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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE BIOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA MARINHA e
AMBIENTES COSTEIROS

Projeto:
Flabelligeridae (Polychaeta: Terebellida) da Bacia de Campos:
Taxonomia e aspectos ecológicos.

Apresentação de Resultados

Aluna: Juliana Henrique Teixeira


Orientadora: Cinthya Simone Gomes Santos
Linha de pesquisa: Biologia do Bentos

NITERÓI- RJ
2014
1 – Resumo

Os poliquetas da família Flabelligeridae Saint-Joseph, 1894 distribuem-se desde as zonas


entremarés até o mar profundo, em vários tipos de substratos. Atulamente há cerca de 24
gêneros e 238 espécies. No entanto, ainda há.poucos estudos sobre essa família no que
diz respeito à sua taxonomia, aspectos biológicos e ecológicos, sendo necessárias
pesquisas aprofundadas a fim de compreender um pouco mais sobre a diversidade e
ecologia do grupo, principalmente em águas profundas e como esses poliquetas interagem
nos ecossistemas que habitam. O objetivo do trabalho é identificar as espécies de
poliquetas da família Flabelligeridae da Bacia de Campos, além de relacioná-las à
profundidade e aos parâmetros ambientais. O material a ser utilizado é proveniente do
projeto HABITATS – Heterogeneidade Ambiental da Bacia de Campos. As coletas foram
realizadas de 2008 a 2010 na Foz do Rio Paraíba do Sul, na Plataforma Continental, no
Talude e nos Cânions Submarinos, entre 25 e 3300 m de profundidade. No total foram
encontrados 19 indivíduos na Foz, 578 na Plataforma, 517 no Talude e 111 nos Cânions
submarinos. Até o momento, foram identificados 9 gêneros diferentes, sendo 7 novas
ocorrências para o Brasil e 13 espécies possivelmente novas.
2 – Cronograma original

ANO 2013 2013/2014 2014 2014/2015


ATIVIDADE/MESES S/O/N D/J/F M/A/M J/J/A S/O/N D/J/F
Levantamento bibliográfico X X X X X
Determinar, descrever,
redescrever, sinonimizar, emendar
e ilustrar as espécies X X X X X X
Analisar e descrever as espécies
novas para a ciência e as
ocorrências novas X X X X X X
Avaliar a distribuição batimétrica
com as variáveis ambientais X X X X X X
Adicionar informações biológicas
sobre as espécies encontradas no
Banco de Dados Costeiro e
Oceânico X X X X X X
Preparação da dissertação X X X X
Defesa da dissertação
2.1 – Cronograma atual

ANO 2014 2014/2015


ATIVIDADE/MESES S/O/N D/J/F
Levantamento bibliográfico x x
Determinar, descrever, redescrever,
sinonimizar, emendar e ilustrar as espécies x
Analisar e descrever as espécies novas para a
ciência e as ocorrências novas x
Avaliar a distribuição batimétrica com as
variáveis ambientais x
Adicionar informações biológicas sobre as
espécies encontradas no Banco de Dados
Costeiro e Oceânico x
Submissão de artigo
Preparação da dissertação x x
Defesa da dissertação x

3 - Andamento

O primeiro ano do mestrado foi dedicado quase que integralmente ao cumprimento das
disciplinas do curso. O segundo ano foi dedicado à análise dos poliquetas. Do total de
163 amostras e 1225 indivíduos, 142 amostras e 1187 indivíduos já foram analisados. O
cronograma inicial foi alterado em função da grande quantidade de espécies novas
encontradas, o que exige maior tempo para o reconhecimento e descrição adequados. No
total foram encontrados 9 gêneros diferentes, 7 examinados até agora, 14 espécies
possivelmente novas e 2 já descritas. Sendo 7 gêneros e 2 espécies como novas
ocorrências para o Brasil. Até o fim de dezembro todos os indivíduos estarão
identificados, fotografados e a avalição da distribuição batimétrica realizada. Um artigo
científico sobre o gênero Diplocirrus está em fase final de preparação e estima-se sua
submissão até outubro para a Zootaxa.
4 – Resultados

Até o momento foram encontrados 9 gêneros diferentes, 7 examinados até agora, 14


espécies possivelmente novas e 2 já descritas. Sendo 7 gêneros e 2 espécies como novas
ocorrências para o Brasil. Até o fim de dezembro todos os indivíduos estarão
identificados, fotografados e a avalição da distribuição batimétrica realizada.

Diplocirrus Haase, 1915

Classe Polychaeta Grube, 1850


Ordem Flabelligerida Pettibone, 1982
Família Flabelligeridae de Saint-Joseph, 1894

Diplocirrus Haase, 1915:194; Day, 1967:664–666; Fauchald, 1977:116; Darbyshire &


Mackie, 2009:93.

Saphobranchia Chamberlin, 1919:397; proposto para Stylarioides longisetosa von


Marenzeller, 1890.

Bradiella Rullier, 1965:188.

Diversibranchius Buzhinskaja 1994:231.

Espécie tipo. Trophonia glauca Malmgren, 1867, pela designação original.

Diagnose. Corpo clavado ou subcilíndrico, geralmente inflado anteriormente. Caixa


cefálica de desenvolvimento variado. Papilas corporais abundantes, curtas com aspecto
aveludado ou muito longa, dando um aspecto piloso, às vezes aderindo partículas de
sedimento. Quatro pares de brânquias sésseis; brânquias distais espessas e geralmente
menores; brânquias proximais mais finas e geralmente mais longas, às vezes basalmente
laminadas. Papilas gonopodiais presentes no setígero 4 ou 5, ou uma série de gonóporos
ventrolaterais emparelhados ao longo de alguns setígeros anteriores. Todos as cerdas
capilares multiarticuladas; neurocerdas mais espessas, por vezes, falcadas.
Comentários. O gênero Diplocirrus apresenta atualmente 9 espécies válidas. Destas 3,
D. capensis, D. australis e D. glaucus australis já foram registradas para a costa brasileira
(Amaral et al. 2013).

Diplocirrus sp. 1

Figura 1

Material tipo. Holótipo (HAB17 I5 R3), 140 m, 21 Jul. 2009, (21º 22' 58,560" S, 40º 15'
15,721" W), XX parátipos (HAB13 I5 R2), 147 m, 06 Jul. 2009 (21º 22' 57,858" S 40º
15' 15,648" W), Oceano Atlântico, Bacia de Campos, Brasil.

Descrição. Holótipo completo, 7,3 mm de comprimento, 1 mm de largura, caixa cefálica


2,5 mm, 32 setígeros. Cilíndrico, com região anterior inflada e coloração marrom-
amarelada. Parátipo completos com 20-35 setígeros, 0,3 mm-2,5 mm caixa cefálica, 1,4
mm-7,3 mm de comprimento total, 0,4 mm-0,7 mm de largura.

Túnica papilada, com uma fina camada de sedimentos composto por grãos finos. Papilas
curtas em relação ao comprimento da cerda, papila digitada, capitada. Sedimento
cobrindo somente a base da papila; papila com 1/4 do comprimento da notocerda; 8
fileiras de papilas no setígero 10, papila até duas vezes mais longas nos parapódios, do
mesmo comprimento ao longo de todo corpo.

Capuz cefálico exposto em um indivíduo, palpos e brânquias perdidos, prostômio cônico


voltado para baixo, sem olhos, palpos e brânquias perdidos, carúncula pouco
desenvolvida, não atingindo a margem posterior da placa branquial; sulcos laterais pouco
desenvolvidos, quilha mediana não projetada, quilha do palpo arredondada e reduzida.
Lábios bucais laterais maiores e mais espessos que o lábio dorsal; lábio dorsal menor,
rombóide; lábio ventral reduzido, arredondado.

Parapódio birreme, reduzido; cerdas emergem da parede corporal. Todos os setígeros com
o mesmo comprimento. Caixa cefálica composta por cerdas do setígero 1; cerdas do
mesmo comprimento da largura corporal, e direcionadas dorsalmente. Noto e neurocerdas
com o mesmo comprimento a partir do setígero 2, sendo as primeiras com metade do
comprimento da largura corporal e a segunda com 3/4 do comprimento da notocerda.
Todas as noto- e neurocerdas multiarticuladas, afilando nas extremidades. Artículos mais
longos na base e diminuindo até a extremidade da notocerda; neurocerdas com artículos
de mesmo comprimento, ponta falcada suave. 4 a 5 notocerdas por feixe de cerdas ao
longo do corpo todo; margem ântero-dorsal do setígero 1 papilada como nos segmentos
posteriores; 3 a 4 neurocerdas por feixe de cerdas ao longo de todo corpo. Sem gonóporos
ventrolaterais.

Região posterior afinando para um lóbulo arrendondado; ânus terminal.

Comentários. Diplocirrus sp. 1 se assemelha à D. glaucus (Malmgren, 1867) descrita


para os mares antárticos do noroeste da Rússia, em águas rasas, por apresentar as mesmas
características do capuz cefálico das estruturas presentes, entretanto esses dados não serão
utilizados para fins de comparação pois há poucos animais com essa estrutura exposta e
a dissecção danificaria esses indivíduos.

Diplocirrus sp. 1 se diferencia de D. glaucus pois o primeiro apresenta 8 fileiras de papilas


no setígero 10, enquanto o segundo de 10-12.

Diplocirrus sp. 1 possui 4- 5 notocerdas por feixe de cerdas no setígero 1, D. glaucus


possui 2- 3.

Diplocirrus sp. 1 se assemelha à Diplocirrus sp. proveniente do Marrocos (Salazar-


Vallejo & Buzhinskaja, 2011) por apresentar setígeros anteriores pouco expandidos em
relação aos seguintes, corpo com sedimento e densamente papilado, sendo as papilas
curtas com um aspecto aparência aveludado. Diplocirrus sp. 1 se diferencia de
Diplocirrus sp. proveniente do Marrocos pois enquanto o primeiro tem partículas de
sedimento dispersas e de mesmo comprimento em todo o corpo, Diplocirrus sp.
proveniente do Marrocos tem partículas de sedimento abundantes formando uma fina
camada e papilas muito curtas nas laterais do corpo.

Diplocirrus sp. 2

Figura 2
Material tipo. Holótipo (HAB8 E6 R3), 387,1 m, 31 Jan. 2009, (22º 25' 54,966" S, 40º
17' 39,534" W), Oceano Atlântico, Bacia de Campos, Brasil.

Descrição. Holótipo incompleto com 10 mm de comprimento, 1,2 mm de largura, 1 mm


caixa cefálica, 20 setígeros, inflado até o setígero 8 e afinando na região mediana e
posterior, animal esbranquiçado.

Túnica fina, papilada, sedimentos finos aderidos à base das papilas, papila digitada
capitada; papilas com o mesmo comprimento ao longo do corpo, até 4 vezes mais longas
que as demais ao redor das cerdas, inúmeras fileiras de papilas no setígero 10; papilas
mais longas com 1/5 do comprimento da notocerda mediana.

Capuz cefálico parcialmente exposto; apêndices cefálicos nãos visualizados

Parapódio birreme, reduzido; cerdas emergem da parede corporal. Caixa cefálica


composta somente por cerdas do setígero 1; cerdas da caixa cefálica 1/4 menores que a
largura corporal; 6 a 8 notocerdas e 4 a 5 neurocerdas por feixe parapodial. Notocerdas
um pouco mais longas que as do capuz cefálico na região mediana e posterior, com 1/3
da largura corporal; neurocerdas apresentam o mesmo comprimento ao longo do corpo.
A partir da região mediana, notocerdas duas vezes mais longas que as neurocerdas.
Gonóporos ventrolaterais do setígero 3 ao 12. Notocerdas com artículos pequenos na
base, aumentando na porção mediana da cerda e diminuindo nas extremidades.
Neurocerdas com artículos de mesmo comprimento, ponta falcada bem afinada. Noto- e
neurocerdas multiarticuladas. Setígeros 1 ao 13, com o mesmo comprimento,
posteriormente os setígeros tem o dobro do comprimento dos anteriores. Holótipo
incompleto; região posterior não visualizada.

Comentários. O único exemplar de Diplocirrus sp. 2 se aproxima de D. glaucus, pois


ambos possuem papilas mais longas nos lobos com cerdas e com 1/5 do comprimento da
notocerda mediana; setígeros anteriores mais alargados que os posteriores, somente as
cerdas do primeiro setígero estão envolvidas na caixa cefálica.

Essas espécies se diferenciam, entretanto, pois Diplocirrus sp. 2 possui de 6 a 8


notocerdas e 4 a 5 neurocerdas por feixe de cerdas no corpo todo, enquanto D. glaucus
apresenta 2 a 3 notocerdas nos setígeros anteriores, 7 a 8 notocerdas e 4 a 5 neurocerdas
nos setígeros medianos. Além disso a espécie nova tem gonóporos ventrolaterais do
setígero 3 ao 12, e em D. glaucus não foram visualizados na descrição original.
Diplocirrus sp. 2 apresenta notocerdas com artículos pequenos na base, já D. glaucus
possui artículos de comprimento médio na base.

Diplocirrus sp. 3

Figura 3

Material tipo. Holótipo (HAB11 D3 R2) (sem dados), 1 parátipo (HAB16 C3 R3), 77
m, 03 Jul. 2009 (22º 46' 50,350" S 41º 3' 39,080" W), 1 parátipo (HAB11 D3 R2), 1
paratipo (HAB11 D3 R3) (sem dados), 1 parátipo (HAB16 B4 R2), 107 m, 02 Jul. 2009
(23º 10' 0,820" S 41º 3' 12,720" W), Oceano Atlântico, Bacia de Campos, Brasil.

Descrição. Holótipo completo com 4,6 mm de comprimento, 0,5 mm de largura, 0,5 mm


de caixa cefálica, e 24 setígeros; animal cilíndrico, região anterior afunilada, cor
amarelado. Parátipos completos com 2-5 mm de comprimento e 0,3-0,5mm de largura
0,5-0,7 mm de caixa cefálica, e 27-32 setígeros.

Túnica com uma fina camada de sedimentos compostos por grãos finos, papilada. Papilas
com metade do comprimento da neurocerda digitada. Sedimento cobre somente a base da
papila; maior quantidade de papilas na região anterior e posterior do corpo e nos
parapódios, todas do mesmo comprimento; 4 fileiras por setígero.

Capuz cefálico não exposto. Região anterior não dissecada para evitar maiores danos.

Cerdas da caixa cefálica do comprimento da largura corporal; caixa cefálica composta


por cerdas do setígero 1, direcionada dorsalmente; 7 notocerdas por notópodio ao longo
do corpo todo; margem dorsal anterior do setígero 1 papilada, iguais ao longo de todo
corpo. 1° par de notocerdas duas vezes mais longas que as notocerdas restantes; 5
neurocerdas por neuropodio ao longo de todo corpo. Todos os setígeros de mesmo
comprimento. Gonóporos ventrolaterais não visualizados. Parapódio birreme, reduzido;
cerdas emergindo da parede corporal. Notocerdas da região mediana com metade da
largura corporal. Notocerdas 1/6 maior que as neurocerdas. Todas as notocerdas
multiarticuladas capilares. Neurocerdas multiarculadas capilares somente no primeiro
setígero, em setígeros posteriores neurocerdas mais grossas e falcadas distalmente.
Notocerda e neurocerda com artículos de mesmo comprimento. Neurocerda mais grossa
que notocerda. Região posterior afinalada; ânus terminal, cirros ausentes.

Comentários. Diplocirrus sp.3 e Diplocirrus octobranchus (Hartman, 1965) proveniente


da Inglaterra, possuem sedimentos finos cobrindo só a base das papilas corpóreas caixa
cefálica formada somente pelo primeiro setígero, e lobos gonopodiais ausentes.

Além disso, Diplocirrus 3 tem sedimentos ou grãos de areia de mesmo comprimento e


igualmente distribuídos ao longo do corpo, enquanto em D. octobranchus a maior parte
de sedimentos são finos e alguns maiores na região dorsal.

Diplocirrus 3 possui papilas do mesmo comprimento ao longo do corpo e D.


octobranchus apresenta papilas de comprimentos variados, mais longas nos parapódios e
na região dorsal.

Diplocirrus 3 possui 7 noto e 5 neurocerdas por feixe de cerdas no setígero 1, e D.


octobranchus 4- 5 noto e 2- 8 neurocerdas.
FIGURA 1. Diplocirrus sp. 1. A. Holótipo (HAB 17 I5 R3), vista ventral; B. Similar,
vista lateral oblíqua. C. Similar, setígero 10, notocerda (inserção: regiões basal e media
da cerda). D. Similar, neurocerda. E. Papila capitada. Barras de escala: A: 1 mm, B: 1
mm, C: 20 µm, D: 30 µm, E: 10 µm.
FIGURa 2. Diplocirrus sp. 2. A. Holótipo (HAB 8 E6 R3), vista lateral oblíqua. B.
Similar, setígero 10, notocerda. C. Similar, neurocerda. Barras de escala: A: 1 mm, B: 20
µm, C: 20 µm.

FIGURE 3. Diplocirrus sp. 3. A. Holótipo (HAB 11 D3 R2), vista lateral oblíqua. B.


Similar, setígero 10, notocerda. C. Similar, neurocerda. D. Papila capitada. Barras de
escala: A: 1 mm, B: 20 µm, C: 20 µm, D: 10 µm.
Paratherochaeta Salazar-Vallejo, 2012

Espécie tipo. Therochaeta antoni Kirkegaard, 1996. sexo — Feminino.

Diagnose. Corpo anteriormente inflado ou cônico, geralmente contraído entre os


setígeros 2 e 3. Setígero 1 mais curto que o setígero 2, com uma constrição transversal
em sua margem posterior; tubérculos presentes ou ausentes; setígero 3 alongado,
dorsalmente elevado, com uma faixa transversal estreita de longas papilas. Margem
anterior do setígero 1 com um lobo dorsal. Caixa cefálica formada pelos setígeros 1-2.
Túnica geralmente coberta de grãos de sedimentos. Setígeros 5-7 com neurocerdas
multiarticuladas, raramente capilares; neurocerdas posteriores com ganchos anquilosados
ou aristados, capilares multiarticuladas distalmente afinadas. Oito ou mais brânquias
cirriformes, sésseis posicionadas em uma placa branquial baixa.

Comentários. Primeiro registro do gênero para a costa brasileira.

Paratherochaeta cf. scutigera (Ehlers, 1887)

Stylarioides scutiger Ehlers, 1887: 165-168, pl. 42, figs 1-5.

Pherusa scutigera – Nonato & Luna, 1970: 91, 92, figs 79-83.

Therochaeta scutigera – Fauchald, 1972: 416

Paratherochaeta scutigera – Salazar-Vallejo, 2013: 260, fig 13.

Material examinado. 1 espécime (HAB13 I5 R2), 145 m, 06 Mar. 2009, (21º 22' 57,720"
S, 40º 15' 15,324" W), 2 espécimes (HAB16 H5 R1), 147 m, 07 Jul. 2009, (21º 42' 33,480"
S, 40º 9' 5,740" W), Oceano Atlântico, Bacia de Campos, Brasil.

Descrição. Indivíduos completos com 6- 14 mm de comprimento, 0,6-2 mm de largura,


caixa cefálica com 1,4-5 mm, e 14-65 setígeros; corpo clavado, mais largo
posteriormente; coloração amarronzada.
Túnica espessa, formando grandes tubérculos anteriormente, com menos sedimento na
região mediana e posterior.

Capuz cefálico não exposto. Detalhes da região anterior desconhecidos.

Caixa cefálica com cinco vezes o comprimento da largura corporal. Caixa cefálica
composta pelos setígeros 1-2; neurocerdas do setígero 1 e 2 com o dobro do comprimento
das notocerdas. Cerdas da caixa cefálica arranjadas em uma série curta, com 5 cerdas por
feixe de cerdas.

Margem anterior dorsal do primeiro setígero papilada, mas sem projeções na sua região
mediana. Setígeros 1-2 com longas papilas restritas à base dos parapódios. Setígero 1
muito curto, setígeros 2 e 3 mais longos (1/3 maior) que o primeiro°. Grãos de areia
cimentada no escudo anterior, circundando os setígeros 1-2, escudo deprimido, suave
dorsalmente, inchado, mais áspero ventralmente. Transição gradual das neurocerdas da
caixa cefálica para as cerdas do restante do corpo; neurocerdas falcadas a partir do
setígero 9. Lobos gonopodiais não visualizados.

Parapódios bem desenvolvidos, planos e com longas papilas nos setígeros 1- 3;


parapódios seguintes pouco desenvolvidos; cerda emergindo da parede corporal.
Parapódios dispostos lateralmente; neuropódios da região mediana posicionados
ventrolateralmente. Noto- e neuropódio distantes entre si.

A partir do setígero 3, todos os setígeros com o mesmo comprimento. Neurocerdas


falcadas a partir do setígero 8. Papila longa, digitada, variam de 1/2 do comprimento até
mesmo da neurocerda, com sedimento cobrindo a papila quase completamente.
Segmentos medianos e posteriores com 3 notocerdas em cada notopódio. Notocerdas com
artículos ligeiramente menores na base e do mesmo comprimento desde a porção mediana
até a extremidade distal da cerda; 3 a 5 noto- e neurocerdas nos três primeiros setígeros;
4 a 5 neurocerdas falcadas na região mediana e posterior. Noto- e neurocerdas
multiarticuladas nos três primeiros setígeros. Notocerdas com artículos do mesmo
comprimento em toda a sua extensão; neurocerdas com artículos menores que os da
notocerda, aumentando de comprimento ao longo da sua extensão. Notocerdas da região
mediana cerca de 1/3 maior que as neurocerdas.

Região posterior cônica; pigídio com ânus terminal, sem cirro anal.
Comentários. Neste estudo os indivíduos apresentam neurocerdas falcadas a partir do
setígero 8, enquanto que na descrição original em todas as espécies elas começam partir
do setígero 9. Como essa foi a única diferença constatada, acredita-se ser a mesma espécie
podendo haver uma variação intraespecífica dependendo, por exemplo, da ontogenia.

Piromis Kinberg, 1867

Piromis Kinberg 1867:338, Grube 1877a:65, 68, Day 1967:663, Fauchald 1977:117.
Balanochaeta Chamberlin, 1919:397 (Type species: Trophonia eruca Claparède,
1868, pela designação original).

Espécie tipo. Piromis arenosus Kinberg, 1867, por monotipia.

Diagnose. Corpo cilíndrico. Túnica de espessa, geralmente com grãos de sedimentos


aderidos. Caixa cefálica bem desenvolvida. Margem anterior do setígeros 1 papilada, lobo
trifido médio-dorsal presente ou ausente. Primeiros setígeros com papilas parapodiais
longas, ou papilas formadas em linhas longitudinais dorsais; estas papilas indivíduais às
vezes hipertrofiam em tubérculos dorsais. Neuropódios com neurocerdas multiarticuladas
bidentadas nos setígeros médios e posteriores. Brânquias cirriformes, surgindo sobre uma
placa branquial em forma de língua.

Comentários. Piromis arenosus (Kinberg, 1867), Piromis capitata (Nonato, 1966),


Piromis eruca (Claparéde, 1869) e Piromis roberti (Hartman, 1951) já foram descritas
para a costa brasileira (Amaral et al. 2013).

Piromis sp. 1

Material tipo. Holótipo (HAB13 H5 R3), 147 m, 10 Jul. 2009, (21º42' 33,525" S, 40º 9'
5,094" W), 1 parátipo (HAB11 A5 R2), 142 m, 01 Mar. 2009, (23º 36' 9,919" S, 41º 21'
35,952" W), 1 parátipo (HAB11 B2 R1), 53 m, 27 Fev. 2009, (22º 37' 30,846" S, 41º 21'
57,612" W), 1 parátipo (HAB13 I5 R2), 147m, 06 Mar. 2009, (21º 22' 57,858" S, 40º 15'
15,648" W), Oceano Atlântico, Bacia de Campos, Brasil.
Descrição. Holótipo completo com 22 mm de comprimento, 1,3 mm de largura, caixa
cefálica com 1,3 mm, e 68 setígeros. Corpo cilíndrico afunilado na região anterior e
inflado na posterior; Parátipos com 5-22 mm de comprimento, 0,5-1,3 mm de largura,
caixa cefálica com 0,5-1,2 mm, e 35-68 setígeros.

Túnica espessa com grãos de sedimento maiores na região dorsal; grãos de areia cobrem
o corpo todo, exceto a região posterior (no holótipo); papilas digitadas, presentes somente
próximas às cerdas, 2 a 3 por feixe de cerdas parapodial.

Capuz cefálico não exposto. Caixa cefálica formada pelos setígeros 1 e 2, com o mesmo
comprimento da largura corporal. Cerdas organizadas em fileiras curtas, feixes de cerdas
laterais e ventrolaterais. Primeiro setígero com 6 a 8 notocerdas e 3 a 4 neurocerdas por
feixe de cerdas parapodial; segundo setígero com 3 a 4 noto- e neurocerdas por feixe de
cerdas; terceiro setígero com 3 a 4 neurocerdas e 4 a 6 notocerdas por feixe de cerdas.
Margem dorsal anterior do setígero 1 com lobo mediano, projetado anteriormente, com
três papilas distais. Todos os setígeros de mesmo comprimento.

Lobos gonopodiais ausentes. Parapódios pouco desenvolvidos, laterais.

Notocerdas do setígero 3 em diante de mesmo comprimento, com metade do


comprimento da largura corporal; neurocerdas com ¾ do comprimento da notocerda.
Neurocerdas dos setígeros 1 e 2 com artículos menores na base aumentando em
comprimento ao longo de sua extensão; notocerdas dos setígeros 1 e 2 com artículos de
mesmo comprimento; a partir do terceiro setígero todas as notocerdas com artículos de
mesmo comprimento, neurocerdas com artículos menores na base e extremidades.
Transição das cerdas da caixa cefálica para o corpo abrupta; a partir do setígero 2, com a
ponta bidentada, sendo um mais espesso que o outro. Papilas com mesmo comprimento
ao longo do corpo, 1/3 do comprimento da notocerda. Todas as notocerdas
multiarticuladas capilares, neurocerdas multiarticuladas capilares no 1º setígero. A partir
do setígero 2, todos os neuroganchos multiarticulados com ponta bífida. Muitas cerdas
quebradas.

Região posterior inflada, sem partículas de sedimento, anus dorsoterminal, sem cirros.
Comentários. Piromis sp. 1 não se aproxima de nenhuma espécie anteriormente descrita
pois possui neurocerdas falcadas bidentadas a partir do setígero 2, até agora todas as
espécies relatadas as neurocerdas bidentadas são a partir do setígero 4.

Piromis sp. 2

Material tipo. Holótipo (HAB9 I8 R1 0/2), 993 m, 03 Fev. 2009, (21º 11' 0,156" S, 40º
9' 4,644" W), 1 parátipo (HAB6 A7 R1 0/2), 693,7 m, Inv. 2008 (23º 39' 15,540" S, 41º
18' 36,340" W), Oceano Atlântico, Bacia de Campos, Brasil.

Descrição. Holótipo incompleto com 5 mm de comprimento, 0,3 mm de largura, caixa


cefálica com 0,5 mm, 16 setígeros. Corpo inflado até região mediana, afunilando até a
região posterior, cor amarelada do tom mais claro quase branco; Parátipo incompleto com
2 mm de comprimento e 0,3 mm de largura, caixa cefálica com 0,5 mm, 10 setígeros.

Túnica espessa, com poucos grãos de sedimento; parede do corpo quase descoberta, com
3 a 4 papilas visíveis somente próximo às cerdas.

Capuz cefálico não exposto.

Caixa cefálica composta somente pelo primeiro setígero. Cerdas organizadas em fileiras
curtas, todas dorsolaterais; 2 notocerdas por feixe de cerdas até o setígero 5; 4 notocerdas
e 3 neurocerdas por feixe de cerdas em todos os setígeros seguintes; Todos os setígeros
com o mesmo comprimento. Noto- e neurocerdas aumentando gradativamente de
comprimento em direção à extremidade posterior do corpo, com exceção do primeiro par
de notocerdas que é mais longo; nos setígeros posteriores as noto- e neurocerdas tem 3x
o comprimento das suas respectivas do 2º setígero. No 10º setígero a neurocerda tem 1/3
do comprimento da notocerda.

Lobos gonopodiais não visualizados. Papilas aumentam o comprimento ao longo do


corpo.
Papilas do primeiro setígero com 1/3 do comprimento da neurocerda; papilas do último
setígero do mesmo comprimento da neurocerda deste último setígero. Artículos das
notocerdas mais curtos na base, aumentando gradativamente em direção a extremidade
das cerdas; artículos das neurocerdas todos de mesmo comprimento, longos. Papilas
digitadas capitadas. Todas as notocerdas multiarticulares capilares; todas as neurocerdas
multiarticuladas com gancho simples; provavelmente as neurocerdas com ganchos
bidentados foram perdidas.

Comentários. Piromis sp. 2 se aproxima de Piromis brisegnoi (Salazar-Vallejo, 2011)


original da Califórnia e de Piromis amoureuxi (Salazar-Vallejo, 2011) proveniente do
mar do Caribe porque possuem túnicas com poucos grãos de sedimento e parede do corpo
quase descoberta.
Piromis sp. 2 se diferencia de ambas pois possui somente o primeiro setígero envolvido
na caixa cefálica, enquanto Piromis amoureuxi e Piromis brisegnoi possuem os setígeros
1-3.
Piromis sp. 2 possui 2 notocerdas por feixe de cerdas até o setígero 5 e 4 nos setígeros
seguintes, e 3 neurocerdas por feixe de cerdas em todos os setígeros. Piromis amoureuxi
possui setígero 1 com 6-7 noto e 3-4 neurocerdas por feixe de cerdas, setígeros 2-3 com
4-5 cerdas por fascículo, 6-7 noto e 4-5 neurocerdas por feixe de cerdas nos setígeros
medianos. Piromis brisegnoi, setígero 1 com 10 notocerdas por feixe de cerdas, 6 mais
grossas, 4 mais finas, parapodio 2-3 com 6 notocerdas espessas e 6 neurocerdas. 9-10
notocerdas medianas, 8-9 neurocerdas nos setígeros anteriores e medianos, aumentando
para 12 nos posteriores.
Piromis sp. 2 se aproxima ainda de Piromis sp. 3 porque possuem túnica com poucos
grãos de sedimento, parede do corpo quase descoberta e artículos das neurocerdas iguais
em comprimento. Entretanto, essas espécies de diferenciam pois Piromis sp.2 apresenta
somente o 1º setígero envolvido na caixa cefálica e Piromis sp. 3 os setígeros 1 e 2.
Piromis sp. 2 apresenta o setígero 1 com 2 noto e 3 neurocerdas por feixe de cerdas,
enquanto Piromis sp. 3 possui 5 noto e 4 neurocerdas.
Piromis sp. 2 possui todos os setígeros com o mesmo comprimento, em Piromis sp. 3 os
setígeros são de comprimentos variados.
O estado de conservação do exemplar examinado impediu comparações mais detalhadas
com as outras espécies.
Piromis sp. 3

Material tipo. Holótipo (HAB11 D1 R2), 29 m, 26 Fev. 2009, (22º 6' 37,752" S, 40º 54'
50,256" W), Oceano Atlântico, Bacia de Campos, Brasil.

Descrição. Holótipo completo com 4,5 mm de comprimento, 0,9 mm de largura, caixa


cefálica com 1,2 mm, e 29 setígeros. Corpo cilíndrico, levemente afilado na região
posterior. Coloração amarelada anteriormente, amarronzada posteriormente.

Túnica grossa cobrindo a maior parte das papilas, com poucos sedimentos aderidos; grãos
maiores na superfície dorsal. Papilas expostas organizadas em filas longitudinais, duas
dorsais e quatro ventrais.

Capuz cefálico não exposto.

Caixa cefálica ¼ mais longa que a largura corporal Caixa cefálica composta pelos
setígeros 1 e 2. Cerdas organizadas em fileiras curtas; dorsolaterais no primeiro setígero,
lateral no segundo. Setígero 1 com 5 notocerdas e 4 neurocerdas por feixe de cerdas
parapodial; setígero 2 com 7 notocerdas e 3 neurocerdas. Margem dorsal anterior do
setígero 1 com 2 papilas distais. Setígeros 1-4 e 15-29com a mesma largura, do 4-15 com
o dobro dessa largura. Transição gradual das cerdas da caixa cefálica para as corporais.
Neurocerdas multiarticuladas bidentadas do setígero 3 ao 14; e anquilosadas bidentadas
a partir do setígero 15. Lobos gonopodiais não visualizados.

Parapódios pouco desenvolvidos, laterais. Noto- e neuropódio com longas papilas


capitadas ao redor, 2 ou 3 papilas com ¼ do comprimento da maior notocerda do feixe de
cerdas mediano.
Setígero 3 em diante com 6 notocerdas por feixe de cerdas parapodial, algumas cerdas
menores em cada feixe de cerdas, tendo a maior ½ da largura corporal. Todas as
notocerdas capilares multiarticuladas; artículos iguais em comprimento. Setígero 3 em
diante com 3 a 4 neurocerdas por feixe de cerdas parapodial, neurocerda com ¼ do
comprimento da maior notocerda; a partir do setígero 15, neurocerdas com 1/3 do
comprimento das anteriores. Neurocerdas capilares multiarticuladas nos setígeros 1 e 2;
multiarticuladas bidentadas até o setígero 14 e anquilosadas bidentadas do setígero 15 em
diante; artículos de mesmo comprimento. Gancho com extremidade bidendata, com dente
acessório não ultrapassando o principal.

Região posterior levemente afunilada, cônica. Pigídio contraído. Ânus dorsal sem cirro
anal.

Comentários. Piromis sp. 3 e Piromis sp. 2 possuem túnicas com poucos grãos de
sedimento, parede do corpo quase descoberta de grânulos e artículos das neurocerdas
iguais em comprimento.
Piromis sp. 3 se distancia de Piromis sp. 2 por possuir os setígeros 1 e 2 envolvidos na
caixa cefálica, enquanto Piromis sp. 2 apresenta somente o setígero 1.
Piromis sp. 3 possui o setígero 1 com 5 notocerdas e 4 neurocerdas por feixe de cerdas
parapodial, e Piromis sp. 2 apenas 2 noto- e 3 neurocerdas.
Piromis sp. 3 apresenta setígeros de comprimentos variados e Piromis sp. 2 todos os
setígeros com o mesmo comprimento.
Piromis sp. 3 se assemelha ainda a Piromis amoureuxi (Salazar- Vallejo, 2011)
proveniente do Mar do Caribe, porque possuem túnica com poucos grãos de sedimento,
parede do corpo quase descoberta, e duas fileiras de papilas dorsais e quatro ventrais.
Porém, Piromis sp. 3 possui os setígeros 1 e 2 envolvidos na caixa cefálica, e P.
amoureuxi apenas 1-3.
Piromis sp. 3 apresenta o setígero 1 com 5 noto e 4 neurocerdas por feixe de cerdas,
enquanto P. amoureuxi 6-7 noto e 3-4 neurocerdas.
Piromis sp. 3 possui os setígeros 1 a 4 com o mesmo comprimento, por outro lado, P.
amoureuxi possui os setígeros 1-3 progressivamente mais longos.
Piromis sp. 3 também se assemelha a Piromis brisegnoi (Salazar-Vallejo, 2011) porque
ambas possuem túnicas com poucos grãos de sedimento e parede do corpo quase
descoberta. Entretanto, Piromis 3 apresenta papilas expostas organizadas em filas
longitudinais, 2 dorsais e 4 ventrais, P. brisegnoi não possui um padrão de organização
das papilas.
Piromis sp. 3 apresenta os setígeros 1 e 2 envolvidos na caixa cefálica, já P. brisegnoi
possui os setígeros 1-3.
Piromis sp.3 possui o setígero 1 com 5 noto- e 4 neurocerdas por feixe de cerdas
parapodial, enquanto P. brisegnoi tem 10 noto- e 6 neurocerdas.
Piromis sp. 4

Material tipo. Holótipo (HAB17 B2 R2), 53 m, 16 Jul. 2009, (22º 45' 44,850" S, 41º 45'
39,494" W), 2 parátipos (HAB17 A3 R1), 80 m, 15 Jul. 2009, (23º 1' 43,375" S, 41º 58'
36,922" W), Oceano Atlântico, Bacia de Campos, Brasil.

Descrição. Holótipo incompleto com 8,4 milímetros de comprimento, 1,3 mm de largura,


caixa cefálica com 1,5 milímetros de comprimento, e 26 setígeros. Corpo afilando
posteriormente. Coloração amarronzada. Parátipos incompletos com 7 e 9 mm e 1 e 1,6
mm de largura, caixa cefálica com 1,2 e 1,3 mm, e 30 e 31 setígeros.
Túnica papilada com partículas de sedimento abundantes, densamente agrupadas,
cobrindo completamente a parede do corpo. Papilas capitadas, as mais longas, dispostas
em fileiras transversais, sendo 1 ventral; cada fileira com 2 papilas, não foi possível
visualizar as papilas na região dorsal.

Capuz cefálico não exposto.

Caixa cefálica ¼ mais longa que a largura do corpo. Caixa cefálica composta pelos
setígeros 1-3; cerdas organizadas em fileiras curtas: dorsolateral no setígero 1, lateral no
setígero 2-3. Setígero 1 com 5 noto- e 4 neurocerdas de cada lado; setígeros 2-3 com 5
noto e 4 neurocerdas de cada lado.

Margem antero-dorsal do setígero 1 com um lobo alongado e duas papilas distais.


Setígeros anteriores com longas papilas; setígeros 1-9 com lobos notopodiais. Setígeros
de mesmo comprimento ao longo do corpo. Transição abrupta das cerdas da caixa cefálica
para cerdas corporais. Neurocerdas multiarticuladas bidentadas a partir do setígero 4.
Lobos gonopodiais não visualizados.

Parapódios laterais bem desenvolvidos, com lóbulos notopodiais arredondados nos


setígeros anteriores (1-9). Notopódios maiores que os neuropódios; papilas digitadas
longas em ambos, uma pré- e duas papilas pós-setal por feixe de cerdas. Neuropódios
ventrolaterais na região mediana.
Notocerdas da região mediana dispostas em fileiras transversais curtas; cinco por feixe,
cerca de 1/5 da largura do corpo; todas as notocerdas capilares multiarticuladas, artículos
médios na base e curtos na região mediana e distal. Neurocerdas capilares
multiarticuladas nos setígeros 1-3; neurocerdas multiarticuladas bidentadas a partir do
setígero 4, com artículos de comprimento médio na porção mediana das cerdas, tornando-
se mais longos a partir do setígero 12. Cada neurocerda da região mediana com artículos
curtos na base, longos na porção mediana, e diminuindo gradativamente até a extremidade
distal (3-4 vezes mais do que a sua largura). Neurocerdas das regiões mediana e posterior
com artículos anquilosados basalmente, 2-3 artículos longos na região mediana, seguidos
por, artículos curtos a medianos até o artículo distal.

Ganchos distalmente bidentados; dente acessório plano e fino, com o mesmo


comprimento do dente principal.

Espécime sem região posterior.

Comentários. Piromis sp. 4 se assemelha a Piromis suni (Salazar-Vallejo, 2011) da


China, pois ambas possuem túnica com grãos de sedimento abundante; papilas
individuais diminutas; sedimentos cobrindo completamente o corpo e parcialmente
imersos na túnica, dando uma aparência áspera ao menos nos setígeros anteriores;
setígeros anteriores com lobos notopodiais expandidos sem tubérculos dorsais; ganchos
neuropodiais a partir do setígero 4; e na proporção do comprimento dos artículos das
noto- e neurocerdas.
Entretanto, Piromis sp. 4 se diferencia de P. suni pois possui papilas mais longas capitadas
dispostas em fileiras transversais na região ventral, cada fileira com 2 papilas; já P. suni
uma dorsal e uma ventral por segmento, contendo cada fileira cerca de dez papilas por
fileira.
O setígero 1 de Piromis sp. 4 tem 5 noto- e 4 neurocerdas e nos setígeros 2-3, 5 noto- e 4
neurocerdas, enquanto em Piromis suni, o primeiro setígero apresenta 7 noto- e seis
neurocerdas, e os setígeros 2–3 possuem 5–6 noto e 4 neurocerdas. Os lobos notopodiais
estão presentes nos setígeros 2-9 em P. sp. 4, mas somente nos setígeros 2-5 em Piromis
suni.
Pycnoderma Grube, 1877

Pycnoderma Grube, 1877b:540; Hartman, 1965:62; Day, 1967:655–656.

Espécie tipo. Pycnoderma congoense Grube, 1877, por monotipia.

Diagnose. Corpo cilíndrico. Túnica espessa, opaca ou transparente. Caixa cefálica bem
desenvolvida; notocerda dorsal, às vezes muito longa. Margem anterior do setígero 1
papilada, sem projeção dorsal. Papilas do corpo, muitas vezes minúsculas, abundante ao
longo do corpo, por vezes, dispostas em filas. Noto e neurocerdas posteriores com poucos
artículos longos (oligo-articulado). Neurocerdas posteriores com poucos artículos,
articulação distal curta e inteiras, alongada e fina, ou curtas e aristada foliosa. Brânquias
cirriformes, surgindo sobre uma placa branquial em forma de língua.

Comentários. Primeiro registro do gênero para a costa brasileira.

Pycnoderma sp. 1

Material tipo. Holótipo (HAB9 CANAC7 R1), 780 m, 06. Mar. 2009, (21º 47' 22,386"
S, 40º 2' 1,578" W). 1 Parátipo (HAB6 C7 R2 2/5), 689,4 m, Inv. 2008, (22º 59' 48,140"
S, 40º 47' 51,140" W); 1parátipo (HAB6 B7 R2 0/2), 724,2 m, Inv. 2008, (23º 12' 57,480"
S, 40º 57' 42,860" W). Oceano Atlântico, Bacia de Campos, Brasil.

Descrição. Holótipo completo com 7,7 mm de comprimento, 0,5 mm de largura, caixa


cefálica com 0,7 mm, e 34 setígeros. Corpo cilíndrico, inflado na região anterior,
afunilando nas regiões mediana e posterior. Parátipos completos com 2,3-17 mm de
comprimento e 0,5-1,6 mm de largura, caixa cefálica com 0,5-2,6 mm, e 12-46 setígeros.

Túnica papilada, papila minúscula sem partículas de sedimento aderidas, conferindo ao


corpo uma superfície lisa; papila minúscula, clavada, abundante, mas a maior parte
danificada, levemente mais longas nos parapódios.

Capuz cefálico não exposto.


Caixa cefálica ligeiramente mais longa que a largura corporal; caixa cefálica formada
somente pelo setígero1.Setígeros seguintes com cerdas alongadas, porém mais curtas que
as do setígero 1. Cerdas da caixa cefálica organizadas em fileiras dorsolaterais curtas,
noto- e neurocerdas próximas umas das outras; 6 noto- e 5 neurocerdas por feixe de cerdas
parapodial.

Margem dorsal anterior do setígero 1 lisa. Setígeros anteriores sem papilas longas
especiais. Setígeros 1-4 com o mesmo comprimento, mais largos do que longos. Transição
gradual das cerdas da caixa cefálica para o segmento seguinte; neurocerdas mais grossas
com artículos longos substitui completamente as capilares no setígero 21.

Lobos gonopodiais não visualizados.

Parapódios laterais pouco desenvolvidos; cerdas emergindo da parede corporal; todos os


neuropódios ventrolaterais. Cada noto- e neuropódio com uma fileira de 4-5 papilas
clavadas alongadas pós- setais, com o mesmo comprimento em todo o corpo.

Notocerdas da região mediana organizadas em fileiras curtas; 5 notocerdas por fascículo,


com ½ do comprimento da largura; notocerdas posteriores mais escuras, mais grossas;
todas as notocerdas capilares multiarticuladas com artículos curtos na base, levemente
mais longos da porção mediana e distal; neurocerdas capilares multiarticuladas,
gradualmente substituídas por neurocerdas aristadas a partir do setígero 15; do setígero
21 em diante somente neurocerdas aristadas; dispostas em fileiras curtas transversais, 5-
6 por feixe de cerdas. Setígeros seguintes com neurocerdas aristadas, com artículos
progressivamente mais curtos, e em menor número, um único, pequeno artículo presente
antes do artículo distal, multiarticulado, arista deiscente. Cada neurocerda aristada mais
escura na base e região mediana, menos pigmentada na extremidade.

Região posterior inflada, pigídio cônico, ânus terminal, sem cirros anais.

Comentários. Pycnoderma sp. 1 se assemelha à Pycnoderma congoense Grube, 1877


originalmente da África, por possuir os setígeros 1-7 similares aos setígeros seguintes, e
por ter somente o 1º setígero envolvido na caixa cefálica. No entanto, se diferenciam pela
quantidade de noto- e neurocerdas por feixe de cerdas e o setígero em que as neurocerdas
mais grossas substituem completamente as capilares. Em Pycnoderma sp. 1, há 6 noto- e
5 neurocerdas por feixe de cerdas no setígero 1, em P. congoense são 4 noto- e 4
neurocerdas; além disso, as neurocerdas mais grossas com artículos longos substituem
completamente as capilares no setígero 21 em Pycnoderma sp. 1 e no setígero 16 em P.
congoense.

Semiodera Chamberlin, 1919

Semiodera Chamberlin, 1919:397, Hartman 1959:419, Salazar-Vallejo 2009:205 partim.

Espécie tipo. Siphonostomum cariboum Grube & Ørsted in Grube, 1859, por designação
original

Diagnose. Corpo anteriormente inflado, com uma cauda posterior cilíndrica. Caixa
cefálica bem desenvolvida. Escudo dorsal raramente ausente, que se estende pelos
setígeros 1-4 e muitas vezes com uma placa anterior articulada, raramente continuada
ventralmente com um revestimento mais fino. Papilas corporais pequenas, capitadas ou
clavadas, em fileiras distintas, ao menos nos setígeros anteriores. Neuropódios anteriores
com ganchos de transição longos ou pseudocompostos. Neurocerdas posteriores simples,
anquilosadas, falcadas, às vezes com borda. Brânquias em duas fileiras: fileira proximal
separados em dois grupos laterais, cada um com dois ou mais filamentos, muitas vezes
arranjadas em espiral; fileira distal com 4 filamentos maiores do que o que os filamentos
proximais. Lobos nefridiais entre fileiras branquiais. Extremidade posterior do animal
com alguns neuroganchos. Animal achatado em substratos duros ou compactos.

Semiodera cf. salazarae (Salazar-Vallejo, 2012)

Semiodera salazarae Salazar-Vallejo, 2012: 36, fig 12.

Material examinado. Três espécimes (HAB13 I5 R1), 142 m, 06 Mar. 2009, (21º 22'
59,082" S, 40º 15' 16,710" W), três espécimes (HAB16 H5 R1), 147 m, 07 Jul. 2009, (21º
42' 33,480" S, 40º 9' 5,740" W), dois espécimes (HAB16 H5 R2), 148 m, 07 Jul. 2009,
(21º 42' 33,090" S, 40º 9' 5,810" W), Oceano Atlântico, Bacia de Campos, Brasil.

Descrição. Quatro indivíduos completos e 4 incompletos com 5,6 a 8 mm de


comprimento, 0,7 a 1,3 mm de largura, 2 a 3,4 mm de caixa cefálica e 33 a 38 setígeros.
Coloração amarelada; animal recurvado dorsalmente. Corpo cilíndrico, afunilando na
região posterior em uma cauda fina e longa.

Túnica fina, sem cobertura de sedimentos, com papilas de comprimentos medianos a


longos, capitadas, arranjadas em 3 a 7 fileiras por segmento (indivíduos maiores possuem
mais fileiras de papilas por segmento), sem papilas inter-ramais.

Capuz cefálico não exposto.

Caixa cefálica com algumas cerdas quebradas e outras inteiras, com o dobro do
comprimento da largura corporal ou maior. Caixa cefálica formada pelos setígeros 1 e 2.
Cerdas organizadas em fileiras curtas, nas laterais do corpo; setígero 1 com 3 a 5 noto- e
2 a 3 neurocerdas por feixe de cerdas parapodial; setígero 2 com 3 noto- e 2 neurocerdas.

Margem dorsal anterior do setígero 1 projetada anteriormente, sem papilas. Setígero 1-2
ligeiramente mais curto do que o setígero 3; setígeros seguintes do mesmo comprimento
e menores que o 1º e 2º. Areia cimentada anteriormente ao escudo estendendo-se
posteriormente ao mesmo até o setígero 4 e parte do 5, e ventralmente ao longo dos
setígeros 1-2, alcançando o eixo médio-ventral. Transição gradual das cerdas da caixa
cefálica para cerdas seguintes; cerdas pseudocompostas nos setígeros 3 a 8, neurocerdas
falcadas a partir do 9º setígero.

Fendas gonopodiais não visíveis.

Parapódios pouco desenvolvidos. Cerda emergendo da parede do corpo. Notópodio


lateral; neuropódio mediano ventrolateral. Noto- e neuropódios sem projeções, lobos ou
papilas longas. Noto- e neuropódios bem separados uns dos outros.

Notocerdas quebradas em todo corpo, impossibilitando verificar o comprimento real;


cerca de 1 ou 2 por feixe de cerdas parapodial.

Região posterior afinando em um lobo hemisférico; pigídio com ânus terminal, sem cirros
anais.
Comentários. Os indivíduos aqui examinados apresentam a maior parte das
características de Semiodera salazarae descrita em 2012 por Salazar-Vallejo. Entretanto,
a espécie foi descrita para o Pacífico Oriental, no México, a 1 m de profundidade. No
presente estudo, foi coletada a 147 m de profundidade da Bacia de Campos.

As diferenças entre os espécimes aqui analisados e o holótipo da espécie são a quantidade


de fileiras de papilas media a longa, capitada, por segmento e de noto e neurocerdas no
setígero 1. Nos indivíduos do presente estudo, há 3 a 7 fileiras papilas depende do
comprimento do animal e o setígero 1 com 3 a 5 noto e 2 a 3 neurocerdas por feixe de
cerdas. Na descrição original da espécie, são encontradas 5-7 fileiras de papilas e setígero
1 com 4 noto e 3 neurocerdas por feixe de cerdas.

Tendo em vista que tanto cerdas quanto papilas são estruturas frágeis e facilmente
perdidas durante o processo de coleta e triagem do material, é possível que na contagem
das mesmas possa ter algum equívoco, por razão disso os exemplares aqui examinados
foram mantidos em “compare com”.

Therochaeta Chamberlin, 1919

Therochaeta Chamberlin, 1919: 397. — Hartman 1965: 179-180— Fauchald 1977: 117.

Espécie tipo. Stylarioides collarifer Ehlers, 1887, designação original. Sexo-Feminino

Diagnose. Corpo inflado ou cônico, geralmente contraído entre os setígeros 2 e 3; setígero


2 alongado; setígero 3 com uma banda transversal de papilas longas. Margem anterior do
setígero 1 com um lobo dorsal. Caixa cefálica formada pelos setígeros 1-2. Túnica
geralmente coberta de grãos de sedimentos. Setígeros 5-7 com neurocerdas
pseudocompostas; neurocerdas posteriores com extremidade sem corte. Quatro ou mais
pares de brânquias cirriformes, sésseis, arranjadas em uma placa branquial curta.

Comentários. Primeira ocorrência do gênero para a costa brasileira.


Therochaeta 1

Material examinado. Holótipo (HAB8 C10 R1), 1954 m, 27 Jan. 2009, (23º 8' 20,580"
S, 40º 36' 46,944" W), Oceano Atlântico, Bacia de Campos, Brasil.

Descrição. Holótipo completo com 12,3 mm comprimento, 4,5 mm largura, caixa


cefálica com 4,1 mm, e 20 setígeros. Região anterior inflada a partir do primeiro setígero,
afilando na região posterior; Túnica fina com partículas de sedimento aderidas às papilas.
Papilas filiformes, abundantes, todas aproximadamente do mesmo comprimento.
Inúmeras fileiras de papilas. Margem dorsal anterior do primeiro setígero papilada, com
papilas diminutas.

Capuz cefálico exposto mas muito danificado, por isso não foi possível analisar as
características. Margem do capuz cefálico com pequenas papilas.

Caixa cefálica muito longa, com metade do comprimento corpóreo. Não foi possível
observar quais setígeros estão envolvidos na caixa cefálica pois as cerdas estão quebradas.
Parapódios dos setígeros 1 e 2 mais desenvolvidos em relação aos demais. No setígero 1
somente 1 neurocerda presente no lado esquerdo, notocerdas quebradas. Primeiro setígero
com 1/2 do comprimento do setígeros 2 e 3. Segundo setígero com todas as cerdas
quebradas em sua base. Setígeros 3 e 4 com notocerdas multiarticuladas; neurocerdas
quebradas. Quarto setígero com o dobro do comprimento do setígero 3. Setígero 5 ao 13
com o mesmo comprimento dos setígeros 2 e 3º. Notocerdas todas quebradas a partir do
setígero 5 até o final do corpo (com exceção do último setígero); neurocerdas.

Parapódios do 1° e 2 ° setígeros mais robustos que os restantes. Neurocerda


pseudocomposta no 5° setígero; demais setígeros com neurocerdas multiarticuladas
pontiagudas. 1° neurocerda multiarticulada, quebrada. Notocerdas multiarticuladas
pontiagudas. Lobos gonopodiais não visualizados. Corpo sem constrição entre o 2° e 3°
setígeros. Neurocerdas do 1° setígero com aproximadamente 56 artículos pequenos na
base, aumentando o número de artículos ao longo da extensão da cerda. Demais
neurocerdas com artículos do mesmo comprimento ao longo de sua extensão; Parapódios
com 3 notocerdas e 6 neurocerdas. Neurocerdas do 5º setígero em diante com 1/5 do
comprimento da neurocerda do setígero 1. Transição das cerdas da caixa cefálica para o
corpo não visualizada (neurocerdas perdidas no setígeros 3 e 4). Ambas noto- e
neurocerdas quebradas a partir do setígero 13.

Lobos gonopodiais não visualizados.

Região posterior afilando gradativamente; pigídio com ânus terminal, sem cirro anal.

Comentários. Therochaeta 1 será mantida em nível de gênero pois muitos caracteres


estão perdidos dificultando a identificação.

Therochaeta 2

Material tipo. Holótipo (HAB8 F8 R2 0/2), 1020 m, 24 Jan. 2009, (22º 14' 43,734" S,
39º 53' 35,610" W). 2 Parátipos (HAB4 F9 R1 0/2), 1299,3 m, 29 Mai. 2009, (22º 25'
44,148" S, 39º 54' 4,764" W). Oceano Atlântico, Bacia de Campos, Brasil.

Descrição. Holótipo incompleto com 5,6 mm de comprimento, 1,7 mm de largura, caixa


cefálica com 1 mm e 8 setígeros. Parátipos com 4-5,4 mm de comprimento e 1,4-1,6 mm
de largura, caixa cefálica com 0,8-1 mm, e 6-8 setígeros.

Túnica fina com partículas de sedimento de mesmo comprimento. Noto- e neurocerdas


inteiras somente nos dois primeiros setígeros e no último; as restantes quebradas.
Notocerdas do mesmo comprimento em todos os setígeros sendo 1/5 maior que a
neurocerda. Neurocerdas do mesmo comprimento ao longo do corpo. Primeiro setígero
com metade do comprimento dos seguintes, que possuem mesmo comprimento.

Capuz cefálico não exposto.

Lobos gonopodiais não visualizados.

Parapódios pouco desenvolvidos, posicionados dorso- e ventrolateralmente. Papilas


filiformes com muito sedimento aderido; papilas com 1/3 do comprimento das
neurocerdas dos primeiros setígeros; no último setígero, papilas com 1/2 do comprimento
das neurocerdas. Neurocerdas multiarticuladas rombudas, em número de 8 no setígero 1,
com aproximadamente 36 artículos; muito curtos na base aumentando gradativamente até
a extremidade distal. Notocerdas multiarticulada afiladas com aproximadamente 53
artículos e mesmo padrão das neurocerdas. Neurocerdas pseudoarticuladas do setígero 4
ao 8.

Comentários. Therochaeta 2 será mantida em nível de gênero pois muitos caracteres


estão perdidos dificultando a identificação.

Trophoniella Hartman, 1959

Trophoniella Caullery, 1944: 35 (indisponível). — Fauchald 1977: 117.

Trophoniella Hartman, 1959: 423.

Therochaetella Hartman, 1967: 128. — Espécie tipo: Therochaetella chilensis Hartman,


1967, por designação original

Espécie tipo. Trophoniella avicularia Caullery, 1944, por designação original (Hartman
1959: 423).

Diagnose. Corpo cilíndrico.Caixa cefálica presente. Túnica espessa, maior parte com
grãos de sedimento. Tubérculos dorsais presentes ou ausentes.Papilas dispostas em
fileiras longitudinais, frágeis, clavadas, às vezes imperceptíveis. Setígeros medianos com
neurocerdas simples multiarticuladas ou anquilosadas, distalemnte falcadas ou
bidentadas. Setígeros posteriores com neurocerdas anquilosadas, posicionadas em uma
linha reta, subdistalmente afinando ou expandida, extremidade em pontiaguda, bidentada
ou bífida, nunca mucronada. Brânquias geralmente abundantes, curtas, com filamentos
cirriformes, arranjadas em um lobo linguiforme; raramente alguns filamentos branquiais
arranjados em uma placa plana.

Comentários. Primeira ocorrência do gênero para a costa brasileira.

Trophoniella sp. 1
Material tipo. Holótipo (HAB13 FOZ14 R2), 24 m, 08 Mar. 2009 (21º 17' 27,528" S,
40º 48' 27,096" W). Oceano Atlântico, Bacia de Campos, Brasil.

Descrição. Holótipo completo com 10 mm de comprimento, 1,5 mm de largura, caixa


cefálica com 2 mm, e 57 setígeros. Corpo cilíndrico, região posterior cônica; retorcida no
material examinado. Coloração pálido.

Túnica grossa, papilada, com partículas de sedimento na região dorsal e lateral do corpo.

Capuz cefálico não exposto.

Margem dorsal anterior do primeiro setígero não papilada. Setígeros anteriores com
papilas longas.

Noto- e neurocerdas da caixa cefálica até o setígero 4 quebradas. Não foi possível
observar quais setígeros estão envolvidos na caixa cefálica pois as cerdas estão quebradas.
Ambas cerdas dispostas em uma série curta. Transição abrupta das cerdas da caixa
cefálica para as cerdas corporais.

Setígeros iguais em comprimento ao longo do corpo, pouco desenvolvidos. Cerdas


emergindo da parede do corpo. Parapódios posicionados lateralmente, com 3 papilas por
feixe de cerdas parapodial. Noto- e neuropódio distantes entre si.

Setígeros com 5 a 6 notocerdas ao longo do corpo todo. Setígero 1 ao 4 com 3 neurocerdas


por feixe de cerdas parapodial; 3 a 4 neurocerdas nos setígeros seguintes. Neurocerdas
falcadas anquilosadas a partir do setígero 5. A partir do setígero 5 noto-e neurocerdas
com o mesmo comprimento; neurocerdas com 2/3 do comprimento das notocerdas.
Artículos das noto- e neurocerdas com o mesmo comprimento ao longo de todo corpo.

Lobos gonopodiais não visualizados.

Região ventral com papilas minúsculas abundantes. Papilas maiores com ¼ do


comprimento das notocerdas, distribuídas em uma fileira longitudinal, sendo 6 ventrais,
4 dorsais, de difícil visualização por conta dos sedimentos. Papilas pequenas, todas do
mesmo comprimento; papilas longas também. Todas as papilas capitadas.

Notocerdas capilares multiarticulares; neurocerdas capilares multiarticuladas até o 4º


setígero.
Região posterior com pouco sedimento aderido, afunilando posteriormente; pigídio com
ânus terminal, sem cirro anal.

Comentários. Trophoniella sp. 1 se aproxima de Trophoniella americana (Monro, 1928)


do Oceano Pacífico pois ambas possuem partículas de sedimento concentradas
dorsalmente e um pouco nas laterais do corpo, além de papilas longas nos setígeros
anteriores, e neurocerdas falcadas anquilosadas a partir do setígero 5.

Essas espécies diferem entre si, pois Trophoniella sp. 1 possui 4 fileiras de papilas dorsais
e 6 ventrais arranjadas longitudinalmente, já T. americana possui 4 ventrais e 3 dorsais.

Enquanto Trophoniella sp. 1 possui margem dorsal anterior do primeiro setígero não
papilada, em T. americana não há papilas.

Trophoniella sp. 1 possui 5-6 noto- e 3 neurocerdas no primeiro setígero. Por outro lado,
T. americana apresenta 2-3 noto- e 4-5 neurocerdas.

Trophoniella sp. 1 se assemelha também a Trophoniella tumbensis (Hartmann-Schröder,


1962) do Chile, pois ambas possuem partículas de sedimento concentradas dorsalmente
e um pouco nas laterais do corpo, aparente ausência de lobos gonopodiais, e parapódios
pouco desenvolvidos.

Se diferenciam entre si, pois Trophoniella sp. 1 possui 4 fileiras de papilas dorsais e 6
ventrais dispostas em uma linha longitudinal, em T. tumbensis as papilas são dispostas
em 4 fileiras na região ventral.

Além disso, Trophoniella sp. 1 possui 5-6 noto- e 3 neurocerdas no primeiro setígero,
enquanto T. tumbensis12 noto- e 10 neurocerdas.

Margem dorsal anterior do primeiro setígero não papilada em Trophoniella sp. 1, por
outro lado T. tumbensis possui margem papilada com um lobo bífido.

Trophoniella sp. 1 se assemelha ainda à Trophoniella 3 pois ambas apresentam margem


dorsal anterior do primeiro setígero papilada, artículos das noto- e neurocerdas de mesmo
comprimento ao longo de todo corpo e parapódios pouco desenvolvidos.

Entretanto, Trophoniella sp. 1 possui 5 a 6 notocerdas por feixe de cerdas parapodial ao


longo do corpo todo, e Trophoniella sp. 3 possui 3 a 4 notocerdas em todos os setígeros.
Trophoniella sp. 1 possui 3 neurocerdas por feixe de cerdas até o setígero 4, 3 a 4
neurocerdas nos setígeros seguintes, já Trophoniella sp. 3 apresenta 3 neurocerdas por
feixe de cerdas até o setígero 13, seguido então de 4 neurocerdas por feixe de cerdas.

Em Trophoniella sp. 1 há 3 papilas por feixe de cerdas nas noto- e neurocerdas, contudo,
em Trophoniella sp. 3 há apenas 2 papilas.

Trophoniella sp. 2

Material tipo. Holótipo: (HAB16 B3 R1), 77 m, 02 Jul. 2009, (22º 59' 42,887" S, 41º 21'
13,754" W). Oceano Atlântico, Bacia de Campos, Brasil.

Descrição. Holótipo incompleto com 9,5 mm de comprimento, 2,3 mm de largura, caixa


cefálica com 1,3 mm, e 22 setígeros. Corpo cilíndrico anteriormente, sem região posterior.
Coloração pálida.

Túnica grossa, papilada, coberta por partículas de sedimento não imersas na túnica;
grânulos maiores na região dorsal e lateral do corpo.

Margem dorsal anterior do primeiro setígero papilada, longas com projeções bífidas.
Setígeros anteriores com papilas longas. Notopódios direcionados anteriormente.
Tubérculos dorsais mais desenvolvidos na região anterior.

Papilas longas, capitadas, pouco visíveis por estarem cobertas por sedimento.

Capuz cefálico não exposto.

Não foi possível saber quais setígeros estão envolvidos na caixa cefálica, pois as cerdas,
dispostas em ums série curta, estão quebradas

Primeiro setígero birreme; neurocerdas não visualizadas, quebradas; 8 notocerdas no


setígero 1. A maioria das notocerdas do segundo setígero quebradas, somente 2 noto- e 3
neurocerdas do setígero 2 até o 7º setígero. A partir do terceiro setígero, 5 a 6 notocerdas
multiarticuladas. Todas as notocerdas apresentam o mesmo comprimento (2/3 do
comprimento das neurocerdas), assim como as neurocerdas.
Setígeros similares em comprimento. Cerda emergindo da parede corporal. Parapódios
pouco desenvolvidos; notopódios laterais e neuropódios da região mediana ventrolaterais.
Artículos das notocerdas com o mesmo comprimento ao longo de todo corpo. Artículos
das neurocerdas com o mesmo comprimento até o 8º setígero; a partir do setígero 8
artículos maiores na base, diminuindo na extremidade distal. Neurocerdas anquilosadas
ausentes até o setígero 22 (holótipo, com 22 segmentos).

Lobos gonopodiais não visualizados

Papilas menores não puderam ser observadas em função da quantidade e comprimento


dos grânulos de sedimento. Papilas capitadas, longas todas do mesmo comprimento, com
1/3 do comprimento das notocerdas; distribuídas em uma linha longitudinal,
aproximadamente 5 ventrais, e 2 dorsais (difícil estimar por conta do sedimento aderido).

Holótipo sem região posterior.

Comentários. Trophoniella sp. 2 é similar a Trophoniella enigmatica (Salazar-Vallejo,


2012) proveniente do Mediterrâneo, pois ambas apresentam grãos de sedimento grande,
parcialmente imersos na túnica, cobrindo-a totalmente, além de setígeros anteriores com
tubérculos dorsais. Entretanto, Trophoniella sp. 2 possui papilas maiores distribuídas em
uma fileira longitudinal, sendo 5 ventrais, e duas dorsais, e T. enigmatica tem 3 fileiras
dorsais e 4 ventrais. Os setígeros medianos de T. sp. 2 apresentam 5-6 noto- e 2-3
neurocerdas, sendo os artículos da notocerda da região mediana iguais em comprimento,
ao invés dos setígeros medianos terem um número maior de cerdas: 7-8 noto- e 5-6
neurocerdas, e os artículos serem diferentes ao longo do comprimento (curtos basalmente,
de comprimento médio na porção mediana e longos na região distal).

Trophoniella sp. 3

Material tipo. Holótipo (HAB16 H4 R1), 97 m, 07 Jul. 2009, (21º 42' 49,510" S, 40º 10'
21,100" W). Oceano Atlântico, Bacia de Campos, Brasil.
Descrição. Holótipo completo com 12 mm de comprimento, 1,5 mm de largura, caixa
cefálica com 3,3 mm, e 52 setígeros. Corpo cilíndrico, região posterior ligeiramente
cônica. Coloração pálida.

Túnica grossa, papilada, com partículas de sedimento na região dorsal e lateral do corpo.

Capuz cefálico não exposto.

Margem dorsal anterior do primeiro setígero papilada. Setígeros anteriores com papilas
longas.

Não foi possível saber quais setígeros estão envolvidos na caixa cefálica pois as cerdas
estão quebradas; cerdas dispostas transversalmente muito próximas umas as outras.
Transição abrupta das cerdas da caixa cefálica para as cerdas dos demais setígeros.

Parapódios iguais em todo o corpo, pouco desenvolvidos. Cerdas emergindo da parede


do corpo. Parapódios posicionados lateralmente. Noto- e neuropódios distantes entre si.
Duas papilas por feixe de cerdas parapodial.

Notocerdas compostas por 3-4 cerdas por feixe de cerdas em todos os setígeros; 3
neurocerdas por feixe de cerdas até o setígero 13. Setígero 4 em diante com notocerdas
apresentando o mesmo comprimento, assim como as neurocerdas. Setígero 14 em diante
com 4 neurocerdas por feixe de cerdas parapodial.

Artículos das noto- e neurocerdas de mesmo comprimento ao longo de todo corpo.


Setígeros da região anterior ligeiramente maiores em relação ao resto do corpo, que são
iguais em comprimento. Neurocerdas falcadas anquilosadas a partir do setígero 4.

Lobos gonopodiais não visualizados.

Papilas muito pequenas todas do mesmo comprimento; as longas também. Papilas


maiores com 1/3 do comprimento das notocerdas, distribuídas em uma fileira
longitudinal: 4 ventrais, 3 dorsais (difícil estimar por conta do sedimento aderido). Papilas
capitadas longas.

Notocerdas capilares multiarticulares. Neurocerdas capilares multiarticuladas até o


setígero 4.
Região posterior ovalada, com pouco sedimento aderido. Pigídio com ânus terminal, sem
cirros anais.

Comentários. Trophoniella sp. 3 se assemelha a T. americana pois ambas apresentam


papilas maiores distribuídas em uma linha longitudinal, sendo 4 ventrais, 3 dorsais, além
da margem dorsal anterior do primeiro setígero ser papilada. Porém, Trophoniella sp. 3
possui 3-4 noto- e 3 neurocerdas no primeiro setígero ao invés de 2-3 noto e 4-5
neurocerdas como em T. americana. Em T. sp. 3 as neurocerdas falcadas anquilosadas
surgem a partir do setígero 4 ao invés do setígero 5 em T. americana. Por fim, a nova
espécie tem parapódios similares ao longo de todo o corpo, enquanto em T. americana os
parapódios são mais desenvolvidos nos setígeros 1-4.

Trophoniella sp. 3 se assemelha à Trophoniella sp. 1 pois ambas apresentam margem


dorsal anterior do primeiro setígero papilada, os artículos das noto- e neurocerdas são do
mesmo comprimento ao longo de todo corpo, e os parapódios são pouco desenvolvidos.
Trophoniella sp. 3 possui 3 a 4 notocerdas por feixe de cerdas em todos os setígeros, e 3
neurocerdas por feixe de cerdas até o setígero 13, enquanto Trophoniella sp. 1 possui 5 a
6 notocerdas ao longo do corpo todo, e 3 neurocerdas por feixe de cerdas até o setígero
4. A partir do setígero 13, T. sp. 3 apresenta 4 neurocerdas por feixe de cerdas, enquanto
em T. sp.1, 3 a 4 neurocerdas estão presentes a partir do setígero 4. Finalmente, T. sp. 3
tem 2 papilas por feixe de cerdas parapodial, enquanto T. sp. 1 tem 3; as neurocerdas
falcadas anquilosadas surgem a partir do setígero 4 em T. sp. 3, ao invés do setígero 5 em
T. sp. 1.

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