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Psicologia Geral

Psicologia Geral

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................................................4
1. TEORIAS PSICANALÍTICAS...............................................................................................6
2. ESTÁDIOS DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL.......................................................7
2.1. ESTÁDIO ORAL.................................................................................................................8
2.1.1. Estádio oral primitivo.....................................................................................................9
2.1.1.1. Estádio narcisista............................................................................................................9
2.1.2. Estádio Oral Tardio ou Fase Sádico-Oral........................................................................9
2.1.2.1. Estádio analítico..............................................................................................................9
2.2. ESTÁDIO ANAL...............................................................................................................10
2.3. FASE FÁLICA...................................................................................................................10
2.3.1. Fase Edipiana................................................................................................................10
2.3.2. Complexo de Édipo nos Meninos.................................................................................11
2.3.3. Complexo de Electra ou Complexo de Édipo nas Meninas..........................................12
2.3.4. Declínio complexo de Édipo.........................................................................................12
2.4. ESTÁDIO DE LATÊNCIA...................................................................................................13
2.5. ESTÁDIO GENITAL..........................................................................................................13
3. CONCLUSÃO..................................................................................................................14
BIBLIOGRAFIA E REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APÊNDICES
APÊNDICE I – ACETATOS DA APRESENTAÇÃO ORAL

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INTRODUÇÃO

Sigismund Schlomo Freud, nasceu a 6 de Maio de 1856, em Příbor. Filho de


Jacob Freud e da sua terceira mulher Amalie Nathanson. Aos quatro anos muda-se
para Viena devido a problemas financeiros da sua família. Morou aí até 1938, fugindo
para Inglaterra devido a ser judeu e o nazismo ter surgido. Aos 8 anos já lia
Shakespeare. A formulação posterior sobre o complexo de Édipo deve-se em grande
parte ao tipo de família que tinha. Onde a sua mãe tinha a mesma idade dos seus
meio irmãos. Estudou Medicina na faculdade de Viena, apesar de gostar também de
Direito. Conclui o seu curso tendo-se especializado na neurologia. Interessou‐se
inicialmente pela histeria e, tendo como método a hipnose, estudou pessoas que
apresentavam esse quadro. Possui o título, assim como Darwin e Copérnico, de ter
realizado uma revolução no âmbito humano: a ideia de que somos movidos pelo
inconsciente.
Os seus escritos pessoais são pouco conhecidos, não porque este não relata-
se a sua vida, mas antes porque destruiu por duas vezes, num intervalo de trinta e
dois anos, os seus escritos. E os que restaram eram protegidos cuidadosamente e
apenas foram lidos por pessoas muito próximas de Freud.
Teve seis filhos os quais destacamos Martin Freud e Anna Freud. O primeiro
devido a ter escrito um livro de memórias intitulado “Freud: Homem e Pai”, no qual
descreveu o pai como sendo um homem reservado, mas amável que trabalhava
muitas horas consecutivas, por outro lado nas horas livres brincava muito com elas. A
segunda, pois seguiu as pisadas do pai sendo também psicanalista no campo do
tratamento das crianças e do desenvolvimento psicológico.
Mudou o seu nome apenas para Sigmund Freud, em 1877. Faleceu a 23 de
Setembro de 1939, em Londres, com 83 anos de idade.

As teorias psicanalíticas adquiriram um lugar importante no nosso mundo


social e cultural. Podemos ler estudos sobre o papel do inconsciente na compra de um
produto comercial ou nas nossas opções políticas. Freud, teve de lutar contra tudo e
todos para que as suas revolucionárias afirmações fossem aceites e compreendidas.
Porém, na actualidade, as suas teses parecem-nos evidentes. Ninguém acusa a
psicanálise de perversa e imoral, como antes o fizeram.
Neste trabalho, vamos abordar o paradigma do desenvolvimento psicossexual
da teoria Freudiana.
Na sua teoria, Freud, sublinha dois princípios de quais nunca se desviou, o
inconsciente e a sexualidade.
Desde Platão, que o homem sempre foi visto como um «animal racional».
Reconheciam-lhe o instinto animal, de paixões obscuras, mas este instinto nada tinha
de inquietante, pois o homem conseguia controla-lo pela razão e pela vontade. Ora, a
existência de um pensamento ou de uma vontade inconsciente faz com que o homem
deixe de ser senhor de si próprio. O homem já não é senhor do seu eu. Não é de
estranhar que esta ideia fosse trazer disputas, pois torna-nos tanto animais como
todos os outros. O que nos diferencia, é a capacidade de julgar o que podemos ou não
realizar, através das normas e valores sócio morais que vamos adquirindo ao longo
dos anos e a presença de um Superego, que através da censura e do sentimento de
culpa, nos faz seguir os ideais morais de uma sociedade.

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No desenvolvimento Humano, a sexualidade tem um papel decisivo. O prazer
que o inconsciente procura e sempre um prazer. Mas este prazer não se restringe ao
prazer adquirido na excitação dos órgãos genitais apenas, mas de todo o corpo. Isto é,
«Aquilo que se entende por sexualidade fora da psicanálise, diz Freud, é uma
sexualidade absolutamente restrita». Para Freud a sexualidade não é significado
apenas como função de reprodução ou de procriação.
Então, tal como Freud, neste trabalho, vamos tentar demonstrar que a
sexualidade no Homem não surge bruscamente, completa, após a puberdade, mas
começa logo na primeira infância, com o bebé. Como foi dito, a sexualidade vai
implicar todo o corpo humano. De um modo implícito ou explícito, todas as épocas da
vida e todas as partes do corpo são capazes de desempenhar um papel sexual.
Assim, ao longo deste suporte escrito, veremos que as zonas erógenas, isto é,
capazes de excitar o desejo sexual, não estão limitadas às regiões genitais; outras
zonas podem também ser investidas de uma função erógena, consoante a evolução
individual.

“Aquilo que se entende por sexualidade fora da psicanálise, é uma sexualidade


absolutamente restrita.”
Freud

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1. TEORIAS PSICANALÍTICAS

Como já foi referido, Freud foi o fundador da psicanálise e nela desenvolveu


toda a sua vida. A psicanálise é uma escola de pensamento que nasceu da prática e
das reflexões de Freud, uma teoria da personalidade e do desenvolvimento (que
iremos abordar mais à frente) e ainda um método psicoterapêutico, em que o método
mais conhecido era a interpretação dos sonhos.
O seu objecto de estudo eram os processos mentais, que segundo Freud na
sua maioria eram inconscientes e eram estes que levavam a um comportamento
observável, e ainda a influência que estes processos mentais têm sobre o
comportamento do individuo.
Freud formulou duas tópicas. A primeira (que faremos apenas uma ligeira
abordagem), podia ser comparada a um iceberg. Este é constituído por 3 partes: a
primeira que está à superfície, acima do nível da água do mar, nalguns icebergs
parece ser enorme, mas é a parte mais pequena, esta parte é comparada ao
consciente na teoria; a segunda parte é a que está logo abaixo da superfície e é
designada de pré-consciente; a terceira é a que está mais profunda e que nos é
menos perceptível, mas que tem grande influência tanto para o iceberg como para o
comportamento humano, aliás comanda a nossa vida sem nos aperceber-mos, esta
parte é apelidada de inconsciente.
O consciente é tudo aquilo que fazemos ou pensamos e que é aceite pela
sociedade, também todos os conteúdos psíquicos que estão imediatamente
acessíveis, como a frase: estou com fome. O pré-consciente que também pode ser
designado de subconsciente é todas as ideias que não estão momentaneamente no
consciente, mas que são possíveis de serem recordadas voluntariamente, como por
exemplo: recordar-me do que comi há uma semana. O inconsciente contém todos os
pensamentos s, memórias e desejos que devido ao ser conteúdo não podem fazer
parte do consciente, sendo por isso recalcadas, ou seja, não podem passar para a
parte consciente.
Existe, assim, uma censura que bloqueia a tomada de consciência do
material inconsciente, o qual pode ser, portanto, sujeito a um processo de
recalcamento. O recalcamento constitui um dos mecanismos de defesa inerente ao
equilíbrio do indivíduo, sendo por isso, um processo normal. Todavia, a partir de
determinados limites, é responsável por comportamentos neurótico.
Posteriormente, Freud apresentou uma segunda teoria sobre a estruturação
do aparelho psíquico. Pois, na primeira tópica da sua teoria ele estava preocupado em
estudar apenas o porque do aparecimento de sintomas psicossomáticos, como por
exemplo, a histeria. Quando a sua preocupação passou a ser a forma como se dava o
processo da repressão, Freud, apercebeu-se que a sua primeira tópica não conseguia
explicar a forma como opera o inconsciente. Então, a sua segunda tópica, começou a
organizar o aparelho psíquico através das instâncias Id, Ego e Superego.
A segunda tópica caracteriza, então, os processos pelas suas funções e
objectivos. O conflito deixa de ser entendido como um conflito entre o consciente e o
inconsciente, como era na primeira tópica, passando a ser entendido como um conflito
entre os desejos do indivíduo e os limites impostos pela realidade.
O Id é a instância do aparelho psíquico de dimensão totalmente inconsciente,
primitiva (inata) e constituída por pulsões, instintos e desejos (agressivos e sexuais)

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completamente desconhecidos e por tudo aquilo que vai ser reprimido ao longo da
vida. Está desligado de tudo o que é real e não se orienta por normas ou princípios
morais, sociais ou lógicos. O Id rege-se pelo princípio do prazer, que tem como
objectivo a realização e a satisfação imediata dos desejos e pulsões, sendo grande
parte destas pulsões de natureza sexual. Esta estrutura do psiquismo é também o
reservatório da libido ou impulsos sexuais.
A libido é a energia que está na base dos impulsos sexuais e que é
susceptível de inúmeras transformações e adaptações. Sendo essencialmente plástica
e móvel o seu recalcamento é normalmente a causa principal das perturbações
psíquicas.
A sua sublimação, isto é, o desvio do objectivo sexual para objectivos ideais,
explica a maior parte das produções culturais, sociais e artísticas da humanidade.
Outra instância do aparelho psíquico é o Ego, que se forma por diferenciação
ao Id, mas esta diferença significa que há uma oposição absoluta entre os dois. Esta
zona do psiquismo, rege-se pelo principio da realidade, orientando-se por princípios
lógicos e decidindo quais os desejos e impulsos do id que podem ser realizados. É
uma estrutura lógica e racional, sendo por isso o mediador entre as pulsões
inconscientes do Id e as exigências do meio, isto é, do mundo real – Superego.
A última estrutura do psiquismo a ser formada é o Superego, que
corresponde à interiorização das normas, dos valores sociais e morais. Esta instância
resulta do processo de socialização e da interiorização de modelos como os pais,
professores e outros adultos. É a componente ética e moral do psiquismo, funcionando
como censura face às Pulsões do Id, pressionando o ego a controlar e reprimir o Id. E
sempre que o Ego transgride certas normas e valores sociais e morais, desencadeia
sentimentos de culpa e de ansiedade.

2. ESTÁDIOS DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL

“Freud vai demonstrar que a vida sexual do Homem não surge bruscamente,
completa após a puberdade, mas começa, logo na primeira infância, como bebé.
Não se limitando aos órgãos sexuais mas a todo o corpo.”

Para Freud, o desenvolvimento humano e a constituição do aparelho psíquico


são explicados pela evolução da psicossexualidade.
A sexualidade é uma totalidade dinâmica que penetra totalmente o ser
humano e que integra todos os elementos que o compõem. Não se limita nem à
função de reprodução, nem ao prazer das zonas erógenas, nem às diferenças entre
sexos, nem às características de independência ou de secretismo que a cultura atribui
ao que é sexual.
Considera-se, então, o processo de desenvolvimento uma interacção
dinâmica entre as necessidades e impulsos próprios do sujeito e as forças ambientais,
sobre a forma de valores e normas sociais e morais que estabelecem parâmetros
dentro dos quis esses impulsos e necessidades podem ser expressos e satisfeitos.
Nesta interacção o sujeito tem um papel passivo no seu próprio desenvolvimento.
Na sua teoria psicanalítica, Sexualidade não designa apenas as actividades e
o prazer que são proporcionados pelo funcionamento do aparelho genital, mas toda

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uma série de excitações e de actividades, que proporcionam um prazer irredutível
devido à satisfação de uma necessidade fisiológica fundamental (respirar, comer,
excretar, etc.) e que se encontram a título de componentes na chamada forma normal
de amor sexual.
Freud considerou o critério afectivo, um comportamento do indivíduo em
relação aos seus objectos de prazer e dividiu esse desenvolvimento em fases
sucessivas, atribuindo a cada uma delas um nome ligado à parte do corpo que parecia
dominar o hedonismo naquela ocasião. Todo o desenvolvimento seria marcado por
essas fases que se caracterizariam sobretudo pela mudança do que é desejado em
cada uma e pela maneira como esses desejos são atingidos. Freud considerou a
existência de cinco fases que são vivenciadas desde o nascimento do indivíduo até à
puberdade. Todas as fases representam não só a procura da criança pelo prazer,
como também a percepção das limitações que tem nessa procura.
Freud comparou o desenvolvimento psicossexual a um exército que avança
deixando em cada fase algumas tropas. Mas para que esse exército não enfraqueça é
fundamental que o número de tropas fixadas não seja elevado (fixação num estágio).
Sempre que o prazer for frustrado ou exagerado, numa determinada fase, pode
ocorrer a fixação.

“De um modo implícito ou explícito, todas as épocas da vida e todas as partes do


corpo são capazes de desempenhar um papel sexual.”

2. ESTÁDIO ORAL

A zona erógena do bebé nos primeiros meses, é constituída pelos lábios, a


língua e cavidade bucal. É pela boca que a criança entra em contacto com o mundo, é
por esta razão que o bebé tem tendência em levar tudo o que pega à boca. A
alimentação é uma grande fonte de satisfação em que a zona de pulsão é o próprio
seio materno. A qualidade das relações entre a mãe, que alimenta, cuida e mostra que
gosta do bebé, este facto vai reflectir-se na vida futura do bebé. Nesta fase o Mundo é
algo muito confuso.

Figura 1 – Para a criança, chuchar no dedo ou na chupeta é uma forma de prazer


sexual, segundo Freud.

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O bebé procura a satisfação libidinal apoiada na necessidade fisiológica da
alimentação. O que leva ao sentimento de dependência.
Esta sensação de prazer na zona bucal constitui a primeira manifestação da
sexualidade perversa. A sucção, em primeiro lugar, uma fonte de prazer e um modo
de satisfazer a libido. A libido situa-se nos prazeres orais, tais como: morder, sugar,
chupar, comer, levar objectos à boca. O acto consiste em chupar o seio materno torna-
se o ponto de partida de toda a vida sexual, objectivo nunca alcançado em toda a
manifestação sexual posterior ideal a que a imaginação aspire em momentos de
grande necessidade e privação.
O desmame confronta a criança em relação ao mundo e quanto mais tardio
se tornar, mais a libido será fixada. O desmame cria a diferenciação e o
desenvolvimento do princípio da realidade.

2.1.1. Estádio oral primitivo

Idade da não diferenciação entre a mãe e o filho, que vai desde o ventre até
aos 6 meses de idade. A mãe e a criança são o mesmo objecto, um só. Conhece a
atenção e inquietude e o prazer advém do acto de sugar.

2.1.1.1. Estádio narcisista

Corresponde ao Estádio Oral Primitivo. A mãe não é percebida como um


objecto externo nem como uma fonte de gratificação e frustração oral. O bebé começa
a conceber o objecto parcial, isto é, o seio materno, não a mãe, só seio, fazendo então
passagem para o estado analítico ou analítico.

2.1.2. Estádio Oral Tardio ou Fase Sádico-Oral

Para além de ter gratificações e frustrações a criança conhece a sua mãe na


totalidade. Isto acontece quando a mãe volta ao seu dia a dia, profissão, vida social.
Este estádio vai desde dos 6 meses até ao final do 2º ano de vida. O prazer advém do
acto de mastigar/devorar. As crianças tem esta atitude de morder até mesmo devorar,
arrancar o seio da mãe com o intuito de ficar com seio só para eles, porque pensam
que o seio pertence-lhes. Aqui desenvolve-se a ambiguidade do sujeito face ao
objecto, isto é, tem o desejo de sugar e ao mesmo tempo de morder o objecto,
símbolo de destruição. Ao mesmo tempo que tem sentimentos de amor, também
morde como símbolo de destruição.  
     

2.1.2.1. Estádio analítico

Por volta do final do 1º ano de vida, a criança começa a conhecer a mãe na


totalidade, introduzindo na criança o domínio da relação objecto-total. A criança já se
diferencia do exterior, existe uma realidade externa fora dela (do bebé).

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3. ESTÁDIO ANAL

3.1.1. Estádio Sádico Anal

3.1.1.1. Carácter anal-retentivo


3.1.2. Estádio Retencional
3.1.2.1. Carácter expulsivo-anal

4. FASE FÁLICA

No estádio oral e anal estamos presentes a uma relação que diz


respeito unicamente à criança e à sua mãe. Esta relação dual vai ceder o lugar,
por volta dos três anos, a uma relação triangular que faz intervir o pai, mais
particularmente no complexo de Édipo.
A origem da pulsão desloca-se para os órgãos genitais, sendo o seu
objecto representado pelo pénis em ambos os sexos. Neste estádio, os
interesses da criança vão ser apenas focalizados na descoberta do prazer
sexual.
A criança apresenta, entre os três e os seis anos, comportamentos
típicos, como a masturbação, o exibicionismo e o «voyeurismo» (espreitas). As
suas primeiras excitações e satisfações estão em relação com o erotismo uretral
e masturbação (primária e secundária). O erotismo uretral representa o
investimento libidinal da função urinária, emerge, inicialmente é assinalado pelo
prazer de deixar correr a urina e depois passa para um par dietético de retenção
versus erecção. A masturbação primária correspondente à descoberta estando
directamente ligada à excitação devido à micção e à examinação do aparelho
genital, já a masturbação secundária é quando a excitação da zona genital
passa a ser uma fonte directa da satisfação.
A curiosidade infantil, nesta fase, leva à descoberta da diferenciação de
sexos. Esta descoberta leva à criação do fantasma da cena primária (primitiva),
em torno da fantasia da cena primária, a criança elabora teorias infantis sobre a
fecundação e o nascimento, como por exemplo: “o bebé nasce pelo seio da
mãe”; “o bebé nasce pelo umbigo da mãe”.
Os rapazes e raparigas não reconhecem senão um só órgão genital, o
pénis. A rapariga tem desde inicio «inveja do pénis»: o complexo de castração
leva-a ao complexo de Édipo pelo desejo do pénis paterno e depois pelo desejo
de ter um filho do mesmo. O rapaz por sua vez crê que se a rapariga foi castrada
ele também pode sê-lo, como punição do seu desejo pela mãe. No rapaz, o
complexo de castração encerra o complexo de Édipo.

4.1.1. Fase Edipiana

Durante muito tempo, a criança ignora as diferenças que separam os sexos.


Atribuindo, sobretudo o rapazinho, os órgãos sexuais masculinos aos dois sexos.

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Quando descobre a ausência de pénis na menina, pensa que só um acto de violência
a pode privar de um órgão que para si é tão importante. Lembra-se de algumas
ameaças que lhe foram dirigidas quando prestava demasiada atenção ao seu pequeno
membro e começa a recear vir a sofrer do mesmo castigo que a menina – complexo
de castração. Este complexo exerce grande influência no carácter de um homem,
podendo estruturar todos os níveis psicológicos. Quanto à rapariga, inveja o rapaz de
possuir esse órgão, querendo também ser rapaz.
A fase edipiana ou complexo de Édipo ocorre na criança por volta dos cinco e
os seis anos de vida. Nesta subfase da fase fálica, não é o instinto sexual que tem o
primeiro plano, mas o amor pelo progenitor privilegiado, em que a criança tem
excitação sexual quando se encontra na posse deste progenitor.
A sublimação deste complexo é quando a criança não consegue ter a posse
do progenitor privilegiado devido ao medo que tem do outro progenitor e por causa das
regras sociais já aprendidas que rejeitam este tipo de comportamento. Então, a
criança desloca a energia da sua pulsão sexual pelo progenitor privilegiado e passa-a
para um alvo não sexual e socialmente valorizado. A sublimação da pulsão leva ao
declínio do complexo de Édipo.

4.1.2. Complexo de Édipo nos Meninos

Nos rapazes, o complexo de Édipo, manifesta-se pelo amor incondicional que


o rapaz adquire pela sua mãe. Este amor sentido pelo menino, leva-o a sentir
hostilidade pelo progenitor do mesmo sexo, pois sente que este lhe pode roubar o
amor da sua vida, acabando mesmo por desejar que este fosse eliminado, que
morresse. Então vai regozijar-se sempre que este esteja ausência do pai e amua
quando vê o pai a manifestar alguma ternura pela mãe. Por vezes, até, exprime esses
sentimentos de forma audível, promete à mãe que vai casar com ela e um dia quando
o pai morrer vai cuidar dela, insiste em dormir com ela ou até em assistir à sua higiene
pessoal.
Este desejo incondicional de possuir a mãe, de lhe dar um filho seu e o
desejo que o pai morra ou seja eliminado da sua relação com a mãe, leva a criança a
se sentir culpada e com medo que o pai se aperceba e lhe tire o membro que lhe é
mais importante, o pénis – complexo de castração. Esta fantasia tem efeitos positivos,
pois, dá-se o recalcamento do desejo sexual, através da sublimação da pulsão sexual,
e forma-se um mecanismo de defesa de identificação.

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Figura 2 – Objecto libidinal nos estádios oral, anal e fálico, presente no rapaz.

4.1.3. Complexo de Electra ou Complexo de Édipo nas Meninas

Nas raparigas é o complexo de castração que leva ao início do complexo de


Electra. A decepção que sente pela mãe por esta não lhe ter dado o órgão genital
masculino: o pénis, leva-a a afastar-se desta e, consequentemente, faz com que a
menina mude de objecto libidinal. O objecto pulsional passa então a ser o pai, com o
objectivo de conseguir deste o que a mãe lhe negou.
A menina começa por renunciar o pénis, e começa a procurar no pai uma
“indemnização” pelo seu membro em falta, através do desejo de ter um filho do pai.
Começa a vestir-se como a mãe procurando nos armários vestidos e pinturas para que
o pai olhe para ela da mesma maneira que olha para a mãe. A mãe para ela é alguém
por quem nutre um ódio ciumento, mas como é a mãe que continua a ser a fonte de
satisfação primária, a menina sente culpa por tais sentimentos de repulsa. Estes
sentimentos de culpa vão levar à sublimação que consequentemente vai levar ao
declínio de Édipo.

Figura 3 – Objecto libidinal nos estádios oral, anal e fálico, presente na rapariga.

4.1.4. Declínio complexo de Édipo

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O declínio do complexo de Édipo é marcado pela renúncia dos desejos
libidinais e hostis dos progenitores e por um processo de identificação com o
progenitor do mesmo sexo. A criança íntegra a sua imagem sexual com a adopção
dos comportamentos e dos valores do progenitor do mesmo sexo. A maneira como o
declínio do complexo de Édipo vai ser resolvido vai influenciar a vida afectiva adulta
desta criança.
A terceira instância do aparelho psíquico, o superego, é nesta fase
constituída. Através da interiorização das imagens parentais, das exigências e dos
interesses parentais. O superego tem como função, como já foi descrito mais a cima,
controlar e autorizar certos tipos de comportamentos do ego e proibir-lhe outros.

5. ESTÁDIO DE LATÊNCIA

A fase de latência manifesta-se normalmente entre os 6/7 anos e os 10/11


anos. Ocorre logo a seguir ao declínio do complexo de Édipo e desenrola-se até ao
inicio da puberdade. Caracteriza-se pelo final da criação da personalidade, estando
por isso o Id, o Ego e o Superego formados. É um período durante o qual a
sexualidade se encontra inoperante ou adormecida, sendo os únicos desejos sexuais
provocados através das fantasias, a ternura prevalece sobre os desejos sexuais,
existe um pudor e aversão, não se despindo em frente às pessoas. A criança emprega
as suas pulsões sexuais em novos objectos, existindo um desejo de ver, uma procura
constante, adquirindo assim as habilidades e crenças altamente valorizadas e que lhe
permitirão adaptar-se à sociedade. Toda a vontade que tinha para a actividade sexual
é aplicada agora no estudo, devido ao libido da sexualidade se ter deslocado para
outros assuntos. Convive quase unicamente com crianças do mesmo sexo, algo que
reforça a sua identidade sexual. Sobre nesta fase de uma amnésia, facto que leva a
que a criança reprima e recalque no seu inconsciente as suas pulsões sexuais e as
suas experiências anteriores. Por fim adquire a capacidade de amar.

6. ESTÁDIO GENITAL

A fase genial surge após a puberdade, e verifica-se novamente um aumento


do impulso sexual. Mas agora o objecto sexual são os outros membros da sociedade,
já não é auto-erótica, nem são os pais. Uma outra diferença relativamente às fases
anteriores é que agora existe apenas uma zona erógena principal, que é a genital.
Este período leva a um desenvolvimento de relacionamentos heterossexuais adultos,
existindo a procura do objecto de amor, sendo mais tarde criado um vínculo
heterossexual maduro, e para Freud esta era a marca da maturidade. Aqui o
adolescente procura diferenciar-se dos outros, indo arranjar um grupo e estilo próprio.

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7. CONCLUSÃO

Freud pretende emancipar o indivíduo da tutela de uma sociedade que lhe impõe uma
moral repressiva em função de interesses não morais, não acredita numa qualquer
bondade inata da natureza humana.
Pelo contrário, pensa que o homem tem um fundo de selvajaria e de perversidade
primitivas que se manifestam através do egoísmo, da agressividade, da amoralidade,
tal como existem na criança antes da formação do superego e permanecem, como o
mostram os sonhos, no fundo de todo o homem inconsciente.

A teoria de Freud sobre a psicanálise e toda a escola que surgiu


resultante dela foi um grande marco na história da psicologia. A existência de
duas tópicas para explicar o aparelho psíquico surgiu de uma evolução e de um
modo de entender todo este tema de maneira diferente. Pois a segunda tópica
é muito semelhante à primeira, divergindo apenas nas designações e do modo
como se tenta entender o objecto de estudo.
O modelo de desenvolvimento psicossocial, considera que existe nos
primeiros anos de vida uma progressão de experiencias que estão
relacionadas com o desabrochar biológico e sexual do indivíduo e que este
será sempre afectado por estas experiencias sexuais infantis. Existe um ponto
fulcral no desenvolvimento psicossocial que é o complexo de Édipo, pois é daí
que advém as psicopatologias.
Neste trabalho, tomamos consciência que é através do nosso ser
animal, dos nossos desejos mais primitivos e da vontade de alcançar o prazer
(id – principio do prazer), que aprendemos a interagir com o mundo e a
construir a nossa personalidade (Ego – Principio da realidade), pois é na
sublimação e recalcamento contínuo dos nossos prazeres e desejos
inadaptados à sociedade em que vivemos e às regras sócio-morais que temos
que nos guiar que, vamos crescendo e sendo mais um homem/mulher neste
mundo (Superego – moral, regras sociais e valores morais).
Freud explica o desenvolvimento humano pela evolução da
psicossexualidade.
Desde que nasce, a criança procura obter prazer – que, para Freud é sempre
de carácter sexual – através de diferentes formas, que vão variando ao longo do seu
desenvolvimento.
Existem estádios em cada um dos quais predomina uma zona erógena
diferente, embora o prazer possa abranger todo o corpo e atingir o indivíduo como um
todo.
Na infância, o indivíduo centra-se em si mesmo de forma a obter prazer, ou
seja, a sexualidade é auto-erótica. Só a partir da adolescência começa a dirigir a sua
sexualidade para outra pessoa, como forma de obter prazer.

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A adolescência é estudada por Freud no estádio genital e compreende os
fenómenos que ocorrem depois da puberdade.
Segundo este psicanalista, no estádio genital retomam-se algumas
problemáticas do estádio fálico (compreendido entre os 3 e os 5/6 anos), como o
Complexo de Édipo.
A puberdade traz novas pulsões sexuais genitais, sendo o mundo relacional
do adolescente alargado a pessoas exteriores à família. Tal facto permite que o
adolescente passe por um processo de autonomização em relação aos pais
idealizados; processo este que é a causa da liquidação do Complexo de Édipo.
Freud considera, ainda, que face a algumas dificuldades características da
adolescência, o jovem regride a fases desenvolvimentais anteriores, recorrendo a
mecanismos de defesa do ego como, por exemplo, o ascetismo (negação do prazer
através do isolamento) e intelectualização ou racionalização (o jovem coloca toda a
sua energia em actividades do pensamento como forma de esconder aspectos
emocionais).

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