Você está na página 1de 22

O Yorùbà e o Candomblé

O Candomblé, em sua essência Yorùbá foi deturpando-se no geral com o passar dos séculos,
desde a chegada dos primeiros negros oriundos da África, particularmente da Nigéria e do Dahomé
(atual República Popular de Benin), sendo que os de origem Yorùbá foram dos últimos a chegarem ao
Brasil, já próximo ao término da escravidão.
Por sua diferença de maneiras (embora se diga que não) foram aproveitados em grande
número como escravos domésticos, pois eram considerados mais refinados. Mas, com a sua
adaptabilidade do tão conhecido jeitinho brasileiro, moldou-se segundo a nossa personalidade,
adaptando-se e forjando-nos como afro-brasileiros para nos classificarmos, se assim se pode dizer.
A nossa religião é uma das mais belas e originais manifestações de espiritualidade, com um
vasto e riquíssimo naipe de nuanças, com personalidade, feição e expressão próprias, traduzidas em
linguagem também própria e particularizadas, apesar de variada.
A linguagem oral: através da qual se expressam os orins (cânticos), àdúràs (rezas), ofós
(encantamentos) e oríkìs (louvações). É através dela que se conversa com os Òrìsà.
Nossa religião é eminentemente de transmissão oral, e a despeito disso, preservaram grande
parte dos seus rituais, cânticos e liturgia com sua língua litúrgica falada quase que fluentemente em
seu bojo, pelas pessoas mais proeminentes, mas, infelizmente, em número bem restrito.
A língua oficial nos cultos Kétu, Ègbá, Ifón e Ìjèsà é o Yorùbá, que apesar disso é também
muito utilizada nos cultos de origem Angola e Jeje, que são oriundos de países e culturas diferentes.
Apesar de pouco conhecido pela grande maioria dos adeptos da religião, o Yorùbá é
amplamente falado de maneira empírica apenas mecânica e meramente mimética, repetindo-se o que
foi dito e decorado anteriormente.
Diz algumas pessoas, que o Yorúbá é uma língua morta e está para o culto aos Òrìsà assim
como o Latim está para o Catolicismo. Mas isso é um engano, o Yorùbá é uma língua viva e dinâmica
e é falado ainda nos dias atuais por cerca de 20 a 25% da população da Nigéria e possui elevado
número de dialetos, cuja língua oficial é o Inglês, introduzido ali pelos colonizadores.
No Benin, são mais ou menos 20 a 25% também de sua população, dentre outros tantos
dialetos, que falam o Yorùbá como sua primeira língua ou segunda, dependendo do aculturamento.
O Yorùbá é a primeira língua de aproximadamente 30 milhões de africanos ocidentais, e é
falada pelas populações no Sudoeste da Nigéria, Togo, Benin, Camarões e Serra Leoa.
A língua também sobreviveu em Cuba (onde é chamada de Lukumi) e no Brasil (onde é
chamada Nagô), termo que inicialmente era usado pejorativamente, querendo significar "gentinha,
gentalha, ralé".
À parte de vários dialetos, existe o Yorùbá padrão, que é usado para propósitos educacionais
(ex. em jornais, revistas, no rádio, TV e em escolas). Esta forma padrão é compreendida por oradores
dos vários dialetos que atuam como tradutores do Yorùbá oficial para o dialetal e vice-versa.
No Brasil o interesse pelo Yorùbá dá-se principalmente entre as pessoas adeptas da Religião
dos Òrìsà, que recebe o nome genérico e popular de Candomblé, não importando a origem, se Yorùbá,
Fon (Jeje) ou Bantu (Angola).
O Candomblé nasceu da necessidade dos negros escravos em realizarem seus rituais
religiosos que no princípio eram proibidos pelos senhores de escravos. E para burlar essa proibição, os
negros faziam seus assentamentos e os escondiam, preferencialmente fazendo um buraco no chão,
cobrindo-os e por cima colocavam uma imagem de um santo católico. Então eles cantavam e
dançavam para seus Òrìsà, dizendo que estavam cantando e dançando em homenagem àquele santo
católico; daí nasceu o sincretismo religioso, que foi abandonado mais tarde pela maioria dos adeptos
do Candomblé tradicional, com o "término" da escravidão e mais concretamente quando o Candomblé
foi aceito como religião com a liberdade de culto garantida pela Constituição Brasileira.
À primeira vista para os leigos, o Candomblé é uma coisa só. Mas, não é bem assim. Existem
vários grupos, onde o mais expressivo, sem dúvida, é o grupo Yorùbá (na atualidade). Na época do
tráfico de escravos, vieram muitos negros oriundos de Angola e Moçambique: os Bantos, Cassanges,
Kicongos, Kiocos, Umbundos, Kimbudos, de onde se originou o “Candomblé Angola”, facilmente
reconhecido por quem é da religião, pela maneira diferente de falar, cantar, dançar e percutir os
tambores, o que é feito com as mãos diretamente sobre o couro com ritmos e cadências próprios,
alegres e ligeiros.
É o Candomblé de onde se originou o Samba, que tomou emprestado o próprio nome, que em
Kimbundo significa "oração". É também origem do "Samba de roda", que era feito como recreação,
principalmente pelas mulheres, após os afazeres rituais, dançando e cantando dizeres em sua maioria
jocosos e galhofeiros. Mais tarde assimilado pelo Samba de Caboclos, aí já em sua versão mais
“abrasileirada” como um culto ameríndio que era feito pelos Caboclos, neste momento incorporados
em seus "cavalos" e já em idioma aportuguesado com versos chamados de "sotaque". Isto, porque
quase sempre eram parábolas ou charadas que poucos entendiam, muito em voga ainda hoje.
Acha-se que este Samba de Caboclos foi o embrião da Umbanda, onde nasceu o culto aos
Òrìsà cantado e falado em português, fazendo assim a nacionalização dos Òrìsà africanos, que
algumas pessoas faziam objeção por ter uma língua estrangeira não bem aceita pelos já nascidos

1
brasileiros e que foram perdendo os conhecimentos da língua ancestral, principalmente por causa do
analfabetismo.
A Umbanda é a mistura do culto aos Òrìsà, do Catolicismo e do Kardecismo, resultando numa
religião Brasileira, que hoje em dia é até exportada para os países vizinhos, principalmente os do cone
Sul, como Argentina, Paraguai e Uruguai, onde existem até confederações de Umbanda e onde o
Brasil está para eles, assim como a África está para nós.
A origem da força cultural Yorùbá foi demonstrada em uma das guerras havidas entre o
Dahomé e a Nigéria, mais ou menos do meado para o final do século dezesseis, em que o Estado de
Kétu teve praticamente metade do seu território anexado ao Dahomé como espólio de guerra, após
sua população, juntamente com a de Meko, ter sido saqueada e parte dela capturada como escravos
perdurando essa anexação militar até os dias atuais.
Como resultado dessa guerra, muitos foram capturados de ambos os lados, e foram vendidos
aos portugueses como escravos. Foi quando, já ao final do século, começaram a chegar tantos os
escravos de origem Ewe-Fon, conhecidos popularmente por Jejes, oriundos do Benin, antigo Dahomé,
que foram capturados pelos Yorùbá, como recíproca dos Yorùbá capturados pelos Ewe-Fon, também
vendidos como escravos. Os Yorùbá em sua maioria, eram oriundos de Kétu, o território anexado.
Mas, também vieram negros trazidos de outras áreas Yorùbás como Òyó, Ègbá, Ilesá, Ifón, Abeokutá,
Irê, Ìfé, etc.
Estes dois grupos (Jeje e Yorùbá) quando chegaram ao Brasil, continuaram inimigos ferrenhos
e não havia hipótese de um aceitar o outro. Mas, eram indivíduos de tradições sociais religiosas tribais
e não podiam sobreviver sozinhos. Então procuraram unirem-se em virtude da condição cativa de
ambos. Essa união era difícil tanto pela barreira do idioma, pois eram vários e diferentes em dialetos,
quanto pelo ódio que alguns nutriam contra os outros. Do que os senhores de escravos e feitores se
aproveitavam em tirar proveito para fomentar mais ainda a animosidade entre eles. Pois, os senhores
de Engenho, principalmente, temiam a união do grande número de escravos, o que certamente
poderia colocar em risco a segurança dos brancos. Então, quando eles permitiam que os negros se
reunissem no terreiro para cantar e dançar, estimulava-lhes a que fizessem "rodas" separadas,
somente com seus compatriotas, onde os Kétu não misturavam-se aos Jejes nem Bantu e assim
também os outros faziam o mesmo eles próprios com relação aos outros. Mas, com o tempo essa
tática foi deixando de dar certo, porque os negros entenderam que sua maior fraqueza era a sua
própria desunião, e resolveram se unir para facilitar um pouco à sobrevivência, unindo-se contra o
inimigo comum, isto é, o branco. Isso é mais evidenciado com a instituição dos quilombos, que eram
focos de resistência dos negros fujões, e que não se curvavam à escravidão.
Na nossa religião nós cantamos, oramos e, até dialogamos em Yorùbá com pequenas frases e
termos usuais do dia-a-dia nas casas de culto com a assimilação de um até vasto vocabulário, se
levarmos em consideração as condições em que se deu a preservação disto.
É de suma importância às linguagens da nossa religião, sobretudo, a oral porque a
entendendo, entenderemos os rituais e poderemos nos comunicar com os nossos Òrìsà e Ancestrais,
através da palavra.
Se não souber falar Yorùbá a pessoa falará aos emane em português mesmo, os Òrìsà ouvirão
e atenderão da mesma maneira. O que é mais importante é a fé e a sinceridade com que nos
dirigimos a eles. Contudo, se nos comunicamos em Yorùbá é muito mais gratificante a emoção que
sentimos ao saber que o fazemos da mesma maneira que os nossos Ancestrais faziam há vários
séculos atrás em nossa língua mãe religiosa.
Então, nós louvamos, elogiamos, exaltamos, enaltecemos os imalè no culto aos Òrìsà, no
Candomblé, de acordo com a herança a nós legada pelos nossos antepassados, negros oriundos de
vários lugares d'África, atravessando os séculos e chegando até nossos dias. As cantigas são um modo
de enaltecer e glorificar fatos e feitos relacionados com determinado Òrìsà, reportando-se à mitologia
daquele Òrìsà.
Louvar é: elogiar, dirigir louvores, exaltar, enaltecer, etc. Isto nós o fazemos diuturnamente
no culto aos Òrìsà, de acordo com a herança a nós legada pelos nossos ancestrais negros que nos
ensinaram como fazê-lo através dos séculos desde então, da mesma maneira como eles o faziam.
Essas maneiras são variadas e diversas, embora, aos olhos do leigo, possa parecer tudo a mesma
coisa.
Dessas maneiras, a mais popular é o ORIN (a cantiga-música). Com ela nós louvamos
qualquer orixá ou imalè (espíritos). As cantigas são modos de enaltecer e glorificar os fatos e feitos
relacionados a determinado Òrìsà ou imalè, reportando um acontecimento ligado à mitologia daquele
Òrìsà.
Portanto, aprender a cantar corretamente e rezar para louvar os Orisá faz-se necessário,
inclusive para um maior conhecimento e entendimento das suas lendas.

Texto de Altair T’Ogun


Adaptado por Babalorixá Fábio Ti Sangó (Obagodô)

2
Exú

Esú é o primeiro orixá a ser louvado no candomblé, porque representa o princípio do


movimento. Uma vez acionado é preciso controla-lo, com respeito a qualquer movimento. A fome é
um dos motivos que leva o homem a se mover em direção a um objetivo. Esú come demais. E, por
comerem as plantações, é que se diz que as formigas são de Esú. Assim como a terra e os
formigueiros. Os pés de qualquer animal também são de Esú.
Esú mora nos caminhos mais diversos e é controvertido. Tem um gênio travesso e faz o que
lhe pedem. Não tem noção de bem e de mal e se movimenta apontando o pênis para o lugar onde
quer ir. Não existe lugar no passado, presente ou futuro a que Esú não possa ir. Também é associado
à sexualidade – a segunda fome humana.
Filho primogênito de Iemonjá com Orunmila, o deus da adivinhação e irmão de Ogun, Xangô e
Oxossi, era voraz e insaciável. Conseguiu comer todos os animais da aldeia em que vivia. Depois
disso, passou a comer as árvores, os pastos, tudo o que via até chegar ao mar. Orunmila previu então
que Eu não pararia e acabaria comendo os homens, e tudo o que visse pela frente, chegando mesmo
a comer o céu. Ordenou então a Ogun que contivesse o irmão Esú a qualquer custo. Para conseguir
isso, Ogun foi obrigado a matar Esú, a fim de preservar a terra criada e os seres humanos. Mesmo
assim, depois da morte de Esú, a natureza, os pastos, as árvores e os rios, tudo permaneceu
ressecado e sem vida, doente e morrendo. Um babalaô (representante de Orunmila na terra) alertou
Orunmila de que o espírito de Esú sentia fome e desejava ser saciado, ameaçando provocar a
discórdia entre os povos como vingança pelo que Orunmila e Ogun haviam feito. Orunmila determinou
então que em toda e qualquer oferenda que fosse feita pelos homens a um orixá, houvesse uma parte
em homenagem a Esú, e que essa parte seria anterior a qualquer outra, para que se mantivesse
sempre satisfeito e assim possibilitasse a concórdia.

Ogun
O orixá Ogun é um dos mais amados na cultura Yorubá. Além de ter sido o primeiro ferreiro,
foi ele quem descobriu a fundição e inventou todas as ferramentas que existem. É o patrono da
tecnologia e da própria cultura, pois sem as ferramentas nada mais poderia ser inventado. Até mesmo
plantar, em grandes extensões, seria extremamente difícil. Tendo inventado as ferramentas, com a
foice ele abriu os primeiros caminhos para o resto do mundo, o que dá a ele o poder de abri-los ou
fecha-los. Com a faca ele fez o primeiro sacrifício ritual, por isso sempre se louva Ogun durante estes
sacrifícios. Com o ancinho ele arou terras e plantou. Com a tesoura cortou peles e inventou os
abrigos. Com o machado cortou árvores para construir abrigos. Com o martelo pode unir os troncos
com pregos, que ele inventou.
Com a cunha pode levantar grandes pesos e assim aconteceu de Ogun, com a espada que
forjou, poder guerrear e conquistar territórios para seu povo.
No entanto, não quis ser rei, pois preferia os desafios ao poder. Continuou lutando e
inventando para sempre.
A guerra é de Ogun, cujo nome significa exatamente guerra. Ogun nunca se cansa de lutar,
costuma-se chamar por sua ajuda em situações que é extremamente difícil continuar lutando ou
quando o inimigo é extremamente forte. Não se deve invocar Ogun à toa, pois seu gênio e
extremamente violento. É um solteirão convicto. Teve muitas mulheres, mas não vive com nenhuma.
Criou um filho adotivo, abandonado nas mãos dele por Iansan, a deusa dos ventos e raios, que por
sua vez o havia adotado de Osun, a deusa do amor e da riqueza. Um dos mitos sobre ele diz que
Ogun é filho de Iemonjá com Oduduwa. Desde criança sempre foi destemido, impetuoso, arrojado e
viril, tendo se tornado sempre mais e mais um brilhante guerreiro e conquistado muitos reinos para
seu pai. Não houve um só caminho que Ogun não tenha percorrido.
Um irmão dedicado, Ogun tinha por Oxossi uma afeição muito especial, defendendo-o várias
vezes de seus inimigos e passando mesmo a morar fora de casa com Oxossi, quando este foi expulso
de casa por Iemonjá. Foi Ogun quem ensinou Oxossi a defender-se, a caçar e a abrir seus próprios
caminhos nas matas onde reina. Ogun teve muitas mulheres, a principal delas Oyá, guerreira como
ele, tendo sido roubada por Xangô, que é seu irmão por parte de mãe. Ogun passou a viver sozinho,
para a guerra e para a metalurgia.

3
Cantigas de Exu
Èsú yè, Laróyè ! (Viva Èsú! Ou Salve Èsú!)

1
A jí kí Barabo ago mojúbà, àwa kò sé 5
A jí kí Barabo ago mojúbà, e omodé ko èkò èkó Odára ló sòro, Esu Odára ló sòro lóònòn
Barabo e mojúbà Elégbára Èsú l’óònòn. Odára ló sòro, Esu Odára ló sòro lóònòn
A ji qui Barabô ago mojubá auá cô xê Ôdára lô xorô Exu Ôdára lô xorô lónã
A jí qui Barabô ago mojubá ê omódê có é có Ôdára lô xorô Exu Ôdára lô xorô lónã
Barabô môjubá Élébára Exú lonã. Odara pode tornar o caminho difícil,
Nós acordamos e cumprimentamos Barabo, Ele é o Senhor dos caminhos.
A vós eu apresento meus respeitos,
Que vós não façais mal. 6
Nós acordamos e cumprimentamos Barabo Odára sá wê pê Exu Odára sá wê pê lóònòn
A vós eu apresento meus respeitos. Odára sá wê pê Exu Odára sá wê pê lóònòn
A criança aprende na escola (é educada, ensinada) Odára xá uê pê Exu Odára xá uê pê lónã
Que a Barabo eu apresentei meu respeito, ele é Odára xá uê pê Exu Odára xá uê pê lónã
Senhor da Força, o Exú dos caminhos. Odara corta e se banha demoradamente,
Exu Odara corta e se banha demoradamente no
2 caminho
Bará ó bebe Tirirí l’ònòn
Èsú Tirirí, Bará o bebe Tirirí l’ònòn, Èsú Tirirí. 7
Bará ô bébé tirirí lónã Exú tirirí Elégbára Èsú ó sá kéré kéré
Bará ô bébé tirirí lónã Exú tirirí, Exú Tirirí Akesan Bará Èsú ó sá kéré kéré.
Exú, ele realiza proezas maravilhosas, Elébára Exu ô xá querê quere
Tirirí é o Senhor dos Caminhos, Exú Tirirí. Akésã bará Exu ô xá quere quere.
Exu, o Senhor da Força (do poder)
3 Faz cortes profundos e pequenos,
Xo Xoroque Odára, Odára bàbá ebo Akésan Exu do corpo, faz cortes profundos
Xo Xoroque Odára, Odára bàbá ebo E pequenos (gbéré).
Xo Xoroque ôdara ôdara babá ebó
Xo Xoroque ôdara ôdara babá ebó 8
Odara sobe, sobe (ascenção), Odara é o pai dos A jí ki ire ni Èsú, Èsú ka bí ka bí.
ebós A jí ki ire ni Èsú, Èsú ka bí ka bí.
Odara sobe no fogo que ele próprio acendeu A ji qui irê ni Exú, Exú cá bi ca bi
A ji qui ire ni Exu, Exu cá bi cá bi.
4 Nós acordamos e cumprimentamos felizes a Exu,
Èsú wa jú wo mòn mòn ki wo Odára E Exu conta como nascemos, Exu conta como
Laróyé Èsú wa jú wo mòn mòn ki wo Odára nascemos.
Èsú awo.
Exu a ju uô mã mã qui uô ódara 9
Larôiê Exu a ju uô mã mã qui uô ódara E Elégbára Elégbára Èsú Aláyé
Exu auô. E Elégbára Elégbára Èsú Aláyé
Exu nos olha no culto e reconhece, sabendo que o Ê élébára élébára Exu alaiê
culto é bom, Ê élébára élébára Exu alaiê
Larôie Exu nos olha no culto e reconhece sabendo Senhor da Força, Senhor do Poder
que o culto Senhor da Força, Senhor do Poder
É bonito, vamos cultuar Exu. Cumprimentamos o Chefe (dono do mundo)

4
Cantigas de Ogun
Ògún yè, pàtàkì orí Òrìsà!
(Salve Ògún, Òrìsà importante da cabeça! ou, O Cabeça dos Òrìsà importantes!)

1 5
Ògún àjò e mònriwò, alákòró àjò e mònriwò A l’Ògún méje Iré, aláàda méji, méji
Ògún pa lè pa lóònòn Ògún àjò e mònriwò A lôgum mejê ire aláda mêji mêji
Elé ki fí èjè wè. Nós temos sete Ogun em Irê
Ogum ajô é manriuô alácôrô ajô é manriuô É o Senhor das duas espadas.
Ogun pa lê pa lónã ogun ajô é manriuô
Élé qui fi éjé ué. 6
Ogun o Senhor que viaja coberto de folhas novas de Sa Sa sa ogun o, Ògún ajo iku igbale
palmeira, Xa xa xa Ogun o, Ògún ajo eku bale
Ogun o Senhor que viaja coberto de folhas novas de Ogun cortou, cortou, cortou.
palmeira, E foi bem recebido na terra
Ogun mata e pode matar no caminho, Ogun viaja 7
coberto por Ògún Onirê onirê Ògún
Folhas novas de palmeira, é o Senhor que toma banho Alakorô onirê, Obá de órun
de sangue. Ògún Onire onire ogun
2 Alakoro onire, Oba de orun
Àwa nsiré Ògún ó, èrù jojo Ogun senhor de Ire, o senhor de ire e ogun
Àwa nsiré Ògún ó, èrù jojo Proprietário do akoro e senhor de ire
Èrù njéjé Rei que chega do céu
Auá xirê ogum ô éru jójó 8
Auá xirê ogum ô éru jójó Ògún ni alagbe odé
Érum jéjé mònriwò odé
Nós estamos brincando para Ogun com medo extremo Odé mònriwò
Segredamos nosso medo, nos comportamos Ogun ni alabedé
calmamente, Mas com medo. Manriuô odé
3 Odé manriuô
Ògún nítà ewé rè, Ògún nítà ewé rè Ogun e o senhor da forja e caçador
Ba Òsóòsí l’oko ri náà lóòde Que se veste de folhas novas de palmeira
Ògún nítà ewé rè De folhas novas de palmeira ele se veste
Ogum nitá euê ré, ogum nitá euê ré 9
Ba Oxossi Okô ri naa lôdê, ogum nitá euê ré Ògún dê arê rê
Ogun tem que vender as suas ervas, Irê Irê Ògún já
Ogun tem que vender as suas ervas, Ákòró awá adê arê rê
Encontra-se com Oxossi nos arredores da fazenda Irê Irê Ògún já
Ogun tem que vender suas ervas. Ogún dê arê rê
4 Irê Irê Ogún já
Alákòró elénun alákòró elénun ó Akorô wá dê arê rê
Ae ae ae alákòró elénun ó Irê ilê ogun já ô
Alácorô élénun alácorô élénun ô Ogun de lutas que chegue a nós
Aê aê aê alácorô élénun ô em feliz de Irê
O Senhor do akorô vangloria-se (de suas lutas) Ogun que luta de elmo que nos protege
O Senhor do akorô é aquele que conta bravatas. (Chegue a nós) faça a nossa casa feliz Ogun
Òsóòsí
Oxossi é filho de Iemonjá com Orunmila. É a divinização da floresta, reinando sobre o verde,
sobre os animais selvagens, dos quais é considerado o dono e dos quais tem todas as virtudes. Oxossi é
sagaz como o leopardo, forte como o leão, leve como o pássaro, silencioso como o tigre, observador
como a coruja. Sabe se esconder como um tatu, é vaidoso como um pavão, corre como os coelhos, sobe
em árvores como macacos, conhece os animais profundamente e com eles partilha o conhecimento da
natureza.
Dizem os mitos que aprendeu a caçar com seu irmão Ogun, quando este lhe deu as pontas de
flechas e, mais tarde, a espingarda. A essência de Oxossi é “atingir um objetivo”. Fixar o alvo e atingi-lo.
Alimentar a família. Oxossi sempre foi o responsável por alimentar a família. É considerado o orixá que
dá de comer às pessoas, pois sob seus domínios estão os animais e os vegetais. Assim, invoca-se a
energia de Oxossi quando se quer encontrar algo ou atingir algum objetivo e para prover sustento
(moral ou físico) durante as jornadas.
Invoca-se Oxossi, o patrono da natureza, quando se quer encontrar remédios para certos males,
embora seja necessário pedir para Ossain que o remédio faça efeito. Ogum assim o fez, mas como
Oxossi relutasse em voltar ao lar, e ao voltar desfeiteasse sua mãe, esta o proibiu de viver dentro da
casa, deixando-o ao relento. Como havia prometido ao irmão ser sempre seu companheiro, Ogum foi
viver também do lado de fora da casa.
Oxossi tornou-se o melhor dos caçadores e diz o mito que foi ele quem livrou Araketu, sua
cidade, de um grande feitiço das perigosíssimas ajés (feiticeiras africanas) Iyami Osorongá, que se
transformam em pássaros e atacam as pessoas e cidades com doença e miséria.
Tendo uma das feiticeiras pousado sobre o palácio do rei do Ketu e os demais caçadores do reino
perdido todas as suas flechas tentando mata-la, Oxossi, com apenas uma, deu cabo do perigoso
pássaro, tendo sido conclamado o rei do Ketu. Pede-se a Oxossi, portanto que destrua feitiços ou
energias maléficas.
Um dia, enquanto caçava elefantes para retirar-lhe as presas, Oxossi encontrou e apaixonou-se
por Osun, a deusa das águas doces e do ouro que repousa em seus leitos, e com ela teve um filho,
Logun-Edé. Filho da floresta com as águas dos rios, Logun-Edé é considerado o orixá da riqueza e da
fartura, que ambos os domínios apresentam e dos quais compartilha.

Òsónyìn
Ossain é a energia mágico/curativa das folhas e por isso divinizada na forma do senhor das folhas
e dos remédios. Seu interesse pela ciência tornou-o um solitário desde que desceu o Orun (o céu
Yoruba). Embrenhou-se pelas florestas e vive para descobrir e se apoderar dos segredos mágicos das
folhas, o elemento mais importante, sem dúvida, no candomblé. Alguns mitos dizem que Ossain
aprendeu os segredos das folhas com Aroni, uma espécie de gnomo africano, que tem uma perna só, e
com os pássaros, alguns deles a forma tomada pelas temíveis feiticeiras africanas (ajé) Iyami Osorongá,
cujo nome não deve ser pronunciado para não atraí-las.
Sentindo-se sozinho, enfeitiçou Oxossi, a quem sempre encontrava nas matas, e o levou para os
fundos destas onde lhe ensinou muitos segredos e pretendia mantê-lo, (alguns mitos dizem que como
amigo, outros dizem que como amante) o que Yemonjá e Ogum não permitiram, voltando Ossain a sua
solidão.
Segundo o mito, Xangô, o deus do trovão, desejando obter os fundamentais poderes de Ossain,
pediu à sua mulher, Iansan, a deusa dos ventos e das tempestades, que ventasse muito no lugar onde
morava Ossain, para que as folhas sagradas que guardava em sua cabaça de segredos fossem
espalhadas e ela pudesse apanha-las. Por seu amor a Xangô, Iansan assim fez. No entanto, quando o
vento espalhou as folhas todos os orixás correram para apanha-las, sabendo de seus poderes.
Ossain, ao ver o que acontecia, pronunciou palavras mágicas que solicitavam que as folhas
voltassem às matas, sua casa e seu domínio. Todas as folhas voltaram, mas cada orixá ficou
conhecendo o poder daquelas que conseguiu apanhar. Só que elas não tinham o mesmo Asé (poder e
energia) do que quando estavam sob o domínio de Ossain. Para evitar novos episódios de roubo e
inveja, Ossain permitiu, então, que cada orixá se tornasse dono de algumas folhas cujo poder mágico de
conhecimento e de cura ele liberaria quando lhe pedissem ao retira-las de suas plantas. Em troca exigiu
que jamais cortassem ou permitissem o corte de uma planta curativa ou mágica.
Toda a medicina Yoruba se baseia, portanto, nos poderes de Ossain, sobre as folhas-remédio e
Obaluaiê, o deus que rege as doenças graves. Ambos os orixás são muito temidos e respeitados, porque
também entre os Iorubas, o mesmo princípio que cura, mata. Remédio e veneno são questão de grau.
Cantigas de Òsóòsí
Ode òkè aro!
Salve o caçador!(Aquele de alta graduação honorífica)
1 Senhor da terra
Ofá yéyé f’igbô O filho do caçador é aquele que pode punir
Odé f’igbô É o caçador que está no topo (acima de tudo)
Ofá yéyé f’igbô
Omorodé 5
Ofará iéié fibô Omorodé kossi ilê arole ago mi Ifá
Odé fibô Omorodé kossi ilê arole ago mi Ifá
Ofará iéié coxé Kòiá kòia Olúwaiyé
Omorodé Ode kossi ilê arole ago mi Ifá
Seu arco e flecha são adequados para a floresta omorodé cossilê arole ago mi fá
Para caçar na floresta omorodé cossilê arole ago mi fá
Seu arco e flecha são adequados e apropriados coiá coiá oluaiê
Para formar novos caçadores odé arole ago mi fá
O filho do caçador não caça em casa;
2 Ele pede licença arco e flecha.
Araiê Ode arê rê okê Não nos castigue, não nos castigue Senhor da terra
Awá nìsó odé l’okê O caçador pede licença para a casa.
Omo ofá ó kú eron
Araiê odé arerê okê 6
Auanisó odé loquê Omorodé lai lai
Omo ofá aquerã Omorodé ki awá jò
Senhor da Humanidade nosso bom caçador Agbà awá bo owo l’Oko igbò
Nós o chamamos para aprendermos a caçar Omorodé lai lai
Filho do arco e flecha que mata a caça Omorodé qui ua jô
Abauabo loco co ibo
3 Omorodé oluaiê
Araiê Ode arê rê okê Filho do caçador para sempre
E omorodé seke Irokô Filho do caçador para quem nós dançamos
Araiê odé arê rê okê Nossa comunidade de agricultores o cultua na fazenda
Oni ewá l’igbô e não no bosque
Araiê odé arerê oquê O filho do caçador é o senhor da terra.
E omorodé xeque iroco
Onieuálô ibô 7
Senhor da Humanidade nosso bom caçador Omorodé L’Oní
O filho do caçador origina-se das folhas de iroko Omorodé Olúwaiyé
Senhor belo e poderoso da floresta omorodé loni
omorodé oluaiê
4 O filho do caçador é o senhor
Omorodé l’ ìjeníiyà ô O filho do caçador é o senhor da terra
Olúwaiyé
Omorodé l’ ìjeníiyà ô 8
omorodé lo igeniuaô Oní ewò oní ewò
Oluaiê Bèru Bèru Bèru
Omorodé lo igeniuaô Oniuô niuô
Odé coque Berú berú berú
O filho do caçador é aquele que pode punir Ele possui veneno, Ele possui veneno
Que nos amedronta (que mete medo) 13
Ofà Ode obá tafà
Ma un ma un
Ofá odé obá tafá
Maun maun
O caçador do arco e flecha, o Rei arqueiro
Não exagera, Não exagera
9
Ò Ìdarò
Ò Ìdarò Irunmalè Cantigas de Òsónyìn
Ò Ìdarò lè Béèni uô Ewé, ewé !
Ò Ìdarò Irunmalè (Oh folhas, Oh folhas!)
Ô Idarô Kosi ewé, kosi orisá!
Ô Idarô irunmalé (Sem folhas, sem orixás)
Ô Idarô lê bé miô
Ô Idarô irunmalé 1
Ele é independente
Ele é o irunmalé independente Pèrègùn olowè titùn ô
Ele é independente e pode tornar-me também Pèrègùn olowè titùn
Ele é irunmalé independente Gbogbo pèrègùn olowé lèsé
Pèrègùn olowè titùn ô
10 Peregun alauê titun ô
Awá tafá tafá Ode Peregun alauê titun
Awá tafá tafá Awo Bobo peregun alaue lessé
Awá Aráiê Peregun alauê titun ô
Awá tafá tafá Ode Peregun é o dono das folhas novas e frescas
auá tafá tafá rodé Peregun é o dono das folhas novas e frescas
auá tafá tafá auô Todos os pereguns cultuam as folhas novas e frescas
auá araiê Peregun é o dono das folhas novas e frescas
auá tafá tafá rodé
Nosso arqueiro caçador 2
Nosso arqueiro de cor (negro)
Da nossa humanidade Awá sorò ki Inón
Nosso arqueiro caçador Odò rodùn
Pèrègùn olowè titùn
11 awá xoro xi mã
Ode Ba nì là odorodun
Asè Omì orò peregun alauê titun
Odé bainlá Nós não cultuamos o fogo
Axé omirô Nos caminhos do rio
O caçador tem Peregun é dono das folhas novas e frescas
O poder do segredo da água
3
12
Lae lae oní T’ofà Ode Abebe nbo, Abebe nbo
Ode nì T’ofà Ewé Abebe
Lae lae oni tofá dodé Abebe nbo, Abebe nbo
Odé ni tofá Ewé Abebe
O senhor caçador dono do arco e flecha Abebe umbó, abebe umbó
O caçador tem o arco e flecha eue abebe
Abebe umbó, abebe umbó Igba nbò mi agué nì Orô
eue abebe Ae ae
O abebe cultuamos, o abebe cultuamos Igba nbò mi agué nì Orô
As folhas do abebe, Ae agué
O abebe cultuamos, o abebe cultuamos Ibabo xé mi agué ni orô
As folhas do abebe Ae ae
Ibabo xé mi agué ni orô
Ae agué
Cabaça faça-me crer em Orô
Ae ae
4 Cabaça faça-me crer em Orô
Ae Agué
Mò jewé Pè mò sorò ô
Mò jewé Pè mò sorò 8
Ò bè l’òwò mi, Ò bè l’òwò mi
Mò jewé Pè mò sorò Itòrórò agué, agué itòrórò
Mó jéuê pê mó soró ô Sa gbin
Mó jéuê pê mó soró itororô agué, agué itororô
Ô bê lóuó mi, ó be lóuó mi xa gin
Mó jéuê pê mó soró é ungida a cabaça, a cabaça é ungida
Ela é a folha a quem demoradamente eu falo somente um pouco
Ela é a folha a quem demoradamente eu falo
Ela me dá suporte e me ajuda 9
Ela é a folha a quem demoradamente eu falo
Agué ma Inón o pa idà
5 Agué ma Inón o pa ida ò
Agué ma ina opa ada
Erò Irokò izò Agué ma ina opa ada ô
Erò Irokò esín ilè Ágüe não quer fogo nem facão que o mata
eró iroko izô Ágüe não quer fogo nem facão que o mata
eró iroko sin ilê
A calma é de iroko que quebra o vento 10
A calma é de iroko que cultuamos em nossa casa
Ewé, ewé, ewé
6 Agué ifo to idà Ifá
ewé, ewé, ewé
Ata kò rojù ewé ò agué isso to adáfa
Aféfé kò rojù igbò óògun Folha, folha, folha
Ata kò rojù ewé ò De agué quando quebra o vento nós cultuamos Ifá
Aféfé kò rojù igbò óògun
ata co roju eué ô
a lelé co roju ibogun
ata co roju eué ô
a lelé co roju ibogun
Pimenta não é mais forte que a folha
Vento não é mais forte que a floresta de remédios
Pimenta não é mais forte que as folhas
Vento não é mais forte que a floresta de remédios

7
Obalúwàiyé
Obaluaiê ou Omolu é a energia que rege as pestes como a varíola, sarampo, catapora e outras doenças de pele.
Ele representa o ponto de contato do homem (físico) com o mundo (a terra). A interface pele/ar. A aparência das coisas
estranhas e a relação com elas. Ele também rege as doenças transmissíveis em geral. No aspecto positivo, ele rege e cura,
através da morte e do renascimento.
Diz o mito que Obaluaiê é filho de Nanã (a lama primordial de que foram feitas as cabeças – oris – humanas) e
Oxalá, tendo nascido cheio de feridas e de marcas pelo corpo como sinal do erro cometido por ambos, já que Nanã seduziu
Oxalá, mesmo sabendo que ele era interditado por ser o marido de Yemonjá.
Ao ver o filho feio e malformado, coberto de varíola, Nanã o abandonou à beira do mar, para que a maré cheia o
levasse. Yemonjá o encontrou quase morto e muito mordido pelos peixes, e tendo ficado com muita pena, cuidou dele até
que ficasse curado. No entanto Obaluaiê ficou marcado por cicatrizes em todo o corpo, e eram tão feias que o obrigavam a
cobrir-se inteiramente com palhas. Não se via de Obaluaiê senão suas pernas e braços, onde não fora tão atingido.
Aprendeu com Yemonjá e Oxalá como curar estas graves doenças. Assim cresceu Obaluaiê, sempre coberto por palhas,
escondendo-se das pessoas, taciturno e compenetrado, sempre sério e até mal-humorado.
Um dia, caminhando pelo mundo, sentiu fome e pediu às pessoas de uma aldeia por onde passava que lhe dessem
comida e água. Mas as pessoas assustadas com o homem coberto desde a cabeça com palhas expulsaram-no da aldeia e
não lhe deram nada. Obaluaiê, triste e angustiado, saiu do povoado e continuou pelos arredores, observando as pessoas.
Durante este tempo os dias esquentaram, o sol queimou as plantações, as mulheres ficaram estéreis, as crianças cheias de
varíola e os homens doentes. Acreditando que o desconhecido coberto de palha amaldiçoara o lugar, imploraram seu
perdão e pediram que ele novamente pisasse na terra seca.
Ainda com fome e sede, Obaluaiê atendeu ao pedido dos moradores do lugar e novamente entrou na aldeia,
fazendo com que todo o mal acabasse. Então homens os alimentaram e lhe deram de beber, rendendo-lhe muitas
homenagens. Foi quando Obaluaiê disse que jamais negassem alimento e água a quem quer que fosse, tivesse a aparência
que tivesse. E seguiu seu caminho.
Chegando à sua terra, encontrou uma imensa festa dos orixás. Como não se sentia bem entrando numa festa
coberto de palhas, ficou observando pelas frestas da casa. Neste momento Iansã, a deusa dos ventos, o viu nesta situação
e, com seus ventos levantou as palhas, deixando que todos vissem um belo homem, já sem nenhuma marca, forte, cheio
de energia e virilidade. E dançou com ele pela noite adentro. A partir deste dia, Obaluaiê e Iansã se uniram contra o poder
da morte, das doenças e dos espíritos dos mortos, evitando que desgraças aconteçam entre os homens.
Os Yorubá acreditam que este mito nos mostra que o mal existe, que ele pode ser curado, mas principalmente que
é preciso ter consciência do momento em que ele terminou, sabendo recomeçar após um violento sofrimento.
Obaluaiê rege também a força da terra (herdado de sua filiação a Nanã), a umidade dela (por sua adoção por
Yemonjá) e as doenças das plantações.
Òsùmàrè
Oxumarê é a energia das cores, da luz, do sol após as chuvas, do arco-íris, e por isso mesmo é associado às
serpentes, que são muito coloridas e poderosas.
Conta o mito que apesar de tudo que houvera com Obaluaiê, Nanã e Oxalá tiveram outro filho. Este era Oxumarê.
Contudo, como novamente eles haviam desobedecido aos preceitos de Orunmila, Oxumarê nasceu sem braços e sem
pernas, com a forma de serpente, rastejando pela terra, e ao mesmo tempo com a forma de homem. Mais uma vez
decepcionada Nanã abandonou Oxumarê.
Oxumarê entretanto possuía grande capacidade adaptativa e, mesmo sem membros para locomover-se, possuía
imensa astúcia e inteligência, aprendeu a subir em árvores, a caçar para comer, a colher as batatas doces de que tanto
gostava, e a nadar.
Orunmila, o deus da adivinhação do futuro, admirando-se e apiedando-se dele, tornou-o um orixá belo, de sete
cores de luz, encarregando-o de levar e trazer as águas do céu para o palácio de Xangô. È Oxumarê, portanto quem traz
as águas da chuva e é a ele que se pede que chova.
Como seu percurso era longo, Oxalá, seu pai, fez com que ele tomasse a forma do arco-íris quando tivesse essa
missão a realizar. Com as águas da chuva, Oxumarê traz as riquezas aos homens ou a pobreza. Oxumarê vive com sua
irmã Ewá no fim do arco-íris.
Nàná
Nanã é a lama primordial, o barro, a argila da qual são feitos os homens. Dela saem seres perfeitos e imperfeitos,
modelados por Oxalá e cuja cabeça é preparada pelo sensível Ajalá.
Dizem os mitos que antes de criar o homem, do barro, Oxalá tentou cria-lo de ar e de fogo, de água, pedra e
madeira, mas em todos os casos havia dificuldades. O homem de ar esvaecia; não adquiria forma. O de fogo consumia-se,
o de pedra era inflexível e assim por diante. Foi então que Nanã se ofereceu a Oxalá, para que com ela criasse os homens,
impondo, contudo, a condição de que quando estes morressem fossem devolvidos a ela.
Sendo o barro, Nanã está sempre no princípio de tudo, relacionada ao aspecto da formação das questões
humanas, de um indivíduo e sua essência. Ela é relacionada também, freqüentemente, aos abismos, tomando então o
caráter do inconsciente, dos atavismos humanos. Nanã tanto pode trazer riquezas como miséria. Está relacionada, ainda,
ao uso das cerâmicas, momento em que o homem começa a desenvolver cultura. Seja como for, Nanã é o princípio do ser
humano físico. E assim é considerada a mais velha das Iabás (orixás femininos).
Dizem os mitos que nunca foi bonita. Sempre ranzinza, instável, sua aparência afastava os homens, que dela
tinham medo. Como já vimos nos mitos de Obaluaiê o Oxumarê , ela os gerou defeituosos, por ter quebrado uma
interdição e mantido relações sexuais com Oxalá, marido de Iemanjá. Abandonou a ambos, que foram criados por outros
orixás, e acabou sozinha quando Ewá, para fugir de um casamento que sua mãe lhe impingia, foi morar no horizonte entre
o céu e o mar.

Cantigas de Obalúwàiyé
Atótóo! Omolú Olúké a jí béèù sapada!
(Silêncio! O filho do Senhor é o Senhor que grita, nós acordamos com medo e corremos de volta!)
1 Afaradá alê ijô umbêlê
Onílè wà àwa lésè òrìsá Dance em nossa casa, dance. (3 x)
Opé ire onílè wá a lésè òrìsá Opé ire Dando força e energia à nossa casa.
E kòlòbó e kòlòbó sín sín sín sín Kòlòbó Dançando ele dá proteção à casa.
E kòlòbó e kòlòbó sín sín sín sín Kòlòbó 6
Ôníléuá auá léssé orixá Aráayé a je nbo, Olúbàje a je nbo
Ópué irê Ôníléuá auá a léssé orixá Ópué irê Aráayé a je nbo, Olúbàje a je nbo
É Côlôbô É Côlôbô sim sim sim sim côlôbô (2 x) Aráaiê ajé umbó, olúbajé ajé umbó (2 x)
O Senhor da terra está entre nós que cultuamos orixá. Povo da terra, vamos comer e adorá-lo, o senhor
Agradecemos felizes pelo Senhor da terra estar entre aceitou comer.
nós que cultuamos orixá.Agradecemos felizes. 7
Em sua pequena cabaça traz remédios Ó ní a ló ìjeníìyà Ajàgun tó ló ìjeníìyà olúwàiyé
para livrar-nos das doenças. Táálá bé okùnrin
2 O táálá bé okùnrin wa ki lo kun táálá bé okùnrin
Ó àfomó ó fá ojú rè mò fá, aráayé njó jó Abénilórí ìbé ó ní je olúwàiyé táálá bé okùnrin
Aráayé a njó onílè, aráayé njó jô Ôní a lô ijéninha ajagun tôlô ijéninha ôlúuaiê
Afômó ôfá ojúré mófá aráaiê unjôjô Táalabé ócunrin
Aráaiê a unjôônilê aráaiê unjôjô Ô táalabé ócunrin uá quilocun táalabé ócunrin
Ele é contagioso, ele faz a limpeza. Abénilôrí ibéri ônijé ôlúuaiê táalabé ócunrin
Seu olhar tira o contágio das doenças. Ele pode fazer secar a cabeça do homem,
A humanidade dança, dança a humanidade levá-lo embora e esculpir a cabeça do homem.
Nós dançamos para o senhor da casa Ele pode fazer definhar, matar a cabeça do homem. É
A humanidade dança o executor, o que decapta sua cabeça.
3 Ele é o Senhor da terra, que definha e decapta o
Omolú pê a júbà a èko, oníyê homem, ele pode nos castigar. O guerreiro que pode
Omolú pê a júbà a èko, oníyê castigar. Senhor da terra, que definha e decapta.
Ómólú puê a júbá a écó ôniiê (2 x) 8
Omolú, vos pedimos que nos abençoe A jí dàgòlóònòn kí wa sawo orò, dàgò ilé ilé,
E nos ensine, senhor da boa memória Dàgòlóònòn kí wa sawo orò, dàgò ilé ilê.
4 A ji dagôlônã qui uá xaôrô dagô ilêilê
Olórí ìjeníìyà a pàdé, Olórí pa Dagôlônã qui uá xaôrô dagô ilêilê
Olórí ìjeníìyà a pàdé, Olórí pa Ao acordar pedimos licença ao senhor do caminho
Olôri ijéninha a padé, Olorípa (2 x) Aquele a quem fazemos o culto tradicional, dê licença
O Senhor que mata, o Senhor que castiga À nossa casa, que pede licença no caminho a quem
vem ao nosso encontro. nós fazemos o culto tradicional.
5 9
Jó a lé ijó, é jó a lé ijó, é jô a lé ijó, Omolú pè olóre a àwure e kú àbò
Àfaradà a lé njó ó ngbèlé Omolú pè olóre a àwure e kú àbò
Jôalê ijô ê jôalê ijô ê jôalê ijô Omolú puê olôre auúrê écuabó (2 x)
Omolú te pedimos Senhor da sorte, que use o teu 11
Feitiço para nos trazer boa sorte e sejas bem-vindo. Kóró nló awo, kóró nló awo, sé ó gbèje
10 Kóró nló awo, kóró nló awo, sé ó gbèje
Ó ìjeníìyà bàbá a sin e gbogbo wa lé Côrô unló auô, kôrô unló auô, xê ô bêjé (2 x)
Ó ìjeníìyà bàbá a sin e gbogbo wa lé ó Ele se dirige para ir embora do culto, ele vai embora
Ô ijéninha babá a sim é bôbô uálê (2 x) do culto, ele aceitou comer.
Ele é o pai que castiga, nós vos cultuamos, senhor, e
toda nossa casa.

Cantigas de Òsùmàrè
Àróbò bo yi!
Vamos cultuar o intermediário que é elático(que se estica)!

Lêlê morí ô rabatá lêlê morí ôxumarê ô


01 Ôxumarê uálêlê morí ôxumarê
Kéke rá lé mi rá lé wa, kéke rá lé mi rá lé wa Ele está sobre a casa, eu vi, ele é imenso
Ra lé mi rá lé wa, rá lé mi rá lé wa. (gigantesco).
Quéqué ralêmi ralêuá quéqué ralêmi ralêuá Ele está sobre a casa, eu vi, Oxumarê.
Ralêmi ralêauá ralêmi ralêuá Oxumarê está sobre a casa, eu vi Oxumarê
Em silêncio, ele rasteja sobre mim,
Rasteja sobre nós, rasteja sobre mim, 05
Rasteja sobre nós. Aláàkòró lé èmi ò aláàkòró lé ìwo
Aláàkòró lé èmi ò aláàkòró lé ìwo
02 Alácôrô lêêmi ô alácorô lêiuó
Òsùmàrè ó dé wa lé Òsùmàrè Alácôrô lêêmi ô alácorô lêiuó
Ó dé wa lé o ràbàtà, ó dé wa lé Òsùmàrè O Senhor do ákòró está sobre mim
Ôxumarê ôdeualê ôxumarê O Senhor do ákòró está sobre você.
Ôdêualê rabatá ôdeualê ôxumarê
O Deus do arco-íris (Òsùmàrè) chegou à nossa 06
casa, Tímòn, tímòn-tímòn Òsùmàrè a imòn,
Deus do arco-íris. Ele chegou à nossa casa e é Tímòn, tímòn-tímòn Òsùmàrè a imòn
imenso Timán timán-tíman ôxumarê a iman
(gigantesco). Ele chegou à nossa casa, O Deus do Timán timán-tíman ôxumarê a iman
arco-íris. Intimamente, nós conhecemos Oxumarê
Intimamente. Intimamente, nós conhecemos
03 Oxumarê intimamente.
Òsùmàrè ó ta kéré, ta kéré, o ta kéré
Òsùmàrè ó ta kéré, ta kéré, o ta kéré 07
Ôxumarê ô ta quere ta quere ô ta quere Àmòntòn yìí, àmòntòn òjòó é é é
Ôxumarê ô ta quere ta quere ô ta quere Àmòntòn òjòó, ó fí ó fí ofe
O Deus do arco-íris movimenta-se rapidamente Àmòntòn yìí, àmòntòn òjòó ràbàtà l’òrun ó
Para adiante, adiante, adiante Wulè, àmòntòn yìí, àmòntòn òjòó ó fí ó fí ofe
Amantánhii amantán ôjôô ê ê ê
04 Amantánhii amantán ôjôô ôfi ôfi ófé
Lé’lé mo ri ò ràbàtà, lé’lé mo ri Òsùmàrè ó, Amantánhii amantán ôjôô ê ê ê rabatá lórun ô
Òsùmàrè wàlé’lé mo ri Òsùmàrè. Uulé amantánhii amantán ôjôô ôfi ôfi ófé
Ele conhece esta chuva ê ê ê, ele conhece esta Esta chuva, ele é gigantesco no céu e fura a terra
chuva, (adentra), ele
Ele usa feitiço que o faz saltar muito alto, ele Conhece esta chuva, ele usa feitiço
conhece Que o faz saltar muito alto.

Cantigas de Nàná
Sálù ba Nàná Burúkú!
Nos refugiaremos com Nàná da morte ruim!

01
E Nàná olúwàiyé e pa e pa
E Nàná olúwàiyé e pa e pa 04
Ê nanã oluuaiê é pa é pa E taláàyà àjò olúwodò ki wa àjò
Ê nanã oluuaiê é pa é pa E taláàyà àjò olúwodò ki wa àjò
Nanã, a Senhora da terra, senhora da terra que É taláiajô oluuôdo quiuajô
mata É taláiajô oluuôdo quiuajô
Nanã, a Senhora da terra, senhora da terra que Senhora que pode exasperar-nos numa viagem
mata Senhora do rio (das margens) quando estamos
viajando

02 05
E ti mòn sòn fún omoode, e ti mòn jé ó, Awá ló bímon ayò Olóko, Nàná ayò,
E ti mòn sòn fún omoode, e ti mòn jé ó. Awá ló bímon ayò Olóko, Nàná ayò.
É tíman sanfum ómóódé é ti man jéô Auá lóbiman aió ólócó nanã aió
É tíman sanfum ómóódé é ti man jéô Auá lóbiman aió ólócó nanã aió.
Senhora que sabe ser boa para os filhos dos Nós podemos tomar outra direção para termos
caçadores, ela sabe ser boa (protege). alegria
Do nascimento de filhos. Nanã Ólócó (aquela que
tem poderes
para chamar um parente morto para aparecer como
03 Egúngún),
Òdì Nàná ewà, lewà lewà e Faça-nos felizes; nós podemos tomar outra direção
Òdì Nàná ewà, lewà lewà e para termos a
Ôdi nanã ni euá legua legua ê Alegria do nascimento de filhos.
Ôdi nanã ni euá legua legua ê Nanã Ólócó faça-nos felizes.
A outa face (outro lado) de Nanã é bonita,
A outra face de Nanã é bonita.
06
Ó ìyá wa òré ó ni ayalóòde, ó ìyá wa òré
Ó ni ayalóòde. Ela é a nossa mãe e amiga, ela é Senhora da alta
Ô íáua óré ôni aialôôdê ô íáua óré sociedade
Ôni aialôôdê.

Òsún
Oxum é a força dos rios, que correm sempre adiante, levando e distribuindo pelo mundo sua água que mata a
sede, seus peixes que matam a fome, e o ouro que eterniza as idéias dos homens nele materializada. Como as águas dos
rios, a força de Oxum vai a todos os cantos da terra. Ela dá de beber as folhas de Ossain, aos animais de Oxossi, esfria o
aço forjado por Ogum, lava as feridas de Obaluaiê, compõe a luz do arco-íris de Oxumarê.
Oxum é por isso associada à maternidade, da mesma maneira que Yemonjá. Por sua doçura e feminilidade, por
sua extrema voluptuosidade advinda da água, Oxum é considerada a deusa do amor. A Vênus africana.
Como acontece com as águas, nunca se pode prever o estado em que encontraremos Oxum, e também não podemos
segura-la em nossas mãos. Assim, Oxum é o ardil feminino. A sedução. A deusa que seduziu a todos os orixás masculinos.
Diz o mito que Oxum era a mais bela e amada filha de Oxalá. Dona de beleza e meiguice sem iguais, a todos
seduzia pela graça e inteligência. Oxum era também extremamente curiosa e apaixonada por um dos orixás, quis aprender
com Orunmilá, o melhor amigo do seu pai, a ver o futuro. Como o cargo de Oluô (dono do segredo) não podia ser ocupado
por uma mulher, Orunmilá, já velho, recusou-se a ensinar o que sabia a Oxum. Oxum então seduziu Exú, que não pode
resistir ao encanto de sua beleza e pediu-lhe que roubasse o jogo de ikin (cascas de coco de dendezeiro) de Orunmilá. Para
assegurar seu empreendimento Oxum partiu para a floresta em busca das Iyami Oxorongá, as perigosas feiticeiras
africanas, a fim de pedir também a elas que a ensinassem a ver o futuro. Como as Iyami desejavam provocar Exú há
tempos, não ensinaram Oxum a ver o futuro, pois sabiam que Exú já havia roubado os segredos de Orunmilá, mas a fazer
inúmeros feitiços em troca de que cada um deles recebessem sua parte.
Tendo Esú conseguido roubar os segredos de Orunmilá, o deus da adivinhação se viu obrigado a partilhar com Oxum os
segredos do oráculo e lhe entregou os dezesseis búzios com que até hoje jogam. Oxum representa, assim a sabedoria e o
poder feminino. Em agradecimento a Exú, Oxum deu-lhe a honra de ser o primeiro orixá a ser louvado no jogo de búzios, e
entrega a eles suas palavras para que as traga aos sacerdotes. Assim, Oxum é também a força da vidência feminina. Mais
tarde Oxum encontrou Oxossi na mata e apaixonou-se por ele. A água dos rios e as florestas tiveram então um filho
chamado Logun-Edé, a criança mais linda, inteligente e rica que já existiu.
Apesar do seu amor por Oxossi, numa das longas ausências deste, Oxum foi seduzida pela beleza, os presentes
(Oxum adora presentes) e o poder de Xangô, irmão de Oxossi, rompendo sua união com o deus da floresta e da caça.
Como Xangô não aceitou Logun-Edé em seu palácio, Oxum abandonou seu filho, usando como pretexto a curiosidade do
menino, que um dia foi vê-la banhar-se no rio. Oxum pretendia abandoná-lo sozinho na floresta, mas o menino se esconde
sob a saia de Iansã, a deusa dos raios, que estava por perto. Oxum deu então seu filho a Iansã e partiu com Xangô
tornando-se, a partir de então, umas de suas esposas prediletas e companheira cotidiana.
Oyá
Iansã é a forças dos ventos, dos furacões, das brisas que acalmam, das coisas que passam como o vento, dos
amores efêmeros, sensuais, das tempestades, que assolam a existência, mas não duram para sempre. Iansã ajudava
Ogum na forja dos metais, soprando o fogo com o fole para aviva-lo mais e mais, e assim fabricarem mais ferramentas
para trabalhar o mundo e armas para as guerras de que ambos tanto gostavam. Por seu temperamento livre e guerreiro,
Iansã era uma companheira perfeita para Ogum. Diz o mito que Iansã não podia ter filhos, por isso adotou Logun-Edé,
filho abandonado por Oxum, e o criou durante algum tempo.
Diz o mito, também, que Iansã era tão linda que, para fugir ao assédio masculino vestia-se com uma pele de
búfalo, e saía para a guerra. Que era amiga tão leal que foi ela a primeira a realizar uma cerimônia de encaminhamento da
alma de um amigo caçador ao orum (céu). Iansã não parava jamais. Um dia em que Xangô foi visitar seu irmão Ogum e
encomendar-lhe armas para a guerra, Iansã (também conhecida como Oyá) apaixonou-se por Xangô, e partiu para viver
com ele, deixando Logun-Edé com Ogum, que terminaria de cria-lo. A partir de então, tornou-se uma das três esposas de
Xangô e com ele reina e luta, enviando seus ventos para limpar o mundo e anunciando a chegada dos raios e trovões de
seu amado.
Lògún-Ode
Logun-Edé, chamado geralmente apenas de Logun, é o ponto de encontro entre os rios e as florestas, as
barrancas, beiras de rios, e também o vapor fino sobre as lagoas, que se espalha nos dias quentes pelas florestas. Logun
representa o encontro de natureza distintas sem que ambas percam suas características. É filho de Oxossi com Oxum, dos
quais herdou as características. Assim, tornou-se o amado, doce e respeitado príncipe das matas e dos rios, e tudo que
alimenta os homens, como as plantas, peixes e outros animais, sendo considerado então o dono da riqueza e da beleza
masculina. Tem a astúcia dos caçadores e a paciência dos pescadores como principais virtudes.
Dizem os mitos que sendo Oxossi e Oxum extremamente vaidosos, não puderam viver juntos, pois competiam
pelo prestígio e admiração das pessoas e terminaram separando-se. Ficou combinado entre eles que Logun-Edé viveria seis
meses nas águas dos rios com Oxum e seis meses nas matas, com seu pai Oxossi. Ambos ensinariam a Logun a natureza
dos seus domínios. Ele seria poderoso e rico, além de belo. No entanto, o hábito da espreita aprendido com seu pai, fez
com que, um dia, curioso a respeito da beleza do corpo de sua mãe, de que tanto se falava nos reinos das águas, Logun-
Edé vestindo-se de mulher fosse espiá-la no banho. Como Oxum estivesse vivendo seu romance com Xangô, tio de Logun,
e Xangô tivesse exigido como condição do casamento que ela se livrasse de Logun, Oxum aproveitou a oportunidade para
punir Logun abandonando-o na beira do rio. Iansã o encontra, e fascinada pela beleza da criança leva Logun para casa
onde, juntamente com Ogum, passa a cria-lo e educa-lo.
Com Ogum, Logun-Edé aprendeu a arte da guerra e da forja, e com Iansã, o amor a liberdade. Diz o mito que
Logun tinha tudo, menos o amor das mulheres, pois mesmo Iansã, quando roubada de Ogum por Xangô, abandona Logun
com seu tio, criando assim um profundo antagonismo entre Xangô e Logun, já que por duas vezes Xangô lhe tira a mãe.
Em outro episódio Logun vai brincar nas águas revoltas (a deusa Obá, também esposa de Xangô) e esta tenta
mata-lo como vingança contra Oxum que lhe fizera uma enorme falsidade. Oxum, vendo em seu jogo de búzios o que
estava sucedendo com seu filho abandonado, pede a Orunmilá que o salve e este, que sempre atendia às preces da filha
de Oxalá, faz uma oferenda a Obá que permite então que os pescadores salvem Logun-Edé, encarregando-o de proteger, a
partir daquele dia,os pescadores, as navegações pelos rios e todos os que vivessem à beira das águas doces.

Cantigas de Ọșùn
Rọra Yèyé ó fí dé ri ọmọn!
(Mãe cuidadosa, aquela que usa coroa e olha seus filhos – Rainha e Mãe)
01 Olôomimáa olôomi máaió
Yèyé, yèyé, yèyé o Olôomi máaió énhinaba odô Ô iêiê ô.
Ìya orò omi wa onì așè tò rì efạn Aladê Oxum, Oxum mi iêiê ô
E ọba kó só ayaba ó Senhoras das águas doces (sem sal)
Ìya orò omi wa onì așè tò rì efạn Sois a velha mãe do rio. Ó mamãe.
Iêiê iêiê iêiê ô Oxum dona da coroa, Oxum é minha mãe
Iá orô omiuá oní axé torí efon 07
E obá kossô aiaba ô Olówo ọbẹ un Oparạ
Iá orô omiuá oní axé torí efon Olówo ọbẹ un iyalóòde
Mamãe, mamãe, mamãe, nossa mãe dos segredos das Réwé réwé réwé Olówo ọbẹ un iyalóòde
águas. Senhora do axé de Efon, Rainha do reino Olôbé um Opará
sagrado. Nossa mãe dos segredos das águas, Olôbé um iálôdê
Senhora do axé de Efon. Reuê reuê reuê Olôbé um iálôdê
02 A Senhora da espada é Opará
Kẹẹ-Kẹẹ Ọșùn omi șorò odò, A yìn mọ a yìn mọ Senhora da espada e primeira dama da sociedade
Quéqué óxum omixorôdô, Anhimã anhimã Que conta bravatas, senhora da espada e primeira dama
Aos poucos Oxum torna as águas dos rios sagradas. da sociedade
Aos poucos vos conhecemos 08
03 A ri bẹ dé ó omi ro, A ará wa omi ro
Ìya omi ní ibú odòomi rò Òrișa ó lé lé L’atì ajé șẹ ọmọ l’ọșùn omi ro, A ará wa omi ro
Iá ominibú ôdoômirô oríxá ô lêlê Aribé deô omirô a aráuá omirô
Mãe das águas profundas que correm nos rios Lati jéxé omoloxum omiro a aráuá omirô
Orixá que paira sobre a nossa casa. Nós vimos o brilho de sua coroa, a água sagrada
04 pingou em nossos corpos para nos alimentar e nos
Yèyé e yèyé șorò odò (2x) preencher, filhos de Oxum, a água sagrada pingou
Olóomi ayé mọ șorò ọmọn fẹẹfẹ șorò odò em nós.
Iêiê ê iêiê xorôdô (2x) 09
Olôomi aiê mãxorômã Féefé xorôdô Omi nìwẹ ọmọ l’ọșùn omi nìwẹ (2x)
Mãe que faz o rio ser sagrado șẹkẹ -șẹkẹ náà dò ojú ẹ máà ojú omi nìwẹ olówó
Senhora das águas da Terra que dão vida Ominiuê omoloxun ominiuê (2x)
aos filhos e torna o rio sagrado. Xeque-xeque naadojú ê maaoju ominuê olouô
05 Banhem-se nas águas do rio filhos de Oxun,
Olóomi máà, olóomi máà iyọ É preso aquele que vai ao rio olha-la
Olóomi máà iyọ ẹnyin ayaba odò. Ó yéyé ó Nós não espiamos, o banho da rica senhora.
Aláadé Ọșùn, Ọșùn mi yèyé ó 10
Igbá ìyàwó igbá si Ọșùn ó rẹwà (2x) Mãe Oxum, a venerável senhora das águas
Àwa sìn ẹ ẹwà ìyabà 12
Igbá ìyàwó igbá si Ọșùn ó rẹwà Ọșùn ẹ lọọlá imọnlẹ lóomi, Ọșùn ẹ lọọlá
Ibáiáuô ibá si oxum ô reuá Ayaba imọnlẹ lóomi
Auá sim é eua iabá Oxum é lolá imanlé lôômí, Oxum é lolá
Ibáiáuô ibá si oxum ô reuá Aiaba imanlé lôômí.
A cabaça da noiva é para a bela Oxum Oxum que é tratada com todas as honras,
Nós damos para a bela Iabá Senhora dos espíritos das águas,
11 Oxum que é tratada com todas as honras.
Ará wa omi wa (2x) Rainha dos espíritos das águas
Ó yèyé Ọșùn omi olówo 13
Ará wa omi wa Yèyé yé olóomi ó, yèyé yé olóomi ó.
Aráuá omiuá(2x) Ayaba awá iyá Ọșùn (2x)
O iêiê Oxum omi olouô Iêiêiê olômiô iêiêiê olômiô
Aráuá omiuá Aiabá uáiá Oxum (2x)
Nosso corpo nossa água Mãe compreensível, dona das águas
Oxum nossa rainha e mãe
Cantigas de Ọya
Epa Hey! Oyá Mesan Ọrun!
(Salve Oyá a mãe dos nove céus)
01 Ọya tètè Ọya gbálẹ,Ọya tè-n-tè ayaba
Ọya kooro nílé ó geere-geere Ọya tètè, Ọya tè-n-tè Ọya.
Ọya kooro nlá ó gẹ àrá gẹ àrá Oiá têtê oiá balé oiá têuntê aiabá
Obírin șápa kooro nílé geere-geere Oiá têtê, Oiá têuntê Oiá.
Ọya kíì mọ rẹ lọ Oiá rapidamente varre a terra,
Oiá côoro nilê ô guerê-guerê Oiá está no topo, é a rainha.
Oiá côoro unlá ô gará gará 05
Ôbirin xapá côoro nilê o guerê-guerê Kooro níléàti mo tu-m-bá lẹ Ọya Ọya
Oiá qui a móréló Côoro nilê atí motumbalé oiá oiá
Oiá tiniu na casa incandescendo brilhantemente Oiá ressoou na casa e eu a reverenciei
Oiá tiniu com grande barulho afastando os raios humildemente.
Mulher arrasadora que ressoou na casa 06
sensualmente e inteligentemente Ó í kíì gbalé ẹ láárí ó, Ó íkíì gbalé (2x)
A Oiá cumprimentamos para conhece-la mais. Ada máà dé fi arà gẹ ngbélé
Ó íkíì gbalé ẹ láárí ó
02 Ô iquíi balé e lariô, ô iquíi balé (2x)
Ọya tó ko tó mu yà yà Adamadê fará gambêlê
Tó mu yan yan O iquíi balé lariô
Oiá to ko to mu iá iá Nós a cumprimentamos tocando a terra que possui
To mu ian ian alto valor
Oiá que cria, cria o rodamoinho Nós a cumprimentamos tocando a terra
Cria o rodamoinho Que a sua espada não chegue até nós, nem use
raios para cortar a casa onde vivemos.
03
Ta ni a padá lodo Ọya ó, odò mu yà-yà
07
Ta ni a padá lodo Ọya, odò mu yà-yà
Ọya kooro ó kooro ó, Ọya kooro ó kooro ó
Tani a padá lodo oiá ô, odo mu iá iá
Oiá côoro ôcoorô, Oiá côoro ôcoorô
Tani a padá lodo oiá, odo mu iá ia
Oiá tiniu, tiniu. Oiá timiu, timiu
O redemoinho do rio quem pode cessar é Oiá.
Para que possamos voltar.
08
04
Ó ni laba-lábá, lábá ó Ọya dé ẹ láárí ó ó ni jẹ k’àrá lọsí jọko nló
Oní labalabá, labá ô Oiá dê e lariô onijé cara losi joko unló
Elá (Oiá) é uma borboleta. Oiá chegou e ela possui alto valor
Ela é quem pode baixar os raios e manda-los
09 embora.
Olúafẹẹfẹ sorí ọmọn olúafẹẹfẹ sorí ọmọn.
Oluafééfé sorí oamam, oluaféfé sorí omam. 11
Dona dos ventos que sopram sobre os filhos. Ọya șé ngbèlé àrá mu șa șiré (2x)
Oiá jambêlê jambêlê ara muxáxêrê (2x)
10 Proteja a nossa casa, senhora para quem brincamos

Cantigas de Lògún-Ọdẹ
Lògún ó akọfà!
(Ele é Logun, peguemos o arco e flecha)
01 Ô ina ko dê pá
Olówó a kofà rè a kofà rè wo, é a kofà Babá xorô
Ijó ijó Lògún ó é a kofà Ô ina ko dê pá
Olôuô a cófaré a cófaré uô ê a cófa Que o fogo não chegue a queimar
Ijô ijô lôgun ô ê acófa. Pai crie dificuldade
Rico senhor, pegaremos seu arco e flecha, Para que o fogo não chegue a queimar
Pegaremos seu arco e flecha para cultuarmos,
Vamos pegar o arco e flecha e dançar para Logun, 05
Vamos pegar o arco e flecha. Ọdẹ l’oko ajé nbó Ọdẹ l’oko
Odé loco ajé umbó odé locô
02 O caçador da fazenda, a tradição cultuamos, o
Aé aé ode Lògún Ode lògún ní báàyìí caçador da fazenda
Aé aé ode Lògún Ode lofà mòn
Aê aê ódé lôgun ódé lôgun nibánhií
Aê aê ódé lôgun óde lófámã. 06
Aê aê Logun caçador, Logun caçador é assim, Bèrè bèrè l’àpa ojú na
Aê aê Logun caçador, Logun caçador tem arco e Axa wa na
flecha Bèrè bèrè l’àpa ojú na
E sabe usá-los. Awo
Béré béré lapajuana
03 Axauana
É é é é é, é Lògún dé lê k’òké, Béré béré lapajunana
É é é é é, é Lògún dé lê k’òké. Auô
Ê ê ê ê ê ê Lôgun dele coque Astutamente atira primeiro na direção do abutre
Ê ê ê ê ê ê Lôgun dele coque E nos chama para ver
Logun chegou na casa e gritou alto (ê, ê...) Astutamente atira primeiro na direção da ave
Ê... Logun chegou na casa e gritou alto.
07
04 Ta ni mọn gbé l’akò șẹ
Ò inọn ko dé pa (2x) Lògun ó
Babá șorò Taní mabé lacoxé
Ò inọn ko dé pa Logun ô
Quem conduz primeiramente O rei da terra quem escolheu Logun que chegou à
É Logun nossa casa.

08 10
Àgò lê awá dàgòlé lé, àgò lê awá dàgòlé lé. Lògún ọdẹ kọ ìyà kọ ìyà, Lògún ọdẹ kọ ìyà kọ ìyà
Agôlê auá dagôlêlê, agôlê auá dagôlêlê. Ijó ijó fíríi l’àyà, Lògún ọdẹ kọ ìyà kọ ìyà
Pedimos licença para a nossa casa, Logun óde cóia cóia, Logun óde cóia cóia,
Dê licença para a nossa casa. Ijô ijô firí láia, Logun óde cóia cóia
Logun o caçador, não castiga.
09 Quem tem a dança livremente no peito.
Àiyé ọba ni șà Logun dé lé rẹ
Àiyé ọba ni șà Logun dé lé wa. 11
Aiê óba nixá Logun dêlêré Lògún wa olórí, Lògún a l’anu a ké njó
Aiê óba nixá Logun dêlêuá Logun uá olôri, Logun a lanu a quê unjó
O rei da terra quem escolheu Logun que chegou à Logun é nosso comandante, é para Logun
sua casa, Que abrimos a boca gritando e dançando.

Sango

Xangô é a força representada pelo som do trovão, Xangô é a terra firme. É um orixá que
representa o poder em todas as suas dimensões: da riqueza, da sedução, da justiça, da força física, da
inteligência. É irmão de Ogum, por parte de mãe, e também de Oxossi, sendo um filho mais caseiro e
próximo de Yemonjá.
Xangô apaixonou-se por sua mãe Yemonjá, perseguindo-a por longo tempo até que ela, cansada,
caiu e Xangô a possuiu. Deste incesto nasceram outros orixás, filhos de Yemonjá e Xangô, entre eles os
Ibejis.
Xangô era extremamente mulherengo e competitivo, tendo roubado as mulheres favoritas de
seus dois irmãos, às quais seduziu com sua beleza, inteligência e poder, pois ele reinou sobre todas as
terras e teve como esposas Osun, a deusa do amor e da beleza, roubada de Oxossi, o deus das matas, e
Iansan, a sensual deusa dos ventos e tempestades, roubada de seu irmão Ogum, o deus da guerra. Ele
manteve sempre três esposas, sendo a terceira delas a poderosa Oba, guerreira forte, a única a
enfrentar Ogum numa luta física (embora, perdendo a luta) e senhora dos segredos da cozinha, aos
quais Xangô não resistiu, embora Obá não fosse uma mulher bonita.
Em suas lutas Xangô conta sempre com a vidência e magia da deusa dos rios, Osun , com a
coragem e impetuosidade de Iansan e com a força bruta de Obá. Xangô mora num palácio nos céus,
onde prepara as chuvas para sua mãe Yemonjá. Tem poderes secretos, e seu machado (o Ose) é o
portador de sua justiça. O barulho dos trovões é o machado de Xangô caindo do céu para fazer justiça.

Yemonja

Yemonja é considerada o princípio de tudo, juntamente com Oduduwá. Iemanjá é o mar que
alimenta, que umidifica e energiza a terra, e também o maior cemitério do mundo. Representa ainda as
profundezas do inconsciente, o movimento rítmico, todas as coisas cíclicas, tudo que se pode repetir
infinitamente. A força contida, o equilíbrio. É a yabá dona de todos os oris (cabeças).
Iemanjá uniu-se a Oxalá, a criação, e com ele teve os filhos Ogum, Oxossi e Xangô. Como seus
filhos se afastaram, Iemanjá foi aos poucos se sentindo mais e mais sozinha e resolveu correr o mundo,
até chegar a Okerê, onde foi adorada por sua beleza, inteligência e meiguice. Lá, o rei Alafin apaixonou-
se por ela, desejando que se tornasse sua mulher. Iemanjá então fugiu, mas o rei colocou seus exércitos
para persegui-la. Durante sua fuga, foi encurralada por Oke (as montanhas) e caiu, cortando seus
enormes seios, de onde nasceram os rios.
Conta-se que a beleza de Iemanjá é tamanha que seu filho Xangô não resistiu a ela e passou a
persegui-la, com o desejo incestuoso de possuí-la. Na fuga, Iemanjá caiu e cortou os seios, dando
origem as águas do mundo e aos Ibejis, filhos de Xangô com Iemanjá. Outro mito ainda narra a sedução
em sentido contrário. É Iemanjá quem persegue seu filho Xangô e este é quem foge.
Representando o inconsciente, Iemanjá é considerada também a “dona das cabeças”, no sentido
de ser ela quem dá o equilíbrio necessário aos indivíduos para lidar com suas emoções e desejos
inconscientes.

Cantigas de șọngó
Ọba ka wòóo, ká biyè si?
Podemos olhar Vossa Real Majestade?
(Porque era considerado grande honra poder olhar o Ọba erguendo a cabeça diante dele)

1 Ela quer a terra, quer terra (chão) Yemanjá vem para


Àwa dúpẹ ó ọba dodé, àwa dupẹ ó ọba dodé o mar,
Àwa dúpẹ ó ọba dodé, àwa dupẹ ó ọba dodé Yemanjá nada no mar, dê-nos licença para vermos
Auá dupéô obá dodê auá dupéô obá dodê através dos
Auá dupéô obá dodê auá dupéô obá dodê Seus olhos e conhecermos Ajaká, que vem num
Nós agradecemos a presença do Rei que chegou poderoso cavalo,
Nós agradecemos a presença do Rei que chegou Num poderoso cavalo chegou até nós, ele gosta de
terra, gosta
2 De chão, Yemanjá (gosta) de nadar no mar.
A dúpẹ ni mọn ọba ẹ kú alẹ (ẹ káalẹ)
A dúpẹ ni mọn ọba ẹ kú alẹ ó wá, wá 4
Nilẹ, a dúpẹ ni mọn ọba e kú ale. șàngbá șàngbá didé ó níìgbòho, ọdẹ ni mọ
Adupé ni mobá ecúalé Syìí ó, òní o
Adúpé ni mobá ecúalé ôuá uá Xambá xambá dideô níbôrrô ode nimô
Nilé adúpé ni moba ecúalé. Sinhiiô ôní o
Nós agradecemos por conhecer o Rei, Ele executou feitos maravilhosos, feitos
Boa noite a Vossa majestade! Ele veio, maravilhosos
Está na terra; agradecemos por conhecer o Rei. E pairou sobre Ìgbòho, os caçadores sabem disto.
Boa noite Vossa Majestade.

3 5
Fẹ lẹ fẹ lẹ Yẹmọnja wá òkun, Yẹmọnja wẹkun Òní Dàda , àgò lá ri
Àgò firí mọn, ago firí mọn Àjàká wá baarú, baarú Òní Dàda , àgò lá rí
Áwa dé fẹ lẹ fẹ lẹ Yẹmọnja wèkun. Oní dada ago larí
Félé félé iemanjá uácum iemanjá uécum Oní dada ago larí
Ago firimam ago firimam ajacá uá baarú baarú Senhor Dadá permita-nos vê-lo
Auádê félé félé iemanjá uécum Senhor Dadá permita-nos vê-lo
6 Bara enì já, ènia rò ko
Dáda mọnsójú ọmọn, Dáda mọnsójú ọmọn Oní máa, ni wó èjé
Ó fèẹrè ó ní fèẹrè, ó gbé l’ọrun Bara enì já, ènia rò ko
Bàbá kíní l’ọnọn áa ri. Ô arain alodê ô
Dada massójú omam dada massojú omam Bára enijá eniá roco
Ô féeré ô ní féeré ô bélorum Oba nunkosso nu releô
Babá quiní lona áarí Bára enijá eniá rocô
Dadá é conhecedor dos filhos pela simples visão, Ônicá aumbó lórúm querejé
É franco, é tolerante, ele vive no céu Ônicá aumbó lórúm
É o pai que olha por nós nos caminhos Querejé agutã
Itenú padê uá lonã
7 Onicá sirelê
Báayí kínkín báayí ọlá O arain alode ô
Báayí kínkín báayí ọlá Bára enijá eniá rocô
Báayí adé, Báayí olówó Oní maa, níuô ejé
Báanhi quinquim baanhi olá Bára enijá eniá rocô
Báanhi quinquim baanhi olá Cultuam seu raio quando este os circunda; no bára
Báanhi a puê, báanhi olôuô (mausoléu real), eles vão apresentar seus respeitos
Dê-nos um pouco de perseverança, aquele que foi coroado,
Perseverança para que sejamos honrados, Vosso raio ao redor; no mausoléu real eles vão
Sua coroa é perseverante e rica! apresentar seus respeitos, aquele que foi coroado.
(Dê-nos perseverança e riqueza) Ele contou os que caíram no caminho, por
desrespeitarem-no, ele contou os que ele abençoou
8 no caminho, que lhe deram sangue de carneiro.
Fura tinọn ọba fura tinón, fura tinon Ele os governa, e eles o encontram no caminho e
Àrá lò si sá jò rendem-lhe seus respeitos (homenagens).
Fura tinán obá fura tinán fura tinán
Ará losí sajô 11
Desconfie do fogo, desconfie do fogo do rei, Ọba șẹréẹ wa fẹ yìín sìn, ọba șẹréẹ wa fẹ yìín sìn
Desconfie do fogo Ọba ni L’ayé ó gbé l’ọrun, ọba șẹréẹ wa fẹ yìín sìn
O raio é a certeza de que ele queimará. Obá xéréuá féinhim sim, Obá xéréuá féinhim sim
Obá ni laiê o bélorum, Obá xéréuá féinhim sim
9 Rei é com o xére que queremos cultuá-lo,
Iba Òrișà, iba Onílẹ Rei é com o xére que queremos cultuá-lo.
Onilẹ mo juba awo Rei da Terra que vive no céu,
Ibá orixá, ibá ônilé Rei é com o xére que queremos cultuá-lo.
Ônilé mojubáuô
Rei Orixá, rei e senhor da Terra,
Senhor da Terra, meus respeitos para cultuar-vos

10
Ò arà in a lóòde o 13
Bara enì já, ènia rò ko Gbáà yìí l’àșẹ onílá lòkè baàyọnnì
Ọba nù ko wọn so nù rè lé o Gbáà yìí l’àșẹ
Bara enì já, ènia rò ko Banhii laxé onilá lôquô baiani
Ó níìka wòn nbò lórun kéréjé Banhii laxe
Ó níìka wòn nbò lórun Ele possui um axé enorme, senhor da riqueza
Kéréjé àgùtòn Que governa acima das coras.
Ìtenú pàdé wá l’ọnọn
Ó níìka si relé 14
Ò arà in a lóòde o șọngó ẹ pa bi àrá aáyé aáyé
șọngó e pa bi àrá aáyé aáyé Ele é imenso, o maior de nossa casa, ele é
Xangô é pá bi ará aiê aiê gigantesco,
Xangô é pá bi ará aiê aiê Em nossa casa o chamamos de grande entre os
Xangô mata arremessando raios sobre a Terra gigantes.
Xangô mata arremessando raios sobre a Terra Vós que cumprimentais Yẹmọnja
Pedindo licença a nação Tapa.
15
Fírí ínọn fírí ínọn, Fírí ínọn bàiyìnjó
19
Máà ínọn, máà ínọn, Fírí ínọn bàiyìnjó
Ọba șà rẹwà ẹlẹ mi jẹẹ jẹẹ kútú kútú
Firiinã firiinã firiinã banhiunjô
Awodé rẹ șé ọba șà rẹwà
Má inã má inã firiinã banhiunjô
Obá xáreuá élémi jééjéé cutu cutu
Ele expediu rapidamente o fogo,
Auôdê ré xe obá xáreuá.
Expediu rapidamente o fogo. Ele expediu
Rei que escolhe a beleza, Senhor que me conduz
rapidamente
Serenamente, antes do culto chega com seu oxê,
O fogo de pouca intensidade(pouca luz).
O Rei que escolhe a beleza.
Não nos mande fogo, não nos mande fogo,
Ele expediu fogo de pouca intensidade.
20
16 Tó e to rí ọlà to, șọngó tó rí ọlà,(2x)
Àwúre lé àwúre lé kólé, àwúre lé àwúre lé kólé To ê tôriolá to xangô toriolá (2x)
Àwúre lé àwúre lé kólé, àwúre lé àwúre lé kólé É imensa, é imensa a riqueza que eu vi,
Àwa bọ nyin máa ri áwa jalè, àwúre lé, Xangô, é imensa a riqueza que eu vi.
Àwúre lé kólé
Auúrêlê auúrêlê côôlê, auúrêlê auúrêlê côôlê 21
Auúrêlê auúrêlê côôlê, auúrêlê auúrêlê côôlê Ọba ní șà rẹ lóòkè odó, ó berí ọmọn,
Auá bó ninhiim máarí auá jalê auúrêlê Ọba ní șà rẹ lóòkè odó, ọba kòso ayọ
auúrêlê côôlê Obá nixá rê lôôquê odô oberí oman
Abençoe-nos e traga boa sorte à nossa casa, Obá nixá rê lôôquê odô obá côssô aio
Que ela não seja reoubada, abençoe-nos e traga Ele é o rei que pode despedaçá-lo sobre
Boa sorte à nossa casa O pilão; aquele que cumprimenta militarmente
Nós que vos cultuamos, jamais veremos nossa casa Os filhos, ele é o rei que pode despedaçá-lo
Roubada, abençoe-nos e traga boa sorte para nossa Sobre o pilão. Rei coroado no templo sagrado
Casa, e que não venham ladrões. Com alegria.

17 22
Ó fì làbà, làbà, ò fì làbà Máà inọn inọn, máà inọn wa, inọn inọn ọba kòso
Ó fì làbà, làbà, ò fì làbà Máà inọn inọn, olóko sọ aráayé, máà inọn inọn
Ô fí labá labá ô fí labá Ọba kóso aráayé, máà inọn, máà inọn inọn.
Ô fí labá labá ô fí labá Má inã Inã má Inã Inã uá Inã Inã obá côssô
Ele usa bolsa de couro Má Inã Inã olocô sô araiê má Inã Inã
Ele usa bolsa de couro Obá côssô aráiê má inã, má Iná Iná
Não mande fogo, não mande fogo sobre nós,
Vos pedimos em vosso templo sagrado, não mande
18 fogo;
Ó jìgọn àwa lé npé ó jìgọn nlá O fazendeiro pede pela humanidade, não mande o
Jìgọn àwa lé npé ó jìgọn nlá fogo
E kí Yẹmọnjá àgó, Tapa Tapa Rei que governa a humanidade, não mande o fogo,
E kí Yẹmọnjá àgó, Tapa Tapa Não mande o fogo.
Ô jingan auálê o jingan unlá
Jingan auálê unpuê ô jigan unlá 23
É qui iemanjá agô tápa tápa Aláàkóso ẹ mo juba á lo si ọba ẹnyin
É qui iemanjá ago tápa tápa Ọba tan jẹ lọ síbẹ lọ sí ọba ẹnyin.
Alácôssô é mojubá áló so obá éninhiim. Aira ó lê lê,a ire ó lê lê
Obá tanjé lô sibé lô si obá éninhiim. A ire ó lê lê, a ire ó lê lê
Aquele que nos governa, a vós meus respeitos, Airá ô lê lê, a ire ô lê lê
Nós iremos a vós, rei a quem iremos, A ire ô lê lê, a ire ô lê lê
Fazer o relatório. Airá está feliz, ele está sobre a nossa casa.
Estamos felizes, ele está sobre a nossa casa.
24
A sìn e doba àrá 26
Àrá yìí ló síbè ẹnyin Agọnjú Òrișà awo Ògbóni,
A sìn e doba àrá Agọnjú Òrișà awo Ògbóni,
Àrá yìí ló síbè ẹnyin Àwúre, șọngó àwúre Ògbóni Ògbóni
A sim é doba ará Ògbóni, àwúre șọngó àwúre.
Ará inhin lô sibé éninhiim. Aganjú orixá auô ôbôni
A sim é doba ará Aganjú orixá auô ôbôni
Ará inhin lô sibé éninhiim. Auúrê xangô auúrê ôbôni ôbôni
Nós vos cultuamos rei dos raios Ôbôni auúrê xangô auúrê
Que estes raios vão para longe de nós Aganjú orixá do culto Ògbóni,
Nós vos cultuamos rei dos raios Aganjú orixá do culto Ògbóni,
Que estes raios vão para longe de nós Dê-nos boa sorte, Xangô, nos dê
Boa sorte, Ògbóni Ògbóni
25 Dê-nos boa sorte, Xangô, nos dê boa sorte.

Você também pode gostar