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Laila Brito1
Angela Billar de Almeida2
1. INTRODUÇÃO
O solo é uma das maiores riquezas fornecidas pela natureza. Sem ele a vida na Terra
não seria possível. Ele é resultante da transformação das rochas ao longo do tempo pela ação
do clima (chuva, vento, sol, etc.), pelas características do relevo e pelos efeitos dos agentes
biológicos (fungos, bactérias, insetos, etc.). Por conter grandes quantidades de ar, água e
matéria orgânica, o solo fornece os nutrientes necessários para o desenvolvimento das plantas
e, consequentemente, dos animais que delas se alimentam, inclusive o ser humano.
Boa leitura!
1
Discente do 4º ano do curso de Engenharia Florestal da Faculdade de Ciências Agronômicas “Júlio de
Mesquita Filho” (UNESP). Campus de Botucatu/SP. E-mail: lailabrt@gmail.com
2
Engenheira Agrônoma. Mestra em Agronomia (Área de Concentração: Agricultura da Faculdade de Ciências
Agronômicas “Júlio de Mesquita Filho” - Unesp) - Campus de Botucatu/SP. E-mail: gebillar@hotmail.com
2. MANEJO ECOLÓGICO DO SOLO
a disponibilidade de água,
a quantidade de nutrientes, e
Para uma conservação do solo mais eficaz, é necessário conhecer o ambiente em que
se vai trabalhar, levando-se em consideração:
o clima da região,
o relevo do terreno,
O perímetro de Botucatu,
localizado na APA Corumbataí –
Botucatu – Tejupá, abrange os
municípios de Angatuba, Avaré, Bofete,
Botucatu, Guareí, Itatinga, Pardinho, São
Manuel e Torre de Pedra, entre os rios
Tietê e Paranapanema. Uma das
características mais marcantes da região
é o relevo de cuestas3 ( Figura 1 ), que
resulta do trabalho contínuo de erosão
sobre o solo, gerando a formação de grandes Figura 1. Cuesta de Botucatu.
(Fonte: www.guardioesdacuesta.com.)
plataformas rochosas que se destacam dos
vales suaves ao redor.
Devido ao processo erosivo, os solos das cuestas são muito frágeis, o que aumenta a
necessidade de conservá-los. Considerando que para cada tipo de solo há um modo mais
eficaz de conservação devemos, antes de selecionar as práticas conservacionistas, conhecer
as características, os potenciais e as fragilidades do solo que será manejado. Por esse motivo,
estão listados a seguir os tipos de solo mais representativos da região e suas principais
características.
Latossolo Vermelho-Amarelo
Latossolo Vermelho
Nitossolo Vermelho
pode ser levemente ácido ou muito ácido; quando comparado aos Latossolos,
apresenta maior potencial de resposta às adubações;
é bastante produtivo;
apresenta teor de argila bem mais elevado na subsuperfície que na superfície; por
esse motivo, a velocidade de infiltração da água é muito rápida na superfície e lenta na
subsuperfície, podendo causar erosão severa;
Neossolo Litólico
5
Distrófico: tipo de solo em que a porcentagem de saturação por bases (V) é inferior a 50%, sendo ,portanto, bastante
ácido. É um solo de média ou baixa fertilidade.
6
Eutrófico: solo em que a porcentagem de bases (V) é superior a 50%. É um solo de alta fertilidade.
4. PROBLEMAS CAUSADOS PELO MAU USO DO SOLO
De modo geral, o solo mantido em estado natural, sob a vegetação nativa, apresenta
características físicas adequadas a um ótimo desenvolvimento das plantas. Nessas condições,
o volume de solo explorado pelas raízes é relativamente grande. Contudo, à medida que o
solo é submetido ao uso agrícola, suas propriedades físicas sofrem alterações, geralmente
desfavoráveis ao desenvolvimento vegetal.
Um manejo inadequado do solo gera inúmeros problemas e produz efeitos em cadeia,
que afetam todo o bioma7. A erosão, a compactação e o aumento da salinidade do solo são os
maiores problemas relacionados com o manejo inadequado e poderão ser responsáveis pela
escassez de alimentos num futuro não muito distante, se práticas corretas de manejo e
conservação do solo não forem adotadas desde já.
4.1 Salinização
Causas da salinização:
material originário de rochas;
irrigação com água com alto teor de sais;
problemas na drenagem interna do solo;
irrigação em solos rasos ou mal drenados;
adubação excessiva e localizada.
O acúmulo de sais no solo pode alterar sua estrutura, além de reduzir sua fertilidade.
Com o excesso de sais, a planta enfrenta dificuldades na absorção de água e sofre
interferência nos processos fisiológicos (efeitos indiretos), prejudicando seu crescimento e
7
Bioma: nome que se dá a uma grande comunidade (todas as plantas e animais de uma região), estável e desenvolvida,
adaptada às condições ecológicas de uma certa região, e geralmente caracterizada por um tipo principal de vegetação.
desenvolvimento. Esse tipo de problema ocorre principalmente em regiões áridas e semi-
áridas, mas o uso indiscriminado de fertilizantes e irrigação com água salina podem originar
o mesmo problema em solos de outras regiões.
Controle da salinidade:
lixiviação dos sais em excesso na zona radicular da cultura;
manutenção de altos níveis de umidade no solo;
utilização de culturas tolerantes à salinidade;
melhoria na drenagem do solo.
(B)
Figura 3. (A) Solo com camada compactada; (B) solo bem
desenvolvido, em equilíbrio. (Fonte: www.sobiologia.com.br.)
Identificação da compactação
4.3 Erosão
É chamado erosão o processo de arrastamento das partículas do solo devido à ação do
vento (erosão eólica) e da água (erosão hídrica).
Entretanto, quando o homem cultiva a terra, esse equilíbrio é rompido. Florestas são
derrubadas e queimadas, a camada superficial de solo é revolvida por arados e grades durante
o preparo do solo para o plantio. Em um solo descoberto e preparado, os agentes erosivos
(chuva e vento por exemplo) não encontram barreiras, arrastando uma quantidade de solo
maior do que aquelas que são deslocadas em condição natural.
1ª) Desagregação: pela ação dos ventos e das chuvas, as partículas do solo são soltas da
superfície, o que ocorre com maior facilidade em terrenos descobertos.
2ª) Transporte: as partículas desagregadas são arrastadas, principalmente pela água que não
se infiltra no solo e escorre superficialmente (enxurrada).
3ª) Deposição: as partículas desagregadas são depositadas nas partes mais baixas da
paisagem (vales e leitos dos rios), o que ocasiona o assoreamento (como será visto
adiante).
De acordo com Resende (1985), o grau de erosão depende de vários fatores, que são:
textura, estrutura e permeabilidade do solo; matéria orgânica presente no solo; declive,
comprimento de rampa e forma de encosta do relevo.
5.1Textura
Chamamos de textura à aparência física do solo, que depende da massa (do peso) das
partículas que o formam e da agregação entre elas (o modo como essas partículas se unem).
A massa e a agregação das partículas influenciam a coerência entre as partículas (a força de
união entre elas) e a permeabilidade do solo (o quanto de água ele permite passar).
“O solo mais resistente à erosão é aquele que apresenta a melhor combinação das
duas características opostas: permeabilidade e coerência entre as partículas.” (VIÇOSA,
1979, citado por RESENDE, 1985.)
“Os solos que apresentam maior coerência entre as partículas tendem a apresentar
uma erosão do tipo laminar; já os solos com menor coerência costumam apresentar erosão
em sulcos.” (RESENDE, 1985.)
Solo arenoso
Solo siltoso
Tipo de solo que contém elevados teores de silte (partículas de tamanho
intermediário entre as da argila e as da areia, mas menos pesadas que as partículas de
areia). Apresenta melhor agregação que a areia quando seco mas, quando úmido, forma
agregados instáveis, que são transportados com maior facilidade.
Solo argiloso
A areia fina, em relação à grossa, sofre mais com a erosão, pois além de
apresentar baixa agregação, é levada com maior facilidade pelo vento e pela chuva.
5.2 Estrutura
5.3 Permeabilidade
A permeabilidade é um fator intimamente ligado com a estrutura do solo. Solos de
pouca permeabilidade (que dificultam a infiltração da água) tendem a sofrer maior erosão,
pois favorecem o arrastamento das partículas através do escoamento superficial ou
subsuperficial. Solos extremamente permeáveis (que facilitam a infiltração da água) tendem a
ter grandes perdas por lixiviação, tornando-se empobrecidos. Portanto, o solo ideal deve
apresentar permeabilidade equilibrada, nem muito alta nem muito baixa.
A matéria orgânica presente no solo é proveniente dos restos animais e vegetais que
entram em processo de decomposição. Ela é de extrema importância, sendo principalmente
fonte de nutrientes. A matéria orgânica também melhora a estrutura do solo, aumentando sua
permeabilidade. Ela auxilia na agregação das partículas (areia, silte e argila), agindo como
um agente cimentante, além de manter a umidade do solo e de conferir maior estabilidade aos
agregados, o que dificulta sua dispersão e arraste pela enxurrada.
Altas declividades acentuam as perdas por erosão, por aumentarem a velocidade com
que a água escorre nessas circunstâncias. Lançantes (qualquer terreno em declive) extensos e
de forma linear agravam a erosão, pois facilitam a movimentação de maiores volumes de
água. Ou seja, quanto maior o comprimento da rampa ou maior sua inclinação, maior será a
perda por erosão.
Quanto mais convexa a forma da encosta, maior será o grau de erosão, pois a
concentração da água causa grande instabilidade, especialmente no terço inferior da encosta.
Nos terrenos convexos, há divergência da água da enxurrada, desenvolvendo-se uma erosão
mais uniforme e laminar, o que causa a retirada do solo erodido do sistema, que leva consigo
os nutrientes. Nos terrenos côncavos, há convergência da água da enxurrada, desenvolvendo-
se uma erosão mais localizada, tendendo à formação de sulcos e voçorocas. Além disso, o
solo erodido é depositado nas partes baixas do terreno, fazendo os nutrientes acumularem-se
nelas.
6. PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS
Práticas Edáficas
Práticas Vegetativas Práticas Mecânicas
Recomposição de matas
ciliares
Cultura em faixas
Consórcio de culturas
LEMBRETE: Antes de realizar a adubação e a calagem, é preciso fazer uma análise do solo
em questão, para saber as quantidades certas a serem aplicadas, evitando-se o desperdício de
dinheiro e a poluição do solo com nutrientes desnecessários.
Controle de queimadas
As queimadas são uma forma muito barata, simples e eficaz de limpar o terreno e
eliminar pragas e doenças. Porém, essa prática traz muitos prejuízos ao solo:
reduz a fertilidade do solo, pois boa parte dos nutrientes disponíveis às plantas é
perdida durante a queima;
torna o pH do solo mais alcalino (ou seja, há um aumento no pH), mas, com o passar
do tempo, esse efeito é ao contrário, causando diminuição no pH, que é prejudicial ao
desenvolvimento das plantas;
aumenta as perdas por erosão, pois deixa o solo descoberto e diminui a infiltração de
água.
Calagem
Certas plantas não toleram solos ácidos, enquanto outras já são mais resistentes.
Isso ocorre porque o pH do solo influencia no teor de alumínio e de ferro, que são
prejudiciais às plantas, e na absorção de muitos nutrientes pelas plantas, como o fósforo,
nitrogênio, potássio, enxofre, cálcio, magnésio, entre outros. Esses elementos são
fundamentais ao desenvolvimento sadio dos vegetais e, quando o solo apresenta pH
muito baixo ou muito elevado, esses nutrientes não são absorvidos. O pH ótimo para a
maioria das culturas está entre 5,5 e 6,5, por coincidir com a faixa de absorção dos
nutrientes.
O calcário é a base dos compostos químicos usados para corrigir a acidez do solo.
Ele é uma mistura de carbonato de cálcio com impurezas, podendo ser rico em cálcio ou
dolomita10, que é a forma mais utilizada e que apresenta um equilíbrio entre os teores de
cálcio e magnésio. Os produtos mais comumente usados, encontrados no mercado, são
carbonato de cálcio, óxido de cálcio (cal virgem ou cal viva), hidróxido de cálcio (cal
extinta ou cal apagada).
do teor de matéria orgânica (quanto mais matéria orgânica existente no solo, maior a
quantidade de calcário);
da cultura que se deseja plantar (plantas com maior ou menor tolerância à acidez).
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Dolomita: mineral composto por carbonato de cálcio e magnésio; é utilizado como fonte de magnésio e é encontrado em
abundância na natureza, na forma de rochas dolomíticas.
mais de uma aplicação, mas quando o pH do solo estiver entre 5,5 e 6,0, ela pode ser feita
de uma única vez.
Adubação
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NPK é a forma reduzida utilizada para designar o nitrogênio, cujo símbolo químico é a letra N, o fósforo, cujo símbolo é
o P, e o potássio, cujo símbolo químico é a letra K.
Figura 7. Ciclo da adubação orgânica. (Fonte: www.sobiologia.com.br.)
O plantio do adubo verde deve ser feito antes do da cultura principal; as plantas
da adubação devem ser cortadas com arado ou grade de disco antes de produzir
sementes, para que se decomponham rapidamente no solo.
Quando a quantidade de matéria orgânica fresca adicionada é muito
grande, os produtos iniciais da decomposição podem causar danos às
plantas novas da cultura seguinte, portanto é conveniente esperar alguns
dias para o material enterrado secar. ( FERREIRA, 1984)
Solos com cobertura vegetal maior são menos afetados pela erosão. Por isso deve-
se optar por culturas que ofereçam uma cobertura maior do solo e que cresçam
rapidamente, para fechar a área. Isso ocorre porque há um impacto menor das gotas de
chuva no solo e a estrutura deste é fortalecida, minimizando os efeitos da enxurrada.
Assim, quando for escolher a cultura a ser plantada em locais onde a ocorrência
de erosão é bastante acentuada, dê preferência a esse tipo de planta, ou melhor, dê
preferência a culturas que se adaptam melhor ao clima e ao solo do local, o que também
auxilia na produtividade e na qualidade do produto.
A cobertura vegetal é a defesa natural que um terreno tem contra a erosão, por
eliminar ou reduzir o impacto das gotas de chuva sobre a superfície, diminuindo a
desagregação do solo e a velocidade de escoamento das águas, aumentando assim a
infiltração da água no solo. As práticas vegetativas utilizam a vegetação para proteger o
solo dos efeitos da erosão.
Alternância de capinas
Quando todo o mato da plantação é carpido, o solo fica vulnerável ao arraste pela
enxurrada. Ao capinar as ruas de forma intercalada, ou seja, ao carpir rua sim, rua não, o
mato que deixa de ser capinado forma uma barreira que segura a terra arrastada durante
as chuvas. O procedimento é invertido na capina seguinte: as ruas antes carpidas ficam
com mato, e as que não foram carpidas são limpas dessa vez. Essa é uma prática simples,
barata e muito eficiente no controle da erosão.
Cobertura morta
Nessa prática, o mato carpido (capim seco, palha) e os restos de plantas são
mantidos na superfície do solo, no intervalo entre as ruas plantadas. Isso auxilia na
proteção do solo contra o impacto da chuva, na manutenção da umidade, no controle da
temperatura do solo, na preservação de microorganismos benéficos para o solo e na
infiltração da água, além de reduzir a velocidade das enxurradas, o que diminui as perdas
por erosão. A cobertura morta tem um papel importante no plantio direto para o controle
de plantas daninhas, pois muitas delas não germinam quando encobertas por uma camada
uniforme de palha.
LEMBRETE: A espécie utilizada como cobertura morta deve ser alternada com o tempo,
para que haja uma reciclagem de nutrientes.
ATENÇÃO: Deve-se tomar cuidado para não ser muito prolongado o tempo de
permanência da palhada no solo, tornando-se abrigo para pragas e doenças em geral.
A espessura da cobertura morta também tem grande importância, pois uma
camada muito espessa controla muito bem a erosão, mantém a umidade e a temperatura
do solo, mas, por outro lado, abriga pragas que atacam a cultura com maior facilidade.
Figura 8. Cobertura
morta em cultura
perene. (Fonte: Lima,
2007.)
Rotação de culturas
Quando um solo é cultivado muitas vezes com um mesmo tipo de cultura, ele fica
empobrecido, com escassez de alguns nutrientes e sobra de outros. Para evitar esse
desperdício, adota-se a prática do rodízio (ou rotação) de culturas, com culturas de
exigências nutricionais diferentes e raízes diferentes. Uma sequência pré-estabelecida de
culturas deve ser obedecida, intercalando-se um plantio de gramíneas com um de
leguminosas, por exemplo.
Quebra-ventos
Essa prática é mais usada onde ocorrem ventos fortes, que carregam grandes
quantidades de solo para longe ou formam montes de areia que podem atrapalhar na
agricultura (erosão eólica). Na prática dos quebra-ventos, uma fileira de árvores e/ou
arbustos é plantada em sentido contrário à direção dos ventos dominantes, fazendo com
que o solo fique protegido numa faixa que vai de 10 a 20 vezes a altura da barragem das
plantas.
As árvores menores e os arbustos devem ser plantados nas pontas da fileira, dos
dois lados, e as árvores mais altas devem ficar no centro. As espécies mais usadas são as
plantas de crescimento rápido, como o eucalipto (Eucalyptus sp.) e o bambu (Bambusa sp.).
Figura 9. Efeito do quebra-vento. (Fonte: www.pir.sa.gov.au)
Florestamento e reflorestamento
É chamada ciliar a mata localizada nas margens de rios, nascente, lagos e açudes.
Elas são responsáveis pela regularização do lençol freático, pela manutenção da
qualidade e quantidade da água disponível. A mata ciliar também ajuda na estabilidade
dos barrancos, evitando o assoreamento e fornecendo condições ao desenvolvimento e
sustento dos organismos aquáticos e da fauna silvestre local. Pelos motivos mencionados,
a manutenção da mata ciliar é essencial para a conservação da água e para a redução dos
efeitos danosos da erosão.
Cultura em faixas
LEMBRETE: Adubos verdes, como a mucuna ou a crotalária, são plantas adequadas para
realizar o plantio em faixas, uma vez que possuem rápido crescimento e fornecem
altíssima cobertura do solo.
Erosão eólica: as faixas devem ser orientadas de forma que fiquem perpendiculares à
direção dos ventos predominantes.
LEMBRETE: A largura das faixas será menor quanto menos resistente à erosão for o
solo; maior for a declividade do terreno e menor for a densidade das culturas.
Essa prática consiste no plantio em linha de duas ou mais culturas em uma mesma
área. Os consórcios podem ocorrer entre uma cultura anual e uma cultura perene, entre
duas culturas anuais (de preferência consorciar uma gramínea com uma leguminosa) e
entre duas culturas perenes.
Quando a cultura principal for perene, o produtor deve consorciá-la com plantas
anuais apenas durante a fase inicial das perenes; caso contrário, haverá concorrência por
nutrientes, água e luz entre as espécies, prejudicando a cultura principal. “Não se devem
usar plantas esgotantes na consorciação, pois elas retiram do solo grandes quantidades
de nutrientes” (FERREIRA, 1984).
A B
(A) (B)
Figura 11. (A) Consórcio entre seringueira e café, (B) Consórcio entre seringueira e
palmito. (Fonte: Lima, 2007.)
6. 3 Práticas mecânicas
São assim chamadas as práticas que têm por finalidade evitar, diminuir ou controlar
os efeitos e as causas provocadas pela erosão hídrica e, como objetivo principal, reduzir o
escoamento superficial da água advinda das chuvas.
Preparo do solo
Cultivo mínimo
LEMBRETE: Deve-se escolher o cultivo mínimo em áreas que não apresentam forte
compactação, não necessitam de calagem e não sofrem com pragas.
Plantio direto
Plantio em nível
Terraceamento
CAMALHÃO
CANAL
C
B
A
Figura 16. Estrutura de um terraço indicando a seção do canal ou corte (dimensão C), do
camalhão ou aterro (dimensão B) e do terraço todo (dmensão A).
(Fonte: BERTOLINI et al., 1989.)
CONSTRUÇÃO
São conhecidos como terraço tipo Magnum.
Irrigação e drenagem
Irrigação é a técnica que tem por objetivo o fornecimento controlado de água para
as plantas, isto é, o fornecimento em quantidade suficiente e no momento certo,
assegurando a produtividade e a sobrevivência da plantação. Complementa a precipitação
natural e, em certos casos, enriquece o solo com a deposição de elementos fertilizantes.
Porém, a irrigação deve ser utilizada com critério e consciência ecológica, pois um
sistema mal planejado pode causar sérios desastres ambientais.
(A) (B)
Figura 17. (A) Irrigação manual; (B) Irrigação por aspersão. (Fonte: www.wikipedia.org)
Além desses problemas, outro dano grave gerado pelo manejo incorreto da
irrigação é a salinização, que pode ocorrer quando a irrigação é feita com água de alto
teor de sais ou quando existem problemas na drenagem interna do solo ou, ainda, quando
a irrigação é feita em solos rasos ou mal drenados.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Seja o produtor agricultor ou pecuarista, é necessário lembrar que seu maior bem
não são os bois no pasto, a lavoura ou a pastagem em bom estado, mas a terra e, por isso,
ela precisa, sempre, ser cuidada e preservada.
Quando se considera que a degradação do solo não é um problema apenas
econômico, mas também social, tem-se consciência da extrema importância de uma
utilização racional e consciente dessa riqueza natural. Por isso, a adoção de práticas de
conservação e manejo dos recursos naturais, em especial para a manutenção da
potencialidade do solo e da água, é uma medida da maior urgência, tanto para o produtor
rural obter maior produtividade com melhor renda quanto para os futuros usuários poderem
também explorar esses recursos e garantir uma vida com qualidade.
9. REFERÊNCIAS
GASSEN, D., GASSEN, F. Plantio direto: o caminho do futuro. 2 ed. Passo Fundo: Aldeia
Sul, 1996. 207 p.
PAULA, M. B. et al. Efeitos do manejo dos resíduos culturais, adubos verdes, rotação de
culturas e aplicação de corretivos nas propriedades físicas e recuperação dos solos.
Informe agropecuário. Epamig, v. 19, n. 191, 1998, p. 66-70.