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UNIVERSIDADE MANDUME YA NDEMUFAYO. FACULDADE DE DIREITO DIREITO PROCESSUAL PENAL. 42ANO DATA: 13.10.2017 3.8 PROVA PARCELAR DURAGAO: 2 HORAS Responda de forma clara e concisa as seguintes questées: 1 1. Diga o que, substancialmente, distingue os pressupostos processuais das questdes prejudiciais? 2. Um dos pressupostos processuais, relativos ao objecto do processo, que estudou foi a litispendéncia. Qual é o efeito directo e imediato a que ela se propoe? 3. Instrugao preparatéria e instrugao contraditéria, o que distingue uma da outra? u © Tribunal “ad quem” pode sempre alterar a decisdo recorrida, aumentando ou reduzindo a pena, condenando ou absolvendo o réu... Aprecie a afirmasao feita. um Considere a seguinte situagao de facto: Ace B, dois agentes da policia de trénsito, quando faziam patrulha na rua das “Curvas”, constataram que o vefculo que circulava a sua frente assumia uma traject6ria irregular, pelo que procederam a abordagem ao seu condutor, C. Este, entretanto, desafiando o poder da autoridade, simulou parar, mas ao invés disso imprimiu maior velocidade e acabou por atropelar mortalmente D, “kupapata,” que se apresentou pela direita no cruzamento seguinte e com prioridade. Assim, apés diligéncias inerentes as circunstancias, procederam a realizagao do teste de alcoolemia . Para enorme surpresa, 0 resultado foi de 6,6 g/l. Deste modo, detiveram Ce fizeram-no presente ao Ministério Pablico. Cumprida toda a tramitagao processual, o réu € acabou por ser julgado e condenado pelo crime de homicfdio involuntario com culpa grave, Pp. € p. pelas disposicdes conjugadas dos arts 12.° e 15.%, alineas a) e b), ambos do Dec, N.? 231/79, de 16 de Julho, na pena de 3 anos de priséo maior e demais penas acessorias. 1. Qual (ou quais) a(s) forma(s) de proceso que cabe(m) ao caso sub Jtidice? Considere todas as hipéteses possiveis. Cotagao: Se 0 arguido, ao receber a acusagao do M.° P.®, nao se conformar com ela, o que poderé fazer? Ese mesmo nao concordar com a decisao final do Tribunal “a quo” ? Se num recurso de cassa¢ao houver por fundamento a existéncia de uma nulidade absoluta e insuprivel, que deciséo deveré tomar 0 Tribunal “ad quem”, caso julgue o recurso procedente? E se tiver por fundamento o facto de a pena aplicada ser manifestamente excessiva, a decisao serd a mesma? I- 6valores Il- 4valores Ill - 10valores O Regente, UNIVERSIDADE MANDUME YA NDEMUFAYO FACULDADE DE DIREITO DIREITO PROCESSUAL PENAL 42 ANO DATA: 13.10.2017 3.2 Prova Parcelar CORRECGAO MODELO I ‘1 Os pressupostos processuais tem natureza adjectiva, sao meras condigées das decisées a proferir no processo. Estas condigdes tém que se verificar para que possa ser proferida uma decisdo judicial, mas nada tém a ver com o fundo da questo, com 0 modo de a resolver em concreto, com a materialidade ou a existéncia dos elementos constitutivos do objecto do processo. = Pelo contrario, as questes prejudiciais esto numa relacao directa com o crime que € objecto do proceso e pdem-se precisamente para verificar se existem ou nao existem todos ou alguns dos elementos que o constituem. Tém, portanto, natureza substantiva ou material. 2. -0 efeito directo e imediato da verificagao da litispendéncia 6a suspenso do proceso no tribunal onde o problema foi levantado até que se averigtie em que tribunal 0 processo deve ter andamento. Pretende-se, assim, evitar que dois tribunais decidam de modo diferente uma mesma causa. Pretende-se ainda impedir a incompeténcia do tribunal. weak ThE? OL 3. - Instrusdo preparatéria 6 uma instrugao prévia que tem como fim carrear elementos que permitam o exercicio da ac¢ao penal pelo Ministério Pablico (art? 12.8 Dec.-Lei n.° 35007/45). - Ainstrugao preparatéria é secreta (art.° 13.° Dec.-Lei n.° 35007/45). - Ainstrugao preparatéria é dominada pelo principio do inquisitério. - £ ao Ministério Ptblico que compete a direccdo da instrugdo preparatéria ou a sua fiscalizago, quando a instrugdo for da competéncia de outros érgaos (art.° 14.° Dec-Lei n.2 3507/45). -Instrugéo contraditéria 6 0 prolongamento da instrugao, agora presidida pelo juiz, fete sear < am.) - Ainstrugao contraditéria é dominada pelo principio do contraditorio. - Ainstrugo contraditéria 6 sempre facultativa. - Ainstrugdo contraditéria pode ser requerida pelo M.° P., pelo arguido ou pode ser aberta oficiosamente pelo juiz. nl 1. Nos termos do disposto nos art®s 47.2 e 51.2, n.°3 da Lei n.° 20/88, de 31 de Dezembro, 0 Tribunal Supremo “conheceré de facto e de direito” e . - 0 Dec. poderd “confirma, revogar, alterar ou anular”, conforme entender ser 0 fa decisio objecto do recurso. Mas essa faculdade ampla de reapreciagao nao é absoluta, Sofre os limites impostos pela proibigao da “reformatio in pejus” (art.2 667.° C.P.P.). Ou seja, quando o recurso for interposto pelo M.? P., pela defesa, ou por ambos, no exclusivo interesse da defesa, o tribunal superior nao poderd, em principio, agravar a pena, Salvo quando se verificam os seguintes dois casos, que constituem verdadeiras excepgdes da excepgio e reconduzem esta a regra geral: - quando o M.° P.? junto ao tribunal superior , ao ser-lhe dada vista do processo, se pronuncie pela agravagao da pena; e = quando o tribunal superior qualificar diversamente os factos, nos termos dos art.°s 447.2 e 448.° do Céd, Proc, Penal. Mm .2 231/79, de 16 de Julho, determina no seu art.2 10.2 que os crimes nele previstos sejam julgados em processo de policia correccional ‘ou em sumério, qualquer que seja a pena aplicdvel, impondo portanto uma forma comum de processo menos solene a crime que, em condigies normais, seria julgado através de forma de processo mais solene. Ora, tendo o arguido sido detido em flagrante delito, ele pode ser julgado em processo sumario. Porém, se nao for possivel reunir todas as provas no prazo estabelecido para sumério (oito dias), entao sé-lo-4 em processo de policia correccional, apesar de ter incorrido num crime de homicidio involuntario com culpa grave, p. e p. pelas disposigdes conjugadas dos art.2s 12.2 e 15.°, alfneas a) e b) do Dec. N.° 231/9, de 16 de Julho, cuja moldura penal é de 2 a 8 anos e que em situagao normal requereria uma forma de processo mais solene, ou seja, a de querela. . Deverd requerer a abertura da instrugdo contraditéria e apresentar os elementos de prova que inviabilizem os argumentos da acusagao.(=+* >24- . Nesse caso deverd recorrer para o tribunal ad quem. Para 0 efeito, devera declarar antes de se proceder ao interrogatério do réu que nao prescinde de recurso (pois s6 poderé recorrer se os depoimentos forem escritos). Depois da leitura do acérdao, teré 0 prazo de 5 dias para interposigao do recurso, salvo se o julgamento for sumério, pois af tera de ser interposto na acta de julgamento. E, finalmente, depois de deferida a pretensao de recurso pelo juiz da causa, teré 0 prazo de 8 dias para apresentagao das alegages, €f6 mw Koh . 0 tribunal deve anular todo o processado a partir do acto declarado nulo e devolver o processo ao tribunal que proferiu a sentenca anulada para que observe rigorosamente a lei processual violada e af retome e prossiga os respectivos tramites. Art 62°. n.° 2 da Lei n.° 20/88, de 31 de Dezembro. Neste caso, o tribunal deve decidir a causa, alterando ou revogando 0 acérdao recorrido. Art. 62.2, n.2 1 da Lei n.2 20/88, de 31 de Dezembro. O Regente,

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