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INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

1. ASSISTÊNCIA

1.1. INTRODUÇÃO
- forma voluntária de intervenção
- admitido a qualquer momento do procedimento (recebe o processo no estado em que se encontra – art. 119,
parágrafo único, do NCPC)
- cabível em processo de conhecimento, cautelar e execução
- poucos procedimentos especiais não admitem a assistência: (a) juizados especiais (art. 10 da Lei 9.099/1995);
(b) processo objetivo (art. 7º da Lei 9.868/1999); (c) mandado de segurança

2.2. INTERESSE JURÍDICO


Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a
sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la.
* assistência simples/adesiva: relação jurídica não controvertida, distinta daquela discutida no processo entre o
assistente (terceiro) e o assistido (autor ou réu), que possa vir a ser afetada pela decisão a ser proferida no pro-
cesso do qual não participa.

CC 19 – Intervenção anômala

* assistência litisconsorcial/qualificada: terceiro é titular do direito material discutido no processo


Art. 124. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a sentença influir na relação
jurídica entre ele e o adversário do assistido.
Obs: Marinoni/Nery – não existe assistência litisconsorcial; trata-se de litisconsórcio ulterior x Dinamarco/Bedaque
– assistente litisconsorcial não vira autor/réu porque não faz pedido e contra ele não é feito pedido

2.3. PROCEDIMENTO
Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do assistente será deferido,
salvo se for caso de rejeição liminar. Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao requerente
interesse jurídico para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo.
- petição devidamente fundamentada (não precisa ser petição inicial)
- juiz pode indeferir de plano ou intimar as partes
- com ou sem manifestação das partes no prazo de 15 dias o juiz decidirá
- não há mais desentranhamento da peça de requerimento e de resistência
- o processo não é suspenso enquanto se decide o requerimento de intervenção

2.4. PODERES DO ASSISTENTE

2.4.1. ASSISTENTE SIMPLES


- atuação condicionada à vontade do assistido
- na omissão do assistido o assistente será considerado seu substituto processual/na hipótese de réu revel
o assistente atuará como seu substituto processual (art. 121, parágrafo único, NCPC)
- a oposição do assistente aos atos de disposição de direito praticados pelo assistido é ineficaz (art. 122, NCPC)

2.4.2. LITISCONSORCIAL
- atuação de litisconsorte unitário

2.5. EFICÁCIA DA INTERVENÇÃO


Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este não poderá, em
processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:
I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de
produzir provas suscetíveis de influir na sentença;
II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se
valeu.
- os fundamentos de fato e de direito tornam-se imutáveis e indiscutíveis para o assistente
- exceptio male gesti processus (art. 123, I e II do NCPC): não se aplica a imutabilidade da justiça da decisão
* diferenças entre eficácia da intervenção e coisa julgada em relação ao assistente
- assistente simples nunca suporta a coisa julgada material

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- assistente litisconsorcial sempre suporta coisa julgada material, independentemente de ter ou não participado do
processo; a eficácia da intervenção só é aplicada para a parcela da doutrina que entende existir a assistência
litisconsorcial

2. DENUNCIAÇÃO DA LIDE

2.1. CONCEITO
- intervenção provocada
- intervenção coercitiva (citação inclui o terceiro ao processo)
- demanda incidente, regressiva, eventual e antecipada:
(a) incidente porque será instaurada em processo já existente;
(b) regressiva porque fundada no direito de regresso da parte contra o terceiro;
(c) eventual porque guarda uma evidente relação de prejudicialidade com a demanda originária, considerando-se
que, se o denunciante não suportar dano algum em razão de seu resultado, a denunciação da lide perderá seu
objeto;
(d) antecipada porque no confronto entre o interesse de agir e a economia processual o legislador prestigiou a
segunda; afinal, não havendo ainda nenhum dano a ser ressarcido no momento em que a denunciação da lide
ocorre, em tese não há interesse de agir do denunciado em pedir o ressarcimento. Razões de economia proces-
sual, entretanto, permitem excepcionalmente uma demanda sem interesse de agir.
Obs: art. 125, § 1º, do Novo CPC – não é obrigatório, pois ao final da ação cabe ação regressiva

2.2. HIPÓTESE DE CABIMENTO (art. 125 do Novo CPC)


I) EVICÇÃO
- parte: adquirente evicto; denunciado à lide: alienante evicto
- não cabe mais DL per saltum:
* art. 125, I: “alienante imediato”
* revogação do art. 456 do CC (art. 1.072, II, do Novo CPC)

II) DIREITO DE REGRESSO PREVISTO EM LEI OU CONTRATO


- não cabe fundamento jurídico novo (Nery; Informativo 535/STJ: 4.ª Turma, REsp 701.868/PR) X cabe fundamen-
to jurídico novo (Dinamarco; HTJr.)
- denunciação da lide ao Estado em ação de reparação de danos:
* não admite em razão da ampliação objetiva (STJ, 1.ª Turma, REsp 903.949/PI)
* juiz analisará no caso concreto se há ofensa a celeridade e economia processual (STJ, 2ª Turma, REsp
1.187.456/RJ)

2.3. QUALIDADE PROCESSUAL DO DENUNCIADO


- denunciação da lide: réu
- ação principal (art. 127 e 128, I, do Novo CPC)
* litisconsórcio:
(a) ulterior, já que formado depois da propositura da demanda;
(b) passivo ou ativo a depender de ser o denunciante autor ou réu na demanda originária;
(c) facultativo, porque a denunciação é facultativa, e o processo não será extinto sem resolução do mérito, caso a
parte não realize a denunciação da lide;
(d) unitário, porque a decisão da ação principal será obrigatoriamente no mesmo sentido para denunciante e de-
nunciado.
Obs: art. 128, parágrafo único, Novo CPC – requerimento ao cumprimento da sentença diretamente contra o de-
nunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva

2.4. DENUNCIAÇÃO SUCESSIVA


- denunciação da lide da denunciação da lide
- art. 125, § 2º do Novo CPC: apenas uma vez

2.5. PROCEDIMENTO DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE PELO AUTOR


- propositura da ação (art. 126, NCPC: petição inicial)
- suspensão do processo
- citação do terceiro no prazo de 30 dias
Obs: art. 131, caput, do Novo CPC – descumprimento de prazo (por culpa do denunciante) ineficácia da denunci-
ação
- art. 127, NCPC: acréscimo de novos argumentos à petição inicial (não cabe mais emendar)

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2.6. PROCEDIMENTO DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE PELO RÉU
- prazo de resposta
- tópico da contestação (art. 126, NCPC)
- citação: integração do réu:
- reações do réu (art. 128, NCPC):
I – denunciado aceitar a denunciação e contestar o pedido principal, processo prosseguirá;
II – denunciado revel o denunciante pode deixa de prosseguir com sua defesa e interpor recursos;
III – denunciado confessar os fatos da ação principal, o denunciante poderá continuar sua defesa ou aderir ao
reconhecimento e só pedir a procedência da denunciação

3. CHAMAMENTO AO PROCESSO

3.1. CONCEITO
- intervenção provocada (terceiro pode ingressar como assistente litisconsorcial)
- intervenção forçada
- coobrigado (desde que terceiro seja mais ou tanto obrigado quanto o réu)
Obs: litisconsórcio passivo ulterior (STJ, 2.ª Turma, AgRg no REsp 1.281.020/DF)
* art. 275 do CC: credor tem direito de exigir de um ou alguns dos devedores

3.2. CABIMENTO (art. 130)


I) réu: fiador; chamado: devedor
Obs1: não cabe o inverso
Obs2: garante ao fiador o exercício do benefício de ordem
II) réu: fiador; chamado: demais fiadores
Obs: cumulação dos incisos I e II
III) réu: devedor; chamado: devedores coobrigados
Obs: somente em obrigação de pagar (Informativo 490/STJ: 2.ª Turma, REsp 1.009.947/SC)
* não cabe chamamento da União em ação de entrega de medicamento (Informativo 539/STJ: 1.ª Seção, REsp
1.203.244/SC; STF, 1.ª Turma, RE 607.381 AgR/SC)

3.3. PROCEDIMENTO
- tópico da contestação
- citação em 30 dias sob pena de ineficácia (art. 131, caput). Chamado residir em outro foro ou local incerto o pra-
zo é de 2 meses (art. 131, p. único, NCPC)
- art. 132: A sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim de
que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na proporção
que lhes tocar

4. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA (arts. 133 a 137)

4.1. NATUREZA JURÍDICA


- dispensa de ação autônoma

4.2. CABIMENTO
- incidente obrigatório, salvo se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipó-
tese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica (art. 134, § 2º)
- previsão expressa de aplicação nos JEC (art. 1.062 do Novo CPC)
Obs: inclusive o cabimento de agravo de instrumento
- cabimento em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução funda-
da em título executivo extrajudicial (art. 134, caput)
* instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribuidor para as anotações devidas (art. 134, §
1º)
Obs: quanto antes melhor para fins de configuração de fraude, quanto mais tarde melhor para evitar mais sujeitos
se contrapondo à pretensão
* art. 792, § 3º: a partir da citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar

4.3. PROCEDIMENTO
- pedido da parte ou do Ministério Público (não cabe de oficio): demonstrar o preenchimento dos pressupostos
legais específicos (art. 133, caput, NCPC)

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- instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribuidor para as anotações devidas (art. 134, §
1º)
Obs: depende de decisão do juiz ou basta a provocação do autor?
- citação do sócio ou pessoa jurídica com prazo de 15 dias (contraditório tradicional) (art. 135)
Obs: art. 9º, parágrafo único do NCPC
- produção de provas, se necessário
- decisão interlocutória recorrível por agravo de instrumento/ decisão do relator recorrível por agravo interno (art.
136)

5. AMICUS CURIAE (art. 138, NCPC)

5.1. NATUREZA JURÍDICA


- inclusão no capítulo das intervenções de terceiro
Obs: interesse institucional (na qualidade da decisão)
- Informativo 499/STF, Tribunal Pleno, ADI-ED 3.615/PB – auxiliar eventual do juízo

5.2. SUJEITO
- pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada (art. 138, caput,
NCPC)

5.3. HIPOTESES DE CABIMENTO


(a) relevância da matéria;
(b) especificidade do tema objeto da demanda;
(c) repercussão social da controvérsia
Obs: em qualquer grau de jurisdição

5.4. PROCEDIMENTO
- requerimento das partes, do terceiro ou de ofício
- juiz ou relator em decisão irrecorrível, defere ingresso ou requer manifestação (caput)
Obs: e decisão que indefere pedido de ingresso? Se for intervenção de terceiro cabe AI (art. 1.015, IX, NCPC); se
for auxiliar do juízo somente em apelação ou contrarrazões (art. 1.009, § 1º)
- juiz ou relator define poderes do amicus curiae (§ 2º)
- manifestação em 15 dias (caput)
- intervenção não implica alteração de competência (§ 1º) nem autoriza a interposição de recursos, ressalvada a
oposição de embargos de declaração e recurso contra decisão que julgar o incidente de resolução de demandas
repetitivas (§ 3º)

CC 18: prazos e litisconsórcio

* art. 229, do Novo CPC: prazo em dobro


- litisconsórcio
- advogados diferentes
- diferentes sociedades de advogados
* Súmula 641/STF: NÃO SE CONTA EM DOBRO O PRAZO PARA RECORRER, QUANDO SÓ UM DOS LITIS-
CONSORTES HAJA SUCUMBIDO.

CC 19: “Intervenção anômala”

Art. 5º, caput e parágrafo único, da Lei 9.469/1997:

Art. 5º A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés, autarquias, fundações públi-
cas, sociedades de economia mista e empresas públicas federais.
Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ain-
da que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente da demonstração de interesse jurídico, para
esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da
matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão considera-
das partes.

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