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Nova lei para energia solar prevê

isenção permanente para quem já


tem sistema - 15/01/2020 - Mercado -
Folha
15.jan.2020 às 8h00

15.jan.2020 às 8h00

O PL (Projeto de Lei) que trata de novas regras para a cobrança de tarifas


sobre a autoprodução de energia solar, a chamada geração distribuída,
estabelece isenção permanente para quem já colocou ou vai adotar placas
fotovoltaicas até o fim de 2021.

“Para quem já tem [as placas], está instalando ou tem parecer de acesso
não muda nada. Para sempre, porque essas pessoas fizeram o contrato
quando as regras não previam as tarifas”, afirmou o
deputado federal Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

Na proposta, além da manutenção eterna da isenção para quem já possui o


sistema, está prevista uma tarifa mais branda do que a proposta pela Aneel
em seu relatório no ano passado. A ideia é cobrar apenas o serviço da
distribuição, que equivale a 28% da tarifa cheia e de forma gradativa.

O relatório da agência de 2019 propunha, além do pagamento da


distribuição, a cobrança da transmissão, bem como de encargos e perdas
do sistema elétrico, o que representaria 62% da tarifa cheia.

Segundo Andrada, no caso da geração distribuída local (quem tem placa


no próprio telhado), a proposta é que o pagamento da tarifa comece a
partir de 2022, quando os donos dessas placas pagarão 10% da tarifa da
distribuição. De forma escalonada, a cada dois anos, a alíquota crescerá 20
pontos percentuais, chegando a 100% em 2032.

No caso da geração remota (aquela que não é gerada no local do consumo),


o deputado afirmou que a proposta é cobrar a tarifa de 100% da
distribuição já em 2022.

Também haveria uma transição escalonada para a geração compartilhada


(local ou remota), hoje com representatividade irrisória. Nesta, a partir de
2022 a alíquota subiria para 50% da distribuição e, em dez anos, chegaria a
100%.

Questionado sobre a não cobrança de encargos, como a CDE (Conta de


Desenvolvimento Energético, onde estão subsídios a programas do
governo), o deputado disse que, como a geração distribuída reduz o
consumo de energia de fontes mais caras, como a termelétrica, há um
barateamento natural na conta que compensa a isenção.

“Quando gero energia solar e a injeto no sistema, ela é diluída para toda a
estrutura [de distribuição]. Todo mundo usa. Se eu faço isso, eu deixo de
comprar energia térmica, a carvão, a diesel, que é caríssima, poluidora e
suja. Então as pessoas que têm energia solar nas suas casas barateiam a
conta de luz para todo mundo.”​

O deputado disse que conversou com o presidente da Câmara, Rodrigo


Maia (DEM-RJ), que o aconselhou a esperar algumas semanas para
apresentar o PL. Segundo Andrada, Maia estaria estudando o caminho
mais rápido para a tramitação, se por comissão especial ou por regime de
urgência.

Pessoas que acompanham o assunto disseram à Folha, em condição de


anonimato, que a expectativa é que o projeto seja apresentado ao
Congresso já no início de fevereiro. Um empecilho, porém, pode vir com a
substituição de Caio Megale por Esteves Colnago na relação do Ministério
da Economia com o Congresso.
Colnago é considerado muito alinhado com a proposta da equipe do
ministro Paulo Guedes de trabalhar pela redução de subsídios, mesmo que
sejam para energias limpas como a solar. Conforme reportagem
publicada na semana passada, a ideia da pasta é reiniciar um trabalho de
convencimento com Bolsonaro e líderes do Congresso.

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