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O Mysterio 2
O Mysterio 2
Viriato Correa.
Sao Paulo, Edição da Revista do Brasil, 1920.
http://hdl.handle.net/2027/wu.89012442174
O MYSTERIO
3." MILHEIRO
7 V V
"
No sabbado, 20 de Março de 1920, publicava A Folha ",
o jornal de Medeiros e Albuquerque, a seguinte nota:
"
Começamos hoje a publicação do romance
MISTÉRIO
escriptoj)or Coelho Netto, Afranio Peixoto & Viriato
Corrêa.
O folhetim de hoje é precisamente do &. Elle serviu
apenas para tirar a fieira... O de segunda-feira será assi-
gnado por Coelho Netto, o de terça por Afranio Peixoto
e o de quarta-feirapor Viriato Corrêa.
Seria actualmente impossivel reunir tres nomes de pro
sadores que superassem em merito os autores do folhetim,
cuja publicação hoje iniciamos.
O que ha de interessante nele, além do raro valor lite
rario dos tres grandes nomes que o vão escrever, é o facto
de sorpresa continua em que viverão os leitores. E a sor-
preza aqui é tanto mais infalivel, quanto
proprios os
autores a terão. Nenhum deles sabe o que os outros vão
fazer. E' lendo o que o seu colaborador da vespera pro
duziu, que cada um decide o que tem de escrever.
Haverá, portanto, para os leitores a indagação sempre
"
renovada Como vai Coelho Netto ou como vai Afranio
:
★ ★
* *
"
não desdenhou fazer-lhe profundas modificações e emen
"
das que o tornam a obra de arte que é, do genero
" "
romance de desafio ou de improviso. Acontecerá o
mesmo, um dia, ao nosso 0 Mysterio? Os leitores o dirão:
nós seremos, então, como agora, cumplices ou manda
tarios.
Os Editores.
I
Coelho Netto.
III
A EVASÃO
Afranio Peixoto.
IV
O CHILIQUE
gado.
E, voltando-se para o corredor, berrou deses
perado :
— 501, chamas ou não chamas a Assistencia ? !
O soldado veiu immediatamente. Só naquelle
instante havia conseguido a ligação. A Assistência
vinha ahi.
Albergaria continuava com a mão no pulso da
rapariga.
— 27 —
Viriato Corrêa.
DOIDO VARRIDO
A PONTA DO FIO.
— Obrigado, Cardoso!
Xavier tinha dado as ordens, não sem a gritaria
e os improperios, que lhe eram habituaes, quando
o delegado sorridente, tornara ao seu gabinete.
— Senhor doutor, não quer interrogar a mu
lher?...
— Ha tempo, Xavier, amanhã!
— Olhe que póde haver alguma providencia a
dar. Amanhã os jornaes nos caem no pello. . .
. .
O BILHETE MYSTERIOSO
Viriato Corrêa.
VIII
EFFEITOS DA LANTERNA
— E o homem! E o gôrro!
Estacaram todos, á voz do velho famulo, pro
curando o sujeito que havia sido encontrado no jar
dim e de cujo bolso, cheio de dinheiro, havia cahido
o gôrro de velludo. Nem homem nem gôrro. Ambos
haviam desapparecido. O major estrillou:
— Foi o canalha! Foi o canalha que disparou o
primeiro tiro. Foi elle! Aproveitou-se da escuridão
para fazer aquelle estrupido e os senhores (quando
eu digo!) em vez de procederem com calma, foram
disparando as armas á tôa que eu não sei mesmo
como ainda ha gente viva nesta casa. Se me hou
vessem attendidp. . . Bem que eu gritava: Calma!
Calma! Não atirem... Mas qual! E agora?!
O delegado continuava a gemer, sem forças para
levantar-se do chão, queixando-se de seis balas que
lhe haviam entrado no corpo.
Xavier foi attendel-o e, levantando-o pelos braços,
fel-o sentar-se no sofá, indagando, sollicito:
— Onde, senhor doutor? Onde estão os feri
mentos.
— Eu sei lá, Xavier! Estão por ahi. Não ima
ginas. Eram balas em cima de mim que eu nem sei
como ainda estou aqui.
— Mas o doutor não está ferido. ..
E o Xavier apalpava o delegado, examinava-o dos
pés á cabeça sem encontrar vestigio de ferimento,
nem gotta de sangue.
— Então, Xavier? suspirou o delegado.
— Nada, senhor doutor. Não encontro nada.
— 61 —
si,
feito. Então, reentrando em chamou major que
o
procurava pelo chão uma das peças da lanterna:
— Major, o homem do gorro precisa ser encon
trado, não só porque elle assassino do banqueiro,
o
é
a
violento. E' preciso encontral-o, custe que custar.
o
Você, major, devia ter trazido um dos cães poli-
ciaes, aquelle que apanhou turco na Favella. Mas,
o
.
.
o
e
varas verdes.
Coelho Netto..
IX
A VOZ DA SCIENCIA
Afranio Peixoto.
X
AS PRIMEIRAS PROVAS
— Não.
Mello Bandeira teve um lampejo infernal nos
olhos, conteve o sorriso de contentamento que lhe
lampejou nos labios e disse com um tom da mais
doce naturalidade.
— Isso está em desaccôrdo com as informações
colhidas pela Policia. O que a Policia colheu na
propria Assistencia é que o doutor entrou de plan
tão ás 9 da noite e ás 10 retirou-se, a pretexto de
um chamado de sua familia e só voltou depois de
meia noite.
— 72 —
Viriato Corrêa.
XI
CAMINHO FALSO
— Sim, fui. . .
— E porque mandou buscar o gôrro, disse com
um sorriso sarcastico, recordando a phrase myste-
riosa com que ella se precipitava nos braços de
Cardoso, a chorar: "Pensou que era brincadeira
delle. . . Nunca imaginou que elle fosse capaz, não?"
Capaz de que, minha senhora? Diga!
Berrou ameaçadoramente.
Coelho Netto.
XII
THEORIAS CRIMINAES
Afranio Peixoto.
XIII
UM CRIMINOSO TRANQUILLO
A BOLA DE PEDRO
. . .
Afranio Peixoto.
XV
OS INDÍCIOS
— Somos amigos.
Albergaria como que havia encontrado a deixa
naquelle instante.
— Mas os senhores que estão tão acostumados a
desvendar mysterios não perceberam immediata-
mente que só laços de amizade aqui me haviam de
trazer?! Somos amigos, está claro. Se assim não
fosse eu tinha o direito de aqui pisar?
Tudo aquillo desnorteava a cabeça das autori
dades. A policia debatia-se com o assassinato de
Sanches Lobo num verdadeiro labyrintho. D. Lu
cinda era a ultima sahida que ella tinha encontrado.
Se aquella falhasse estava tudo perdido. Numa
outra occasião, o apparecimento de Albergaria
gritando a innocencia da filha do banqueiro, nada
teria de anormal e estonteador, mas n'aquella em
— 106 —
Viriato Corrêa.
XVI
OS CÃES POLICIAES
de tudo
que o
cercava, bebendo os ares della, entornando pelo
o
Afranio Peixoto.
XVIII
O DIÁRIO DO BANQUEIRO
Viriato Corrêa.
XIX
A ARMÊNIA
Coelho Netto.
XX
UMA DESCALÇADEIRA
Afranio Peixoto.
XXI
O VELHO BARTHOLOMEU
Viriato Corrêa.
XXII
PEDRO E ROSA
OS ESPÍRITOS
O TESTAMENTO ROUBADO
Afranio Peixoto.
XXVI
UM EXAME DE CONSCIÊNCIA
A LATA DO DINHEIRO
Viriato Corrêa.
XXVIII
CIÚMES...
si,
consegui, concluiu, entre atribulado Albergaria.
o
De que lhe servia imaginar? Febrilmente, tomou
de novo folha foi lendo, saltando que havia
o
a
e
de menos interesse, procurando anciosamente que
o
se referisse Rosa. De repente, os olhos se lhe
á
a
mesma com que escrevera declaração ditada pelo
a
o
:
!"
culpado
Quando soube, detective explodira, af firmava
o
indiscretamente jornal:
o
— Que Pedro?. . .
— Pedro... Pedro... Linck...
Mello Bandeira, que lhe bebia os gestos e as pala
vras, certo de que ia ouvir a revelação do nome do
outro criminoso, deu um formidavel murro na mesa.
A este insolito ruido, a moça assustou-se, e os
nervos tensos cederam numa violenta commoção.
Deu um grito estridente, e rolou da cadeira, no
chão, num ataque tremendo.
Afranio Peixoto.
XXIX
A LATINHA
O "CAMORS" DO BEBERIBE
naes —
o escandalo arrefeceu por alguns dias. Isso
deu a Leonor um impulso de confiança.
E Sanches Lobo se foi insinuando. Albergaria,
que morreu sem saber quem fizera a deshonra de
sua mulher, acreditava no impostor.
E' preciso isto, é preciso aquillo, e o pobre me
dico, levado pelo turbilhão do escandalo, quasi
sempre embriagado, ia assignando titulos e titulos
de divida a favor de Sanches.
O arrefecimento do processo não durou muito. O
mandato de prisão contra Albergaria foi expedido.
Sanches Lobo havia conseguido todos os seus
planos. Os titulos de divida que o medico lhe assi-
gnára representavam uma fortuna..
Leonor nada sabia. Oito dias depois da prisão do
marido, Sanches lhe entra em casa. Entrou como se
entra em casa de uma amante.
A dignidade da pernambucan revoltou-se. Não
havia revolta possivel para o cynismo do argentario.
Vinha propôr-lhe a sua protecção de homem rico
e entregar-lhe novamente o coração cheio de amor...
Leonor ergueu-se da cadeira.
— Rua!
Com uma tranquillidade infame Sanches convi-
dou-a a sentar-se.
— Não vale a pena zangar-se, disse. Eu sahirei.
Peço-lhe que amanhã a senhora desoccupe a casa.
Leonor não comprehendeu. Elle então contou dos
titulos de divida que estavam em suas mãos. No
meou a somma.
— 217 —
Viriato Corrêa.
XXXIII
O "ENSILHAMENTO
Afranio Peixoto.
XXXIV
OUTRA FAÇANHA
A CONFISSÃO DE ROSA
E sorria malicioso.
Foi mesmo esse ligeiro ruido que fez Mello Ban
deira voltar-se, perceber do que se tratava e levan-
tar-se, corado, como um menino apanhado em falta.
Immediatamente elle comprehendeu que, fossem
quaes fossem as desculpas apresentadas, ninguem
o acreditaria. Era a sua carreira que desabava por
um incidente sem importancia e quando aliás, elle
estava procedendo honestissimamente.
Cabral adiantou-se severo e disse a Rosa Merek :
— A senhora pode sahir. . .
Mello Bandeira atalhou:
— Mas eu . . .
Cabral insistiu :
— 239 —
_
& (Medeiros e Albuquerque).
XXXVII
CONFESSO!
O delegado respondeu:
— Porque a Policia tem todos os elementos
para apontar o criminoso. Sabe todos os passos
que elle deu antes e depois do crime. Sabe que o
assassino construiu o crime durante muitos annos.
Sabe das suas precauções, de todas as medidas que
elle empregou para não deixar rastro, dos sapatos
de tennis que calçou para disfarçar o tamanho do
pé, das luvas de fio de escossia de que se muniu
para não deixar as impressões digitaes, do lugar em
que atirou as botas e as luvas. E sabe mais : do
lugar em que foi enterrado o dinheiro, da lata sol
dada em que este foi guardado, da agua que foi der
ramada por cima da terra revolvida para não deixar
vestígio. E mais ainda: da hora exacta em que o
crime foi praticado, e da interessante circumstancia
do relogio, posto nas onze horas, quando o assassi
nato fóra commettido duas horas antes. Não acha
que não vale mais a pena negar?
Albergaria estava estatelado. Nenhuma palavra
lhe sahia'da bocca.
— Responde! insistiu Enéas Cabral. Será melhor
confessar, visto que não póde mais negar.
Albergaria pensou demoradamente.
As duas autoridades não se moveram, como que
não querendo perturbar um só dos seus pensamentos
em effervescencia.
Muito tempo depois, o assassino teve um movi
mento brusco:
— E' verdade!
— 247 —
Viriato Corrêa.
XXXVIII
O PESADELLO CONTINÚA. . .
si,
exclamava
:
— Estou de sorte! Olhem do que me livrei!
sorte era-lhe um bom amigo. Pois bem, quando
A
e,
soffer os horrores de accusação, convicção, confis
são, do seu crime. Felizmente que era sonho. Apal-
pou-se, como para reconhecer que era bem elle,
estava em sua casa, tudo fóra fantasia, conse
e
e
e
operara bravuras,
já
estavam expondo
a
Afranio Peixoto.
XXXIX
A CASA MYSTERIOSA
agora.
— Tenha paciencia, moça. Eu tenho ordem de
levar a senhora.
— Mas o que ha?
— Não sei, não senhora. E' para o inquerito do
banqueiro.
— Mas eu não tenho nada com isso.
— Sim; senhora,
— 259 —
Viriato Corrêa.
XL
NA PRAIA DA GÁVEA
Afranio Peixoto.
XLI
OS VAPORES DO VINHO
— Tolo.
Pareceu a Albergaria que o seu silencio podia
inspirar suspeitas. E falou :
— Com a intenção de desorientar a policia.
— Isso é muito transcendente. Elle procuraria
desorientar em outra coisa e não nisso. O que você
poderá dizer é que o relogio podia ter parado ás
11 horas da manhã. Isso sim. Mas a questão da
hora, duas mais, duas menos, não tem importancia.
O que tem importancia é o roubo, é o assassinato.
O assassino de Sanches Lobo, seja Pedro Linck ou
outro qualquer é um miseravel.
Albergaria sentiu um choque.
— Por que?
Porque matou covardemente, de uma maneira
pusilanime. Matou infamemente para roubar.
— Não! gritou o outro erguendo-se da cadeira.
— Sim!
— Sanches Lobo era um miseravel um bandido!
exclamou Albergaria num impeto.
— Era um philanthropo, atalhou Enéas.
— Atirou a minha familia na miseria! berrou
o assassino com as lagrimas nos olhos.
Enéas arregalou os olhos e a bocca. Fixou Alber
garia demoradamente, sem palavra. Este assustou-
se das proprias palavras que havia dito. Sentou-se.
Uma nuvem passou-lhe pelos olhos.
Muito tempo estiveram calados.
Afinal o Albergaria afastou o copo para a ponta
da mesa e disse:
— 277 —
Viriato Corrêa.
XLII
OUTRO RUMO
vado Albergaria.
Foi, pois, com bom aspecto, sem carrancas nem
durezas, que falou bôa senhora, dizendo ter vindo
á
CASO LIQUIDADO
FOGO!
Viriato Corrêa.
XLV
Que foi?
— Qualquer que seja a sua desgraça, é maior a
nossa. . . Veja isto. . .
E estendeu-lhe dois papeis, que Albergaria leu,
sofregamente. Dizia o primeiro:
Afranio Peixoto.
XLVI
DÔR DE CONSCIÊNCIA
Se os criminosos soubessem...
Afranio Peixoto.
FIM
ÍNDICE
Nota Preliminar (dos Editores) 3
II
buquerque)
Na Delegacia (Coelho Netto) ...
...
8
....
15
IV
V
VI
O Chilique (Viriato Corrêa)
Doido Varrido (Coelho Netto)
A ponta do fio (Afranio Peixoto) . .
... 26
35
42
VII O bilhete mystcrioso (Viriato Corrêa) 48
.
96
103
110
XVIII
XIX A
XX
O diário do banqueiro
Armênia (Coelho Netto)
Uma dcscalçadcira (Afranio Peixoto).
....
(Viriato Corrêa) 124
130
136
XXI O velho Bartholomcu (Viriato Corrêa) 142
XXII Pedro e Rosa (& Medeiros e Albuquer
que) 149
XXIII Os Espiritos (Coelho Netto) . . . 155
XXIV Assassino! Ladrão! (Viriato Corrêa) . 162
XXV O testamento roubado (Afranio Pei
xoto) 169
188
195
XXX O Passado de Sanches Lobo (Viriato
Corrêa) 199
XXXII
XXXIII O
xoto)
Na Bahia (Viriato Corrêa)
" Ensilhamento"
(Afranio Peixoto)
.... 205
212
218
XXXIV Outra Façanha (& Medeiros e Albu
querque) 224
XXXVII
XXXVIII
querque)
Confesso! (Viriato Corrêa)
O Pesadello Continua... (Afranio Pei
.... 237
243
xoto) 250
— 321 —