rrêncta e n e da lflter,,.
co m a o scilação do fund amen to em ·l'te.
d•· a numa
... nco e m u e su qucll\ ,
ta�º· pa, ..... �digo (o qu e i nterp reta) a aut m
ono ia ltt.
rer.a ou no .0
tcl'l' , 0 pa de ser co locado, ao final deste Pro.
d incerprecaça Percti
bleJtlª ª es cermos: fSo
os segu int
hisc6riCO , n
. . rifiow o q _
suJett0 pu _ ro b le ma maio é cons ide r o IÇào da
u ra dese • d
·111�erprecaçao. Se p 1 0 0 ana.
r
•
que suas prenussas co mam es ta reflexão estri r, ...e
lista. uma ve:z. _,,, n.
te impossevd;
26
l.lCAN E A alNJCA DA INIEll'IETAç.10
SINTOMA E INTERPRETAÇÃO
27
lJ U N K t•
N G O lEMZ
(HIISllAN I
,,,r.ilh sta s urpreen den te ....
· � w • el m Reich . E
li«: .lac:tJl q u1.••• r d ,..,��
.-. de Re. ich . ace ca a análise do �
tal
�.e �
ó
ap ia n as p es .. te r. t . ..."'
· c.' ra O p nmeiro a 1 evar e m co n ta a i dé '
ue Rei
d1 ll • ia &e '-te,. ' ....,
afirnlª q pa s SUI
· u ma estru tura
.
e qmva1ente à d o . Ud l.:lh_
Sinto ��
o . .
de que O eg d do caráte r se d 1ferenaam cl mic:un en �a. <:)1
. ao n f\l . te
sllltomas . en te d itos (i' dé"ias obsess was, co nversões dos ªli\. .
ropnam . •
tontas P . m n a fonn a de u ma querxa. São sin t etc,) Por
uzire orn
na• o se trad. ilen ciosos . Eles acu sam, em term os &e as.' deste
d vist a , s . ud•an
neo e .
pa êncla da defesa sobre o d�J º (Lapl anche, 1 9 86) . e}:.ª
preval e te p
ca se e m r lação a m r retação esse sin �
n r to rna.
entáo pergu a cifia"dade. Lacan a6rma, no r....... L.
q e r ai g um espe "'
-ua
não re ...... _
an
.cadº• q ue O eu é "o q ue se barra para dar l ugar a terior.
u LU
mente o "
. o da interpretação" (p. 32 8) . &se pon to-sujeito" d Ponto..
0
.
suieic . • _ e., . a lll. tcr.
• ndereçaria a estru ura t met aro nca do sinto rna. 1 ,
precaçao se e •vias
• s ·
m to ma-l tra estr utu ra do ro mo um a m e táfora) o••�
sena o · N ._ hi·.
e
.
ó cese é q ue seria mais apro� nado faJ�, no caso do s�n to rna-let
p . . ia,
q
de um tipa espeaal de metáfo ra: a u ilo que os reco ncos chaJnain
de alego ria.
A chamada "envoltura fo rmal" do sin toma, is to é, quando a
queixa se formalii.a no campo do O u tro (Mi ller, 1989), é O era.to
conuário do "sintoma-letra", u ma vez que este é a própria fo nna.
J.i7.ação do campo do Ouuo, como um campo sem falta. É por não
estar formalii.ado no cam po do O u tro , por n ão possuir uma
"envoltura formal" que o "sintoma-letra" é de diflcil acesso à inter
pretação. Um sincoma-mecáfora é o úniro propri amente reativo à
interpretação, uma va que porta um a demand a de equivocidade
e é também uma formação desejante. Propusem os que o sintoma
letra funcione rom a estrutura do q ue os retó ricos chamam de
alegoria.
28
IJCAI E A alNICA DA IITEIIIETlfÃO
"De tudo o que � menstrual � periódico ele chega a 'tudo o que � periódico � mens-
29
DUNKER
( NGO I.DIZ
(ltRJS11AII
,.A gra ndiosa de um umveno regulado
ncr r,-o pcIa
e- SC cnião a co . llle
• A ti nr, ula d o par estes perfodos, o dia da mo ne ••- . ri.l11t,
1 ruJ r . do paitº ,! � • L
.... JJue
d ia ni d..
( ) se o nvolvimcnto dos tecidos e das fun� ( ' ""'vt
. . nio do dcse •nct u. ·
. . rn "'- �
•��loº , t,c
º
etc,• (p .3
!O(,!stias
�nda dc n
5) ��
(11 ,) , 1�
il - . . ego-
· pa .is fu nao na pela assun açao d. as "_ rrraao nalidades" p ró .
,
. Pflas
lhes explicaçoes e consistência sub
na.
. n. saenre fomerendo- bé .ietiva,
ao mco .
crítica d e Lacan à ps1canál',se d o eg� e cam m à escola in
A gle,.
-o , e m renn os de histó ria da interpretação, ao ad
sa co 1 oca l o da
'd.rash e contra O alegorismo. Quando um sintoma pode
M ser
�cado apenas como um a metáfora, de se dissolve. No entan to ,
nder por mecafo rizaçáo, em intervenções do tipo "é <Xllllo
� , nada mais faz do que a limentar a alegoria e o ex� de
sentido que lhe é pró prio. A interpretação pela nomeação retóri
ca
do equívoco introduz ao mesmo tempo um ganho e um a perda de
sentido, daí a expressão "inter-perda-ção" sugerida por Lacan. Do
lado da perda enamtra-se a castração como perda de gow, do lado
do ganho enoontra-se o goro fálico possível a partir da parcialização
do sentido. A an:ilise procederia, portanto, do
sintoma-letra ao
sintoma metáfora.
30
UWI I A alllCA DA llllllffl!AíÃO
31
NK ER
O [.EIIZ pu
(H ll>t11JM ING I
te d e Freud reso lve-se pe a nomear-:<
11
n l"'
do pa ci e al mã o ) - G 'lance (oIhar em in lês)O do eq�,.
a111 or 515 (brilh o em rea e g
ção o u dem o n s tração com . N�
o eic · .'�.q
�k/nZ ,
yaco ma eXP ,
·arnence u . . l , 11 l igação entre os e1 e mentas do 1&iti
ro rt m as B1fll'ttn,!, ' e qu
p · spc6 reles,
se r n o mead o, separa o goro do o lhar da . .
. s 1
ºeo.
tv a
o o , ao de "b n' Jh o,, i n tegra-se &n· 16rea.
O equfv c o b fl'Iho. A sign ificação
}JI . à hIStó
cr.1.da a m erna e ra o mg 1 ·
e s . N t .. -
ça� o ut, -
a língu a
at o e n ...... • to n �
o cUJ· e -
do s ujeit
a cn
' qu o um
ed , da em e ev ca . l' men to puls1.o ao Se e
n n
fedu
z a esta• e, e nquanto tal , res is te a ple na i nscr,.Ção (o
a1
or tia do ) q u
olha! er pe n sa rn os qu e a "exegese" d o sen ti d o de lla
G
J inguage
111 ·
rn a espe'cie de etim ol ogi a retórica. o lirn . itz11�
de a u . rte d tt.
corresPo n. 1 ern e n co pul s1onaJ e seu co rrelato sub 'etivo e.�"'
oe J .
. º1og1a é ca o da interpretaçao
eCiJll
- h 'st .
1 ónca: qual pod .
o s erra se
To rnemos retó rica? Aten tem os para a d.unensã r
� co rn ª o s i ifi
sU1 lig r- . o deva cap ear C3nte
o gn
ao fato de que. a in te. rpretaçã
a
desta hi srón a e . . 0
Ponto
n w e a d ia cr o nia e a sm cr o ma, m o é , c r u, .. ...
.......
e
de enco n tro ' de resson a• nc1. a e da sucessao -
0
uento
e1 d a d a de signifi _
da sirnc.u1 can nsar es tes processo s em term os retóricos .
caÇões,
Uma 1orma de pe . _
d um la d o na eum.
olo gi a (como s ucessao d e s i.gn jfi,..,seriaJ
pensar. e "'4\IOS
. ncamen te variáveis) e de outro em al go q ue refl etisse O �·
hisco • . . pcua-
doxo de um sujeito causado pela co n co rren c1a de s1gnificaçães
simultâneas e con trad i tó rias.
Freud (191 2) partilhava da cese de q ue o s ignificado primi tivo
das palavras seria antitét ico em relação ao se u s ignificado contem
porâneo, isto é, haveria uma espécie de inve...Jo históri ca operan
do ao n!vel do sentido. A tese freudiana (retirada de Abel), à luz da
filologia moderna, mostra-se incorreta. No encanto, se assumirmos
sua dimensão retórict, ela se mostrará verossúnil e capaz de arolher a
oontr.idição de significações que a interpretação deve procu rat
32
Interpretações que trabalham o equivoco a partir de uma refe
rência ao que Freud chamava de "infantil" mcrec.eriam ser ron.si
deradas como se examina um processo etlmológico. Para contem
plar tal etimologia, sem nos projetarmos na fixação dos significa
dos primordiais (uma simbólica, por exemplo romo fazJung) será
ne�io recorrer à idéia de uma etimologia que do ponto de
vista filol6gico seria no mínimo duvidosa.
Lacan, assim como Heidegger, uáfü:a em vários momentos à
eficácia de uma eúmologia que podemos denominar de ret6ria..
Por exemplo, ao derivarpervmion de pere--vmion (versão do pai)
Lacan faz equivaler o radical latino "per" ao francês pere, o que
lingu isácarnente é injustificável, mas que se ap6ia numa "resso
nância" cujo efeito é de verossimilhança. A interpretaç:ío como
pontuação pode funcionar como um ronvite à fu.bricaçáo de uma
etimologia não semântica mas homofônica. Deste modo, a :woá
ação livre que lhe segue traduz a história das conjugações que dão
ao significante sua feição singu lar.
A idéia de etimologias rec6ricas foi localizada por Plebe (1 992)
em cenos procedimentos heideggerianos. Trata-se de traduzir,
nocadamence do grego, cercos termos, impregnando-os de uma
significação que originalmente estes não poderiam ter. É o caso do
dito de Anaximandro onde Heidegger introduz termos romo "cura
existencial" ou "escada na terra" que são estranhos ao mundo gre
go e ao seu universo de discurso.
Tu.ta-se de manipulação, justificada pelo conreito de Untmchiebung
(troca). Em outras palavras, atribuição ilegíâma de uma idéia ou pro
p6sico. Mais imponance que a fidelidade ao texto é a "tendência
efetiva da problemática" (Die sachliche Tendenz der Probkmatik).
A questão orienta e legiáma a troca ou "forçagem" do sentido. Os
33
\!III OuMKtl
(HalSllAN IH60 • •
aocadilhos e demais distorções . que nulll .
10go5
• de p�avra, a.aram
c;araceer
e até po pulanzarain O I
. ªCll\is
Prit)ie-
1,
m o h
ro mo ent 0 0dem ao que. a retónca e ama. de diSSoc.1a. !)}o _ {}
�
u....i ca corresP , ,. ter5chitbung é uma varian te \'.ão ,.
."I:,
v "" d ual a un ·
111â.nôca, a q ma da in terprecaçã pode ser resumido o
Se o prob . n ificativo do discurso, como afir- a eol)}o e�,
le
�
ea o pelo sio,,:I.! tas
� �
"cmu.u a· • , • ªllVa ao
d . d sua fiddi dade. A rnterven çao do analista faz es '
exef OO e candu
"di sc ra.í da
,,
em
" '
diz-tratd
I
a
"
d e mo do a .
ligar sinto
o termo .
O rna ao
dese'Jo em questão em t.omo da fidelidade. O que este analista
reafuou em tennos recó ncos correspon de a\ d lSSOCJ ' . açã se
o mântica
d"e distraída" , no e n tan to ela nã o poderia ser realizada antes q
ue 0
discurso do sujeito o pennitisse. Antes do ponto em que O princ{.
pio de Sancho Pança pudesse ser aplicado.
Proredimento semelhante enconuamos em Freud ( 1900) quan
do este se detém sobre o sonho de Alexandre o Grande. O general
macedônio sitiava a cidade de Tiro e hesitava entre atacá-la ou
não. Neste momento sonha com um sátiro dançando sobre um
34
UCAII E A alNICA DA INlERPRflAÇÃO
35
NKII
GD l.ENZ Du
(HKllffJN fN
reviravolta trad uz a ru ptura da te
s o s caso s a lllp
EJ11 co d o t dos os casos ou se trata de d· o�i.
, jfi çi o . Em o 11.cr
s 1g co m mais ala Ili
dade d a u de daer menos P \'tas. 'h-aig.
ca
alavras o
n
os p . . fi -
cof11 Jllen r d as s ig m caçoes co ns i · ....la.
l. Cl tempo al t tuIU d
.e de din iJn Par a
,
os retó ncos gregos t rata: . ,... .1
""IC
espéci . da t re órica,
sempre o obJ:�':.i o instante em que a palavra extraia :va-Sc de
o
crat O �J' v'i, ll\4icilllo
encon /urjrÓS pertence a uma tempo ralidade que nã
,
to . O o
de efei eid ade, mas a d o aco nt-:� lle111
cessão, nem a da s imultan . -nent
a d a su o de lmguagem é o que º·
d esse aconteciment flnei
Ab usca
. rp çã Ne sta, estao - envo 1 v1 d o s ppe
•
a re a a
clt·ca d e 1n te reta o. . . anc0
i • _
o sem ân cica , a etimol ogia retónca e o temp o. Es ª
djssooaça . _ hi . . _ sas três
. _ respo ndem pela cn açao, s to naz.aça.o e tem por.il:-__
dilJlensé>fS . - . . -�
. ni6 - e são dimensoes mterp retat1Vas pouco con 'de
da sig caça0 _ • . s1 ra-
adro d a i n cerprecaçao m1d ráscluco-escrucu ta1 ista.
Jas no qu
q
Falta ainda um quarto d emento ue nos permita fu.er
QllJI
rox m ção entre a interpretação psicanalítica e a tetón'
que a ap i a • . ca
nda pela evocação subJetJVa que d eve-se esperar de urna in-
. - se "re-escutar"
responção analítica. Isto é, se o paaence nao
cerve lllais
além do qu e "queria dizer" , simpl esmente não podemos fular ehl
interpretação. Para atender a esta exigência devemos supo r que a
estrutura da interpretação seja isomorfa à estrutura do sujeito. O ra,
Lacan fala desta estrutura a partir de dois modelos: a metáfora
parema e a banda de Moebius. No primeiro caso o sujeito se defi
ne como um resíduo da metáfora. �im como ele será o resíduo
do sintoma ap6s a interpretação, isco é, uma questão e não apenas
saber sobre o sintoma. No segundo caso o sujeito se localÍ1.a no
ponto de torção ou corte da Banda de Moebius, o que permite
defini-la oomo uma superfície sem a esso e direito
v ou onde o aves
so e o direito se intercomunicam. Tanto
com relação ao sujeito
36
iÃWI t l a.lNICl Dl 1111UPIEllÇÃO
37
EI
1 MG0 lDIZ OUNK ,1.
(JIR1SffA11
s, p
aradoxos estes que represe
o -
n ta
lll o ªPat:
do suJ· eit , • ca �
en co :1 d a in cerpretaçao este Paradoxo
rn No nível a e º d
da veros.çim ilhan ça e não corn oP<>de Ser 'h
m o ru pru ra ruph . . ...
ccndido co É a diferença en tre o parad oxo ló ·
yerda d e . g •co ·1.1ra� ....,
relaçẠà . Es te últim o per ten c.e por excelên . e o Ih.
âJl CI CO• . CJa à ' "q.
doJCO sem neo
-� ueno apó l ogo d as ongen s des..... . tet6tj"'
s era um r "' d1
corn o rn° . . s ul da Itália para ter aulas de re
Sci l i h
P�� ..,
ao
s as i
Nele Tí i v � � al m tempo este, considerand
J
t6
0epa is
e gu o O ens�<:a �Ili
(.árpaX· .....Je
P"" a Tísias u m pag amen to, ao que e Ut:1""•1cri......
n d u íd o, . es r
to co t es Po lld
mei um retó n co, sou capaz de co n
Se de & co rne co - vençê. c:
" -1 a2 r. se entanto nao co nseguir pers 1O .
n ão deVO p"t,-• no . uadi·l de
q _ s ou um bo m retó nco e portan to não d o• 'SSo .
u e
e nao
mostra qu ....,i ático pro r a so1 u _ o eva ll:i ..,
d o ..,..om ru a ça para um prob .-õól.
10• • O• n e tenta
.
feito e l
. Iellla,
se co n co m o e d mguagem e sua pro :r o
rero n co - . J u el'ação
logo em quescáo oo a n d usao do ensm m
a en to e
N ap6 _ simul taneamente negados e afirmad os. Se Tísi l>aga.
0 O
mento sao . as
o en si.namento recebi' do d e negan a te-I o concl uído "'Pagas.
se pel · ''l O
A
38
màntica da coincidência enue os opostos, que a dialética reala.a n o
nível conceituai, a simultànea negação e afirmação.
Um aspeao do caso do Homem dos Ratos se presta à demons
uação de como o efeito da interpretação é tributário da figura do
oxímoro. Trata-se de uma fó rmula protetora à qual o pacienre
recorria para livrar-se de certos pensamentos libidinosos que lhe
ooorriam em rdação a determinada dama. Para impedir-se de pens;{
los ele proferia para si mesmo a palavra gkjisamm, neologismo
que construíra da seguinte forma:
39
l rllT IJU"JCft
(IIRJSflAN INGD IP"'
40
IJCAN E A a!Nlll DA lllltRPREllÇÃO
41
UUNl tK
CHRIS11AII IN60 UHZ
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
42
UCAN E A alNICA DA INIHPREllÇÃO
43
A ÉTICA DA INTERPRETAÇÃO
ÉTICA E LINGUAGEM
45
(HtJSJJAN INGO UKZ DuNIEI
ar a ação do analis ta ,
ces ª
"d
si de re6. n ca de pre cis
bem co mo a ne ma da ética.
ª em e rgê n cia do re
ent e co n co crera m para . .
certam . ica exigem m drretam en-
ats
. pect s fu nd am en ta.1s da clin
Dois as ime nto pslquico. A
.ca: a eransferência e O sofr
o
uma re8 �
exa o én
te . ndame nra.l para entender co m o
. d a é o veco r fu
is
uansferênaa, po O so fi.nm en to psí-
. no.mrerio r do tratamen to.
uma fala é. acoIh Jda .
álise náo se resumJ C a uma terapeu aca
A
46
UCAN E A alNICA DA INIERl'llETAÇÃO
47
CltllmAII /NGO IINZ DuNKEI
48
UCAN E A alNICA DA INIEIPIETAÇÃO
49
ClwrnAI 11,0 lDIZ Du11a
50
UCAN E A alNICA DA IIIIHPlmtAo
51
ÕIRISIIAN ING O Laa Duma
. epis tem o lógico a d iscu ssão com as posições
po n to d e vis ta . . p
D o
a pró pri a h1 sc6 n
a. recend em os eca.
. a represen tad as Po ssui su . .
aom . s1. cuaça- o d o p o n t o d e vi sta d a é u ca, e d e su as
m in ar aqm a
a in cerpretaçao.
co n seq uências para es -
men co. � hi_p óc�e q ue pe rp:15 sa ca !n
Façamos um esdareci
u sufi ca sua p ráuca a paru r e
uod uçao - é que, quando a psicanálise 1 . . . ti-
. cen, o r de um a certa co ncepção de linguage m, esta JUS hfica
no m a ve rsão sobre 0
va nao- 1·mp1 1·ca apenas na esoolh a da mais ad equad .
A esrolha não é m eramente e�1scem ol ógica.
que seja "a linguagem".
procu ra en rend er a linguagem, su a
Quando O linguista ou filósofo
al cançar um model o geral ou
posição diante d o problema visa
nco dest a. O prob l e ma é eq ui valen
particular para o funáoname
rbitas dos plane tas são elípti cas
te, por exemplo, a determinar se as ó
ssão sobre a linguagem
ou cirruJares. No caso da psicanálise a discu
a clinica, seu
está impregnada pda dimensão ética. Isco porque
interrogante fundamencal, é um espaço o nd e não ap nas cabe sa
e
52
LACAN E l alNICl DA INTERPIEIAÇÃO
S3
OmrnAH INGO I.Ellz DuNKER
54
UCAN E A alNICA DA IHltWTAÇ.io
55
CHRITTIAII INGO I.ENZ 0UNKER
56
UCAN E A a!NICA DA IIIIERnm
ç.10
cranscendencal-universalista de inspiração li beral
)·
4) o ideal do caráter ad uado (co m
o p reten de 'uma ética
.
eq
disci-
plinar).
Todos estes ideais seri am trib u tári os de um certa
ª
� . . cu1 cura da
culpa e sao extenores e anteriores à psican álise• .,..,1 0 dos e1es se sus-
tentam numa perspectiva aristotélico-kanti ana em que o funda-
m emo ético remonta a um Bem Suprem o e à conduta adequada e
con form e a este ou, acrescentemos, ao reco nhecimento do Mal
Su p remo (Hobbes) e à con duta adequada e co nfo nne para evitá
lo. O problema maior p ara pensar a ética da psicanál ise nesses
termos é que as idéias de princípio do praz.er por um lado e prin
cípio de realidade por outro são in co nciliáveis com o universalismo
im p lícito na noção de Bem Supremo. Tendo em vista textos como
"M al es tar na civilização", "Por que a Guerra ?" etc. transparece o
pessimismo freudiano ante a possibilidade de resolução desta opo
sição. Ora, bem antes da psicanálise o utilitarismo de Bentham e
a teo ria pol ítica de Maquiavel já haviam percebido o tom artifi
cial dos ideais agregado res e a ingenu idade que impl icam no
trato da coisa ética.
Lacan salientará, em resposta a dialética do prazer-realidade, o
papel da pulsão de morte, destacando-se assim da posição utilitarista.
sua eventual
Além dos objetos parciais da satisfação pulsional e da
pode ser avaliada
indisponi bilidade, o problema é que a ação não
ficias porque nem
em termos de um puro cálculo de custos e bene
o e os custos à reali� a�e. �A
sempre o prai.er se reduz ao beneHci
este desconhece a d1sançao
crítica de Lacan ao ucilitarism o é que
sem pre o que dá pr�r �az
entre prai.er, satisfação e gozo. Nem saus-
� e vt· ce versa, assim como nem sempre a dor traz m
. fuçao
satis
fação e desprai.er.
57
OuNKll
CHRISTIAN INGO lENZ
ue �ara é
al m da dialética entre princípio do
La can é q
A tese de que a to m a po ss{
. {pio da realIdade h averia o fu n do
prazer e p nnc . el Co isa (Das Ding) . A Co isa se
este fu do é des 1gnado p a
v,el . m O Outro absoluto, como o fo ra
: n
. n u' dos. co o
defi ne e m vános se . -
(Wieder-
. .ificad o e co mo O n úcleo mes m o da repettçao .
do sign vel ada e pertencente ao regt-
e ma n ida de
zu.ftndnz). rr.1raca-se d u u
· n te a Coisa o qu
e trad uz o Bem Supremo
me do Real , É JUS tame • • • _
. ál'1se. A Coisa é a Mãe' o obJ eto perdido e n a co nd1ça.o
na ps1can
ual se tecerá uma rede significan�e de
de perdido, a partir do q .
ltam e to. A Coi sa figu ra assi m com o um a espécie de
o cu n
e prazer e a real idade v i rão a
negatividade fu n dam e n tal qu o
ose realiza é a ocupação
encobri r. O que o fan tasm a na neur
m
deste vazio co m u m objet o, o objeto a to ado
em sua ide n tifi
cação n ardsica ao eu.
Esta separação e ntre o objeto e a Coisa de fato imu n iza Lacan
a:mcra o argumento utilitarista, contudo traz co n sigo um outro
decalcamento. Esta separação se aproxima do que Kant propunha
na Critica da mr,áQ prdtica em termos de uma separação e ntre o
wohl (bem, no sentido do que nos trai.em os objetos fen omênicos
de usofr uto) e o Gute (Bem, no se n tido de um imperativo
transc.endental de preservação da razão e do dever (so/Jen) que ele
implica) . O perigo da posição tomada por Lacan aqui é que ela
aproxima o Gute da Coisa e o wohl do objeto a. A diferença
residiria unicamente no fato de que n o caso de Kant estamos d ian
te de uma positividade form al, enquanto n
o caso de Lacan se tra-
taria de urna negativid ade. A d1' ere . .
fc nça a ngor sena entre uma
teologia positiva e uma teol . . a. Portan to não se trata
. ogia negatw
stmplesmente de negativ · ar O Be
. m e mostrar a perversão co nstitutiva
d0 obJeto substi tutivo , as de
m .
pensar JUStame n te u ma ética da
58
UClN E A alNICl DA INTERPlErlÇÃO
relação entre objeto (pmer) e Coisa (gozo). Para fàzê..lo l..acan recorre
ao fragmento de otimismo da teoria freudiana: a sublimação.
A sublimação se refere em termos freud ianos à utilização da
pulsão sexual onde esta é derivada para um novo alvo não sexual e
que se liga a instâncias socialmente valorizadas como a atividade
arústica e a investigação intelectual . O alvo (Zíe/ ) da pulsão é
sempre a satisfação, quer no seu modo ativo, quer no passivo.
Portanto o que está em jogo na sublimação é uma satisfação de
tipo diferente em relação a outras montagens pulsionais como a
form ação reativa, a inibição quanto ao alvo, a idealização e o
recalcamento. Esta satisfação alternativa à neurose se encontra
pouco definida, em termos metapsicológicos, por Freud. Sabe-se
que um manuscrito relativo ao tema e que integraria o conjunto
de textos metapsicológicos de 19 1 5-19 17 foi perdido.
Como tornar compatível a teoria da libido e a possibilidade da
sublimação? Em relação à primeira tópicaa sublimação corresponde
a um desvio da libido em relação ao objeto tomado interditado.
Como distinguir tal desvio do reinvestimento sintomático? Sim
plesmente pelo tipo de objeto, quanto à sua pertinência social?
Mas justamente o sintoma não se ajustaria perfeitamente a cenas
pertinências sociais, como na instrumentalização o�iva do tra
balho no mundo contemporâneo?
No quadro da segunda tópica Freud fala da sublimação refe
rindo-se ao fato de que nda se utilizaria uma "libido d�alizada",
penencente à esfera do Ego. Ora, as duas posições sobre o assunto
condU1.em a um franco paradoxo. Falar de uma satisfação pulsional
em relação a um alvo não sexual, no quadro da primeira teoria da
libido, é referir-se às pulsões de autoconservação (cuja energia é o
interesse e não a libido). Desta forma a sublimação seria uma espé-
59
Z 0U NKER
CHRISTIAN INGO I.EN
da pulsão
o n. a d O apoio ' is co é, ao invés
. da te .... l as conservação, ela
oe de co ntrafae.e y n p ul sóeS de au co
(An ft hn tm u emparellia-
sexuai se apü iar bli ma ça-0 retomari a ao se
e pe I a su
se separan·a desta . ma alte rnativa à ne u rose, uma vez que
Ist o se n au � a
mento original. e au tocon servaçao e
. que a gera se dá en tre a pul são d
o co nflito
pulsão sexu al , .
ese se alte ra a parti r de 1 9 1 4 com a mtro du-
No encanto esta t tal para
· · mo e O deslo camen
to do conflito fu ndamen . .
ção d o nar os 1s .
, e ntre libido do eu e
a esfera mte· no · r .1.. pró prias pulsões sexu ais
iL)
60
UCAN E l a!NICA DA INIEIPRETlÇÃO
61
(/IRIS11AN ING O I.INZ 0UNKER
. raI O fu nd amen to do vaso está justamente
concorn0 do vazio c.ent
_ óe m as no qu e ele c.erca, envolve. � a
naq uilo que nao o co mp ' - ,
esp aço d e u tilização cuj a co n d 1çao e o seu não pre.
criação de um ·
. to. Cnar . tom a -s e a ssim, e m termo 1 acam ano s, rodear A
endumen
Coisa de significan tes. .
apr . a sublimação e
0 caso da relação com a morte, que oxun
eu tr:1oé.
luto, cam bém é extra ído do c.enário grego. S modelo. é a ""t>
d.1a e em espea·a1 a de An dgona de Sófocles. De fato a interpreta.
-0 de Lacan é em po brec.edora se co rn ada em term os estéticos
62
UCAN E A alNICA DA IMlERPRETAÇlo
ACONTECIMENTO E CONTEXTO
63
KER
CHRlmlll ING O l.IMZ OUN
. de acepça-o ao lo ngo da ob ra de Lacan: ora se
va n a .
compl exo e
' .
. a da 1" dé" de lei o ra da de teso u ro d
'ª os s1gn "ifican tes, or�
"
aproxun . o estatuto do inco nsciente. G o s taríamos de pro..
ró pn _
remete a o p
co m
.
o u m a d etermi nada
pos1. çao tempo..
tex t
po r a no ça• o de con
o
u
.mgul ar sob a qual O cam po do Outro se co n figu. ra para m
ral e s o pode ser e n tend ido com o 0
. .
suJetto. rcnsamos que um con text
n
. um a determ inada situação . Po rtanto a
con1 unto de pos.dveis de
em algo fo ra d ele mesmo , e m algo
essência de um contexto está
que ele man tém irrealizado.
nteci mento se refere a um even.
Por outro lado a noção de aco
efetivada pelo suje ito falante, que
to, a um a escolha significante
com o d ividido (em fadin� . O
neste momento mesm o aparece
po r Lacan, de pal avra ple
acontecimento traduz a idéia, veiculada
ento perdido e equí-
na, uma palavra redescoberta co m o um fragm
mo
voco da história do sujeito. O instante de co n cluir, assim co O
ato analítico e a idéia de Tzchê compõe m o cen ário semântico do
as
que chamaremos acontecimento . A explicitaç:ão rigorosa dest
noções perverteriam o sentido deste trabalho , seu uso operacional
se limitará portanto à dimensão ética da interpretação, uma vez
que esta é sempre uma forma de lidar e provo car mesmo uma
relação entre contexto e acontecimento.
Se o contexto é o que ainda não aconteceu, mas que cerca e
torna possfvd um determinado acontecime nto, podemos dizer que
um contexto é sempre uma virtualidade. A versão m ais simples
para compreender a transferência é pe nsá-la como a reatualização
de um contexto, isto é, como repetição de protótip os infantis to
man�o O anali ta como objeto de investimento dos desejos a eles
�
��aado�. Asstffi como O paciente so fre essencialmente pela repe
uçao que mtroduz na significação dada a sua
história e seus acon-
64
UCAN E l alNICA DA nnunmÇlo
teci mentos cru ciais, a transferência poderia ser enten dida como
. ' -
u ma s 1gmfi1caçao repet'd i ora deste sofrer. O co rre que nestes term
os
a re pe ti ção não é prop riam ente a re petição de um aco ntecun' enco,
. _ .
m as a repeuçao de uma interpretação. É portanto em relação
a
u ma interp retação recorrente que se aniculam transferência e so
fri mento psíquico. Sabe-se que é no momento em que esta inter
p reta ção vacila que em geral se procura uma análise e se a inicia
pelo pedido de uma nova interpretação, é o que Lacan chama de
su posição de saber inerente e consátutiva do romeno transferenàal.
Uma primeira forma de considerar a transferência oomo oon
cexto é atentar para seu poder antecipatório. Todo oonrexto en
gendra uma antecipação e portanto uma sugestão. A forma narra
tiva do suspense e do romance na literatura e no cinema são exem
plos de como se pode manipular esta antecipação de forma a obter
cercos e feitos precisos como a surpresa ou a decepção. Um
comentador como Juranville (1987) chega a notar que o que ca
racteriza o inconsciente é justamente um conjunto de fenômenos
e efeitos não antecipáveis. De fato, a venente de antecipação da
transferência é a venente imaginária. A gênese do conceito de
imaginário em Lacan mostra como este surge da leitura de pes
quisas da etologia alemã e da psicologia de Wallon, que pennitem
destacar o valor de cenas imagens-traço na produção do oompor
camento. A constituição do ego é postulada por Lacan oomo a
antecipação de uma unidade corporal a panir da imagem do se
melhante. A mesma antecipação marcará a atividade da consciên
cia como unificadora do signo, isto é, da relação entre o significante
e o significado. As éticas que procuram a consistência subjetiva
(como a transcendental-universalista e a de práxis positiva) seriam
portanto éticas da antecipação, pois entendem a linguagem oomo
65
l.1NZ l)uNKER
(HRISIIAN INGO te con cord an te, ,..
· de fio rm a colet ivam en ""
ei o de an ceapar, ni fi ca d o. No en tanto, a e6cá.ci
um m . n ·ficante e sag . a,
rel ações e n tre sag • . azl· a do co ntexto se vê contestada quan.
r . da pnm
acaova, ipávd .
indusive exJ' est1O é
o n ão an tec
em q da i nterpret ação
do O que está � e pod e es p erar
. m ei· ro t ri but o qu e s
ª é
.
tarn
•
.
O p ri ó ri o do con tex to, JUs e n
. a o po d er an t ecip at ' ' '
st é.
te ndo em va fi
or m e a atu aliza r as pos s 1 b 1l ida des p r
ao
- se co .
te que ela S rn .
n
� exe mplos trat ado s por Laca n no e i
n
r est e. O s cr es • �
fiax adas Po . l'-• en te de t rês Sltua çoes o n de a
· b re a éu ca ia.i am J· us t am
ná n o so
. o de u m sa ber a n teci pa t ório
ea
. ção, ist
pa o é ' a i ntroduçã .
an t
. mensa- o s i n to máti ca: a m or te, o a m or e a cria ção .
ma di
ganh a u m atravessam en to do
real izar u m a travess ia ou u
Tra ta-se d e se a como d a r a el e e a o s
,1· at , e nã o ape nas de
co n rexco trans1e.eren
. a a cada momento. .
po ssfveis qu e de ger .
mp lo , pen se mos naqu de paciente altamente ps1<X>-
Po r exe "
e que i ni cia su a fala rem erendo-se ao seu ':° mplexo de
logil.ado
ca" etc. Esta �a anteapa um co �.
Édipo", à su a "depressão orgâni
compartil hado com o an�
cexto imaginário, que se propõe a ser
o deria apontar para
ca. Nesses termos o manejo da transferência p
a inoompreensão dos termos utilii.ados, para o quão problemático
é esta suposição de saber.
A segunda furma de entender a transferência como co ntexto é
notar que um contexto, a rigo r, não é interpretável. Isto se dá uma
vtt que, quando interpretamos um con texto, ele se toma um aoon
tecimenco indui do num novo contexto. Não se pode interpretar um
contexto simplesmente porque estamos induidos nde quando o fàze..
mos. É o que os fenomenól chamam
de drrulo hermenêutioo.
ogos
Por exemplo, quando interpretamos
a obra de Freud nom vetsão é
indulda no que chamam
os propriamente de a ob ra de Freud.
66
lwa E A 11111CA DA IIIHPIEIIÇÃO
67
l.DIZ DUNI EI
(HRIS11AN INGO
. nha de 1.61a . s, a·n cervém da segu inte forma :
' • "
Dora com a calXl ba q u e "caix inh a d e jó ias é uma designa.
"- Qur'çávocê não sar' v o ei ai u d ' , na- o r.u
m
e. _ •
"'
mui to te··•·
o m esmo qu e . . ,,
'd a p ara
ção profen mao, .. os geni tai s femmm
os.
a bo ls in ha de
Po com Po ode· . ,,
Ao que Dora res . . ass
você drna o.
" - Sabia que
uuca:
A ue Freud re b .. Ag
.
ora o sentado do so nho se
ue v od sa ia.
" � �uer diz.er q
p. 63)
com a mais claro." ( 1 ado da tradu o
q a incerprecação está do çã
Podemos pensar ue . . . .
caa s femm . .
m o s No
r F re ud .
· caixinh a de Jó i as = gem .
p rop osta po .
Dora arusa que esta eqmvalenaa é comple.
•
enranco a resposta de
A
68
U!'AN E A alNl!'A DA INIERPRETAÇ1
o
69
l)uNKEI
(HllS1WI INGO l.DIZ
. d IZ , __, • cranscen de n cal qu
' IVCl
e justam en te car��
Ul -..
do velho 'U1ef.ivd ' . o à qual ca b e esp erar
. n uvas e e m rel çã da
.
a
. as ega
cenza as ceolog1 . enco . A es tratégia . de Lacan ao sis tern .
. m
psican se u .
m disca naam
ªti-
. ce cer sido uma alternativa relati\,a.
a parur da lógica pare .
i.ar O real é de po uca valia quando
C tudo est a estr atégia a
n
mente eficaz. o .
. mida é a d éu ca.
perspecuva assu
a
t à a rma ção de Lacan no Se-
deste pon to de vis a . fi .
Recomemos .
de do mconsc1en te posta
" ferê ncia é a reali da
minário XI: a c rans
po ndendo a uma per.
mo Seminário Lacan , res .
em aco,,. No mes ' � é on ó
en e nao
ca direta, poscula que O estatu to do mconsa t tol gic.o
gun
. n ..... n realidade de que se trata em ato na transfe•
mas éoco. r,0 ,..,.. . co a
Isco quer dizer, uma realidade que
rência é uma realidade ética.
consti tuir. Freud já se referi a a isto
leva em conta O desej o para se
acravés do conceito
d e reali dade psíquica. O desejo, assim corno a
n de no entanto com a
realidade psíquica freudiana, não se confu
que nesta pertence ao
co calidade da subjetivid ade, mas se refere ao
inconsciente. Mas além do desejo a ética em questão deve-se haver
ca a
com outro co mponente fu ndamental da reali dade psíqui ,
pulsão. Desejo e pulsão são os dois componentes do contexto
a
cransferencial. A realidade da transferência se traduz assim pel
consistência in terna desce contexto.
Se a análise é finita devemos supor que este contexto possa ser
esvaziado quanto a sua consistência. Este esvaziamento é justa
mente dado no trabalho de interpretação. Chegamos assim ao ter
ceiro atributo da interpretação , nas suas ligações com a transferên
cia. Ela deve ser capaz de desconstr u ir o contexto que a tornou
possívd . Aqui aparecem as ligações entre a éti da psicanálise e as
ca
éácas que chamamos de desco nscruti
vistas.
70
IJCAN E A alNICA DA INlU
PRETAÇlo
As VICISSITUDES DO CONTEXTO
71
�UI
(IWS1lAI INGO I.ENZ
• ,0 su bjetiva do pacien te. A única CXlisa u
qe
mente recificar ª �ça incerprecativo e nunca wn puro c:on �
ceam e nto
�lo é um acon . . ,0 de um contex to por ou tro, on �·
a ra s u bsu cu1ça de
. , P
Aliás u
' ndo ao mesm o, é uma estratégia n,.,, tio
se re d uz 1
fim des ac:abam ' a de s implesm e nte su bstituir o C:On ró.
�"
esc ra c ég 1
rica frequen c.e· A con texto infan til não fica trás d.i
t�o·
,"
p se u a
--- �• dO Paaente, s A.
o r
a[WI as vicissitudes do so rn � . men
çao p ara to pel a su bSQ...
"V.
proru ra da sol u .
ue se m ostra em d i s cursos d i
o t po : "f: .
i ,o de con texto é o q " "
tu ça .agem,, , "vou m udar de namo ra ou devo fazer gin :lrt. 1
da
u ma Vi . co mo d'fi ásti.
al ça, do ambiente físi 1 casse n t-..
c:l, co mo se a cera 0
.
o co """'lO.
o &co é que a tran spo si ça
' o de co nte x tos sem i nter p re tação é ..;.,,e.
ficaz. 0 trágiro é que depois de algum tem. po o conceno se reinstaJa
iniciando uma série de substituições CUJa marca é a repetição da
mesma posição subjetiva.
.A5 vicissitudes do contexto são bas i came n te d e duas fo rmas:
0
acting out e a passagem ao ato. Nelas o aconcecimenco discurs ivo
,
isto é, a interpretação, entra em d� co ��asso co m o context
. da transferenc1a 1mpl . o J
cransferencial. O maneJO 1ca po rtanto além
da manutenção da posição interpretativa a preservação da
sua '
estrutura dialética. Quando isco se rom pe trata-se ou de
uma ab
sorção do sujeito ao campo do Outro ou de uma
absorção do
sujeito ao significante de fo rma a acent uar sua
divisão. Rom pe-se
rom isso a dialética entre desejo e gozo
que vimos con stit uir o eixo
cen tral da ética da psicanálise
.
O acting out se define pela
. encen ação do acontecimento ao
mvé s de su a re cord 1
açã o . El e é u m a resp
hiperfechamenco do osta dada ao
con cexco, isco é, pelo
aspectos da transfefeA · . acirrame nto dos três
naa: o seu poder ancea·
dade de interpreca . m patón· o a unposs· 1'bili
ça-0 e o av1V a ento da realidade . .
, ele inscmu.
que
72
llCAN E l CllKICl Dl llllERPIEllÇÃO
73
DuNIEI
(HIJS1LII INGO 11NZ
cusa� ,-o d as patro as, é escutad o corn o
.
a mento si'gn ifi C211 tC. a a U
. ra . de gow que desarvora o contexto até rtia
cwo
-e de i mpe
nk-i
csr- sca de1·irante.
q 11c
d 'd O pela rcs pa
este seJ· a reincro UZI ll(tint1
• •
()tltsáo os li mues da trans fer� .
at o e O � 1.:nci
A passagem ao a,
ál
n ise em q ue se coloca e m
A cad a mo men to d a a . .
jogo
uni
to d a cransferên cia co rre-se o n sco é uco d e i nco ........
acra vessam en ·•q
. .ss1t. ude ro n cexcual. A reco m en d aça- o fireu d 1' ana de u
V1a
nu ma . q eo
nto d a . terprecaçáo deve agu ardar o dese nvol vimen to d
10
mo me • • • a
fere
A
no•
a n -
a o se refere ape nas à e ficáa a m te rp re tat wa m as t....
.. ,_
erans 1 1-
bém às suas ronsequências éticas. Eventualm ente u �a análise pode
se estacion ar em fun ção d o arom odamento do analista à s ua posj.
ção cransferen ci al. O lim ite entre recusar es ta po si ção (o que
inviabiliu O cracamenco) e aromo dar-se a d a (o que o i nfini tii.a)
depende d o d esejo de analisar e é po r i sso q ue es te desejo é u ma
quesr.ão ética e não apenas técnica.
A interpretação no interior da transferência fica sujei ta ao modo
de apreensão dialétiro. É o que Lacan acentua no texto de 1951
("Intervenção sobre a transferência"). Pensar a transferência romo
uma dialética é supor que em algu m lugar deste contexto é possí
vd isolar sua ooncradição escrucuran ce. O "engano" transferencial
deve ser descon struído internamente e não pelo apelo a uma
exterioridade. Essa perspeaiva aproxima a psicanálise de uma
ética desconstru tivisca. Um a desconstrução
da supo sição de sa
ber que teria com o program a revelar
o fundamento de engano
da transferência. Ani qu ilaria-
se assi m a metafisica do sujeito
s� p sto em prol da ass u mp
� ção d o puro jog o de interremissões
signifi can tes. Não hi
mai s lugar para a interpre tação uma v�
qu e ela se faz em tod a
par te, em toda repeti ção (it
termo mais ap ropri a eraçã o seria o
do) .
74
UCAN E A alNUl DA llflHPIETAr,10
7S
I.DIZ 0U NIEI
(HalSllAII INGO
e. cial o fereci d o por Freud . Do ra. d
t ra nsrere n
,nan cer o co nt
ex t o
......1e a U .... ta É i. m portante n es..
u • a gove rnan .
des ...,.. u
.._o co mo se
O
....J p e r ,od o onde as intervenções de F far
a , s um rcud
u"' t
• •
que isto se passa . Po ral men te anteo páve 1 s .
l"'
ase , nteg
ro rnam-se qu
UNG UAG EM
0 MAL-ESTAR NA
. a:e aco ntecimento e contexto é u m m odo de
A dialéaca en
. · b ien te no qual se d ese nvolve um a aná};-·••
considerar o mei o am .
. representação da an ál&Se on de da al'l,J
Ob avemos ass1·m uma r-........
"'-1:
a , · e de ·
J o go • de exerdcio de inve nção nã o apenas de
como um espea
formas expressivas mas de u ma relaça.o com a palavra onde
novas
0 sujeito se enroncra su� ivame
nte co m o excluído que o pro du.
ziu. Esta produção subjetiva a partir do que estava exclu ído carac..
reriu O sujeito psirológiro em ques tão como um ser marcado ra-
dicalmence pelo arontecimenco . Acon tecimento para o qual ele
parece sempre insuficientemente capaz de abso rvê- lo o u de
concexcualw.-lo rom o uso da linguagem. A angústia talvtt sej a a
melhor forma de &lar deste aco ntecimento em estado puro.
Isco que pede significantização ou que do Real padece do
sign ificante, expõe a psicanálise aos riscos da teologia n egativa e ao
modo simbólico (Eco, 199 1) que a esta pode se conjugar, isto é, a
proliferação indefinida de uma nova significação que estará
sem
pre mais além da esperada. Eco define mo
d o simbólico como uma
fonna interpretativa onde: "os sím
bolos não podem ser completa
mente interpre tad os nem
com o si gnos (se méia) n em como ale
goria. São símb o los au
tênticos po rqu e são plurívocos, carrega
do s de alu sõ es • i n u •
exa rfve is • ,, (p. 2 1 9) . Neste sentido o Reai
76
UCAN E l WNICA Dl INTEIPIEllÇÃO
77
NIP
&O l.fNZ l)U
(H11S11AII IN
. CO nsciente, l ím p i da, adequada e tr "'
J.Jl
. rgada d o . an --pa..
ovidade exp a é t d a
u
re te nde um tca Práxis p o .
s i m es ma co m o p S t. tl\'
rente a icação do mal estar na Ji .. a,
. mente da errad
cratarla-se sunPtes . o nnais co m certeza, mas que nos...dgu�:
rn ana n
gem, o que nos .toda iv imanente a este mai estar. Csti.
r 1n ga t o
au.n. a do pa de
lh am os na ..r-o o pasta e pe .nsamos o a nai'asta como o
d ...:l'PN
Se
, nden tal-umve rsai'tzan te
saber t,.......nsce
0
- do qu al el
re de um e
agen . . d iríamos que se trata de t rad u çao do aco nt-.!sc
f.iz funoonário, _
o de u m contexto atua} .
'"""""
--' am os d ian te da traduça
. Esc au
mento
. ai ática v an .ada, fo rnea' do pel a assoa. ação ,""' lJl..
tenoon e de tem l i ··�
l uai e df'SCJ.aD te. Contudo 'l'l\o
para um ouuo COntexto• infanti , sex Q .....
78
UCAN E A nlRICA DA llllt
lfflllçlo
79
HZ DuNK ER
(H11S11AN IN G O I.E •
a ro
cal.
• d a d e d e su as rc1 aço- es gira
. r e lll
t
ente fazia a orri
Es ra paci n o m án. co. Ab o rd ava pessoas pam r deste fc o
co ca co st· c . . .. m fu n ção d ele, manti nha u rn th·,.
desse n hg 1 a o e . a�
. cuJava-sc a urn a .re.. éd i ca s , o donc o kSg1cas e finalrn e e.
vin . st1· cuiçóCS m n rc
o r i n .c.1 e saber so b re a ca usa deste s ofri rne Ps1.'
gri naçáo p
.cas, o n de a r.uta d n to
. 1 o d e so ciahzaça o. 1 ratava-se de u rn eta
• .. ...-:
col6gi
e ir· 0 es n al para fal ar e u rn a re hos
tt
u m verd a d to fu n d a ment
m p retex de
d iscurs i.vo, ..u ara u n tos dos mais variad os co mo a profi _de
.
ass
inrerprecaçõCS P
õeS a m o ro sas , a vi da e a mo rte. Um sintoma é tão rn �.
as rei aç �
át i CO d o pa n co de vi.sca de su a desconstr ução q uantO lll
pro bl e m
. d de con cext ual. Ele S(l s e coma desn ecessári o aj.
or a su a ca pa a a . quan.
1
u m a h os ai te rn ativo está d 1sp on fve e q.uand o se po de usuui:..u .
do ir
. mod o a s itu ar o aconcecune n to em oucra � ....
da lingu agem de . . r- lt,
o grande preJU. uu ,�,,. ético intro d uzido por d1Scursos q ue enr:i i'7., _11
·--..
, 0
e.:- ificante co mo : alco ol atra, d rogadt. to hom
so uu uento n u m sign . ,. , os.
o co nc� co s �1 tomat 1 co, mantend
sexual etc. é que eles reforçam o
erm m açoes contextuais· �
o aro ntea· mento a rado às suas det pda
incl usão de u m significante ao co ntexto sin tom ático que uma análise
começa (rom o O m ostra o materna da transferênci a). No encanto,
0 que caracteriza esta incl u são como uma análi se é j stamente 0
u
aspecto probl emático com q ue se realiza.
Supomos que a angústia revela a primazia d o acon tecimento e
que o sintoma aponta para a primazia do co ncexrn. Nossa hipó�
quanto à inibição é que ela faz opor, e não contrad izer, aco nteci
mento e ron cexco. Uma inibição como a que faz deter a histérica
diante do olhar do outro ou da criança diante da escolariz.ação
pode ser entendi da como uma forma de garan tir um aconteci
mento. A fobia, quadro clínico bastante ass ociado à inibiçã
o, se
caractema por um desej o prevenid o. Um desej
o constituído na
80
UCAII E A a!NJCA DA
IIIIHPRITArlo
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
81
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3G) .
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1 .
( l 9 'l J ); •A (Ii,rç:io ,f.1 c:um e ('U prin dp icu '1e «• ,� irc l : 1'rf.,n,u .._
A
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rótico· (1 953) /. 1, J11n111r1 hlf z...t,ar.
MAING l IENAl/, D. ( f 990) . fh(C'n,ttiq utP.º"; j dro : }01� J;lll c iro : J� rgc Zahar.
,. .u, 0 Jc
MILLER. ). -A. ( 1 98'i). !'nrurrodd,,unn. fl.j",.i [-rrtnP1• Jria d1 um J11tnna lk pn,,11•
/jlf flll hiJt
ROUDINESCO, E. ( 1 992) . /lürJ,.;,, ,l,ip11"' 1114 '''""'
0 ,1r u
------- · ( 1 994) . j,uqurr Út"'" º E,/,Of
mm,r,. S:Io Paulo : Companh ia d.u Lcir.1.<.
'CA DA INTER PRETAÇÃO
jl. LÓ G
AsPECTOS TEÓRICOS
83
(tmslWI I NGO l.BIZ DuNlEl
o da mtetpreta da
ucilizaçáo de lógicas não clássicas na ceorrzaça ção.
Algumas diferenças se colo cam quando o sistema referen .
Cial
disrursivo, no qual a dem onst raça- o se rea1·J.Za , e' o d"1scurs0 anal( .
se �-
co. Em primeiro lu gar as condições tradicionais e rn que co l\si.
.
dera uma teoria da prova não se ai ustam, i sto e, os critérios d
• '
87
mais roleran res à assimílação de parad oxos. Lacan, ao seu ln od º•
. se
inc� po r es ra possi bilidade aberra n a esfera l ógica
Nossa hipótese é qu e n o cen· tro dos desenvolvim en tos lógico
· - do . m d s
b axm a a necessidad
de Lacan se en contra um a su smmça
o
lo im ass ·
derivado da o n cologia pannenid ian a, pe axio m a do p fveJ�
, el ler ( 1 995) real fa
Segu i n d o u ma trilh a sem elham� G � ou
t
u m exam e d e cercos aspectos da teo na ps1can all i ca (o tempo, a
escol ha da ne urose, a pu lsão) m os tran d o que há necessidade de
u ma espécie de revi s ão onco l ógica da psi canálise de m o do a
q ue es ta incorpore a noçã o de contingência o u de a caso radi
cal. Apoiada em cercos desenvol vi m en tos contempo râ n eos da
física, n a filosofia t rágica de Rosset e na leitura da pulsão de
morte sugerid a por Garcia-Roza, a autora convida-nos a re
considerar a ontologia da ciência calcada no axioma da necessi
dade. A forma exemplar deste axioma seria encon trada em
Laplace e corresponde à idéia de q ue se pudermos descrever
com absoluta precisão o passado de um sistema poderemos
deduzir com igu al precisão e necessariamente o estado deste
sistema no presente e no futuro. Argumentando simultanea
mente no plano da filosofia e no da teoria da ciência, ela mos-
tra que há certos sistemas (da mecânica quân tica por um lado
e a determin ação da neurose por ou tro) on de este ideal deve se
submeter à presença de uma contin gência originá ria. Se a con
tingê nc ia se most ra uma alterna ti va no te rre no
da teoria
freu diana, pensa mos que é a impossibi lidade O ve,· ral mw•
. do para pensar a revisão em o rent
ap ropna questão 11 o qu a dro da te-
oria· de Lacan.
Se o inco nsciente e a pulsão sã o imp oss { .
veis de serem pen•
sad os, se são exteriores ao pensamento ' co
m 0 ª borda r esr
e im -
88
UCAN E A a!HICA DA llflERJ'RETl
çio
p ossível? No
ssa hipó tese é que Lacan o faz a partir
de três n{
veis d istintos: a sexuação, o sen tido e a signifi cação.
A SEXUAÇÁO
89
0UNIER
(HIISJWI INGO I.IHZ
relação
. leva ao aforis m o de q ue "não há SCXual ,,,
nina, o q ue
l r e-
mi� da l ógica real izada po r Ap u ei o n o século III. Esta simp rfi.
. p ossíveis e as rela •
cação representa os tipos e m od os J UÍZOS
m
entre des. S i tue os o qu adra
de
do de Ap uleio acrescentand o a e1:
ação:
enunciados de Lacan q uanto à sexu
Necessário Contingente
(universal afirmativo) funiversal negotivo)
"Todo homem ... " "Não todo mulher . . . "
- nõo cesso de se inscrever • cesso de não se increver
Possível Impossível
(particular ofirmolivo) (particular negativo)
"Exisle um homem ... " "Não existe uma mulher... "
• cesso de se inscrever • não cesso de não se increver
n as e nas l mh as refações
entre contrários (linha superior) e SU b
CO n trárrº os (I°mh • •
O quad rado de Ap uleio na verdade a mfenor).
expressa u m ª
lógr·ca d e Plledi cados, que uatt da un1Ve · ção entre a
Jun
· rsal1. dad
e e d exis tên
ª cia,
90
UCAN E A alKICA DA INTERPRmçlo
0 SENTIDO
91
l.ENZ DuNKER
(RamtAR INGD
92
UWI E l al111a DA l
ll!WRra�o ....
co n ceito Jacan í ano de dizer. A suposição - é
nao total men
co fll o . , lcs
ervarm os q ue Anstote te
. a, r i a s e o bs é u m au t o r de rc rc
arb i tr e_ rê nc 1a
93
I.BIZ DuNKER
(H11S11A11 ING O
94
UCA• E A al11u DA oounm
çio
0 No entanto, é por mei o desta i n terdi - 0
1 9 6 ). . . ça que se tornará
S s iv el u m gozo parc.
i al , CUJ a caracte r ís tica é se
u aspe ct o
Pº . . l .. . ,,
su bsci r u uv o e s1 mb 6 1co. O termo obJ eto é problem ático neste
ext , A substituição s imbólica (intermediada pela fu nção
co n t o
ula-se a partir d�í pelo signifi cante. O que O ern par
pate rna) v eic
cei ra me nto da demanda realiza é a tra ns fonnaç.ão deste possível
(s ign ifi cante) em necessário.
Esta idéia do gozo como obrigação e necessidad e imposta pelo
superego rem o nta ao texto "Kant com Sade" ( 1 963). A incidência
d a fu nção pate rna tem neste texto um duplo papel. Podemos
exempli ficá-lo a partir do seguinte exemplo: suponham os que o
i m pe rativ o superegóico se enuncie numa sentença do tipo: "Não
co q ue nisso !" . No plano do significante esta sentença limita a
int erdição a "isto" e fica sujeito à derivação metoními ca e metafó
rica hab ilitando desta maneira o desejo. No plano do empar
ceiramenco da demanda este imperativo pode ser tomado como
uma obrigação insensata ou de manter-se tocando no objeto ou de
nunca poder substituí-lo. Resumindo o esquema do empar
ceiramento da� demandas:
possível necessário
95
úllSl1AI 11, 0 Loa Du
NKEI
96
lACAN ( & allll(A
Dl INTtlPlmçio
u
d) ela é u m p ro. direr (po is não diz sobre nada e muito rneno'i
uas prem issas)
e%"pl icíra s
0 u so da topol ogia é
puro exercíci o de sen tido. Quando se
0
c m1a n uma chave m etafó rica, ele ganha em si i fi r'.i n
a s
cr r1 11 0 . . gn ca .,..... o
na d . A topol g a .
e m se o o i responde a�1m a exigênci a de
q ue Perde
j mite entre o que se de
aJgO q ue este a no li po demonruar e O que se
ode apen s a mostrar. N ossa h"1 '
poc ese e' que a copo1 ogia
· em l.acan
: espon de, não apenas a um velai.l o de formalu.ação da psica
rr
nál ise, e neste sentido de aproximá-la da ciência, mas também a
u ma fo rma de mostrar o que nela não é formalizável. Peroo rrer a
copologia, n este sentido, se equipara a ler um cex:co de Joyce. Dei
xar-se comar pelo puro di7.er e pelos limites da significação.
A SIGNIFICAÇÃO
97
GO I.ENZ DUNKEI
CltlfSRlM IN mo fi o q ue en
re du çã o d o desej o co t rei
ªÇa
e n co e N o ca s o d
all1 o ( F re ud , I 90 9 ). o so h o
escamote e e fu tu r m . n
d p re se nt fa l a n d o d e u m o
o , nt o v1 ine ,
Pas
sa . r fi car cal m ovi.me. • . .
n a s), v a i n
de rnos su n i p 1s ce nc1a s dm r a0 Pass
o e (r emm
P
arte do p
resent e.u t uro ( fi gu ração do de a,
q u e p o nt a p ar a o 1 se,
co . e p
esei. os iu faneis) a
do (d
zado). empo ral do a
· o co rno real i e ser d e fi ni da co m o efe i to t to
OP d
J A s1. gn1·fi1caM r o . . ,,
(l 96 0) La can an cora
.,. . ·subvei,ão do '")'".º .
e á nn si gnifi Cin te
d f,1. J a Poº'° de inve�ão e res.s1�
1fica ç.í o (e
&e2ç án o a mp se mf. diro
,;gni se "'. � m
P'º'° E u,nto rem pn ral ser ,
de i,,,,,). nq rva a p oss1b1hdade fut ra
u
ue não diz cud p
o e rese
isto é, um dito q ue Lacan tem
n ível d a sig nifi cação e d o d ito q
de ser re-dito. É no m menr,
riro o jn con scie n 1e. A sign ificação é o o
i 1, timnI< reó rrevers ível.
pc c tu in do u m an tes
e u m depois i
faz ato , in sti
em que a fala do or füósofos da
o d a li nguagem , assinal a p
o poder perfo rm ativ
nde bem à n o
ção l acan iana
e Sear le, res pü
Austin
linguagem como 1 98 4). A significação
ca ção (co m o o mo stIOU Fo rrester,
de signifi além de
mo m ento em qu e a fala fàz algu ma coisa
co rresponde ao
e coisas.
descrever um estado d ção psicana-
em pauta na demon stra
A "teoria dos raciocínios"
porque o dito re-vela u m ato de fal
lítica toca ao poder do dito. É
mo. A mmu1en ção do n lvd d:
iau q"' " 0 Pode ro "'idm1 legiti
_ de Lacan os avan-
s1gruficação absorve ao período lógico da obra . .
" é um a
ços do peno. do linguístico. O texto "Subversão d o SUJ.elto
" 1 ·mguísuco e lógico
boa síntese dessa hibridização dos paradigmas
No que toca ao projeto clínico. de po r em marcha a demonstração
do impossível envolvido na mterpreta�o pode-se destacar deste
texto a definição algébrica que neIe aparece do co ncetto . de sign ífi-
-
caçao. Ela é definid a como a mz . quadrada de -1 · I sto quer
98
UCA# E A aiHICA DA OOUl'RETAÇÃ O
99
NKER
ÚIRlrnAH INGO l.EHZ Du
100
UCAN E A allJCA Dl IKIHPR
E!Açio
101
útllmAN INGD l.EHZ DuNm
102
UCAN E A WNICA DA INlE
RPRETAÇlo
sto é, um certo demasiado cedo, uma imatura •
i ç:,o �undamental"
(p.80).
103
NZ 0UNKER
JIRISRAN INGO l.E
ÇÃO
A cúNICA DA INTERPRETA
104
UCAII E A alNICA DA IIITTRPRETAÇÃO
0 DITO
105
elhor trad uz a di,n-.. . en
ho mofi"núca é a qu m
e
ert e nt e sao d
Av m o eq u ívo co faze nd o aI>ar
a
ta jog.i co
.s gnificaça- o. Nda O anal is_ . ece
r
1 . nte, um segu n d o sen tJdo �.
m espea, · e de sigmficaçao late · "'"bun
u a o co se trata de i •
Soller ( 1 994), no qu iv
e
eveIar
do o comencário de . " . .
e d 1" acro n 1cameme u m s1g
. - e fazem ligar s mcromca
as renuSSOe'i qu
nificance a ou uo. Po r exem
plo , o "apo io" q ue El izabeth Von
cebeu de seu p·.ii se lig.1 à fal ta de "
apoio" que a imped ia d
R
e
não re o mp o é a p ci n
asia ). Ou tr ex e
andar (o sincoma da asrasia-ah
e l a t e,
( 1 994 ), q u e náo beb ia outra coisa a nã o ser
co mentada por Miller
lise rev e l asse as l i ga ções d esse s in to m a
"Coca-Cola" até que a aná
paciente, apelidada "Co co" . Enfim, a literatura
co m a innã da
plos romo esses , mostrando a perti
analítica está repleta de exem
d te e da significação com as fonn a
nência equivoca o significan
séries de sign ificação q ue 0
çóes do inconsciente. Enue as duas
sujeito, isto é, o lugar
equívoco significante reúne está o lugar do
refere-se a coisas
em que a significação se coma paradoxal, pois
contrárias e impossíveis de serem significadas em conjunto a não
ser por escas artimanhas da linguagem.
O sujeito está igualmente dividido, pois onde numa série há
enunciação na outra há enunciado, e vice-versa. Lacan, no Semi
nário XI, recorre ao paradoxo de Epimênides para explicar esse
desacord� �e significações como o lugar do sujeito. Se para a filo
sofia o su!e1co a ce sempre no lugar daquilo que diz a verdade
��
e a necessidade (log1ca), para a psicanálise O SUJelto
• • aparece sempre
d .uendo a mentira e O impossível n. .
°
. d12: "To-
_ · xuand Epunêmdes
. s" (sen
dos os cretenses sao menuroso do ele mesm o um cretense , a
verdade de .,;eu dito s!Í aparece porque d e d'iz . )
. A verdade s1m ul tan eamente a
verdade e a menura. 110 P1 ano da en un .
- a menara
c1açao,
no plano do enunciado. Os paradoxos vis. uai. s
de Eseher, onde se
106
UCAN E A alNICA DA llllERPIETAÇlo
te s eratur a de Lewis
cres
p rova l ógica de G odel são alguns exemplos que podem
Carrol , a
u ar que está em jogo , em cermm d o sujeito, nos paradoxos
il str o
da s ignificação.
Ho fstadter ( 1 989) mos trou co m o a ronstmçáo de cercas fugas
107
KER
(HRJSllAN INGO I..ENZ 0UN
ré
od d , no en tender de Hofstadte , O reeonh
0 teorema de G
• e a, r,cao no campo da lógi ca. De acordo eo e.
o. mento de.\t · çr . . • lll tal
s i
cons stentes d a
. "Tc as a.ç fonnulações ax 1 omáuca
teorema: 0d · • • • d . ,, teoria
uem uma pr opos 1 çao m e c uHvcl •
dos nu, m ero., ·
1 1 1d
As co n sequê nc ias desse teo re ma rep rese nta ram u m d u ro go l
. 1 de formal il�tção não equ
l.ç prcte1 is·�
Cvoct d e s i.�cem;L� ax i omáti' Pc
... •• . cos.
1 en 1 u manas pa rece atr
Derivar im plicaç(ie.ç disso para ;Lç c c a.ç h aen.
d em comr.l.rio de Nagcl , I 973) . No
te (apesar d as recomen açiíe;
d mo n i uma vez q u e n osso o bjet .
enranr o , não nos aprofim are .� s.m i
ena.ç exe mplifi car o que enren dcmo s po r paradoxos d e
vo é ap si-
multaneidade.
O caso do duplo sentido aferido pela interpretação é u m caso
de simultaneidade. Não que a percepção apreenda ao mesmo tempo
figu ras oposras (o que os ceôrirns da percepção mostraram ser
impossível), maç algo que depende do nível simbólico permite
reunir significaçíies amtraditlÍriaç no mesmo enunciado. Em psi
canálise is.ço se aplica à esfera do significan te que simultaneamente
pode se ligar a mais de uma série de significaçõ es. É por isso que 0
signi ficante pode ser definido romo aquilo que é diferente de si
mesmo (Dor, 1 995).
A técnica empregada na interpretação , do ponto de vista
homofônico, faz privilegiar a �ruta da polissemia em b
utida na
pala ra, a ambiguidad presenre a cada "giro signifi
� � can te". A pon
tuaçao, po r exemplo, e um úpo de interpreca
· ça
· o que altera e dec1·-
de a s1gm' fi cação pela introdução de uma
, contra-s1'gn 1' fi1 caçao
- , JSto
.
e, uma segu nda forma de e.çcucar O
que fi01. d'Ito, nao completa
mente estranha ao d ito original e nem
u ·
este. m aspeao mceressance da
com PIecamente red
utív el a
· poncuaça·0 e, com o
veIoa'dade da s1grn· ficação, concen ela al tera a
trand o-a nu m po .
mo , d1 sper-
IOB
LlcAI E l alllCl DA lll'EIPIEll\:lD
109
(HmTIAN INGO I.ENZ DuNKER
resa. ro r
n em plo em sua m ão u m isqueiro, q ue
p ,, Es . teiina em n·
. d o o som .1 zz, tzz... • te isq ueiro fu c . a.o
"'T'!
funcionar., produzm • 1o na
ara mi m, naquele momen to , ro mo an al tSta. Evide n tein en .ta.
t
p
ob o . sem
o do s an1o . trod uzir u rn e tlYe
que rever m inha fala s re sex a nll\'a
série a.�ociaciva &te exem�lo se presta a �os tar com o u rna i
n ter.
e ar d as mte n ões de nal e
preraçáo po de se p ro du m ap s � :,. is ra
fàz, neste caso, a parur de algo que I>ode..
analisante; a in tetpreraçáo 9!
as rup
riamos denominar de "analiwi do", o texto mesmo e su turas.
issemi a d a signifi cação é ro.
Outra maneira de explo rar a pol p
, is to é, esa uar co n tra-co munica t ivam e nte
vocar O equfvoro , fur.
w-se ao entendimento para apostar n o "mal en tendid o", criando
assim uma espécie de ato falho artificial. O que se o b tém , tanco
pelo equivoco quanto pela po n tuação, é um a-mais de sign ifi ca.
çáo. O percurso de uma análise, deste ponto de vista, corresponde
à redução dos significantes, que pas.wn a ser condensados por
séries, e ao mesmo tempo um aumento da significação neles con
tida. Cada vez se diz mais com menos. Isco permite dizer que cada
significante representa um sujeito para um n úmero crescente de
outros sign ificantes. Há portanto, em cada momento, um signüi
cante que nomeia a série nele contida. Por exemplo, o significante
"ratos", no caso do Homem dos Ratos, roncém a série: pênis (pe
queno oomo um rato), jogo (o pai fora um "rato de jogo" - Spielnzte),
mordidas (ele mordera como um rato na cena
infan til) , ânus (ra
t� s en�ram p� o ânus na cena da tonu ra), cri
an ças (rom o no conto
literário), dívida (prestação _ Rate' etc. , .
. . . , "Ratos , e, uma aucênaca
geramz de s1gmfi cação e de re-si n ifica - 0 .
. . . g ça q ue vai sen d o extrai"d a
pela poltsse m1a da mterpretação. qu
. o e es tá em Jogo na rela o
entre a séne e seu n omeante é que os d,' ça-
tos estao em ex
com relação a eles mesmos. te ·
non"dade
110
UWI E A alllCA DA
nntanmç10
É da estrutura mesma do paradoxo da si ifir--.-, . clu1.
�,.;;� m
. . r n da
- ' q ue devena ser exten or, i. sto é, incl uir na fal
gn
. .
aigo a o su,e 1to que
ue haJa mterpretaçao é n ecessário que a pala
fala. Para q
• • �
vra inter-
bém da ordem do dito, caso cm
pretan te não seja � _ que se in
cl ui ria com o um 1 d to m ais. Segu ndo Lacan o nível a que
penen
a
Ili
Ctt1t1S11AH INGO l.ENZ DuNKEll
0 DIZER
��-
• · · . Neste.� tre.� casos en con tram s
w o oo rte ' a al u.são e a c1raçao o �
A
li?
LAa, E A alHJCA DA IIIIIRPR
ETA Çlo
•Mas suPonham que C'II apontasse: com minha rnao
par:i u rna cuniJol
---Acr.í d istinguir o ªPontar para a cor do 3pontar ª azul. Comn se
pv--- par:i a forma·) (...) A J
- l?'SI<· {e no ato de dcmonstr:içi-o, mas ifeit:..=
.,..,
._,,,.!eria d.acr-se, nao
I"'""" anra no que rode:iaº cste
(p. 1 3} ato ,
n age m. "
no uso da li gu
113
CHllS1WI I N GO lINZ DUN m
. e e -l o a ques tão da au to ri a
d w:r. N o en canto • ant s d fazê pe rrn a.
nece.
Se ate ntamo s para a radi cal idade d a pe rgu nta vem os que
a
co ncl us iva. De fato - Quem fal els
n ão admite u ma respo sta a.? ó
mo e uma con cepção intencio n a.f s
admite resposta se se parti s d
da l in g u agem on de o s indivíduo s fal am pela li n guage m e n ão
sã:
i
114
lACAN E A a!NICA DA llllt
RPIEllçlo
re fl exões inovadoras so b re o estatu to da ci ca - Ao . .
çaº· crmcar a teo-
ria do s atos de fala, tal co mo fora apreendi da po Searl D
r e, erri da
( 1 9 9 0) a rgumenta que não há como separar a ci tação (o discu rso
r )
cea t a1 po r exemplo de uma fala "séria". Se O uze .. -
c.__ rmos. ad mmre
mos, implicitamente, que podemos control ar a propriedade da
fala. E se admitim os que podemos controlar a propriedade da fal a
desconhecem os o sujeito da enunciação e a hipótese do inco nsci
en te. Oco rre que a autenticidade e legítimidade desta propriedade
acaba desconhecendo o aspeao criativo da linguagem. A iteração
(repetição diferenciante), mesmo feira pelo "proprietário" da fala,
é sempre uma modificação não correspondente à fala original.
Assim a citação como modalidade interpretativa se demonstra um
convite ao impossível.
Tanto no corte como na alusão e na citação enroncramos a
auto ria como um paradoxo. Isco é, nos crês casos o ato subvene
sua autoria. Lacan dizia em Televisão ( l 973), que o único aco bem
sucedido é o suicídio. De faro, no suicídio o sujeito não pode se
apropriar de seu ato. Justamente nisso ele é bem sucedido. Há um
agente mas não há autoria, a não ser a que diz respeito a outros
sujeitos. O mesmo aparece nas formas interpretativas antes desig
nadas: o ato aparece sem sujeito. Um desejo sem sujeito, é assim
que Lacan se refere ao desejo de analista. Talvez em nenhuma
outra dimensão da interpretação ele seja cão necessário.
A SEXUAÇÃO
IIS
CHIIS1WI INGO Loo DuNIEI
sign i fia.çáo nem a gramát ica d o � n t ido, mas a l ógi ca. Yirno s que
cal impossível se demo n stra teoncame me a pani r das fó rrn
uJ
â ini en te o tip o int erpretativ
qu n à cas da sexuação. Cl cuné . o queas
mel hor se ajusta a esta vert ten e e g
o m ma. O en igma p od
e se
fazer desde uma int erjeição do ana li st a a té u ma fonn ul ação
explJ.
eira. o enigma se refere à revisão oncológica prom ovida po r La
can
117
EI
(HalSllAI laGO lro DuNl
118
UCAI E A WIICA DA IIIIHPUTA(lo
REFER�NCIAS BIBUOGRÁFICAS
:.,c:-.,r.
í JEI >
:"'
< ; J EIREf >O, 1. C. M. ( l 'J14). /-x14111r. rtt,nrf,,,:
UC.
ti,,,,. F.tWmm,, htidqgr;,,,,,,, ,,,,,,. t/Jn1t•
1;,11,111/l1ic11. sr�,
�o RJtESTEI(. J. ( f ?li�). J,,l,,flitl ti,, p1i,11n4/ii,. Campín... : P"l' irWI.
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,�ncm ilo, lol>Of" ( 1 90'J): "Unia <riança i c,p-.w:adA - IObrc um � de
10.., ob !ICo<iva . o h
n�6ia dc..:rito au1<, l,io�r,Jk,uncnte" ( 1 'J 1 1 ) ).
� U LLER. A. S. ( 1 9'J�). Air,11,á/,� I cuntrnf!,,,ÍII. l>ÍMclf.çi,> de �rodo. Sã,, P.do : PUCSI!
E
cJV.NG EI(. l! C. ( f 'J(.6) . p,,,,,,,,l,,mouihui111 humAw11J. Lisboa : Rá.
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119
LACAN E A ÉTICA DISCURSIVA
121
(HamWI INGO lINz Duml
122 �
lACAR E l alNICA Dl llll
HPI E!lÇlQ
sedimentada: uma história entmpccida, por ter sido tão prolongadamente não libera
123
El
(HRIS1WI !NGD too DuNI
que n,ao .-.... reduz ao si mesmo e que vaga-
d eu. ai i;
rtl
al go além O
. ' ncia d o i ndivíduo. Alain Badiou ,
d e nu'fi ca OllTI a e,'iSe
mente se '
I
, el 1l s• uJ· eito a parti r do desejo füosó fico
uahalhand° soh re a .
questao
que ele será apro priadam en-
resenra a te.'it: de
de no s.'iOS tenipos· • ap uatro tonalidades:
rmos. em conta suas q
te ro nsiderado se 1 eva
a insatisfaçáo;
1. a revolta· , a reaisa e
..... J·o de uma r.u.ão aierente;
, .1ca, o dºse
2. a 1 og . . .
3 . o umv. ersal, a recusa do fechado na mtmudade;
e 1:ielo rism do encontro .
4 . a aposta, o gosto pelo acaso
124
UCAM i l WNICA DA IIII
HftETAçlo
da. Com o diz- no Semin ário XI: "O estatutu do .
. tao frág.il n
.md1co mco nscieme, que
lheli o plano ôntico ' é éUal. . (..
. · .) Onticamente
então o malnsc1ente é o evasivo, tna.\ co n-- SL"\n
ti·u. mo s cercá-lo numa
estm tu ra: u �ª ei,trutura tem poral" (Lacan, 1986: 36-37) .
.
A suhJ euv1dade pode ser definid a nesses · termos como fu nda-
me nt ahncnte uma temporalidade. Tempo que d"iv"id O . .
e SUJeltO ,
_
u
q e faz su a duraça o correspon der ao sen tido de su a enu nciação . 0
p roblem a num a ética deste tipo é: como pensar a responsabilidade
de.o;te sujeito em relação a fal a que o produziu, como fazê-lo pres
tar amcas em relação a algo que lhe é por definição exterior, ou
seja o inc onscien te?
Este projeto caminha entre dois abismos, de um lado a ética
dnica proposta pela instrumentalidade do agir, e de outro, a ética
ideal ista, calcada na garantia oferecida pela realização do ideal de
racionalidade utilitarista. A ética cínica é correlativa do projeto
ep istemo l ógico em psicologia, a ética idealista se vincula à psicolo
gia de extração ontológica. Trata-se de pensar um caminho possí
vel entre estas dua.li ética.li.
Voltemos a Kant. Sua amlhida no sérulo XX.se fez pela introdu
ção de dua.li questões med iadora.li: a lústória e a linguagem. No que
toca ao nos.lio tema é importante dii.er que no século XIX a con
tradição entre o subjetivo e o objetivo é lida historicamente como
uma tensão entre o individual e o universal, tarefa de Hegel e
Marx. No século XX essa contradição, cujo ambiente era a hist ó
ria, se desloca para o campo da linguagem, lugar maior das fonnas
de detenninação e realização do sujeito. Vejamos como a sociolo
gia fala desse sujeito para melhor apreender na sua dimensão ética.
Sennett (1987) descreveu a pa.'i.'iilgem de um século ao outro
como o momento em que a esfera das representações públicas
125
l.ENZ 0U NKEA
(HRim AN IN GD
. I·a da vida p rivada. O home m públ 1co '
e se d sarucu . •
cc·de cs p:1ço ' lJ • dan do mkto a u m p ro cesso
e
ps l 1.
co n únua e maciça 1 . u I11 s uJ· eito em perm anente co l apso co
gi r
co e p nva . llt1 fa• z em• er é ém que soh remdo d esco nfi a ll\
d e, i sto • alg u do·s 1 U-
suH.U b1·ecivid. a . .
a' que reJ etta qu al quer forma de filiaÇão
ltc os qu e oc up
gares sim bá • 1 a calcada no m ucu a1 ismo ·
d os sentun . nt<)
· 1e nt o qu e nal e s
e eng,a1 an
n al'd
' a d e. U m · · ·
. ostos e d a perso SUJe tto que
e na 1den a'dade dos g . o . l ''
q u e p on h a em J g o 1c e 1 a s e nã o pesso"'•·s.
w mba de toda dt· scussão • • .
•
ca rc smo ; em vez de p rmd
Ele pede u ma re tóri do na 1S1 pios
co n fiáveis, u ma subjetivida ex m r É u de e pla . ma c u t ra que passa
l u
a ser descrita em categorias psicológica.� a)lno o narcisism o, de
acordo com a versão de Lasch ou o cinismo conforme Sl oterd ijk.
Hannah Arendt (1983), analisand o a transfo rmação do traba
lho em labor a partir do século XVIII mostrou como o declínio da
esfera pública abre uma nova e trágica relação do homem co m sua
ação. Na medida em que o espaço público declina, anula-se a
"coparticipação de palavras e aros" (p. 2 1 0). A palavra passa a ser
puro meio e a ação perde seu agente, não é mai s localizável num
sujeito que dda se apropria por seu d ito. A eficácia do discurso se
impõe ao seu valor de verdade ou a eventuais amsiderações éticas.
Como diz :
126
UCAM E A al11CA DA lllll
lftETAçlo :e...,..�
ti ca e in strumental se por um lado nos desenca
nta, .,,
. r outro nos
lr
faz inventar um novo tipo de sati sfaçao _ .
. , a sans fação estetizad ª
co m o s 1 mesmo. Con dição de possib il'1 d de do
· - ª p rocesso de
psia1logii.aça.o que encontra seu epicenuo m1,.i_ JUCm o no to
:
manu�mo.
. . _
Um a tercei ra VL�ao deste cenário nos· é ofierec1'da
. , no âmb ito
fran cê�. por Foucault . O mtere.•;se teórico de Fouca:ul ,
t especial
men te nos últimos escritos, dirige-se ao probl ema da "estética de
si" , isto é, como o homem co ntem porâneo habita e lida co m a
con tradição de não ser proporcional ao seu desejo e de cumo ele
respo nde a isso tentando Í37.er-se belo a si mesmo. A critica de
Fo ucault à psicanálise, que encontramo s em História da sexualida
de - a wntade de saber (1985) , tem como motor a condenação do
sexualism o psicanalítico. Lacan e Foucault estão , quanto a este
aspecto, em acordo contra uma ética sexualista fundada no bem
estar dos corpos e na hipótese de que a verdade subjetiva remonta
ao estatuto sexual e sexualizável de suas imagens.
Rajchman ( 1 9 9 1 ) mostrou como ambos se interessam
axialmen te pela invenção de uma ética do desejo que faça resistên
cia discursiva à "estética de si" e à psicologii.ação que ela implica. A
patologii.ação e docilii.ação dos corpos apontam para outro efeito
relativo ao fim do homem público, ou seja, o deslocamento da
liberdade para o âmbito privado. Só há liberdade quando o sujeito
não pode dizer integralmente a verdade sobre si mesmo, quando
ele se encontra de alguma forma fora de si. É por isso que a verda
de, tanto para Foucault quanto para Lacan, deve ser entendida
como parcial, o que não se reduz ao relativismo cínico e acomoda
do das opiniões.
Neste ponto se anrora a crítica foucaultiana do autobiografismo,
do humanismo e da primazia do autor. Vemos assim como uma
127
Du NKER
(HRIITIAN ING O I.INZ
128
UCA1 E l Oll!CA Ol
lllilftnl\io
com o salvar a no ção de verdade �
rente ao rc\at"iv
E,c cl uindo a verdade o ntol < u,ica e t ran ,: ,smo �ico\{>gi
sm nn ando o co ,.
- , . o SU.Je.1to nu m
e missor, nao e mau; possível fal ar n a Vl \ _ 1
'Tl aue sobr
. • . e as coisas mes-
m as , a ver<t ade e' a cnns1s tencia 16,•i
º ca 1,o uso da \ .m
se de pe ns á- l a a pan ir d o ideal da b oa co mu n.,cação. guagem . Trata-
. Em te os . ,
rm ps1colog.1cos os problemas são \'1d a
os parur da má
ro duça- o <t o se
· nm · i o, d o s nu'dos e enoanos a que
P . o u rna mensagem
n
po de se r s u h menda. . E .co ntra . ,
-se aqui um dos ilar
P es da psico\o-
1,ia in s trume ntal O tJ o 1 m1 1te e o cálculo dos p razeres a
partir do
b o m ent cn d 11ncn to.
e, •
129
CH11S1W1 INGD lalZ Du
NKER
132
Ul'.&1 1 A WIVA GA IIIIIHUvJ/)
dt11 da no rmal , wl corno fala K11l 111 ( 1 988} · A ..,.·1c•· , 1 u•a norn..., .• ,
ai� i m c omo :a 111á c 11 1 i 11a hurocrárica, caracrcrir.a-'iC po r u ma co n:
c i�nci :l !iegu ra de 011c l c e�t.lo os prohk1na� e qual a fo rma de rõt,lvê
lo�. O su jeito 11c�rcs ca.ms se cnco nr ra .\llpom,, a fala é garan úda
pe l a crc11ç:a 11a eficácia ci o c.0 11ju nro. Na burocracia a\�i m a,mo n a
u n ive rsid ade, o sujei ro produz em situação de recal que, 0 desej o
do pesqu isador, a�sim como o do chefe de seção deve estar por
defi nição el idido do que ele faz ou fala. Quem deseja, nesres casos,
é sem pre o outro.
O discurso de mestre se localiza no que anres denominamos de
psicologia de extração ontológiça. Vimos que por este veio gestam
se autoridades sobre a subjetividade, práticas que visam produzir
um sujeito consistente e idêntico a si mesmo. A formafü.ação de
Lacan coloca este sujeito do lado do agente do discurso, mas igual
mente como sujeito suposto e recalcado. Além disso a verdade
deste d iscurso remo nta a este sujeito suposto. O sujeito no lugar
da verdade é o que se tem no d iscurso totalitário, ou na sua varian
te de ética da competência. É por isso que neste registro a verdade
emana de quem diz e não do dito. A verdade pertence ao ser do
sujeito, daí a apmximação entre o di.� curso de mestre e a psicologia
ontológica. Se no caso do discurso universitário o sujeito é excên
tria., ao falante, quem deseja é sempre o outm (semelhante), no
discurso de mestre ele é suposto como concêntrico ao falante. Em
termos psia.,Mgicos, num caso temos como ho rizonte a fula de
133
Nlll
(Hm1IAN INGO llNZ l)u
c -se a fula autên tica, d a faJa q ue ec r .
n o utro era a d p une
co � sen�l ed o
d'.a e. Se a n rc.� o psi có logo cu ra pelo q ue s abe, pela técni.
a sin cx:n
.
ui le cu ra
pelo l) Ue é.
Cl, aq e . d' c rso fo rmal i1A1d o po r Lacan é o d a h i té
o cerce. .1ro �1s u wxis ·
r o , m as ex p o st o e ag e nte, s e rese
s rica.
ap n ta .
Aq ui o su1e1w nao é s r É r. s 1011. . n
d iro
' , r i o e divi did o. p a e 1 ro d a am b i uida
do a1 mo a, nc ra . g de
deseJ . º· Se 0 d is· cu rso · de mestre den u n cia u m gozo a rn ais
de se u . • • ,e
o d i sc..1 1rso cap1 tal1s ca, o da lus térica pade
por 1.�o se apr xima do •. . . ce
. lJ.> a menos. A o en ca a em crase, , q ua ndo est""
de um crô naco go .
e a org:mt.c ( Kuhn), e um exe m
privada de um paradigma qu pl o
hiscé riro . O u tr o ex em p lo e o que se pod e cha m
de discurso ar de
ru so de estil o, ta l co m o o e n co nt ram os no artista toma
dis r d o na
cul tura de m:wa. O di sru rs o h istéric o cl am a não por conse o ouns
por obediên cia, mas po r amor e reronheci mento. Do ponto de
vista da psicologia este é o discurso que consome su bj etividade,
que põem em marcha os disrursos anteriores.
O quarto discurso é o analitiro. A posição do sujei to coincide
aqui com o lugar do outro, ele está exposto e se sustenta pelo p uro
ato de fala, logo é dep endente e subordinado ao tempo de sua
enunciação. O sujeito está no lugar do outro, isco quer dizer que
ele é sua própria alteridade. Freud nomeava esta espécie de in timi
dade exterior de tmheim/ich, o familiar e estran h o ao mesmo tem
po. Nossa hipótese, e.orno vimos, é q ue o sol o de invenção deste
sujeito é a ética. Ética cuja premissa é o desejo. Notc--se que o
desejo, tal como o pensa a psicanálise, é e.,;.� ncialmeme trágico.
Distancia-se portanto da ética clássica p-aurada Jx:la
vinude, que se
liga ao discuoo de mestre, e da ética mode
ma pautada pelo bem-estar,
que se liga ao discurso universitário.
A ética suposta no disrurso anali
tiro é discursiva, é uma ética do be
m dizer e não d o di:zer o bem.
134
IJCAN E A al NJCA DA
INII RPl!Tlçlo
Tanto pelo seu veio trágico q uan to peJ o
ve10 do hem d'17
q ue aparece aqui é um efeito C!'itéti co da et1 . .er, 0
. . , ca e m questão
· AIgo
bem dito é sempre esteticamente interessail te. No en
. tan to isco
lo cal.1za o iU
.1 -l l b '1to estéuco para além do
eu , ,· unam en te no ãm' .
. d 1v1
º . h1to
t ransm º d u aJ d a 1 mguagcm. Note-se que O dºisa1rso analíu
a,
não é apenas o que se encont ra t.'ln ,·ogo num a .......... .,...%o, ma, um
ci rcu lador, uma embreagem que faz r- nm.,. de mn d1SCU '
rso a ou-
tro, q ue é por estrutura mais resistente ao tempo. Ele emerge, po r
• . ·-·· . .
va.es. na ausenaa de um a11a11,ta inmndd o. Seria irrisório fãlar, por
exemplo, n os valores ou ideais envolvidos nem étia, uma vez que de
não visa a ronsistência, mas é wn parasita de oucru fonnas d�
Atua romo um "enxugador" do go1.o da psirologização, 0 goro que
nomeamos anteriom1ence romo a sati�fação oom o si mesmo.
A ética d iscursiva proposta por Lacan se distancia da de
Habenn as, romo mostrou Aidar Prado (1 996), pois seu paradigma
não é o entendimento de suJeltos bem intencionados, mas a idéia
de discurs o como campo onde pode aparec.er o evento-sujeito e
que, como vimos, não é sempre o me.ç mo, pois sua relação com a
verdade e o saber se alteram. Os discursos inventam mundos, isco
é, lugares ou contextos onde o que é necessário, contingente,
possível ou impossível ganha funna. O que define um grupo. isw
bem poderia ser uma definição de discurso.
A práxis do psicólo go social, na medida em que visa institu i
ções, comun idades ou mesmo grupos específicos, trabalha de saí
da com a supos ição desta fala instim inte. Mas como bem salien
tou Jurandir Freire Costa (1 989), "o grupo" nunca responde e
sim os indivíduos nele envolvidos. Não há fala coletiva, assim como
não há subjetivi dade coletiva do tipo: "as grávidas", "os aidéticos",
n que
"os alco ólatras" • cão ao gosto da psicologia america a e ao
135
I.BIZ l)uNK!I
(HaiSllAN ING O
. ·caJ r brasil eira. No encaruo há d iv�,..,.
ps •
1 co 1 lgta 11osp1 a -- � rso
n1 fl-ce d a l • •
da fala . O nív e l d e. relaçã o ent re a te .
r fe'i nl s· uie1to o r1 a
enquanto e d can e a ps ico l og ia social n ão é apen as O d
t1s· e 1..a . :- u a d a d e . t e
do s d L�• cu rs nça o, m 1 ve e. l i ura para processos so.
a de sc
enain trar u . 11 1
li nnafüação de d iscu rsos específi co s e
se n n do d a o . que
a•at• s, mi . d a hem mai s d e q u a tro. O fu n d amen t éa]
. r amP1 ia cis
pader13.111 seé . nvo lvido na participação em u m d ad o di scu
ai e . rso
o hO nzo nce u · ál s como pa11acé1a para os pr
d e psi can i e ob le m as soe·1-
. ta
N a• o se cra
de dei car codos no divã, mas de pensar um
at.s, multo menos . . a
.1a soei'ai de orientação clímca, o q ue q uer d aer, eti camen
psia1log -
ce enraiza da.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
136
NAR C ISISMO C OMO METÁFORA
137
(JWS1IAII IN GO
lPZ l)ullEI
. são e morre, motor teórico de urna
iili • l de vida e pul d nO\'a
entre p �� ,.,,l síqu ia1 (19 2 1). Para um exame ponneno �
ho p
versãO do 3P"' - ue nos referimos ver Mcran (1984) sun · o
dos desloca
m en co s a q
1 992) e Laplanche (1993).
' anke
4) Garcia-Rl.17). (l9 86 ' · ·
(1 99 • finição preCISa o ron c.e1to de nai . .
� d e u m a de ��
� e� �
m o u ma noça·o fun da.m eneai para o enten d iment
mo ª:""___ l'l'C.C co o
. ce recação do ca.�o Schrebe r (1 9 1 1), Freud o
se N a tn rp p s-
da Ps1ro . ·• . m mom ento intermedi ário en tre o au to ero.
cuia a exiscenoa de u . • . .
am or de ob jeto . Sua 1m po nanc1a cl ímca se refere, nes
cismo e o . ai . te
t •
a e 1 ua "da ça·0 qu e pode oferecer d o e1x:o ucm ação-delír io
tex o, . .
t últim o se ri a, no en ten der de Fre ud, uma ten tativ a de rest itu -
Es e i
ção da lib ido ao objeto. A al u ánação compõe, por s ua vez, um
-... � igmáti co da sicuação em que o eu está às voltas co m
exemp1o .,......... . . .
um reco mo da libido. A oscilação entre lib ido no eu e no objeto,
exemplifica.da pelo texto de 1 91 4 na hipocondria, nas vicissitudes
amorosas e nas psico ses, depen de de um desenvolv i men to
conceitu ai da noção de 'eu'.
A hipó cese de um narcisismo primário t em em vista portan to
uma nec.essidade teórica: explicar a possibilidade de refl uxo da
libido. Tal possibilidade aparecia de forma incipence desde 1 900 a
partir da idéia de regressão. O que se acrescenta a partir do narci
sismo primário é o lugar desce recomo: o eu. Neste sentido ele
especifica aquilo que os conceitos de t rauma, fixação e fantasia
supunham, isto é, um lugar psíquico de concentração máxima da
libido e não apenas um momento do desenvolvimento psicosexual.
Do ponto de vista estrutu ral o narcisi smo pennit e a Freud pos
tular duas instân cias, o eu ideal e o ideal de
eu como circu itos
privilegi ados da libido. Como aponta Lapl
an che ( I 986) o narci
sismo não é uma pos ição de abs u
ol ta au sência de alteridade m as
138
lACAN E l WIIICA DA IIIIE
IPlmwJ
u ma in teriorização desta. Uma mes mi fica - do
. çao ou tro e da d"6 I e-
ça
ren que ele mscaura. O narcisismo, correspo nde n
u ma dupr1caçao - do outro ou a uma duplicação do eueste ·
t
sen ido a
T:ai d
uphca-
· l "1ca o domímo · da "1denu' fi1cação
ção 1mp , seja pelo ânguI() da repre
-
sen cação ( Vontellun,n\
.51 , das imagens ou dos afetos (a tradu - quan-
çao
. _
titauva da pulsao).
A n oção de estádio do espe�o introduzida por Lacan ( 1 949)
preserva este elemento de duplt ficação a partir de uma metáfora
ót ica que traduz o interjogo da,; imagens no interior da função mater
na. [)e &co, o conceito que inaugura o retomo a Freud, amvocado por
Lacan, é o de narci,;i,;mo. �e a re.,;e de 1932 percebe-se nos arti
go s de Lacan um nítido intere.,;.,;e em separar a noção de ego da de
suj eito do conhecimento, reservando para a noção de ego a colo
cação do prob lema de sua gênese. Do texto sobre o estádio do
espelho ao Seminário I (1953), passando pelo escrito sobre a agres
sividade (1949) Lacan, a,;sim como Melanie Klein, está às vol tas
co m um a reinterpretação do problema da fonnação do eu. Este
será um ponto de discussão crucial para os pc.Ss-freudianos em ge
ral, uma ve:z. que a tópica do narcisismo supõe, de e.erra forma,
aquilo que deveria explicar, isco é, a presença de um eu.
Ora, até 1921 a idéia de eu em Freud é paradoxalmente rudi
mentar. Anuncia-se no "Projeto" (1985) como um vago conjunto
de representações que o indivíduo entende como compondo a si
mesmo, como seu "eu oficial". O eu enquanco instância mecapsi
cológica à qual se atribui os processos de de.,;carga, de afeto e de
inibição está muito mais próximo da consciência, no sentido da
psicologia acadêmica da época, do que seria de se esperar. Em
outras palavra,;, &Ira à noção de ego não apenas uma teoria de sua
gênese, mas um apone que pe rmita pensá- lo em sua relação rom
139
I. 0UNKER
(HRISTIAII ING O ENZ
, , , Tema-� como a inrorporação, a identifi _
.
aqu ilo que não e ego -se d ca,
fc
e re m iretamente a tai ques ca- o. Urn a teo ri
ç.ão , a proJ•eça-0 ' re nortanto, de uma teo na . a
d o e u dcpen de' r- d a iden tifi
da fonnaça- o 92 1 no texto Psicologia de mass.as
á co nd ih'da e m 1
cação q ue Sll ser d . . e d a idéia de p rojeção ( 1 9 1 1 ) par ex li-.
rv a p
A n, tes disSO freU St: se
n,
. o eu em relaç ão ao o ieco.
bº
car a eco no nua d
. _ e. en temen te l evantad a em re1 aça- o à hi.pó tese
Uma obJeçao .u eq u
.. árío é a de q u e, ao pensá- J o com o urna esta o
d0 naras1smo pnm ' . . d
' rep rese nta do par exemplo pela v1 da mtr.1-u term a 0 9 16)
anobjecal '
ª
perde-se Por u m 1 do a
conotação especular presen te n o rnito de
._ .
Naraso, .
e Por ou u0 inco rre-se numa comrad1 çao. ao des igná-l o
m uma parte de s1 m esrn o n um
co mo u m esrado de satisfação co . . , .
mo menco em q Ue a teoria
não prescreve amda a ex1st en c1a de um
eu. A es te es tado s e opo ria uma escolh a de um ob jeto "exterio rn.
Toda a discussão sobre o esta u to t do objeto da pulsã o se vê deter
núnada pela realizaçã o desta oposição inaugur al entr e in terior e
exceriur. Oposição que se vê indiscriminadamente traduzida ao
nível da representação, da imagem e dos afetos. Os con ceitos que
procuram explicitar o caráter 'relacional' do ego, can to em sua
função quanto em sua gênese, são plenamente depend entes dessas
catq;orias, que são no fundo uma metáfora espacializance.
A leitura de Freud a partir de uma perspectiva filosoficamen te
realista, apontada como necessária por autores como Simanke
(1 994), implica em dificuldades ronsid eráveis para superar
esta
oposição. Uma derivação desta oposi ção se encontra na
dicotomia
fan tasia - realidade ou ainda entre realidade
psíq ui ca e realidade
material . Apesar de não ser em abso
luto necessária, esta aproxima
ção enue a atitude realista e a
primazia do espaço (e também da
visão) é historicamcnce const
atada nos aut ores da psicanálise em
140
1. '11
uCA N I A alNl(A DA INTI .,
R!'Rraçlo
141
1JNZ DuNIEI
CHI1!11A11 IN&O .
. ó te le s e , mz, m as u m co n-
m ais tard. e Le"b
d irlo Arl st
cà ncia, co n10 essen o al ment e heterogên eo e
d g c s o q u e o corn a
;u nto e lu ar
· ' 1aÇC1cS entre os objetos q ue orupam estes lug3res_
d as re
ind is.•;o ·
c1 a
( vc,( · • o pn)b le ma nesses termos v i· sa fiun dam e n tat.
sao d
Uma apreen· ·ecó a psico l ogista q u e o fará recair e"'
te es ca( ,a r à u ma e ra, ri • ..,
men fu ament o da pe r cepçao ou a aqu isição d a
0 do nd
rem as a,1110 ·
sp aç c1 c o m o nto men to do descnvo1vunento cognitivo
no ção de e. es e e,cto, será u sado como uma metáfo ra
9-1, n t t . .
da cn·ançi. O opa s nos parecem mais ncas para co nstruí-la.
a ex •
oc� o n tol l�,ia
'b
onde a� reu
Q ESPAÇO NARciSICO
142
UCAI ( l <IINICA Dl nm�a
143
Nl l)uNK IR
(HRI\DAJI INGO IJ
--
mea r e�re.� dois lubrares: de um lado está 0
Propomos ago ra no
eu e de ouuo O º bi,eco·
Note-se que não há po rq ue supô-los com o
. .
uma .uueno · n"dade em opo sição a uma exrenondade, uma vez que
stimídos sobre um fundo que
se uawn de lugares reverslveis con
não é nem exterior nem interio r em relação aos dois lugares em
questão. Encen demos que o proce� o de identifi cação, mol a mes
ua da conscicuiçáo do eu, trabalha na aproximação e afastamento
desses dois lugares em relação ao traço que os constitui . Tal m ovi
mento exemplifica ainda a "balança energética'' de que fala Freu d
em 1 9 1 4. Acrescentemos à nossa ilustração a idéia de que as linhas
(inferior e superior) a rigor não existem, pois caso contrário estaría
mos em contradição rom a idéia de ilimicação. Portanto ela� se
sobrep(>e formando uma espécie de banda ou de esfera. A figura
topol/igica do toro ou da câmara de ar é e mprq�acla por Lacan
(1 975) ao criticar aquilo que ele chama de topologia do saco (den
tro e fora), e que impregnaria cspccial mcnrc
a segunda Hípica
freu dian a e d<.'Vc .•nr
... J •
cm f ira< f a • para
ar1u1 •
. prcc1.� ar esta r<.·Iação espa-
cial do ego wrn o objeto.
A C<.'Vcnil iilicl aclc• ca ractcr, tmca · e fa on 1cm 11nag111�
· · na • e , 1aç rc1 a•
çfic� ela crian ça com a de1 .
nan, 1 a, n ão ,·xp rune uma con füslo entre
144
UCAI E I al11a DA IIIHPIETA!',io
F.ll
OBJETO
14S
I.INZ 0UNKER
(HRISIIAH IN GD
osirnes do eu o u do objeto se int
ar an t es o rop•t º � r P r �
N o l ug
resentaçao
duzi ria a rep
146
UCAII l A ala1CA DA llmlPIETAÇio
147
KER
CHRISTI AN ING O IJ NZ 0UN
. 1 • A ·rnrl.'dpaçáo d o o hj e m oco rre qu and e
c. • o s te
e fl' lll po r;11 ,e1 au . . o b.
· t'
, rh P e m os apr o x imar o ei x o cs
.
é :1p cn as l llt m • . od
, p ac1' a)
eco . . do
J . á . e• o e.:· i x o R' l l l llor:11 do s un b o h co : o fim d o so b re
im ag ur no 0 u
q aJ
•
. ú.· m é ;imd:t o real . A 1•claç:io, ,. • • • ,
11nagmána e c o
csrcs se an 11 1 . . r tad a
t.
pela l um: s,t .
. n . � o s i mh,íl ict cu1 os rermos f und a ment a is são O s l, · .
. . Jeito
o. Se ..·•a,mp:mharm os Lac:m aprox u na n do o msco n·sc i
eoO urr . . . e n te
. • .- 1l si • mh,íl ict ve os c
m omo seus prm c1p a1s at r i hu
llesta d u ne ns.1 tos se
uema, a sabe � :
vêe m rep rese ntad os pelo esq
l . 0 inco n sciente poss u i u ma tem po ral idade que não é p ropor
não pode ser aval iada face ao m
cion al ao espaço, isco é, que ov i
o;
mento ou à variação da posição de alg
2 . 0 inamscienre não adm ite contrad i ção : a amcradição s6 é
po s.�ível mm a exclusão do tempo. � contrad iç.'ío al m o fu n da
mento maio r da l,ígica s(Í pode ser rigo rosamente l evada a cabo
(em termos da lógica aristotélica, e provavel ment e é esta a que
Freud tinha em mence) , num mundo sem temp o. T<l dos os pro
cessos do d la1lo proposicional e das lógi ca.� de pri mei ra o rdem
são pensados e m relação à etern idade do concei t o. " Sócrates é
monal" exdui de Sócrate;, enquanto sujeito, suas afeçües temporais a
menos que elas pos.,;;un ser reáda.� na espacialidade do ame.eito;
3. o inconsciente definido como o sexu al , infantil e recalcado:
sex ual pois se es cru ru ra a partir da reten ção significante dos pontos
de excitação conscimimes das posições do eu. I nfantil n ão po r
referência aos primeiros momentos da vida do ser hu mano mas
por referência ao a nterior, co nscimido mais uma V<.'Z na sua poste
ridade. Recalcado pois esta d imensão tempo ral será f u ndamental
mente uma fo rma de preservar, modificadamence (por deforma�
ções simbolizances) o fracasso do objeto. A tem po ral idade fali ciza
os objetos, mmo que tornando-os " inc.cscuosos'' retrospeccivamente.
1 48
UCAN i A alNICA DA
llilHflRAÇlo
Vê se, pelo esquem a, como O incesto é
· · 1 Dglcatnen te
co ns mu m d o-se com o uma espécie de imposs fvel,
fiteça._ o (neu rót.
t ca po r exce-
lê n cia) . A fi cção da ultrap assagem do temp N
o. o en tan t
crata de um a fi1cçao - ela é sem dúvida reco o se se
rre,1 te e estrutura
nte. En-
qu ant o tal e1 a procu ra desco nstru ir a estru tura m
. esm a que a to ma
poss ível. Mats u, m a v� encomram oi. este asr- �·o d o . .
ai • . rac1o cfnio
cstru tur que e sua tende, nc1a a oferecer.' num dad
. o momento,
lugares para pensar sua prop na negação. Se se altera a d1m " ensao - d0
obj eto, elevado à condição �e alteridade radical permitida
pel a
l inguagem. Percebe-se logo a diferença entre a figuração espacial desta
al teridade, numa imagem-outra e a fit,'llração temporal desta alteridade.
O sujeito do inconsciente (mai s preásameme: o sujeito dividi
do desde o inco nsciente) é um efeito tempo ral do ato de fala, é um
instante em que se re-produz a barra temporal . A maioria das
re flexõ es de Lacan sobre o sujeito são uibutárias desta referência à
uma metá fora temporal, desde o tempo lógico, até sua localii.ação
entre dois significantes, passando pelo tempo mítico que antecede
o sujeito na genealogia familiar. A valorização do conceito freudiano
de posteridade (Nachtraglichkeit) acompanha a teorii.ação lacaniana
do sujeito.
Representamos na próxima página os lugares figu rados pela
introdução da temporalidade.
Quando refletimos sobre o espaço do autoerocismo e o aproxi
mamos do apeiron tivemos de representá-lo como uma espécie de
esfera. Traduzindo esta amsideração para o momento acuai do
esquema podemos di:r.e r que o ponto de encontro da barra que
representa o espaço rum a que representa o tempo deve incluir
u ma torção topolôgica que produza uma banda de Moebius, ou
seja, a estrutura postulada por Lacan mmo equivalente ao sujeite
149
I.ENZ l)uNIER
(H11S11A11 INGO
SUJEITO
EU
)
(falo im agin4rio
a OUTRO
ISO
UCAN E l CúNICl DA llllH
1lETlÇÃO
" N ão é a distinção espacial do objcto, sempre p ronra a dissolver-se n uma ide ntifica
ção ao sujeito q ue a palavra !C$ponde, mas a sua dimensão tempo ial. O objeto num
mo uma apa�ncia do mjcito humano, um duplo dele mesmo,
insta nte c on sticu/do co
ap resen ta, entretanto, uma certa perman�ncia de aspecto através do tempo, que não
indefin idamente duclvd, já que to.los os objetos são pen:clveis. E.sra apar� ncia, que
perdura um certo tempo, só é estritamente reconheclvd por intermédio do nome. O
151
ÚIISJWI INGO l.m DuxXER
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• mo o ar.
, · as : Trm
pin ta e Quatro.
152
0 Q U E SÃO ESTR UTURAS C LÍ
NI CAS ?
A ETIOLOGIA DA NEUROSE
153
(HIISIIAI fNGO 1.I1Z 0uNfEI
. ere à uma espécie de somação
se de Freu d n os rem
nc.,in>.� •> A lupó rc d < . " (I
ai m o sc n oca n as "Con ferên cias incr o . ut<,nas 9 1 5- 1 9 1 7),
--·' ,
calJ.ÇU • csq uem a sobre a ecilog1a d a� neu roses:
e
a parcir do SCl,'lll nt
acontecimento infanti l
constituição sexual
(acon tecimento pré-histórico)
154
IJ.ai l l afia D& lllIIPlm(l
o
vicissit udes da uansferênci a neu ró tica. Argu
menco semel han te
aparecerá em textos como "Aqu isição e mntrole do fugo,,
"So bre o sen tJ" do ana" tét"1co das palavra� prim 0932) ,
itivas" 09 10) e so-
bretu do em "Totem e tabu" (1 9 1 2).
b) O acontecimento infantil:. aqui Freud se refere às vicissitu
des
da hi stóri a infantil capaze.ç de por em ação u ma espécie de
redespertar da fantasia herdada. Trata-se de um enoo mro enue 0
universal da fantasia com o parti cular de um ser falan te. Por exem
plo, a premissa universal do falo (uma cfaç reoriaç sexuais infantis)
é con fron tada com a experiência singular que atesta a castração , 0
efeito deste enconuo se situa em tennos do recalcamento e da
angústia. Freud assinala que a ameaça de castração só é realmente
efi caz quando se agrega a este enconuo. Em tennos freudianos
este enconuo se dá de forma empírica, pela constatação da ausên
cia de pênis na mulher, como atestam os textos "O declínio do
Complexo de Édipo" ( 1 924), "As ronsequências ps íquicas da dife
rença anatômica entre os sexos' (1 925) e "O fetichismo" (1927).
O aconteci mente infuuil é fundamentalmente a signifiação de
três acontecimentos, que nem sempre se apresentam em Freud de
acordo com a mesma ordenação: a ameaça de astração, a angústia
e a constatação da castração.
e) A fixação: a conjugação das duas causalidades prec.edences
estabelec.em o que Freud chamou de ponto de fixação. Na confe
rência sobre a formação de sintomas ( 1 9 1 6) este ponto é apresen
tado co mo um modo de satisfação da pulsão que atesta o narcisismo
seamdário próprio das neuroses. Quando em 1 905 falava-se do
sintom a como "prática sexual do neurótiro", tal prática, que oon
tinha o elemento perverso inuínceal à sexualidade, já substituía o
eu na posição de objeto numa identificação propriamence sinto-
155
DuNKER
(HllSllAN (NGO lalZ
ã
. . Tai lc1n
ca
.
ira f.az a.1 111 que O ro nce ico de. fixaç o se. ligu e ao de
m á n d fi r:ío traduz-se ass un à mat nz p ul sionaI
�o · O Po nto e IXa,...
regre ssa
. . se ena.mera associado à compulsão à repetição
d0 sui· c·i to e po r is.�o . .
mo rcs . . u !ca nte do s processos causaIS antenores po der(-
(1 920). Co . .
. l ll'l• fanta.m , que com o efeito da confro ntação
am os &lar aqu1 < e lU
. �__ , d a p ro to fantasia com o pam· cu Iar d a experiência
�� o oo �
m pos ta singular. O ponto de fixação é
in fan u. 1 prod uz u a res - , u m a. resp osta ao m
• da puls ao
assim um em. 1 o s i ngular esm o
,um. ca e u nive rsal ao prob le m a da castraça_ o. Just a men te
cem po . .
. ) revela e esco nde s un ul-
por ISSO o po nto de fixação (Fooerung <
caneamente a castração .
d) o acontecimento acidental: trata-se da causa preci pitan te
ou desencadeadora do quadro neurótico. Um aco ntecime nto que
se liga ao ponto de fixação tornando-o eficaz. Pelo prin cíp io da
posterioridade (Nachtraglichkeit), algo cronologicamenre posterior
se liga a um traço mnêmico infantil tornando-o ativo na pro dução
do sintoma. O acontecimento desencadeante é assim um a re-res
posca à castração, atualiza-a e por isso é nec.essariamente um fato
de desejo, um retomo a determinados traços mn êmicos. Dizemos
com isso que o acento deve ser posto na idéia de aconteci mento e
não na de acidentalidade. O que gere o retomo e a produção de
um sentido sobre a castração, e daí a fonnação de um sin toma,
é
definido por Freu d co mo a Vmagung do objeto. O termo
aparece
traduzido na edição brasileira como "frustraçã
o" em geral relativa
ao objeto. Na edição espanhola o tenn
o empregad o é oraftustracion
ora denegacúm. A etimologia da
palavra no entanto nos remete ao
sufoco sagen, literalmente "dize
r, falar". Pro pom os que a causa
desencadeante seja entendid
a como de um, re-dizer ou eventual
mente de um des-dizer a
castração e o objeto que ela faz su
por.
156
UCAN E A alNICA DA IIIIHPIETAÇÃO
157
ÚIIJS1Ld INGO !DIZ DuN KEI
158
UCAN E A alNI CA DA IHIE
RPRE!lç.lo
159
(H llSlWI ( NG O
Lua DtJNKEl
da fa ntasia. O primeiro pas-
. e co nscquentemen te . • .
bJcto co, a falta de pcn ts n a
ceo ria do o co nteam
. cnto emp ín
fo rm a r o a tituída pelo fal o •
So será uans jm en to s un · bo'l i' co • a falta ins
aco t�
mu lller. num . scraçáo é defi nida como a. falta
n
u m s1 g m fi can te · A ca . •
isto e,• po r
o bJ' e co im ag inári o ( i' magem d o ...pems) . A
. (fálica) de u m •
simbó 1 1ca . • desta fal ta é O p rôprio mov i ment o 'do desc-
.
sa o à re pe u çao
a1 mpu i tm..ico dos sig nificantes. No entanto , a
. o 31,-.endamen co meto n...
Jº n . são se liga ao tema da deman da e só
ça- eo m o axio ma da pitl
u�xa o . (S O D) é fu ndamental me n-
ram e te ao d eseJ º· A demanda . .
ind ire n
vill e, 1 987) . O s 1g-
d e am or, de signo de am or Qu ran . . .
ce deman da
e (parte arus , uca) e um s1gn1fi cad o
no se co m pQC • de u m sign ificant . . ,
· nal · esta bilidade núaca enrre os do JS elementos e ro m-
a
(parte 1' deaao ) , . .
metáfo ra e resci ruíd a imagUlanamente pda demanda.
pida pela
, e por isso Lacan ( 1 958) a associa à
No en canto a dem anda
significantes onde o fantasma o pera a
regressa-o, e, um recom o aos . . .
o s igno. Ora, o que está perdido,
fracassad a tentativa de reuruficar
ora paterna (Lacan, 1 958), é o
se observamos O esquema da metáf
á n a radi caliz.ar a
sign ificado envolvido neste signo. Isto levar Laca
frase de Freud nos "Três ensaios", de que o objeto da pulsão é u m
objeto perdido. Para Lacan de será radicalmente perdido, sua res
tituição pelo falo imaginário estará condenada à irresolução.
A fixação torna-se assim a própria construção deste objeto, que
como observa Soller ( 1 994) é inominável, impronunciável. No
fancasma, termo que especifica a fantasia inconsciente fundamen
tal, destacando-a do devaneio, se trata de uma identificação a este
objeto. Por isso o fantasma varia de paciente para paciente, carac
terizando um estilo pulsional, e ao mesmo tempo possuindo algo
de genérico no que toca às estruturas clínicas. No caso do Homem
dos Lobos ( 1 9 1 8) este ponto de fixação aponta para a analidade,
160
UCAN E A CLINICA DA IIITERPmAçlo
161
lHROIIAII IRUU ..... · ·····-
162
UCAN l l WXICA Dl
OOllMlçlo
pela p r6 pria no ção de estrutura
co mo algo
que n-ao se tran
De fa to, o que se po d e esperar da sfo nna?
clin ica psican alf
apenas aos ere1 e. • to ta. ca d'lZ rcspeno
s d a emutu ra (especial
. . mente co m re1 _
açao ao su-
J el to), n u nca em relação a ela mesma. N ão há, n
. esse sen u'd o, pas-
sage m d a neu rose à psico se ou da psico
se à neurose
e assim po r
d i an te. Neste sentido a idéia de u ma "cura
" da neurose não é
forma algu ma a passagem à al uma espécie de
de co ndição de nor
g
m alid ade p síqu ica mas a invenção de novas al te
rnativas para res
po nder às sobredeter minações estruturais.
A estrutu ra clínica, de acordo com a formulação
de Lacan (1955)
é a estru tura de uma questão. Uma questão não se reduz.
à pergu n
ta m as é m esmo sua con dição de possibilidade. Podemo s co
mpre
ender o tratamento psicanalítico como a condução desta q
uestão
ao seu li mite estru tural Lacan particulariza as estruturas
. clínicas a
panir da presença de uma questão fundamental: a mulher na his
teria, a morre na neurose obsessiva. O que torna possível a ques
tão ? Pelo exame das co ncepções etiológicas da neurose vimos que
o que toma possível cal questão é simultaneamente:
1 a presença de u m conjunto de configu raçí'les que precedem
e acolhem a instalação de um sujeito específico, a saber: a estrutu·
ra da linguagem, a emutura de parencesco e a.\ condições veicula
das pelo Outro materno.
2 a presença da falta em relação ao circuito de idemificaçôes
ao lugar do objeto. Em outras palavras, o desenlace ohtido ao nlv
da metáfora paterna no que coca:
a) ao estatuto da função fálica
b) às condiç[1e� do desejo
e) ao modo de lidar rom a CLmação (ao nlvel da linguagem:
3 a presença do fantasma como:
163
KER
(HalSTIAN ING O I.INZ DuN
164
UCJ.I l l QÍIIU llA IIIE��
165
CHRISllAN INGO t.na
OuNKER
166
Ltw E l alNICA DA IKIE
IPIIll(lo
De modo a demonstrar as diferenças estrutucais. .
envo1Vid as n os
q uad ros em questão propomos a ucilii.aça- 0 do m 1to
· descnc .
o po r
Freu d em "Totem e tabu" ( 1 9 1 2). "Totem e tabu" é u reed" -
ma 1çao
do mito de Éd ipo, a encruzilhada estruturan te da sub·Jetlt
· tVJ
· " dade
humana. Co mo tal ele é um dos po ucos mitos, de fato, que nossa
época soube produúr. A hipótese de Freud é de que a história do
in divíd uo repete a hiçtória da hum anidade. Compreen dendo a
origem do estado de civilu.ação se teria a resposta para a pergun ta
e.entrai sobre a origem da interdição, da lei e portanto do motor do
recalcamento. Diz.emos que em "Totem em tabu" se trata de um
mito, apesar da justificação, dada por Freud, a partir da antropo
logia de Fr.11.er e do darwinismo de Atkinso n, po r que a presença
da lei, que deveria ser explicada, é condição da explicação, com o
observo u Co sta ( 1 989) . Enquanto mito portanto se prestará à
me táfo ra das diferença.ç entre as estruturas clínicas pois faz re
ferê ncia, e é uma tentativa de explicação, justamente da rela
ção entre os atributos a que chegamos anteriormente acerca da
est rutura: a falta do objeto, a função paterna, a articulação da
posi ção sexual ao gozo e a resposta do sujeito.
Freud postula que primordialmente os homens se agrupavam
na forma de horda onde o mais forte expulsava os filhos e tinha
acesso a todas as mulheres. Os filhos tinham como alternativa a
privação sexual ou a homossexualidade. Em certo momento estes
se organizam e matam o pai, seguindo-se o impasse, qualquer
dentre eles que se propusesse como novo "Pai da hordà' seria evi
dentemente morto. A solução foi instituir no lugar do Pai um
totem (animal ou vegetal) cuja fünção seria representar a lei que
simultaneamente impedia o acesso a todaç as mulheres e permitia
o aces.ço parcial (de acordo com uma filnnula de tipo n-1). O
167
DuNKER
CHIJSDAN INGD LBa
. uma interdição que se ex tende ao ani-
1m um tabu,
totem gera ss ·�
. eerrom pida ape nas na oc:as 1 ao do ban que
é te
mai tote• mico
e que m
se reatu -•=-�
clllL4 0 pa cto d e irm andade pe la reexecuçã
o
tote• �.1co , onde
. co rpo ração do represe ntante pat e rno.
do come, m
figuras do mito p ara os atn" b u tos d a es tr u t u -
Tran spon d o as
te relação:
ra tedamo s a seguin .
va: trata-se do que Lacan ehamo u de
1 0 Pai da Horda Pri miu
. Real , um lugar onde não há li m itação de gozo e as posições
co (pela força) e por i sso são
:uais se engendram fora do simh6li
co
preservadas, se O quisennos, no nível anatômi (entre o Real e 0
Imaginário)
2 0 Pai Morto : trata-se do que Lacan chamou d e Pai Si m-
bólico (posteriormente de Nome do Pai) que ope ra a par tir do
lugar de morto, isto é, limita o gozo, oferece um lugar p ara a
identifi cação (o ideal de eu freudiano) tornando possível a re
lação entre lei e desejo e portanto lugares simbólicos p ara "ho
mem" e "mulher". A partir disso se pode pensar e m:
2 . 1 "homem": trata-se de um lugar ond e vigora integral
mente a função fálica (Lacan, 1 973)
2 .2 "mulher" : trata-se de um lugar onde vigora parcial
mente a função fálica (não há nenhum ele mento exte rior ao
conj unto, como uma espécie de "Mãe da Hord Primi
a tiva" ,
que o funde e lhe dê co nsistê ncia) , ou
seja, por u m l ado do
lugar do objeto a (que com o vim os
é inco nsist ente) e por outro
do pon to nardsico de fixação
, o fant asm a, qu e lhe dá uma
pseudoconsistência .
3 suje ito·· l ugar vaz10
· , ere1 ·
e · to d e t mgu age m, ele se co nsti tui
nos mov . me nto s de alie
. '. nação e separação on de
de 1dent1ficação corre a cad a modo
spond e u m COnJ unto
de poss ibili dades
168
UCAN E A WNICA DA IIIIUPlETA�O
A NEUROSE
1 69
!DIZ DuNIER
(HRJSIIAN IN GO
c mo do recal q ue, em seu fracasso,
. mrece no re o
o m
sujei to co r- e ue O recalcado e o reco m o d o recalcado
d
�º de Lacan_ q' pel o co mpromi.sso o u d enegac-5
daí a afiema..- n os 0
sa. .&cao u id
são a mesma co i· fo Po rcan co, se de um lado temo s o gozo e de
·)"&
a ecá ra. . .
firmado pel m . ra c. ce e ntre os d ois é o su1, e1to (o q ue vai de
0 ' a 1 ncer
outro O deseJ· em banda de Moebi us) . Chega-se en tão à
ua es cru cu ra
enco ntr o a s d' .
a n e u ro se o s uJ·eito aparec.e com o um co rte, 1V1di-
idéia d. e q ue n .
a d{mca co mo.
.
P d e es cu tar n · -
do, e isto se o
.
- en tre O enun oad o e a enunc1açao, en tre 0
ça
a) uma separa 0 '. _ .
r_i u e se d iz , ou como u ma d 1s1un çto entre o d uo e 0
q ue se rai a e o q d ma
. r. A s1g . m'ficaça-0 , a mensagem, na neurose, é recebi a de u
d ae
(confo rme o esq uema L).
c. ma m
ror • vero'da a partir do Quero
ar do "eu penso" (ou do "e u não
b) uma separação entre o lug
e o lugar do "eu sou" (ou do "eu
penso") , 0 deseio , inronscience,
não sou") o goro.
, entre S 1 e S2.
c) co mo determinado por uma posição intervalar
A histeria corresp onde a uma estrutura onde o ponto de
ind usão do sujeito está do lado das "mul heres". Isto não se
refere à constit uição anatôm ica (há histeria em home ns com o
se sabe), mas ao l ugar de onde se faz o desejo. O d rama q ue faz
vacilar o pai poss u i duas d imensões: uma que coloca o ser fa
lante como objeto para o pai real (como se constata pela prima
zia da cena de sed ução), ou tra q ue produ z u ma identificação
ao falo (fazer-se passar por ele para sair da posição "mulheres") .
Desta forma, en q u anto desejada como um falo, como um sig
nificante fálico, a posição "mulhere s" fica vazia e d e lá emer
ge sua questão fundamental: o que quer uma mulher? Enten
de se desta manei ra que a histeria d eve mant er o d esejo em
:
açao ª qualq uer preço e por isso ele é defin ido por Laca como
n
170
UCAII E A a/NICA DA IIIIHP
amç.lo
171
KER
(HRlmAN INGO I.EHZ DuN
A PSICOSE
172
UCAM I A alN1 u DA llll[
RPtETAÇlo
"h omens", daí sua p rox imi
dade estruturai co m
va. Tanto como perseguido como qu ª neurose obsessi-
an to persegu idor 0
em jogo é o objeto e sua sobra im aginária ' que está
O Eu (
r I
da po e e é mtrans
· · . '
1t 1Va, é dessa intranS1t. 1v1 moi).
. ' dad S ua deman-
. e que se extrai a
certeza, marca mamr de seu discu rso. No en
_ . o é ass tanto , a aproximação
com rel açao a este obiet intó ti ca (como mostra
o esq
R), de modo que ele enfren ta de uma fo nn a mai. d'cal uema
s ra 1 d0 que
qual quer outro o desafio de por em palavras o mo · mm · ave
, 1. O
"eles", sujeito delirante do "sistema" ' do "pl an o" o u de qu ai
. _ quer
ou tra fonna de totahzaçao do Outro que caracteriza a paran ói é
a,
0 suje ito i mpossível do código. Impo ssível porque correspo
nderia
ao Ou tro do Outro. Para separar-se da absorção a este código a
paranóia investe na produção de um neocódigo, de um idioleto,
co mo a Grundspache (língua fundamental) de Schreber. O ponto
on de se trataria de um reconhe cimento do desejo (do sujei to)
se encontra fraturado . O efeito d isso são os fenô menos ao nível
da mensagem co mo a interrupção da frase, as repetições e os
cortes no discurso .
A esquizofrenia, por sua vez, tem seu ponto de inclusão na
posição "mulheres". De fato, a dificuldade em se furtar à condição
de objeto para o gozo do Outro explica o caráter fragmentário do
delírio e a predominância das alucinações visuais, como observou
Calligaris ( 1 984). A busca assintótica do objeto ganha, na esqui
zofrenia, o sentido da des pe rsonalii.ação e do esfacelamento da
im agem co rp oral. O eu se reduz à fragmentariedade própria do
objeto da pulsão.
A psicose maníaco-depressiva, investigada por Freud a partir
da melancolia, tem seu ponto de inclusão numa região entre a
posição "homens'' e a posição "mulheres". As.�im o pai Real mos-
173
ÜIRIS11AN INGO Laa DUNIER
A PERVERSÃO
174
UCAI ( A !il
ll\
(A Dl Ili!.
No fetichismo O lllnlçlo
,-t0 que .
ob;..
d Ul\ag i nar
perdi o na mulher é co ndi
ção nCCcssária •arnente substitui O falo
O caso do co rtador de tran é ""· · e �ficiente da satisr.. ...
ças r- ad ,..,...o.
lgllliuco: ao
atuai.17.a a castração d o ouuo' no cortt-las el -
entanto ao e re
. ai e1e nega sua eficácia simbó
pu1 s1on retê-las com
o ob jeto
lica.
No caso do sad ismo, o objeto-fe
tiche en
men :.J> e no masoqu •ismo do lado " contra-se d0
1ado "ho-
mu1L •ie,_""_,, Isto si· _,,,
mando o mito de "Totem e tabu" co g, uuca, to-
.. mo referên· cia
ca ção rá"
s_�o , que num caso
a stra se refutada pela pa ""-t>em d
e um desmen _ d
u od
sição homens e no outro da posição "mulhe--"
.
com a anál1se de Deieuze (1963) , que
•Qo • !soo
co
ª mbma
�o-
constata no
masoquismo
u ma denegação da mãe ao l ado de u ma aniquil2 .-,;" d
. . - . . � o p:u. No
sad ismo a s1tuaçao se inverte: havena uma inllarli ,-,n do p:u. e uma
_ _
deneg açao da mae. O problem a em falar na esuucu...
das perver-
sões é que esta _representa �íssimamente um fato clinico. o per-
verso, po r monvos estruturais, supõe-se, dificilm
ente demandaria
uma análise. É por isso que boa parte da bibliografia a resp
eito
apóia-se na análise de obras literárias, notadamente as de Sade e
Maso ch (como é o caso do artigo de Deleuze) .
A Vênus daspeks, de Sacher Masoch (1982), é representada por
uma mulher que mostra sua castração imaginária na fúria da vio
lência exercida sobre o masoquista. Ao mesmo tempo ela é porta
dora do fetiche (as peles de animais) que dão à ela o semblante de
um homem. No entanto, a filria da Vênus não traduz qualquer
desejo de exercer a violência: ela é constrangida a isto por um
contrato meticulosamente firmado. Tudo-se passa como se o con
trato firmado pennitisse a relação entre "homens" e mu\herci
sem a interveniência do Pai Simbólico. O contrato é, assim, uir
fonna de regulamento, não de lei, no sentido ncurótim.
175
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esta faz de cada um pai de s mesmo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
176
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