Você está na página 1de 8

EXCELENTÍSSIMO JUIZ(ÍZA) DE DIREITO DA ...

VARA FEDERAL
CÍVEL/PREVIDENCIÁRIA DA SUBSEÇÃO DE ... DO ESTADO ...

O/A AUTOR(A), nacionalidade, estado civil (indicar se há união estável),


profissão, portador(a) do documento de identidade sob o n.º... e CPF sob o
n.º..., e-mail..., residente e domiciliado(a) na Rua..., Bairro..., Cidade...,
Estado..., vem a presença de Vossa Excelência, propor

AÇÃO PARA CONCESSÃO DO ADICIONAL DE 25% EM


BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pessoa


jurídica de direito público, inscrito no CNPJ n. 16.727.230.0001-97, na pessoa
do seu representante legal, com sede na Rua..., Bairro..., Cidade..., Estado...,
CEP..., pelas razões e motivos de fato e de direito.
1. FATOS

A parte Autora atualmente têm ... anos de idade e percebe o


benefício de aposentadoria por ... (espécie de aposentadoria), processado com
o NB .../..., desde .../.../... (DIB).

Ocorre que, em meados de ... (data do diagnóstico ou acidente), o


Autor passou a sofrer com ... (citar doenças), iniciando, logo em seguida,
tratamento intensivo contra a moléstia, inclusive tendo permanecido internado
durante o período de .../.../... até .../.../..., conforme atestados e exames
médicos anexos.

Diante do seu quadro de saúde, incapaz de realizar inclusive as


funções mais básicas do dia-a-dia, o Autor requereu, junto ao INSS, o adicional
de 25% no seu benefício de aposentadoria por ..., em .../.../..., conforme
comprovante anexo.

Após a realização de perícia médica administrativa no Autor, a


Autarquia Previdenciária indeferiu o pedido apresentado, sob a fundamentação
de que o adicional de 25% não é passível de extensão a outros benefícios que
não a aposentadoria por invalidez, conforme Comunicado de Decisão anexo.

Todavia, este entendimento não merece prosperar, uma vez que o


Autor, aposentado pelo Regime Geral da Previdência Social, necessita do
auxílio de terceiros para levar uma vida digna.

Deste modo, equivocou-se o INSS ao proferir a decisão de


indeferimento, razão pela qual o Autor propõe a presente demanda, com o
objetivo de ver seu lídimo direito reconhecido em sede judicial.

Grifa-se que a parte Autora requer que lhe seja garantida a


implantação do benefício previdenciário em sua forma mais vantajosa, devendo
o INSS proceder o pagamento das parcelas vencidas desde a DER (originária
ou relativizada), com a incidência dos consectários legais: correção monetária
pelo INPC e juros de mora de 1% ao mês.

2. FUNDAMENTOS DE DIREITO
A Lei n. 8.213/91, em seu art. 45, disciplina os requisitos para a
concessão do adicional de 25% no benefício de aposentadoria por invalidez, in
verbis:

Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que


necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido
de 25% (vinte e cinco por cento).
Parágrafo único. O acréscimo de que trata este artigo:
a) será devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite
máximo legal;
b) será recalculado quando o benefício que lhe deu origem for
reajustado;
c) cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporável ao
valor da pensão.

Da análise do artigo supracitado, pode-se concluir que para a


concessão do adicional de 25%, o segurado deve perceber o benefício de
aposentadoria por invalidez, bem como deve restar demonstrada a
necessidade da assistência permanente de outra pessoa.

Na hipótese, muito embora o Autor perceba o benefício de


aposentadoria por ..., também faz jus ao adicional em discussão, uma vez que
necessita de assistência constante de terceiros para levar uma vida digna.

Isto porque, após sua aposentação, o Autor teve seu quadro de


saúde agravado em razão ... (citar doenças ou agravamento). Em virtude disso,
o Requerente não consegue se locomover sem auxílio, já que extremamente
fragilizado em virtude das suas moléstias.

Ressalta-se, ademais, que a ratio essendi do acréscimo em questão


é a manutenção da dignidade da pessoa humana. Reconhece-se, com a
previsão legal, que os benefícios previdenciários são, em tese, calculados para
atender às necessidades de pessoas saudáveis, com os percalços
hodiernamente esperados para a vida, em condições normais.
No entanto, para uma situação de anormalidade, na qual há uma
degradação das condições de vida do segurado de tal forma que passe a ser
necessário o acompanhamento permanente por terceira pessoa, os valores
pagos passam a ser insuficientes para esse custeio, de tal forma que passam a
ser complementados.

A questão reside em saber se o art. 45 da Lei 8.213/91 comporta


somente interpretação restritiva ou se pode ser estendido a outras espécies de
benefícios, destacadamente nas hipóteses em que o segurado é titular de
aposentadoria por idade, especial ou tempo de contribuição.

Sobre o tema, vale citar a lição do Juiz Federal Jose Antonio


Savaris, no voto condutor do acórdão na AC Nº 0007890-
89.2015.4.04.9999/RS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, in verbis:

[...] No que se relaciona à discussão em comento, o princípio


constitucional da proibição da proteção insuficiente orienta que a
definição da proteção previdenciária devida ao segurado não deve
ficar adstrita ao momento inicial de concessão de um benefício, como
se neste momento se retirasse toda e qualquer obrigação da
Administração Previdenciária sobre a sorte do segurado.
Uma cobertura previdenciária apenas "de partida" adequada não
satisfaz as exigências do princípio constitucional da proibição da
proteção insuficiente. A ideia de proteção suficiente, aliás, traz o
pensamento de que a previdência social deve atuar quando é
verificada a necessidade, isto é, diante da ocorrência e
permanência de uma contingência social. Alterando-se os fatos,
a cobertura previdenciária deve ser adaptada (modulada),
podendo cessar ou, ao contrário, ser intensificada.
No âmbito da seguridade social, há norma específica que tende a
realizar a conformação da prestação previdenciária à contingência e
nível de necessidade do servidor público federal aposentado pelo
Regime Próprio: "o servidor aposentado com provento proporcional
ao tempo de serviço, se acometido de qualquer das moléstias
especificadas no art. 186, § 1º, passará a perceber provento integral"
(Lei 8.112/90, art. 190). Uma vez que a aposentadoria por invalidez é
devida com proventos integrais apenas quando decorrente de
acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave,
contagiosa ou incurável (Lei 8.112/90, art. 186, I), compreende-se que
a alteração de uma aposentadoria com proventos proporcionais em
aposentadoria com proventos integrais somente tem sentido na
hipótese referida pelo dispositivo de lei acima transcrito.
É preciso destacar que o direito à proteção previdenciária
suficiente ao segurado aposentado tem atuação expressamente
assegurada pela própria Lei 8.213/91, quando dispõe que
mantém a qualidade de segurado, independentemente de
contribuições, "sem limite de prazo, quem está em gozo de
benefício" (art. 15, I). Se o segurado aposentado mantém a
qualidade de segurado e cumpriu período de carência sabidamente
superior ao exigido para a concessão de um benefício por
incapacidade, na hipótese de superveniência dos requisitos
específicos às prestações por incapacidade ele fará jus à adequação
previdenciária, desde que realmente lhe seja mais favorável.
A concessão de uma aposentadoria espontânea certamente não
deve importar a caducidade dos direitos inerentes à qualidade de
segurado, previsão de tratamento dispensada ao indivíduo que perde
esta condição (Lei 8.213/91, art. 102). Ora, o elementar direito
inerente à qualidade de segurado é justamente o abrigo contra
eventos casuais que têm potencialidade para subverter a
normalidade com que se conduz a vida. Essas contingências, em
que pesem individuais, jamais puderam ser prevenidas ou
remediadas pelo indivíduo, salvo se compõe uma minoria privilegiada.
Eis a razão de ser dos seguros sociais ainda no século XIX, muito
antes da revolução beveridgiana com seu componente mais forte de
solidariedade.
[...]
Com todo respeito, não se vislumbra qualquer justificativa
plausível para a discriminação dos segurados inválidos que
dependam de assistência permanente de outra pessoa que são
titulares de aposentadorias espontâneas em relação aos
segurados aposentados por invalidez, razão pela qual a opção
legislativa afronta o princípio da isonomia.
[...]
Em suma, a compreensão restritiva do art. 45 da Lei 8.213/91
implica interpretação que viola, a um só tempo, o princípio da
vedação da proteção insuficiente de direito fundamental (Rcl
4374, Rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, j. 18/04/2013, DJ
04/09/2013), e o princípio da isonomia (RE 580963, Rel. Min.
Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, j. 18/04/2013, DJ 14/11/2013). (sem
grifo no original)

Logo, não há que se falar em impossibilidade de extensão do


adicional de 25% ao benefício de aposentadoria por ... percebido pela parte
Autora, o que acarretaria uma violação direita ao princípio da vedação da
proteção insuficiente e ao princípio da isonomia.

Neste sentido é o entendimento pacífico da Turma Nacional de


Uniformização:

PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO ACRÉSCIMO DE 25%


PREVISTO NO ART. 45 DA LEI N.º 8.213/91 PARA OUTRAS
APOSENTADORIAS. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES DA TNU.
PEDILEF CONHECIDO E PROVIDO. 1. Pedido de uniformização de
interpretação de lei federal – PEDILEF apresentado contra acórdão
de Turma Recursal que negou provimento a recurso inominado, em
sede de demanda visando à concessão do acréscimo de 25%
previsto no art. 45 da Lei n.º 8.213/91 a aposentadoria por idade
fruída pela parte autora. 2. O PEDILFE deve ser conhecido, pois há
divergência entre a decisão recorrida e o que decidiu esta TNU nos
PEDILEF n.º n.º 50033920720124047205 e n.º
05010669320144058502 (art. 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001). 3.
Confiram-se os excertos da ementa do PEDILEF n.º n.º
50033920720124047205: “INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO
NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO ACRÉSCIMO DE
25% PREVISTO NA LEI 8.213/91 A OUTRAS APOSENTADORIAS
(IDADE E CONTRIBUIÇÃO). POSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA
QUESTÃO DE ORDEM Nº 20. RETORNO DOS AUTOS À TURMA
DE ORIGEM PARA REEXAME DE PROVAS. PARCIAL
PROVIMENTO. (...). “(...) preenchidos os requisitos ‘invalidez’ e
‘necessidade de assistência permanente de outra pessoa’, ainda
que tais eventos ocorram em momento posterior à aposentadoria
e, por óbvio, não justifiquem sua concessão na modalidade
invalidez, vale dizer, na hipótese, ainda que tenha sido concedida
a aposentadoria por idade, entendo ser devido o acréscimo”. (…).
Desta forma, DOU PARCIAL PROVIMENTO AO INCIDENTE para
determinar a devolução dos autos à Turma Recursal de origem para
firmar que a tese de concessão do adicional de 25% por auxílio
permanente de terceira pessoa é extensível à aposentadoria da
parte autora, uma vez comprovado os requisitos constantes no
art. 45 da Lei nº 8.213/91, devendo, por este motivo, a Turma de
origem proceder a reapreciação das provas referentes à
incapacidade da requerente, bem como a necessidade de
assistência permanente de terceiros”. (PEDILEF n.º
50033920720124047205, Juiz Federal Wilson José Witzel, DOU de
29/10/2015, pp. 223/230, sem grifos no original) 4. No caso concreto,
não houve instrução suficiente do processo na instância de origem,
razão pela qual deve-se aplicar a Questão de Ordem nº 20 desta
TNU. 5. Por isso, deve-se conhecer do PEDILEF, dar-lhe provimento,
reafirmar a tese de que a concessão do adicional de 25% por
auxílio permanente de terceira pessoa é extensível a outras
aposentadorias além daquela por invalidez, uma vez comprovado
os requisitos constantes no art. 45 da Lei nº 8.213/91, reformar a
decisão recorrida, determinar a devolução do processo à Turma
Recursal de origem, para que ele retorne ao juízo monocrático a haja
a produção de todas as provas indispensáveis à solução do caso,
inclusive pericial. Sem custas e sem honorários (art. 55 da Lei n.º
9.099/95). (TNU, PEDILEF 05030633520144058107, JUIZ FEDERAL
MARCOS ANTÔNIO GARAPA DE CARVALHO, julgado em
16/03/2016, sem grifo no original)

Assim, diante do conjunto probatório carreado aos autos, a


pretensão da parte autora deve ser acolhida, reconhecendo o direito ao
adicional de 25% previsto no artigo 45 da LBPS, desde a data do requerimento
administrativo, em .../.../... .

3. REQUERIMENTOS

Ante todo o exposto, a parte Autora requer a procedência dos


pedidos, na forma que segue:
1 – A concessão dos benefícios da justiça gratuita em seu favor, uma
vez que não possui condições de arcar com o pagamento das despesas
processuais e dos honorários advocatícios/periciais, com fundamento no art.
98, caput, do CPC;

2 – A citação do INSS, na forma dos arts. 238 e ss. do CPC, na


pessoa de seu representante legal para, querendo, apresentar defesa e
acompanhar a presente ação, sob pena dos efeitos da revelia;

3 – A intimação do INSS para que junte aos autos cópia do processo


administrativo do benefício em discussão na íntegra, bem como o CNIS
atualizado da parte Autora e eventuais documentos de que disponham e que se
prestem para o esclarecimento da presente causa, em conformidade com o §
1° do art. 373 do CPC;

4 – A produção de prova pericial, com médico especializado na área,


a ser designado por Vossa Excelência e, caso necessário, a designação da
audiência de instrução e julgamento, nos termos dos arts. 358 e ss. do CPC,
devendo a parte autora ser intimada em momento oportuno para as
providências cabíveis;

5 – Requer a dispensa da audiência de conciliação, nos termos do


art. 334 do CPC;

6 – Seja o INSS condenado a conceder à parte Autora o adicional de


25% no seu benefício de aposentadoria por ..., desde o indeferimento
administrativo, em .../.../..., ou desde a data fixada por perícia judicial;

7 – Seja o INSS condenado a pagar a parte Autora as diferenças


retroativas, com juros de mora desde a citação e correção monetária a partir do
vencimento de cada parcela devida, inclusive sobre as parcelas anteriores ao
ajuizamento da ação, respeitada a prescrição quinquenal;

8 – A condenação da Autarquia-ré ao pagamento de eventuais


custas e despesas processuais, bem como, honorários de sucumbência, a
serem fixados sobre o valor da condenação, além de outros consectários
legais;

9 – Protesta, ao final, pela produção de demais provas, caso


necessárias.

Termos em que, pede deferimento.

Cidade/UF.

Advogado ...
OAB/UF...

Você também pode gostar