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Tecnologia dos Materiais

Tratamento Térmico dos Aços

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Introdução

Tratamento térmico é o conjunto de operações de aquecimento e resfriamento a que são submetidos


os aços, sob condições controladas de temperatura, tempo, atmosfera e velocidade de resfriamento,
com o objetivo de alterar as suas propriedades.
Esta ação pode também combinar-se com ações químicas e de deformação.
A teoria dos tratamentos térmicos consiste no estudo das modificações das estruturas e propriedades
do metal ou liga sujeito à ação do calor, e que não desaparecem após o tratamento térmico.

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Introdução

Tratamentos térmicos dos aços:


1. Efeito da velocidade de resfriamento sobre a transformação da austenita.
2. Fatores que afetam os tratamentos térmicos;
3. Tratamentos térmicos dos aços;
4. Prática dos tratamentos térmicos.

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1 Efeito da velocidade de resfriamento

Introdução:
1. Efeito da velocidade de resfriamento sobre a transformação da austenita:
1.1 Transformação Isotérmica (Diagrama TTT);
1.2 Constituintes resultantes da transformação da austenita;
1.3 Curvas TTT para aços hipoeutetóides e hipereutetóides;
1.4 Transformação em resfriamento contínuo (diagrama TRC);
1.5 Efeito da seção da peça;

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1 Efeito da velocidade de resfriamento
Introdução:
O diagrama de equilíbrio Fe-C ou Fe-Fe3C é construído a partir de condições de resfriamento
muito lento.
A formação da ferrita e da cementita (formação da perlita) exige a mudança do reticulado cristalino
do ferro, assim como o movimento de átomos, por difusão, através da austenita sólida; tais
modificações levam tempo.
Se for aumentada a velocidade de resfriamento da austenita não haverá tempo suficiente para
uma completa movimentação atômica e as reações de transformação da austenita se modificam,
podendo mesmo deixar de formar-se os constituintes normais (como a perlita) e surgirem novos
constituintes de grande importância para a aplicação dos aços.

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1 Efeito da velocidade de resfriamento
Difusão, Nucleação e Crescimento
Difusão é o transporte de material por movimento atômico. Estes movimentos fazem com que, do
ponto de vista macroscópico, o soluto passe das zonas mais elevada de concentração para zonas de
baixa concentração.
A nucleação é a etapa em que as moléculas ou átomos do soluto dispersas no solvente começam a
se juntar em clusters. É nesse estágio que os átomos se arranjam de uma forma definida e periódica
que define a estrutura do cristal.
O crescimento do cristal é o subsequente crescimento do núcleo que atingiu o tamanho crítico do
cluster. A nucleação e o crescimento continuam a ocorrer simultaneamente enquanto a
supersaturação existir.

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1.1 Transformação Isotérmica
Os fenômenos que ocorrem quando
o aço é resfriado a diferentes
velocidades são melhor
compreendidos pelo estudo da
transformação isotérmica da
austenita, em diversas temperaturas
abaixo de 727 °C.

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1.1 Transformação Isotérmica
A figura apresenta a curva TTT de um
aço com baixo teor de carbono, que a
austenita transforma-se em ferrita
sem a formação de cementita.
A figura (b) apresenta as curvas das
frações transformadas em função do
tempo para duas temperaturas T1 e
T2. As micrografias mostram que para
a curva de temperatura T2 existem
mais pontos de nucleação do que
para a curva T1.

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1.2 Constituintes resultantes da
transformação da austenita
Os constituintes resultantes da transformação da austenita nas diferentes faixas de
temperaturas aparecem na seguinte seqüência:
1. Logo abaixo de A1 zona em que a velocidade de transformação é muito baixa, forma-se
perlita lamelar, de granulação grosseira e de baixa dureza (Rockwell C de 5 a 20)
2. À medida que a temperatura cai, nas proximidades do cotovelo da curva, em torno de
550°C, a perlita que se forma adquire textura cada vez mais fina e dureza cada vez mais
elevada, Rockwell C de 30 a 40. A espessura das lamelas é tão fina que dificilmente elas são
perceptíveis ao microscópio;
3. À temperatura entre 550°C e 200°C, se forma um microconstituinte denominado de bainita.
Ela se forma como uma série de agulhas de ferritas que se encontram separadas por
partículas alongadas de cementita. Possuem elevada dureza, 40 a 60 Rockwell C;
4. Na faixa de temperaturas entre Mi, (em torno de 200°C) e Mf (em torno de 100°C) forma-se
a martensita. Ela consiste em uma solução supersaturada.

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1.2 Constituintes resultantes da
transformação da austenita
Perlita

(a) Perlita Grossa;


(b) Perlita Fina.

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1.2 Constituintes resultantes da
transformação da austenita
Bainita
A microestrutura da bainita consiste das fases ferrita e cementita e, assim, processos
difusionais se encontram envolvidos em sua formação.
Bainita forma-se como agulhas ou placas, dependendo da temperatura da transformação; os
detalhes microestruturais da bainita são tão finos que sua resolução é possível apenas usando
microscopia eletrônica.

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1.2 Constituintes resultantes da
transformação da austenita
Bainita
A Figura é uma micrografia eletrônica que
mostra um agulha de bainita (posicionada
diagonalmente a partir da posição
esquerda baixa para direita alta); ela é
composta de uma matriz de ferrita e
partículas alongadas de Fe3C. A fase que
circunda a agulha é martensita.

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1.2 Constituintes resultantes da
transformação da austenita
Martensita
Martensita é uma estrutura monofásica de não-equilíbrio que resulta de uma transformação
da austenita praticamente sem difusão.
Ela pode ser pensada como um produto de transformação que é competitivo com perlita e
bainita.
A transformação martensítica ocorre quando a taxa de resfriamento é rápido suficiente para
prevenir a difusão do carbono.

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1.2 Constituintes resultantes da
transformação da austenita
Martensita
A transformação martensítica não é bem entendida.
Entretanto, grande número de átomos experimentam
movimentos cooperativos, no sentido de que existem
apenas um pequeno deslocamento de cada átomo em
relação aos seus vizinhos. Isto ocorre de tal maneira
que a austenita CFC experimenta uma transformação
polimórfica para uma martensita tetragonal de corpo
centrado (TCC).

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1.2 Constituintes resultantes da
transformação da austenita
Martensita

Austenita Martensita

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1.2 Constituintes resultantes da
transformação da austenita
Martensita
Todos os átomos de carbono permanecem como
impurezas intersticiais na martensita; como tal, eles
(os átomos) constituem uma solução sólida que é
capaz de rapidamente se transformar a outras
estruturas se aquecida até temperaturas nas quais
as taxas de difusão se tornam apreciáveis.
Muitos aços, entretanto, retêm sua estrutura
martensítica quase indefinidamente à temperatura
ambiente.

Os grãos em forma de agulhas são a fase


martensítica, as regiões em branco representam a
Tecnologia dos Materiais austenita que não se transformou
1.2 Constituintes resultantes da
transformação da austenita
Martensita
A martensita apresenta um reticulado tetragonal e sua dureza é muito elevada, podendo atingir
65 a 67 Rockwell C. Em vista do exposto, essa alta dureza da martensita pode ser atribuída entre
outros, aos seguintes fatores:
a) Distorção do reticulado;
b) Tensões internas;
c) Tamanho de grão muito pequeno.

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Exercício
(2012 - PETROBRAS) Um aço pode apresentar várias microestruturas.
A microestrutura mais dura é a
(A) bainita
(B) esferoidita
(C) ferrita
(D) perlita fina
(E) perlita grosseira

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Tecnologiacom
Diagrama TTT de um aço eutetóide dos trajetória
Materiais arbitrária de resfriamento.
Perlita Grossa

Tecnologia
Diagrama TTT de um aço eutetóide comdostrajetórias
Materiais arbitrárias de resfriamento.
Perlita Fina

Tecnologia
Diagrama TTT de um aço eutetóide comdostrajetórias
Materiais arbitrárias de resfriamento.
Bainita

Tecnologia
Diagrama TTT de um aço eutetóide comdostrajetórias
Materiais arbitrárias de resfriamento.
Martensita

Tecnologia
Diagrama TTT de um aço eutetóide comdostrajetórias
Materiais arbitrárias de resfriamento.
1.2 Constituintes resultantes da
transformação da austenita
Possíveis Transformações da Austenita

Perlita Possíveis transformações envolvendo a


(Fases α + Fe3C)
Fase proeutetóide
decomposição da austenita. As setas
Resfriamento contínuas representam transformações que
lento
envolvem difusão; a seta tracejada envolve
uma transformação onde a difusão está
Austenita Resfriamento
moderado
Bainita ausente.
(Fases α + Fe3C)
Têmpera
rápida
Martensita
Martensita Reaquecimento
revenida
(Fase TCC)
(Fases α + Fe3C)

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1.3 Curvas TTT para aços hipoeutetóides e
hipereutetóides
Os aços que não possuem a composição eutetóide apresentam a curva em “C” diferentes.
Apresentam um novo campo de transformação;
Pode-se observar mais um patamar de temperatura (limite da zona crítica).

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1.3 Curvas TTT para aços hipoeutetóides e
hipereutetóides
Aços Eutetóide

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1.3 Curvas TTT para aços hipoeutetóides e
hipereutetóides
Aços Hipoeutetóide

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1.3 Curvas TTT para aços hipoeutetóides e
hipereutetóides
Aços Hipereutetóide

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1.3 Curvas TTT para aços hipoeutetóides e
hipereutetóides

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1.4 Transformação em Resfriamento Contínuo
As curvas em C estudadas são curvas típicas das transformações que se operam a uma
temperatura constante (TTT).
Entretanto, do ponto de vista prático, as transformações que mais interessam são as que se
verificam quando a temperatura decresce continuamente, visto que a maioria das operações de
tratamento térmico envolve transformações que ocorrem em resfriamento contínuo.
Assim sendo, a rigor, o diagrama TTT não poderia ser utilizado com o objetivo de verificar
estruturas resultantes de resfriamento contínuo em determinadas velocidades.

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1.4 Transformação em Resfriamento Contínuo
Para resfriamento contínuo, o tempo requerido para uma reação se iniciar e terminar é retardado.
Assim as curvas isotérmicas são deslocadas para tempos maiores e temperaturas menores.
Um gráfico contendo tais curvas de reação de início e término modificados é denominado um
diagrama de transformação sob resfriamento contínuo (CCT em inglês).

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Temperatura Eutetóide

Transformação por
resfriamento contínuo

Temperatura (°F)
Temperatura (°C)

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Tempo (s)
1.4 Transformação em Resfriamento Contínuo

A – Perlita grossa;
B e C – Perlita fina;
D – Perlita e Martensita;
E – Martensita.
F - Martensita

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1.5 Efeito da seção da peça
Dependendo das condições de resfriamento, temperabilidade do aço e das dimensões da barra é
possível obter diferentes distribuições de microestrutura ao longo da seção do material.

Simulação:
1. Variação da Temperatura
2. Formação da Martensita
3. Variação da Dureza (Rockwell C)

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Efeito da seção da peça

Seção de uma barra de um determinado


Tecnologiaaço
dossob diferentes condições de resfriamento
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1.5 Efeito da seção da peça

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Exercícios
1. Qual é o conceito de Tratamento Térmico?
2. Em um tratamento térmico, quais são as possíveis transformações da austenita?
3. Qual é a importância da etapa de resfriamento em uma operação de tratamento térmico?
4. Como a geometria de uma peça pode interferir na distribuição de sua microestrutura durante
uma operação de tratamento térmico?
5. Um aço inox ferrítico é temperável? Justifique.
6. Como os elementos de liga modificam a transformação da austenita durante o resfriamento?

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