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Reitor
Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, SJ
Vice-reitor
Pe. José Ivo Follmann, SJ
Editora Unisinos
Diretor
Pe. Pedro Gilberto Gomes, SJ
Conselho Editorial
Alfredo Culleton
Carlos Alberto Gianotti
Pe. Luis Fernando Rodrigues, SJ
Pe. Pedro Gilberto Gomes, SJ
Vicente de Paulo Barreto
TOPOGRAFIA
para estudantes de Arquitetura, Engenharia e Geologia
EDITORA UNISINOS
2009
© 2003 dos autores
Topografia
Revisão
Rui Bender
Editoração
Dos autores
Capa
Carlos Augusto Uchôa da Silva
A reprodução, ainda que parcial, por qualquer meio, das páginas que compõem este livro,
para uso não-individual, mesmo para fins didáticos, sem autorização escrita do editor,
é ilícita e se constitui numa contrafação danosa à cultura,
Foi feito o depósito legal.
Telef.: 51.35908239
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
I - GENERALIDADES 1
1.1. Forma e dimensão da Terra 4
1.2. Sistemas de Coordenadas 7
1.2.1. Coordenadas Geodésicas 7
1.2.2. Coordenadas UTM 8
1.2.3. Coordenadas Retangulares e Polares 10
1.2.4. Relação entre Sistemas de Coordenadas 11
1.3. Referências Bibliográficas 12
II - DISTÂNCIAS 1
2.1. Distância Oblíqua, Horizontal e Esférica 1
2.2. Relação entre Distâncias e Limitações da Topografia 4
2.3. Métodos de Obtenção das Distâncias 6
2.3.1. Medição Direta de Distâncias 6
2.3.2. Medição Indireta de Distâncias com Instrumentos Ópticos Mecânicos 10
2.3.3. Medição Eletrônica de Distância 13
2.3.3.1. Princípios e Métodos de Medições com Ondas Eletromagnéticas 14
2.3.3.2. Ondas Portadoras Utilizadas 19
2.3.3.3. Acessórios para Medição Eletrônica de Distâncias 29
2.3.4. Erros Sistemáticos em Medições com MED 31
2.3.5. Precisão 34
2.4. Referências Bibliográficas 34
III - ÂNGULOS 1
3.1. Ângulos Horizontais 1
3.2. Rumo e Azimute 5
3.2.1. Azimute 6
3.2.2. Rumo 7
3.2.2.1. Aviventação de Rumos 9
3.2.2.2. Conversão Rumo Magnético <=> Rumo Verdadeiro 12
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia
V - LEVANTAMENTOS PLANIMÉTRICOS 1
5.1. Fundamentos do Levantamento Topográfico Planimétrico 1
5.2. O Levantamento Topográfico Segundo a NBR 13133 3
5.3. Métodos de Levantamento de Pontos 4
5.3.1. Irradiação 4
5.3.2. Estação Livre 7
5.3.3. Interseção 8
5.3.4. Bilateração 9
5.4. Poligonação 11
5.4.1. Poligonais Abertas 11
5.4.2. Poligonais Apoiadas 11
5.4.3. Poligonais Fechadas 12
5.4.4. Erro de Fechamento Angular e Linear das Poligonais 13
5.4.5. Cálculo de Poligonais e Distribuição dos Erros 14
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia
VI - LEVANTAMENTOS ALTIMÉTRICOS 1
6.1. Superfícies de Referência 2
6.2. Nivelamentos 3
6.2.1. Nivelamento Geométrico 4
6.2.2. Nivelamento Trigonométrico 8
6.3. Erros nos Nivelamentos 9
6.4. Técnicas de Nivelamento 12
6.5. Declividade 15
6.6. Instrumentos Topográficos para Nivelamento 16
6.6.1. Níveis LASER 18
6.6.2. Miras 19
6.7. Referências Bibliográficas 20
X - O S ERROS NA TOPOGRAFIA 1
10.1. Erro Verdadeiro e Erro Residual 2
10.2. Resolução, Precisão e Exatidão 3
10.3. O Desvio-padrão como Indicador de Precisão 5
10.4. Os Equipamentos de Medição e suas Precisões 5
10.4.1. Precisão na Medição de Distâncias 6
10.4.2. Precisão na Medição de Ângulos 7
10.4.3. Precisão na Medição com Níveis 7
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia
Uma das primeiras inquietudes do homem foi conhecer o espaço no qual desenvolveria suas
atividades. Determinar as formas e dimensões da Terra, bem como representá-la graficamente, foi
uma necessidade, particularmente, a partir da conquista de novos territórios.
Ao longo dos anos, a evolução tecnológica tem atingido todas as áreas do conhecimento, e
com particular ênfase as disciplinas envolvidas com a Mensuração. Isto é do interesse de
profissionais da arquitetura, geologia, engenharia, agrimensura, cartografia, agronomia e tantas
outras atividades profissionais que utilizam o mapeamento para desenvolver a maioria de seus
projetos.
Muito antes de existirem a fotografia e as imagens de satélite, as primeiras medições eram
realizadas por métodos rudimentares, utilizando instrumentos simples, mantendo sempre o objetivo
de descrever a realidade física da área levantada mediante desenhos efetuados em um plano de
representação.
Descrever lugares foi, então, uma das principais preocupações do homem, e esta necessidade
abriu espaço para a criação e o desenvolvimento de uma nova área de estudo: a TOPOGRAFIA.
Etimologicamente, a palavra é formada pela conjunção dos termos gregos topos e graphein.
Além da Topografia, pode-se destacar três outras ciências diretamente ligadas aos processos
de levantamento e representação de parte da superfície terrestre: a Cartografia, a Geodésia e a
Fotogrametria.
Define-se Cartografia como o conjunto de estudos e observações científicas, artísticas e
técnicas que, a partir de resultados de observações diretas ou da exploração de documentos, elabora
cartas, planos e outros modos de expressão, assim como a sua utilização. A carta, vista como um
meio de transcrição gráfica dos fenômenos geográficos, constitui o objeto principal da Cartografia.
O objetivo primordial é, portanto, a pesquisa de métodos, processos de elaboração e utilização de
cartas, além do estudo exaustivo de seu conteúdo (ASSOCIAÇÃO CARTOGRÁFICA
INTERNACIONAL, 1996 apud SILVA et al., 2001).
A Geodésia (do grego geo = terra, daiein = dividir) é uma ciência que tem por finalidade a
determinação da forma e as dimensões da Terra. A ciência geodésica compreende o estudo das
operações ou medições, assim como os métodos de cálculos aplicados para determinar a forma e as
dimensões da Terra e o seu campo gravitacional (SILVA et al., 2001).
I-1
Topografia para Estudantes de Arquitetura, Engenharia e Geologia Capítulo I – Generalidades
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I-2
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo I - Generalidades
A necessidade de efetuar uma série de convenções que permitam representar de forma clara e
compreensível o terreno fez surgir a Topologia, área específica da Topografia que tem como principal
objetivo estudar as formas do relevo, estabelecendo modelos que o representem. Este conceito está
intimamente relacionado ao Desenho Topográfico, o qual se ocupa de transferir para a planta todos os
detalhes obtidos nos trabalhos topométricos.
Em termos operacionais, o estudo topológico da área a ser levantada deve preceder os trabalhos de
campo, pois “entender o terreno” é fundamental para otimizar as tarefas de mensuração e conseguir
objetividade na escolha dos pontos topográficos.
Na organização do estudo da Topografia, ainda há necessidade de diferenciar duas tarefas
importantes que o profissional executa com objetivos diferentes: o levantamento e a locação.
O levantamento consiste na aplicação de métodos planimétricos, altimétricos ou planialtimétricos,
com o objetivo de obter a posição de pontos topográficos que pertencem à área em estudo. Como mostra a
Figura 1.1, os pontos que compõem o terreno delimitado por um polígono são infinitos e sua distribuição é
contínua no espaço. Há a necessidade, então, de definir uma série de convenções que permitam, a partir da
determinação das posições de alguns pontos topográficos, obter as posições dos demais, respeitando sempre
os parâmetros de exatidão e de detalhamento estipulados para cada tipo de projeto.
A locação é o processo pelo qual é materializado no terreno o projeto que foi desenvolvido sobre a
planta topográfica obtida no levantamento (Figura 1.2).
I-3
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo I - Generalidades
Todas as considerações realizadas até aqui acerca da Topografia são rigorosamente aplicáveis
sempre e quando as deformações decorrentes da projeção da superfície curva da Terra sobre um plano sejam
desprezíveis. Sabendo que o objeto de estudo da Topografia são porções da superfície terrestre, cabe
perguntar: até onde vai o campo de trabalho da Topografia? Ou, em outras palavras, até onde é válido
utilizar um plano para representar a superfície do planeta Terra? As respostas a estes questionamentos
encontram-se no Capítulo II.
I-4
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo I - Generalidades
Para definir a forma do planeta, foi convencionado efetuar o prolongamento dos mares em calma,
sob os continentes. A superfície resultante recebeu o nome de Geóide. Contrariamente ao que se imagina,
esta superfície não é regular. O Geóide é gerado por um líquido em repouso, e portanto perpendicular à
direção da vertical em cada ponto topográfico, e as variações de intensidade e direção da gravidade
implicam imperfeições dessa superfície, tal como mostra a Figura 1.4.
As irregularidades do Geóide não seguem uma lei
matemática, sendo, portanto, impossível determinar uma
fórmula que o descreva com exatidão. Assim, foi necessário
efetuar inúmeros estudos para encontrar um ente
matemático que se aproximasse dele e, conseqüentemente,
pudesse ser utilizado como sistema de referência. Devido à
complexidade de modelar matematicamente o Geóide, os
geodesitas concluíram que a forma física da Terra pode ser
modelada por um Elipsóide de Revolução.
O Elipsóide é uma superfície de revolução gerada a
partir da rotação de uma elipse em torno de um de seus dois Figura 1.4 - Geóide mundial da NASA
(Silva et al, 2001)
semi-eixos (o maior ou o menor) e fica determinado quando
seus parâmetros são conhecidos. A Figura 1.5 ilustra um Elipsóide de Revolução. Esses parâmetros provêm
da elipse que o gerou, sendo eles: a = semi-eixo maior, b = semi-eixo menor e α = achatamento =
O Elipsóide terrestre definido como global, e que mais se aproxima do Geóide, é geocêntrico e
formado pela rotação da elipse em torno do eixo que passa pelos pólos Norte e Sul geográficos (Figura 1.5).
I-5
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo I - Generalidades
Assim, cada país, de acordo com a sua conveniência, adota um elipsóide próprio para elaboração de
seus produtos cartográficos. No caso do Brasil, o elipsóide adotado oficialmente pelo órgão que rege as
atividades de Cartografia e Geodésia é o chamado Elipsóide de Referência Internacional SAD-69 (South
American Datum). Este elipsóide foi adotado como referência no Brasil desde 1979 e antes dessa data foi
utilizado o chamado Elipsóide de Referência Internacional de Hayford.
A Tabela 1.1 ilustra os parâmetros definidores de alguns elipsóides utilizados no mundo, inclusive o
SAD-69 e o Hayford.
Elipsóide a b α
I-6
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo I - Generalidades
De acordo com o exposto até aqui, há três superfícies de interesse da Topografia: a Física - aquela
na qual o homem desenvolve suas atividades e constitui o objeto a ser descrito pela Topografia; o Geóide -
superfície equipotencial de fundamental importância para os levantamentos altimétricos de grandes áreas; e
o Elipsóide - que possui parâmetros conhecidos e se aproxima muito do Geóide. Estas duas últimas
poderiam ser utilizadas como referência para determinar o posicionamento espacial dos pontos topográficos.
A Figura 1.7 ilustra as principais superfícies utilizadas na mensuração.
I-7
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo I - Generalidades
A terceira coordenada de P é dada pela distância vertical desde a superfície terrestre até a superfície
de referência (Elipsóide) e denomina-se Altura Geométrica (h).
I-8
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo I - Generalidades
Observa-se que os Meridianos Centrais estão localizados nas longitudes múltiplas de 6o, acrescidas
de 3o. Sobre este meridiano, as distâncias apresentam-se deformadas segundo o coeficiente de deformação
K0 = 0,9996. Portanto, as distâncias no terreno serão reduzidas nessa região, à medida que se afasta do MC,
para direita ou para esquerda. Esse coeficiente aumenta até atingir o valor K0=l, sobre as linhas de secância
do cilindro com o Elipsóide, onde não ocorrem deformações lineares. Afastando-se dos meridianos de
secância, o coeficiente aumenta até atingir o valor máximo, próximo a 1,001 nos meridianos limites do fuso,
onde as distâncias no terreno serão ampliadas. Este valor K0= 1,001 é calculado para as imediações da linha
do Equador, sendo que em quaisquer outras latitudes ele tende a diminuir.
Cada um dos 60 cilindros possui seu próprio sistema de referência, tendo como origem a interseção
das linhas do Equador com o Meridiano Central de cada fuso. As abcissas no sistema UTM denominam-se
coordenadas E (leste) e assumem o valor 500.000,00 m no MC (convencionalmente atribuído). À direita de
MC, as coordenadas são crescentes (> 500.000,00 m), e à esquerda, decrescentes (< 500.000,00 m).
Quanto às ordenadas, atribui-se a denominação N (norte). Partem do Equador para o norte com
valores crescentes a partir de 0,00 m e para o sul com valores decrescentes a partir de 10.000.000,00 m.
Observa-se que um ponto p de coordenadas E = Ep e N = Np pode ser representado em qualquer um dos 60
cilindros, de tal forma que, além da informação de suas coordenadas (E, N), é necessário também informar o
número do fuso ou o valor do Meridiano Central (Figura 1.11).
I-9
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo I - Generalidades
Um fuso UTM representa os paralelos como linhas retas horizontais e os meridianos como arcos,
com concavidade voltada para o MC. Este último é o único meridiano representado como uma linha reta. A
malha de coordenadas UTM é definida por linhas
verticais e horizontais, que se interceptam
segundo ângulos retos. Então, na superposição
dos reticulados, apenas o MC coincide com um
dos eixos coordenados UTM.
O ângulo formado entre uma linha
paralela ao MC e uma linha N-S (transformada
de meridiano), dá-se o nome de Convergência
Meridiana, representada pela letra gama (λ) e
ilustrada na Figura 1.12.
Devido à convergência dos meridianos
perto dos pólos, o sistema UTM se limita a
representar regiões compreendidas entre as
latitudes de 80° N e 80° S.
I-10
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo I - Generalidades
coordenadas dos pontos topográficos podem ser calculadas diretamente em relação a um sistema de
Coordenadas Planas como o sistema retangular ou polar, desconsiderando-se a curvatura terrestre.
No sistema de Coordenadas Retangulares (também chamadas de Coordenadas Cartesianas), a
posição de cada ponto “P” fica perfeitamente identificada mediante um par de números que indicam as
distâncias de suas projeções em cada eixo (xp e yp) até a origem “0” do sistema. No sistema de Coordenadas
Polares, utilizam-se também duas dimensões para posicionar um ponto no plano, porém, neste caso, uma
delas é angular e a outra linear (α, d0P). A Figura 1.13 ilustra o problema.
[1.2]
[1.3]
[1.4]
I-11
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo I - Generalidades
SILVA, I., ERWES, H., SEGANTINE, P. C. L. (1999). Apostila do IV Curso de Atualização em Topografia
e GPS (segundo a NBR 13.133). Apostila não publicada, Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo.
SELVA, I., ERWES, H., SEGANTINE, P. C. L. (2001). Introdução à Geomática. Setor Gráfico da Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, São Carlos - SP. l00p.
WOLF, PAUL R., BRINKER, RUSSEL C. (1994). Elementary Surveying. 9th. Edition, Harper Collins
College Publishers, New York, NY. 760p.
I-12
II - DISTÂNCIAS
A NBR 13.133/1994, no item 3.12, define Levantamento Topográfico como sendo o conjunto de
métodos e processos que, através de medições de ângulos horizontais e verticais, de distâncias horizontais,
verticais e inclinadas, com instrumental adequado à exatidão pretendida ... Vê-se, então, que, para que
possamos atingir os objetivos da Topografia, será necessário ter os conceitos básicos de medição de
distâncias e de ângulos.
II-1
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
Seja qual for o sistema de coordenadas adotado para o levantamento (polares ou retangulares),
sempre haverá necessidade de determinar distâncias entre pontos, sendo, portanto, necessário estudar
métodos e instrumentos que permitam obter essas dimensões lineares.
Superfície terrestre
Superfície geoidal
Distância horizontal
Assim, pode-se ver que há três distâncias que caracterizam o afastamento entre os pontos P e Q. A
primeira corresponde à superfície física da Terra (aquela em que se percorre se fosse a pé de P a Q). A
segunda é a distância oblíqua D' entre P e Q; e a terceira, que interessa particularmente à Topografia para
a representação gráfica e para o cálculo que é a distância D entre as projeções dos pontos sobre o plano,
denominada distância horizontal PQ (ou Q P ) .
II-2
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
Daqui para frente, quando se fala em distância entre dois pontos, estar-se-à fazendo menção
implícita à distância plana (ou horizontal) entre os mesmos.
A situação representada pela Figura 2.2 é válida para pontos suficientemente próximos. A NBR
13.133/94 (Execução de Levantamentos Topográficos) prescreve uma dimensão máxima de 80 km a partir
da origem para o plano topográfico local, de maneira a manter os erros relativos, decorrentes da
desconsideração da curvatura da Terra, menor que 1/35.000 nessa mesma dimensão.
Sendo a forma da terra curva, adotando uma esfera como superfície de referência ( s 0), haverá duas
superfícies concêntricas sobre as quais podem ser determinadas as distâncias entre P e Q (sP e sQ
[2.1]
[2.2]
Segundo SILVA et al. (1999), para cálculos práticos pode-se operar com valores em ppm (partes por
milhão), adotando a altitude média para a região de cálculo. Tem-se assim que a redução e o comprimento
do arco ao nível do mar podem ser dados, partindo das equações anteriores, pelas fórmulas [2.3] e [2.4]:
[2.3]
[2.4]
II-3
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia; Capítulo II - Distâncias
Para verificar o acréscimo da distância ao nível do mar em uma altitude qualquer, pode-se utilizar a
equação 2.2. A Tabela 2.1 apresenta a variação das distâncias, em relação à variação das altitudes, para
diversos valores de H, considerando o raio da Terra Ro =6378,8 km.
A Tabela 2.1 mostra que à medida que a altitude dos pontos considerados aumenta, a distância
esférica entre eles também aumenta, a qual também fica evidente na Figura 2.3.
ortogonais sobre o plano horizontal, P e Q, além da projeção cônica de Q (Q') que passa por P.
P s
Q
S P
CP
HP Q'
P0 s0
Q0
γ H=0
R0
Figura 2.4 - Relacionamento entre arco (distâncias esférica), tangente (distância horizontal) e corda
II-4
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
Considerando a superfície terrestre como esférica, as equações podem ser escritas como a seguir,
segundo SILVA (1999):
arco PQ': sP = (R0 + H P ) · γ ( γ em radianos) [2.5]
a corda e o arco e a diferença entre a tangente e o arco em um alinhamento nas diversas alturas são
demonstrados na Tabela 2.2.
Tabela 2.2 - Diferença entre corda e arco e diferença entre tangente e arco em um alinhamento
P Distância horizontal
Q
P' Superfície
A B terrestre
Distancia esférica
Superfície esférica
Entre A e P e entre B e Q maior distorção Entre A e B menor distorção
II-5
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
À mesma conclusão se chega efetuando uma análise com relação à escala de representação (veja
LOCH & CORDINI, 1995).
1 - Balizas
2 - Fichas
3 - Trenas
4 - Prumos
A Figura 2.7 mostra o alinhamento PQ, cujo extremos foram materializados por piquetes. Para
materializar as verticais que passam pelos pontos extremos utilizam-se as balizas, que é uma haste reta
cilíndrica de metal de comprimento variável, com ponta aguda, para que possa ser cravada no solo ou para
centrar no alvo com maior precisão. Para os pontos intermediários, no caso de alinhamentos maiores do que
o comprimento da trena, utilizam-se também as balizas orientando-as a olho (ou a teodolito), tomando
direção das duas balizas extremas, colocando as demais no mesmo alinhamento e junto à medida desejada
II-6
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
na trena (geralmente valores de comprimento nominal da trena: 20 m, 30m ou 50m). A operação de medida
do alinhamento PQ é descrita iniciando na condição a) seguindo até a condição e) da Figura 2.7.
Afastamento
a) b) c) d) e)
Perspectiva
Piquete Alinhamento
Piquete
P Q
Vista superior
Para evitar erros grosseiros na contagem das trenadas, utilizam-se as fichas (Figura 2.6), que são
hastes de ferro de 5 mm de diâmetro e 50 cm de comprimento aproximadamente e que no extremo superior
apresentam um anel que facilita o transporte, cravadas junto à baliza no ponto onde se efetuou a medida com
trena. Um jogo de fichas composto de algumas unidades permite controlar perfeitamente o levantamento,
pois ao término das mesmas percorre-se uma distância igual ao número de fichas vezes o comprimento da
trena. No caso de alinhamentos diferentes dos múltiplos do comprimento da trena, soma-se ainda a parte
residual dada pela última medida.
Esse prolongamento visual do alinhamento e as sucessivas trenadas acarretam erros que influenciam
na medição e que, portanto, devem ser minimizados. Por mais cuidado que se tenha, nem sempre o ponto
sobre o qual é colocada a baliza está no alinhamento, medindo-se uma distância d1 entre o ponto ré e o
ponto vante, em vez da distância d, que seria correta (Figura 2.8). Neste caso, acontece um desvio
horizontal do alinhamento.
II-7
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
Afastamento
Afastamento
Afastamento. Ficha
Se o terreno for irregular (o qual ocorre na ampla maioria dos casos), será necessário efetuar as
medições escalonadas, de forma a obter a distância horizontal entre os pontos topográficos. Um dos erros
que se produz neste caso é o desvio vertical da trena, medindo-se d 2 em vez de d . É importante notar que,
como no caso do desvio horizontal, o desvio vertical também pode ser em qualquer sentido, implicando,
porém, um erro na distância, de forma a mantê-la sempre maior do que a real (Figura 2.9).
II-8
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
Outro cuidado a tomar na medição de distâncias com uso de balizas é a manutenção da verticalidade
das mesmas no ato da medição, pois, não sendo assim, a distância medida d 3 pode ser maior ou menor do
que a distância d , dependendo da inclinação em cada uma das balizas (Figura 2.10).
Baliza inclinada
Baliza vertical
Trena horizontal
Alinhamento
Vista lateral
Ainda no sentido vertical, o próprio peso da trena descreve uma curva, provocando o erro de
catenária ao medir d 4 em vez de d (Figura 2.11).
Trena horizontal
Alinhamento
Vista lateral
A força aplicada para esticar a trena (e diminuir o efeito da catenária) ocasiona uma deformação da
mesma, a qual se traduz em um erro de tensão, e deve ser levado em conta nos levantamentos de precisão.
As trenas saem da fábrica calibradas para uma determinada variação de temperatura; se o
levantamento for realizado fora desses padrões, ocorrerá o erro de temperatura.
II-9
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
Em terrenos acidentados, a medida direta das distâncias oferece dificuldades e exige inúmeras
precauções, tomando a tarefa incômoda, demorada e principalmente eivada de erros.
Régua
Fio estadimétrico
Nível superior (fs)
Fio médio
Fio estadimétrico
inferior (fi)
S = diferença de leituras na régua
f = distância focal
d = distância a determinar
s = afastamento dos fios estadimétricos
Figura 2.13
Adaptado de ESPARTEL, 1960.
[2.8]
II-10
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
Para facilitar os cálculos topográficos, o fabricante do instrumento faz com que a relação entre a
distância focal ( f ) da ocular e o afastamento dos fios do retículo ( s ) seja:
[2.9]
Finalmente:
[2.10]
substituindo vem:
[2.11]
Para determinar as leitura F I e F S , utiliza-se uma régua centimetrada normalmente de 3 ou 4 m de
comprimento, na qual os metros, decímetros e centímetros são lidos de forma direta e estimando-se os
milímetros, tal como mostra a Figura 2.14.
Indicador dos
decímetros
Exemplo de leitura
No caso de efetuar a medição da distância entre dois pontos topográficos utilizando uma visada
inclinada, a fórmula deve ser modificada em função do ângulo vertical. A situação de campo está
representada na Figura 2.15, sem levar em conta a refração do ar, a qual mostra a disposição dos
instrumentos utilizados para a medição.
II-11
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
Se, em vez de medir o ângulo de altura (de inclinação), for medido o ângulo zenital, a fórmula
resulta:
II-12
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
II-13
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
experiências. A primeira determinação do valor de c foi feita pelo astrônomo Roemer em 1676, sendo
seguida por muitas outras, como indicado na Tabela 2.4.
Tabela 2.4: Valores determinados para a celeridade
Segundo as pesquisas mais recentes, c = 299.792,457 km/s com uma incerteza da ordem de ± 2 a
3 m/s, ou seja, com um erro relativo da ordem de 1.10-8. Na atmosfera terrestre, a velocidade de propagação
das ondas é diminuída, e devido às implicações que isso traz na mensuração, será tratada em capítulo
específico.
Os MED utilizam as ondas de alta frequência e com sinal direto para a determinação da distância.
Sendo assim, esses equipamentos estão limitados a 100 km de alcance, de acordo com o comprimento de
onda utilizado (normalmente microondas), e podem cair diante do relevo existente na direção do ponto de
visada.
Como se trata de medições eletrônicas baseadas em ondas eletromagnéticas e estas se propagam no
vácuo, a velocidade da luz a distância é dada pela medida do tempo que uma onda eletromagnética leva para
percorrer duas vezes a distância a determinar (Figura 2.16).
II-14
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
propagação da onda eletromagnética for conhecida e o tempo de propagação t for medido, a distância d
pode ser calculada pela equação 2.17.
[2.17]
Para que o comprimento do sinal tenha um valor inteiro e prático para a medição de distâncias, é
necessário modular a portadora com uma frequência de 14,985 MHz, para que seja λ = 20 m.
Para simplificar a apresentação, os valores adotados serão aproximados e valem:
c = v = 300.000 km/s
II-15
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
Transmissor Refletor
Figura 2.17 - Princípio da técnica do contador de pulso (Timed-pulse) para medidor de distâncias
Fonte: SCHOFIELD, 1993.
[ 2. 20]
Sendo:
t: tempo de propagação da onda entre o transmissor e o refletor, considerando o caminho de ida e
volta do sinal;
c: velocidade da luz no meio em que se propaga;
d: distância entre o instrumento e o alvo.
Esta técnica surgiu em instrumentos hidrográficos, usando microondas. Mas, com o passar dos anos,
tornou-se disponível para os sistemas que utilizam sistemas laser de propagação de ondas eletromagnéticas.
A determinação da distância pelo Método da Diferença de Fase é aplicada na maioria dos
instrumentos que usam infravermelho, luz visível ou microondas. A diferença de fase entre os sinais
transmitidos e recebidos pelo MED é uma parte fracional do comprimento total da onda modulada, e
portanto esse valor é menor que o comprimento da onda. Os instrumentos eletrônicos possuem, além dos
dispositivos para emissão e recepção das ondas eletromagnéticas, um dispositivo para medir a diferença de
fase entre as mesmas. A comparação da fase entre os dois sinais é difícil de ser realizada quando as
frequências dos sinais são da ordem de algumas dezenas de MHz (ruído eletrônico, refração do ar). Assim,
para evitar esse problema e aumentar a precisão, antes da medição da fase, transformam-se os sinais de
modulação para uma frequência muito mais baixa (entre 1,5 e 150 KHz), porém sem mudar a fase.
Seja, por exemplo, um aparelho cuja frequência de medida fina é de 15 MHZ. Se a frequência para a
medida de defasagem for reduzida a 1.5 KHZ pelo processo de mistura de frequências e o contador a
impulsos trabalhar também a uma frequência de 15 MHZ, ter-se-ão 10.000 impulsos para uma unidade de
medida (diferença de fase igual a 2π). Contudo, o valor de 20 m é equivalente a duas vezes o comprimento
II-16
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
da distância (ida e volta do sinal), porém todos os instrumentos têm medida efetiva de meio comprimento de
onda (PRICE & UREN, 1989). Assim, um pulso contado seria equivalente a 1 mm. Nestas condições, a
resolução desse instrumento será de 1 mm, pois uma medida efetiva correspondente a 10 m (λ/2),
representada por um pulso, é, portanto, discriminada por 10.000 impulsos, correspondendo a 1 mm.
A Figura 2.18 representa graficamente a medida da distância PQ.
Sinal transmitido
Figura 2.18 - Determinação de distâncias usando MED, por caminho duplo, método da diferença de
fase Adaptado de KENNIE et al., 1993.
[2.21]
Sendo:
M: é o número inteiro de comprimento de onda (neste caso igual a 2);
Δλ: é a parte fracional do comprimento de onda.
Como o sinal é refletido de volta ao instrumento (transmissor), a distância entre os pontos é dada por:
[2.22]
Sendo:
N: é o número inteiro de revoluções do vetor OA (4 neste caso);
Δλ': é a parte fracional dada pelo ângulo de fase.
[2.23]
II-17
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
[2.24]
A diferença de fase Δλ pode ser medida por métodos analógicos ou digitais. A Figura 2.19 ilustra a
medida digital de diferença de fase Δλ.
Para. resolver a ambiguidade N, pode-se utilizar um comprimento de onda maior do que duas vezes
a distância, tomando N igual a zero, e medir apenas a diferença de fase ou introduzir método de determinar
N, variando a frequência com valores pequenos, de forma a manter o valor de N constante na equação
2.24 para cada uma das frequências utilizadas. Exemplos são demonstrados no item 233.2 Ondas
Portadoras Utilizadas. De acordo com o exposto, pode-se idealizar uma equação que descreve a situação de
maneira mais adequada.
[2.25]
Sendo:
C é a velocidade do sinal eletromagnético (EM) no vácuo;
f é a frequência modulada (assumida sem erros);
na é o índice de refração da atmosfera;
k2 é o erro de zero do instrumento, ou constante aditiva;
k3 é o erro cíclico do instrumento.
Os erros do instrumento mencionados nas equações anteriores serão melhor detalhados no item 2.3.4
Erros Sistemáticos em Medições com MED.
II-18
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
II-19
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
sucessivas mudanças de comprimento de onda ( λ ). Nos instrumentos que utilizam microondas, a solução da
mencionada equação é obtida por medição de Δλ, usando cinco valores de comprimento de onda ( λ ) , que
é incrementado progressivamente por um fator de 10, e esta operação de troca é feita manualmente. O
exemplo na Tabela 2.5 ilustra esse princípio.
2 1 ,1243
20 10 6,124
200 100 76,12
2.000 1.000 376,1
20.000 10.000 2376,0
Distância = 2.376,1243 m
Fonte: KENNIE et al. 1993.
II-20
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
A Figura 2.20 mostra instrumentos que medem distâncias com a tecnologia descrita.
MRA-7
MRA 101
Os instrumentos que usam luz visível como portadora (por exemplo, o geodímetro) tem um
comprimento de onda da ordem de 5600 a (isto é, 0,56 x 10~6 m). O modo de propagação é na forma de
raio direto, reflexões são incomuns, devido ao fato de que na natureza não se encontram muitas superfícies
que produzem fortes reflexões para esse tipo de onda. Por outro lado, durante parte do dia, sempre há a
possibilidade de entrada de luz no sistema ótico, aumentando o ruído, que reduz a sensibilidade do
instrumento no processo de medição. O feixe de luz é altamente colimado, com uma divergência de apenas
frações dè grau, razão pela qual o receptor ótico tem um diâmetro bastante pequeno, e portanto pequeno
ângulo de recepção. Devido à pequena divergência do feixe, o alinhamento de visada toma-se crítico.
O alcance é, em geral, menor do que os instrumentos que usam microondas, sendo que à noite o
alcance é maior e as condições atmosféricas, tais como chuviscos ou neblina, diminuem consideravelmente
o alcance. O índice de refração é pouco afetado pelas condições atmosféricas para o curto comprimento de
onda usado, e a umidade relativa causa pequena influência nesses instrumentos, o que não ocorre com os
instrumentos com microondas. Por essas razões, o erro externo é considerado com um valor da ordem de 1
ppm (parte por milhão).
11-21
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
Em geral, os instrumentos eletroóticos são mais apropriados para medir distâncias curtas, obtendo-se
alta precisão, sendo o erro de zero o fator mais importante de limitação de sua precisão.
Alguns dos modelos dessa categoria utilizam a freqüência básica f x = 29 970 0 0 0 MHz, com
índice de refração igual a 1,0003086, de forma a obter um comprimento de onda igual a 10 m ( 2 / 2 = 5 m).
Para resolver a ambigüidade em distâncias na faixa de 2.000 m, duas outras freqüências são usadas, e estas
são relacionadas à primeira como a seguir de acordo com BURNSIDE 1991:
f 2 = 3 0 0 4 4 9 2 0 M tfz = 4 0 1 /4 0 0 - /1 e / 3 = 31 4 6 8 5 0 0 MHz = 2 1 / 2 0 - [ 2 . 2 6 ]
Neste caso, a ambigüidade N { é igual à ambigüidade A 3 para distâncias menores do que 100 m, ou
seja, 20 vezes 2 / 2. Igualando as equações da distância para as duas freqüências e reduzindo, tem-se:
d = [21(AJ3 - A ^ )] + Ad x [2.28]
Sendo:
d distância do alinhamento;
A dx distância dada pela diferença de fase da freqüência ;
O s valores entre colchetes são múltiplos de 5, desprezando os pequenos erros que podem ocorrer.
Para resolver a ambigüidade em uma distância maior do que 100 m, é necessário uma freqüência que
produza um comprimento de onda maior do que a distância a determinar e encontrar a quantidade de
comprimentos de 100 m que ocorrem nesse intervalo. Utilizando a freqüência que produz meio comprimento
de onda igual 2 km e fazendo a mesma operação anterior, tem-se:
d = [401(A d 2 - Ad , )] + Ad x [2.29]
Sendo:
d distância do alinhamento;
Ad l distância dada pela diferença de fase da freqüência /, ;
Este último valor encontrado serve apenas para determinar a quantidade de 100 m que ocorre na
distância medida, porque os pequenos erros do processo de medição são multiplicados por um alto fator e o
resultado toma-se pouco confiável pela baixa precisão. Diante do exposto, a distância é estimada pela
quantidade de 100 m presentes na distância, dada pelo maior comprimento de onda, mais a parte da distância
encontrada através da onda de menor comprimento. Para distâncias maiores, os fabricantes alteram as
freqüências, de forma a atingir a distância a ser medida. Alguns modelos têm alcance até 50 km.
O uso desses instrumentos é bastante amplo, sendo que na engenharia eles têm sido usados na
abertura de túneis ou minas, barragens, pontes, instalação de máquinas, no levantamento de bases de
triangulação, poligonais de precisão ou trilateração de lados curtos. Porém, equipamentos que usam esse
11-22
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
tipo de onda para longo alcance foram abandonados por ser de difícil modulação; apenas são fabricados para
alcance em tomo de 300 m. Existem numerosos equipamentos que usam essa tecnologia (Tabela 2.7).
Tabela 2,7 - Características técnicas dos instrumentos que utilizam luz visível
Nome Comprimento Alcance Sistema de leitura Precisão Peso
da onda min máx
portadora
AGA 8 632,8 nm 60 km Medidor de nulo leitura ±(5 mm + 1 23 kg
digital PPm)
AGA 6BL 632,8 nm 25 km Medidor de nulo leitura ±(5 mm + 1 16 kg
digital ppm)
AGA 600 632,8 nm 40 km Medidor de nulo leitura ±(5 mm + 1 15 kg
digital ppm)
• Kem 632,8 nm 20 m 8 km Leitura automática 8 ±(0,2 mm + 11 kg
Mekometer dígitos 0.1 ppm)
5000
COM-RAD 480 nm 10 m 5 km Medidor de nulo leitura 8 ±(0,1 mm
Geomensor dígitos ±0,1 ppm)
204 ±0,5 ppm
Georan I 514 nm 30 km Medidor de nulo ±0,5 ppm
Two-Color 458 nm
Terrameter 632,8 nm 20 km ±0,1 mm ou
LDM 2 441,4 nm ±0,1 ppm
Leica Disto 635 nm 0.3 m 100 m Leitura automática unidade ±1,5 mm 0,67 kg
Pro visualizada lmm
Terrameter
Kern ME 5000 Geodimeter AGA 6À (PRICE and UREN, 1989)
Leica DISTO PRO SEVILLA, 2001
Os instrumentos que usam radiação infravermelha como portadora têm comprimento de onda em
tomo de 0,9 jim. Nessa região do espectro, a atmosfera tem uma grande absorção com exceção da região
0,72 - 0,94 pm, que é chamada de “janela do I.V.”. Isto implica o uso dessa região para todos os
equipamentos, para evitar a perda por dispersão. Em condições de alta umidade e alta temperatura, o vapor
d’água presente na atmosfera causa mais absorção. Com o feixe estreito e o curto comprimento de onda
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia C apítulo II - Distâncias
usado, existem poucos problemas com ondas refletidas. Assim, a pontaria é crítica, pois o feixe de luz é de
lÁ do grau, sendo a precisão da ordem de milímetros,
O processo de modulação da freqüência é usado nesses instrumentos para que se possa usar como
unidade de medida um comprimento de onda em tomo de 10 m e transmitir o sinal na atmosfera de forma
eficiente. À primeira vista podería, se pensar em diminuir o comprimento da onda para que se possa utilizar
antenas de transmissão, já que as mesmas devem ter o tamanho da ordem de 10/L (comprimento da onda de
medição). Porém, sabe-se que não é recomendado esse procedimento de diminuição do comprimento de
onda pela dificuldade de resolver a ambigüidade para uma medida longa, onde os ciclos são muito próximos
e o processo de medição de fase é extremamente instável para altas freqüências. Assim sendo, as antenas
seriam muito grandes, já que o comprimento de onda X é em tomo de 10 m, inviabilizando seu uso no
processo de medição topográfica.
O tipo.de modulação utilizado nos instrumentos infravermelhos com sistemas eletroóticos, segundo
PRICE & UREN (1989), é a modulação em amplitude na qual a onda de medição é usada para variar a onda
portadora (Figura 2.22). O raio infravermelho pode ser controlado usando pequenos componentes, tais como
lentes, de modo que um raio transmitido pelo instrumento seja altamente colimado.
O diodo de arseniato de gálio (GaAs) é a fonte de onda utilizada na maioria dos instrumentos dessa
categoria, sendo que sua principal vantagem é que a saída pode ser modulada diretamente em intensidade. A
saída de radiação é sempre linearmente relacionada a estimulada corrente aplicada e o tempo de resposta é,
na verdade, muito pequeno.
A precisão de um medidor de distâncias é diretamente dependente da qualidade do oscilador
(contador de freqüência). Alguma diferença na freqüência fixada resultará em um erro ppm proporcional.
Para o instrumento DI-160G/TC-1600, por exemplo, o raio de luz infravermelho transmitido é
modulado com a freqüência de 50 MHz, o que resulta em um comprimento de onda de 6 m e uma resolução
de ambigüidade de 3 m ( / i / 2 ) . O sinal HF recebido é misturado com 49.993.896 Hz no receptor, caindo a
11-24
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo lí - Distâncias
um sinal LF resultante de 6104 Hz, igual à diferença das duas freqüências. Este sinal é obtido com a mesma
diferença de fase do sinal HF, relacionado à freqüência de referência do instrumento, no caso 50 MHz
(Figura 2.23). O sinal de baixa freqüência facilita a medição do comprimento de onda pelos componentes
eletrônicos pelo fato de ser mais estável.
De acordo com a Figura 2.23,. 16 vezes por período a.forma.senoidal do sinal LF é digitada.em um
conversor AD em configuração com um circuito de controle. A posição real de fase é avaliada
matematicamente e convertida em uma distância fina.
ADC
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
Uma resolução de 3 m é obtida com a medição fina; assim a medição grosseira tem que ter uma
acurácia de ±1,5 m (metade da resolução da ambigüidade) no mínimo. De maneira a executar uma medição
grosseira, as três freqüências podem ser selecionadas:
Contudo somente duas, f 96nl e f 6Km , são usadas para obter a acurácia da medição.
Da mesma forma como durante a medição fina, o raio de luz infravermelho é modulado pela
freqüência de referência de 50 MHz. Porém, a freqüência grosseira modula a freqüência de referência por
180° em fase. O raio infravermelho transmitido é modulado com este sinal HF. O sinal HF recebido é
também misturado no receptor com 49.993.896 Hz, mas esta freqüência gerada pela mistura é modulada em
fase com a freqüência locada de 191 Hz, a partir da freqüência grosseira transmitida. O produto da mistura é
um sinal LF de 6104 Hz, modulado em amplitude com bandas de 191 Hz. A curva da modulação em
amplitude tem a forma triangular com 191 Hz. Da mesma forma como durante a medida fina, os períodos do
sinal de baixa freqüência de 6104 Hz são digitalizados em 32 períodos. A posição real de fase do sinal de
191 Hz de forma triangular é avaliada matematicamente e convertida em distância grosseira (ZEISK, 1990).
11-25
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e G eologia Capítulo II - Distâncias
Cada uma das três medições, a fina e as grosseiras de 96 m e 6 km, são produzidas por meio de um
processo de medição interno, que primeiramente avalia a rotação de fase interna. Esta rotação de fase interna
é devido a várias influências físicas e eletrônicas como temperatura, resposta de freqüência, ação e
tolerâncias de componentes tão bem como dos parâmetros óticos. As distâncias brutas encontradas pelas
medições externas são corrigidas pela distância medida por meio da rotação de fase, avaliada pelo
procedimento de medição interna e que representa assim o 0 (Zero) de referência do instrumento.
Para as Estações Totais de última geração são incorporados dois distanciômetros de medição
coaxiais: um para distâncias com uso do refletor e outro sem o uso do refletor. Ambos operam no princípio
da medição de fase, descrito anteriormente.
O raio laser infravermelho para a medição com o uso de refletores (prismas) tem um comprimento
de onda de 780 nm, mede distâncias de cerca de 3.000 m com um único prisma, com acurácia de 2 mm + 2
ppm.
A luz visível do raio laser vermelho tem um comprimento de onda de 670 nm e mede distâncias até
80 m com uma acurácia de 3 mm + 2 ppm, sem uso do refletor.
Essa combinação de dois distanciômetros em uma única Estação Total oferece grandes vantagens
onde, os pontos a serem medidos alternam entre pontos de fácil e difícil acesso, e inacessíveis, como em
controles de estruturas metálicas, determinação de comprimento de condutos e outros.
Para.prevenir a saturação do receptor, causada por um forte sinal de retomo (distância próxima), o
raio infravermelho pode ser atenuado variavelmente por meio de um disco de filtro, que é posicionado por
um motor <e controlado por um processador por meio de uma interface. Dois filtros cobrem o disco e
atenuam os sinais transmitidos e recebidos, cada um 50% de toda a atenuação; No fim da trilha do disco,
uma parada mecânica limita o movimento do motor do disco. Um detector de posição é usado para uma
rápida configuração da amplitude dos sinais recebidos e também para o sistema antibumerangue, de maneira
a fixar a atenuação desejada.
O detector de posição é uma barreira de luz consistindo de um IR-Diodo (LED) e um fotodiodo. A
luz ilumina o fotodiodo através de um diafragma em forma de cunha, que é locado na borda da
circunferência do disco de filtro, conforme Figura 2.24, e a corrente causada por essa luz é convertida em
corrente contínua a uma magnitude proporcional à posição real no disco de filtro. Por meio de um conversor
AD a voltagem é lida pela CPU. Essa barreira de luz é variável de instrumento para instrumento.
11-26
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
LED
j 1111 v u i \
h H
Figura 2.24 - Esquema do sistema de filtro
Fonte: Manual de serviço Dl 1600/DI2002 (ZEISK, 1990).
Quando-o sistema de filtro é inicializado, a CPU lê os valores limites e aloca a faixa de atenuação
para uma área de posição de 0-255 (Figura 2.25). Esta padronização é feita de forma a compensar as
tolerâncias da barreira de luz se um dos valores-limite desviar por mais do que ±7 de 0 a 255, e è feita
automaticamente sendo seus valores escritos em uma EPROM do microprocessador. Logo em seguida, é
verificada a acurácia do local de posição do filtro, comparando alguma posição preestabelecida com a real; a
diferença deve ser ±6 ou menor. Se esta é maior, o motor e barreira de luz devem ser inicializados
novamente.
Valores, d o ' Posição d o
c o n ve rso r AD filtro
Quando um sinal percorre mais do que uma vez o percurso entre o transmissor ótico, refletor e
receptor ótico, este é chamado de sinal bumerangue e pode ser adicionado ao sinal de medição, resultando
em um erro de distância. Para limitar o sinal bumerangue, o raio infravermelho é atenuado por um filtro
graduado, que é selecionado de acordo com o nível de ruído e o sinal é reduzido possivelmente pelo mesmo
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e G eologia C apítulo l í - Distâncias
fator de nível de ruído. Para os modelos Dl 1600 e Dl 2002, o sistema antibumerangue é ativado na faixa de
0 a 100 m.
Os sistemas antibumerangues são ineficazes contra reflexos dos componentes óticos dos teodolitos.
Especialmente tipos mais antigos, que não são equipados com filtros de absorção, podem produzir fortes
reflexos. Se tal problema é detectado, é recomendado cobrir a objetiva do teodolito durante a medição de
distâncias. As menores distâncias e a maior imprecisão de pontaria no prisma proporcionarão uma maior
probabilidade de ocorrer o efeito bumerangue.
11-28
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
lii W VlV
Zeiss EOK 2000 Sokkisha RED 1
HP 3800 B
Nikon ND-21F
11-29
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e G eologia Capítulo II - Distâncias
Leica GPH1
Leica GRZ 4 360° CST Mini- Prisma CST
prisma
O perfeito funcionamento de um refletor depende de alguns cuidadas especiais que devem ser
dispensados a eles. A poeira, marcas de gordura, impressões digitais, gotas de água e outras sujeiras
diminuem a capacidade de reflexão dos prismas. Uma forte diferença de temperatura entre os prismas e o a r ;
em tomo do .refletor pode produzir uma curvatura côncava ou convexa sobre a face do prisma, que é plana
quando a temperatura é equilibrada, e produz nessas condições divergência do sinal recebido pelo prisma, o
que diminui a sua capacidade de reflexão.
Outro acessório dos aparelhos para medida eletrônica de distâncias são as baterias de corrente
contínua de 32 volts, secas, de cádmio-níquel. Os tipos de baterias utilizadas (Figura 2.28) variam desde as
minibaterias (0,5Kg) até grandes baterias (5Kg). Com carga plena, uma minibateria permite medir uma
centena de vezes uma distância. As baterias atuais podem ser recarregadas milhares de vezes e possuem uma
duração de carga de. 12 a 15 horas. Para operarem eficientemente, as baterias devem ser descarregadas
primeiramente e depois recarregadas até sua capacidade máxima, sempre em um período adequado anterior
ao trabalho.
11-30
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia C apítulo II - Distâncias
O valor de n é normalmente próximo da unidade e é assumido por muitos instrumentos MED como
sendo igual a 1,000320. No espectro de onda eletromagnética de luz visível e infravermelha, n é calculado
usando a fórmula de Barrei e Sears;
n-3i
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia C apítulo II - Distâncias
273
(n, - l ) = (ns- l ) - [2.31]
2 7 3 + f 760 273 + /
Sendo:
1,6288 0,0136
{n, -l )x 10’6 287,604 + [2.32]
Tabela 2.9 - Precisões em medições da temperatura, pressão e umidade entre os diversos MED
para obter um 1 ppm de precisão no índice de refração
Precisões das medidas
Onda Portadora T " P Umidade
(°C) (mm Hg) (mmHg)
Microondas 0,8 ±2,9 ±0,17
Luz visível/infravermelho 1,0 ± 2,7 ±20
Fonte: KENNIE et al. (1993).
Qs.-..dispositivos MED, como outros instrumentos topográficos, requerem cuidados no uso e uma
regular calibração para fornecer segurança e acurácia às medições. Porém, ainda podem acontecer erros, de
natureza não-instrumentais, que é a instalação do MED no teodolito de forma a deixá-lo não-paralelo ao
eixo da luneta e conseqüentemente não-paralelo à linha de visada. Entretanto apenas serão comentados os
erros sistemáticos mais comuns causados pelo instrumento mal ajustado, que são: erro de escala ( kt ) ou
11-32
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo l í - Distâncias
A medição da temperatura do quartzo e o cálculo da freqüência real são realizados por conta do
instrumento, quando a distância é estimada. Assim a freqüência do sinal HF transmitido altera com a
temperatura interior do instrumento e pode ser comparada à calculada usando informações armazenadas nos
instrumentos em funções específicas. Os desvios permitidos devem ser:
± 5 ppm ±250 Hz
±2ppm ±100 Hz
± 1 ppm ± 50 Hz
* 5 9
Com o’exposto acima toma-se desnecessário preocupar-se com a constante de. multiplicação, que é
usada para definir a freqüência de referência, já que os desvios são testados pelo próprio instrumento.
■ O contador de freqüência usado para verificação tem que ter, na verdade, uma precisão que não pode
ser menor do que 1x 10~7 Hz. Esta estabilidade e precisão requerida são somente obtidas com contadores de
freqüência equipados com quartzo estabilizado a altas temperaturas. O desvio de freqüência de tais
contadores é especificado em 1 ppm/ano, que é justamente o envelhecimento. Portanto, o contador de
freqüência tem que ser calibrado anualmente.
Segundo SILVA et al.(1999), erro de zero ou de índice é também chamado de erro de constante de
Adição. Este erro representa a diferença entre a distância medida pelo instrumento MED entre os dois
pontos e a distância conhecida dos mesmos, sem erros de escala, cíclico e atmosférico. É causado quando o
centro interno de medida do instrumento e o refletor não coincidem com o centro físico do
instrumento/refletor, que é colocado verticalmente sobre o ponto a ser medido. A constante de adição varia
de acordo com a combinação instrumento/prisma. Na maioria dos casos, ela é igual a zero.
Tal como o nome indica, os erros cíclicos ( k 3) são erros periódicos e podem ter um efeito
sistemático, particularineníe em pequenas distâncias. É caracterizado por ser uma função periódica do
comprimento de onda medido e a diferença de fase entre medida e sinal de referência. Esse efeito é cíclico
sobre o comprimento de onda modulada.
n-33
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e G eologia ; C apítulo II - D istâncias
Estes são os menores das três fontes de erros instrumental e são causados por “contaminação”
eletrônica interna entre o transmissor e o receptor (circuito elétrico). O efeito dessa fonte de erro é reduzido
pelos fabricantes de instrumentos por isolantes elétricos e proteção dos componentes dentro do
equipamento.
2.3.5 - Precisão
A precisão indica qual o desvio das medidas em relação ao valor real e não pode ser confundida com
resolução, que é o menor valor que o instrumento pode ler. A precisão que se obtém com um distanciômetro
depende principalmente dos seguintes parâmetros:
- resolução do indicador de fase (capacidade do aparelho em medir a defasagem);
- frequência da medida fina;
- estabilidade da frequência da medida fina.
A diferença de fase pode ser determinada com um erro relativo compreendido entre 1:100 e
1:10.000, e ás unidades de medidas finas utilizadas em mensuração variam entre 3 m e 30 m.
Um aparelho cuja freqüência de medida fma é de 15MHZ (unidade da medida X - 1 0 m) e que
mede a defasagem com um erro de ± 0.0005 permite, portanto, a obtenção de uma precisão teórica de ±
5mm sobre uma medida de distância.
’;:V ■
Os equipamentos comuns, disponíveis no mercado, possuem alcances5até 14 Km e precisão variando
entre 5mm ± 5ppm a 3mm ± 2ppm. Incluiem-se neste grupo, por exemplo, os distanciômetros Dl 1001 e Dl
1600 da empresa Leica (Tabela 2.8),
Os equipamentos de alta precisão, como, por exemplo, o distanciômetro Dl 2002, da empresa Leica,
possuem resolução de 0,1 mm e precisão de lmm ± lppm.
A mais recente inovação ocorreu com a introdução, no mercado, dos distanciômetros eletrônicos
para medir sem refletor. Trata-se do DISTOMAT DIOR 3002S, da empresa Wild, que alcança até 300 m
com uma precisão de ± 5 a 10 mm.
2A - Referencias Bibliográficas
ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas: NBR13133 - Execução de levantamento topográfico.
Rio de Janeiro, 1994.
BURNSIDE, C.D. (1991). Electromagnetic Distance Measurement, 3a edição, BSP Profissional Books.
11-34
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo II - Distâncias
DOUBEK, A. (1974). CG-160 Levantamentos Eletrônicos (Ia parte), Curso de pós-graduação em ciências
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segundo a NBR 13,133 e comparação entre as diferentes distâncias obtidas nos diversos planos de
referência, XX Congresso Brasileiro de Cartografia, IX Congresso de Engenharia de Agrimensura, VII
Conferência Ibero-Americana de SIG, Porto Alegre - RS.
MGFFIT, F.H., BOUCHARD, H. (1987), Surveying, 8a edição, Harper & Row, New York.
PRICE, W.F., UREN, J. (1989). Laser Surveying, Ia edição, Van Nostrand.Reinold (International) Co, Ltd,
Londres.
SILVA, I., ERWES, H. (1999). Apostila do IV Curso de Atualização em Topografia e GPS (segundo a NBR
13.133). apostila não publicada, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
n-35
III - ÂNGULOS
A medição de ângulos não é um assunto “novo”. Há muito tempo, o homem começou a se preocupar
com isso e tentar se orientar por meio de métodos bastante rudimentares. A história mostra que por volta dò
ano 4000 a.C., egípcios e árabes, quando da tentativa de elaborar um calendário, perceberam que “o Sol
girava em torno da Terra”.
Ainda segundo eles, o Sol percorria uma parte da órbita a cada dia; então, um arco de circunferência
de sua órbita era igual a um dia. A este arco fez-se corresponder um ângulo cujo vértice era o centro da Terra
e cujos lados passavam pelas extremidades de tal arco. Assim, esse ângulo passou a ser uma unidade de
medida e foi chamado de grau ou ângulo de um grau.
Os babilônios já empregavam por volta do ano 1700 a.C. sistemas decimais e frações sexagesimais.
O sistema de frações sexagesimais foi transferido à Grécia e depois para o restante da Europa. Como se pode
perceber, o hábito de dizer que o arco de circunferência mede um grau quando corresponde a 1/360 dessa
circunferência é uma tradição muito antiga e permanece até hoje, ainda que se saiba que a Terra gira em
torno do Sol e não vice-versa, como acreditavam.
Há diversas unidades nas quais se pode expressar um ângulo, tais como grado e radiano, entretanto, o
grau, apesar de ser uma unidade sexadecimal, ainda é a unidade mais utilizada no Brasil. A necessidade de
atender aos objetivos da Planimetria e da Altimetria toma necessário efetuarem-se medições angulares nos
planos horizontal e vertical. Assim, surgem as definições de ângulos horizontais e verticais ,
respectivamente.
Com o teodolito medem-se tanto os ângulos horizontais quanto os verticais. Atualmente é comum
que teodolitos e estações totais com eletrônica cada vez mais sofisticada possibilitem ao operador optar por
qual tipo de ângulo vertical deva ser utilizado durante uma determinada medição e se a direção positiva do
ângulo horizontal é horário ou anti-horário.
Existem atualmente instrumentos com diversas precisões diferentes que variam entre
0,5", 1", 3", 5", 10” e 20" , apesar de a leitura mínima também chamada de resolução angular ser via de regra
igual a 1".
III- 1
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo III - Ângulos
Há diversos métodos para medir ângulos horizontais; dentre eles pode-se citar: simples, duplo,
medidas compensadas e repetição.
A medida simples de um ângulo implica somente a execução de duas leituras no círculo graduado.
Assim, para determinar o ângulo horizontal PSQ (Figura 3.1), será suficiente estacionar o teodolito em 5,
apontar para o ponto P, anotar a leitura (Lp) na caderneta de campo, apontar para Q, anotar a leitura (Lq) e,
finalmente, calcular o ângulo pela diferença de leituras:
a - Lq - Lp
Zênite
180-'
Figura 3.2 - Leituras com o círculo horizontal zerado e em uma posição qualquer
Exemplificando:7
- fixar o limbo à alidade e girar o aparelho até visar novamente P (a leitura permanecerá constante);
- soltar a alidade e o limbo (que ficará fixo à base) e apontar para Q ;
- a leitura em Q corresponde a duas vezes o ângulo a .
Figura 3.3 - Leituras feitas por medição simples e medição dupla, respectivamente
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo III - Ângulos
Exemplificando:
Quando o ângulo a for maior do que 180° , sua medida deverá ser: + 180° . Em muitos equipamentos
eletrônicos não é mais possível fazer esse tipo de medição em função da ausência de controle pelo usuário
sobre o movimento geral do instrumento. Assim, utiliza-se como alternativa o método das direções, o qual
foi desenvolvido em função da ocorrência de erros instrumentais que afetam as leituras e conseqüentemente
a determinação dos ângulos; isto exigiu o desenvolvimento de um método que permitisse minimizar as
influências da excentricidade do círculo graduado, colimação e inclinação do.eixo secundário, embora tal
•método ;não elimine os erros propriamente ditos.
Também conhecido como método de Medidas Compensadas ou, ainda Método de Bessel, ele
preconiza que sejam realizadas leituras angulares em duas partes.opostas do círculo: graduado, denominando-
as Posição Direta (PD) e Posição Inversa (PI); maiores detalhes podem ser obtidos na NBR 13.133
(Figura 3.4).
O reconhecimento em qual posição está o instrumento é bastante simples e basta observar que o
teodoliio ou a estação total está em P D , quando seu círculo vertical se encontra à esquerda do operador, e
em P I , quando o círculo vertical está à direita do operador, Para passar da PD para a P / , é necessário
girar 180° a aiidade e virar a luneta. Assim, efetuam-se quatro leituras, duas em cada posição. O ângulo é
obtido a partir da seguinte formulação:
a — LD
q — L°p (Posição Direta)
Cí — L q —L p (Posição Inversa)
III-4
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo III - Ângulos
Exemplificando:
P p
e
Q Q : <>, Q
: 250'’. 15'40"
..
.... ^i&o°
Posição Direta Posição In v e rsa
Figura 3.4 - Método das direções com pares de leituras feitas em posições direta e inversa
LP = 10°15'20" L q = 70°15'20"
Lp = 190° 1530" L q = 250°15'40"
200°30'50" 320°31'00"
320°3 r00"-200°30'50"
a =■ => a = 60°00'05"
O método de repetição responde à mesma seqüência de operações que a medida dupla, porém,i ao
invés de dois, sao realizados n apontamentos.
Assim, para determinar o ângulo, procede-se da seguinte maneira:
+fe - ^ L"p 1
a - fc,-4 )+ (4 -4 )+ . => a = •
III - 5
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo ÍII - Ângulos
magnético que passa por sua posição, ou seja, as extremidades da agulha apontam para o Norte e o Sul
magnéticos e não para os pólos geográficos.
As posições dos pólos magnéticos terrestres, diferentes dos pólos geográficos, estão em constante
mudança, variando temporalmente em função do local. No Brasil, cabe ao Observatório Nacional a avaliação
periódica para que sejam confeccionadas as Cartas Magnéticas, que são atualizadas a cada cinco anos.
Segundo BARRETO (2000), "a oscilação nas cargas magnéticas é provocada pelos metais pesados
(níquel e ferro) presentes no núcleo do planeta. Girando junto com a Terra, eles atuam como gigantescos
imãs influenciados pela atividade solar e pelo movimento das massas fluidas internas5’.
No Brasil, pode-se verificar que as oscilações magnéticas do campo produzem alterações nas cartas.
Em 1890, o Equador magnético, que se move constantemente, atravessava o Brasil na cidade de Caravelas,
no litoral sul da Bahia. Em 2000, eie passava próximo da cidade de São Luís-MA.
3.2 A - Az im u te
Os azimutes recebem a denominação de magnéticos ou geográficos de acordo com o pólo a partir do
qual são medidos. O Azimute de um alinhamento é o ângulo horizontal formado entre ele e a direção do
Norte, medido a partir do Norte em sentido horário. Assim, o Azimute varia de 0o a 360° . Caso seja medido
a partir da direção do Norte Magnético, ele será um Azimute Magnético mas, e se a referência for Norte
Geográfico ele será um Azimute Geográfico ou Azimute Verdadeiro.
Para posicionar uma figura plana em relação ao Norte Magnético (Figura 3.5), basta determinar um
ângulo que qualquer um de seus lados forma com a direção do Norte Magnético, o que pode ser conseguido
facilmente utilizando um instrumento dotado de bússola (declinatória).
III - 6
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo III - Ângulos
A determinação da direção do Norte Geográfico, que é fixo, não é tão direta quanto a do Magnético,
necessitando de equipamentos específicos como o giroscópio, frequentemente utilizado em topografia
subterrânea, GPS ou ainda por meio do uso de observações astronômicas, ou seja, sem equipamentos e/ou
técnicas específicas é impossível determinar a direção exata do Norte Geográfico e, por esse motivo, muitos
levantamentos ainda hoje têm como ponto de partida a direção do Norte Magnético. O que ainda deve
persistir por algum tempo.
NM
Nesta abordagem serão considerados apenas os azimutes planos, ou seja, serão desconsideradas a
curvatura da Terra e todas as suas influências no seu azimute. Além disso, o azimute de um alinhamento
depende do sentido. O Cálculo do Azimute no sentido contrário ou Contra-Azimute é feito obedecendo a
seguinte relação: Se Az <180°, então o Contra-Azimute será Az + 180°. Se Az > 180°, então o Contra-
Azimute será Az - 180° . Na figura 3.5, o A z ED, desenhado em vermelho, é o Contra-Azimute do A zDE .
Exemplificando:
A zDE ^ A zed
A z d e = 315°00f00"
A z £•£> = -1 8 0 ° => A zed = 135°00'00"
3.2.2- Rumo
Para fomecer orientação aos alinhamentos de um levantamento topográfico, também podem ser
utilizados, além dos Azimutes, os Rumos.
IÍI - 7
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo III - Ângulos
N
R ,D
A = B7 5 03 0 '4 0 " A’ £
R BC = 1 0 a20
R CD = 3 6 ° 4 0 '0 0 "-7W/
R n c = 4 5°00'10" N W
Dt
R E D = 45 °00,1
S
Figura 3.6 - Representação do sentido de medição dos Rumos, com indicação de alinhamentos em
diferentes quadrantes
Figura 3.7 - Levantamento planimétrico onde estão indicados os Rumos dos Alinhamentos
Observações: A Figura 3.7 deixa bem evidente que, em função de propriedades geométricas, os Rumos
de um alinhamento de ida ou de volta têm o mesmo módulo e orientações em quadrantes opostos. Assim,
III-8
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo III - Ângulos
III-9
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo III - Ângulos
Exemplificando:
de 2°03'45"W . Assim, somando algebricamente a variação da declinação magnética total ao ^^^(01/01/1985) >
teremos:
49o2030"(A/E)+ 2°03'45"{W) => ^ fi(0,/07/2001) = 51°24’15"(/V£)
s
Figura 3.8 - Aviventação de Rumos em função da variação temporal da Declinação Magnética
III- 10
Figura 3.9 - Carta Magnética do Brasil 2000.0/ DECLINAÇÃO - cedida pelo Observatório Nacional. As curvas isogônicas estão desenhadas em
vermelho e as curvas isopóricas em azul. Documento foi modelado por Constantino de Mello Motta a partir de dados observados e processados por Ronaldo
Marins de Carvalho e Elisabeth da Cunha Lima, sob a coordenação de Luiz Muniz Barreto, e gentilmente cedido pelo Observatório Nacional.
Topografia para Estudantes de Engenharia. Arquitetura e Geologia Capítulo III - Ângulos
Exemplificando;
Ainda utilizando o exemplo anterior e sabendo que a Declinação Magnética quando da medição em
1985 era de \9°W , deseja-se determinar qual o rumo geográfico em 01 /07/2001.
Considerando do calculo anterior que a variação total no período da Declinação Magnética foi de
2°03'45"1V , então a Declinação Magnética em 01/07/2000 é de; \9°W + 2°03'45"W = 21 °03'45”Wr .
Para se converter Rumo Magnético em Rumo Verdadeiro:
RV pq =RM pq±D M => RV pq= 5 1 o2415"(/VE)-21°03'45"1¥ => RVPQ = 30°
3.2.3- Relações /R
O
M
U AZIMUTE
As relações matemáticas entre Rumos e Azimutes são facilmente compreendidas por meio de uma
análise gráfica, como pode ser visto na Figura 3.11.
III- 12
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologi; Capítulo III - Ângulos
No I quadrante (NE), Rumo e Azimute de um alinhamento têm o mesmo módulo, pois têm a mesma origem
e sentido;.
No II quadrante (SE), Rumo e Azimute de um alinhamento têm origem e sentido opostos e, como são
ângulos suplementares, sua soma é de 180°;
No III quadrante (SW), Rumo e Azimute de um alinhamento têm origens opostas e mesmo sentido. Assim, o
Azimute é 180° maior que o Rumo;
No IV quadrante (NW), Rumo e Azimute de um alinhamento têm a mesma origem e sentidos opostos. Como
são ângulos replementares, sua soma é de 360°.
III- 13
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo III - Ângulos
Zênitc
Zcnitc
00'
Zeniíal de altura Nadiral
Figura 3.12 - Tipos de ângulos verticais
se façam leituras nas posições'direta {l?p) e inversa {l!P\ para que sejam minimizados os efeitos dos erros
instrumentais.
Exemplificando:
Utilizando um instrumento com o zero zenital, pode-se calcular o ângulo zenital a partir de leituras
em posição direta e inversa com o seguinte procedimento:
z _ L£-Z/ p +360 q
2
L°p = 70°00'00"
4 = 2 9 0 °0 0 '1 0 "
7 _ (70°00'00"-290o00'10"+360°)
— Z = 69°59’05"
2
Se por necessidade ou comodidade deseja-se trabalhar o ângulo vertical de altura, pode-se calcular h
em função de Z e vice-versa de forma direta, já que são ângulos complementares; neste caso:
h= 9 0 °-69°59'05" => = 20°00'05"
III -14
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo III - Ângulos
No caso do ponto visado estar abaixo do horizonte do instrumento, h será negativo e pode-se
calcular Z como mostrado a seguir:
LD
P = 125°00'10"
L'p = 235°00'00"
(l25°00'10''-235°00'00") + 360°
Z = 125°00'05"
2
h = 90°-125°00'05" h = -35°00'05"
JORDAN. D.W. (1944). Tratado General de Topografia, Tomo I - Planimetria. Editora Gustavo Gili, S.A.
Barcelona.
MOFFIT, F.H.; HARRY, B (1975).lSurveying, SixthJEdition. Harper & Row, Publishers. New York.
ESPARTEL, L.; LÜDERITZ, J. (1983) Caderneta de Campo, 13a edição. Editora Globo. Rio de Janeiro.
III-15
IV - TEODOLITOS E ESTAÇÕES TOTAIS
4.1 - Teodolito
O teodolito, algumas vezes chamado de transite, é usado para medir ângulos horizontais e verticais.
É considerado um instrumento universal, pois é empregado na medição de ângulos nos levantamentos
topográficos, geodésicos e astronômicos.
O termo teodolito, segundo historiadores, provém da palavra árabe ali-idcida = braço-índice. Ao
passar para o inglês, incrementou-se o artigo The ficando the alhidada, para se transformar definitivamente
em theodoite. Na literatura inglesa, há menção do uso do teodolito já em 1570, o que leva a supor que foram
os ingleses os principais idealizadores do instrumento. Durante a primeira metade do século XIX, ele foi
modificado pelos.alemães e, a partir do século XX, completamente modernizado e utilizado em larga escala
nos trabalhos de engenharia em geral (SELVA, 1993).
Em seus princípios gerais, o teodolito geodésico ou astronômico não difere do topográfico senão
pela maior precisão de seus elementos, como os micfroscópios micrométricos, a grandeza dos círculos, a
semsibilidade dos níveis, a potência das lunetas. e outros (ESPARTEL, 1960). Os teodolitos diferem muito
quanto à estrutura, à forma, aos processos de leitura e manuseio, porém mantém os mesmos princípios
geométricos. Os materiais que são empregados nos componentes do instrumento estão mudando e o de
senvolvimento tecnológico tem melhorado a acurácia e a estabilidade dos instrumentos e permite que estes
sejam cada vez menores, mais leves e mais fáceis de usar. Sua estrutura básica é ilustrada na Figura 4.1.
Círculo vertical
IV- 1
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IV - Teodolitos e Estações Totais
O teodolito consiste de uma base fixa e uma parte superior que rotaciona em tomo do denominado
eixo principal (ep), Esta parte superior possui montantes que sustentam a luneta, a qual gira em tomo do
eixo secundário (es), que deve ser perpendicular ao eixo principal. O eixo rotacional da parte superior do
instrumento deve estar coincidente com o centro de graduação do círculo horizontal e centro de rotação da
luneta. Os montantes são equipados com dispositivos de leitura dos círculos horizontais e verticais. A base
pode ser nivelada com a ajuda de parafusos calantes (geralmente 3) e do prato de nível, que contém os níveis
de bolha cilíndricos ou tubulares.
A Figura 4.2 ilustra alguns dos principais componentes de funcionamento de um teodolito
analógico.
IV-2
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IV - Teodolitos e Estações Totais
IV - 3
Topografia para Estudantes de Engenharia. Arquitetura e Geologia Capítulo IV - Teodolitos e Estações Totais
ep i
Além disso, o centro do círculo horizontal deve coincidir com o eixo principal e o centro do círculo
vertical deve coincidir com o eixo secundário; quando as condições apontadas não são completamente
satisfeitas, surgem os erros de instrumentais, os quais não podem ser desprezados nas medidas angulares.
As influências desses erros podem ser eliminadas pela medida dos ângulos nas duas posições
da luneta, tomando-se a média (reiteração). O erro propriamente se elimina mediante uma correta
calibração.
IV-4
Topografia para Estudantes de Et gabaria, Arquitetura e Geologia Capítulo IV - Teodolitos e Estações Totais
sin
sin \jf O
sin i n
sin
[4.2]
substituindo, vem:
£,
Sj =i • tg/3 ou i = [4.4]
IV - 5
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e G eologia C ap ítu lo IV - Teodolitos e Estações Totais
De acordo com MOREIRA (1998), o erro de colimação horizontal é dado como a seguir:
sinsç_ _ sin c
(n A
sin — sin - - P
\2 J U H) [4.5]
sinc ■
sins, = ■
sin r * - p \
2 J [4.6]
sinc
sins.
cos f3
[4.7]
Como sc e csão pequenos, tem-se:
1
£■„ = C- OU sc = c sec J3 ou c=■ [4.8]
COS/? sec p
IV-6
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IV - Teodolitos e Estações Totais
sinsy_ sin/3
siny/ . ( n']
sin
—
u; [4.9]
sin y/ siny
sin v
s .i nf -----
n p
U J [4.10]
substituindo, vem:
IV - 7
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IV - Teodolitos e Estações Totais
deslocado lateralmente em relação ao eixo principal, a tempo que o círculo vertical está deslocado
em relação ao eixo secundário. Caso isto ocorra, tem-se uma excentricidade (Figura 4.8).
Na prática, não se conhecem a excentricidade e nem a orientação da linha dos centros AC.
Por isso não é possível avaliar a grandeza do erro de um ângulo medido. Segundo MOREIRA
(1998), a solução para o problema consiste em eliminar a influência do erro, lendo-se a medida em
dois índices de pontos diametralmente opostos do círculo, e calcular a média dos dois valores. A
Figura 4.9 mostra essa situação.
IV-8
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IV - Teodolitos e Estações Totais
Assim, tem-se:
a' a" a'+a"■
— -i-------- = cca——1---
2 2 du 2 [4.18]
IV-9
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IV - Teodolitos e Estações Totais
da luneta), sempre que a luneta estiver orientada no horizonte. Esta condição deve ser verificada nos
seguintes passos: visar um ponto bem definido em posição I da luneta e ler o valor do ângulo do
círculo vertical. Repetir a mesma operação na posição II (posição indireta) da luneta. A soma das
duas leituras deve ser igual a 360° 00’ 00”. Uma eventual diferença corresponderá ao duplo valor do
índice vertical. A eliminação da influência do erro do índice vertical é dada pela média das duas
leituras do círculo vertical nas duas posições da luneta.
I V - 10
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IV - Teodolitos e Estações Totais
max.
1 2 3 4
Figura 4.12 - Sistema de leitura angular incrementai usando interpolação matemática
Fonte: KAHMEN & FAIG, 1988.
I V - 11
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e G eologia Capítulo IV - Teodolitos e Estações Totais
No modelo absoluto, pode-se pensar em trilhas opacas dispostas concentricamente não mais
na direção radial, conforme a Figura 4.13. O limite do número de trilhas vem dado agora pelo raio e
não pelo perímetro.
Associando o valor 0 (zero) quando a luz não atravessa e 1 (um) quando isto ocorre e
dispondo uma série de diodos de forma radial, podemos associar cada posição do círculo a um
código binário de zeros e alguns numa determinada seqüência; esse é manipulado e mostrado na
forma decimal.
1 - Câmera CCD
2 - Círculo horizontal
3 - Desvio no prisma
4 - Iluminador (LED)
!V - 12
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IV - Teodolitos e Estações Totais
A medida fina é realizada por um algoritmo apropriado que encontra o meio-termo entre as
posições de centro de cada linha de código projetada na série, que é capturada pela câmera. Um
mínimo de 10 linhas de códigos devem ser capturadas para determinar a posição. Entretanto, uma
simples medida envolve cerca de 60 linhas de código, fornecendo a precisão de interpolação, a
redundância e a reprodutibilidade.
O valor da direção horizontal é obtido por leituras nas duas posições do círculo, de maneira a
eliminar a influência da excentricidade. Posteriormente, esse erro é corrigido por parâmetros em
função do ângulo vertical lido, antes de apresentar os valores em um visor. Os parâmetros são: o
último erro de colimação, referente ao nivelamento e à verticalidade dos eixos armazenados no
instrumento; bem como a componente momentânea da falta de verticalidade do eixo principal,
transverso à linha de sinal.
' O ângulo vertitaí é corrigido por todos os erros de índice armazenado e pela componente do
erro de verticalidade do eixo principal na direção da linha de sinal. Um sensor de verificação da
verticalidade do eixo principal monitora as duas componentes do desvio do eixo principal. O
princípio do sensor é mostrado na Figura 4.15.
1 - Retículo no prisma
2 - Superfície líquida
3 - Desvio no prisma
4 - Lentes de imagear
5 - Imagem do retículo
6 - Camera CCD
7 - Iluminador (LED)
r v - 13
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e G eologia Capítulo IV - Teodolitos e Estações Totais
De acordo com ZEISK (1999), o retículo (1) localizado no prisma é iluminado por um LED (7) e é
imageado (5) na câmera CCD (6) por meio de lentes de imagear (4) após a dupla reflexão na superfície
líquida (2). O modelo de linha triangular dos retículos possibilita capturar as duas componentes do desvio do
eixo principal por meio de somente um receptor unidirecional. O desvio longitudinal jaltera o espaço entre as
linhas diferentemente orientadas; desvio transversal altera o centro da linha-padrão ao longo da câmera
CCD, Este arranjo capacita o sensor de desvio ser produzido tão pequeno que pode ser locado
centralizadamente sobre o eixo vertical e o espelho líquido de nível apenas sairia da posição de
horizontalidade momentaneamente, sempre durante uma rotação rápida da alidade.
1-4 quadrantes
lf 2 + ponto de incidên
cia de luz
z ' fr -
3lJ 4 direção da
■ luneta
,____ > direção do
A) B) eixo de inclinação
Figura 4.16 - Detalhe do sensor de inclinação que permite a horizontalização automática
Adaptada de KENNIE and PETRIE 1993.
IV- 14
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IV - Teodolitos e Estações Totais
4.4.3 - Correções das Medidas dos Ângulos Lidos com um Teodolito Eletrônico
Estes aparelhos possuem a capacidade de corrigir automaticamente os erfòs instrumentais
por meio de processadores eletrônicos e de compensadores mecânico-eletrônicos. Segundo SILVA
(1999), em certos instrumentos os erros de índice vertical e de colimação horizontal são
compensados por meio da calibração do instrumento, a qual pode ser feita pelo próprio usuário
mediante leituras nas posições direta e inversa da luneta para um alvo bem definido. Os erros
calculados por meio da calibração são armazenados no instrumento e compensados durante as
medições de campo. O erro de verticalidade do eixo principal é compensado automaticamente por
meio do compensador eletrônico para os dois eixos do teodolito.
IV- 15
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IV - Teodolitos e Estações Totais
A medição de ângulos nas Estações Totais tem as mesmas características das medições
realizadas em teodolitos eletrônicos. A medição de distâncias segue o princípio dos MED, onde a
luz infravermelha,-modulada em intensidade, é projetada em um prisma refletor posicionado no
ponto final a ser medida a distância. Maiores detalhes podem ser encontrados no Capítulo II.
A aplicação de novas tecnologias e a implementação dos anseios dos usuários de todas as
partes do mundo trouxeram apreciável desenvolvimento no conceito de operação e funcionalidade
das Estações Totais, as quais se torparam menores, mais leves e com procedimentos de medição
mais rápidos. Os sistemas de medição de ângulos, de distância sem refletor, o reconhecimento
automático do alvo e o prumo laser com o “spot” de iluminação ajustável às condições ambientais
são todos componentes disponíveis nesses instrumentos.
COOPER, M.A.R. (1987). Modem Theodolites and leveis, 2a edição, The City University, London —BSP
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I V - 16
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IV - Teodolitos e Estações Totais
KENNIE, T.J.M, PETREE, G. (1993). Engineering Surveying Techonology, Ia edição, Blackie Academic &
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I V -17
V - LEVANTAMENTOS PLANIMETRICOS
* * * P
/ ^ ^
HD1FÍCAÇÒFS
GUIA DE PA551:10
POSTE DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA
Figura 5.2 - Representação dos elementos de Interesse a partir dos pontos levantados
i
i
Determinar a posição (coordenadas) de um ponto na superfície terrestre significa relacioná-lo
(referenciá-lo) a um outro ponto de posição conhecida. É preciso sempre lembrar que a posição de um ponto
! é expressa por meio das suas coordenadas em um determinado sistema de referência e/ou representação
V-2
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Planimétricos
previamente estabelecido. A maneira mais comum de obter a posição de um ponto no campo é medir a
direção (azimute ou rumo) e o comprimento do segmento de reta, que une o ponto do qual se deseja conhecer
a posição ao ponto conhecido (estação). A Figura 5.3 ilustra esse procedimento. A posição relativa do ponto
“B” pode ser conhecida medindo o ângulo entre segmento de reta, que une os pontos A e B, e uma
direção de referência, e a distância D entre eles. Esta operação pode ser considerada a operação fundamental
dos levantamentos topográficos. Outros procedimentos de campo podem ser utilizados.
As direções observadas no campo em relação a uma referência qualquer serão posteriormente
referidas a um sistema de coordenadas por meio de procedimentos de cálculo adequado. A prática mais
comum é efetuar o levantamento utilizando o sistema polar, isto é, medindo ângulos e distâncias no campo,
transformá-las posteriormente para um sistema de coordenadas retangulares. A Figura 5.4 ilustra a obtenção
dos dados de "campo e a transformação para um sistema de coordenadas retangulares.
Assim, a obtenção das coordenadas de um ponto é feita a partir de um outro ponto que serve de
referência. Um conjunto de pontos de coordenadas conhecidas forma uma rede de referência que pode variar
de alguns poucos pontos de abrangência local até grandes redes que abrangem países e continentes. Um
sistema de referência ideal deve ser materializado por uma rede de abrangência global para apoiar
subsistemas cada vez menores até o nível de rede local.
Os levantamentos topográficos devem estar sempre “amarrados” a uma rede de referência. O
procedimento mais utilizado consiste em implantar uma “poligonal local de apoio” para o levantamento de
detalhes, que deverá estar amarrada a uma rede de referência de abrangência maior.
Ao longo dá História da Topografia, sempre foi comum o estabelecimento de sistemas arbitrários para
apoiar os levantamentos topográficos. Tal procedimento sempre foi justificado pela dificuldade em
“amarrar” os levantamentos à rede de referência geodésica brasileira, uma vez que quase sempre era
necessário o transporte de coordenadas por longas distâncias, elevando os custos dos levantamentos. Com o
aparecimento do sistema GPS, tomou-se mais fácil o transporte de coordenadas, não se justificando sistemas
arbitrários para apoiar levantamentos.
O assunto “redes de referência” é dos mais importantes e vastos da Topografia, mas não será tratado
com profundidade neste livro. Procurou-se aqui apenas apresentar o seu conceito e sua relação com os
levantamentos topográficos.
V-3
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Planimétricos
A NBR 13,133, no item 3.12, define levantamento topográfico como sendo o conjunto de métodos e
processos que, por meio de medições de ângulos horizontais e verticais, de distâncias horizontais,,verticais e
inclinadas, com instrumental adequado à exatidão pretendida, primordialmente, implanta e materializa
pontos de apoio no terreno, determinando suas coordenadas topográficas. A esses pontos se relacionam os
pontos de detalhes, visando à sua exata representação planimétrica numa escala predeterminada e à sua
representação altimétrica por meio de curvas de nível, com equidistância também predeterminada e/ou
pontos cotados.
A norma especifica que os levantamentos topográficos devem cumprir, no mínimo, as seguintes
fases :
a - planejamento, seleção de métodos e aparelhagem;
b - apoio topográfico;
c - levantamento de detalhes;
d - cálculos e ajustes;
e - original topográfico;
f-desenho topográfico final;
g - relatório técnico.
0Uma questão importante enfatizada pela norma diz respeito ao apoio, topográfico. O ideal é que todo
levantamento topográfico, para qualquer finalidade, esteja “amarrado” ao Sistema Geodésico Brasileiro
(SGB) por dois pontos comuns, garantindo assim o posicionamento e a orientação do levantamento segundo
um sistema global de referência. Não havendo pontos do SGB na área do levantamento, deve-se transportar
para ela coordenadas de pontos próximos. Até há bem pouco tempo, o transporte de coordenadas só podia ser
feito utilizando métodos geodésicos convencionais, que demandavam alta especialização e tempo,
aumentando muito o custo dos levantamentos. Em vista disso, a norma aceita, em casos especiais e quando a
finalidade do levantamento permitir, o estabelecimento de sistemas de referência arbitrários, podendo estar
orientados, inclusive, para o Norte Magnético. Entretanto, como falamos anteriormente, o aparecimento do
GPS modificou drasticamente essa situação, tomando fácil e de baixo custo o transporte de coordenadas, não
se justificando mais nos dias de hoje, , a não ser em casos excepcionais, a execução de levantamentos
apoiados em sistemas de referência arbitrários,
5.3.2- Irradiação
A irradiação é o procedimento mais utilizado para “amarrar” pontos de detalhes a um sistema de
referência por meio da medição de uma direção e uma distância.
V-4
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Pianimétricos
Como vimos, para que todos os pontos levantados estejam no mesmo sistema de referência, será necessário
efetuar o cálculo das coordenadas de um ponto a partir de outro.
Na Figura 5.3 pode-se ver que, se conhecemos as coordenadas do ponto A = (XA YA), será
suficiente medir no campo a distância AB (D Ab) e o azimute AB (AZab) para que se possa calcular as
coordenadas do ponto B = (XB; YB).
Denominamos AX como sendo a diferença de abcissas entre os pontos e AY é a diferença de
ordenadas. Estas diferenças representam as projeções do alinhamento sobre os eixos cartesianos. ■
Da Figura 5.3 se deduz que :
[5.1]
A Ya b = Y b - Y á
Sabendo que o triângulo formado pelo alinhamento e suas projeções AX e Ay é retângulo, pode-se
afirmar que:
A fórmula mostra que é possível determinar as coordenadas de um ponto a partir de outro, medindo a
distância entre eles e o azimute do alinhamento.
Por outro lado, se conhecemos as coordenadas dos pontos, é possível calcular a distância entre eles e
o azimute do alinhamento, que eles formam.
V-5
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo Y -* Levantamentos Planimétricos
O cálculo do azimute de um alinhamento dado pelas coordenadas de dois pontos requer, entretanto,
um pouco mais de atenção, como veremos a seguir.
Convém lembrar que analiticamente uma reta fica definida quando são dadas as coordenadas de dois
de seus pontos, não sendo, pois, necessária a indicação de um sentido (orientação) entre esses pontos. Um
alinhamento topográfico, porém, é um segmento orientado, necessitando, pois, além das coordenadas de dois
pontos (origem e extremo), a indicação do sentido (orientação) entre esses pontos. Assim, o alinhamento AB
tem sentido oposto ao alinhamento BA.
Acompanhando ainda a Fig. 5.3, o azimute do alinhamento (AB) é o ângulo AZab, e o azimute do
alinhamento oposto (BA) é o ângulo AZba, ambos contados no sentido horário, e diferem de 180°.
Ex.: Se azimute de AB (AZab) = 50° 00’00” , então azimute de BA (AZba) = 50° 00’00” + 180° = 230°
00’000”
Se (BA) = 230° 00’00”
(AB) = 230° 00’00” + 180° = 410° 00’00”
Como os ângulos devem sempre variar de 0o a 360°, ao ângulo (AB) deve ser diminuída uma volta
completa:
410° 00’00” - 360° 00’00” - 50°00’00”
A fórmula que permite calcular o azimute de um alinhamento AB é:
f
■X
AZ AB = arctan Xj. [5.5]
V y b [A
Para um mesmo valor da tangente existem dois ângulos correspondentes. Se positivo, o ângulo será
do I ou III quadrantes trigonométricos; se negativo, será do II ou IV quadrantes trigonométricos (diferença de
180°).
Notar que o numerador e o denominador da Fórmula [5.5] podem ser positivos ou negativos. Para
evitar erros de interpretação do ângulo (a) fornecido pela calculadora eletrônica, é útil acompanhar a tabela
5.1.
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Tabela 5.1
Quadrante AXab AYab (AB)
I NE + + a
II SE + - a + 180°
in sw - - a + 180°
IV NW + a + 360°
Figura 5.4
Dados :
A = (XA, Yb)
B = (Xb ,Yb)
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Cálculos:
1 - Determinar o azimute AZab. Utilizar a equação [5.5].
2 - Determinar a distância DAB. Usar a equação [5.4].
3 - Determinar (AZae):
Sendo que:
j3 = m ° - ( a + r )
A ^ ae = A Z ab + /3
X E — X A + D AE,sen(AZ AE)
YE =YA + p AE.cos{AZAE)[5‘7]
5.3.3- I n te r s eç ã o
Há casos nos quais existem limitações para determinar distâncias. Uma maneira de contornar esse
problema é efetuar uma interseção de visadas a partir de dois pontos de coordenadas conhecidas, conforme
mostra a Figura 5.5.
V-N
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Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia' Capítulo V - Levantamentos Planimétricos
Dados :A = ( X A;Y a)
B = (X B: Y B)
Determinar: P = ( X P. Y P)
Y I X ^ Y ^ A Z ^ - I X b - Y ^ s í AZ^)]
P tg{AZBP) - t g { A Z AP)
• *
Como se vê, a abcissa do ponto P (XP) pode ser calculada tanto a partir do ponto  quanto do ponto
B. E recomendável efetuar,o cálculo a partir dos dois pontos, para verificar se ambos os resultados são
iguais.
5.3.4- Bilateração » *
A bilateração é um método que, como seu próprio nome sugere, tem como base a medição de duas
distâncias desde o ponto de coordenadas desconhecidas até dois pontos conhecidos, para determinar as
coordenadas.do primeiro.
Y=N
V-9
Topografia para Estudantes de Engenharia. Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Planimétricos
Dados : A = (X A, Y A)
B = ( X b Y b)
Determinar:
P = (XP, YP)
Cálculos:
1- determinar a distância DAB.
2- calcular os ângulos a e b .
D AB + D AP D Bp
cosa - [5.10]
2.Dab-Dap
Atenção!!! Dependendo da posição do ponto (P) em relação aos pontos de coordenadas conhecidas (A e B),
ás fórmulas para o cálculo dos azimutes se alteram. Veja, por exemplo, o caso do ponto Pi na Figura 5.6. As
fórmulas para o cálculo dos azimutes serão:
AZ apí AZ ab "T(X\
[5 131
A Z ^A Z u -fr
É necessário, portanto, fazer um bom croqui na hora do levantamento para evitar enganos.
4 - Coordenadas de P :
As coordenadas do ponto P podem ser calculadas a partir do ponto A [5.14] ou a partir do ponto B [5.15).
Ambos os resultados devem ser iguais.
xp= X A+DAP.sen(AZAP)
X p =Y a + D ap.cos( A Z ap)1 ' ]
X p= X B+ D BP.sen( AZ BP)
[5 . 15]
Yp —Yg + D gP,cos{ AZ gP^
V-10
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V-ll
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Pianimétricos
D
2 4 C
3
5.4.3- Poligonais f e c h a d a s
Começam e terminam em um mesmo ponto, formando uma figura fechada (Figura 5.9). São
geométrica e matematicamente fechadas e por isso permitem a verificação das medidas de ângulos e
distâncias efetuadas, mesmo que implantadas isoladamente, isto é, sem qualquer ligação com pontos de
coordenadas conhecidas.
N|
-• AZ
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Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Pianimétricos
= 2)180° [5.16]
= ±360° _ [5.19]
onde:
Z ax, =0 [5.20]
/=!
IM*
O
II
>
[5.21]
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Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Pianimétricos
Onde:
n
é a soma das projeções no eixo leste-oeste do levantamento. Tal como foi demonstrado, o AX de
/=]
cada lado da poligonal é calculado multiplicando o comprimento, do alinhamento pelo seno do seu azimute
(Equação 5.2).
n
Z a y; é a soma das projeções no eixo norte-sul do levantamento. De forma similar, AY é calculado
Assim como no caso das medidas angulares, as condições acima quase sempre não serão atendidas
por pequenas diferenças, gerando um erro nas direção leste-oeste ( £X ) e um erro na direção norte-sul ( sY ).
A tolerância para o erro varia de acordo com as precisões requeridas em cada levantamento e são
regulamentadas pelaNBR 13133.
O erro de fechamento linear (sL) é definido como:
£L = 4 eX T T s y '2 [5.24]
A precisão relativa (Pr) é expressa pela razão entre o erro linear (sL) e comprimento total da poligonal (P):
[5.25]
A NBR 13133 introduz o conceito de erro de fechamento transversal (função do erro angular) e erro
de fechamento longitudinal (função do erro linear) para poligonais apoiadas que possuem desenvolvimento
retilíneo.
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Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Planimétricos
poligonal de 5 lados, a soma dos ângulos internos será <2/ = (5 - 2).180°~ 540° . Neste exemplo, a soma
V-15
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Plani métricos
Os azimutes (Az) dos lados da poligonal são calculados a partir de um azimute inicial que pode ser
obtido a partir da rede de referência geodésica ou determinado no campo, quando esta não existir. Neste
exemplo, o azimute do lado 1-2 é conhecido.
Pode-se então calcular os azimutes dos outros lados em função do azimute 1-2 e dos ângulos internos
medidos:
onde:
dj= Comprimento do alinhamento de ordem i.
Azj = Azimute do alinhamento de ordem i.
V-16
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo y - Levantamentos Planimétricos
0,0262 1 :
A precisão relativa Pr = ( Lê-se 1 para 24000)
621,868 23685 24000
A distribuição do erro linear nas projeções é feita proporcionalmente ao comprimento dos lados da
poligonal, isto é:
c (x , ) = c í A ) XÍ i [5.28]
CO',) = = ^ x / , [5.29]
Onde:
C ( X .) = Ajuste na projeção X, correspondente ao lado de ordem i.
P = Perímetro da poligonal.
No nosso exemplo temos:
VAI
Topografia para Estudantes de Engenharia. Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Planimétricos
AX AY Cx Cy AX AY
-77,887 -124,739 0,005 0.004 -77,882 -124,735
105,358 -32,995 0,004 .0,003 105,362 -32,992
55,866 -46,007 0,0025 0,002 55,869 -46,005
20,497 185,454 0,006 ;o,oo5 20,503 185,459
-103,856 18,271 0,0035 0,002 -103,852 18,273
* ^ 0,021 0,016 0,000 0,000
As coordenadas definitivas de cada ponto sãõ calculadas a partir de uma coordenada inicial, que
pode ser arbitrada, embora o ideal seja que a poligonal seja amarrada a um sistema de referência geral. Neste
exemplo, atribuem-se os valores X = 1000,000 e Y = 1000,000 para o ponto 1.
X , = X W +AX,
[5.30]
Y, =¥>_,+AY,
A seqüência de cálculo de poligonal, mostrada nas seções anteriores, pode ser reunida numa
planilha única, conforme mostrado na Tabela 5.7.i
i
i
V-l 8
Tabela 5.7 - Planilha de cálculo de poligonais
Projeções Correções Coordenadas Finais
PE PV Âng. Medido Âng. Corrigido Azímiiie Distância
AX AY Cx Cy X Y
1 1000,000 1000,00
1 2 112°00’ 15” 112°00’ 10” 21 lu58’50” 147,058 -77,887 -124,739 0,005 0,004 922,118 875,265
2 3 75° 24’ 35” 75° 24’ 30” 107u23’20” 110,404 105,358 -32,995 0,004 0,003 1027,480 842,273
3 4 202° 05’05” 202°05’00” 129(,28’20” 72,372 55,866 -46,007 0,0025 0,002 1083,349 796,268
4 5 56°50’ 10” 56° 50’05” 6°I8’25” 186,583 20,497 185.454 0,006 0,005 1103,852 981,727
5 1 93° 40’20” 93" 40’ 15” 279(>58’40” 105,451 -103,856 18,271 0,0035 0,002 1000,000 1000,00
E=540° 00’25
>a=0° 00’25” P=621,868 >X =-0,021 >Y =-0,016 E=0,021 E=0,016
(- 0 ,021)
Erro de fechamento linear (>L) sL = -/(-0,02!) 2+ (-0,016)2 = 0,026 m C(AT:) = ----------- */r-
621,868
^ . , . 0,0262 1 1 -(-0,016)
Precisão relativa Pr = -------- = ------- = ------- C(Yi ) =
621,868 23685 24000 621,868
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Planimétricos
Ta < a +b * ÍN [5.31]
Tp <c + d j L ( K m j [5.32]
onde:
Ta = tolerância para o erro de fechamento angular.
a = erro médio angular (azimute) da rede de apoio multiplicado por V2 . Este valor fornece o erro
de azimute propagado pelos dois pontos de apoio da poligonal. Para poligonais fechadas (tipo 1) a = 0.
b = coeficiente que expressa a tolerância para o erro de medição dos ângulos da poligonal.
c = erro médio de posição dos pontos de apoio multiplicado por V2 . Este valor fornece o erro de
posição propagado pelos dois pontos de apoio da poligonal. Para poligonais fechadas (tipo 1) c = 0.
d = coeficiente que expressa a tolerância para o erro de fechamento linear em m/km de
desenvolvimento da poligonal, somente aplicável às poligonais dos tipos 1 e 2.
N = número de vértices.
L= extensão da poligonal em Km.
A Tabela 5.8 mostra os valores dos coeficientes b (poligonais dos tipos 1, 2 e 3) e d (poligonais 1 e
2) para as diferentes classes de poligonal, de acordo com a NBR 13133.
V-20
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Planimétricos
Nas poligonais do tipo 3, normalmente empregadas em redes básicas urbanas e em projetos viários, o
desenvolvimento retilíneo permite a avaliação dos erros de fechamento transversal (função do erro angular) e
de fechamento longitudinal (função do erro .linear). Neste caso, podem ser aplicados quaisquer métodos de
ajustamento. Não trataremos aqui de métodos de ajustamento de poligonais por fugir do escopo deste livro.
O leitor deverá buscar literatura específica sobre o assunto.
Segundo a NBR 13133, os valores dos fechamentos transversal e longitudinal são obtidos ligando o
ponto de partida ao ponto de chegada da poligonal. O erro de fechamento longitudinal que está nessa reta é o
segmento entre o ponto de chegada e a interseção de perpendicular baixada sobre ela a partir do ponto real de
chegada. O erro de fechamento transversal é o segmento da perpendicular baixada do ponto real de chegada
até a sua interseção com a reta que une os pontos de partida e de chegada (Figura 5.10). Estes erros são
componentes do erro de fechamento linear e destacam a qualidade das medições angulares e de.distâncias-de
uma poligonal, enquanto os erros de fechamento linear em coordenadas são apenas indicadores da
divergência linear no sistema de coordenadas cartesianas x e y. Estes erros podem ser obtidos gráfica ou
analiticamente.
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Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Pianimétricos
Apresenta-se a seguir uma metodologia de cálculo analítico dos erros transversal e longitudinal com
base nos valores das coordenadas do ponto de chegada (PC) e do ponto real de chegada (PRC): Quatro
situações distintas podem ocorrer de acordo com a posição relativa desses dois pontos ( figura 5.11).
Situação 1 (Figura 5.11a):
AX(+)
A7(+)
a = AZc - AZp
T r-D .cosa
Lg = D. sen a
Situação 4 (Figura 5.1 ld):
Á X (-)
m -)
a = AZp - AZc
Tr = D. cos a
Lg = D. sen a
onde: Tr = Erro transversal.
Lg = Erro longitudinal.
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Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Planimétricos
As tolerâncias estabelecidas pela NBR 13133 para os erros longitudinal e transversal são os
seguintes:
T, <c + fJUjKm
onde:
Tt = tolerância para o erro de fechamento transversal.
c = erro médio de posição dos pontos de apoio de ordem superior multiplicado por V2 (por serem
dois os pontos de apoio).
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Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Planimétricos
e = coeficiente que expressa a tolerância para o erro transversal acarretado pelo erra da medição
angular de um lado médio poligonal.
/ = coeficiente que expressa a tolerância para o erro longitudinal acarretado pelo erro da
medição linear de um lado médio poligonal,
N = Número de vértices da poligonal, incluindo os de partida e de chegada.
L = Extensão da poligonal (soma dos lados). .
Os valores para os coeficientes “ e ” e estabelecidos pela norma de acordo com as classes de
poligonais, estão apresentados na Tabela 5.9.
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Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Planimétricos
relações conhecidas. A soma das áreas de cada uma das figuras fornece a área total. A parcela mostrada na
Figura 5.12, por exemplo, foi dividida em triângulos (S, a S5e S9) e em trapézios (S6 a S8). A área total pode
ser calculada somando as áreas de cada triângulo e de cada trapézio individualmente. No cálculo da área dos
triângulos pode-se utilizar a equação:
5 = -Js( - õ)(s - -
onde: s = (a + b + c ) / 2
As medidas dos lados de cada triângulo podem ser obtidas diretamente no campo ou mesmo
graficamente., a partir do desenho (planta) da parcela em uma determinada escala, sendo que a
precisão alcançada dependerá dos erros inerentes a cada processo, isto é, da precisão das medidas
obtidas no campo ou da precisão da escala da planta.
O cálculo das áreas S óa Sg pode ser efetuado medindo as bases e alturas de cada trapézio.
O leitor deve estar atento ao fato de que as figuras contíguas á limites irregulares, como é o
caso das áreas S 5 a S9 na Figura 5.12, são aproximações de figuras geométricas simples,
acarretando, portanto, imprecisões no valor da área.
O cálculo de área por divisão em figuras geométricas simples foi muito utilizado no passado devido
à simplicidade de cálculo, mas caiu em desuso depois do aparecimento das calculadoras eletrônicas e dos
computadores. Atualmente utiliza-se quase sempre 0 método analítico, a partir das coordenadas cartesianas
dos vértices da parcela.
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Topografia para Estudantes de Engenharia. Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Planimétricos
Esta fórmula é conhecida na literatura como fórmula dos trapézios ou fórmula de Bezout. Existem
outras fórmulas utilizadas no cálculo de áreas extrapoligonais, tais como as de Simpson e Poncelet. As
deduções dessas fórmulas podem ser obtidas na referência [10] (ver referências bibliográficas).
No caso de afastamentos diferentes entre os “offsets” (Fig. 5.16), a fórmula para o cálculo da área será:
Figura 5.14 - Cálculo de área extrapoligonal com espaçamento variável entre offsets
' 1 A expressão de língua inglesa “offset” é usada aqui para representar o afastamento de um ponto em relação a um determinado alinhamento de
I rpforênrin ....
V-26
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Planimétricos
5.5.3- Cálculo analítico da área a parti r das coordenadas cartesianas dos vértices
Neste caso, é necessário conhecer as coordenadas de todos os vértices definidores da área a ser
calculada. O método analítico pode ser usado em qualquer situação e a fórmula utilizada para o cálculo da
área pode ser facilmente deduzida, como veremos a seguir.
A figura 5.15 apresenta um polígono de coordenadas X e Y dos vértices, conhecidos, do qual se calcula a
área.
Expressando a área de cada trapézio em função das coordenadas dos vértices, temos:
ÁREA = --[()'| + y 2)(-n -^ i) + ()’2 +}’3)U3 --í2) +- + (>’n-i + y j ( x«--í„-i) + (>’n + >’i)(-*i -*„)] [5.44]
A expressão [5.44] é conhecida como fórmula de Gauss e calcula a área de qualquer polígono a
partir das coordenadas cartesianas dos seus “n” vértices.
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Topografia para Estudantes de Engenharia. Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Planimétricos
O cálculo analítico de área pode ser sistematizado em folha apropriada. A repetição do procedimento
com a inversão nos eixos permite conferir a exatidão nos cálculos, uma vez que o valor encontradorserá o
mesmo exceto o sinal algébrico, que ficará invertido. Um exemplo é dado a seguir na Tabela 5.10.
2(AREA) = X 2Y] + X 3Y2 - X 2Y3 + X4K3 - X3Y4 + X5y4 - X4T5 + X }Y5 - X SY} [5.45]
A equação acima é facilmente memorizada e o cálculo da área efetuado de maneira simples por meio
do seguinte dispositivo prático: dispõem-se as coordenadas dos pontos em duas colunas X e Y, como
apresentado na Figura 5.16. As coordenadas do primeiro ponto devem ser repetidas no final. Os produtos
indicados pelas setas ascendentes (linha contínua) recebem o sinal ( + ) e os indicados pelas setas
descendentes (linha tracejada) recebem o sinal ( - ). A soma algébrica dos produtos ascendentes e
descendentes dividida por 2 fornecerá a área do polígono.
X Y (+) (-)
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Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Píanimétricos
Utilizando esse dispositivo prático, o cálculo da área do polígono do exemplo ficará da seguinte forma:
E 289392.65 -234005.52
- (289392.65+ (-234005.52)) / 2 =
AREA 27693.57 m2
5.5.4- Pl a ní m et r o polar
Um método muito comum de avaliar áreas a partir de plantas é o do planímetro polar, um
instrumento desenvolvido por Amsler em 1854. O planímetro constitui-se das seguintes partes (Figura 5.17):
braço polar de comprimento “ a ” (raio), que gira centrado em um pólo na sua extremidade;
pólo de fixação (P) destinado a fixar o braço polar no papel;0
braço traçador, articulado em “ j ” com o braço polar, de comprimento “ b
pólo traçador (T), na extremidade do braço traçador, serve de guia para percorrer os limites da figura plana,
cuja áreá se deseja medir;
roda medidora ou roda integrante (r), situada a uma distância do ponto de articulação entre os braços polar e
traçador;
Dispositivo de registro do número de voltas da roda medidora. Pode avaliar até um milésimo de volta.
V-29
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Pianimétrieos
O método do planímetro polar utiliza medidas de plantas ou mapas obtidas e processadas por meio
de um dispositivo mecânico para fornecer a área e por isso é classificado por diferentes autores como sendo
um método mecânico,
Com o pólo P fixo ao papel e percorrendo a linha de perímetro da figura com o pólo traçador, é
registrado o número de voltas da roda medidora, a partir do qual pode-se deduzir a área da figura.
O pólo fixador pode ficar fora ou dentro da área a ser avaliada. A forma mais comum de utilizar o
planímetro é fixar o pólo “P” fora da área a ser medida. Deve-se anotar a leitura inicial e então percorrer a
linha de perímetro utilizando o pólo traçador como guia. A diferença entre as leituras final e inicial fornece o
número de voltas com aproximação de até um milésimo de volta.
Quando a área é muito grande para ser medida com o pólo fixador fora dos seus limites, pode-se
subdividi-la em áreas menores, facilitando a medição. Pode-se ainda colocar o pólo fixador dentro da área a
ser avaliada (Figuras, 5.18 e 5.19). Neste caso, é necessário conhecer quanto mede o círculo fundamental do
planímetro. O círculo fundamental é o círculo descrito pelo pólo traçador quando os braços polar e traçador
formam um ângulo de 90 graus. Nesta situação, a roda medidora descreve um movimento “normal” ao seu
sentido de giro, sendo, portanto, arrastada sobre o papel, não sendo registrada nenhuma leitura. A leitura
correspondente ao círculo fundamental é fornecida com o instrumento.
Quando a área a ser8medida é maior do que o círculo fundamental, deve-se somar a leitura registrada
pelo planímetro à leitura correspondente ao círculo fundamental, obtendo-se assim o número de voltas que
será utilizado para o cálculo,da área. Caso contrário, quando a área a ser medida é menor que o círculo
fundamental, deve-se subtrair a leitura registrada da leitura correspondente, ao círculo fundamental.
O leitor que deseja conhecer detalhadamente os fundamentos do funcionamento do planímetro
poderá consultar as referências [3] e[7] listadas no final deste capítulo.
Figura 5.18 - Póio Fixador dentro da área. Figura 5.19 - Pólo fixador dentro da área.
Área maior que o círculo fundamental. Área menor que o círculo fundamental.
Existem outros métodos de avaliação de áreas, dentre os quais podemos citar: transformações
geométricas para polígonos equivalentes, métodos das quadrículas, balança de precisão, feixe de paralelas e
V-30
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Planimétricos
outros. São métodos que ficaram em desuso depois do aparecimento das calculadoras e microcomputadores e
por isso não serão estudados neste livro.
Figura 5.20 - Cartões do tipo PCMCIA usados em Estações Totais marca Topcom
Fonte: Catálogo Topcon.
V-31
Topografia' para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Planimétricos
No segundo caso, coletores externos são conectados ao equipamento e ainda é possível conectar
computadores portáteis diretamente ao equipamento. No último caso, os dados observados são transferidos
diretamente do equipamento de medição para o computador por meio de um cabo serial. A Figura 5.21
ilustra a transferência de dados de uma estação total para o micro.
Estação livre - visando pelo menos dois pontos de coordenadas conhecidas, a estação calcula a
coordenada do ponto ocupado. Na Figura 5.22, visando os pontos 1 e 2, de coordenadas conhecidas,
a estação total fornecerá as coordenadas do ponto E.
V-32
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V -Levantamentos PIanimétricos
F ig u r a 5.2 3 - c á lc u lo d e á r e a s
V-33
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Planimétricos
5 .6 .3 ’ A u to m a çã o de cá lcu lo s e d esen h o s
Os softwares para Topografia existentes no mercado permitem a realização de cálculos e desenhos a
partir dos dados de campo. Normaímente são divididos em módulos, cada qual responsável por um tipo de
tarefa, embora possa existir uma interdependência entre eles. Embora seja uma particularidade de cada um,
os programas de Topografia geralmente apresentam os seguintes módulos:
móduio básico - responsável pelos cálculos de poligonais e transformações entre sistemas geodésicos e
conversões de coordenadas topográficas, UTM, e geográficas;
• m ódulo de desenho - permite a geração e edição de desenhos a partir dos dados de campo
processados. Os programas podem possuir CAD próprios ou utilizar CADs externos, como o
AutoCad, por exemplo;
© módulo p a ra M DT - realiza a modelagem digital de terreno a partir dos pontos levantados;
V-34
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V - Levantamentos Planimétricos
Os dados de campo podem ser introduzidos de forma manual, digitando as medições, ou a partir da
transferência direta entre o instrumento de medida ou coletor de dados e o programa.
VEIGA, L. A. K. (2000). Sistema para mapeamento automatizado em' campo: conceitos, metodologia e
implantação de um protótipo. São Paulo. 118 p. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica, Universidade de
São Paulo.
WOLF, P. R.; BRINKER, R. C. (1994). Elementary surveying. New York. Harper Collins College
Publishers.
V-35
VI - LEVANTAMENTOS ALTIMÉTRICOS
O desenvolvimento de projetos de engenharia inicia com o estudo detalhado da área onde a obra será
implantada. Assim, o profissional precisa conhecer, além da posição de cada um dos elementos existentes
sobre a superfície do terreno, as variações que o relevo apresenta. Somente-a partir da interpretação correta
do relevo é possível compreender como se movimentam as águas na superfície terrestre e,
conseqüentemente, quais serão as intervenções que necessariamente deverão ser feitas para implantar a obra.
Como foi visto no Capítulo I, a área da Topografia que se ocupa de estudar e desenvolver métodos e
instrumentos destinados a determinar distâncias verticais entre pontos topográficos é a Altimetria. As
distâncias verticais são obtidas em relação a uma superfície de referência denominada datum, a qual pode
assumir diferentes formas. Como vemos na Figura 6.1, para compreender as variações do relevo, é suficiente
.conhecer as diferenças de nível (ÀZ) existentes entre os pontos topográficos que compõem a área levantada,
as quais independem da posição do datum. e
V I- 1
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VI - Levantamentos Altimétricos
Assim, apesar da curvatura que apresenta a superfície terrestre, ao trabalhar em áreas que se
* . . . . ° ®
encontram dentro dos limites aceitos pela Topografia, é possível adotar um plano horizontal (datum plano)
como referência, sem que essa simplificação influencie negativamente o levantamento. O plano horizontal
utilizado como referência será sempre perpendicular à linha vertical definida pelo fio do prumo, colocado,
aproximadamente, no centro da área levantada (Figura 6.1). Sendo que essa direção é diferente ao longo do
nosso planeta, recebe o nome de vertical do lugar em cada ponto em que é determinada. Na linguagem
topográfica, ao adotar um plano horizontal como referência para o levantamento altimétrico, as distâncias
verticais existentes entre esse plano e o ponto em questão denominam-se cotas (como a cota do ponto A (CA)
da Figura 6.3).
Ao trabalhar em grandes áreas, a curvatura terrestre começa a fazer sentir sua influência e o datum
plano deixa de ser apropriado. Na Figura 6.3, vemos que, se fosse adotado um plano como referência de
nível, a cota do ponto B seria menor do que a cota do ponto A. Isto poderia acarretar um erro de
interpretação: por exemplo, se chovesse nessa área, a água se deslocaria de A para B, que, evidentemente,
não é verdadeiro. Esse erro seria decorrente da adoção equivocada da superfície de referência.
Em casos como esse, é necessário utilizar como superfície de referência o Geóide. Somente assim a
distância vertical entre os pontos A e B é verdadeira e representa o relevo na sua verdadeira magnitude. As
distâncias verticais entre os pontos topográficos, medidas em relação ao Geóide, denominam-se altitudes
(como a altitude do ponto A (HA) da Figura 6.3).
V I -2
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia f Capítulo VI - Levantamemòs. Akimétricos
Vertical
em A
Figura 6.3
62 - Nivelamentos
Todo levantamento topográfico altimétrico que tenha como objetivo determinar as distâncias
verticais dos pontos topográficos relativas a uma superfície de referência, pressupondo conhecidas as
posições planimétricas dos mesmos, denomina-se nivelamento. Existem vários métodos que permitem
efetuar nivelamentos, com particularidades no que se refere ao uso de instrumentos específicos e na
obtenção de precisões.
V I-3
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VI - Levantamentos Altimétricos
Na construção civil, é usual utilizar uma mangueira transparente com água para a locação de
pequenas obras e determinação de diferenças de nível entre pontos muito próximos. Uma linha em nível
(horizontal) pode ser conseguida com o princípio hidrostático dos vasos comunicantes,
Existe também o Nivelamento Barométrico (praticamente em desuso para tarefas de Topografia),
que se baseia no seguinte princípio físico: quanto maior a altitude, menor a pressão. Assim, de posse de um
aparelho que meça essas diferenças de pressão (barômetro), é possível quantificar as diferenças de nível.
Porém a maior parte dos levantamentos topográficos altimétricos exige uma precisão mais apurada
das obtidas com os equipamentos antes mencionados. Assim, foram desenvolvidos instrumentos especiais
com o intuito de melhorar a precisão das medições de cotas e altitudes.
Os métodos mais utilizados nos levantamentos altimétricos são classificados em: Nivelamento
Geométrico e Nivelamento Trigonométrico. Existe também o nivelamento realizado com GPS, o qual não
será abordado neste contexto.
VI-4
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VI - Levantamentos Altimétricos
Ao analisar a Figura 6.5, percebe-se que a citada diferença de cotas entre os pontos RN e A pode ser
calculada a partir das leituras:
Nota-se que a cota do ponto A é função das leituras efetuadas nas miras colocadas nos pontos
visados RN (L rn ) eA ( L A) e da cota do ponto RN (C rN) e que, portanto, sempre será necessário conhecer a
cota de um ponto para poder calcular a cota de outro.
A Figura 6.5 mostra que, ao determinar a cota dos pontos, não importa qual é a cota do plano de
visada (CPV = CRN- L rn), pois a mesma influirá exatamente da mesma forma ambas as leituras.
O NGS é eficiente quando os pontos topográficos podem ser levantados desde uma única estação,
tomando como referência o RN. Porém, na maioria das situações, isto não acontece, principalmente, porque
as distâncias entre o RN e os pontos topográficos são tão grandes, que não é possível fazer as leituras nas
miras com precisão e/ou porque a diferença de nível entre os pontos é maior do que o comprimento da mira
(4m). Em qualquer uma dessas duas situações, é necessário efetuar trocas de estação, surgindo, assim, o
método dé:Nivelamento Geométrico Composto - NGC.
• ^ » o
O Nivelamento Geométrico Composto - NGC, como seu nome indica, é uma composição de dois ou
mais NGS. Neste caso, o instrumento e as miras se deslocam ao longo de um percurso e, em cada estação,
são efetuadas pelo menos duas leituras: uma no ponto ré e outra no ponto vante.
Figura 6.6
V I-5
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VI - Levantamentos Altimétricos
A Figura 6.6 mostra um.NGC e a disposição sequencial do nível e 'das miras. Percebe-se que, na
estação Ej, o ponto RN é ré e o ponto A é vante. Já na E2, o ponto A passa a ser ré e o B, vante e assim
sucessivamente. Isto significa que em pontos como A, B, C e D (denominados pontos de passagem"ou
pontos de enlace) sempre será necessário efetuar uma leitura ré e outra leitura vante, concatenando os
nivelamentos simples e transportando a cota do RN até o ponto desejado.
Nâ Figura 6.7, podemos ver que a diferença de cotas entre o ponto de saída (RN) e de chegada (E)
pode ser calculada como a soma das diferenças de cotas existentes entre cada par de pontos nivelados em
cada estação.
Substituindo os valores das diferenças de cotas parciais, têm-se as igualdades [6.5] e [6.6].
Finalmente, ao igualar as expressões [6.5] e [6.6], a diferença de cotas entre o ponto de saída e o
ponto de chegada pode ser calculada por meio do somatório de todas as leituras ré (Z LR ), menos o
somatório de todas as leituras vante (Z LRV).
ACrne= Z L r - E Lv [6.7]
VI -6
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VI - Levantamentos Altimétricos
Para contornar este problema, é necessário efetuar o fechamento do nivelamento, o qual pode ser
feito de duas maneiras: partindo de um RN conhecido e chegando a outro RN conhecido ou voltando ao RN
de saída. Para acompanhar o raciocínio deste último caso, consideremos que o último ponto nivelado na
Figura 6.7 seja novamente o RN (em vez de um ponto qualquer E). A fórmula [6.7] deveria ser igual 0.
ACrn rn = Z LR - Z Lv = 0 [6.8]
A Fórmula [6.8] mostra que: independentemente do número de pontos nivelados, ao terminar o
levantamento deveriamos ter: I LR = I Lv. Na prática, a probabilidade de que isso aconteça é mínima
devido aos inevitáveis erros que ocorrem, tanto por falta de cuidados ou inexperiência do operador, quanto
por desajustes do instrumento. Denominando RN’ como ponto de chegada, o erro de fechamento (e) pode
ser quantificado como a diferença dos somatórios das leituras ré e vante.
á Crn rn' =s - Z Lr - Z Lv [6.9]
Se este erro for menor que a tolerância exigida pela norma técnica brasileira, diz-se que o erro é
admissível e procede-se à compensação, efetuando a distribuição homogênea nas leituras (ré ou vante) ou
diretamente nas cotas. A Tabela 6.1 apresenta as tolerâncias de fechamentos admitidas para cada tipo de
nivelamento.
VI - 7
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VI - Levantamentos Altimétrícos
F ig u r a 6.8
onde:
i é a altura d o in stru m en to ,
L m = le itu ra d o fio m é d io ,
L i = leitu ra d o f io in ferio r ,
a = â n g u lo d e altura.
De acordo com as deduções realizadas no Capítulo II, a distância entre o aparelho e a mira pode ser
calculada como d = 100.(Ls - Li).cos2a (nos casos em que o ângulo vertical lido for de altura).
Paralelamente, a Figura 6.8 permite deduzir que:
i + d. tg a = Lm + N . [6.10]
V I -8
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VI - Levantamentos Altimétricos
VI - 9
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VI - Levantamentos Altimétricos
Finalmente, a diferença de cotas entre os pontos visados se calcula por meio da média aritmética
entre as diferenças obtidas a partir de cada estação.
•As .análises realizadas até aqui são válidas para nivelamentos realizados em'“áreas pequenas”, pois,
nesses casos, adotamos um plano como superfície de referência. Porém, por ser a Terra curva, é necessário
0 o
estudar a influência que esse fato tem na determinação das cotas dos pontos topográficos.
foi demonstrado, a superfície que define a forma da Terra .(Geóide) não possui fórmula
matemática:conhecida. Por essa razão, a forma do planeta é simplificada por uma superfície elipsoidàf ou
ainda esférica,' 0 que permite efetuar deduções matemáticas. Considerando o caso do NG, podemos vér na
Figura 6.12 que quanto mais distantes os pontos topográficos de interesse, maior será a influência da
refração (c).
F ig u r a 6 .1 2
VI- 10
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VI - Levantamentos Altimétricos
e B (O A B ) , p o d e m o s e sc r e v e r a ig u ald a d e:
R 2 + A B 2 = ^j(R + c )2
[6.13]
Desenvolvendo o segundo membro, reagrupando e desprezando c2 (por ser muito pequeno), resulta:
A B 2 = 2.R.c [6.14]
Isolando a influência da curvatura: "
AB2
c = ------ [6.15]
2.R
O efeito da refração em nivelamentos trigonométricos pode ser quantificado a partir da Lei de Biot,
que estabelece: a trajetória de um raio visual é aproximadamente um arco de circunferência com raio (R) de
13 a 18 vezes maior do que o raio da Terra (Pimentel Cintra, 1997). Adotando um raio (R’) 15 vezes maior
do que o raio do nosso planeta, a fórmula [6.15] resulta [6.16]:
A B 2 __ J_ AB^_ _ AB^
sendo k = 0,067 [6.16]
7 ~ 2.R' “ 15 2.R ~ * 2./?
' ...Assim, o efeito conjunto da curvatura e da refração é dado pela fórmula [6.17]:.
A A R 2
CR = c - r - ( l - k ) —— [6.17]
2.R
. Vejamos, na prática, a influência da curvatura terrestre e da refração atmosférica mediante um
exemplo..•■•■Na Figura 6.13, observa-se que, se o objeto visado (extremo B da torre) está próximo do
instrumento (A), a diferença de altura Ah pode ser calculada de forma simples por trigonometria ([6.18]).
Levando em conta a curvatura terrestre (Figura 6.14), o ângulo de altura medido não será o p, mas o
V I - 11
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VI - Levantamentos Altimétricos
AB2
Ah = AB.tgjB'+ [6.19]
2.R
Finalmente, introduzindo a influência da refração que sofre o eixo de colimação ao visar o alvo B,
percebe-se na Figura 6,15 que a observação a partir de A apontará para B’ e o angulo lido difere 8 em
relação à linha reta. Assim, introduzindo a influência conjunta da curvatura e da refração deduzida em
[6.17], a fórmula resulta [6.20]:
1-fc A B 1
Ah = AB.tgP'+ [ 6 . 20]
2R "
VI- 12
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia . Capítulo VI - Levantamentos Altimétricos
i
única preocupação do profissional será medir as distâncias entre os pontos nivelados. Esta condição não é
obrigatória, pois as diferenças de nível também podem ser medidas a partir de estações localizadas fora do
alinhamento, como a E2 da Figura 6.16, que representa um nivelamento longitudinal realizado pelo método
de NGC.
Há projetos, como os de estradas, nos quais conhecer os desníveis e as declividades ao longo do eixo
é insuficiente. Nesses casos, é necessário também entender o comportamento do relevo numa faixa próxima
a do alinhamento principal. Então se realizam levantamentos transversais, os quais permitirão gerar as
seções (Figura 6.17).
Vista em planta
Nas técnicas para levantamento altimétrico de áreas, é necessário definir um sistema de referência
planimétrico para posicionar cada ponto levantado, o que pode ser feito antes de começar o nivelamento ou
V I - 13
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VI - Levantamentos Altimétricos
durante a execução do mesmo. No primeiro caso, materializa-se previamente uma quadrícula regular (Figura
6.18) e procede-se à medição da cota e/ou altitude de cada vértice. Esta técnica tem aplicação na
sistematização de terrenos, pois os piquetes que ficam em cada ponto são utilizados para efetuar os cortes e
os aterros necessários na área.
v is ta e m p la n ta
7 8
9
\
\
V
\
\
s \ A
21 22 N\ / 23
;;T x
1n"1f
35 36 i 37
i
ó
RN
Figura 6.18
F in a lm e n te , o s n iv e la m e n to s p o r irra d ia çã o (F ig u ra 6 .1 9 ) tê m c o m o o b j e t iv o le v a n ta r áreas
n ív e l e p e r fis. A t é c n ic a to m a c o m o b a s e e s t a ç õ e s c o n c a te n a d a s,. cu ja s c o o r d e n a d a s p la n im é tr ic a s
sã o d e te r m in a d a s à m e d id a q u e a v a n ç a o n iv e la m e n to .
Figura 6.19
VI- 14
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VI - Levantamentos Altimétricos
6.5 - Declividade
Na maioria dos projetos de engenharia, não é suficiente conhecer apenas os desníveis do terreno,
mas sim com que intensidade ocorrem as mudanças altimétricas.
A declividade é a variável que quantifica a “velocidade” com que o terreno sobe (aclive) ou desce
(declive) entre dois pontos quaisquer A e B e pode ser calculada segundo a fórmula [6.21], Determinar as
. declividades é extremamente importante em projetos de estradas, hidrologia aplicada, obras de saneamento,
monitoramento do uso e ocupação do solo urbano, detecção de áreas com possíveis problemas de
desabamentos etc.
n — [ 6.21]
u ab “ ,
d AB
Da b = ^ x 100 [ 6 .22]
1AB
D ab = arctg [6.23]
\ d AB j
A declividade pode ser referenciada em diferentes trechos de um perfil (Figura 6.20) ou em plantas
por meio de manchas pintadas com cores que representam sua intensidade (Figura 6.21).
------ jyr-"
3
/
/
\ /
\ /
— -
\
\
\
a 2 h -ij frJ t 1 K
V £*
1 hy? i 0 Ví.0 1: íi ti
^ f 10 C" to »
1 1 1 1 1
J ____________ ___________ ------------------ ------------------ ------------------ l___________ ________ _ J ___________j ___________ i___________ JL
Figura 6.20
V I - 15
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VI ~ Levantamentos Altimétricos
6778900
Declívidode {%)
Coior Percent
11 12,1
■ 2 7 .8
m 21,9
■ 3 6 .3
6778700 II 1-9
F ig u r a 6 .21
V I - 16
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VI - Levantamentos Altimétricos
probabilidade de cometer erros grosseiros. Os automáticos são níveis de manuseio simples. A grande
maioria permite fazer leituras angulares (precisão de Io a 30’) e trabaíha com miras centimetradas (Figura
6.28). Embora haja equipamentos com lentes poderosas, não se aconselha fazer visadas de mais de 70m.
V I - 17
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo YI - Levantamentos Altimétricos
Mais recentemente, foram desenvolvidos os níveis' digitais, os quais têm uma estrutura totalmente
diferente a dos ótico-mecânicos e a operação é mais rápida e segura, (Figura 6.25).
Topcon DL-101
Sokkia SDL - 30
O sistema de leitura das distâncias horizontais (entre o instrumento e a mira) e verticais (diferenças
de nível) se baseia num tratamento de imagens. Ao apontar para a mira graduada com o código de barras
(Figura 6.28), o instrumento faz a varredura da porção que está ‘‘enxergando” e compara com os padrões que
ela tem armazenados na sua memória. Estima-se que um levantamento altimétrico completo (campo e
gabinete) é realizado na metade do tempo, utilizando esse tipo de equipamento. Este fato se deve à não-
necessidade de fazer anotações, o que poderia acarretar erros grosseiros. A memória de armazenamento de
dados pode ser fixa ou utilizar cartões removíveis.
VI- 18
Topografia para Estudantes de Engenhada, Arquitetura e Geologia Capítulo VI - Levantamentos Altimétricos
Figura 6.27
6.6.2 - Miras
A mira é o acessório sobre o qual se efetuam as leituras. Aquelas utilizadas com equipamentos
ótico-mecânicos têm uma estrutura que se assemelha a uma régua, motivo pelo qual também recebe essa
denominação. Vários são os tipos de miras que podem ser utilizados e a escolha depende do instrumento e
do método de levantamento a ser aplicado. As mais comuns são as miras centimetradas (Figura 6.28), as
quais permitem determinar diferenças de nível e distâncias pelo método estadimétrico.
Para conseguir as altas precisões dos níveis utilizados para monitoramento, utilizam-se miras
especiais de aço INVAR, que garante estabilidade.
VI - 19
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VI - Levantamentos Altimétricos
Com o advento dos equipamentos eletrônicos, as miras continuam sendo identificadas por esse
nome, embora não apresentem uma escala numérica graduada. Como foi explicado, os níveis digitais
realizam automaticamente as leituras sobre miras denominadas “binárias”, por apresentar um código de
barras com linhas pretas e brancas.
CINTRA, J.P. (1997). Notas de Aula. Apostila publicada pela EPUSP - Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo.
ESPARTEL, L.; LÜDERITZ, J. (1983).Caderneta de Campo, 13a edição. Editora Globo. Rio de Janeiro.
GARCIA, G.; PIEDADE, G. (1944). Topografia aplicada às ciências agrárias. Editora Nobel. São Paulo.
SILVA, I.; ERWES, H.; SEGANTINE, P. C. L. (2001). Introdução à Geomática. Setor Gráfico da Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, São Carlos - SP. lOOp.
VI -20
VII - LEVANTAMENTOS PLANIALTIMETRICOS
» 9
7.2 - Posicionamento a partir de dois ângulos e uma distância
Como foi demonstrado no Capítulo I, é possível determinaras coordenadas de um ponto topográfico
a partir de outro conhecido. No caso do posicionamento espacial, é.necessário também determinar a
coordenada z desse ponto. Seja um ponto de coordenadas desconhecidas P0[x0, yO, zO] e outro com
coordenadas conhecidas, PI[xl, yl, zl]. Digamos que foi realizada uma visada a partir de Pl, visando PO
[Figura 7.1].
VII- 1
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VII - Levantamentos Planialtimétricos
onde:
a = azimute do alinhamento P1-P0;
DH = distância horizontal entre PI ePO.
Para a determinação do azimute do alinhamento, é necessário que se tenha uma direção de referência
ou um segundo ponto de coordenadas conhecidas.
Pode-se então estabelecer as seguintes relações?
xO = x \ + sen(a) •
yO = yl + cos(a) • DH [7.2]
Para a determinação de zO e DH será utilizado outro planp, aqui chamado de plano y. O plano y é o
plano paralelo ao eixo z e que contém os pontos PI e PO (Figura 7.3).
VII-2
Topografia para Estuc* -^ ^ 5 cle Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VII - Levantamentos Planialtimétricos
f
PO
Zêr íite . - ■’ [3
ái ' DN
u
. . . . . . .
>r
pi
P lano xy
............ -- W
.
DH
Portanto, substituindo [3] em [1] e [2] e substituindo novámente [5] em [4], teremos:
xQ = xl + D ■sen ■
)a( c [7.6]
yO= yl + D ■cos(a) ■cos(/?) [7.7]
zO= zl + D-cos(/3) [7-8]
vn-3
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VII - Levantan rentos Planialtimétricos
VII-4
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V íí - Levantamentos Planialtimétricos
Uma vez que as coordenadas de PI e P2 são conhecidas, os azimutes podem ser obtidos caso esses
pontos sejam intervisíveis, fazendo uma visada entre eles. Caso contrário, é necessário no mínimo um
terceiro ponto conhecido, que sirva de referência para a obtenção das direções.
Lembremos que, para esse tipo de determinação, o cálculo de xO e yO depende exclusivamente dos
ângulos horizontais, enquanto de zO depende do ângulo vertical e da distância horizontal entre os pontos.
Estabelecendo uma relação entre as coordenadas de PI e PO, teremos:
xO = xl + sen(al) • D l [7.9]
yO = yl + cos(czl) • D l [7.10]
Multiplicando [10] por ta n ( a l) :
Com a equação [18] pode-se então determinar o valor de yO. Para calcular xO, basta substituir o
valor encontrado na equação [14] ou [15], como segue:
ou
xO = x2 - y2 • tan(«2) + yO • tan(or2) [7.20]
VII-5
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo V I I - Levantamentos Planialtimétricos
Uma vez conhecidos xO e yO, é possível calcülar yO, que depende do ângulo vertical e da distância
horizontal entre os pontos. Digamos que o ângulo vertical do alinhamento P2-P0 é conhecido. Neste caso,
temos a situação ilustrada na Figura 7.7.
Semelhantemente ao caso anterior, o plano y é o plano paralelo ao eixo z e que, neste caso, contém
os pontos P2 e PO. Analisando o plano y, temos a seguinte situação:
za
PO
zO- .cm“
À
DN
zl é :!
PI
Plano xy
DH
Figura 7.8 - Elementos do plano y
onde: D = distância inclinada entre os dois pontos, DH - distância horizontal entre os dois pontos, DN =
diferença de nível entre os dois pontos e (3 = ângulo vertical [zenital] do alinhamento.
VII - 6
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VII - Levantamentos Planialtimétricos
a .q +à f . - r t + l y O - M L [7.24]
tan (/?)
Este procedimento [cálculo de zO] pode ser executado com qualquer um dos pontos de referência,
dependendo de qual ângulo vertical é conhecido. Caso tenhamos os ângulos verticais dos dois alinhamentos,
pode-se calcular zO em relação a PI e a P2 e então fazer a média dos resultados.
Figura 7.9 - Visada de três pontos conhecidos [Pl, P2 e P3] para um desconhecido [PO]
VII - 1
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VII - Levantamentos Planialtimétricos
onde Di, D2 e D3 são as distâncias espaciais entre os pontos de referência e o ponto desconhecido.
Sendo assim, podemos estabelecer as seguintes relações:
A = i - x l) 2 + ( y p - y l ) 2 + ( z p - z l ) 2 [7.25]
D2 =^](x■x2)2 + ( y p - y 2 ) 2 + (z [7.26]
Desta forma, temos um sistema de três equações e três incógnitas. Porém as equações não são
lineares, sendo preciso então que sejam transformadas em equações do primeiro grau [O processo de
linearização de equações é explicado no anexo A deste livro]. Após isso, pode-se resolver normalmente o
sistema linear.
Substituem-se então as incógnitas xp, yp e zp por:
xp = xp0 + Àx [7.28]
yp = ypo+ *y [7.29]
zp Az [7.30]
Onde xp0) ypo e zp0 são as coordenadas aproximadas para 0 ponto PO. Cabe a quem for executar esse
procedimento escolher convenientemente esses valores.
Para cada um dos três pontos conhecidos, sabemos que a distância é uma função ffxp, yp, zp].
Portanto, sabe-se que, para transformar essa função em uma função linear, teremos, para cada ponto i = 1,2 e
3:
V II-8
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VII - Levantamentos Píanialtimétricos
9fi(.xp0,yp 0,zp0) = x\ =
[7.35]
dxp0 a\
- x2 ~ xp° _ [7-36]
âxp0 <t2
QfjíxPoiyPotZPo) = *3 - xp0 _
[7.37]
dxp0 a3
ffaOPo.yPo.ÇPo) = y3 - y ^ 0 = c3
[7.40]
ôy^o «3
^T^PoOgoojgo) = zI-Z P q = á l
[7.41]
ÕZp0 fll
Õf3(.XPo,yPo,ZP0) = z 3 - z/20 ^3
[7.43]
ôzp0 a3
Calculados os valores de todos os elementos, teremos o sistema linear de três equações para três
incógnitas [Ax, Ay, Az]:
D2 = a2 + b2-Ax+ c2 -À y + d 2 - Az [7.45]
Resolvido o sistema, ca!culam-se os valores e xp, yp, e zp por meio das equações [7.28], [7.29] e
[7.30],
BRINKER, R.C.; WOLF, P.R. (1994).Elementary Surveying, 9a edição, New York: HaperCollins.
vn-9
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VII - Levantamentos Planialtimétricos
CINTRA, J.P. (1989). Sistema UTM - Noções de Geodésia e Cartografia. São Paulo, EPUSP-PTR.
ELFICK, M., FRYER, J., BRINKER, R.,WOLF, P. (1994). Elementary surveying, 8a edição - HarperCollins
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MCCORMAC, Jack (1995). “Surveying”. Prentice Hall. Thjrd Edition. ISBN 0-13-031162-6.
MENDONÇA, Francisco J. B. (1992). “Introdução à teoria dos erros”. Apostila editada pelo Depto. de
Engenharia Cartográfica - DeCart, Universidade Federal do Pernambuco.
MOFFIT, F.H., BOUCHARD, H. (1987). Surveying, 8a edição, Harper & Row, New York.
MOREIRA, A.P. (1998). Métodos de cálculos de coordenadas tridimensionais para controle de obras de
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WOLF, R. P., BRINKER, R. C. (1994). Elementary surveying, 9a edição, HarperCollins College Publishers,
New York.
V I I - 10
VIII - DESENHO TOPOGRÁFICO
VIII - 1
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VIII - Desenho Topográfico
Todas as normas citadas anteriormente se preocupam com as nuances do desenho, tais como: o
emprego de escalas, caracteres para escrita, tipo e largura de linhas, leiaute e dimensões de folhas,
apresentação de folhas e terminologia para o desenho técnico.
O conceito de desenho topográfico tende a ampliar-se bastante em função do aprimoramento de
recursos computacionais, de hardware e software, que vão desde o aumento da capacidade de memória e
velocidade do processamento computacional até o desenvolvimento de poderosos aplicativos de
processamento de dados topográficos, edição e desenho.
Os procedimentos básicos do desenho topográfico necessitam de conhecimentos de Topografia e
Geometria. Enquanto a Cartografia remete-se a diferentes sistemas de projeção, o desenho topográfico quase
sempre utiliza a projeção cotada exata.
8.1 - Escala
Em mensuração o termo escala é utilizado com ou sem a adição de adjetivos que lhe conferem
significados diversos. No contexto da Topografia, escala é conceituada como a relação entre as dimensões
dos elementos representados graficamente e suas correspondentes dimensões na natureza. Assim, a escala
pode ser indicada por meio de uma relação matemática entre medidas. No exemplo apresentado na Figura
8.1, a escala numérica indica que para cada 1 m de desenho ter-se-ão 500 m em tamanho real.
Existe ainda um problema a ser contornado: se, por exemplo, for feita uma cópia.xerográfica
ampliada ou reduzida à relação de 1/500 descrita na escala numérica, perde a validade. Uma possibilidade de
solucioná-lo é utilizar uma representação gráfica da escala numérica sob a forma de dupla linha graduada,
onde se .acham representadas distâncias do terreno. Ou seja, cada valor medido na planta de igual
comprimento ao da escala gráfica terá o mesmo valor, ainda que se reduza ou amplie a imagem. Desde que
seja feito de forma homogênea, isto é, mesmas deformações na horizontal e vertical do papel.
VIII - 2
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VIII - Desenho Topográfico
Exemplificando:
Em uma planta topográfica mediu-se o comprimento de um alinhamento de 45 cm e a indicação
numérica da escala do desenho é de 1:10.000. Qual a medida em metros deste alinhamento em tamanho real?
Resolução:
Inicialmente deve-se fazer uma conversão de unidades. O alinhamento foi medido em centímetros,
logo ele possui 0,45 m.
Deve-se aprender a interpretar um valor de escala indicado. Neste exemplo, 1:10.000. Isto significa
que cada metro de desenho representa 10 quilômetros em tamanho real. Assim, para determinar quanto mede
em tamanho real 0,45 m, basta fazer uma regra de três simples:
1m => 10000 m _ 0,45.10000
Então, x = --------------- —4500 m
0,45 m => x 1
. . .• Exemplificando:
A situação inversa seria descobrir, por exemplo, quantos centímetros são necessários para
representar uma cerca de 1 m de comprimento na escala 1/500?
Resolução:
1m
Sabe-se que: 1m => 500 m . Assim, , onde: 0,002 m <=> 1 m . Ou seja, um metro em
500 m
escala real é representado graficamente por dois milímetros na escala 1/500.
A NBR 8196, que versa sobre o emprego de escalas em desenho técnico, afirma que a escala a ser
adotada em um determinado desenho depende do grau de complexidade do desenho e da finalidade dessa
representação. Uma restrição é que a escala selecionada deve ser suficientemente grande para permitir uma
interpretação fácil e clara das informações representadas. A escala e o .tamanho do elemento em questão
definem o formato da folha para o desenho.
VIII - 3
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VIII - Desenho Topográfico
VIII - 4
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VIII - Desenho Topográfico
Já a planta topográfica digital é uma representação gráfica de parte da superfície terrestre, que utiliza
um conjunto de dígitos, ao invés de marcas numa escala, para mostrar informações numéricas. Além disso,
pode variar de maneira discreta ou contínua diferente do analógico. Como exemplo pode-se pensar numa
planta topográfica analógica que foi convertida para a forma digital por meio de um scanner ótico ou num
arquivo vetorial construído através de uma mesa digitalizadora. Obviamente, a qualquer momento, uma
planta digital pode ser impressa em papel ou poliéster, de forma a se obter uma planta topográfica análógica.
As coordenadas polares planas são de entendimento mais direto, uma vez que podem ser
representadas graficamente da mesma forma como são medidos os alinhamentos no campo. É um sistema de
coordenadas em que os pontos estão sobre um plano horizontal e suas posições são definidas pela distância a
VIII - 5
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VIII ~ Desenho Topográfico
que se encontra de um ponto já determinado e pela direção a partir de onde deve ser contada essa distância.
Na Figura 8.3 é apresentado um exemplo didático da forma de desenho por meio de coordenadas polares.
VIII - 6
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VIII - Desenho Topográfico
Uma planta topográfica pode ser classificada como planimétrica ou planialtimétrica de acordo com
os dados nela representados.
A planimétrica-é a planta que representa a projeção de seus pontos em um plano horizontal. Nela são
desconsideradas as diferenças de nível que possam existir entre os pontos topográficos. Já na
planialtimétrica, a superfície topográfica é representada da mesma forma que na planimétrica, diferenciando-
se apenas por conter convenções específicas para evidenciar as diferenças de nível entre os pontos
representados (curvas de nível ou pontos cotados).
VIII - 7
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VIII - Desenho Topográfico
VIII - 8
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VIII - Desenho Topográfico,
Geralmente os perfis longitudinais são desenhados com escala vertical dez vezes maior do que a
horizontal com o objetivo de acentuar o relevo, uma vez que as alturas geralmente são pequenas em relação
ao desenvolvimento. Este procedimento inviabiliza que sejam tomadas medidas diretas de inclinações,
grandezas lineares e angulares sobre o perfil. Para evitar o cálculo constante, essas grandezas são
determinadas previamente e escritas para cada trecho no perfil, que por comodidade é desenhado em papel
mílimetrado. As escalas usualmente utilizadas para traçado de perfis são:
V: 1/100 e H: 1/1000 (longitudinais e seções transversais);
V: 1/200 e H: 1/2000 (longitudinais e seções transversais);
V: 1/500 e H: 1/5000 (longitudinais).
Convencionalmente costuma-se desenhar o perfil estaqueando os alinhamentos da poligonal. Este
hábito de medir distâncias utilizando estacas (geralmente de 20 em 20 metros) é bastante útil para
identificação de pontos específicos nos trechos de uma poligonal, sendo muito utilizado quando da fase de
exploração para projeto de estradas e sua posterior locação, por exemplo.
8 .6 - E le m e n to s de u m D o c u m e n to Cartográfico
A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) define em diversas normas as características
dos itens relacionados ao desenho técnico e conseqüentemente .para o desenho topográfico. A NBR 10582
* Q
determina as condições ideais para a localização e disposição do espaço para desenho, espaço para texto e
legenda.
8 .6 .1 *■ O fo r m a to das fo l h a s
A NBR 10068, que se refere ao leiaute e dimensões das folhas de desenho, padroniza as
características dimensionais das folhas em branco e pré-impressas a serem aplicadas em todos os desenhos
técnicos. O bom senso orienta que, se resguardada a clareza do desenho, o original deve ser executado no
menor formato possível. Além disso, o desenho pode ser executado tanto na horizontal quanto na vertical. A
folha deve conter espaço para o desenho, texto e legenda, como pode ser visto nos exemplos da Figura 8.6.
VIII - 9
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VIII - Desenho Topográfico
/\
S \
y = x\'2
x = 841 mm
y = 1189 mm
/
/
/
X (m m ) y (tn m )
AO 841 1189
Al 594 841
A2 420 594
A3 297 420
A4 210 297
A5 148,5 210
A6 105 148,5
É recomendável que se escolham formatos nos quais a largura ou o comprimento seja múltiplo ou
submúltiplo do formato-padrão, caso seja necessário utilizar um formato especial.
8.6.2 - Texto
VIII- 10
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VIII - Desenho Topográfico
-<j>- POLIGONAL A U X IL IA R
-0 - (LUMINÁRIA)
VIII - 11
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VIII - Desenho Topográfico
Relevantes também são as cores utilizadas nos traçados. As mais comuns são:
Preto: legendas, estradas e limites de culturas;
Verde: Parques e jardins;
Terra de sèna queimada: Curvas de nível e cotas do terreno;
Carmim: Alvenaria e cotas;
Azul: limites d’água.
8.6.4 - Legenda
A legenda, devido à sua posição estratégica na folha, possibilita a aquisição rápida de informações
acerca do desenho, mesmo que ele esteja dobrado. De acordo com a NBR 10582 (1988), a legenda é
utilizada para fornecer informação, indicação e identificação ao desenho e deve conter:
- Designação da Empresa;
- Nome do projetista, desenhista ou outro responsável pelo conteúdo do desenho;
- Local, data e assinatura;
- Nome e localização do projeto;
- Conteúdo do desenho;
-Escala;
- Numero do desenho;
- Designação de revisão;
- Indicação do método de projeção;
- Unidades utilizadas no desenho.
Deve posicionar-se dentro do quadro de desenho e conter todas as informações que identifiquem o
desenho. Sempre posicionada no canto inferior esquerdo quer esteja a folha posicionada na horizontal, quer
na vertical. Nos formatos A4, A3 e A2, a legenda deve possuir 178'mm de comprimento e 175 mm nos
formatos AO e A l. Um exemplo de legenda está ilustrado na Figura 8.10.
VIII -12
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VIII - Desenho Topográfico
Ip o lh a
| C o n se lh o do F o rn in h o Ltd a |
j R e s p o n s . T é c n ic o : A s s in a tu ra : C R EA :
1 O J J Irineu
L o c a i: D a ta : Escala:
Rua Q u a lq u e r. n° 0 0 3 /0 4 /2 0 0 2 1/1000
P ro je to :
L e v a n ta m e n to P la n ia ltim é tric o do lo te do F o rn in h o
:
P ro je ç ã o D a tu m : Revisão:,
U TM .zo n a 23 S A D 1969
VIII- 13
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VIII - Desenho Topográfico
- Rumos, azimutes verdadeiros e distâncias entre os pontos dos alinhamentos definidores dos limites
do levantamento topográfico;
- Nome completo e assinatura do responsável técnico pelo levantamento, bem como sua habilitação
legal comprovada por meio de seu registro no CREA( Conselho Regional de Engenharia)
VIII -14
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VIII - Desenho Topográfico
8.8.1 - O r g a n iz a ç ã o do C A D p a r a d e s e n h a r
§.<5.2 - Á p lo ia g e m
Apesar de relegada rotineiramente a um item sem muita importância nos cursos de CAD, a plotagem
é um assunto muito importante para o desenho. Afinal, as plantas plotadas é que são utilizadas nas obras e
hão plantas digitais em telas de computadores. Assim, o formato-padrão da folha, a escala do desenho, a
espessura, características as e cores das linhas, legenda, quadrículas, indicação de norte, enfim tudo deve
obedecer às mesmas normas brasileiras relativas ao desenho técnico.
Algumas perguntas básicas em relação às dimensões do desenho sempre aparecem, tais como:
- Que unidades utilizar? Pode-se ajustar para conveniência do desenhista todas as unidades de
trabalho, tais como angulares e lineares.
- Em qual escala desenhar? Na verdade, o desenho é feito em uma determinada área que considera
unidades de desenho; quando da impressão, a escala pode ser ajustada a um determinado formato escolhido
pelo desenhista ou ainda especificar uma escala e ajustar um formato de papel específico para a escala
adotada.
- As cores e espessuras das linhas do desenho? Os atributos das linhas, polilinhas e outros objetos
gráficos podem ser escolhidos antes do início da impressão, pois a característica de trabalhar com “layers”
dos programas CAD possibilita que o desenho seja construído em diversas camadas e habilitá-las ou não,
atribuindo cor e espessura para cada camada.
- Deve-se desenhar com as medidas exatas ou já na escala do papel, como é feito na prancheta?
Exatarnente como na prancheta, o desenho é feito em unidades de desenho, mas utilizando o conjunto de
unidades escolhidas no início do desenho. O nível de zoom nada tem a ver com o tamanho ou as dimensões
VIII- 15
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo VIII - Desenho Topográfico
da plotagem do desenho, apesar de as unidades utilizadas pelo traçador gráfico utilizarem as mesmas
unidades especificadas para o desenho. O zoom é apenas uma facilidade de visualização em tela do desenho
executado (aproximação ou afastamento).
Apesar do grande número de usuários de programas CAD, são raros os que dominam perfeitamente
as técnicas de como passar o desènho do computador para o papel. Muitas vezes, o usuário consegue
imprimir, na escala correta, sem eritender claramente o que está acontecendo, a ponto de não conseguir
repetir a impressão em outro computador que não esteja com as mesmas configurações.
Como o objetivo deste capítulo não é capacitar o leitor a utilizar um CAD, o que, aliás, necessitaria
de um curso específico, além do fato de existirem diversos programas diferentes com essa finalidade,
recomenda-se que o desenhista CAD iniciante faça um curso específico ou procure conhecer e exercitar
bastante no programa que irá utilizar para que sejam utilizados todos os seus recursos e possibilidades.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1999). NBR 8196 - Desenho Técriico -
Emprego de escalas. Rio de Janeiro. •
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1987). NBR 10068 - Folha de Desenho
- Leiaute e Dimensões. Rio de Janeiro.
V I I I - 16
IX - DIVISÃO E DEMARCAÇÃO DE TERRAS
A Agrimensura é uma das mais velhas artes praticadas pelo homem. Os registros históricos indicam
que esta ciência iniciou no Egito, quando Heródoto (1400 a.C.) determinou que fosse feita a divisão das
terras às margens do Nilo em glebas, com a finalidade de lançamento de impostos. Como as enchentes anuais
nesse rio arrebatavam porções dessas glebas, foram indicados agrimensores para restabelecer os limites. Os
pensadores gregos desenvolveram, então, a Ciência da Geometria, em conseqíiência desse trabalho.
Como podemos perceber, a divisão e a demarcação surgiram na antigüidade, evoluiram com a
agricultura e permaneceram até hoje como uma parte muito importante da Topografia.
Existem vários conceitos para demarcação de áreas. Conforme Comastri & Gripp Junior (1990), é a
operação pericial que tem por fim reconhecer as terras e benfeitorias do imóvel, para que sejam classificadas
e avaliadas. A classificação consiste em separar a terra em glebas, de acordo com a sua qualidade e
finalidade, bem como dividir benfeitorias, conforme sua utilidade.
A divisão e a demarcação de terras têm por objetivo dividir uma superfície dada em partes inferiores
(parcelas, quinhões, terrenos), equivalentes ou não entre si, sendo que a soma dos mesmos coincide com a
área total que foi dividida; ocorre em diferentes situações, entre as quais: separação de casais, dissociação de
uma sociedade, divisão de propriedade comum, desmembramento, herança deixada pelo proprietário,
condomínio etc.
Para calcular (ou dividir) uma área do terreno, é necessário conhecer seus limites. Antes de iniciar
uma divisão, é aconselhável realizar um levantamento topográfico atualizado da área, considerando o valor
das terras e dos imóveis existentes.
A divisão de áreas pode ser amigável (extrajudicial), quando as partes concordam com a divisão, ou
judicial, quando houver diferenças entre as partes ou, por exemplo, houver menores de idade ou incapazes
envolvidos no processo. Neste último caso, a ação também é conhecida como jurisdição voluntária, quando
as partes envolvidas não estão em comum acordo com a divisão e recorrem ao poder judiciário para resolver
a questão.
IX- 1
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX - Divisão.e Demarcação de Terras
A questão geométrica se refere ao conhecimento das formas e dimensões da parcela territorial e está,
portanto, intimamente ligada à Topografia.
Para poder efetuar q projeto de divisão, é imprescindível, contar com. uma planta detalhada da parcela,
bem como com a planilha de coordenadas ou de ângulos, distâncias e o azimute de pelo menos um
alinhamento que permite calcular as coordenadas dos pontos topográficos que a compõem. Caso contrário, é
necessário fazer o levantamento da área.
Do ponto de vista topográfico, o processo de divisão começa com a aplicação dos métodos
tradicionais de levantamento, cálculo e representação e termina com a materialização das linhas que
delimitam as novas parcelas, passando pelo cálculo dos elementos de locação (coordenadas de pontos,
ângulos e/ou distâncias).
Os aspectos jurídicos se referem basicamente ao preparo que o profissional dever ter para interpretar
um título de propriedade, identificando suas partes em detalhe na descrição do imóvel.
No estudo econômico, o engenheiro deve analisar as diferentes variáveis que conformam o valor do
imóvel.
Dividir uma propriedade em áreas iguais nem sempre é o mais justo devido a que as.realidades físicas
e de infra-estrutura normalmente são desuniformes. Particularmente nas parcelas rurais, a heterogeneidade
está representada pelo uso potencial da, terra (aptidões agrícolas, banhados, reflorestamentos, áreas de
preservação, mata nativa, água, barragens, açudes etc). O papel do profissional é fundamental na hora de
avaliar o potencial de cada setor para poder entrar com essa variável na hora de decidir acerca da disposição
das novas divisas. No caso de haver heterogeneidade de valor, a área das parcelas provavelmente será
inversamente,proporcional ao valor das terras; logo, quem receber terras mais valorizadas terá área menor e
quem receber terras com valor inferior receberá área maior.
Na área urbana, o problema é similar. Ao realizar, por exemplo, um loteamento, as formas e
dimensões dos lotes poderão variar de acordo com o relevo do terreno, á distância até a rua, a calçada mais
próxima, a rede de água, de esgoto, a iluminação e outros serviços - o que se traduzirá em valores diferentes
nos imóveis.
O projeto de loteamento urbano deverá considerar todas as variáveis em termos de economia e
funcionalidade, abrangendo desde o traçado inicial das ruas e avenidas, passando pela análise dos formatos
ideais dos quarteirões e lotes (comparação econômica), largura e declividade de vias e entroncamentos, a
posição do lote em relação ao relevo e nível de renda, sempre respeitando a legislação.
Algumas recomendações que podem ser seguidas para agilizar o processo de divisão são as seguintes:
- os lotes ou quinhões instituídos devem ser um todo completo e independentes entre si;
- quando possível, evitar condições de servidão entre os condôminos, isto é, evitar que estradas, rios etc;
pertençam a somente um dos condôminos;
- não sendo possível o atendimento do item acima, deve-se determinar (em folha de pagamento), o direito de
alguns condôminos usarem a servidão (acertando o pagamento por isso).
- todas as benfeitorias da propriedade devem ser distribuídas igual ou proporcionalmente aos herdeiros;
IX-2
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX - Divisão e Demarcação de Terras
- tentar evitar ângulos agudos e diferenças grandes entre lados e/ou dimensões do polígono da partilha para
que todos tenham boa conformação;
- melhor usar linhas divisórias paralelas do que divergentes (tentar evitar áreas no formato de triângulo).
Evidentemente, cada caso tem suas peculiaridades e no contexto serão abordadas as questões
geométricas gerais e de interpretação de títulos da propriedade.
9.2 - P ro c e d im e n to s de d iv isão
O limite da parcela territorial é um polígono com n vértices, que possui uma área determinada. Dividir
essa parcela implicará obter as coordenadas de novos vértices, os quais conformarão os polígonos de
limites. As novas parcelas farão parte da área maior e a soma das suas áreas deve ser coincidente com a área
total.
Tal como foi apresentado no Capítulo V, a divisão de polígonos topográficos pode ser efetuada
seguindo métodos gráficos, mecânicos ou analíticos.
Os elementos necessários para a locação das divisas no campo são determinados na planta, juntamente
com as medidas de distâncias e rumos (azimute ou ângulos), ou seja, as coordenadas polares. Toda planta
está em uma escala (escala de redução) e a mesma deve ser considerada na determinação dos comprimentos
reais das linhas divisórias.(com duas casas decimais) e com o auxílio do transferidor deve-se determinar os
ângulos (azimute e/ou rumo), transportando-os em seguida para o terreno, O método gráfico é pouco
utilizado, devido à sua baixa precisão.
Hoje, com os recursos de computação gráfica, as tarefas ficaram muito facilitadas. Também as
calculadoras programáveis auxiliam muito na determinação analítica de qualquer levantamento topográfico.
A divisão de área pelo método analítico é bastante simples e consiste na aplicação da fórmula de
Gauss e da equação da reta. Nas fórmulas, as coordenadas são dos vértices conhecidos e as incógnitas são as
coordenadas dos vértices que desejamos determinar.
A informática tem auxiliado muito o trabalho dos topógrafos, especialmente em projetos de
loteamento e parcelamento de glebas. Nos aplicativos modernos, é possível realizar a divisão de polígonos de
forma semi-automática, sendo suficiente indicar um ponto de partida, de uma planilha de qualquer
alinhamento ou de um azimute e distância (dependendo do programa), tendo a vantagem de, após a divisão
concluída, poder gerar o memorial descritivo da nova área.
Alguns dos novos vértices pertencerão aos alinhamentos do polígono da área maior e a determinação
de suas coordenadas deve ser obtida por interseção das retas definidas pelos vértices existentes.
Uma forma de determinar as áreas dos polígonos que surgem da divisão é separar o polígono original
em figuras geométricas simples (triângulos, retângulos, trapézios etc.).
IX - 3
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX - Divisão e Demarcação de Terras
[b * rí) \ b*c)
A área do retângulo é: S = b * h, a do triângulo: S - ---------1 e a do trapézio: S = -2 * h , sen
2 2
b= base; c = òase menor e h = altura.
a = - «X5 - - c)
Onde! S - semiperímetro
a,b,c - lados do triângulo
A = área do triângulo
0 valor dos lados correspondentes às figuras geométricas utilizados no cálculo pode ser tomado
diretamente no campo ou medidas no desenho; logo a precisão do método vai depender da precisão dos
dados utilizados no cálculo.
Nos casos em que os limites são irregulares, particularmente cursos d’água, estradas e qualquer outro
elemento que não siga alinhamentos retilíneos, o polígono pode ser dividido em trapézios e toma-se como
referência um alinhamentp a partir do qual9são realizados os offsets (veja Capítulo V).
Outra forma de calcular áreas extrapoligonais é aplicando as fórmulas de Simpson [9.1] e de
Poncelet [9,2].'
S = i [ d ( £ + 2 / + 4P)] [9.1]
• S = i[ r f ( 2 /+ 4 P ) ]
- Fórmula de Poncelet
S = d 2P + [9.2]
IX - 4
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX - Divisão e Demarcação de Terras
Pode-se, ainda, determinar a área pelo método da compensação, pelas fórmulas dos segmentos
parabólicos e outros.
8 ©
9.3 - E x em p lo de cálcu lo
A Tabela 9.1 apresenta as coordenadas dos vértices de um polígono. Será calculada a área total e
dividida em duas novas parcelas iguais, partindo do vértice 2.
IX - 5
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX - Divisão e Demarcação de Terras
©
Croqui da área levantada
3.313.647,150 - ( l . 106.782,900)
2
A = 603.432,125m2
603.432,125m2
50% = 301.716,0625m 2
2
y,- y4
lYp - YJ4 = • ( x , - x 4)
xs-x<
IX-6
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX - Divisão e Demarcação de Terras
406.000 w 216,000
760.000 y> 380,000
2*301.716,0625 = i .ooo,oooyi .000,000
X
406.000 x 216,000
~ l;0 0 0 X p - 4 0 6 Yp
- 544.160 2 16Xp +1.0007, +914.280
5 - Igualando as equações 1 e 2:
-1 ,6 8 2 7 1002234X, =-970,063347251
X -970,063347251
" - 1,68271002234
~
IX - 7
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX - Divisão e Demarcação de Terras
Xp =576,488720203/ra
Valor de Xp:
Xp=576,488720203m
. Substituindo temos que:
Yp = -0,362844702467 * (576,488720203)+1.362,844702467
Yp =-209,175878158 +1.362,844702467
Yp= 1.153,6688243 lm
7 - Realizando a verificação das coordenadas do ponto P pela substituição dos valores encontrados para Xp,
na equação da reta:
Yp -1 .0 0 0 = -0,362844702467 * ( X -pl.OOO)
v■ ®
1.153,66882431-1.000 = -0,362844702467 *(576,488720203^1.000)
153,66882431 = -209,175878158 + 362,844702467
153,66882431= 153,66882431
Outra maneira de verificar se as coordenadas do ponto P (Xp, Yp) estão corretas é fazer o cálculo da
(s) área(s) dividida(s).
X 2w F2
406.000 \ / 216,000
*30*3
X 4\A/ yJ-a 760.000 \ />380,000
4Y ^ 2 * A = 1.000,000( A .000,000
v A y
a p\ / xp
576,489 \ A. 153,669
x/\ y2
406,000 7X2 16,000
2* A - = « L g M l .3 0 1 ,7 1 6 ,0Q5m-
2 2
A partir do resultado exposto no item anterior, verifica-se que os valores apresentados para o ponto P
são verdadeiros.
Coordenadas do ponto P para divisão da área proposta em duas partes iguais:
IX-8
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX - Divisão e Demarcação de Terras
X p= 576,488720203m
Yp=1.153,6688243 Im
D 4i i = J ( X 5 - X 4)2 +{Y5 - Y j
D 45 = 7 (3 1 1 -1 0 0 0 )2 + (1250 - 1000)2
Z?45 - 732,954m
D 2<3 = 390,144m
DiA —
6 64,83 Im
D as —732,954m «
D 31 = 848,48 lm
- Rumos
Pr ojeçâoX
tgR '■
Pr ojeçãoY
Pr oj.23
tgR2,3 =
Pr oj.Y.2,3
(7 6 0 -4 0 6 )
tgR2,3 = arct8
(3 8 0 -2 1 6 )
354
R23 =arctg
164
R 2 3 = 65 08 34
É necessário observar o sinal das projeções. No caso, as projeções são positivas, logo, estão no
primeiro quadrante. Se nós possuímos o rumo de um alinhamento, determinamos o azimute por meio do
í rumo conforme o capítulo II (medidas angulares), Azimute2 Z = 65° 08 34 .
t
IX - 9
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX - Divisão e Demarcação de Terras
- Ângulos internos
No vértice 1, temos o ângulo interno formado pelos alinhamentos 5,1 e 1,2. Para determinar o valor angular
de ct], temos:
* <a
Assim, os demais ângulos podem ser determinados, usando os valores dos azimutes ou dos rumos.
É possível, ainda, determinar o ponto médio de cada alinhamento (coordenadas do ponto médio entre
os vértices).
Ponto médio 1,2:
_ (X, + X 2)(_58,500 + 406)
Xm 1,2 0 ^ = 232,250/n
y „ 3 , , í í ± t i . ( 4 W 5 0 ± 2 1 6 )= m
2 2
As coordenadas do ponto médio dos demais alinhamentos são:
P m ,, = (583,000;298,000)
PmlA = (880,000;690,000)
Pm45 =(655,500;1.125,000)
Pm5I =(184,750;844,825)
Se a divisão partir de um ponto que se localiza a alguns metros de algum vértice, podemos
determinar as coordenadas do ponto, utilizando Rumo ou Azimute e a distância desejada. Por exemplo:
dividir uma área em duas partes, sendo que a divisa vai partir de um ponto Q, localizado a 20 metros do
vértice 1, sobre o alinhamentoo?). Para encontrar as coordenadas do ponto Q, basta conhecer o Az(i,2)e a
distância (no caso 20 m).
I X - 10
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX - Divisão e Demarcação de Terras
Assim, como esse exemplo, podemos escolher outras distâncias sobre outros alinhamentos e calcular
a divisão da área em quantas partes for necessário.
Na Figura 9.1, podemos observar os ângulos, distâncias e a localização dos pontos médios de cada
alinhamento.
IX- 11
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX - Divisão c Demarcação de Terras
I X - 12
Topografia para Estudantes de Engenharia. Arquitetura e Geologia . . . _ „ - , T„ _ ,c
j Capítulo IX - Divisão e Demarcaçao de terras
IX- 13
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX - Divisão e Demarcação de Terras
Se acaso for medida novamente a área e for constatada uma sobra de área, a mesma deverá ser
dividida entre os condôminos. Por exemplo: Na área pertencente aos condôminos A, B, C foi constatada
uma área de 279 ha, logo, 6 Ha a mais, ou seja, em valor de R$ 13.800,00. No caso, cada condômino vai
receber 2 Ha mais (6 Ha/3 = 2Ha), o que equivale ao valor de R$ 4.600,00 para cada condômino (R$
13.800,00/3 = R$ 4,600,00), como pode ser visto abaixo.
Obs: R$ 2300,00/Ha.
Observe a maneira de encontrar a área de cada condômino (regra de três).
279 Ha........ ........................ R$ 641.700,00
X .......... ..........•.............R$213.900,00
X= 93 Ha
.Também, pode ser utilizado um fator de correção para chegar à quantidade de área de cada
condômino: ....
641.700.00
1,021978022
627.900.00
O valor corrigido do título de cada condômino é igual ao fator de correção multiplicado pelo -valor
correspondente a cada condômino, ou seja:
1,021978022 * R $209300 = R $213.900,00
Se-ocorrer o contrário, faltar área, o procedimento!é o mesmo. A quantidade que faltar será
distribuída pelos condôminos, procedendo-se ao cálculo de forma semelhante à acima descrita.
Por isso a importância de um levantamento, ou seja, ter dados atuais e precisos da área a ser dividida.
V
Onde:
A= área a ser calculada para cada condômino;
V = valor total do imóvel;
S = área total do imóvel a ser dividido;
T = valor do título do condômino.
I X - 14
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX - Divisão e Demarcação de Terras
Exemplo: Temos os condôminos A e B , que possuem títulos diferentes em uma partilha de 60 ha, avaliada
em R$ 120.000,00. Condômino A - R$ 80.000,00 e Condômino B - R$ 40.000,00.
Área pertencente ao condômino A:
, 60*80.000,00 , Arr
A = -------------------- = 40 Ha
120.000,00
IX- 15
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX - Divisão e Demarcação de Terras
A lei 10.267 de 28 de agosto 2001 trata do Cadastro Nacional de Imóveis Rurais, a qual exige que todos os
imóveis rurais possuam coordenadas georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro. Considerar, ainda,
a legislação ambiental e o código florestal.
Fazem parte de uma escritura:
Natureza do Ato: especifica o motivo pelo qual a escritura foi elaborada (compra-venda, doação etc.);
Cabeçalho: constam o lugar e a data em que foi elaborada a escritura;
Partes: pessoas (físicas ou jurídicas) que compareceram ao ato; ^
Descrição do imóvel: constam aqui a localização (município e distrito, se for rural, e cidade e ruas, se fo^
urbano), medidas (normalmente só constam as lineares, o que prejudica o trabalho do profissional parà
definir a forma da parcela) e lindeiros. Conforme a lei 10.267/2001, a identificação do imóvel será: “ .... a
partir de memorial descritivo, assinado por profissional habilitado e com a devida Anotação de
Responsabilidade Técnica - ART, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis
rurais, georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicionai a ser fixada pelo
INCRA (0,5 m)....” :
Especificações: (se precisar, especificar algo).
Inscrição Dominial: existem muitos softwares que, a partir dos dados de campo e dos cálculos realizados,
criam um memorial descritivo automaticamente.
Espeqficaçõés dò ENCRA
A Norma Técnica para Levantamentos Topográficos (ENCRA/2001) apresenta algumas descrições e
especificações (conforme tabela 1 e 2) para poligonais geodésicas de apoio à demarcação (controle
imediato), que tem por finalidade proporcionar pontos de controle para levantamentos de imóveis rurais,
fornecendo coordenadas a partir das^ quais serão feitas operações topográficas de demarcação e/ou
levantamento, a serem desenvolvidas na região dos serviços. Deverão partir e chegar em pontos distintos,
com acurácia definida nas classes PI e P2 (norma técnica).
Tabela 1 - Poligonais geodésicas de apoio à demarcação (controle imediato)/ INCRA 2001
Espaçamento entre estações
- Geral 5-10 Km
- Extensão máxima da poligonal 50 Km
Medição angular horizontal
Método das direções
Intrumento (leitura direta) <1,0”
N° de séries 1
N° de posições por série 4 CE e 4 CD
Limite dè rejeição 5,0”
N° mínimo de posição após rejeição 3 CE e 3CD
Medições dos lados
- N° mínimo de séries de leitura recíproca i ;
IX- 16
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia . Capítulo IX - Divisão e Demarcação de Terras
IX- 17
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX - Divisão e Demarcação de Terras
Taqueométrica Eletrônica
Desenvolvimento
- Espaçamento entre estações Até 150 m Até 500 m
- Comprimento máximo do desenvolvimento 15 Km 15 Km
Medição angular horizontal
- Método das direções das direções
Instrumento (leitura direta) < 20” < 10
- N° de séries 1 (CE e CD) 1 (CE e CD)
- N° de posições p/ série 2 2
Medições dos lados
- N° mínimo de séries de leituras recíprocas 1 (FI, FM. FS) 2 leituras válidas
Controle Azimutal
- N° máximo e lados sem controle 25 15 ■
- Erro de fechamento máximo em azimute para direções
de controle r V
20 mm/Km 20 mm/Km
Fechamentos:
- Angular 1Wn onde N é o número W N onde N é o
de lados número de lados
- Linear (coordenadas)
Valor máximo para erro relativo em coordenadas após a
compensação em azimute 1/1000
1/2000
No caso de loteamentos urbanos, é preciso consultar a Lei Municipal. Cada município tem ou *
deveria ter uma legislação própria, na qual encontram-se todas as disposições sobre o parcelamento dos
solos. As leis municipais, na maioria, são separadas em capítulos e tratam: das Disposições Preliminares; dos
IX -18
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX - Divisão e Demarcação de Terras
BORGES, Alberto de Campos. Topografia Aplicada à Engenharia Civil. Volume 2, São Paulo. Ed. Edgard
Blücher, 1992.
CARDÃQ,, Celso. Topografia. 3a ed. Belo Horizonte, Edições Arquitetura e Engenharia, 1963. 465p.
CÓDIGO CÍVEL BRASILEIRO. São Paulo, Editora Saraiva S. A., 1978.
COMASTRÍ, José Anibal & GRIPP JUNIOR, Joel. Topografia Aplicada: Medição, Divisão e Demarcação.
Viçosa, UFV, Imprensa Universitária, 1990. 203p.
DOMINGUES, Felipe Augusto Aranha. Topografia e astronomia de posição: para Engenheiros e Arquitetos.
São Paulo, McGraw-Hill do Brasil, 1979. 403p.
ESPARTEL, Lelis. Curso de Topografia. Porto Alegre, Editora Globo, 1980. 654p.
GONZAGA, Vair. Divisão e demarcação de terras, 2 .ed São Paulo, Editora LED, 1998
LIMA, Oscar de Oliveira. Divisões, demarcações, tapumes. Belo Horizonte, Imprensa Oficial do Estado de
Minas Gerais, 1947. 274p.
MORETTI, Ricardo de Souza. Loteamentos, São Paulo: IPT, 1985.
Norma Técnica para Levantamentos Topográficos. Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA;
INCRA. Julho de 2001,
A MIRA, Ágrimensura e Cartografia. Ano VIII, N° 81. Julho de 1998.
www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Leis/LEIS_2001/LI0267.htm - 22k
IX- 19
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX —Divisão e Demarcação de Terras
Memorial Descritivo
O presente memorial descritivo tem por finalidade descrever e caracterizar a propriedade de Pedro de
Almeida Barbosa, sito na localidade denominada Morro Agudo, no município de Dom Feliciano-RS, com
área superficial de 154.457,87m2, amarrado do Sistema Geodésico Brasileiro.
Imóvel: com área superficial de 154.000,00m2, sem benfeitorias, sito na localidade denominada
Morro Agudo, no município de Dom Feliciano - RS, frente ao Norte, formada pelo vértice 1(E
999.125,124m; N 125.541,147m) e 4(E 999.001,457m; N 125.101,477m), limita-se com a Estrada
Municipal, na extensão de 259,00 metros; ao Leste, formada pelo vértice l(E999.125,124m; N
125.541,147m) e 2(E 999.045,447m; N 125.154,774m), limita-se com a propriedade José de Barros, na
extensão de 412,44 metros; ao Sul, formada pelo vértice 2(E 999.045,447m; N 125.154,774m) e 3(E
999.124,871m; N 125.887,597m), limita-se com o Arroio Teixeira, na extensão de 324,12 metros; ao Oeste,
formada pelo vértice 3(E 999.124,87lm; N 125.887,597m) e 4(E 999.001,457m; N 125.101,477m), limita-se
com a propriedade de Joaquim Ramos, na extensão de 357,12 metros.
Sendo, o que deveria constar o presente memorial descritivo vai assinado pelo proprietário e pelo
responsável técnico.
proprietário
responsável técnico
IX-20
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX ~ Divisão e Demarcação de Terras
Memorial Descritivo
Inicia-se a descrição deste perímetro no marco M-0246, de coordenadas geográficas, latitude 24°
03,50.33545”,S ejongitude 50°16’38.52344”W e coordenadas N 7.338.491,614 e 573.464,906 MC 51 WGr.,
Datum SAD-69, situado na bifurcação de duas estradas Municipais, deste segue por estrada Municipal,
confrontando com a mesma, com distância de-233,15 m até o ponto E-3055; deste segue por linha seca
confrontando com a estrada Municipal, confrontando com a mesma, com a distância de 233,15 m até o ponto
E-3055; deste segue por linha seca confrontando com a estrada Municipal com o azimute de 168° 01’13” e
distância de 20,80 m até o marco M-0136; deste segue por linha seca, confrontando com o lote 43 com o
azimute de I90°56,50” e a distância de 184,12 m até o marco M-0100; deste segue pelo rio das Pontas a
montante, confrontando com o lote 21 com a distância de 189,84 m até o marco M-0102; deste segue pelo rio
das Pontas, cruzando a estrada Municipal, confrontando com reserva R-6 com distância de 248,51 m até o
marco M-Q104; deste segue por linha seca, confrontando com lote 39 com o azimute de 346 09’06”e a
distância de 316,82m até o marco M-015; deste segue pela estrada Municipal, confrontando com a mesma
com a distância de 591,41 m até o marco M-0246; ponto inicial da descrição do perímetro.
OBS: foram deduzidos 0,4654 ha referente a área de estrada.
São José, 25 de junho de 2003.
IX - 21
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX - Divisão e Demarcação de Terras
Adjudicação: Transferência de propriedade móvel ou imóvel, praticada por meio de ato judicial, de uma
pessoa (física ou jurídica) para outra, passando a ter o adquirente de qualquer dessas propriedades os direitos
de domínio e posse sobre o bem.
Cartório de Registro de Imóveis: Também intitulado de Serventia Registraria; é o local onde se oficializam
os atos de "registros” e "averbações", regulariza-se, consigna-se, declara-se, estabelece-se, anota-se, e se
responsabiliza pelo arquivamento de todos os documentos apresentados à serventia, que por determinação
legal ficam arquivados.
Certificado de Inscrição de Cadastro Rur^l - CCIR : Documento hábil para toda e qualquer transação do
imóvel rural conforme a Lei.
Desmembramento: É a divisão de glebas em lotes, com aproveitamento do sistema viário existente, desde
que não implique a abertura de novas vias de logradouros públicos, nem no prolongamento, modificação ou
ampliação das já existentes.
Discriminação: Ato ou ação de discriminar, ou seja, em termos do Direito Agrário, ato ou ação de extremar
as terras públicas, separand'o-as daquelas de domínio privado.
Domínio Direto: É aquele pertencente ao senhorio, ao proprietário do imóvel, sob o instituto da enfiteuse.
Domínio Pleno: E o domínio total. A soma do domínio útil com o domínio direto. ■, ■•
Domínio Útil: E o aproveitamento e gozo do bem aforado.- Direito atribuído ao enfiteuta de se utilizar
daquele imóvel podendo extrair dele seus frutos, vantagens e rendimentos econômicos
Estatuto da.Terra: Assim se denomina a Lei 4.504, de .30 de novembro de 1964, que regula os direitos.e
obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, para os fins de execução da reforma agrária e promoção da
política agrícola no Brasil.
Expropriado: Pessoa física ou jurídica, da qual o imóvel rural foi retirado por força de ação expropriatória.
Faixa de Fronteira: A faixa interna de 150 Km ao longo das fronteiras do Brasil (Lei n° 6,634/79).
Gleba: Tem várias acepções, a saber:
- imóvel rural;
- parte do imóvel loteado;
- subdivisão de área de atuação do Projeto Integrado de Colonização, com fins administrativos, em função
do desenvolvimento dos trabalhos de colonização e exploração econômica dos seus lotes e parcelas.
Imóvel Rural: E o prédio rústico, de uma área contínua, qualquer que seja sua localização, que se destina à
exploração extrativa, agrícola, pecuária ou agroindustrial, ou através de planos públicos de valorização, quer
através de iniciativa privada (Art. 4o, item I, do Estatuto da Terra).
Imposto Territorial Rural - ITR: O fato gerador está definido no Código Tributário Nacional (Lei n°
5.172, Art. 29). E o imposto que incide sobre o imóvel rural que se destina à exploração agrícola, extrativa
vegetal ou agroindustrial e que, independentemente de localização, tiver área superior a l(Um) hectar (Art.
6o da lei n° 5.868/72). As normas gerais para fixação do ITR estão fixadas nos artigos 49 e 50 do Estatuto da
Terra, com a nova redação dada pela Lei n° 6.746, de 10/12/79.
IX -22
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX - Divisão e Demarcação de Terras
Indivisibilidade de Imóvei Rural: Consiste em não poder o imóvel rural ser dividido em áreas de
dimensão inferior à constitutiva do módulo da propriedade rural (Art. 65 do Estatuto da Terra).
Legitimação de Posse: Consiste no fornecimento de uma licença de ocupação a ocupante de
terra pública que a tenha tomado produtiva com o seu trabalho e de sua família; em área continua
de até 100 ha, desde que não seja proprietário de imóvel rural e comprove morada permanente
e cultura efetiva; pelo prazo mínimo de 1 ano. A licença de ocupação tem o lote, pelo valor
histórico da terra nua, satisfeito os requisitos de moradia permanente e cultura efetiva e
comprovada a sua capacidade para desenvolver a área ocupada.
Logradouro: Espaço livre impedido de alienação, destinado à circulação pública de veículos e (ou) pessoas,
reconhecido pelo Município, o qual lhe dá uma denominação. Ex.: ruas, avenidas, travessas etc.
Lote: Parte de terra demarcada, que juntamente com outras contínuas, num mesmo plano e obedecendo a
uma medição mínima estabelecida por lei federal, estadual ou municipal, constituem o loteamento. É unidade
imobiliária autônoma e independente.
Loteamento: Processo de urbanização que consiste na divisão de glebas em lotes, objetivando a edificação,
com a abertura de logradouros públicos, novas vias de circulação, modificação ou ampliação das vias já
existentes, ou seja, necessita-se criar toda uma infra-estrutura, custeada pelo loteador.
Matrícula: Grande inovação da Lei n°6.015/73, veio a substituir os livros de Transcrições e Inscrições, onde
eram feitos anteriormente de forma manuscrita os atos de "registros e averbações". Com o advento da citada
lei os registros e averbações passaram a ser feitos exclusivamente nas matrículas, em ordem cronológica e de
forma narrativa.
Módulo Fiscal: É a área expressa em hectares, fixado pelo INCRA para cada município e utilizada para
efeito de tributação, que leva em conta o tipo predominante no município, renda obtida e conceito de
propriedade familiar (Art. 50, Parágrafo 2o, do Estatuto da Terra, com as alterações introduzidas pela Lei n°
6.746/79).
Módulo Rural: É a área fixada para cada região e tipo de exploração como máximo para uma propriedade
familiar (Art. 4o, item III, do Estatuto da Terra).
Posse: Direito de usar e gozar de bens com o objetivo de tirar destes, vantagem, serventia ou lucro
econômico, no entanto sem dispor desses bens. Ex.: inquilino.
Posseiro: É o titular de posse exercida sobre terras públicas. Tem, no Direito Público, o sentido de possuidor
do Direito Privado.
Posse Legitímável: É a posse sobre a porção de terras devolutas possível de reconhecimento.
Propriedade: Direito de gozar, usar e dispor de bens e de reavê-los do poder de quem quer que injustamente
os possua.
Protocolo: Indicação de todos os títulos apresentados diariamente para ser registrados ou averbados.
Número de ordem que determina a quantidade e qualidade dos atos a serem praticados.
Reforma Agrária : Conjunto de medidas que visam promover melhor distribuição de terra, mediante
modificação no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios da justiça social e ao aumento de
produtividade (Art. Io, Parágrafo Io do Estatuto da Terra).
IX -23
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX - Divisão e Demarcação de Terras
Registro de Propriedade: Matrícula, a rigor, não se confunde com registro. Matricula-se o imóvel.
Registra-se o título que transfere a sua propriedade a outrem.
Remanescente: Restante; aquilo que sobra. Ex.: Após a venda de parte do terreno, o que resta é o terreno
remanescente.
Terras Bevolutas: Espécie de terras públicas abrangentes daquelas que, à época a Lei n° 601, de
18/9/1850, eram incultas, não aproveitadas, não apossadas, não habilitadas. São terras que, não sendo
próprias nem aplicadas a algum uso público, não se incorporam ao domínio privado na forma e condições
previstas no art. 5o, do decreto-lei n° 9.760, de 5/9/1946.
Terras Públicas: São as que se encontram no patrimônio da União, Estados e Municípios, sejam ou não
destinadas a fins ou uso público.
Terreno De M arinha: É o que vai até uma profundidade de 33 metros, medidos horizontalmente, para, a
parte da terra, da posição da linha da preamar média de 1832.
Transcrição E Inscrição: Em tais livros eram feitos os registros de compra e venda e averbações pertinentes
ao imóvel. Transcrição: Denominação usada anteriormente à Lei n°6.015/73, que significa "Registro", o
qual era praticado nos chamados livros de transcrições e depois da citada lei passou ser feita em
"Matrículas".
Usucapião: Uma das formas de aquisição do imóvel pela posse pacífica, pública, sem contestação e de
maneira contínua, durante um determinado tempo, sem depender de título, porém com fé. Típica aquisição
de um imóvel abandonado, na qual ninguém aparece para reclamar direitos sobre a propriedade desse.
IX-24
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo IX - Divisão e Demarcação de Terras
Anexo IV: Sugestão de alguns cuidados e atitudes que devem ser tomados para:
ii
I X -25
X - OS ERROS NA TOPOGRAFIA
Sempre que se realiza a observação de uma grandeza, seja ela um ângulo ou uma distância, obtém-se
um resultado que possui uma imprecisão, inerente ao ato de medir. Esta imprecisão.é. denominada de “erro
de observação”. Pode-se afirmar que toda medida possui um determinado erro, e é' preciso utilizar um
* #
tratamento adequado para tal durante os processos de cálculo, quaisquer que sejam eles.
Esses erros são provenientes de diversos fatores, tais como a falha humana, imperfeições dos
instrumentos e condições meteorológicas sob as quais se realizam as medições, e podem ser classificados em
três grupos:
® Erros grosseiros
© Erros sistemáticos
« Erros acidentais
P o
Os erros grosseiros, também chamados de faltas, podem ser causados por desatenção do observador
ou por mau funcionamento do instrumento de medição. A troca acidental de dígitos durante a leitura e/ou
anotação de uma medida é um grande exemplo deste tipo de ocorrência.
Geralmente esse tipo de erro é caracterizado por um valor alto, o que faz com que seja possívelVem
grande parte dos casos, identificá-lo. Porém, às vezes, é preciso recorrer a testes estatísticos para que se
justifique a rejeição de uma observação que possua esse tipo de falha.
De qualquer forma, é necessário que o observador se cerque de todas as precauções possíveis para
evitar ao máximo a ocorrência dos erros grosseiros.
Os erros sistemáticos são geralmente causados por falta de calibração do instrumento, pela não-
utilização ou utilização inadequada dos modelos matemáticos que descrevem as condições físicas sob as
quais as observações são realizadas ou ainda devido a alguma falha sistemática do observador (por exemplo,
o observador pode ter tendência a fazer leituras angulares com o valor da medida adicionado de alguns
segundos, ou vice-versa). Devido à sua natureza, os erros sistemáticos tendem a se acumular com o aumento
do número de observações.
Como possuem causas conhecidas, é possível eliminar seus efeitos (por meio de determinadas
técnicas de observação) ou determiná-los durante o processamento das informações (mediante a utilização
de modelos matemáticos).
X- 1
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo X - Erros na Topografia
Mesmo quando os erros grosseiros foram evitados e os efeitos dos erros sistemáticos foram
eliminados ou determinados matematicamente, as medidas observadas contêm ainda discrepâncias em
relação ao valor verdadeiro, permanecendo portanto inconsistentes. Essas discrepâncias ocorrem devido aos
erros acidentais, também chamados de erros aleatórios. Como o próprio nome diz, os erros acidentais
ocorrem de maneira aleatória, de forma que é impossível vinculá-los a uma causa específica,
impossibilitando a eliminação ou determinação de seus efeitos.
O erro acidental se comporta como uma variável aleatória que possui uma distribuição normal, o que
permite-nos dizer que, quanto maior o número de observações efetuadas, maior será a tendência dos erros se
anularem.
Quando o valor real da grandeza é conhecido, pode-se fazer uma análise dos erros em relação ao
valor verdadeiro. Neste caso chamamos a diferença entre o valor de cada observação e o valor real de erro
verdadeiro.
Valor Real = observação + erro verdadeiro
Exemplo: Seja o conjunto abaixo de medições de uma determinada distância. Determinar os erros residuais
e os erros verdadeiros, considerando que o valor real da distância é 203,44 m.
X-2
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo X - Erros na Topografia
X-3
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo X - Erros na Topografia
O atirador 1 não consegue realizar disparos com boa precisão, pois acerta o alvo em pontos distantes
uns dos outros. Este atirador também não possui boa acerácea em seus tiros, pois acerta o alvo em pontos
distantes do centro.
O atirador 2 consegue realizar disparos com boa precisão, pois, ao contrário do primeiro atirador,
atinge pontos no alvo muito próximos entre si. Entretanto este atirador também não consegue uma boa
acurácia, já que acerta pontos distantes do centro do alvo.
O atirador 3 realiza disparos com boa acurácia e precisão, pois os lugares em que acerta, além de
muito próximos entre si, estão próximos do centro do alvo.
Note que, apesar das marcações do alvo servirem de referência para essa avaliação, elas não influem-
no resultado, ou seja, a precisão e a resolução são funções apenas do comportamento do conjunto de
X-4
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo X - Erros na Topografia
disparos. Na Topografia ocorre de maneira similar, ou seja, a precisão e a resolução de uma medida são
funções apenas do comportamento de um conjunto de observações, e não da resolução do instrumento.
n ?
£ e 2,
/=1
G= ±
lí n -1
onde:
cr = desvio-padrão
er = erro residual
n = número de observações
n 1
£e %
i=l
G= ±
i n
onde:
cr = desvio-padrão
ev = erro verdadeiro
n - número de observações
X-5
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo X - Erros na Topografia
Os valores para precisão de aparelhos são obtidos por meio da repetibilidade de medições, ou seja, o
desvio-padrão esperado para um conjunto de observações é um valor próximo do valor da precisão do
instrumento,
E importante que se conheça a precisão do aparelho, pois se num processo de medições os desvios
forem muito maiores do que o seu valor, é provável que esteja ocorrendo algum tipo de erro grosseiro.
a = ± (A m m + B ppm)
onde:
A = erro independente da distância, em mm;
B = erro dependente da distância, em partes por milhão (ou mm/km)
Os MED são classificados pela norma de acordo com o desvio-padrão da medição da distância
(Tabela 10,1),
Tabela 10.1
Exemplo: Determinar a precisão de uma medida de distância realizada por um distanciômetro de precisão (5
mm + 5 ppm), cujo valor obtido foi 412,32 m.
cr = ±7 mm
X-6
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia , Capítulo X - Erros na Topografia
Tabela 10.2
Caso o fabricante não forneça a precisão angular do teodolito (ou estação total), esta deve ser
determinada por entidades oficiais e/ou universidades, em bases apropriadas.
Exemplo: A precisão angular de um aparelho é de 5”. Qual será a precisão de uma medida de 32° 45’ 25”
realizada pòr esse instrumento? 5
Como a precisão angular não depende da medida, a precisão será de 5”.
X-7
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo X - Erros na Topografia
Esses instrumentos devem ser calibrados, no máximo, a cada dois anos, por meio de testes
realizados em entidades oficiais e/ou universidades, sob bases multipilares, de concreto, estáveis, com
| centragem forçada e com expedição do certificado de calibração.
X-8
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo X - Erros na Topografia
DRACUP, Joseph F. (1996). Some notes on adjustments, and accuracies directed to managers. Surveying
and Land Information Systems, v.56, n.l, p. 13-26.
MIKAEL, E.M.; ACKERMANN, F. (1976). Observation and least squares; IEP__A Dun-Donnelley
Publisher, New York.
MIKAIL, E.M.; GRACDE, G. (1981). Analysis and adjustament of survey measurements; Van Nostrand
Reinold, New York.
PACDLÉO NETTO, Nicola (1989). “Aplicações da teoria dos erros na topografia”. Apostila editada pelo
PTR - Depto. de Eng3 de Transportes da EPUSP.
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J
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia Capítulo X - Erros na Topografia
SPIEGEL, M.R. (1993). Estatística. Trad. João Consentino. 3.ed> São Paulo: Makron Books. 643p.
VUÕLO, J.H. (1992). Fundamentos da teoria de erros. led. São Paulo: Edgard Bliicher. 225p.
X - 10
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia ANEXO - Linearização de equações
Muitas vezes, o engenheiro se depara com situações em que, para resolver um problema, é
necessário determinar o valor de diversas grandezas. Geralmente se faz isto por meio de modelos
matemáticos, dos quais nem todos são representados por equações lineares, apesar de algumas aplicações
matemáticas exigirem isso.
Um exemplo é o sistema linear de equações, que é um conjunto de n equações lineares e n
incógnitas, cujo resultado será o conjunto de valores para as n incógnitas, que satisfará todas as n equações.
A única maneira de utilizar equações não-lineares dentro de um sistema linear é linearizando-as.
O objetivo deste capítulo é demonstrar para o leitor como transformar uma função não-linear em
uma linear, a fim de utilizá-la em casos em que são necessárias equações do primeiro grau.
A Derivada
Neste item serão feitas algumas considerações a respeito da derivada de uma função, ficando a cargo
do leitor pesquisar mais sobre o assunto em livros que tratem especificamente de cálculo diferencial.
Seja uma função hipotética y = f(x), cuja curva está demonstrada abaixo.
Seja um ponto P (xp, yp), pertencente a esta curva. Aplicando um acréscimo infinitesimal Ax à
abscissa xp, o ponto se desloca para a posição de P \ causando consequentemente uma variação (positiva ou
negativa) Ày na ordenada yp. Temos então que:
yp + Ay = f(xp + Ax) [1]
Anexo - 1
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologi; ANEXO - Linearizaçâo de equações
Ay
Derivada de y - Lim —
Av-»0
A derivada de uma função em relação a uma variável nos dá o valor da variação linear (Ay), sofrida
pela função devido a um acréscimo (Ax) unitário na abscissa (x). Graficamente representa a reta tangente à
curva em um determinado ponto.
No caso de uma função (y) possuir apenas uma variável (x), a sua derivada (chamada de derivada
dy
total) é expressa da seguinte forma: — .
dx
Caso uma função (y) possua mais de uma variável (x]? x2, xn), suas derivadas parciais em
relação a cada uma dessas variáveis são expressas da seguinte forma:
õy mdy ôy ' dy
O Processo de Linearizaçâo
Seja uma função não-linear y = f(x). Digamos que é necessária a sua utilização em uma aplicação
matemática que exige que as equações sejam lineares. A única maneira de possibilitar isso é fazendo uma
linearizaçâo da função.
Para uma função não-linear, como visto no item anterior, para intervalos infinitesimais pode-se
admitir uma variação linear. Então se adota um valor provisório para a variável x, julgado infinitamente
próximo do valor real. Sendo assim, teremos:
x —;c0 + Ax [2]
y = f ( x ) = f ( x 0 +Ax) [3]
y = f ( x 0) + Ay [4]
Anexo - 2
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia ANEXO - Linearização de equações
[6]
No caso de funções de mais de uma variável (xh x2, x3,..., xn), a derivada total é substituída pela
somatória das derivadas parciais, ficando a equação [7] agora da seguinte maneira:
^ "\
■ 0) + • ÀXj 4- õy •A x 9 + • • •
y d x J
\ dx2
( ,s X
C
•*+ ■A x * + . • • +
y
1 [8 ]
dxi J
Na equação [8], o primeiro termo representa o valor da função para um determinado ponto, enquanto
os demais termos representam os desvios deste valor em função da variação de cada variável.
Convém lembrar que é necessário estipular valores provisórios, que sejam próximos o suficiente do
real para que essas aproximações sejam admitidas, ou seja, para que a tangente da curva se confunda com a
própria curva.
Exemplo 1:
Seja a função y = x2. Deseja-se determinar o valor de y para x = 7,1, utilizando uma equação linear.
Anexo - 3
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia ANEXO - Lincarizaçfio de equações
Como a função possui apenas uma variável, teremos uma equação do tipo:
f , \
dy
. y 5s-y(*0) + ~ ,A x
Kdxo j
dy
Derivada de y: -----= 2 - x 0 =2 -7 = 14
àx o
y(x0) - 7 2= 4 9
y = 49 + 14 -Ax
Ax = 7,1—7 = 0,1
Exemplo 2:
# 2 ^ 5 * *
Seja a função y ~ x l + Deseja-se determinar a função linear, que poderia ser utilizada
do lugar desta em um sistema linear de equações.
o A o, A
dy dy ^ dy
y = y ( - \ 0,x 10,x.i0 , x ^ ) + ■Ax, + A x,+ •Àx3 + 1Ax4
V.d+i.0 j d+2,0 y Va % > y V a -D.o y
Digamos que foram escolhidas como valores provisórios dexL0,x 20,x3 0 <? x40 as constantes a,b,c e
d, respectivamente. Então cada termo pode ser determinado:
-
oy = 2-x,_0 = 2 -a
vK oy
^ A
dy
= 3 • x 10= 3 •b
Vd+2.oy
A i r.-.XM - -i
Topografia para Estudantes de Engenharia, Arquitetura e Geologia _ANEXO - Uneari‘/.aç5o de equações
{ s \
C\
\ CX>.0J
/ „ \
cv
: 5 •a'4Q = 5 •
Vav->o y
y= (a2 +i>3 +C + Í/3) + (2-a)-A jc, + (3-b)-A x2 + (c)- Ajc3 +(5 -d1)-A x4
Anexo - 5