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ARREBATAMENTO PRE-TRIBULACIONISTA: UMA PERIGOSA HERESIA – PARTE 2

Por Dr. James S. Trimm

Traduzido e Adaptado por Sha’ ul Bentsion

8 – IMEDIATAMENTE APÓS O ARREBATAMENTO

Para termos uma boa idéia do que é o KH’ TAF (arrebatamento) descrito em 1 Tess. 4:16-17 devemos deixar
as Escrituras interpretarem as próprias Escrituras. Este é um conceito na hermenêutica judaica chamado
G’ ZARAH SHEVAH (equivalência de expressões). Esta é a segunda das leis de Hillel (vide o segundo artigo
da série sobre como interpretar a Bíblia como um judeu). A primeira passagem que devemos comparar é 1
Tess. 4:16-17 com 1 Cor. 15:52.

Agora, 1 Tess. 4:13-17 diz:

“ Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos
entristeçais como os outros que não têm esperança. Porque, se cremos que Yeshua morreu e ressurgiu, assim
também aos que dormem, Elohim, mediante Yeshua, os tornará a trazer juntamente com ele. Dizemo-vos,
pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, de modo algum
precederemos os que já dormem. Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do
arcanjo, ao som do shofar de Elohim, e os que morreram no Mashiach ressuscitarão primeiro. Depois nós, os
que ficarmos vivos seremos arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e
assim estaremos para sempre com o Senhor.”

Agora comparemos esta passagem com 1 Cor. 15:50-55:

“ Mas digo isto, irmãos, que carne e sangue não podem herdar o reino de Elohim; nem a corrupção herda a
incorrupção. Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos mas todos seremos transformados, num
momento, num abrir e fechar de olhos, ao som do último shofar; porque o shofar soará, e os mortos serão
ressuscitados incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que isto que é corruptível se
revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade. Mas, quando isto que é
corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá
a palavra que está escrito: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu ferrão? Onde está, ó
She'ol, a tua vitória?”

Certamente estas duas passagens obviamente falam do mesmo evento. A questão é que tipo de contexto 1
Cor. 15:50-55 dá ao arrebatamento de 1 Tess. 4:13-17?

1 – O evento de 1 Cor. 15:50-55 facilita a herança do Reino

2 – 1 Cor. 15:54b cita Yeshayahu (Isaías) 25:8

3 – 1 Cor. 15:55 cita Hoshea (Oséias) 13:14

Yeshayahu (Isaías) 25:8 e Hoshea (Oséias) 13:14 falam claramente do início do Reino. Lidos em conjunto, 1
Cor. 15:50-55 coloca o arrebatamento de 1 Tess. 4:13-17 no contexto do início do Reino do Milênio.
9 – COMPARANDO O ARREBATAMENTO COM A SEGUNDA VINDA

Agora, 1 Tess. 4:13-18 e 1 Cor. 15:50-55 normalmente são vistos como as passagens do “ arrebatamento” .
Agora vamos comparar estes com tais versículos com os que são comumente aceitos como versículos da
“ segunda vinda” .

9.1 – VERSÍCULOS QUE FALAM DA SEGUNDA VINDA

Alguns dos versículos normalmente aceitos como sendo passagens que se referem à segunda vinda são:
Daniel 7:13-14; Mt. 24:29-31; Mc. 13:24-27; Ap. 11:15 e 20:4-6. Nestas passagens é possível imediatamente
identificar quatro elementos:

1 – O Messias aparecerá no céu de forma sobrenatural

(Dan. 7:13-14; Mt. 24:30; Mc. 13:26)

2 – Haverá uma reunião sobrenatural com Ele nos céus

(Mt. 24:29-31; Mc. 13:24-27)

3 – A última (a sétima de sete) trombeta é tocada por um dos sete anjos que estão perante D-us.

(Ap. 8:2 e 11:15; Mt. 24:31; Is. 27:13)

4 – A (primeira) ressurreição dos justos

(Ap. 20:4-6)

9.2 – VERSÍCULOS QUE FALAM DO ARREBATAMENTO

Agora vamos comparar estes quatro elementos com as passagens sobre o arrebatamento em 1 Tess. 4:13-18 e
1 Cor. 15:50-55:

1 - O Messias aparecerá no céu de forma sobrenatural

(1 Tess. 4:16-17)

2 – Haverá uma reunião sobrenatural com Ele nos céus

(1 Tess. 4:17)

3 – A última (a sétima de sete) trombeta é tocada por um dos arcanjos

(1 Tess. 4:16; 1 Cor. 15:52)

4 – A (primeira) ressurreição dos justos

(1 Tess. 4:16; 1 Cor. 15:52)

Ao comparar estes quatro elementos fica bem evidente que o “ arrebatamento” de 1 Tess. 4:13-18 e 1 Cor.
15:50-55 é idêntico à segunda vinda do Messias em: Dan. 7:13-14; Mt. 24:29-31; Mc. 13:24-27; Ap. 11:15 e
20:4-6. Esta conclusão também é compartilhada por muitos comentaristas. Por exemplo, o guia da Bíblia de
Halley diz o seguinte a respeito de 1 Tess. 4:13-18:

“ [O evento de 1 Tess. 4:16-17] é mencionado e referido em diversos momentos em quase todos os livros do
Novo Testamento. Os capítulos nos quais é explicado de forma mais plena são Mateus 24, 25; Lucas 31; 1
Tessalonissences 4, 5; 2 Pedro 3” .

(o Guia da Bíblia de Halley pág. 626 sobre 1 Tess. 4:13-18)

(vide também os comentários de Halley sobre Mt. 24:31 na pág. 447)

E também no seu livro MESSIAS: Um Ponto de Vista Rabínico e Escriturístico, o autor judeu messiânico
Burt Yellin escreve a respeito de 1 Tess. 4:16:

‘ Em 1 Tessalonissences 4:16, Paulo nos fala a respeito do retorno do Messias: “ Porque o Senhor mesmo
descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som do shofar de Elohim, e os que morreram no
Mashiach ressuscitarão primeiro.” Quando lemos isto juntamente com Apocalipse 11:15-17 vemos que esta
ressurreição ocorrerá no tocar da sétima trombeta.’ (pág. 99)

10 – PROBLEMAS CRONOLÓGICOS DO PRÉ-TRIBULACIONISMO

Se considerássemos as passagens do arrebatamento de 1 Tess. 4:13-17 e 2 Cor. 15:50-55 como sendo um


evento separado das passagens da “ segunda vinda” de Dan. 7:13-14; Mt. 24:29-31; Mc. 13:24-27; Ap. 11:15
e 20:4-6, como o fazem os pré-tribulacionistas, teríamos grandes problemas cronológicos.

1 - Tal cronologia teria a primeira trombeta de Ap. 11:15 e Mt. 24:31 sendo tocada depois da “ última
trombeta” de 1 Tess. 4:16 e 1 Cor. 15:52.

2 - Tal cronologia também significaria que a ressurreição geral dos justos em 1 Tess. 4:16 e 1 Cor. 15:52
aconteceria antes da “ primeira ressurreição” de Ap. 20:4-6).

3 - O evento do KH’ TAF (arrebatamento) é claramente algo que Mt. 24:29 diz ocorrer “ imediatamente após a
tribulação daqueles dias… ”

11 - O PASHAT E O ERRO DE LINDSEY

Hal Lindsey, um dos maiores apologistas do arrebatamento pré-tribulacionista alega:

A verdade é que nem um pós, mid, ou pré-tribulacionista pode indicar um versículo isolado que claramente
diz que o arrebatamento ocorrerá antes, no meio da, ou depois da tribulação.

(O Arrebatamento por Hal Lindsey p.32)

Concordamos com Lindsey que nenhum versículo sequer indica que o arrebatamento ocorreria antes da
Tribulação. Contudo, Lindsey está claramente enganado quando diz que nenhuma visão pode apresentar um
versículo sequer. Este artigo já demonstrou claramente que as Escrituras ensinam um KH’ TAF
(arrebatamento) pós-tribulacionista. Os seguintes versículos isolados indicam CLARAMENTE que o
Arrebatamento ocorrerá após a tribulação:

“ Porque David não subiu aos céus, mas ele próprio declara: Disse ADONAI ao meu Senhor: Assenta-te à
minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés.” (Atos 2:34-35 – citando Sl. 110:1)
(veja também Heb. 1:13; Mt. 22:44; Mc. 12:36)

Esta passagem indica claramente que o Messias permanecerá à direita do Pai até que os seus inimigos sejam
feitos seu escabelo no Reino do Milênio. Esta passagem claramente ensina que o arrebatamento não ocorrerá
até após a tribulação, no início do Reino do Milênio.

“ e envie Ele o Mashiach, que já dantes vos foi indicado, Yeshua, ao qual convém que o céu receba até os
tempos da restauração de todas as coisas, das quais Elohim falou pela boca dos seus santos profetas, desde o
princípio.”

(Atos 3:20-21 - veja também Ap. 10:7 e 11:15)

Esta passagem também ensina que o Messias ficará no céu até a vinda do Reino.

“ Ora, quanto à vinda de nosso Senhor Yeshua HaMashiach e à nossa reunião com ele, rogamo-vos, irmãos,
que não vos movais facilmente do vosso modo de pensar, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por
palavra, quer por epístola como enviada de nós, como se o dia do Senhor estivesse já perto. Ninguém de
modo algum vos engane; porque isto não sucederá sem que venha primeiro a apostasia e seja revelado o
homem do pecado, o filho da perdição, o Adversário que é exaltado sobre tudo e se chama de deus e é objeto
de adoração, de sorte que se assenta no santuário de Elohim, apresentando-se como Elohim.” (2 Tess. 2:1-4)

Esta passagem claramente ensina que o arrebatamento NÃO PODE OCORRER ANTES da revelação do
anti-messias, o que só ocorrerá no meio do período da tribulação de sete anos (vide Mt. 24:15; Mc. 13:14 e
Dan. 9:27)

12 - PASSAGENS NORMALMENTE MAL-COMPREENDIDAS

Sem poder encontrar suporte para a sua teoria de um arrebatamento pré-tribulacionista no Pashat (sentido
simples/literal) de qualquer passagem das Escrituras, os pré-tribulacionistas tentam usar interpretações
Remez (sentido implícito) e Drash (sentido alegórico). Tal como Lindsey admite em seu livro O
ARREBATAMENTO, ao dizer: “ o pré-tribulacionismo é amplamente baseado em argumentos de inferência
e silêncio.” (p. 31)

12.1 - O ARGUMENTO DA IRA VINDOURA

Os pré-tribulacionistas tentam argumentar que a igreja não passará pela tribulação, o que eles dizem dar
indícios de um arrebatamento pré-tribulacionista. Os pré-tribulacionistas argumentam que a tribulação é a
“ ira de D-us” e que a igreja não sofrerá a “ ira de D-us” (Rom. 5:9; 1 Tess. 1:10 e 5:9-10; Jo 5:24). Ao usar
este argumento, os pré-tribulacionistas ignoral o fato de que o anti-messias, uma das maiores figuras da
tribulação, é a ira do demônio (Ap. 12:12; 13:2). Eles também ignoram o fato de que o Messias nos salvará
desta ira ao destruir o anti-messias em sua segunda vinda. Além disto, ignoram ainda o fato de que pelo
contexto, a ira da qual o Messias nos salva é através da justificação em seu sangue para que possamos ser
salvos (Rom. 5:9). Aqui, claramente a ira é o Lago de Fogo, e não a tribulação. (Jo. 5:24 usa a palavra
“ condenação” mas o mesmo argumento também se aplica.)

12.2 - O ARGUMENTO DE LUCAS 21:36

Este argumento foi usado primeiramente da inventora do arrebatamento-prematuro, uma menina de 15 anos,
que distorceu este versículo em sua discussão com Darby. O versículo diz “ … em todo o tempo, orando, para
que possais escapar de todas estas coisas que hão de acontecer, e estar em pé na presença do Filho do
homem.”
Mesmo que partíssemos do pressuposto de que “ todas estas coisas” se referisse à tribulação, ainda assim
teríamos erros. Primeiramente, se o pré-tribulacionismo fosse correto, não seria necessário orarmos para
escaparmos destas coisas. Em segundo lugar, a passagem simplesmente diz “ escapar” e não “ ser tirado da
terra” , e muito provavelmente refere-se à sobrevivência.

Porém, na realidade, “ escapar de todas estas coisas” é simplesmente escapar dos pecados que poderiam fazer
alguém estar em apostasia na ocasião da segunda vinda (vide como Lucas 21:34-36 fala claramente disto) e
não da tribulação.

12.3 - O ARGUMENTO DE APOCALIPSE 3:10

Pré-tribulacionistas apontam para Ap. 3:10:

“ Porquanto guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há
de vir sobre o mundo inteiro, para pôr à prova os que habitam sobre a terra.”

Contudo, a palavra “ guardar” não significa “ remover da terra” . Muito pelo contrário, a própria escolha desta
palavra indica uma sobrevivência auxiliada/facilitada/garantida por D-us.

12.4 - A RUACH HAKODESH REMOVIDA DO CAMINHO?

Este argumento também foi usado pela menina de 15 anos que inventou o arrebatamento-prematuro. Este
argumento insere idéias no texto, ao invés de extraí-las do texto. Neste caso, os pré-tribulacionistas supõe que
o “ um” em 2 Tess. 2:7 é a Ruach HaKodesh (Espírito Santo). Ora, isto é uma pura suposição em todos os
aspectos! Por esta leitura maluca, o anti-messias seria revelado (2 Tess. 2:8) e a tribulação começaria após a
igreja (com a Ruach HaKodesh dentro dela) ser removida em um arrebatamento pré-tribulacionista. A
inventora do arrebatamento-prévio propôs esta idéia após ter uma esquisita “ visão” na qual ela recebeu uma
“ revelação” (exatamente como acontece com todas as grandes seitas), de que “ e então será revelado esse
iníquo” vem imediatamente após “ estarão dois numa cama; um será tomado, e o outro será deixado… ” (Lc.
17:34; Mt. 24:40-41). A inventora do arrebatamento-prévio ensinava que um arrebatamento-parcial ocorreria
com quem estivesse “ cheio do Espírito Santo” . Ela falsamente identificou o “ tomado” de Lc. 17:34-35 e Mt.
24:40-41 com o “ tomado” de 2 Tess. 2:7.

O grande absurdo disto está no fato de que aqueles que são “ tomados” em Lc. 17:34-35 e Mt. 24:40-41 não
tem nada de “ cheios do Espírito Santo” como alega a falsa profetisa, muito pelo contrário! São comparados
aos que foram “ tomados” pelo dilúvio nos dias de Noach / Noé (Mt. 24:39). O problema é que as pessoas não
continuam a ler o texto de Mt. 24, caso contrário veriam que esta passagem indica que os que serão
“ tomados” , o serão pela ira, como foi no dilúvio. Ou seja, são os iníquos que serão “ tomados” e não a igreja.
Seus corpos alimentarão as aves de rapina (Lc. 17:37) na segunda vinda do Messias (Ap. 19:17-18,21).

Apesar do impedimento ser de alguma forma removido em 2 Tess. 2:7, não há absolutamente NADA que
aponte para a remoção da Ruach HaKodesh (Espírito Santo).

12.5 - O ARGUMENTO DE APOCALIPSE 4:1

Ao não conseguirem provar seus argumentos com uma leitura literal das Escrituras, os pré-tribulacionistas
tentam basear seus argumentos puramente em alegorias. Neste argumento, os pré-tribulacionistas dizem que
Yochanan (João) representa a igreja e que ele está sendo “ arrebatado” antes da descrição da tribulação. Além
de completamente absurda, esta alegoria não tem a menor base textual.
12.6 - O ARGUMENTO DE CHENOCH

Este argumento também é pura alegoria. É um argumento que diz que Chenoch (Enoque) foi transladado
antes do dilúvio. Os pré-tribulacionistas dizem que Chenoch (Enoque) = a igreja e o dilúvio = a tribulação.
Porém tanto a Bíblia quanto o próprio livro de Chenoch (Enoque) identificam que o dilúvio representa o Dia
do Julgamento e os dias que antecedem ao dilúvio (os chamados dias de Noach / Noé) representam a
tribulação. Além disto, este argumento tem outro problema: Eliyahu (Elias) também foi transladado, só que
DEPOIS de sobreviver um período de tribulação (2 Re. 2:9-11) dos quais 3 anos e meio são muitas vezes
usados em analogia ao segundo período da tribulação de 7 anos.

12.7 - COSTUMES JUDAICOS

Alguns acadêmicos messiânicos têm lutado para tentar encontrar evidências de um arrebatamento
pré-tribulacionista alegorica e supostamente presente em costumes judaicos. Um deles envolve Rosh
HaShannah e o Yom Kippur, outro ainda o casamento judaico. Estas são fracas tentativas de encontrar uma
alegoria para algo que não tem NENHUM suporte no Pashat (sentido literal) da interpretação de qualquer
passagem, o que não pode acontecer segundo o próprio Judaísmo. É bem claro que este conceito não é um
conceito que tem raízes judaicas, tendo sido inventado no Cristianismo do século 19.

CONTINUA NA PARTE 3

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